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I – Dos fatos:
A mãe do autor (nome da mãe do autor) ajuizou uma ação de investigação de paternidade
post mortem cumulada de retificação/averbação de registro civil em face das herdeiras de
(avô do autor), as senhoras (tias do autor), objetivando o reconhecimento da paternidade de
(avô do autor).
Essa ação foi ajuizada na comarca de (nome da cidade), no Estado (nome do Estado), em
03/05/2013, tendo em vista que (avô do autor) faleceu em (nome da cidade) em 31 de
dezembro de 1977.
Conforme consta dos autos nº (número dos autos) do processo de investigação de paternidade
post mortem cumulada com retificação/averbação de registro civil, houve a publicação da
sentença proferida pelo juiz de direito da 2ª Vara Cível da Comarca de (nome da cidade) em
07/10/2013, em que julgou procedente o pedido da autora em declarar que (nome da mãe do
autor) é filha de (avô do autor), que é filho de (bisavós do autor). Ainda fala que após o
trânsito em julgado, “expeça-se mandado ao cartório competente para que supra o assento de
nascimento da requerente, passando a constar o nome do falecido como seu genitor e dos
avós paternos, a requerente/investigante a chamar-se (nome da mãe do autor alterado). Após
transitar em julgado e cumpridas as diligências pertinentes, arquivem-se.”
Contudo, o trânsito em julgado da sentença de procedência que reconhece que (nome da mãe
do autor) é filha de (avô do autor) e que modifica o nome para (nome da mãe alterado) é
documento suficiente para que o autor tenha o seu direito reconhecido para que se averbe a
certidão de nascimento do autor do nome de (nome do autor) para (nome do autor alterado),
bem como que modifique a filiação do nome da mãe de (nome da mãe do autor) para (nome
da mãe do autor alterado) e que supra o assento do avô paterno para (nome do avô do autor).
O autor tem como base documental a certidão de nascimento do autor e a íntegra do processo
de investigação de paternidade ajuizada pela mãe do autor em face das irmãs e herdeiras de
(avô do autor) que contém a sentença de procedência do Juiz de Direito publicada em
07/10/2013 que reconhece que a mãe do autor (nome da mãe do autor) é filha de Edsilvio
Borges e que ordena que averbe o registro civil da autora para (nome da mãe do autor
alterado) Atenta-se que a sentença trânsitou em julgado em 07/11/2013, tendo em vista que
não houve recurso interposto pelas partes nem pelo representante do Ministério Público.
Considerando que está apenas pendente o cumprimento material da sentença dos autos nº
(número do processo), entende o autor que tem a documentação suficiente para que seja
reconhecido o direito do autor para que averbe a sua certidão de nascimento nos moldes
descritos nos parágrafos anteriores.
II – DO DIREITO:
Preliminarmente, o autor requer que seja deferido os benefícios da justiça gratuita, nos
moldes do arts. 4º e 12, da Lei 1.060/50, tendo em vista que é pobre na acepção legal, não
tendo condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do
sustento próprio, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.
Consta o art. 109, § 5º, da Lei 6.015/73: “Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o
mandado será remetido, por ofício, ao juiz sob cuja jurisdição estiver o cartório do registro
civil e, com o seu “cumpra-se”, executar-se-á.”
Extrai-se desse artigo 109, § 5º da Lei 6.015/73 que é possível ajuizar a ação de
averbação/retificação de registro civil em foro diverso ao daquele que foi lavrado o assento a
ser averbado.
Dessa forma, embora a comarca responsável seja a Vara de Registros Públicos da Comarca de
(nome da cidade), tendo em vista que o cartório de registro civil de pessoa natural de (nome
do cartório de registro civil de pessoa natural), local onde se está a certidão de nascimento do
autor, encontra-se em (nome da cidade), o foro do domicílio do autor que é em (nome da
cidade) é igualmente competente para o processamento e julgamento da causa referente à
averbação/retificação de registro civil.
Esse entendimento vem acompanhado de vasta jurisprudência inclusive do STJ, que se extrai
como exemplo da seguinte ementa:
1. A ação para retificação de registro civil (registro de óbito) pode ser proposta em comarca
diversa daquela em que foi lavrado o assento a ser retificado (art. 109, 5º, da Lei 6.015/1973),
não havendo óbice para ajuizamento da demanda no foro de domicílio do autor, pessoa
interessada na retificação.
O interesse jurídico do autor quanto às alterações pleiteadas reside no fato de ser direito do
autor que se inclua o sobrenome “(sobrenome)” em seu registro civil, especificamente na sua
certidão de nascimento, tendo em vista o reconhecimento da paternidade de (avô do autor)
em face da mãe do autor (nome da mãe do autor), agora reconhecida como (nome da mãe do
autor alterado).
O art. 109, da Lei 6.015/73 diz que “quem pretender que se restaure, supra ou retifique
assentamento no registro civil, requererá, em petição fundamentada e instruída com
documentos ou com indicação de testemunhas, que o juiz o ordene, ouvido o órgão do
Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que correrá em cartório.”
Entende o autor que por se tratar de uma ação de jurisdição voluntária, o único interessado
para que esse processo seja julgado procedente é o autor. Contudo, na parte do pedido dessa
petição inicial constará o requerimento de citação de eventuais interessados para integrarem
nesse processo, caso Vossa Excelência entenda assim.
A partir do momento que a mãe do autor passar a ser reconhecida como filha de (avô do
autor), que é filho de (bisavós do autor), tendo sido ordenado pelo juiz de direito que
averbasse o registro civil da mãe do autor para que conste na parte constante da filiação de
sua certidão de nascimento e consequentemente na sua certidão de casamento que é filha de
(avô do autor) e que haveria o direito da autora de que conste também o sobrenome
“(sobrenome)” no seu registro civil, passando o nome da mãe do autor a ser (nome da mãe do
autor alterado), revela-se por via de consequência lógica de que o autor dessa ação tenha o
seu direito de que é neto materno de (avô do autor) e que conste o sobrenome “(sobrenome)”
no seu registro civil, consequentemente passando a ter o nome de (nome do autor alterado).
O filho tem o direito adquirido a ter o sobrenome do pai e da mãe na íntegra. Havendo uma
retificação/averbação no sobrenome da mãe do autor, adquirindo a mesma o sobrenome
“(sobrenome)”, consequentemente, tem o autor o direito de que esse sobrenome
“(sobrenome)” seja acrescentado no seu próprio sobrenome.
Diz ainda o art. 11, do Código Civil: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.”
Contudo, na sua própria essência o sobrenome dos pais é transmissível aos filhos, porque o
sobrenome carrega em si o “nome” de uma família durante as inúmeras gerações. É a maneira
pela qual se perpetua a identificação de uma família por gerações, passando de avós para
pais, de pais para filhos, de filhos para netos e assim por diante.
Nota-se que a transmissibilidade dos sobrenomes dos pais para o sobrenome dos filhos é
dever jurídico dos ascendentes sobre os descendentes e não uma mera faculdade jurídica,
sendo um direito dos filhos de que tenha todos os sobrenomes dos pais.
Se foi reconhecido que a mãe do autor tem direito ao sobrenome “(sobrenome)” passando a
constar o seu nome de (nome da mãe do autor alterado), deve ser reconhecido por esse Douto
Juízo, em via de consequência, o direito do autor de também ter o sobrenome “(sobrenome)”,
passando a se chamar (nome do autor alterado) e não mais (nome do autor).
Vale destacar que essa averbação não trará prejuízo para ninguém, além de trazer
verdadeiramente um benefício para a família para que perpetue os laços familiares em seu
aspecto integral, incluindo a filiação paterna da mãe do autor, no registro civil do autor.
Considerando que a mãe do autor (nome da mãe do autor) passa a se chamar (nome da mãe
do autor alterado) com o trânsito em julgado da sentença referente aos autos nº (número do
processo), deve-se reconhecer a procedência do pedido no sentido de que o nome do autor
(nome do autor) seja averbado para (nome do autor alterado), bem como o nome da mãe do
autor (nome da mãe do autor) seja averbado para (nome da mãe do autor alterado) no registro
civil do autor.
Ressalta-se que o autor da ação junta o atestado de antecedentes criminais da polícia civil de
Minas Gerais e da polícia federal em que mostra que “nada consta” contra o autor, sendo que
o pleito autoral visa apenas às modificações do seu registro civil conforme o direito adquirido
do autor ventilado na petição inicial.
§ 4º: “Julgado procedente o pedido, o juiz ordenará que se expeça mandado para que seja
lavrado, restaurado ou retificado o assentamento, indicando, com precisão, os fatos ou
circunstâncias que devam ser retificados, e em que sentido, ou os que devam ser objeto do
novo assentamento.”
§ 5º: “Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o mandado será remetido, por ofício,
ao juiz sob cuja jurisdição estiver o cartório do registro civil e, com o seu “cumpra-se”,
executar-se-á.”
III – Do Pedido:
- De início, a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos do art. 4º
da Lei 1.060/50;
- Que seja citado e/ou intimado o órgão do Ministério Público e eventuais interessados, para a
oitiva no prazo de cinco dias, conforme o art. 109, da Lei 6.015/73;
- Que seja julgado procedente o pedido, para que proceda a averbação/retificação do registro
civil do autor, especificamente na certidão de nascimento do autor cuja matrícula é (número
da matrícula), nos seguintes termos:
C) que o nome do avô materno do autor passe a ser (nome do avô do autor).
- Que ao ser julgado procedente o pedido nos termos do parágrafo anterior, que o Douto Juízo
expeça o mandado judicial de averbação/retificação do registro civil do autor e remeta por
ofício para o Juiz da Vara de Registros Públicos da Comarca de (nome da cidade), para com o
seu “cumpra-se”, execute o respectivo mandado, determinando ao Cartório de Registro Civil
de Pessoas Naturais (RCPN) de (nome do cartório) localizado em (nome da cidade), proceda
às respectivas averbações/retificações, nos termos do art. 109, §§ 4º e 5º da Lei 6.015/73;
- Observação: Quando no parágrafo anterior se colocou o nome da mãe do autor como (nome
da mãe do autor alterada) considerou-se a declaração da averbação do seu nome pela sentença
transitada em julgado referente aos autos nº (número do processo).
Nestes termos,
Pede deferimento.
[Local] [data]
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