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Semana de Arte Moderna de 22

MODERNISMO (Fase Heroica)

Saulo Lopes De Sousa


Mestre em Teoria Literária (UEMA)
Professor de Língua Portuguesa (IFMA)
COMEÇANDO A
PENSAR...

Auguste Rondin. “O pensador” (Le Penseur), 1904. Escultura em bronze; 186 cm, Museu
(Tarsila do Amaral. “Abaporu”, 1928. Óleo s/ tela; 85 x 73 cm. IEB-USP.) Rondin, França, Paris.
O quadro Abaporu (em tupi, aba quer dizer “homem” e poru, “que come”) inspirou o
movimento antropofágico.
VANGUARDAS EUROPEIAS

FUTURISMO EXPRESSIONISMO CUBISMO DADAÍSMO SURREALISMO


A vida moderna pela revelação Manifestação do mundo Valorização das formas Valorização da fantasia, do
Negação do princípio estético,
da movimento, da dinâmica e interior e as maneiras de geométricas e exploração das sonho, da loucura, do
falta de lógica e
da força. expressá-la (materialização). diferentes perspectivas e inconsciente humano.
espontaneidade.
profundidades no plano.
CONTEXTO HISTÓRICO
01 A República Velha chega ao fim;

02 Política do café-com-leite;

03 São Paulo: riqueza e industrialização;

04 Polêmica exposição de Anita Malfatti;

05 Semana de Arte Moderna;

(Anita Malfatti. “A boba”, 1915. Óleo s/ tela; 76 x 61 cm. IEB-USP.)


Vaias, relinchos e
miados: o espanto
do público
Os sapos

Enfunando os sapos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,


Berra o sapo-boi:
― “Meu pai foi à guerra!”
― “Não foi!” ― “Foi!” ― “Não foi!”
(Manuel Bandeira. “Os sapos”. In: Poesia completa e prosa. Organização de
André Seffrin. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2009, p. 48-49 (fragmento). (...)
Os sons brasileiros de
Villa-Lobos
O trenzinho caipira

Lá vai o trem com o menino


Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar

Lá vai o trem sem destino


Pro dia novo encontrar
Heitor Villa-Lobos, Ferreira Gullar. Intérprete: Maria Bethânia. A força que
Correndo vai pela terra
nunca seca. Rio de Janeiro: BMG, 1999. Vai pela serra, vai pelo mar

Cantando pela serra do luar


Correndo entre as estrelas a voar
Luar, no ar, no ar, no ar
Manifestos: proposições
de novos caminhos
estéticos
* Manifesto pau-brasil (1924)
“conciliar a cultura nativa e a cultura intelectual”.

* Nhengaçu verde-amarelo/Manifesto verde-amarelismo (1929)


“estado forte e centralizador e a adoção de um nacionalismo ufanista e
primitivista”.

* Manifesto antropofágico (1928)


“contra-ataque ao ufanismo nacionalista do grupo da Anta. Pregava a
deglutição cultural”.
Adeus às formas
literárias
A liberdade de criação deu identidade à produção dos primeiros
modernistas. Ela se manifestou na escolha de temas como no aspecto
formal assumido pelo texto literário.

Poética

Estou farto desse lirismo comedido


do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados (...)
Linguagem: o
português brasileiro
Aproximação entre a fala escrita e a linguagem. A linguagem da prosa
modernista se torna mais ágil. As longas descrições românticas e
realistas dão lugar a cenas breves, curtas, de criando efeito de
fotogramas (cinema).

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo


Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
(...)
ANDRADE, Oswald. Clã do jaboti. In: Poesias completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 19787, p. 203.
Sobre as ARTES
no início do século XX
Autopsicografia (1930)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda


Fernando Pessoa.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
OSWALD DE ANDRADE:
irreverência e crítica
* Trouxe ideias do Futurismo para o Brasil.
* Idealizador dos principais manifestos modernistas.
* Foi militante político.

01 Valorização poética do cotidiano;

02 Nacionalismo xenofóbico e intransigente;

03 Liberdade linguística;

04 Primado pela poesia sobre a prosa.


Oswald de Andrade
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade
* Memórias sentimentais de João Miramar (1924).
* Serafim Ponte Grande (1933).
* O rei da vela (1937).

Oswald de Andrade
MÁRIO DE ANDRADE:
a descoberta do Brasil brasileiro
01 Inicia preso ao rigor formal, à rima, ao vocabulário;

02 Ruptura com os moldes do passado;

03 Análise da cidade de São Paulo e seu provincianismo;

04 Valorização do brasileirismo e do folclore nacional;.

Oswald de Andrade
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade
Quando Carlos nasceu batizaram-no, pois não. As meninas iam nas missas de
domingo, se era manhã de sol, o passeio até fazia bem... Com nove anos mais ou
menos recebiam a primeira comunhão. Dona Laura mandava lhes ensinar o
catecismo por uma parenta pobre, muito religiosa, coitada! catequista em Santa
Cecília. Dona Laura usava uma cruz de brilhantes que o marido dera pra ela no
primeiro aniversário de casamento. Era uma família católica. [...]

ANDRADE, Mário de. Amar, verbo intransitivo. 18. ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1992. p.55 (fragmento).

* Em 1976, Amar, verbo intransitivo ganhou uma adaptação sensível para o cinema. A
atriz Lillian Lemmertz personificou Fräulein Elza no filme Lição de amor.
Oswald de Andrade
ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. 30. ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1997. p. 9 (fragmento).

No filme Macunaíma (1969), é apresentada a trajetória do herói malandro, sem nenhum


caráter criado por Mário de Andrade em suas andanças pelo Brasil. Grande Otelo
interpreta do personagem.

Oswald de Andrade
MANUEL BANDEIRA:
olhar terno para o coridiano
* As fatalidades da vida deixam em sua obra cicatrizes profundas
(morte do pai, da mãe e da irmã, convivência e sofrimento com sua
própria doença).

01 Morte, humor, ceticismo, ironia, tristeza, alegria etc.

02 infância em Recife;

03 O Rio Capibaribe;
Manuel Bandeira
04 Observação da rua.
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira
COMO CAI NO ENEM?
1 (ENEM 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que
abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se
considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro
Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros
modernistas

a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a
originalidade e os temas nacionais.
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando
a criação artística nacional.
c) representavam a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como
finalidade a prática educativa.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade
artística ligada à tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.
COMO CAI NO ENEM?
2 (ENEM 2010) O modernismo brasileiro teve forte influência das
vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos
passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como
referência o quadro “O mamoeiro”, identifica-se que, nas artes plásticas, a

a) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.


b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.
c) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.
d) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos.

(Tarsila do Amaral. “O mamoeiro”, 1925. Óleo s/ tela; 65 x 70 cm. IEB-


USP.)
COMO CAI NO ENEM?
3 (ENEM 2012)
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como
Sentimentos em mim do asperamente “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à
dos homens das primeiras eras… brasilidade.
As primaveras do sarcasmo b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos,
intermitentemente no meu coração arlequinal… estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas
Intermitentemente… folclóricas.
Outras vezes é um doente, um frio c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como
na minha alma doente como um longo som redondo…
“Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma
Cantabona! Cantabona!
doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde! d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde
(civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005._
Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens
das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é raízes indígenas..
recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O
trovador, esse aspecto é:
COMO CAI NO ENEM?
4 (ENEM 2016)

QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um
nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a
gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão
depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado
a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem
ser. Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais
que têm origem:
a) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.
b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros..
c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.
d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.
e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares
O QUE CAI
TANTO?

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