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Brasília, 16 a 20 de março de 1998 - Nº 103

Data (páginas internas): 26 de março de


1998.

Este Informativo, elaborado a partir de


notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Ação Penal Originária e Intimação Pessoal
Adicional de Tarifa Portuária
ADIn: Ilegitimidade Ativa
Crime de Usura
Desistência do Direito de Recorrer e Assistência
Gratificação de Representação Mensal
HC: Cabimento
IPVA: Incidência Sobre Embarcações
Jornada de Trabalho e Revezamento
Jurisdição e Direito Intertemporal
Militar: Transferência para Presídio Civil
Recomendação do TCU
Regressão de Regime Prisional e Audiência
Representação: Validade
Zona Franca e Incentivos Fiscais

PLENÁRIO
HC: Cabimento
Não cabe habeas corpus contra decisão de Turma
ou do Plenário do STF, salvo a hipótese de crime sujeito à
jurisdição do STF em uma única instância (CF, 102, I, i).
Com base nesse entendimento, o Tribunal não conheceu de
habeas corpus impetrado contra acórdão da 1ª Turma que
confirmara, em agravo regimental, despacho que negara
seguimento a agravo de instrumento. Vencido o Min. Marco
Aurélio, relator, que entendia não haver atos imunes ao
habeas corpus, mesmo aqueles praticados pelo STF.
Precedente citado: HC 76.628 (QO), julgado na Sessão
Plenária de 12.3.98 (acórdão pendente de publicação). HC
76.653-RJ, rel. originário Min. Marco Aurélio, rel. p/
acórdão Min. Sepúlveda Pertence, 18.3.98.

Zona Franca e Incentivos Fiscais


Por aparente afronta ao art. 40 do ADCT (“É
mantida a Zona Franca de Manaus, com suas
características de área livre de comércio, de exportação e
importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e
cinco anos, a partir da promulgação da Constituição.”), o
Tribunal deferiu medida cautelar em ação direta ajuizada
pelo Governador do Estado do Amazonas para suspender a
eficácia do § 1º do art. 77 da Lei Federal 9.532/97, na
redação dada pela Medida Provisória nº 1614-16/98 [“ Art.
77 - A aprovação de novos projetos, inclusive de expansão,
beneficiados com qualquer dos incentivos fiscais a que se
referem o Decreto-Lei nº 288 de 28 de fevereiro de 1967(...)
fica condicionada à vigência de: I - lei complementar(...) II -
lei específica (...) § 1 º - O disposto no caput deste artigo
deixará de produzir efeitos se as leis mencionadas nos
incisos I e II não forem sancionadas e publicadas até 15 de
maio de 1998”]. Tendo em vista a impossibilidade de lei
ordinária modificar o regime de incentivos fiscais vigente na
Zona Franca de Manaus quando da promulgação da CF/88
(ADCT, art. 40), o Tribunal entendeu que, uma vez suspenso
apenas o referido parágrafo, volta a operar sua redação
anterior a qual condicionara os efeitos do disposto no
caput do art. 77 ao encaminhamento de projetos de lei ao
Congresso Nacional até o dia 15 de março de 1998 , norma
esta que não tem mais eficácia tendo em vista a fluência do
prazo. Entendeu-se que a previsão do parágrafo único, do
referido art. 40, do ADCT, no sentido de a lei federal poder
modificar os critérios que disciplinaram ou venham
disciplinar a aprovação dos projetos da Zona Franca de
Manaus, não permite a supressão dos incentivos fiscais
garantidos no caput do mesmo artigo, sob pena de
esvaziamento deste. Precedente citado: ADInMC 310-DF
(RTJ 146/21). ADInMC 1.799-DF, rel. Min. Marco Aurélio,
18.3.98.

Gratificação de Representação Mensal - 1


Por maioria, o Tribunal deferiu medidas cautelares
em ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pelo
Procurador-Geral da República para suspender, com efeito
ex nunc, os atos normativos baixados pelo STJ e pelo
Conselho da Justiça Federal que, sem a devida autorização
legislativa, instituíram a Gratificação de Representação
Mensal - GRM aos ocupantes das carreiras de Analista
Judiciário, Técnico Judiciário e Auxiliar Técnico, bem como
aos inativos e pensionistas. Afastou-se a tese dos recorridos
no sentido de que os atos impugnados constituiriam mera
regulamentação da Lei 9.421/96 que cria as carreiras dos
servidores do Poder Judiciário e fixa os valores de sua
remuneração uma vez que esta Lei não instituiu a referida
GRM e nem admitiu a similitude das carreiras e da
remuneração dos servidores do Judiciário àquelas dos
servidores do Poder Legislativo, para efeito do disposto no
art. art. 39, § 1º, da CF (“A lei assegurará, aos servidores da
administração direta, isonomia de vencimentos para cargos
de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou
entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e
as relativas à natureza ou ao local de trabalho.”).
Considerou-se, à primeira vista, ofensa ao art. 96, II, b, da
CF, que estabelece a competência privativa dos Tribunais
Superiores para propor ao Poder Legislativo a criação e
extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus
membros. Ponderou-se ainda, que não cabe ao Poder
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos, sob o fundamento da
isonomia (Súmula 339). Vencido o Min. Marco Aurélio.
Precedentes citados: RREE 114.346-SC (DJU de 19.5.95),
197.227-ES (DJU de 2.7.97) e 193.810-SC (DJU de 6.6.97);
AO 192-RS (DJU de 27.10.95); RMS 21.662-DF (DJU
20.5.94) e 21.512-DF (RTJ 147/931); ADInMC 529-DF (RTJ
146/424) e 1.732-ES (v. Informativo 97). ADInMC 1.776-
UF, rel. Min. Sydney Sanches; e ADInMC 1.777-UF, rel.
Sepúlveda Pertence, 18.3.98.

Gratificação de Representação Mensal - 2


O Tribunal deferiu medida cautelar em ação direta
de inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da
República para suspender, com eficácia ex nunc, a Resolução
nº 62/96, do Tribunal de Contas da União, que, sem a devida
autorização legislativa, assegura aos servidores ativos e
inativos das categorias funcionais de Analista, Técnico e
Auxiliar de Finanças e Controle Externo, Áreas de Apoio
Técnico e Administrativo e Serviços Gerais, o pagamento da
Gratificação de Representação Mensal - GRM. Ponderou-se
que a CF, ao determinar que o TCU exerça as atribuições dos
Tribunais Superiores (CF, art. 73), não permite que a Corte
de Contas estenda aos seus servidores vantagem concedida
ao quadro de pessoal do Senado Federal, uma vez que o
Poder Legislativo goza da prerrogativa de fixar própria sua
remuneração mediante ato interno de suas Mesas Diretoras
(CF, art. 51, IV e 52, XIII). Reconheceu-se, portanto,
violação ao art. 96, II, b, da Constituição Federal
(competência privativa dos Tribunais Superiores para propor
ao Poder Legislativo “a criação e a extinção de cargos e a
fixação de vencimentos de seus membros, ...”). Quanto à
alegada aplicabilidade da referida gratificação por força do
art. 39, § 1º, da CF (“A lei assegurará, aos servidores da
administração direta, isonomia de vencimentos para cargos
de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou
entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e
as relativas à natureza ou ao local de trabalho.”), a
jurisprudência do STF é firme no sentido de que não cabe ao
Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia (Súmula 339). Vencido o Min. Marco Aurélio, que
indeferia a cautelar por entender que o risco iminente de
dano requisito necessário à concessão de medida liminar ,
seria maior na suspensão do pagamento da mencionada
gratificação, tendo em conta sua natureza alimentar.
ADInMC 1.782-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 19.3.98.

ADIn: Ilegitimidade Ativa


Por falta de legitimidade ativa ad causam, o
Tribunal não conheceu de ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada pela Federação Nacional das
Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de
Tráfego Portuário - FENAVEGA, por tratar-se de entidade
que se caracteriza como federação nacional e não como
confederação sindical, para efeito do art. 103, IX, 2ª parte, da
CF (“Podem propor a ação de inconstitucionalidade: ... IX -
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.”). ADIn 1.795-PA, rel. Min. Moreira Alves,
19.3.98.

Adicional de Tarifa Portuária


Retomado o julgamento de recursos
extraordinários em que se discute a constitucionalidade do
Adicional de Tarifa Portuária, instituído pelo art. 1º, § 1º, da
Lei 7.700/88 [ “Art. 1º. É criado o Adicional de Tarifa
Portuária - ATP, incidente sobre as Tabelas das Tarifas
Portuárias. § 1º. O Adicional a que se refere este artigo é
fixado em 50% (cinqüenta por cento), e incidirá sobre as
operações realizadas com mercadorias importadas ou
exportadas, objeto do comércio na navegação de longo
curso.”]. O Min. Sepúlveda Pertence proferiu voto-vista no
sentido da inconstitucionalidade do mencionado adicional
por entender tratar-se de imposto sobre serviço, de
competência municipal. Por sua vez, o Min. Ilmar Galvão
acompanhou a conclusão do voto do Min. Carlos Velloso,
relator, que dava pela constitucionalidade do ATP por
configurar taxa remuneratória de serviço público prestado
pela Portobrás, como delegatória da União (v. Informativo
95) , mas com fundamento diverso, qual seja, ter o referido
adicional a natureza jurídica de contribuição de intervenção
no domínio econômico. Após, o julgamento dos recursos
extraordinários foi adiado em virtude do pedido de vista do
Min. Nelson Jobim. RREE 209.365-SP e 218.061-SP, rel.
Min. Carlos Velloso, 19.3.98.

IPVA: Incidência Sobre Embarcações


Iniciado o julgamento de recurso extraordinário em
que se discute a incidência do IPVA sobre a propriedade de
embarcações, afetado ao Plenário pela 2ª Turma (v.
Informativo 22). Trata-se, na espécie, de recurso interposto
pelo Estado do Amazonas contra acórdão do Tribunal de
Justiça local que concedera a segurança a fim de exonerar o
impetrante do pagamento do IPVA sobre embarcações ao
fundamento de que este tributo teria o mesmo fato gerador
da licença de trânsito destinada a embarcação, cobrada pela
União Federal. Após o voto do Min. Marco Aurélio, relator,
que dava provimento ao recurso para cassar o acórdão
recorrido ao fundamento de que a CF, ao prever o imposto
sobre a propriedade de veículos automotores (CF, art. 155,
III), não limita sua incidência aos veículos terrestres,
abrangendo, inclusive, aqueles de natureza hídrica ou aérea,
o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do
Min. Sepúlveda Pertence. RE 134.509-AM, rel. Min. Marco
Aurélio, 19.03.98.

Recomendação do TCU
Por maioria de votos, o Tribunal não conheceu de
mandado de segurança impetrado contra o TCU, ao
fundamento de que o ato impugnado conversão em
diligência do julgamento de legalidade de aposentadoria a
fim de que a autoridade administrativa retifique o cálculo dos
proventos do impetrante não possui carga decisória para
efeito de legitimar a Corte de Contas como autoridade
coatora, não se justificando, portanto, a competência do STF
para o julgamento da impetração (CF, art. 102, I, d).
Vencidos os Ministros Carlos Velloso, relator, e Marco
Aurélio. Precedentes citados: MS 21.683-RJ (RTJ 158/91);
MS 21.466-DF (DJU de 6.5.94); MS (QO) 21.715-RS (DJU
de 20.4.95). MS 22.746-PE, rel. originário, Min. Carlos
Velloso, rel. p/ o acórdão, Min. Nelson Jobim, 19.3.98.

PRIMEIRA TURMA
Militar: Transferência para Presídio Civil
Enquanto não for excluído da força pública
mediante procedimento específico previsto no art. 125, § 4º,
parte final, da CF (“Compete à Justiça Militar estadual
processar e julgar os policiais militares e bombeiros
militares nos crimes militares definidos em lei cabendo ao
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduação das praças.”), o militar
condenado criminalmente tem direito a ser mantido preso em
presídio militar. Com esse fundamento, a Turma deferiu
habeas corpus para anular a pena acessória de perda da
graduação imposta a sargento da Polícia Militar do Estado
de Minas Gerais, condenado por crime militar, e determinar
que permaneça o paciente em presídio militar enquanto não
perder sua graduação mediante procedimento específico, de
natureza administrativa. HC 75.562-MG, rel. Min. Sydney
Sanches, 17.3.98.

Crime de Usura
Para a caracterização do delito de usura real,
previsto no art. 4º, a, da Lei 1.521/51 (“Constitui crime da
mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se
considerando: a) cobrar juros, comissões ou descontos
percentuais, sobre dívidas em dinheiro, superiores à taxa
permitida por lei; ...”), não se exige a pluralidade de sujeitos
passivos. Com esse fundamento, a Turma, entendendo
presente a habitualidade da prática do referido crime contra a
mesma vítima, indeferiu habeas corpus em que se sustentava
que a conduta do paciente empréstimo de dinheiro mediante
a cobrança de taxa de juros de 35% ao mês, acima do
permitido em lei seria atípica uma vez que, tratando-se de
crime contra a economia popular, não teria lesionado um
número indefinido de pessoas, mas apenas o patrimônio de
uma só vítima. HC 76.593-MS, rel. Min. Octavio Gallotti,
17.3.98.

Jurisdição e Direito Intertemporal


Havendo sentença proferida pela justiça militar
quando da entrada em vigor da Lei 9.299/96 que atribui à
justiça comum o julgamento dos crimes dolosos contra a
vida praticados por militar contra civil , não configura
constrangimento ilegal o julgamento do recurso de apelação
pela 2ª instância da justiça militar. Com esse entendimento,
o Tribunal indeferiu habeas corpus impetrado em favor de
policiais militares em que se pleiteava, em virtude do
advento da referida Lei, a nulidade do acórdão condenatório
dos pacientes a fim de que estes fossem submetidos a novo
julgamento pelo tribunal do júri. HC 76.380-BA, rel. Min.
Moreira Alves, 17.3.98.

Jornada de Trabalho e Revezamento


A existência de intervalo para descanso ou
alimentação, dentro de cada turno, não descaracteriza a
hipótese de turnos ininterruptos de revezamento, prevista no
art. 7º, XIV, da CF (“Art. 7º São direitos dos
trabalhadores ... XIV - jornada de trabalho de seis horas
para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva.”). Com esse
entendimento, a Turma negou provimento a agravo
regimental interposto contra despacho que negara
seguimento a recurso extraordinário, tendo em vista que a
orientação seguida pelo acórdão recorrido guardara
conformidade com aquela firmada pela Corte no RE
205.815-RS (v. Informativo 95). RE (AgRg) 215.642-SP e
RE (AgRg) 215.946-MG, rel. Min. Sydney Sanches, 17.3.98.

SEGUNDA TURMA
Ação Penal Originária e Intimação Pessoal
Iniciado o julgamento de habeas corpus em que se
discute a exigência da intimação pessoal do réu para ciência
do acórdão condenatório nas hipóteses de ação penal
originária (Leis 8.038/90 e 8.658/93). Trata-se, na espécie,
de ação penal contra ex-prefeito julgado originariamente
pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina e
condenado como incurso nas penas do art. 1º, I, do DL
201/67 , cuja intimação da decisão condenatória foi feita
mediante publicação na imprensa oficial. Após o voto do
Min. Carlos Velloso, relator, que indeferia a ordem por
entender que a intimação pessoal do réu só é exigível quando
se trata de sentença condenatória de 1º grau (CPP, art. 392),
o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do
Min. Maurício Corrêa. HC 76.603-SC, rel. Min. Carlos
Velloso, 17.3.98.

Desistência do Direito de Recorrer e Assistência


A manifestação do réu no sentido de não recorrer
da sentença condenatória deve ser assistida por seu defensor.
Com esse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus
impetrado em favor de réu analfabeto que, intimado da
sentença condenatória sem a presença de seu defensor,
manifestou o desejo de não recorrer para cassar acórdão que
não conhecera da apelação criminal interposta pelo defensor
público e determinar que o tribunal de origem prossiga no
julgamento do recurso, como entender de direito.
Precedentes citados: HC 70.444-RJ (RTJ 154/540); RHC
60.316-RJ (RTJ 103/1046); RECr 107.726-SP (DJU de
11.4.86). HC 76.526-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa, 17.3.98.

Representação: Validade
A Turma indeferiu habeas corpus em que se
pretendia a invalidade da representação de vítima menor de
idade contra acusado de crime de estupro, porquanto
formalizada por seu tio, e não por seu representante legal.
Afastou-se a alegação de nulidade do processo penal a que
submetido o paciente uma vez que demonstrada a vontade da
ofendida no sentido do indiciamento do acusado mediante o
seu comparecimento a todos os atos judiciais, tendo a mesma
ratificado a representação ao atingir a maioridade.
Precedentes citados: RHC 66.523-RO (DJU de 26.5.89);
RHC 62.388-SP (RTJ 112/1093); HC 63.435-SE (RTJ
141/161); HC 71.378-MG (DJU de 20.4.95). HC 76. 431-
MG, rel. Min. Maurício Corrêa, 17.3.98.

Regressão de Regime Prisional e Audiência


Tendo em vista que a regressão do réu a regime de
cumprimento de pena mais gravoso (LEP, art. 118) tem como
formalidade essencial a audiência prévia do condenado (LEP,
art. 118, § 2º), a Turma deferiu habeas corpus reformando
decisão que, em face da fuga do paciente, implementou
medida cautelar de regressão provisória ao regime fechado a
fim de que seja o paciente mantido na situação anterior,
quanto ao regime de cumprimento da pena, até que se
processe regularmente o pedido de regressão feito pelo
Ministério Público. HC 76.270-SP, rel. Min. Marco Aurélio,
17.3.98.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 18.3.98 19.3.98 16


1ª Turma 17.3.98 --------- 352
2ª Turma 17.3.98 --------- 87

CLIPPING DO DJ
20 de março de 1998

ADIn N. 1.662
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 11/97, APROVADA PELA RESOLUÇÃO
Nº 67, DE 10.04.97, DO ÓRGÃO ESPECIAL DO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, QUE
UNIFORMIZA PROCEDIMENTOS PARA A EXPEDIÇÃO
DE PRECATÓRIOS E OFÍCIOS REQUISITÓRIOS
REFERENTES ÀS CONDENAÇÕES DECORRENTES DE
DECISÕES TRÂNSITAS EM JULGADO".
1. Item III: a equiparação da não inclusão no orçamento das
verbas relativas a precatórios, ao preterimento do direito de
precedência, cria, na verdade, nova modalidade de seqüestro,
além da única prevista na Constituição (parte final do § 2º
do art. 100); além disto, não se concebe no direito
constitucional brasileiro a efetivação de seqüestro ouvindo-
se exclusivamente o Ministério Público, sem observância do
contraditório.
Na ocorrência da hipótese, a Constituição prevê intervenção
federal no Estado (art. 34, VI).
2. O mesmo ocorre com a equiparação que o item XII
denomina de pagamento inidôneo (a menor, sem a devida
atualização ou fora do prazo legal).
3. O Item VIII, alínea "b", ao estabelecer que ao Presidente
do Tribunal Regional compete: ... b) determinar, de ofício a
requerimento das partes, a correção de inexatidões
materiais ou a retificação de erros de cálculo, alcança,
apenas, a correção das diferenças resultantes de erros
materiais ou aritméticos ou de inexatidões dos cálculos dos
valores dos precatórios, não podendo alcançar o critério
adotado para a elaboração dos cálculos nem a adoção de
índices de atualização monetária diversos do que foram
utilizados na primeira instância, tal como decidido por este
Tribunal ao examinar o art. 337, III, VI e VII, do Regimento
Interno do Tribunal de Justiça paulista (ADI nº 1.098, j. em
11.09.96).
4. Não é considerada discriminatória a exigência de
cumprimento da obrigação prevista na Constituição paulista
(art. 57, § 3º), no sentido de que os créditos de natureza
alimentícia serão pagos de uma só vez, devidamente
atualizados até a data do efetivo pagamento. Precedentes do
Plenário (ADInMC nº 446-SP e RE nº 189.942-SP) e das
Turmas.
5. Medida cautelar deferida, em parte, para suspender a
eficácia dos itens III e XII, e para dar interpretação conforme
à alínea b do item VIII, todos da Instrução Normativa nº
11/97, do Tribunal Superior do Trabalho, com efeito ex nunc,
até o julgamento final da ação.
* noticiado no Informativo 83

EXTRADIÇÃO N. 690
RELATOR : MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Extradição. 2. Acusação de crime de tráfico
internacional de entorpecentes. 3. Mandado de prisão
expedido por Juiz de Investigações Preliminares de Tribunal
italiano, por considerar o extraditando envolvido na prática
do delito, juntamente com outros. 4. Extraditando que é
brasileiro naturalizado, desde época anterior aos fatos. 5.
Constituição Federal, art. 5º, LI: "nenhum brasileiro será
extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, na forma da Lei". 6. O extraditando cumpre, no Brasil,
a pena de seis anos e oito meses de reclusão, por tráfico de
tóxicos, fato ocorrido na comarca de Araguari, MG, em
1994. 7. Os fatos investigados na Itália, quanto ao
extraditando, são distintos dos que ensejaram a condenação
no Brasil; concernem à sua participação em importação de
cocaína, do Brasil para a Itália, Estado requerente, em 1992.
8. Hipótese em que os elementos apurados e indicados na
decisão do Juiz de Investigações Preliminares da Itália, os
quais serviram de base à expedição do mandado de prisão
cautelar, não são suficientes a ter-se como comprovado "o
envolvimento" do extraditando no crime em referência, nos
termos do art. 5º, LI, da Constituição Federal, e em
conformidade com a orientação que o Supremo Tribunal
Federal, em sessão plenária, assentou no julgamento da
Extradição nº 541 - República Italiana, concluído a
7.11.1991 (RTJ 145/428-460). 9. Pedido de extradição
indeferido, nos termos do voto do Relator, permanecendo o
extraditando, entretanto, preso, à disposição do Juízo da
Execuções Criminais da comarca de Araguari, MG, em face
da condenação referida, por fatos diversos.
* noticiado no Informativo 62

HC N. 75.201
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
(...)CONFLITO APARENTE DE NORMAS -
ESPECIALIDADE - PROCESSO - SUBTRAÇÃO DE
DOCUMENTO POR ADVOGADO - TIPO PENAL
PRÓPRIO - ARTIGOS 337 E 356 DO CÓDIGO PENAL. O
procedimento mediante o qual advogado subtrai de processo
peça nele contida, inutilizando-a, enquadra-se no artigo 356
do Código Penal, considerado o princípio da especialidade.
* noticiado no Informativo 98

HC N. 75.417
RELATOR : MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA:- Recurso de ofício.
Não é incompatível com o art. 129, I, da Constituição o art.
574 do Código de Processo Penal, cujo inciso II, relativo à
absolvição sumária, não se aplica, todavia, à hipótese de
decisão do Presidente do Tribunal do Júri que decreta a
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva.
* noticiado no Informativo 79

HC N. 75.597
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Liberdade provisória: recebida expressamente a
apelação do réu "nos efeitos devolutivo e suspensivo", sem
que o impugnasse o Ministério Público, não pode o Tribunal
deixar de conhecer do recurso, à falta de recolhimento do
apelante à prisão, ainda que se cuide de crime hediondo.

HC N. 75.695
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Individualização da pena: regime de
cumprimento de pena: critério legal.
A gravidade do tipo incidente, para todos os efeitos legais,
traduz na escala penal cominada.
Se, nos limites dela, a pena imposta comporta determinado
regime de execução, não cabe, para impor outro, mais
severo, considerar novamente, e como única razão
determinante, a gravidade em abstrato da infração cometida:
o regime de estrita legalidade que rege o Direito Penal não
admite que, à categoria legal dos crimes hediondos, o juiz
acrescente, segundo a sua avaliação subjetiva ditada por seus
preconceitos, a categoria dos crimes repugnantes, de modo a
negar ao condenado o que lhe assegura a lei.
Precedentes do Tribunal.

HC N. 75.755
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Incitação ao crime: não o pratica quem, segundo
a denúncia, não incitou ninguém à prática do delito, mas, ao
contrário, teria acedido à instigação de terceiro.

HC N. 76.022
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Competência: homicídio praticado por policial
militar contra civil: superveniência da L. 9.299/96 à decisão
absolutória da Auditoria Militar: revisão criminal pendente
no Tribunal de Justiça sob o fundamento de que, vigente a lei
nova, que transferiu para o Júri a competência para o caso,
não mais era possível ao Tribunal de Justiça reformar a
sentença e condenar o réu, mas apenas cassá-la e remetê-lo
ao Júri: pedido de liberdade provisória que, não submetido
ao Tribunal competente para a revisão, não pode ser decidido
em habeas-corpus originário pelo Supremo Tribunal:
habeas-corpus não conhecido.

HC N. 76.158
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Denúncia: aptidão.
Não é inepta a denúncia que, para imputar ao acusado ser o
mandante de homicídio praticado por terceiro, descreve com
pormenores os antecedentes do fato e os indícios que
suportam a imputação ao paciente do papel de protagonista
da deliberação criminosa e da organização e patrocínio da
empreitada homicida: a demonstração analítica da
veracidade e da significação indiciária dos elementos
informativos que o Ministério Público afirma existentes no
inquérito e nos quais funda a imputação de mandato criminal
dirigida ao paciente são, porém, pressupostos de validade de
sentença condenatória e não da aptidão da denúncia, cujo
núcleo é formular uma imputação e não prová-la desde logo.

HC N. 76.241
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: HABEAS CORPUS. EXTRADIÇÃO. PRISÃO
PREVENTIVA DECRETADA PELO RELATOR PARA
EFEITOS EXTRADICIONAIS. ALEGAÇÃO DE
EXCESSO. LEI Nº 6.815/80, ART. 82.
Conhece-se da impetração, uma vez que o pleito nele
formulado já foi submetido à consideração do Relator da
Extradição nº 711, emanando-se daí o inquinado ato de
constrangimento.
Não tem consistência a alegação do impetrante de estar
configurado excesso de prazo na custódia do paciente. É que
a prisão do extraditando atua como condição de
procedibilidade da extradição (RI/STF, art. 208), na medida
em que nenhum pedido extradicional terá andamento sem
que o extraditanto seja preso e colocado à disposição do
Supremo Tribunal Federal.
Habeas Corpus indeferido.

RECLAMAÇÃO N. 348
RED. P/ O ACORDÃO: MIN. MARCO AURÉLIO
EMENTA - REDAÇÃO - OPORTUNIDADE. Descompasso
entre a data da conclusão do julgamento - 11 de abril de 1991
- e da redação da ementa-18 de fevereiro de 1998, em face da
remessa dos autos ao Gabinete, com as peças do acórdão
oriundas de notas taquigráficas, somente em 9 de fevereiro
de 1998.
RECLAMAÇÃO - OBJETO - PROVIMENTO JUDICIAL -
ACATAMENTO - PARÂMETROS. Descabe, no julgamento
de reclamação, ir-se além do que compõe, em termos de
decisão, o provimento judicial apontado como alvo do
desrespeito. Isso ocorre quando, na reclamação, pleiteia-se
que fiquem estipuladas as cadeiras de determinado Estado na
Câmara dos Deputados e, no acórdão proferido no mandado
de injunção, a Corte limitou-se a declarar, por maioria é
certo, a omissão do Congresso Nacional na regulamentação
do § 1º do artigo 45 da Constituição Federal - "O número
total de Deputados, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos
de oito ou mais de setenta Deputados".

RECLAMACAO (AgRg) N. 707


RED. P/ O ACORDÃO: MIN. SEPÚLVEDA
PERTENCE
EMENTA: I. Agravo regimental: devolução plena:
possibilidade de declaração da ilegitimidade da agravante.
O agravo contra decisão do relator em processo de
competência originária do STF, qual a que nega liminar em
reclamação é recurso ordinário de devolução plena: pode,
assim, o Plenário - sem incidir em reformatio in pejus -
examinar de ofício pressupostos processuais e as condições
da ação e, sendo o caso da ausência de uns ou de outros,
extingüir o processo (C. Pr. Civ., art. 267, IV e VI, e § 3º).
II. Reclamação: ilegitimidade de quem não foi nem poderia
ter sido parte em ação direta de inconstitucionalidade para
ajuizar reclamação fundada em desrespeito ao acórdão que
nela se haja proferido.

RE N. 168.752
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
ICM - CUMULATIVIDADE VEDADA - ALÍQUOTAS
DIFERENCIADAS - ABATIMENTO. A prática de alíquotas
distintas não sugere a existência de isenção. Dá-se a
incidência considerados os percentuais praticados pelos
Estados, face até mesmo ao sistema federativo. A hipótese
comporta mero abatimento, considerado o valor realmente
cobrado e não o relativo ao resultante de alíquota mais alta -
artigo 23, inciso II e § 5º da Constituição Federal de 1967,
com a redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 23
de 1983.
IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E SERVIÇOS - CRÉDITO - ÓBICE CRIADO PELO FISCO
- CORREÇÃO MONETÁRIA. Configurada a hipótese de
obstáculo, consubstanciado em atuação do fisco, ao
creditamento, impõe-se a atualização do valor
correspondente, sob pena de esvaziar-se o princípio da não-
cumulatividade.

RE N. 176.483
RELATOR : MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ATO
NORMATIVO MUNICIPAL. REPRESENTAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA EXTINTA
PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA SOB O ARGUMENTO
DE HAVER CORRESPONDÊNCIA ENTRE O PRINCÍPIO
ESTABELECIDO NA CARTA ESTADUAL E O
CONSAGRADO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
CONSEQÜÊNCIA: INVIABILIDADE DE CONTROLE
ABSTRATO DA CONSTITUCIONALIDADE DO ATO
NORMATIVO.
1. Compete ao Tribunal de Justiça estadual apreciar
representação de inconstitucionalidade de ato normativo
municipal, não sendo de ser declarada extinta a argüição pelo
fato de haver correspondência entre o princípio estabelecido
na Carta Estadual e o consagrado na Constituição Federal.
Recurso extraordinário conhecido e provido, determinando-
se a remessa dos autos ao Tribunal de origem para que,
quanto ao mérito, julgue a ação como entender de direito.
* noticiado no Informativo 99

RE N. 176.551
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
ESTABILIDADE - SERVIDOR PÚBLICO - LIAMES
DIVERSOS - O direito previsto no artigo 19 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Carta de 1988
pressupõe relação jurídica única. Descabe, para efeito de
saber-se da existência do qüinqüênio, somar períodos
concernentes a relações jurídicas cessadas por iniciativa do
prestador dos serviços ou do tomador.

RE N. 184.347
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO -
PREQUESTIONAMENTO - CONFIGURAÇÃO - RAZÃO
DE SER. O prequestionamento não resulta da circunstância
de a matéria haver sido empolgada pela parte recorrente. A
configuração do instituto pressupõe debate e decisão prévios
pelo Colegiado, ou seja, emissão de juízo explícito sobre o
tema. O procedimento tem como escopo o cotejo
indispensável a que se diga do enquadramento do recurso
extraordinário no permissivo constitucional, e se o Tribunal
"a quo" não adotou entendimento explícito a respeito do fato
jurígeno veiculado nas razões recursais, inviabilizada fica a
conclusão sobre a violência ao preceito evocado pelo
recorrente. Prescinde o prequestionamento da referência
expressa, no acórdão impugnado mediante o recurso, a
números de artigos, parágrafos, incisos ou alíneas.
Precedente: Recurso Extraordinário nº 128.519-2/DF, por
mim relatado, perante o Pleno, com aresto veiculado no
Diário da Justiça de 7 de março de 1991.
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - ATUALIZAÇÃO X
COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS PELO
EMPREGADOR. Distintas são as obrigações, a afastar a
possibilidade de compensação. O fato de cláusula do
contrato firmado prever a estabilidade remuneratória na
complementação, não afasta a obrigação do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) de manter o poder
aquisitivo do benefício, considerada a regra do artigo 58 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

RE N. 185.566
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ATO NORMATIVO
DECLARADO INCONSTITUCIONAL - LIMITES.
Alicerçado o extraordinário na alínea "b" do inciso III do
artigo 102 da Constituição Federal, a atuação do Supremo
Tribunal Federal faz-se na extensão do provimento judicial
atacado. Os limites da lide não a balizam, no que verificada
declaração de inconstitucionalidade que os excederam.
Alcance da atividade precípua do Supremo Tribunal Federal
- de guarda maior da Carta Política da República.
RECURSO - EMBARGOS DECLARATÓRIOS -
TEMPESTIVIDADE. A tempestividade dos embargos
declaratórios é apreciada com base na data em que veiculada
a decisão embargada. Tratando-se dos segundos
declaratórios, considera-se a publicação do provimento
judicial relativo aos primeiros, e não a do acórdão
inicialmente embargado.

RE N. 188.372
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
ACUMULAÇÃO - VENCIMENTOS E PROVENTOS -
CARTA DE 1988. Na dicção da ilustrada maioria,
entendimento em relação ao qual guardo profundas reservas,
a Carta de 1988 veda a acumulação de proventos e
vencimentos, somente permitindo-a quando se tratar de
cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade.
Precedentes: Recurso Extraordinário nº 163.204-6/SP,
relatado pelo Ministro Carlos Velloso, com acórdão
publicado no Diário da Justiça da União de 31 de março de
1995 e Mandado de Segurança nº 22.182-8/RJ, relatado pelo
Ministro Moreira Alves, cujo acórdão foi veiculado no
Diário de 10 de agosto de 1995.

RE N. 191.268
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
ISONOMIA - VENCIMENTOS - LOTAÇÃO -
IRRELEVÊNCIA. Sob pena de inobservar-se o disposto no
§ 1º do artigo 39 da Constituição Federal, descabe proceder a
tratamento diferenciado, sob o ângulo dos vencimentos,
considerada a secretaria em que lotado o servidor exercente
de cargo com idênticas atribuições.
PROGRESSÃO FUNCIONAL - DIREITO ADQUIRIDO.
Prevendo a norma de regência o direito à progressão
funcional pelo fato de integrar o prestador dos serviços o
quadro efetivo de pessoal, não se há de estabelecer distinção.

RE N. 194.178
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
APOSENTADORIA - TEMPO DE SERVIÇO -
PROFESSORES X ESPECIALISTAS EM ASSUNTOS
EDUCACIONAIS. A regra da alínea "b" do inciso III do
artigo 40 da Constituição Federal, no que faculta aos
professores aposentarem-se com trinta anos de efetivo
exercício de funções de magistério, se homem, e vinte e
cinco, se mulher, com proventos integrais, é de direito
estrito. Descabe potencializar ficção jurídica prevista em
norma estadual a ponto de mesclar período em que
desenvolvida função de especialista em assuntos
educacionais. Precedentes: Recursos Extraordinários nºs
171.694-1/SC e 180.150-6/DF, ambos relatados pelo
Ministro Carlos Velloso, perante a Segunda Turma, com
arestos veiculados nos Diários da Justiça de 19 de abril e 21
de junho de 1996, respectivamente.

RE N. 196.265
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
INSTÂNCIA - SUPRESSÃO - ILEGITIMIDADE "AD
CAUSAM" ATIVA - AFASTAMENTO - APRECIAÇÃO DA
LIDE DE IMEDIATO. Implica supressão de instância
afastar, a um só tempo, a extinção do processo sem
julgamento de mérito implementada pela primeira instância e
proceder, de imediato, ao julgamento da lide. O que previsto
no artigo 515, § 1º, do Código de Processo Civil pressupõe
haja o juízo adentrado o exame do mérito.

RE N. 199.570
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
INTERROGATÓRIO - ACUSADO - SILÊNCIO. A parte
final do artigo 186 do Código de Processo Penal, no sentido
de o silêncio do acusado poder se mostrar contrário aos
respectivos interesses, não foi recepcionada pela Carta de
1988, que, mediante o preceito do inciso LVIII do artigo 5º,
dispõe sobre o direito de os acusados, em geral,
permanecerem calados. Mostra-se discrepante da ordem
jurídica constitucional, revelando apego demasiado à forma,
decisão que implique a declaração de nulidade do
julgamento procedido pelo Tribunal do Júri à mercê de
remissão, pelo Acusado, do depoimento prestado no primeiro
Júri, declarando nada mais ter a acrescentar. Dispensável é a
feitura, em si, das perguntas, sendo suficiente a leitura do
depoimento outrora colhido.
RE N. 200.485
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE.
PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE
SUPERIOR A SESSENTA E CINCO ANOS. ART. 153, § 2º,
INC. II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 7.713/88.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de
Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou
entendimento no sentido de que o art. 153, § 2º, II, da
Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda
"não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre
rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos
pela previdência social da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios a pessoa com idade superior a
sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída,
exclusivamente, de rendimentos do trabalho", não é auto-
aplicável, estando a depender de lei que fixará os termos e os
limites dessa não-incidência.
E, até que advenha a lei regulamentando o exercício desse
direito, continuam válidos os limites e restrições fixados na
Lei nº 7.713/88 com suas posteriores alterações.
Recurso extraordinário conhecido, mas improvido.

RE N. 201.010
RELATOR : MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Magistério público superior. Exigência de
concurso público de provas e títulos para o cargo de
professor titular. Constitucionalidade.
- O artigo 206, V, da atual Constituição não proíbe que, no
magistério público superior, a legislação infraconstitucional
estabeleça carreira até o cargo de professor adjunto e
considere como cargo isolado o de professor titular, fazendo
depender o ingresso nele de concurso de provas e de títulos.
Assim, não se pode pretender que a legislação ordinária
anterior à Constituição de 1988, que, em última análise,
dispunha sobre a carreira até o cargo de professor adjunto e
tinha como cargo isolado, por imposição do sistema
constitucional anterior, o de professor titular, exigindo para o
ingresso nele concurso de provas e de títulos, haja sido
revogada pela atual Carta Magna.
Recurso extraordinário não conhecido.

RE N. 209.714
RELATOR : MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: CONCURSO PÚBLICO. FISCAL DE
TRIBUTOS ESTADUAIS. LIMITE DE IDADE DE
TRINTA E CINCO ANOS. ART. 20, INC. II, DA LEI Nº
8.118/85, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
Inconstitucionalidade da lei gaúcha que estipulou requisito
de idade máxima de trinta e cinco anos para inscrição em
concurso para o cargo de Fiscal de Tributos Estaduais.
Recurso extraordinário conhecido e provido.

RE N. 212.336
RELATOR : MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Decisão judicial: ausência de fundamentação e
nulidade.
Não satisfaz a exigência constitucional de que sejam
fundamentadas todas as decisões do Poder Judiciário (CF,
art. 93, IX) o argumento de que o juiz de primeiro grau, ao
decidir determinada questão, "não agiu com o costumeiro
acerto": é frase que serviria para a reforma de qualquer
sentença, o que faz patente a ausência de fundamentação.

RE N. 217.364
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
REVISÃO DE VENCIMENTOS - ISONOMIA. "A revisão
geral de remuneração dos servidores públicos, sem distinção
de índices entre servidores públicos civis e militares, far-se-
á sempre na mesma data" - inciso X - sendo irredutíveis, sob
o ângulo não simplesmente da forma (valor nominal), mas
real (poder aquisitivo) os vencimentos dos servidores
públicos civis e militares - inciso XV, ambos do artigo 37 da
Constituição Federal.

Acórdãos publicados: 318

Assessora responsável pelo Informativo


Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
informativo@stf.gov.br

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