Você está na página 1de 3
A pupaGocia pa escorts Como podemos defi scuta como sensibilidade aos padres que cone ‘que nos conecta aos outros entregando-nos convoy le ‘nosso entendimento e nosso proprio ser slo apenas pees partes de um conhecimento mais ampla, integral, que tém o universo unido, -sewta, portanto, como metéfora para a abertura ¢ 0 se ssbilidade de ouvir e ser ouvido — ouvir nio somente co) as orelhas, mas com todos 0s nossos sentidos (visio, (it ‘lfato, paladar, audiczo e também direcao), sexta das cem, das mil linguagens, simbolos¢cécigos ue ‘usamos para nos expressar € nos comunicat, e com os ls Vida expressa a si mesma e se comunica com aquces se sabem ouvir. Escuta como tempo, empo de ouvir, um tempo situado fora do tempo cronolégico— um tempo cheio cles Iéncios, de longs pausas, um tempo interior. Escuta ineriy ceseuta de nés mesmos, como uma pausa, ums suspensio, i) clement que engendra ouvir os outros, mas que também ¢ gerado pelo escutar 0 que os outros tem de nés, Por tis do ato de escuta existe normalmente uma curio sidade, um desejo, uma dlvida, um interesse; hé sempre alguma emosao, Escura € emogio; é um ato originado por cemogées © que estimula emog6es. As emogées dos outs ’os influenciam por meio de processos fortes, diretos, no ‘mediados e intrinsecos & interaco entre sujeitos comuni ‘antes. Escutar cémo forma de acetar de bom grado e estar aberto as diferengas, econhecendo o valor do ponto de vis: tae da interpretacio dos outros, ‘Betar como um verbo ativo que envolveinterpretasio, Ano sentido & mensagem e valor aqueles que a oferecem, Hisewtar que nfo produz respostas, mas formula questoes feutar que &engendrado pela dvds, pela incereza, que fio €inseguranca, pelo contrtio, a seguranca de que cada rd 56 existe se esivermoscienes de seus limites e de sun posse flsiieagi ‘A ecu nao & fei. Exige uma profunda consciéncia ¢ 4 suspensio de nossos julgamentos e,acima de tudo, de nossos preconceitos; demanda abereura& mudanga, Requet ue renhamos claro em nossa mente o valor dodesconheci- tho eque sejamos capazes de superar a sensasio de vazio © precariedade que experimentamos sempre que nossa ce teaas sio questionadas. sewa que tira 0 indviduo do anonimato, que nos legi- tima, nos di vsibldade, eniquecendo tanto aquces que ‘escutam quanto aqueles que produzem a mensagem (e as ‘tiangas nfo suportam ser anénimas). scuta como premissa de qualquer relagSo de aprendiza do — aprendizado que é determinado pelo “sujitoapren di” e roma forma na mente desse sueito por meio da agfo € da refleio, que se torna conhecimento e aptidio por imtermédio da representagfo e da troca. Escuta, portanto, como um “contexiode escuta”,em que se aprende a ouvire ‘anarrar, em que indviduos sentem legitimidade para repre- sentar suas torias ¢ ofeecer as préprisinterpretagdes de ‘uma questo particular. Ao representar nossas teoris, nds 4s “reconhecemos”, permitindo que nosts imagens e int Bes tomem forma e evoluam por meio de acio, emogto, expresso e reprsentagbesicdnica esimbélicas (as “cem Disvocos cox Rca Eas | 5 linguagens"). © entendimento ¢ 2 conseiéncia slo engen- drados no comparthamentoe no dilogo. Representamos o mundo em nossas mentes,e ess re= presentasSo€fruto de nossa sesibildade & forma pela qual ‘o mundo & inexpretado nas representacBes dos outros. aqui que a nossa scnsblidade a0 escutar€ realgada: par tindo desasensibiidade, formamose comunicamos nossa representagdes do mundo, baseados no apenas em nossi teat aos eto uacontrui) ma tb eg Jo que aprendemos sobre o mundo na troca por comunici So com os outros. ip eapacdade de mudar (eum ipo de iclgencia para ‘outro, de uma inguagem para outra) no é sé um poten ‘na mente de cada individuo, envolve também a rendénclt A mudange através de (para interagir entre) mutas Mente teorias dos outros — ist 6, escutar os outros e esti acles Bo cpaine de cru desler reciprocas, que possibilita a comunicagio co dil qualidade da mente da itligéncia,parsculy csianga pequena. uma qualidade que requer con ‘apoio, No sentido metafirco, a criangas 0 duvintes da realidade que as cerca. Elasposiem de escuta, que nfo € apenas o tempo pata esc tempo rreeito, curios, suspenso,genet0s0 cheio de espera cexpectaiva.Ascriangas esa todas as suas formas e cores, e esctam 0 0 ce colegas). las logo percebem que o ato de ras | nua Ros ‘vando, mas também tocando, cheirando, sentindo 6 gosto, Pesquisando) é essencial para a comunicasio, As criangas so biologicamente predispostas a se communica, a existt ‘em relacio, a viver em relagi Assim, escutar parece uma predisposicoinata que acom Panha as criancas desde 0 nascimento, permitindo que seu Drovesso de aculturacao se desenvolva. A ideia de uma ea- Dacidade inata de escutar pode parecer paradoxal, mas, com efito, oprocesso de aculturacio deve envolver motivages © competéncias inatas. A erianga secém-nascida vem ao ‘mundo dotada de um eu alegre, expressivo e pronto para experimentar e pesquiser, uilizando objetos € se comuni eando com outras pessoas. Desde © principio, as criancas slemonstram uma notivel exuberincia, ciatividade e in- vwntividade diante de tudo que as rodeia, assim como uma ‘onsciéneia auténoma e coerente. "Na mais tenraidade, as criancas mostram que tém voz «6 acima de tudo, que sabem escutar e que também querem ser ouvidas. Nao se ensina a elas a sociabilidade: elas so se- Fes sociais. Nossa tarefa € apoié-las e viver sua sociabilidade Junto com elas foi essa qualidade social que nossa cultura Jprosuziu. Criangas pequenas se sentem fortemente atraidas pelos mosos, pela linguagens (e, portanto, pelos edigos) pexluzides por nossa cultura, assim como por outras pes- (riangas e adultos), Hyata-se le um caminho difcl que exige esforgo, ener- (9, muito tabatho eds vezes sofrimento, mas que também fevece encanto, surpresa, alegria, entusiasmo e paixio. Fu» camino que demanda tempo, tempo que as crian. 99 16m © 08 adultos ndo t€m, ou néo querem ter. Isso & o que uma escola deveria ser: primetro ¢ acima de tudo, como um “ugar de ensino",onde as muiasinguagens so tum conteto de maliploescutar. Ese content de miliplo SEED ear eee ‘seutar,envolvendo os educadoes e também o grupo de também coldem, “contaminam, forma hides umas cviangase cada eran, todos capazes de ouvir 0s outros omit artes teal mesmos subvert a telagio ensino/prendizagem e, ‘© conceto de “montagem de andaimes", que tem ca- fssim, muda o enfogue para o aprendizado; quer dies do racterizado o papel do educador, também presume novos sutomprendizado da crangae do aprendizado conquistad ¢ diferentes méuodosesentidos, 60 contest, a rede de ex | por riangase adultos juntos. pecratvas reeproca (mais do que os prpriosprofssores) ‘Assim como as ciangasrepesentam suas imagens men «que sustena os proceso indivduais coletivos. Alem de fais para 0s outros, ls também as representam para ferecersuporte¢ mediagfo cultural (problema em que esas desolvendo rt vo ma onset esa instrumentos ete), o8 educadores que sabem como {meron Entio, pasando de uma linguagem » ou de observa, documentat¢ interpretar os processor que 38 tam campo de experiéncia a outro, refltindo sobre es cviangaseaperimentam autonomamente perceberio, esse rmudangas es dos ours, as criangas modiicam eensght= Comtex seus malores poteniais para aprender como en ‘em suas tors seus mapas conceitusis. No entante sia sé se torna venadero se, apenas c, las tverem 2 op ‘A documentaclo, portant, € vita como aescua vise, tunidade de fazer essas mudancas num contexto de ‘como a construgio de tragos (por meio de notas, slides, vi | wrist 6 em e com outros — ese puderem ouvir € eos ¢ assim por diate) que, além de estar os pro- ‘ouvidas, para expressar suas diferenase se tora cess etajetrias de aprendizado das cranes, também os ‘as as dilerengas ais. A tarefa daguees que eh \oxnam possheis por sere vies, Para nds, iss sigafica indo sb permitir que as diferengas sejam manifertadas, Jornar visivele, assim, possivel as relades que sfo abase do {omar possvl que clas seam negodads imental Aonhecinento ‘meio da troca€ da compara de ideas. Estaon de dierencas entre indvduos, mas também de Docunmracto entre linguagens (verbal, gra, plisica, muse ‘etc_), pois é a passagem de uma linguagem a oUt erwnut escurare er escutado & uma das fungdes mais pri- como sua reiproca iterac3o, que posiilita ln cadocumentagSo (produit tacos! documentos consoidagio de concetose mapas cone Hie estemanher e toner visheis os modos de aprend Nao € somente a crianga, sndvidualmentty “felt slow individuos e do grupo), assim como a seguranca den arene, mas o grupo secon cna Bie 0 grupo c code cians indvialmenc en 2 por

Você também pode gostar