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ESCONDERIJOS DO TEMPO

Mário Quintana

Prof. Saulo Lopes de Sousa


Doutorando em Estudos de Literatura (UFRGS)
Mestre em Teoria Literária (UEMA)
Pesquisador do GELITI/UEMASUL
Docente do IFMA/Campus Açailândia
Roteiro de fala

2ª Geração Modernista (poesia)


1 contexto histórico
projeto literário

Poética de Quintana
2 estilo
temas

Esconderijos do tempo
3 análises
exercícios

2
Um mundo
às avessas

As duas guerras mundiais e os


conflitos existenciais gerados por
elas marcaram a produção artística
da 2ª geração modernista.
SEGALL, Lasar. Guerra. 1942. Óleo sobre tela, 270 cm x 185 cm.

3
Guerra e
autoritarismo
“Meus olhos são pequenos para ver/ o mundo que se esvai em
sujo e sangue” (ANDRADE, Carlos Drummond, 1944).
A poesia da destruição
atômica

Pensem nas crianças Da rosa da rosa


Mudas telepáticas Da rosa de Hiroxima
Pensem nas meninas A rosa hereditária
Cegas inexatas A rosa radioativa
Pensem nas mulheres Estúpida e inválida
Rotas alteradas A rosa com cirrose
Pensem nas feridas A antirrosa atômica
Como rosas cálidas Sem cor sem perfume
Mas oh não se esqueçam Sem rosa sem nada.
MORAES, Vinicius de. Vinicius de Moraes: poesia complete e prosa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1998, p. 381.
5
Projeto literário da poesia da 2ª Geração Modernista

Reflexão
sobre o Renovação da Poesia
sentido de linguagem construtiva e
estar no politizada
mundo

Foco no Versos com


contexto estruturas
sociopolítico sintáticas mais
elaboradas

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Poética de Quintana

“Ainda vou ter a minha imortalidadezinha”


(QUINTANA, Mário).

“Quinta-essência de cantares…/ Insólitos,


singulares…/ Cantares? Não! Quintanares!”
(BANDEIRA, Manuel).

“Um engano em bronze é um engano


eterno” (QUINTANA, Mário).

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“Ele estreou com sonetos por ter um apreço
pelos simbolistas. O Quintana usou o soneto,
tido como refinado, para recriar sons da rua e
do cotidiano. Qualquer leitor curte um
soneto dele”.
— ZILBERMAN, Regina (UFRGS)

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 Poesia ligada ao mundo
individual, de conotações
passadistas, manifestando-se
em forma mais simbolista e
crepuscular que modernista.

 Poesia evasiva, de tom lírico e


pretensamente ingênua.
 Escrita que viola os preceitos retóricos
convencionais e utiliza o suporte do jornal,
o formato da crônica, para criar com o
leitor um vínculo que não é apenas
comunicativo, mas de linguagem.
linguagem simples e
sentido de pertencimento
coloquial, atenta à
à cidade (ou à
banalizade do cotidiano
“gauchidade”)

Panorama
poético

referência às formas
clássicas (do epigrama tirada humorística
latino ao soneto
simbolista)

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Os Quintanares

A VOZ O PIOR EVOLUÇÃO


Ser poeta não é dizer O pior dos problemas da O que me impressiona, à
grandes coisas, mas ter uma gente é que ninguém tem vista de um macaco, não é
voz reconhecível dentre nada com isso que ele tenha sido nosso
todas as outras. passado: é este
pressentimento de que ele
venha a ser nosso futuro.

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Esconderijos do tempo

Esconderijos do tempo (1980) é um livro de


maturidade plena.

Nele estão poemas que tematizam a passagem


do tempo e o caráter fugaz dos sentimentos e
das sensações, mas sem ceder à nostalgia ou à
melancolia.

A palavra poética afirma-se aqui como


celebração e concretização daquilo que perdura.

13
Onde se esconde o tempo?

O TEMPO REFLEXÃO DIÁLOGO VERSO LIVRE

sob diferentes metalinguística com outras artes fina ironia


perspectivas (dança, pintura etc.)

14
Mordaça temporal

em O silêncio
Mordaça temporal em O silêncio

16
Os poemas

-passarinhos
Os poemas-passarinhos

18
Balé e solidão

Na Dança
Balé e solidão na Dança

DEGAS, Edgar. Bailarina na janela. Óleo sobre tela, 1870.

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O que já perguntaram…

questões
UFRGS (2009)
Leia o seguinte poema de Mario Quintana. Considere as seguintes afirmações sobre o poema lido.

OS POEMAS I. Os livros, os poemas e os pássaros trazem consigo o


alimento da alma.
Os poemas são pássaros que chegam II. Os poemas, como os pássaros, são livres e se
não se sabe de onde e pousam autogovernam.
no livro que lês. III. Só os poetas leitores têm o alimento dos pássaros dentro
Quando fechas o livro, eles alçam voo de si.
Como de um alçapão.
Eles não têm pouso Quais estão de acordo com o poema?
nem porto a) Apenas I.
alimentam-se um instante em cada par de mãos b) Apenas II.
e partem. c) Apenas I e III.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, d) Apenas II e III. (Resolução oficial): ao referir-se aos poemas, Mario
no maravilhoso espanto de saberes Quintana os compara aos pássaros pois, como eles, são
e) I, II e III. livres e se autogovernam, não se sabe de onde vêm,
que o alimento deles já estava em ti... “alçam voo” e não se sabe para onde.

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UPE (2014)
Leia o seguinte poema de Mario Quintana. I. O eu lírico tem certeza de que o amor e a vida são garantias
perenizadas pela sorte cotidiana.
BILHETE II. O eu lírico propõe um amor intempestivo e avassalador,
produtor de inquestionável frêmito.
Se tu me amas, ama-me baixinho III. O eu lírico propõe que o amor que lhe é possivelmente
Não o grites de cima dos telhados ofertado considere algumas condições.
Deixa em paz os passarinhos IV. Para o eu lírico, o amor é algo íntimo, não precisa ser
Deixa em paz a mim! anunciado de modo ostensivo.
Se me queres, V. O eu lírico, apesar da brevidade de ambos, parece não ter
enfim, pressa para sentir o amor e compreender a vida.
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... Está correto o que se afirma em
a) I, II e III. (Resolução oficial):
Considerando o poema em destaque, analise b) I, II e IV. I. Incorreta. Para o eu lírico, tanto a vida como o amor são
as afirmativas a seguir: c) I, III e IV. breves e passageiros. A sorte não oferece nenhuma garantia de
sua continuidade.
d) II, IV e V. II. Incorreta. O eu lírico deseja viver a experiência de um amor
e) III, IV e V. tranquilo, sem os arroubos intempestivos da paixão romântica.

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UFRGS (2016)
Leia o seguinte poema de Mario Quintana. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes
afirmações sobre os poemas.
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS ( ) O poema de Mario Quintana busca a definição da vida, a
partir da metáfora com o universo escolar e a passagem do
A vida é uns deveres que nós trouxemos para tempo.
fazer em casa. ( ) A sucessão “6 horas, 6a feira, 60 anos”, no poema de
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo... Quintana, indica a finitude: fim do dia útil, fim da semana útil,
Quando se vê, já é 6a feira... consequentemente, fim da vida útil.
Quando se vê, passaram 60 anos... ( ) O sujeito lírico encerra o poema com um tom melancólico,
Agora, é tarde demais para ser reprovado... porque a realidade não corresponde às suas expectativas.
E se me dessem – um dia – uma (Resolução oficial):
outra oportunidade, a) V – V – V. O poema termina de forma melancólica, pois a realidade não
eu nem olhava o relógio b) V – F – F. corresponde às expectativas do sujeito lírico. No poema de
Quintana, o eu lírico usa uma metáfora escolar, a vida como um
seguia sempre, sempre em frente... c) V – V – F. dever de casa, e a sensação de que "é tarde demais para ser
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e d) F – F – V. reprovado" – ou seja, o poema termina com uma sensação de
inútil das horas. e) F – V – V. finitude, reforçada pela ideia do fim do dia (6 horas), da semana
(6a feira) e da vida (60 anos).

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POEMINHA DO CONTRA

Todos esses que aí estão


Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!

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