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no Lugar de Trabalho
Estudo de Caso em
Escritório de Empresa do
Setor de Educação Executiva
PROARQ/FAU/UFRJ
Março de 2005
EXPERIÊNCIA E COGNIÇÃO NO LUGAR DE TRABALHO
Aprovada por:
Rio de Janeiro
Março, 2005
i
SIMÕES, Ana Paula.
Experiência e Cognição no Lugar de Trabalho Abordagem da
Observação Incorporada na Avaliação Pós-Ocupação:
Estudo de Caso em Escritório de Empresa do Setor de
Educação Executiva Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2005.
xviii, 264p. il. 29,7cm
Orientador: Paulo Afonso Rheingantz
Dissertação (mestrado) UFRJ/PROARQ/Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura, 2005.
Referências Bibliográficas: f.192-204
1. Cognição. 2. Avaliação Pós-Ocupação. 3. Ambientes de
Escritório, I. Rheingantz, Paulo Afonso. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Programa de Pós-graduação em Arquitetura. III. Título.
ii
DEDICATÓRIA
iii
AGRADECIMENTOS
iv
RESUMO
Esta dissertação busca aprofundar o entendimento da relação homem x ambiente no lugar de trabalho,
a partir da abordagem atuacionista da cognição humana, a fim de identificar os elementos que
proporcionam bem-estar aos usuários e conferem qualidade ao ambiente de trabalho. A partir do
problema que direciona esta investigação a incorporação do olhar cognitivo contribui efetivamente
para a compreensão da qualidade do lugar de trabalho? a pesquisa procura relacionar a cognição e a
Avaliação Pós-Ocupação (APO) de ambientes de escritório, através da abordagem da Observação
Incorporada fundamentada no atuacionismo e na objetividade entre parêntesis onde a experiência
vivenciada pelo pesquisador e demais usuários no e sobre o ambiente é instrumento e objeto de
pesquisa, tendo como base um conjunto de atributos de desempenho do ambiente construído. Como
estudo de caso, foi realizada a APO de uma empresa do ramo de educação executiva, em operação na
cidade de São Paulo. Seu objetivo geral é verificar a contribuição da abordagem atuacionista e da
Observação Incorporada para o desenvolvimento da APO, com ênfase na identificação dos elementos
e dos fatores geradores da qualidade do ambiente de trabalho. Seus objetivos específicos são: (a)
identificar, dentre um conjunto pré-determinado de atributos de desempenho presentes nos ambientes
de escritórios, quais deles têm influência no comportamento e na cognição de seus usuários e
contribuem para seu bem-estar; (b) Aplicar conceitos, métodos e instrumentos que favoreçam a
aplicação da Observação Incorporada no estudo das dimensões cognitiva e comportamental na APO
de ambientes de escritório; (c) contribuir com considerações sobre a qualidade do lugar e a abordagem
cognitiva da APO que possam ser incorporadas ao processo de planejamento de projetos; (d) Fomentar
e contribuir com a relação existente entre cognição, comportamento ambiental e a APO do ambiente
construído. A pesquisa se justifica por apresentar uma reflexão sobre a necessidade da produção de
ambientes mais responsivos às demandas e às expectativas dos usuários, a partir da APO com base nos
aspectos cognitivos, enfocando a percepção do indivíduo acerca do lugar de trabalho. Os resultados
evidenciam a importância atribuída pelos usuários do ambiente pesquisado à manutenção de um clima
interpessoal sadio favorecido por um local de trabalho que facilite a integração e, por outro lado, a
insatisfação dos usuários em relação à expressão da diferenciação hierárquica no ambiente de trabalho.
Além disso, o estudo evidencia a adequação da abordagem da Observação Incorporada na aplicação
dos instrumentos de APO, possibilitando a identificação de dados sobre a qualidade do lugar de
trabalho que podem dar subsídios ao programa e ao desenho de escritórios mais responsivos.
v
ABSTRACT
This dissertation searches to improve the understanding of the human-environment relation in the
workplace, from the enaction approach of the human cognition, in order to identify the elements that
provides welfare to the users and give quality to the workplace. From the argument that leads this
investigation the incorporation of the cognitive view effectively contribute to improve the
understanding of the workplace quality? this research aims to relate the cognition and the Post-
Occupancy Evaluation (POE) of offices environment, through the Embodied Observation approach
based on enactionism and objectivity in parenthesis in which the experience of the researcher and
other users in and about the environment is an instrument and object or research, based on a group of
performance attributes of the built environment. As a case study, a POE was carried out in the
facilities of an executive education company, which operates in São Paulo city. Its general objective is
to verify the contribution of enaction approach and the Embodied Observation to the development of
the POE, emphasizing the identification of the elements and aspects that generate the workplace
quality. Its specific objectives are: (a) to identify, from a previously given group of performance
attributes in an office environment, which of them influence the behavior and cognition of the users
and contributes to their welfare; (b) to apply concepts, methods and instruments that favour the
application of the Embodied Observation on the study of the cognitive and behavior dimension in a
POE of the office environment; (c) to contribute with considerations about the place quality and the
cognitive approach of the POE which can be incorporated to the process of design planning; (d) to
promote and contribute to the existing relation between the environmental cognition and behavior and
the POE of the built environment. The research is justified by the need to produce environments
responsive to the needs and expectations of the users, from a POE based on cognitive aspects, focusing
the perception of the individual about the workplace. The results make evident the importance given
by the users of the studied environment to the maintenance of a positive interaction between people,
favoured by an workplace that makes the integration easier and, by the other hand, the users
dissatisfaction about the hierarchy expressed in work environment. Besides, the study makes evident
the adequacy of the Embodied Observation approach to apply POE instruments, which makes possible
to identify data about the workplace quality which may support the program and design of more
responsive offices.
vi
SUMÁRIO
Dedicatória....................................................................................................................................... iii
Agradecimentos ............................................................................................................................... iv
Resumo ............................................................................................................................................ v
Abstract............................................................................................................................................ vi
Sumário............................................................................................................................................ vii
Introdução ....................................................................................................................................... 01
2 Contextualização....................................................................................................................... 36
3 Materiais e métodos.................................................................................................................. 44
vii
3.1.4 Mapa conceitual........................................................................................... 51
Conclusões...................................................................................................................................173
Referência Bibliográfica..............................................................................................................182
Anexos .........................................................................................................................................196
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURAS Pág.
1. Mapa geral de Alphaville / Tamboré. 63
2. Trecho do bairro Alphaville, a seta vermelha indica a localização do Ed. Blue Tower . 64
3. Vista do edifício Blue Tower (primeiro à esquerda) da Rodovia Castelo Branco. 65
4. Edifício Blue Tower ao fundo, visto de um bairro típico de Barueri. 65
5. Vista do ed. Blue Tower (primeiro à direita) da Al. Mamoré. 65
6. Edifício Blue Tower visto da Al. Purus. 65
7. Edifício Blue Tower visto da Av. Alphaville. 65
8. Fachada sudoeste do edifício. 65
9. Fachada nordeste do edifício. 65
10. Lateral esquerda do térreo e primeiro pavimento do edifício. 65
11. Vista do condomínio Alphaville Residencial 1. 66
12. Vista do condomínio Alphaville Residencial 2. 66
13. Hospital Albert Einstein. 66
14. Edifício residencial nos fundos do edifício Blue Tower (em primeiro plano). 66
15. Sinalização do edifício. 67
16. Acesso de pedestres ao edifício ao longo de muro chapiscado, à esquerda da foto. 67
17. Acesso de pedestres ao edifício. 67
18. Planta baixa do térreo do Edifício Blue Tower . 68
19. Planta baixa do mezanino do edifício Blue Tower . 68
20. Planta baixa do 1º pavimento do Edifício Blue Tower . 68
21. Planta baixa do pavimento tipo (A) do 2º ao 10º pavimento. 69
22. Planta baixa do pavimento tipo (B) do 10º ao 17º pavimento. 69
23. Planta baixa do pavimento tipo (C) do 18º ao 25º pavimento. 69
24. Planta baixa do pavimento barrilete e escritório de cobertura. 69
25. Entrada principal do edifício. 70
26. Entrada secundária do edifício. 70
27. Guarda-corpo metálico e cerca-viva delimitando a frente do terreno e pavimentação em blocos 70
intertravados no estacionamento.
28. Muro delimitando o terreno à direita e ao fundo, pavimentação em blocos intertravados e parte da 70
fachada esquerda do edifício.
29. Desenho do piso e trabalho de gesso no teto do hall da entrada dos fundos do edifício. 71
30. Acabamento do piso, teto e parede dos elevadores no 1º pavimento. 71
31. Detalhe da saída da fiação do piso elevado no escritório da Reinvente . 71
32. Detalhe do forro modulado no escritório da Reinvente . 71
33. Central de operações com o SAP. 72
34. Detalhe da tela do SAP do edifício. 72
35. Organograma da Reinvente . 75
36. Localização dos setores e tipologias de escritório no 13º pavimento. 77
37. Localização dos setores e tipologias de escritório no 14º pavimento. 78
38. Parte do roteiro de análise walkthrough preenchido. 81
39. Recepção da Reinvente , bandeiras dos países em que atua à direita da foto. 83
40. Material promocional da Reinvente . 83
41. Produtos da Reinvente . 83
42. Banner de divulgação de um produto da Reinvente . 83
43. Vagas destinadas a portadores de necessidades especiais. 84
44. Exemplo de sinalização de vagas para portadores de necessidades especiais segundo a NBR 9050. 84
45. Hall de elevadores do 13º pavimento. 84
46. Recepção do 13º pavimento. 85
47. Entrada da Reinvente no 14º pavimento. 85
48. Sala do RH no 14º pavimento. 85
49. Identificação da sala do RH. 85
50. CPD no 14º pavimento. 86
51. Sala de Reunião 1. 86
52. Sala do Call Center. 86
53. Secretarias da presidência (13º pavimento). 87
54. Divisórias da sala da presidência (13º pavimento). 87
ix
FIGURAS Pág.
55. Recepção da Reinvente (13º pavimento). 87
56. Área de trabalho compartilhada (13º). 87
57. Tipos de cadeiras utilizadas na Reinvente . 87
58. Setor de Tecnologia (14º pavimento). 88
59. Quadros e murais por pendurar (14º). 88
60. Área ociosa, mesa utilizada para depósito de materiais cedendo devido ao peso excessivo (14º). 88
61. Mesas ociosas (14º). 88
62. Mesas ociosas utilizadas para depósito de materiais (14º pavimento). 89
63. Cantos ociosos utilizados para guardar material (14º). 89
64. Espaço embaixo da mesa utilizado para guardar material da Reinvente (14º). 89
65. Computador instalado de improviso na sala de reunião 2 (14º), também é utilizada para depósito de 89
materiais.
66. Fios expostos, mesa não comporta porte dos equipamentos e quantidade de material (13º). 89
67. Canto da área de trabalho utilizado para depositar caixas de materiais (13º). 89
68. Espaço embaixo da mesa utilizado para guardar material da Reinvente (13º pavimento). 90
69. Armazenagem de material promocional da Reinvente (13º). 90
70. Caixas de materiais pelo chão da área de trabalho (13º pavimento). 90
71. Caixa de material pelo chão da área de trabalho (13º pavimento). 90
72. Mesas e espaços ociosos no 13º e 14º pavimentos (assinanalados em vermelho). 91
73. Densidade ocupacional no 13º e 14º pavimentos, por conjunto. 91
74. Área próxima à parede (à direita da foto) com iluminação deficiente. 93
75. Área próxima à parede (à esquerda da foto) com iluminação deficiente. 93
76. Aproveitamento da iluminação natural no 13º pavimento (setor de Maximailing). 93
77. Aproveitamento da iluminação natural no 14º pavimento (setor de Banco de Dados). 93
78. Vista externa da fachada noroeste durante o pôr-do-sol (13º pavimento). 94
79. Pôr-do-sol na fachada noroeste. 94
80. Plantas enfeitando o escritório. 94
81. Adesivos identificando o telefone. 94
82. Fotos da equipe de trabalho. 94
83. Posto de trabalho personalizado. 94
84. Boas-vindas à nova funcionária da equipe. 95
85. Bilhete fixado em banner comemorando chegada à meta. 95
86. CPD (14º pavimento). 96
87. CPD (14º pavimento). 96
88. Mangueira. 97
89. Extintor CO2. 97
90. Alarme. 97
91. Copiadora 13º pavimento. 98
92. Copiadora 14º pavimento. 98
93. Área do terraço utilizada como fumódromo. 98
94. Faixa etária dos respondentes. 100
95. Percentual de homens e mulheres 100
96. Escolaridade dos respondentes. 101
97. Tempo de serviço no edifício. 101
98. Tempo de utilização do mesmo posto de trabalho. 102
99. Percentual de respondentes que compartilham/dividem o mesmo local de trabalho com outros 102
funcionários.
100. Tempo de deslocamento de casa até o trabalho. 102
101. Gráfico da avaliação do edifício como um todo. 105
102. Gráfico da avaliação do local/ambiente de maior permanência. 107
103. Quantidade de problemas e qualidades do edifício e do local de trabalho apontadas pelos 108
respondentes.
104. Principais problemas do local de trabalho. 108
105. Principais problemas do edifício. 108
106. Principais qualidades do local de trabalho. 109
107. Principais qualidades do edifício. 109
108. Tipo A ambiente fechado por divisórias piso-teto, com porta. 110
109. Tipo B ambiente fechado por divisórias médias ou altas, sem porta. 110
x
FIGURAS Pág.
110. Tipo C ambiente aberto sem divisórias ou com divisórias baixas. 110
111. Tipo D ambiente misto, com salas, baias e ambientes abertos. 110
112. Tipo de ambiente que corresponde ao posto de trabalho dos respondentes conforme observação da 111
pesquisadora.
113. Ranking das preferências em função do ambiente mais adequado para as atividades exercidas. 111
114. Principais pontos negativos do ambiente tipo A. 111
115. Principais pontos positivos do ambiente tipo A. 111
116. Principais pontos negativos do ambiente tipo B. 112
117. Principais pontos positivos do ambiente tipo B. 112
118. Principais pontos negativos do ambiente tipo C. 112
119. Principais pontos positivos do ambiente tipo C. 112
120. Principais pontos negativos do ambiente tipo D. 113
121. Principais pontos positivos do ambiente tipo D. 113
122. Percentual geral dos tipos de mapas cognitivos elaborados. 117
123. Mapa cognitivo estruturado elaborado por um dos respondentes. 117
124. Mapa cognitivo semi-estruturado elaborado por um dos respondentes. 118
125. Mapa cognitivo simbólico elaborado por um dos respondentes. 119
126. Elementos físicos presentes nos mapas cognitivos. 119
127. Poema dos desejos desenhado por um dos respondentes. 121
128. Desenho elaborado por um dos respondentes para ilustrar seu desejo de ter um ambiente de trabalho 121
tipo arena , sem hierarquia e com livre debate de idéias.
129. Ilustração do desejo de ter uma sala fechada para a equipe de trabalho. 121
130. Foto utilizada por um dos respondentes para ilustrar seu desejo 122
131. Freqüência dos incômodos relatados pelos respondentes. 124
132. Freqüência das causas atribuídas ao incômodo. 124
133. Freqüência das notas de 0 a 10 atribuídas à necessidade de interação e de privacidade. 125
134. Notas atribuídas pelos respondentes à necessidade de interação e de privacidade. 125
135. Atendimento à necessidade de interação no ambiente de trabalho. 126
136. Atendimento à necessidade de privacidade no ambiente de trabalho. 126
137. Quantidade de aspectos negativos e positivos indicadas no mapeamento visual do 13º pavimento. 128
138. Quantidade de aspectos negativos e positivos indicadas no mapeamento visual do 14º pavimento. 128
139. Síntese dos mapeamentos visuais do 13º pavimento. 128
140. Síntese dos mapeamentos visuais do 14º pavimento. 130
141. Mapa conceitual dos principais aspectos positivos e negativos do edifício. 138
142. Mapa conceitual dos principais aspectos positivos e negativos do escritório. 139
143. Planta baixa do térreo, ocupação das lojas. 149
144. Planta baixa do 1º pav., ocupação das lojas. 149
145. Personalização e apropriação do espaço através de mini-vasos de plantas de propriedade de diversas 151
pessoas da equipe.
146. Personalização e apropriação do espaço através de enfeites de natal compartilhados por toda a equipe. 151
147. Observação Incorporada como fator de conexão entre os elementos da pesquisa. 165
LISTA DE QUADROS
QUADROS Pág.
1. Matriz dos objetivos, justificativas, materiais e métodos e resultados / produtos da Dissertação. 05
2. Resumo das bases teóricas e respectivos autores. 10
3. Relação dos materiais/instrumentos e métodos selecionados. 48
4. 7 principais categorias de atributos de desempenho e os instrumentos para APO empregados. 55
5. Ficha técnica da Reinvente . 75
6. Cultura organizacional da Reinvente . 76
7. Relação entre perfil do respondente, tipo de mapa e elementos físicos. 115
8. Relação entre perfil do respondente, tipo de mapa e elementos de imagem mental. 116
9. Quadro síntese da pesquisa. 134
10. Principais aspectos positivos e negativos do edifício e do ambiente de trabalho. 137
11. Tipologia de ambiente interno e pontos positivos e negativos relacionados à interação. 153
12. Tipologia de ambiente interno e pontos positivos e negativos relacionados à privacidade. 162
xi
LISTA DE TABELAS
TABELAS Pág.
1. Dados pessoais dos respondentes: idade, sexo e escolaridade. 100
2. Dados funcionais dos respondentes: cargo exercido. 101
3. Preferência dos respondentes por tipo de ambiente, em negrito o mais escolhido em cada posição do 111
ranking.
4. Incidência geral dos elementos de imagem mental nos mapas cognitivos. 120
5. Classificação e freqüência das informações expressas nos poemas. 122
6. Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve ser e sua freqüência. 123
7. Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve ter e sua freqüência. 123
8. Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve favorecer/possibilitar e sua freqüência. 124
9. Relação dos aspectos comportamentais expressos nos poemas e sua freqüência. 124
10. Freqüência das ações para se concentrar. 126
11. Freqüência das ações para relaxar e descansar. 126
12. Freqüência das ações para conversar sem interrupção. 127
13. Freqüência das ações para conversar com vários colegas. 127
14. Freqüência das razões apresentadas para considerar o acesso à vista exterior importante. 127
15. Aspectos positivos mais presentes nos mapas cognitivos. 130
16. Aspectos negativos mais presentes nos mapas cognitivos. 131
17. Freqüência dos principais aspectos positivos e negativos do edifício Blue Tower e do ambiente de 166
trabalho da Reinvente nos instrumentos.
18. Freqüência dos atributos de desempenho nos instrumentos de pesquisa. 167
xii
GLOSSÁRIO DE TERMOS E CONCEITOS UTILIZADOS
1. Acessibilidade cf. NBR 9050, diz respeito à faciliadade de acesso para todas as pessoas, sejam
elas portadoras ou não de necessidades especiais.
2. AET cf. Vidal (2002), a análise ergonômica do trabalho é um conjunto de análises
quantitativas e qualitativas dos determinantes da atividade de trabalho das pessoas numa
organização e que permitem a descrição e a interpretação do que acontece na realidade da
atividade focada.
3. Ambiente Construído cf. ORNSTEIN et al (1995: 7), todo o ambiente eregido, moldado ou
adaptado pelo homem. São artefatos humanos ou estruturas físicas realizadas pelo homem.
4. Ambiente social Cf. ORNSTEIN et al (1995: 7), indivíduo ou grupo de indivíduos entre os
quais se vive e que se relacionam socialmente entre si.
5. APO Avaliação Pós-Ocupação ...método interativo que detecta patologias e determinada
terapia no decorrer do processo de produção e uso de ambientes construídos, através de
participação intensa de todos os agentes envolvidos na tomada de decisões (ORNSTEIN &
ROMÉRO, 1992:23).
6. Autopoiese (Organização dos Seres Vivos) os sistemas vivos ... [estão] organizados num
processo circular causal fechado que leva em consideração a mudança evolutiva na maneira
como a circularidade é mantida, mas não permite a perda da própria circularidade
(MATURANA, in CAPRA 1997: 87). Auto significa si mesmo e se refere à autonomia dos
sistemas auto-organizadores, e poiese compartilha da mesma raiz grega com a palavra
poesia significa criação , construção. Portanto, autopoiese significa autocriação .
(CAPRA 1997: 88).
7. Atuacionismo cf. Varela, Thompson e Rosch (2003), corresponde a um dos três estágios das
ciências cognitivas, entendendo que a cognição não é representação de um mundo preconcebido
por uma mente preconcebida mas, ao contrário, é a atuação de um mundo e de uma mente com
base em uma história de diversidades de ações desempenhadas por um ser no mundo.
8. Atributos de ambiência interna cf. Rheingantz (2000:233), conjunto de atributos relativos à
qualidade do ambiente interno necessários para o bem-estar dos ocupantes , tais como
acessibilidade, circulação interna, conforto aeróbico, conforto térmico, conforto visual, conforto
auditivo e conforto tátil.
9. Atributos construtivos cf. Rheingantz (2000:206), conjunto de atributos espaciais e físicos
que materializam o edifício, que definem sua forma e o sustentam , tais como forma, qualidade
construtiva, garagem, flexibilidade tecnológica e facilidade de manutenção.
10. Atributos corporativos cf. Rheingantz (2000:184), conjunto de atributos relativos às
exigências globais e às possibilidades/recursos ofertados pelo edifício para atender aos objetivos
organizacionais .
xiii
11. Atributos de espaço cf. Rheingantz (2000:214), conjunto de atributos relativos às demandas
espaciais necessárias para realizar as funções requeridas , tais como área útil, flexibilidade de
layout, Centro de Convenções, espaços de apoio, espaços complementares.
12. Atributos de interação cf. Rheingantz (2000), conjunto de atributos relativos à experiência
do indivíduo no ambiente, cuja denominação toma por base a proposta de Rheingantz (1998) de
acrescentar às três categorias tradicionais de observação da APO fatores técnicos, funcionais e
comportamentais uma quarta categoria, de fatores de interação, que considera as
transformações que resultam do envolvimento entre pesquisadores, usuários e edifício.
13. Atributos de infraestrutura cf. Rheingantz (2000), conjunto de atributos considerados na
escolha/localização de um edifício, tais como condições do terreno, acesso de veículos,
transporte terrestre, transporte aéreo, rede de telecomunicações, rede de energia elétrica, rede de
água, rede de esgoto, rede de drenagem, rede de iluminação pública.
14. Atributos de recursos/serviços prediais cf. Rheingantz (2000), conjunto de atributos que
facilitam as comunicações internas e externas do edifício e asseguram o funcionamento
previsto/desejado do edifício .
15. CBPR Centre for Building Performance Research da Victoria University of Wellington, Nova
Zelândia.
16. Conforto bem-estar, comodidade.
17. Conforto auditivo cf. Idéias de Arquitetura 11 (Hunter Douglas s/d) ou acústico, avalia a
inteligibilidade dos sons e o distúrbio causado pelos sons nos indivíduos; depende dos seguintes
parâmetros: freqüência e intensidade do som, distância e posição relativas das fontes de ruído
(internas ou externas) e da forma de transmissão do ruído.
18. Conforto aeróbico cf. Idéias de Arquitetura 11 (Hunter Douglas s/d), diz respeito à qualidade
do ar respirado pelos indivíduos no interior de um ambiente construído, determinada pelo teor
de oxigênio, teor de umidade e teor de poluentes químicos ou orgânicos.
19. Conforto tátil diz respeito às sensações de textura (rugosidade, etc.), de maciez , de
calor com que os indivíduos sentem os materiais e os objetos; segundo KRECH &
CRUTCHFIELD (1971), do ponto de vista perceptivo, as sensações epidérmicas podem ser
classificadasem dois grupos: sensações básicas (tato, pressão ou dor) e sensações complexas
(umidade, oleosidade, prurido, aspereza, maciez).
20. Conforto térmico cf. Idéias de Arquitetura 11 (Hunter Douglas s/d), diz respeito à
temperatura ideal para cada tipo de ambiente, levando-se em conta não apenas a presença de
indivíduos e a atividade que estes desempenham, mas também a presença de equipamentos ou
produtos sensíveis; suas variáveis são: exigências humanas e funcionais, condições geográficas
(clima, topografia, ventos) e características arquitetônicas (volumetria interior e exterior,
desenho e materiais das vedações e dos acabamentos internos).
xiv
21. Conforto visual cf. Idéias de Arquitetura 11 (Hunter Douglas s/d), depende, basicamente, da
iluminação e diz respeito à inteligibilidade ou clareza de leitura de toda informação visual (cor,
forma, movimento, escrita) ou aos efeitos sobre o indivíduo decorrentes dos conteúdos estéticos
e psicológicos trasnmitidos por essa visualidade.
22. Deriva cf. Maturana (2001) diz respeito à história de mudança estrutural de um organismo em
interação com o meio, ou seja, um curso que se produz, momento a momento, nas interações do
sistema e suas circunstâncias. Embora não haja interações instrutivas, existe aprendizagem, que
seria o processo de transformação em um meio particular de interações recorrentes.
23. Economia informacional é informacional porque a produtividade e a competitividade de
unidades ou agentes nessa economia dependem de sua capacidade de gerar, processar e aplicar a
informação baseada em conhecimento. A emergência de um novo paradigma tecnológico
organizado em torno de novas tecnologias da informação, mais flexíveis e poderosas, possibilita
que a própria informação se torne o produto do processo produtivo. (CASTELLS 1999: 87)
24. Escritório aberto ou paisagem (landscape office) ambientes abertos e grandes conjuntos de
mobiliário e equipamento são organizadas em função do fluxo de trabalho, separados por
caminhos curvilíneos e um sentimento de paisagem interior (SMITH & KEARNY, 1994: 7).
25. Escritório combinado (combi office) onde os funcionários ocupam pequenas salas
fechadas, dispostas na periferia do ambiente, de tal forma que a área central destina-se às
atividades de uso comum, seja para reunir equipamentos, estações para trabalho em grupo, ou
áreas de estar e convívio social (ANDRADE 1996: 22)
26. Escritório de uso eventual (drop-in) termo usado por diversas empresas para descrever
escritórios compartilhados que são utilizados por curtos períodos de tempo (por exemplo, uma
poucas horas) por empregados que não precisam fazer reserva de espaço de escritório. Em geral
é usado para empregados de diferentes lugares que usam eventualmente o espaço de trabalho e
precisam de um lugar para trabalhar.
27. Escritório não-territorial designação proposta por Thomas ALLEN (MIT) para caracterizar
as novas formas de trabalho de escritório contendo variadas zonas de atividades disponíveis para
uso de qualquer membro da equipe, combinando sistemas de maior liberdade de cenário com os
fluxos de pessoas, materiais ou informações; os funcionários não têm sala, estação de trabalho
ou mesa fixa e o uso de espaço ou tecnologia se dá em função de suas necessidades e tarefas
(SIMS, BECKER & QUINN 1995). Estas novas forma de escritório vêm sendo utilizados por
organizações que buscam maior efetividade e redução de custos escritório, com significativos
efeitos na demanda por espaço de escritório, na qualidade de vida no trabalho de seus
empregados e na competitividade organizacional. Existem diversas formas de escritório sem
território e diferentes modalidades de reserva de uso do espaço ou de tecnologia:
28. Escritório para grupos de alto desempenho (high performance team) onde equipes de
funcionários, compartilham processos de trabalho em um mesmo ambiente, possibilitando
xv
aumento de envolvimento e agilidade de decisões, sinergia, aumento de suporte emocional,
melhor desempenho (ANDRADE 1996: 22).
29. Escritório satélite (telework centers) designação utilizada para caracterizar pequenos centros
de teletrabalho com ambientes totalmente equipados localizados nas proximidades das moradias
dos funcionários ou dos clientes.
30. Escritório temporário (Just in time) designação utilizada pela Anderson Consulting em San
Francisco para descrever seu programa de escritórios não destinados como base permanente de
um determinado indivíduo; os escritórios podem ser designados como uma base temporária,
variando desde meio dia a diversos dias, mediante sistema de reserva.
31. Escritório virtual designação genérica utilizada para descrever a idéia de espaço de escritório
dissociado de um lugar e um tempo específicos.
32. Facility manager gerente de recursos e serviços prediais.
33. Fatores comportamentais cf. Rabinowitz (1984: 407), possibilitam observar como a imagem
do edifício influi no comportamento dos usuários e como outros fatores se combinam com o
ambiente físico para afetar o usuário. Cf. Preiser et al (1998: 45-46), abrange: proxemia e
territorialidade, privacidade e interação, percepção ambiental, imagem e intenções, cognição
ambiental e orientação.
34. Fatores culturais cf. Rheingantz, del Rio e Duarte (2000), a arquitetura é fechamento
cultural; analisado como um artefato cultural, o ambiente construído possibilita incluir na APO a
contextualização dos edifícios na cidade e na sociedade, reconhecer e valorizar seus
significados, sua estética, seu papel social, etc. Visão de mundo, agradabilidade, imageabilidade,
a noção de pertencimento ao lugar, o comportamento humano frente às condições ambientais, e
até mesmo as posturas corporais, são fortemente influenciados pela herança cultural dos
habitantes de um determinado lugar. Ao agir diretamente na relação entre determinados grupos
socio-culturais e o ambiente construído, baseado nos métodos etnográficos da antropologia, é
possível conferir um sentido transformador à compreensão do significado das observações,
especialmente aquelas relacionadas com as transformações significantes produzidas nas relações
entre os grupos humanos e o ambiente construído, seus aspectos cognitivos, seus valores
declarados e reais.
35. Fatores de interação cf. Rheingantz (1988:6), nova categoria de observação proposta para a
APO incorporando as transformações significantes produzidas pelo envolvimento entre
pesquisadores, usuários e organismo edifício, equipamentos, usuários, bem como suas
relações e interações .
36. Fatores funcionais Cf. Rabinowitz (1984: 407), possibilitam observar os aspectos do
ambiente construído que apóiam as atividades dos usuários e o desempenho organizacional. Cf.
Preiser et al (1998: 43), abrange: acessos, segurança pessoal, estacionamento, capacidade
xvi
espacial, serviços, comunicações, segurança patrimonial, adaptabilidade, circulação,
equipamentos.
37. Fatores Técnicos cf. Rabinowitz (1984: 407), possibilitam verificar o desempenho dos
componentes do edifício, especialmente de materiais e instalações. Cf. Preiser et al (1998: 43-
44), abrange: segurança contra incêndio, estrutura, ventilação e higiene, elétrica, vedações
externas, tetos, acabamentos internos, acústica, iluminação, sistemas de controle ambiental
38. Free Address designação utilizada para descrever um programa de ocupação de espaço sem
previsão de mesa individual por funcionário; cada funcionário apanha seu equipamento móvel
(volante, telefone, computador, etc.) e ocupa a primeira estação de trabalho disponível, contando
com suporte de secretaria e recepção; podem existir estações de trabalho individuais e para
grupos, além de salas de reunião; a IBM usa o termo para definir o espaço interno dotados de
mesas individuais, que podem ser utilizadas por qualquer funcionário.
39. Group Address designação utilizada pela IBM para definir o espaço interno sem previsão de
mesas individuais, com a intenção de ser utilizada por seus grupos de funcionários ou
departamentos.
40. Hoteling designação adotada pela Ernst and Young de Chicago para descrever seu programa
de escritórios não individualizados em uma base permanente; o uso dos ambientes é realizado
através de um sistema de reservas tipo de hotel, com o apoio de equipes de suporte; este sistema
também possibilita adaptações no espaço para atender às demandas específicas de cada tipo de
projeto/atividade.
41. Imagem evocada cf. Damásio (1996: 123), imagens independente de serem compostas
principalmente por formas, cores, movimentos, sons ou palavras faladas ou omitidas que
constitui nossos pensamentos: evocar nos olhos, ouvidos ou na mente, imagens aproximadas
armazenadas em nosso pensamento, a partir de de experiências anteriores, tais como pensar na
tia Maria, na torre Eiffel, na voz de Placido Domingo, etc.
42. Imagem perceptiva cf. Damásio (1996: 123), formação de imagens de modalidades sensoriais
diversas, tais comoL: olhar por uma janela, ouvir a música de fundo que está tocando, deslizar
os dedos por uma superfície de metal polido ou ainda ler estas palavras, linha após linha, até o
fim da página.
43. Imageabilidade designação utilizada por Kevin Lynch (1999) para designar as formas que
geram imagens fortes.
44. Interação cf. Morin (1996), é um conjunto de relações, ações e retroações que se efetuam e se
tecem num sistema; cf. Damásio (1996: 255), o organismo inteiro, e não apenas o corpo ou o
cérebro, interage com o meio ambiente ... quando vemos, ouvimos, tocamos, saboreamos ou
cheiramos, o corpo e o cérebro participam na interação com o meio ambiente.
45. Limites cf. Lynch (1999), os limites são os elementos lineares não usados ou entendidos como
percursos pelo observador.
xvii
46. Marcos cf. Lynch (1999), os marcos são referências externas, nas quais o observador não
entra, mas que são usados como indicadores de identidade.
47. Mesa compartilhada (Desk sharing) termo genérico para caracterizar a situação onde a
mesma mesa ou estação de trabalho é utilizada por diferentes empregados ao longo de um dia ou
semana.
48. Mesa quente (Hot desking) inspirado na designação da Marinha norteamericana para
descrever beliches utilizados por muitos marinheiros em diferentes turnos/vigílias (o beliche é
aquecido pelo ocupante anterior); forma pejorativa de designar algumas formas de escritório de
uso compartilhado.
49. Nós cf. Lynch (1999), os nós ou pontos nodais são os lugares estratégicos, os focos intensivos
para os quais ou a partir dos quais [o observador] se locomove.
50. Objetividade entre parêntesis cf. Maturana (2001), objetividade entre parêntesis não
significa subjetividade, mas sim que um indivíduo não pode fazer referência a entidades como
se fossem independentes dele mesmo para construir suas explicações da realidade.
51. Objetividade cf. Maturana (2001:32), ...os seres, os objetos, as idéias, meus diferentes
modos de aceitar isto ou aquilo existem independentemente do que faço como observador. A
existência é independente do observador. Chamo este caminho explicativo de o caminho da
objetividade. Objetividade a seco .
52. Observação Incorporada designação proposta pelo grupo pro-LUGAR para a aplicação da
abordagem atuacionista da cognição humana na APO; esta abordagem considera que o
observador-pesquisador, sua experiência vivenciada e suas interações e a dos demais usuários de
um determinado ambiente são partes indissociáveis e integrantes do processo de observação,
configurando um único e múltiplo complexo fenomênico.
53. Percepção ambiental processo de interação mental e corporal om o ambiente que permite ao
homem tanto atuar sobre o meio ambiente como dele receber sinais. (DAMÁSIO 1996: 256)
54. Percursos cf. Lynch (1999), os percursos (vias) são os canais de circulação por onde o
observador se desloca.
55. Red carpet termo utilizado pela Hewlet-Packard para descrever seu programa de estações de
trabalho compartilhadas pelos empregados, que agrega, além dos conceitos de Hoteling e
Free-addres, áreas destinadas ao convívio social e ao lazer, e em geral é implantado em
escritórios satélites (ANDRADE 1996: 22); diferentemente da Hot desking, sua intenção foi
criar uma imagem positiva.
56. Setores cf. Lynch (1999), os setores são as regiões nas quais o observador penetra
mentalmente e que são reconhecíveis por possuírem características comuns que os identificam.
57. Sistema autopoiético um sistema autopoiético que existe no espaço físico é um sistema vivo
(ou, mais precisamente, o espaço físico é o espaço que os componentes dos sistemas vivos
especificam e no qual eles existem) (MATURANA, 2002:134). ...para qualquer animal dado,
xviii
são a estrutura do sistema nervoso e sua estrutura enquanto um organismo inteiro não a
estrutura do meio que determinam que configuração estrutural do meio pode constituir suas
perturbações sensoriais, e por que trajeto de mudanças de estado internas ele passa em
decorrência de uma interação particular. Além disso, uma vez que essas estruturas são o
resultado do acoplamento estrutural com o meio, o fechamento na organização do sistema
nervoso e do organismo fazem da percepção uma expressão do acoplamento estrutural de um
organismo ao seu meio, que é distinguível de ilusão ou alucinação apenas no domínio social
(MATURANA, 2002:146).
58. Sistema determinado estruturalmente cf. Maturana (2001), conjunto de elementos
conectados de uma maneira tal que o que acontece com esse conjunto de elementos depende de
como ele esta feito. Nos sistemas determinados estruturalmente as interações desencadeiam
mudanças que estão determinadas neles mesmos, o que não faz dele um sistema previsível.
59. Teoria de Santiago [Umberto MATURANA e Francisco VARELA] considera a cognição
parte integrante do processo de interação de um organismo vivo com seu meio ambiente. A
cognição é uma atividade contínua de criar um mundo por meio do processo de viver (CAPRA
1997: 211).
60. Walkthrough método de análise que possibilita a identificação descritiva e significante de
falhas, problemas e aspectos positivos do edifício; um dos métodos mais utilizados em APOs,
consiste em simplesmente percorrer todo o edifício, preferencialmente munido de plantas e/ou
acompanhado do autor do projeto ou de usuários, formulando perguntas com o objetivo de se
familiarizar com o edifício e com sua construção ... é um bom método para descobrir as
diferenças entre como foi construído e como ele foi projetado (BECHTEL 1997: 313), e como
é mantido e utilizado. Para tanto, se vale de diversas técnicas de registro mapas
comportamentais, fitas de áudio e de vídeo, fotografia, desenhos, diários, fichas, etc.
61. Wish Poem ou Poema dos Desejos , método desenvolvido por SANOFF para levantamento
de desejos e expectativas dos usuários, através de cartazes contendo textos e desenhos que
expressem seus desejos com relação ao edifício, previamente à etapa de programação
arquitetônica (DEL RIO & SANOFF 1999).
xix
INTRODUÇÃO
Esta Dissertação de Mestrado é parte de uma pesquisa mais abrangente, Projeto do Lugar para o
Trabalho: Cognição e Comportamento Ambiental na Avaliação Pós-Ocupação de Edifícios de
Escritório que tem apoio do CNPq1, coordenada pelo Prof. Dr. Paulo Afonso Rheingantz, vinculada ao
grupo de pesquisa Projeto e Qualidade do Lugar (Pro-LUGAR)2 e à Linha de Pesquisa Arquitetura e
Lugar, Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROARQ).
A pesquisa na qual se insere esta dissertação busca aprofundar o conhecimento sobre dois assuntos
que tem sido estudados pelos pesquisadores da linha de pesquisa Arquitetura e Lugar do Programa de
Pós-graduação em Arquitetura PROARQ: cognição e comportamento ambiental, e Avaliação Pós-
Ocupação, respectivamente desenvolvidos pelos professores Vicente Del Rio e Paulo Afonso
Rheingantz.
1
profundidade a percepção e valores dos usuários relacionados com o ambiente de trabalho, revelando
os atributos que conferem qualidade ao lugar.
Além desta pesquisa-piloto, fazem parte da pesquisa outras quatro dissertações de mestrado, dentre as
quais o estudo apresentado neste volume, que apresenta os resultados do segundo estudo de caso.
Este trabalho insere-se nas pesquisas sobre a relação homem-ambiente e pretende verificar, através de
um estudo de caso, a influência do ambiente de trabalho no bem-estar dos seus usuários. A pesquisa
busca relacionar a cognição ambiental com a Avaliação Pós-Ocupação em ambiente de escritório de
uma empresa do setor de Educação Executiva instalada na Grande São Paulo, com base em um
conjunto de atributos de desempenho capazes de conferir a qualidade do lugar sob a ótica dos seus
usuários e da pesquisadora, por meio de um processo recorrente de interação.
Os elementos fundamentais deste estudo são: (1) o ambiente-objeto de estudo, com suas características
físicas (estéticas, técnicas e funcionais) e (2) os usuários-sujeito (comportamento e cognição) que
experienciam este ambiente, dentre eles a própria pesquisadora. Embora distintos, estes elementos não
são considerados em separado nem tampouco polarizados, uma vez que na pesquisa foram adotadas as
premissas de Maturana (2001) e Varela et al (2003) para quem todo organismo está em acoplamento
estrutural com seu ambiente e o mundo está em processo de tornar-se na medida em que é
experimentado3.
Problema
A partir desses elementos e premissas, seguindo o curso dos debates e reuniões do grupo Pro-LUGAR,
o problema abordado nesta dissertação é: a incorporação do olhar cognitivo contribui efetivamente
para a compreensão da qualidade do lugar de trabalho?
A conceituação de qualidade é subjetiva o que fica expresso nesse enunciado do problema uma vez
que são os próprios usuários que conferem qualidade ao ambiente, por meio de suas opiniões e
sugestões, na sua percepção do ambiente e em seus desejos, que expressam a sua cognição,
identificada através dos instrumentos de pesquisa e da Observação Incorporada4 nome proposto
pelo grupo Pro-LUGAR para designar a abordagem que o observador-pesquisador adota perante o
objeto de pesquisa, na qual a experiência do pesquisador é instrumento e objeto de pesquisa, numa
atitude de reflexão científica com auto-inclusão.
3 Esses conceitos serão tratados com mais profundidade na Fundamentação Teórica, Capítulo 1.
4 Esse conceito será aprofundado na Fundamentação Teórica, Capítulo 1.
2
experiência e dos usuários, de modo a identificar quais atributos de desempenho do ambiente
construído, de um conjunto pré-determinado, conferem qualidade ao local de trabalho.
Objetivo geral
Objetivos específico
Os objetivos da pesquisa buscam contribuir para a maior compreensão da qualidade do lugar, tema que
se enquadra na questão da qualidade de vida, muito presente em diversos setores da sociedade. Os
debates em torno na globalização, os direitos humanos e a consciência ecológica são alguns dos
movimentos mundiais que têm em suas bases a busca da melhoria da qualidade de vida na terra.
Mais especificamente podemos observar esta mesma mobilização social nas iniciativas de governos e
da sociedade civil na busca de soluções para a alimentação, a saúde, a educação e a segurança para
todos. Além disso, o setor empresarial se torna cada vez mais sensível com relação à qualidade de vida
no ambiente de trabalho, compreendendo sua influência na saúde institucional. Tanto empresários
como a classe trabalhadora são beneficiados com a busca, o entendimento e o aperfeiçoamento das
variáveis relacionadas com a qualidade do ambiente de trabalho.
Assim, esta pesquisa busca se somar aos casos estudados sobre a melhoria da qualidade ambiental no
local de trabalho, a partir de métodos e técnicas cientificamente sistematizados, pretendendo compor a
casuística de avaliação de desempenho de ambientes construídos para o trabalho.
3
Justificativa
A pesquisa se justifica por apresentar uma reflexão sobre a necessidade da produção de ambientes
mais responsivos às necessidades e às expectativas dos usuários a partir de uma análise aplicada na
Avaliação Pós-Ocupação, contribuindo para ampliar este campo de conhecimento e atuação.
A Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído com base nos aspectos cognitivos enfoca a
percepção do indivíduo acerca do espaço, ou seja, o ser humano é a base para análise da qualidade do
espaço a partir de suas ações, pensamentos e emoções relacionadas ao lugar que utiliza.
b) Torna-se necessário comprovar e validar a aplicação dos conceitos e métodos utilizados nesta
pesquisa, a fim de agregar a abordagem da Observação Incorporada e o enfoque cognitivo aplicado à
Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído.
A partir das descobertas no ambiente de escritório analisado será possível compreender a importância
dos fenômenos e valores perceptivos identificados, estabelecer sua representatividade, e analisar a
intensidade das imagens, valores e expectativas dos usuários em sua experiência.
4
Quadro 1: Matriz dos objetivos, justificativas, materiais e métodos e resultados / produtos da Dissertação.
Contribuir com considerações acerca da Necessidade de aprimorar e avançar na Mapa conceitual. Considerações acerca da inclusão do
qualidade do lugar e da abordagem avaliação, análise teórico-prática e usuário no processo projetual e da
cognitiva da APO que possam ser exercício projetual a partir da postura do pesquisador que aplica a
incorporadas ao processo de consideração do enfoque cognitivo abordagem da Observação Incorporada.
planejamento de projetos. fundamentado na abordagem da Indicações sobre a aplicabilidade dos
Observação Incorporada sobre a dados obtidos e relevância dos
experiência dos usuários no seu instrumentos de APO utilizados.
ambiente de trabalho.
Fomentar e contribuir com a relação A incorporação da dimensão cognitiva Mapa conceitual, mapa cognitivo, Sistematização de estratégias, métodos
existente entre, cognição, experiencial na avaliação de mapeamento visual, análise e técnicas fundamentadas na dimensão
comportamento ambiental e a Avaliação desempenho constitui um campo de walkthrough, questionários, entrevistas, cognitiva a partir da abordagem da
Pós-Ocupação do ambiente construído. conhecimento ainda pouco explorado no poema dos desejos, tipologia de Observação Incorporada, como
cenário atual da prática arquitetônica. A ambiente interno. contribuição para as pesquisas de
integração homem x ambiente Avaliação Pós-Ocupação dos Ambientes
construído demonstra a importância em Construídos.
descobrir as causas de atração e os
fatores cognitivos para que possa haver
uma maior compreensão na produção de
ambientes de reconhecida qualidade.
5
Para facilitar sua compreensão e futuras consultas, o trabalho divide-se em 5 partes: (1)
Fundamentação Teórica, (2) Contextualização, (3) Materiais e Métodos, (4) Estudo de Caso e (5)
Análise dos Dados. Ao final são apresentadas as Conclusões da pesquisa, as Referências
Bibliográficas e os Anexos.
6
relativas ao ambiente pesquisado no estudo de caso e para futuras pesquisas.
Nos Anexos 2 a 12 são apresentados os modelos dos instrumentos aplicados na pesquisa de campo:
Roteiro de Análise Walkthrough (anexo 2), Questionário de Opinião do Usuário (anexo 3), Tipologia
de Ambiente Interno (anexo 4), Mapa Cognitivo (anexo 5), Poema dos Desejos (anexo 6),
Questionário Complementar (anexo 7), Mapeamento Visual 13º Pavimento (anexo 8), Mapeamento
Visual 14º Pavimento (anexo 9), Roteiro de Entrevista com o Gerente Administrativo do Edifício
(anexo 10), Roteiro de Entrevista com os Autores do Projeto (anexo 11), Roteiro de Entrevista com
um dos Gerentes da Empresa (anexo 12).
7
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
8
1. Fundamentação Teórica
Neste capítulo são apresentadas as bases conceituais que sustentam a pesquisa, a partir (1) das
mudanças na abordagem científica da pesquisa dos fenômenos humanos até o ponto em que é proposta
a abordagem atuacionista para buscar a compreensão da cognição, e suas implicações sobre a
percepção e a experiência no e sobre o ambiente construído, (2) de uma reflexão sobre a postura
projetual que incorpore os valores dos usuários e a Observação Incorporada no processo de projeto, as
contribuições da Avaliação Pós-Ocupação na aferição da qualidade do lugar sobre uma perspectiva
atuacionista, e os atributos de desempenho do ambiente construído que serão utilizados para esta
aferição.
Esta dissertação se fundamenta no quadro teórico da pesquisa Projeto do Lugar para o Trabalho:
Cognição e Comportamento Ambiental na Avaliação de Desempenho de Edifícios de Escritório
(anexo 1), coordenada pelo prof. Paulo Afonso Rheingantz e vinculada à linha de pesquisa Arquitetura
e Lugar do Programa de Pós-graduação em Arquitetura da FAU/UFRJ.
No escopo desta pesquisa serão analisados cinco diferentes edifícios e/ou ambientes de escritório, com
ênfase no estudo da cognição e do comportamento ambiental, visando identificar os elementos que
conferem qualidade ao lugar de trabalho. A partir dos resultados finais, obtidos através da consulta aos
profissionais e usuários envolvidos com a concepção, produção, gestão e uso do ambiente objeto de
pesquisa, será realizada uma análise comparativa, informando conclusões e recomendações projetuais
para a preservação e/ou intervenção nos ambientes pesquisados, assim como conclusões
metodológicas que possam contribuir para a melhoria do processo projetual dos edifícios e ambientes
de escritório.
Uma primeira análise foi realizada através da pesquisa-piloto desenvolvida por Monique Abrantes
(2004), abrindo caminho para a incorporação, pelo grupo Projeto e Qualidade do Lugar (Pro-LUGAR),
da objetividade entre parêntesis de Humberto Maturana (2002) e do atuacionismo de Francisco
Varela, Evan Thompson e Eleanor Rosch (2003). A partir de então, o grupo Pro-LUGAR passou a
utilizar a designação Observação Incorporada5 para caracterizar a abordagem cognitiva e
comportamental em seus trabalhos.
Esta dissertação contém o segundo estudo de caso da pesquisa, que deu continuidade no processo de
entendimento e aplicação das abordagens de Maturana e Varela sobre as ciências cognitivas como uma
nova perspectiva metodológica para a Avaliação Pós-Ocupação. Este processo terá seguimento nas
dissertações em fase final de elaboração de Helena Rodrigues, José Ricardo Faria e Michael Dezan,
integrantes do grupo Pro-LUGAR.
5 Nome sugerido pela prof.Dr. Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro, na ocasião da defesa da dissertação de Monique Abrantes (2004).
9
Neste capítulo serão apresentados, em linhas gerais, os aspectos teóricos de maior relevância para este
trabalho, resumidas no quadro 2, que as relaciona com os principais autores consultados.
Assim, a fundamentação teórica deste trabalho baseia-se e dá seguimento à tese Aplicação do Modelo
de Análise Hierárquica COPPETEC-COSENZA na Avaliação de Desempenho de Edifícios de
Escritório (RHEINGANTZ, 2000); e à dissertação Um Olhar Cognitivo sobre o Lugar de Trabalho
Avaliação de Desempenho em Ambiente de Escritório: Estudo de Caso em Empresa de Advocacia
(ABRANTES, 2004), bem como às dissertações de Marcos Fávero (2001) e Denise Alcantara (2002),
que servem de base para os estudos e discussões realizadas pelo grupo Pro-LUGAR.
Negar a efetividade de nossa própria experiência no estudo científico de nós mesmos não é apenas
insatisfatório, corresponde a transformar o estudo científico de nós mesmos em um estudo sem objeto. No
entanto, supor que a ciência não pode contribuir para uma compreensão científica de nossa experiência
pode ser abandonar, no contexto moderno, a tarefa da autocompreensão.
Francisco Varela et al (2003:31).
Essa dissertação se enquadra no campo de pesquisa de fenômenos humanos, na medida em que busca
compreender a relação entre o indivíduo e o lugar e elucidar a dinâmica dos atributos de um lugar que
lhe conferem qualidade. Lida principalmente com variáveis subjetivas sem, no entanto, desconsiderar
as variáveis objetivas.
10
1. A neutralidade e objetividade são uma ilusão, pois o pesquisador sempre interfere em seu objeto
de pesquisa, o ato e o produto do conhecimento são inseparáveis (SANTOS, 1995);
2. Os problemas da nossa época são sistêmicos, interligados e interdependentes: Morin (1998)
propõe a busca de um saber integrado no contexto e no conjunto global de que faz parte;
3. O paradigma social é adotado, significando uma constelação de concepções, de valores, de
percepções e de práticas compartilhadas por uma comunidade, que dá forma a uma visão
particular da realidade (CAPRA 1997:25). O paradigma social pode ser reforçado com o
pensamento de Maturana (2002), segundo o qual não existe a realidade, mas uma objetividade
entre parêntesis, fruto do acoplamento estrutural do indivíduo com o meio, não havendo uma
realidade separada disso.
4. O conceito de sociedade sustentável é aplicado, considerando-se a comunidade e sociedade como
sistema vivo que interage numa rede com outros sistemas (CAPRA, 1997), considerando a visão
de sistemas de Matura (2001) segundo o qual um sistema determinado estruturalmente é um
conjunto de elementos conectados de uma maneira tal que o que acontece com esse conjunto de
elementos depende de como ele esta feito. Nos sistemas determinados estruturalmente as
interações desencadeiam mudanças que estão determinadas neles mesmos, o que não faz dele um
sistema previsível.
5. O reconhecimento do caráter autobiográfico e autoreferenciável da ciência, recolocando o
pesquisador como sujeito da aventura do conhecimento, construído através da imaginação pessoal
e dos critérios estabelecidos pelo próprio cientista (SANTOS, 1995);
6. Contextualização e o pensamento sistêmico6 são uma necessidade uma vez que todo
conhecimento é local e total (SANTOS, 1995), e que existe uma retroatividade inerente à relação
entre todo e parte que gera um circuito do tipo uno diverso (MORIN, 1996)7.
7. A consideração da história, da imprevisibilidade, da espontaneidade e auto-organização, da
desordem, da evolução e irreversibilidade, da criatividade e do acidente (PRIGOGINE &
STENGERS in SANTOS, 1995);
8. A Teoria de Santiago de Maturana e Varela (in CAPRA, 1997) que considera a cognição parte
integrante do processo de interação de um organismo vivo, autopoiético8, com seu meio ambiente
através de acoplamentos estruturais entre os organismos e destes com o meio;
6 O pensamento sistêmico abordado por Boaventura Santos considera que o conhecimento precisa ser desenvolvido
considerando a complexidade e as inter-relações do objeto de pesquisa. É diferente da proposta de paradigma sistêmico
como paradigma proposto por Esteves de Vasconcellos (2002) que tem como pressupostos epistemológicos a
complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade.
7 Cf. MORIN (1996:262), que considera: (a) que as partes são ao mesmo tempo menos e mais do que as partes; (b) as
partes são eventualmente mais do que o todo; (c) que o todo é menos do que o todo; (d) que o todo é insuficiente; (e) que o
todo é incerto; (f) que o todo é conflituoso.
8 Do grego. poíésis,eós 'criação'; fabricação, confecção (Dicionário eletrônico HOUAISS da língua Portuguesa, 2001), um
sistema autopoiético que existe no espaço físico é um sistema vivo (ou, mais precisamente, o espaço físico é o espaço que
os componentes dos sistemas vivos especificam e no qual eles existem) (MATURANA, 2002:134). ...para qualquer animal
dado, são a estrutura do sistema nervoso e sua estrutura enquanto um organismo inteiro não a estrutura do meio que
11
9. A objetividade entre parêntesis (MATURANA, 2002) segundo a qual não há uma realidade
separada do observador, e a abordagem atuacionista da cognição (VARELA et al, 2003) que
propõe a experiência e a reflexão incorporada como objeto e instrumento de pesquisa.
10. A adoção de estratégias ecológicas e auto-sustentáveis a partir da proposta de Hazel Henderson
(1995) que sustenta que a Terra é como um sistema vivo, dinâmico e auto-organizado que
considere os princípios de redistribuição e reciclagem de todos os elementos, a hierarquia, a
complementaridade, a interconexão e a indeterminação (HENDERSON, 1995:265).
Nesse ponto parece válido percorrer o processo de mudança do pensamento científico até o ponto em
que é proposta a abordagem dos sistemas autopoiéticos de Maturana e Varela e, com isso, esclarecer
as implicações dos pressupostos teóricos da pesquisa sobre a Avaliação Pós-Ocupação do ambiente
construído.
A exemplo dos fundamentos que sustentam a pesquisa base deste trabalho, considera-se o paradigma
tradicional de ciência inadequado para se lidar com situações complexas, instáveis, que exigem que se
reconheça a própria participação no curso dos acontecimentos. Diversos autores identificam essa
limitação e propõem mudanças no pensamento científico como, por exemplo, Boaventura Santos,
Edgard Morin, Fritjof Capra, Humberto Maturana e Francisco Varela.
Um paradigma (do grego parádeigma: modelo, padrão) é a forma como se percebe e atua no mundo,
as regras de ver o mundo, o conjunto de regras e regulamentos que estabelecem limites e nos dizem
como ter sucesso na solução de situações problema, é um filtro que seleciona o que se percebe e
reconhece e que leva a recusar e distorcer os dados que não combinam com as expectativas criadas.
Além de influir sobre as percepções, os paradigmas também influenciam as ações: fazem acreditar que
o jeito como se faz as coisas é o certo ou a única forma de fazer . Essa postura, denominada de
culture bound na etnografia, significa viver dentro de uma realidade particular que é tida como a
realidade (SPRADLEY, 1980).
determinam que configuração estrutural do meio pode constituir suas perturbações sensoriais, e por que trajeto de
mudanças de estado internas ele passa em decorrência de uma interação particular. Além disso, uma vez que essas
estruturas são o resultado do acoplamento estrutural com o meio, o fechamento na organização do sistema nervoso e do
organismo fazem da percepção uma expressão do acoplamento estrutural de um organismo ao seu meio, que é distinguível
de ilusão ou alucinação apenas no domínio social (MATURANA, 2002:146).
12
As mudanças de paradigma ocorrem por meio de vivências, de experiências, de evidências que nos
coloquem frente a frente com os limites de nosso paradigma atual. Segundo Maturana e Varela
(2001:264):
Nossas visões de mundo e de nós mesmos não guardam registros de suas origens. As palavras na
linguagem (na reflexão lingüística) passam a ser objetos que ocultam as coordenações
comportamentais que as constituem operacionalmente no domínio lingüístico. Por isso, nossos
pontos cegos cognitivos são continuamente renovados e não vemos que não vemos, não
percebemos que ignoramos. Só quando alguma interação nos tira do óbvio por exemplo, quando
somos bruscamente transportados a um meio cultural diferente e nos permitimos refletir, é que
nos damos conta da imensa quantidade de relações que consideramos como garantidas .
1. Pressuposto da simplicidade: a crença de que um todo complexo pode ser reduzido a elementos
simples e de que o entendimento do todo é obtido a partir do entendimento das partes. Para tanto
se faz uso do processo de análise a partir da descontextualização, levando o objeto de estudo para
o laboratório, e se busca as relações causais lineares, considerando a causalidade eficiente.
Em busca dos elementos simples o cientista realiza também operações de redução, ou seja, diante
de um fenômeno complexo o cientista busca reduzi-lo a um outro mais simples e melhor
compreendido. Ex.: estuda-se a cognição humana reduzindo-a às trocas neuroquímicas do cérebro.
13
Para descrever com clareza a relação entre as variáveis, quantificá-las e matematizá-las, é preciso
isolar cada uma delas, determinando com clareza quais fatores geram quais resultados
(causalidade eficiente, linear). Para isso é necessário reproduzir artificialmente os fenômenos em
laboratório, para que seja possível variar os fatores um de cada vez e controlar as demais variáveis.
Da idéia de que o observador, ou o cientista, ou aquele que conhece, pode manipular o sistema e
de que deve ser competente para fazê-lo, deriva-se naturalmente a concepção de que o especialista
terá com o sistema uma interação instrutiva. Essa é uma conseqüência natural da concepção de
determinismo ambiental, ou seja, da crença em que o comportamento do sistema será determinado
pelas instruções que ele receber do ambiente e em que, portanto, poderá ser controlável e
previsível (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2002:88).
Um dos critérios de certeza utilizados para validar as explicações científicas é o da reprodução dos
fenômenos em condições controladas por diferentes observadores independentes. Havendo
coincidência dos registros por diferentes pesquisadores, considera-se mais confiáveis os
resultados. Os índices de fidedignidade precisam ser altos, ou a possibilidade de erro próxima de
zero.
Se tudo que é complexo pode ser reduzido a elementos simples capazes de serem compreendido, então
para compreender o universo basta reduzi-lo a seus elementos constitutivos mais simples
(simplicidade) e observá-los (com objetividade) para chegar à explicação de seu funcionamento
(estável). A partir dessa fórmula de conhecimento o cientista entende que o mundo é cognoscível a
partir da racionalidade, sendo uma questão de tempo até que a coerência lógica, matemática, dedutiva,
experimental seja capaz de elaborar explicações livres de imprecisões, ambigüidades e contradições.
9
A recursão é a aplicação de uma operação sobre o resultado da aplicação de uma operação (MATURANA,
2001:72).
14
A necessidade de adotar a complexidade se evidencia em três problemas, todos decorrentes de
pesquisas na física, que são os gargalos da ciência tradicional: (1) problema lógico diante de
contradições intransponíveis, foi necessário assumir a contradição e incluí-la na explicação
científica (ex.: a luz tem propriedades de onda e partícula); (2) problema da desordem diante das
evidências experimentais, foi necessário reconhecer que o universo não é um mecanismo ordenado
e estável, mas sim desordenado, indeterminado e imprevisível (ex.: na termodinâmica observou-se
que o calor corresponde à agitação desordenada das moléculas); (3) problema da objetividade
diante da evidência de que o sujeito interfere no resultado da experiência, como no caso do
princípio da incerteza de Heisenberg, segundo o qual não se pode ter simultaneamente valores
bem determinados para a posição e velocidade em mecânica quântica, foi necessário reconhecer a
subjetividade do conhecimento.
Complexidade vem do latim complexus o que está tecido em conjunto e para Morin (1997)
refere-se a um conjunto cujos constituintes heterogêneos estão inseparavelmente associados e
integrados, sendo ao mesmo tempo uno e múltiplo.
Nesta dissertação, conforme os estudos do grupo Pro-LUGAR, toma-se por base estes
pressupostos, considerando que, para pesquisar o ambiente em seu contexto, é preciso ampliar o
foco de análise e observar sistemas amplos. É preciso, além do foco no elemento, focalizar as
relações entre os elementos. O contexto não se limita ao ambiente no qual se encontram os
elemento em análise, mas se refere às relações entre todos os elementos envolvidos. Ampliando
ainda mais o foco é possível observar as interações entre sistemas, os sistemas de sistemas.
15
Morin (1997) chama de princípio dialógico o processo de articulação de informações, mantendo-
se a dualidade, sem pretender realizar uma síntese unificadora, monista10, como ocorre na
dialética. Na perspectiva dialógica, as características de um elemento não são consideradas
excludentes, não há necessidade de optar por uma delas nem de buscar um novo rótulo que
sintetize o conjunto de características (o que seria uma redução). Na dialógica os elementos de um
sistema são diferenciados (não isolados) e articulados segundo suas relações. Não se utiliza a
linearidade tese antítese síntese, pois teses e antíteses convivem num mesmo sistema, não
se excluem mutuamente, sendo importante nesse caso compreender as relações que estabelecem
entre si no contexto.
Portanto, pensar num objeto contextualizado, considerando suas múltiplas interações e retroações,
exige considerar suas relações causais recursivas, uma vez que a causalidade linear é insuficiente.
A melhor representação gráfica para a causalidade recursiva seria uma espiral crescente ou
logarítmica, e não um círculo fechado, pois na recursão o produto e os efeitos do processo são
necessários ao próprio processo que os gera (Maturana, 2001).
Para Morin (1997), a via da complementaridade não é a do acordo ou da síntese dialética mas
a da superação do antagonismo de modo a permitir que noções alternativas sejam, ao mesmo
tempo, contraditórias e complementares.
Sobre a complexidade, seu significado para as ciências é sugerido por Rosa Pedro (1996:95)
como:
2. Pressuposto da instabilidade: reconhece que o mundo se constitui a todo o momento, que ele não
é uma realidade dada, pronta. Por isso apresenta indeterminação e imprevisibilidade, e seus
fenômenos são incontroláveis e, portanto, irreversíveis.
A instabilidade está implícita no conceito de evolução por deriva natural proposto por Varela et al
(2003), fundamentado em 4 pontos básicos:
a. Rede. A unidade de evolução (em qualquer nível) é uma rede capaz de um rico repertório
de configurações auto-oganizadas - autopoiese.
10Monismo (Dicionário eletrônico HOUAISS da língua Portuguesa, 2001): concepção que remonta ao eleatismo grego,
doutrina dos filósofos pré-socráticos da escola de Eléia, ou escola eleática (sVI-sV a.C.: Xenófanes, Parmênides, Zenão),
caracterizada pela crença na unidade do ser e na irrealidade do movimento ou transformação.
16
b. Satisfação. Em acoplamento estrutural com um meio, essas configurações geram uma
seleção, um processo de continuada busca de soluções satisfatórias que desencadeia (mas
não especifica) uma mudança na forma das trajetórias viáveis.
d. Co-implicação. A oposição entre fatores causais internos e externos é substituída por uma
relação de co-implicação, uma vez que o organismo e o meio se especificam mutuamente.
...A espécie produz e especifica seu próprio domínio de problemas a ser resolvido
satisfatoriamente..., os seres vivos e o ambiente estão relacionados um com o outro por meio de
especificação mútua ou co-determinação. ...As regularidades ambientais são o resultado de uma
história conjunta, uma congruência que se desenrola a partir de uma longa história de co-
determinação (VARELA et al, 2003:203).
3. Pressuposto da intersubjetividade: considera que um dos fatores que torna o mundo uma
construção constante é a atuação do sujeito compondo a realidade, e que o conhecimento
científico do mundo é construção social, em espaços consensuais, por diferentes
sujeitos/observadores (ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2002:102).
Morin (in ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2002:132) considera que nas ciências sociais, é
ilusório acreditar-se que se elimina o observador. O sociólogo não apenas está na sociedade;
conforme a concepção hologramática, a sociedade também está nele; ele é possuído pela cultura
que ele possui .
17
Considerando que o mundo está em processo de tornar-se, Maturana (2001) propõe o conceito de
deterministmo estrutural: o sistema vivo se relaciona com o ambiente de acordo com sua estrutura
naquele momento, mantendo-se sempre em acoplamento estrutural com seu ambiente e, nessas
interações, ambos o organismo (sua estrutura) e o ambiente vão mudando continuamente.
Nesta dissertação são considerados como elementos que compõem este acoplamento estrutural o
pesquisador-em-ação, os usuários e o ambiente em estudo.
Heinz Von Foerster (in ESTEVES DE VASCONCELLOS, 2002), físico e ciberneticista austríaco,
utiliza a expressão sistema observante, ou sistema de observação, para se referir ao fato de que, a
partir do momento em que um observador começa a observar um sistema, cria-se
instantaneamente um sistema que integrará a ambos e em que o observador se observará
observando (visão de segunda ordem), ou seja, sua relação com o sistema observado será também
objeto de sua observação. Decorre daí a referência necessária ao observador, auto-referência ou
reflexividade.
18
Cognição, percepção e ambiente construído
Segundo Varela et al (2003) o termo ciências cognitivas é utilizado para indicar o estudo da mente em
si mesmo como um objeto científico respeitável. Algumas correntes das ciências cognitivas: a
inteligência artificial corrente principal, cujo modelo computacional da mente é dominante , a
lingüística, a filosofia da mente, a psicologia cognitiva, as neurociências que pressupõem ser
possível atribuir estruturas cerebrais específicas a todas as formas de comportamento e experiência.
Os estudos da cognição sobre o ambiente construído realizados pelo Pro-LUGAR, a partir de Abrantes
(2004) e, especialmente, da colaboração da prof. Dr. Rosa Pedro, buscam adotar a abordagem
atuacionista da cognição, correspondente ao terceiro estágio das ciências cognitivas destacados por
Varela et al (2003):
Segundo o cognitivismo, (1) não apenas todos são inconscientes dos processos mentais ou
cognitivos como não há como ser consciente; (2) o self ou sujeito cognoscente é
fundamentalmente fragmentado ou não-unificado.
"Assim, o cognitivismo desafia nossa convicção de que consciência e mente significam a mesma
coisa ou que existe uma conexão essencial ou necessária entre elas" (VARELA et al, 2003:64).
2. Emergência ou conexionismo. Deriva da idéia de que muitos processos cognitivos parecem ser
melhor manejados por sistemas feitos de muitos componentes simples que, quando conectados
pelas regras apropriadas, dão origem a um comportamento global correspondente à tarefa
desejada. Uma representação consiste na correspondência entre um estado global emergente e as
propriedades do mundo: ela não é função de símbolos particulares.
19
O que estamos sugerindo é uma mudança na natureza da reflexão de uma atividade abstrata
desincorporada para uma reflexão incorporada (atenta) aberta. Por incorporada queremos nos
referir à reflexão na qual corpo e mente foram unidos. O que esta formulação pretende veicular é
que a reflexão não é apenas sobre a experiência, mas ela própria é uma forma de experiência e a
forma reflexiva de experiência pode ser desempenhada com atenção/consciência. Quando a
reflexão é feita dessa forma, ela pode interromper a cadeia de padrões de pensamentos habituais e
preconcepções, de forma a ser uma reflexão aberta aberta a possibilidades diferentes daquelas
contidas nas representações comuns que uma pessoa tem do espaço e da vida. Nós denominamos
essa forma de reflexão de reflexão atenta, aberta .
Segundo Maturana (2001) os seres humanos são sistemas determinados estruturalmente. Tais sistemas
são conjuntos de elementos conectados de uma maneira tal que o que acontece com esse conjunto de
elementos depende de como ele está feito. Nos sistemas determinados estruturalmente as interações
desencadeiam mudanças que estão determinadas neles mesmos. Isso, no entanto, não faz dele um
sistema previsível, sendo que "as interações instrutivas - aquelas nas quais um agente externo
determinaria o que acontece no sistema - não ocorrem" (MATURANA, 2001:75).
Quando ocorre uma interação com um ambiente construído ocorre um acoplamento estrutural com o
meio, sendo que a história de mudança estrutural de um organismo em interação com o meio é uma
deriva (MATURANA, 2001:82), ou seja, um curso que se produz, momento a momento, nas
interações do sistema e suas circunstâncias. Embora não haja interações instrutivas, existe
aprendizagem, que seria o processo de transformação em um meio particular de interações recorrentes.
Para Varela et al (2003:209):
...situar a cognição como ação incorporada dentro do contexto da evolução como deriva natural
oferece uma visão das capacidades cognitivas como inextricavelmente ligadas a histórias que são
vividas, algo bem parecido com os caminhos que existem apenas na medida em que são abertos
com o caminhar. Conseqüentemente, a cognição não é mais vista como resolução de problemas
com base em representações ao contrário, a cognição em seu sentido mais amplo consiste na
atuação ou na produção de um mundo por uma história viável de aclopamento estrutural .
Para Maturana (2002) o entendimento que em geral se tem sobre a percepção, de que se trata de um
processo de recepção de informações provenientes da realidade externa, não só está incorreto como é
constitutivamente impossível. Segundo Maturana (2002:67):
percepção consiste na associação, pelo observador, das regularidades de comportamento que ele
ou ela distingue no organismo observado com as condições do meio que ele ou ela vê como
desencadeando essas regularidades. O observador usa tais regularidades comportamentais para
caracterizar objetos perceptivos. Isso se aplica a todos os seres vivos, incluindo o observador. A
explicação da percepção no contexto do determinismo estrutural dos sistemas vivos invalida
qualquer tentativa de dar conta do fenômeno da cognição (incluindo a linguagem) como noções
que implicam a denotação ou conotação do domínio da realidade independente das distinções do
observador .
Na arquitetura, os estudos sobre a cognição e a percepção contribuem com dados para a realização de
intervenções num ambiente conforme a experiência dos seus usuários e geram instrumentos para a
análise e aprofundamento do conhecimento acerca destes espaços. Ao interagirmos com o ambiente,
estamos experienciando este mesmo ambiente a partir de nossas emoções, análises e julgamentos
(ABRANTES, 2004:11).
20
Segundo Mora (1998:205) a experiência pode ser chamada de vivência, isto é, o conjunto de
sentimentos, afetos, emoções, etc, que um indivíduo experimenta e que vai acumulando em sua
memória . Para Ortega (2003: 85 e 95):
a formação das imagens e da idéia sobre o mundo são compostas de experiência pessoal,
aprendizado, imaginação e memória... Portanto, experienciar a arquitetura depende da participação
ativa do observador e resulta, sempre, em uma compreensão intelectual. Não existe uma única
forma global de experienciar um edifício, pois mesmo que esta experiência seja forçada, ela
dependerá sempre da cultura de quem observa .
Para Del Rio (1996:3) a percepção é um processo mental de interação do indivíduo com o meio
ambiente, que se dá através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e, principalmente,
cognitivos . Quando ocorre a interação com um ambiente construído, a organização da estrutura viva
que constitui cada organismo se altera em função do acoplamento estrutural estabelecido com o meio,
gerando sensações e resultando em determinados comportamentos.
Varela et al (2003) abordam a cognição não como recuperação de um mundo externo predeterminado
ou projeção de um mundo interno predeterminado, mas sim como ação incorporada, que depende
dos tipos de experiência decorrentes de se ter um corpo com várias capacidades sensório-motoras e
que essas capacidades sensório-motoras individuais estão, elas mesmas, embutidas em um contexto
biológico, psicológico e cultural mais abrangente (VARELA et al, 2003: 177).
O processo perceptivo envolve o uso dos sentidos para conhecer e reconhecer elementos dos
ambientes construídos e experienciados pelos seus usuários, portanto pela apreensão e interpretação
espacial da arquitetura. Sentimos e percebemos formas, isto é, totalidades estruturadas dotadas de
sentido ou de significação (CHAUÍ, 2000:121).
Às características formais, físicas, espaciais, dos ambientes que são experienciados são agregados
valores culturais e simbólicos, repletos de significados que são construídos ao longo da nossa história
pessoal. Se diferentes pessoas de uma mesma sociedade atribuem significados semelhantes a
determinados espaços construídos, é pelo fato de que essas pessoas compartilham de vários valores
culturais dados a ela (DUARTE et al, 2003:2).
21
Para Baudrillard (1997:11) não se trata, pois, dos objetos definidos segundo sua função, ou segundo
as classes em que se poderia subdividi-los para comodidade da análise, mas dos processos pelos quais
as pessoas entram em relação com eles .
No processo cognitivo que compõe a percepção ocorre uma seleção de informações que varia
conforme o indivíduo e o contexto, Segundo Hall (1999), as pessoas de diferentes culturas aprendem
desde crianças a selecionar significados de certo tipo de informação, ao mesmo tempo em que incluem
informações de outras categorias.
Nesse sentido, foi adotada a abordagem atuacionista, correspondente ao terceiro estágio das ciências
cognitivas, descrito anteriormente, conforme os estudos de Maturana e Varela. Foram utilizados,
portanto, procedimentos para a observação e reflexão incorporadas.
O termo Observação Incorporada, sugerido pela profa. Rosa Pedro, foi adotado pelo grupo Pro-
LUGAR para caracterizar a abordagem em que o pesquisador-em-ação, sua experiência vivenciada e
suas interações com os demais usuários de um determinado ambiente são partes indissociáveis e
integrantes do processo de observação, configurando um único e múltiplo complexo fenomênico. A
proposta é incorporar à postura científica a reflexão com auto-inclusão (VARELA et al, 2003).
11 Cf. SCHUTTER (1983:242), proposta metodológica que engloba os benefícios da investigação na produção de
conhecimento, que têm como objetivos conhecer e analisar uma realidade nos três momentos constitutivos estabelecidos
por BOSCO PINTO (1977): (1) os procedimentos objetivos; (2) a percepção (nível de consciência) destes processos nos
homens concretos, e (3) a experiência vivencial dentro de suas estruturas concretas. Segundo o autor, é um processo de
diálogo através do tempo e não uma imagem estática de um ponto de tempo, é: (a) mobilizador, (b) dialético, (c) dialógico,
(d) educativo, (e) diacrônico, (f) histórico, e (g) práxis social.
22
Na Observação Participante, o pesquisador-em-ação nem sempre é parte integrante dos eventos que
testemunha no ambiente estudado, embora participe da rotina das pessoas. Se vale de instrumentos de
análise e registro previamente construídos, para observar e registrar o que acontece, o que ouve dos
usuários, suas perguntas e impressões sobre o ambiente observado. Ao mesmo tempo em que se insere
no ambiente, procura fazer-se desapercebido, evita provocar suspeitas ou desconfiança por parte dos
usuários observados (SOMMER, 1973).
Em resumo, a principal diferença entre as duas abordagens está no fato da Observação Participante
não se utilizar da atuação de Varela, Thompson e Rosch (2003).
Todos os instrumentos adotados nessa pesquisa foram aplicados com esta perspectiva auto-inclusiva,
da Observação Incorporada, agregando as percepções da pesquisadora, suas experiências e histórico,
ao processo de avaliação de desempenho do ambiente, assim como dos demais sujeitos a ele
relacionado.
Todo trabalho arquitetural é caracterizado por uma filtragem cultural que dá importância, a seu modo, a
certos valores majoritários e minoritários... A filtragem cultural que toda arquitetura executa quer
significar seu caráter eminentemente simbólico a respeito do estado momentâneo de uma sociedade.
Jean-Pierre Boutinet (2002:161-162).
O ambiente construído não vale por si próprio; seu valor ou significado surge em função das relações
que estabelece com o entorno e com seus habitantes.
Paulo Afonso Rheingantz (2000:36).
Segundo a base teórica da pesquisa Projeto do Lugar para o Trabalho: Cognição e Comportamento
Ambiental na Avaliação de Desempenho de Edifícios de Escritório (anexo 1), que fundamenta esta
pesquisa e que busca avaliar a aplicabilidade dos fundamentos conceituais desenvolvidos nos projetos
Qualidade do Lugar e Desenho do Ambiente e Avaliação do Projeto e da Gestão de Complexos
Prediais de Uso Comercial, esta pesquisa considera (a) a qualidade do lugar como um fator de
atração de investidores, proprietários, moradores, usuários ou visitantes; e (b) ... a qualidade do lugar
determina preferências, expectativas, valorizações fundiárias e comerciais, além de influir no bem
estar humano (RHEINGANTZ, 2002:3).
23
A qualidade do lugar já era motivo de preocupação dos romanos que acreditavam existir em todo lugar
um espírito próprio que o animava e protegia, chamado de genius loci (WALTER, 1988:14). Tuan
(1980) propôs o termo topofilia para designar o sentimento que faz com que as pessoas se afeiçoem e
sejam atraídas por um lugar, que está relacionado com a cultura, memória e imaginação. Alexander
(1979), diante da dificuldade de explicar tal sentimento relacionado ao lugar chamou-o de qualidade
sem nome. Em relação ao lugar do trabalho Rheingantz (2002:3) afirma:
A Avaliação Pós-Ocupação é um valioso processo para a aferição da qualidade do lugar, com grande
aplicabilidade como ferramenta de apoio ao processo projetual. No entanto, é possível observar que
muitos arquitetos não se preocupam em avaliar, durante o uso, os ambientes que projetaram. Como
muitas decisões de projeto são tomadas sem referencial no desempenho de ambientes semelhantes em
funcionamento, os resultados das APO s poderiam evitar a repetição de erros já conhecidos pelos
usuários e que afetam a qualidade do lugar.
Assim, Incluir a opinião dos usuários no processo projetual passa a ser uma decisão que implica na
previsão de que deve ser despendido mais tempo e atenção na pesquisa e na análise dos dados que
possam dar subsídios para as decisões de projeto.
Postura Projetual
Por exemplo, um projeto que tenha como valor fundamental a participação do usuário pode oferecer
uma solução que não atenda a uma expectativa de economia de mercado (valor econômico).
24
O arquiteto lida com um sistema complexo de valores ao longo do processo de projeto: valores
pessoais, dos demais profissionais envolvidos, do(s) cliente(s), de cada um dos usuários diretos e
indiretos, do grupo social ao qual se destina o projeto (e seu contexto econômico, político e cultural).
No entanto, a maneira mais usualmente utilizada para lidar com essa realidade complexa tem sido o
método reducionista de investigação que, na arquitetura, limitam a abordagem de projeto a alguns
poucos aspectos, em geral reforçando os fatores econômicos, técnicos, funcionais e estético e dando
pouco ou nenhuma ênfase a aspectos culturais, cognitivos, comportamentais. Segundo Rheingantz
(2002:11) a qualidade do ambiente construído independe cada vez mais das relações entre cultura e
geografia, e as condições de conforto passam a ser garantidas pela tecnologia , afetando toda a
concepção da arquitetura, que vem ignorando o conhecimento e valores acumulados e culturalmente
sedimentados, representando uma cisão entre o saber e o fazer dos arquitetos e as demandas e
necessidades dos usuários.
Essa maneira reducionista de lidar com os múltiplos fatores que compõem uma determinada realidade
foi, por muito tempo, defendida como a melhor forma de compreender os problemas em profundidade.
No entanto vê-se hoje que tal postura distancia a solução da realidade na medida em que isola
variáveis correlacionadas. Um conhecimento hiperespecializado num aspecto é muitas vezes
plenamente ignorante em diversos outros. Por outro lado, um conhecimento geral e em profundidade
tem maior capacidade de solucionar problemas complexos (MORIN, 2000).
Diante disso, seria ingênuo considerar que um único método de projeto pudesse atender a qualquer
problemática da arquitetura. Não apenas pela complexidade dos fatores construtivos, funcionais,
econômicos, estéticos, simbólicos, cognitivos, comportamentais e culturais, dentre outros, mas
também devido aos diferentes tratamentos que se pode dar a tais fatores a partir da definição da
estratégia global de projeto, dos valores essenciais que fundamentam tal estratégia.
A postura do arquiteto no exercício de sua profissão pode ser (a) adotar uma atitude reducionista, por
exemplo, limitando seu enfoque ao conjunto de valores pessoais para tomar as decisões de projeto, ou
(b) uma atitude sistêmica-complexa, considerando o conjunto de valores das pessoas em geral,
inclusive os próprios, na ponderação das soluções arquitetônicas.
25
Nesta segunda opção, a participação do usuário e a abordagem da Observação Incorporada são
recursos fundamentais para o processo de concepção de projeto, considerando uma das finalidades
básicas de qualquer projeto arquitetônico: atentar para os usuários do ambiente construído e, portanto,
enfatizar suas necessidades, sua cultura, seus valores e costumes (del RIO, 1998). Além disso, o
profissional deve reconhecer sua relação com o projeto, de modo a não se isolar numa atitude de falsa
neutralidade.
A Avaliação Pós-Ocupação
Nesta pesquisa, a exemplo dos demais trabalhos desenvolvidos pelo grupo Pro-LUGAR, a APO é
entendida como uma explicação baseada na experiência ou atuação de um observador que, por meio
de sua interação com o ambiente, também passa a ser ator do processo de avaliação e roteirista de sua
explicação (Rheingantz, 2004).
A APO do ambiente construído, a partir das pesquisas da relação homem-ambiente, se vale de diversas
ferramentas para compreender essa relação e gerar subsídios para projeto. A maior parte destas
ferramentas considera a participação do usuário um importante recurso para a compreensão do
problema arquitetônico e para a busca de soluções. A novidade da abordagem atuacionista, ou da
Observação Incorporada, não está na consideração das necessidades e desejos do usuário, mas no
resgate do papel do observador-em-ação, atento, que poderá se valer ou não de instrumentos
auxiliares, de características mais ou menos estruturadas, para registro das informações sem, no
entanto, se restringir a eles.
26
Tomando como base os modelos de decisão de projeto indicados por Salama (1997) modelos
12 13
intuitivo , racional e participativo a APO se insere no modelo participativo. Existem diversos
métodos de projeto participativo, que em geral consideram quatro princípios fundamentais:
Tais princípios que fundamentam o projeto participativo estão de acordo com os desafios da
organização do saber propostas por Morin (2000): a conjugação entre o mundo técnico-científico e a
cultura das humanidades, a valorização da informação, do conhecimento e do pensamento como o
mais precioso capital do indivíduo e da sociedade, a democratização cognitiva através da superação da
hiperespecialização e da disponibilização do conhecimento não banalizado.
Na busca e no tratamento do conjunto de dados acumulados ao longo de uma APO uma interessante
habilidade que pode ser muito útil é a serendipididade, ou a capacidade de transformar detalhes,
aparentemente insignificantes, em indícios que permitam reconstruir toda uma história (MORIN,
2000). A condição de articulador do conjunto de conhecimentos e sistemas de valores transforma o
arquiteto em uma espécie de arqueólogo na reconstrução de um cenário histórico.
Conforme Rheingantz (2000), o arquiteto então assume o papel de terapeuta do ambiente construído,
um especialista em prestar atenção e em ter consciência da situação, o intérprete do desejo do conjunto
de usuários, que representa tais desejos no projeto.
A postura de prestar atenção não se restringe aos eventos observados pelo arquiteto, mas à própria
cognição e ao comportamento em relação a tais eventos. Essa postura adotada pelo grupo Pro-LUGAR
e também neste trabalho, somada à abordagem da Observação Incorporada, é indicativa da atitude do
observador que assume a própria experiência vivenciada e suas interações e relações no e sobre o
12 Modelo intuitivo, descrito por Christopher Jones (1982) como caixa preta , no qual o processo de projeto é fundamentado
na inspiração e talento.
13 Modelo racional também chamado de caixa de vidro (JONES, 1982), no qual o processo projetual é explícito e
transmissível.
27
ambiente analisado como parte integrante e indissociável do processo de observação denominada
reflexão com auto-inclusão, segundo Varela, Thompson & Rosch (2003).
A aplicação desta postura em uma APO fornece elementos de reflexão a serem articulados numa
proposta de projeto, somados com outros tantos elementos que formam o caldo de cultura para a sua
elaboração. A partir daí o arquiteto faz uso não só da criatividade, mas também da capacidade de
síntese, de abstração, de criação e de representação (DEL RIO, 1998).
Projeto participativo
O projeto participativo pressupõe que o usuário é envolvido no processo de tomada de decisão. Alguns
fatores importantes a serem observados no processo participativo (SANOFF, 1990):
Transparência de todo o processo, para que os participantes tenham uma visão e entendimento
claro do que está acontecendo e as implicações sobre o projeto.
Por outro lado, Rheingantz (2004) destaca as limitações da tradição behaviorista e da visão clássica da
avaliação de desempenho do ambiente:
...nossas práticas [tradicionais de APO] refletem apenas uma das faces de Janus: nos valemos de
nossos instrumentos e técnicas de análise para olharmos os processos cognitivos como
14
Tradução livre da autora do original: The recent meaning of participation defines it as face-to-face interaction
of individuals who share a number of values important to all, that is to say a purpose for them for being
together. ...In this respect, participation is a matter of control over decisions by the participants (SANOFF,
1990:i).
28
comportamentos nossa herança behaviorista para relatar nossas descobertas sobre um
ambiente externo que é externo a nós, mas temos nos esquecido de incorporar nossos sentimentos
e emoções surgidos durante o processo de observação ou de interação com o ambiente. O
entendimento de que nossa auto-compreensão é falsa nos impede de aceitar nossa própria
experiência de vida como uma atividade científica. ...Nossa prática tem sido pautada pelo caminho
da objetividade sem parêntesis (RHEINGANTZ, 2004:7).
A exemplo do estudo de caso piloto da pesquisa, desenvolvido por Abrantes (2004), as avaliações
produzidas nesta dissertação se propõe a analisar o ambiente a partir das expectativas de seus usuários,
sob a perspectiva da experiência vivenciada pela pesquisadora no ambiente objeto de estudo, seguindo
o caminho da objetividade entre parêntesis:
Cosenza, Cosenza, Lima & Rheingantz (1997) sugerem que um diagnóstico através da APO
prevê: (a) a incorporação de mudanças de hábitos e de necessidades de administradores e
usuários; (b) a identificação e solução de problemas nos diversos sistemas e/ou serviços; (c)
a dinamização da incorporação dos valores dos usuários na administração dos sistemas
e/ou serviços; (c) a otimização das atitudes dos usuários do ambiente, através do seu
envolvimento efetivo no processo de avaliação; (d) o conhecimento da influência das
modificações ditadas pela redução dos custos, no desempenho do ambiente; (e) a
informação das decisões tomadas e facilidade na compreensão das conseqüências das
decisões projetuais na performance do ambiente; (f) o acompanhamento permanente do
desempenho do ambiente, por profissionais e usuários, mesmo que de forma não
sistematizada.
O contexto no qual se aplica uma APO pode ser considerado complexo, intersubjetivo e instável.
Sendo assim, é importante considerar algumas características da condição de incertezas humanas
(MORIN, 2000):
1. Ecologia da ação: ...toda ação, uma vez iniciada, entra num jogo de interações e retroações no
meio em que é efetuada, que podem desviá-la de seus fins e até levar a um resultado contrário ao
esperado ...as conseqüências últimas das ações são imprevisíveis..." (MORIN, 2000:61).
29
incerto. A estratégia procura incessantemente reunir as informações colhidas e os acasos
encontrados durante o percurso (MORIN, 2000:62).
Seguindo os parâmetros de APO com base em atributos de desempenho estabelecidos por Rheingantz
(2000), neste trabalho foram adotados alguns atributos de análise e, considerando atributos como
sendo: aspecto, qualitativo ou quantitativo, que distingue um integrante de um conjunto observado
(Dicionário eletrônico HOUAISS da língua Portuguesa, 2001).
O conjunto de atributos adotados nesta pesquisa são aqueles propostos por Rheingantz (2000) em sua
tese, adaptados do CBPR checklist (BAIRD et al, 1995) e mais o conjunto de atributos propostos por
Abrantes (2004) na pesquisa-piloto para caracterizar o enfoque cognitivo, baseados nos trabalhos de
Fischer (1994), Hall (1999), Lynch (1999), Sommer (1973 e 1979) e Tuan (1980).
Em continuação aos trabalhos de Rheingantz e Abrantes, foram utilizadas 7 categorias de atributos: (1)
de interação; (2) corporativos; (3) de infra-estrutura; (4) construtivos; (5) de espaço; (6) de ambiência
interna; (7) de recursos/serviços prediais. A primeira categoria tem por base os atributos utilizados por
Abrantes (2004), reorganizados e ampliados conforme será explicitado a seguir. As outras 6 categorias
têm como referência Rheingantz (2000), tendo seus atributos sido aplicados nesta dissertação sem
alterações.
Todos os atributos foram pesquisados com instrumentos que enfocam a Observação Incorporada
tendo por base essencial a experiência dos usuários e pesquisador no ambiente, conforme será descrito
no Capítulo 3 (Materiais e Métodos). A proposta é tratar tanto os dados objetivos quanto os subjetivos
sob a perspectiva da experiência humana.
A seguir é apresentada a categoria Atributos de Interação, conforme foi aplicada nesta dissertação, e
em seqüência são apresentadas resumidamente as demais categorias, uma vez que sua explicação
detalhada encontra-se na tese de Rheingantz (2000).
30
Atributos de interação
Nesta classificação estão incluídos elementos da relação homem-ambiente propostos por Lynch,
Sommer, Hall e Tuan e adotados na pesquisa-piloto de Abrantes (2004), agrupados conforme definido
nas discussões do grupo Pro-LUGAR que deram seguimento à pesquisa Projeto do Lugar para o
Trabalho: Cognição e Comportamento Ambiental na Avaliação de Desempenho de Edifícios de
Escritório. São eles a imageabilidade, grau de adaptabilidade, cronêmica, proxêmica e fatores
culturais.
Imageabilidade
...a característica, num objeto físico, que lhe confere uma alta probabilidade de evocar uma
imagem forte em qualquer observador dado. É aquela forma, cor ou disposição que facilita a
criação de imagens mentais claramente identificadas, poderosamente estruturadas e extremamente
úteis do ambiente. Também poderíamos chamá-la de legibilidade ou, talvez, de visibilidade num
sentido mais profundo, em que os objetos não são apenas passíveis de serem vistos, mas também
nítida e intensamente presentes aos sentidos .
Grau de adaptabilidade
Segundo os estudos de Análise Ergonômica do Trabalho AET15 desenvolvidos por Mario Vidal
(2002), existe um processo constante de estruturação e adaptação do homem ao meio e, mais
15 Segundo Vidal (2003:31) a análise ergonômica do trabalho é um conjunto estruturado de análises intercomplementares
dos determinantes da atividade de trabalho das pessoas numa organização . A ergonomia é definida pela Associação
Internacional de Ergonomia (IEA) como a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres
humanos e os outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que
visam otimizar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas (VIDAL, 2003:15).
31
especificamente, em relação ao local de trabalho. O autor considera que a análise ergonômica da
atividade de trabalho repousa sobre a idéia de que exista uma construção permanente pelo operador
(usuário) de seus modos operatórios para atingir objetivos em condições socialmente determinadas
(VIDAL, 2002:145).
Cronêmica
Classificados como cronêmica, ou o estudo da maneira como o tempo é usado e percebido (Hall,
1976), estão os elementos relativos ao tempo: ritmo, seqüência, duração e constância.
Já seqüência dos lugares, ou cronologia16 da passagem por diferentes ambientes e a maneira como
eles se apresentam ou se configuram, pode produzir diferentes sensações nos usuários, influindo na
sua produtividade e no seu bem-estar no ambiente de trabalho (ABRANTES, 2004:48).
As pessoas que permanecem em áreas públicas por longos períodos de tempo seja numa cadeira
habitual numa reunião com duração de uma semana ou num trem suburbano podem criar uma
forma de efetivação . Seus direitos ao espaço serão confirmados pelos vizinhos, ainda que não
esteja fisicamente presente (SOMMER, 1973:65).
Por fim constância é a periodicidade da permanência no ambiente. Segundo Sommer diversas visitas
curtas produzem uma experiência ambiental diferente de uma só visita longa (1979:89).
Proxêmica
Na proxêmica, ou o estudo do emprego do espaço pelo homem (HALL, 1999), são avaliados a
influência social, o espaço pessoal, e a territorialidade, apresentados a seguir.
A influência social é a maneira pela qual a presença de uma pessoa influi sobre outra (SOMMER,
1973:73). Em estudos de psicologia social:
16No sentido dado no texto, o significado de cronologia (Dicionário eletrônico HOUAISS da língua Portuguesa, 2001) é:
qualquer listagem de situações ou eventos distribuídos no tempo.
32
concentração e realização sem erros, os espectadores e competidores muitas vezes provocavam um
declínio na realização ou redução social (SOMMER, 1973:74).
O espaço pessoal é tanto a zona emocionalmente carregada em torno do indivíduo, como o processo
pessoal de demarcação e personalização do espaço habitado (SOMMER, 1973).
Fatores Culturais
No que se refere aos fatores culturais são avaliados os comportamentos, o conhecimento e os artefatos
culturais utilizados pelos indivíduos em seu ambiente. Nesse contexto observa-se a familiaridade que
segundo Tuan (1974), pode gerar afeição ou desprezo. O apego que uma pessoa tem a seus pertences
pode ser explicado pela característica que os objetos pessoais adquirem como extensões da
personalidade do indivíduo. À medida que se vive, são investidos sentimentos nos objetos pessoais,
em na própria casa e vizinhança, agregando-se valor emocional a um lugar principalmente devido ao
passado ali vivido. A familiaridade que se constrói através de laços emocionais aos locais em que se
vive protege da confusão do mundo exterior (TUAN, 1974:99).
A pesquisa de fatores culturais é feita a partir do trabalho de campo, buscando aprender através das
pessoas, e não estudar as pessoas. Para isso o pesquisador observa o que as pessoas fazem, busca
pouco a pouco tornar-se parte do grupo e seguir os exemplos das pessoas que o compõe.
33
estas categorias estão disponíveis na tese de Rheingantz (2000). Apenas uma alteração foi feita nesta
dissertação em relação aos atributos propostos por Rheingantz: a imageabilidade, originalmente
classificada na tese referida entre os atributos corporativos, nesta dissertação foi classificada como um
dos atributos de interação relativos à experiência do indivíduo no ambiente uma vez que possui
fortes elementos da cognição do usuário e do observador- pesquisador sobre o ambiente em estudo.
Atributos corporativos
Atributos de infraestrutura
Atributos construtivos
Conjunto de atributos espaciais e físicos que materializam o edifício, que definem sua forma e que o
sustentam (RHEINGANTZ, 2000:206), tais como forma, qualidade construtiva, garagem,
flexibilidade tecnológica e facilidade de manutenção.
Atributos de espaço
Diz respeito aos atributos relativos às necessidades espaciais para realizar as funções requeridas, tais
como área útil, flexibilidade de layout, Centro de Convenções, espaços de apoio, espaços
complementares.
34
predial, sistema de energia elétrica, sistema de detecção e prevenção de incêndio, sistema mecânico de
transporte vertical, sistema de ar condicionado, sistema de água, gás e esgoto, sonorização ambiente e
comunicação por áudio, segurança patrimonial, telemática17, birótica18, domótica19.
Em conformidade com a pesquisa piloto realizada por Abrantes (2004), na qual foi incorporada a
dimensão cognitiva e comportamental à avaliação de desempenho do ambiente construído, podemos
considerar que a partir da cognição, através da experiência traduzida pelo comportamento e pelas
atitudes dos usuários no ambiente de trabalho, verificamos a qualidade das interações que se
apresentam no ambiente (ABRANTES, 2004:12), e que através da Observação Incorporada, sob
uma perspectiva atuacionista e adotando o caminho da objetividade entre parêntesis podemos buscar
dados para aferir a qualidade do lugar tomando por base os atributos de desempenho do ambiente
construído.
No próximo capítulo é apresentada a contextualização desta pesquisa, na qual são abordadas as bases
teóricas no que diz respeito ao ambiente de trabalho.
17 Conjunto de serviços informáticos fornecidos através de uma rede de telecomunicações (HOUAISS, 2001).
18 Automação de serviços de escritório, possibilita que novos recursos, tais como equipamentos softwares e redes de
comunicação, sejam distribuídos (RHEINGANTZ, 2000:253).
19 Controle dos edifícios através de sensores, hardwares e softwares. A domótica garante a integração operacional entre os
vários recursos e sistemas prediais tais como: controle de temperatura de ambientes independentes ou em conjunto,
controle de iluminação externa e/ou interna, programação de música ambiente, controle de irrigação de jardins, detecção de
vazamento em tubulações, detecção de fumaças e gases tóxicos, detecção da presença de intrusos (RHEINGANTZ,
2000:254).
35
CAPÍTULO 2
CONTEXTUALIZAÇÃO
36
2. Contextualização
Até aqui foram abordados os processos de mudança de visão de mundo que vem ocorrendo com
grande velocidade nos séculos XX e XXI, e seus reflexos sobre os paradigmas de ciência. Foram
analisadas as repercussões das propostas de Maturana a experiência e os caminhos da objetividade
e Varela a abordagem atuacionista da cognição humana sobre a produção do conhecimento
científico e, no que diz respeito à arquitetura, sobre a proposição, ainda em fase de desenvolvimento
pelo grupo Pro-LUGAR, da abordagem da Observação Incorporada na Avaliação Pós-Ocupação do
ambiente construído.
Neste capítulo serão abordadas brevemente as conseqüências das mudanças na visão de mundo sobre
os modelos de trabalho, o ambiente construído e as tendências para o local de trabalho. A abordagem
adotada nesta seção busca focalizar aspectos que têm maior relevância com o tema desta pesquisa.
Para maior aprofundamento acerca do histórico dos edifícios de escritório e ambiente de trabalho
consultar a tese de Rheigantz (2000) e a dissertação de Abrantes (2004) que fazem parte da pesquisa
Projeto do Lugar para o Trabalho: Cognição e Comportamento Ambiental na Avaliação de
Desempenho de Edifícios de Escritório, da qual esta dissertação faz parte. Consultar também a
dissertação de Claudia Andrade (2000), que apresenta um histórico da produção brasileira, mais
especificamente paulista, de edifícios de escritório em contraposição à produção americana e européia,
e da tipologia de ambientes de trabalho até o final da década de 90.
Nesta seção é traçado um breve panorama dos modelos de trabalho da sociedade industrial e pós-
industrial, tomando por base trabalhos desenvolvidos por Manuel Castells (1999), em seu livro A
Sociedade em Rede, e por Rheingantz (2000), na fundamentação teórica de sua tese Aplicação do
Modelo de Análise Hierárquica COPPETEC-COSENZA na Avaliação de Desempenho de Edifícios de
Escritório.
No século vinte, marcado pelo final da revolução industrial e pelo início do período pós-industrial,
nasceram os modelos de trabalho denominados de taylorismo20 e fordismo21, destinados ao controle e
20 Taylorismo é o movimento de racionalização do trabalho baseado nas teorias administrativas de Frederick Taylor, que se
inicia no final do século XIX e é difundido e implantado em todo o mundo no início do século XX. Taylor utilizou a
cronometragem de cada fase do trabalho, na qual o operário executava uma tarefa elementar, buscando eliminar
movimentos muito longos ou inúteis. Ele observou existir uma grande variedade de modos de operação e de ferramentas
para cada atividade, considerando que os trabalhadores eram incapazes de determinar os melhores, por falta de instrução
ou capacidade mental. Ao mesmo tempo, acreditava que os mesmo tinham uma certa indolência, natural ou premeditada,
na execução de suas tarefas. Enfatizava, assim, ser de vital importância a gerência exercer um controle real sobre o
processo de trabalho, o que só poderia ser feito na medida em que a mesma dominasse o seu conteúdo, o procedimento do
trabalhador no ato de produzir. Taylor reduziu o homem a gestos e movimentos, sem capacidade de desenvolver atividades
mentais, que depois de uma aprendizagem rápida, funcionava como uma máquina. Na concepção de Taylor, o homem
37
racionalização para a produção maciça. O contexto social, econômico e político caracteriza-se por
duas grandes guerras mundiais, por um período de guerra fria que polarizou o mundo entre capitalistas
(EUA) e socialistas (URSS) e que posteriormente dissolveu-se com a fragmentação de diversos
estados socialistas e comunistas e a afirmação da hegemonia econômica e política dos Estados Unidos,
por uma economia transnacional, pela aceleração do conhecimento científico e pelos movimentos de
contra-cultura contestadores da sociedade de massa vigente, resultando em movimentos a favor das
minorias e da conscientização ecológica. Neste período, os avanços e investimentos tecnológicos em
infra-estrutura de comunicações e informação possibilitam os primeiros passos na viabilização do
comércio mundial e na integração global dos mercados financeiros.
Como resultado, o processo de trabalho é influenciado por uma série de tendências dominantes na
evolução organizacional, tais como: transição da produção em massa para a produção flexível; crise do
modelo de integração vertical e de divisão técnica e social do trabalho das empresas de grande porte e
flexibilidade das pequenas e médias empresas; modelo de licenciamento e subcontratação; interligação
de empresas de grande porte em alianças estratégicas.
podia ser programado em função da experiência, das condicionantes ambientais, técnicas e organizacionais
(CHIAVENATO, 1997)
21 Fordismo é um modelo elaborado por Henry Ford que complementa o Taylorismo acrescentando dois princípios: a
integração dos diversos segmentos do processo de trabalho através de esteiras ou trilhos, e a fixação dos trabalhadores em
seus postos de trabalho. Deste modo, é garantida que a cadência de trabalho passa a ser regulada de maneira mecânica e
externa ao trabalhador. O número de postos de trabalho é multiplicado, cabendo a cada operário o menor número de
atividades possível. Essa mesma parcelização do trabalho se reproduz no setor administrativo (CHIAVENATO, 1997).
22 Para designar esse período, é possível se valer dos argumentos de De Masi (1999:169): Parece até legítimo levantar a
hipótese de que a sociedade pós-industrial, diferentemente das sociedades precedentes (que exploraram sucessivamente a
caça, a criação, a agricultura, o mercado, a indústria), não se apoiará mais sobre um setor único, centralizado, mas sobre
uma pequena rede de setores e fatores no mesmo nível de importância (a informação,a ciência, os serviços, a própria
indústria, etc). Por conseqüência, não estamos nem em condições de dar um nome preciso a essa mudança de época, de
que, entretanto, percebemos o imenso alcance. ... É por isso que eu prefiro usar ainda o termo pós-industrial : um nome
que não ousa dizer o que seremos, mas se limita a recordar o que já não somos .
38
atividades, valorização dos cargos administrativos, técnicos e profissionais especializados e aumento
do número de funcionários administrativos e de vendas.
Tais mudanças da sociedade industrial para a sociedade pós-industrial geraram influência sobre o
ambiente construído em geral, e especialmente sobre o local de trabalho.
Nesta seção são apresentados: (1) observações a respeito do conceito do espaço e do tempo na
sociedade pós-industrial tendo por referência Castells (1999), a partir de seu livro A Sociedade em
Rede; (2) um breve panorama sobre as conseqüências das mudanças da visão de mundo sobre o
ambiente construído referenciado na fundamentação teórica da tese de Rheingantz (2000); e (3) uma
visão geral sobre as transformações do ambiente de trabalho e tendências de futuro, fundamentada nos
trabalhos de Klein (1982), Pile (1984), Becker & Steele (1994), Smith & Kearny (1994), Vischer
(1996), Duffy (1997), Worthington (1997), De Masi (1999) e Rheingantz (2000).
Até a revolução industrial o ambiente externo, o fora, é identificado com a atividade física e o
trabalho, e o ambiente interno, o dentro, é identificado com o repouso e a proteção de perigos
externos. O espaço exterior é modificado pelo homem através de materiais e técnicas de construções
utilizadas de maneira coerente com a natureza e o clima. A visão de mundo-máquina e a revolução
industrial modificam esta concepção de ambiente e, com isso os limites naturais do habitável são
substituídos pelos limites técnicos, econômicos e políticos, cujas formas passam a ser ajustadas às
novas tecnologias, subvertendo o saber acumulado na produção de edifícios e aglomerações
(RHEINGANTZ, 2000:10).
39
exercem influência mais restrita (Cidade do México, Johannesburgo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Buenos Aires) (CASTELLS, 1999).
A sociedade organizada em redes tem em seus pontos de conexão os instrumentos de poder, sendo os
conectores os detentores do poder. Neste contexto, as cidades globais são centros econômicos,
tecnológicos, sociais, de inovação cultural e política e os nós de conexão entre os diversos tipos de
redes globais. Nessas cidades há ao mesmo tempo dispersão espacial e integração global que afetam a
logística e a produção dos edifícios industriais e de escritórios, em especial aqueles de alta tecnologia,
nos quais ocorrem as práticas sociais de tempo compartilhado e a constituição em torno de fluxos
diversos: de capital, de informação, de imagens, sons e símbolos.
No que diz respeito aos edifícios de escritórios, na era industrial estes refletiam princípios do
taylorismo e fordismo: ordem, hierarquia, supervisão e despersonalização. Após a Segunda Guerra
Mundial, os avanços nos sistemas de condicionamento de ar, iluminação artificial, transporte vertical e
os novos equipamentos (máquina de escrever, telégrafo, telefone) levam a modificações em sua
concepção, buscando integrar os diversos sistemas que dele fazem parte.
Os avanços tecnológicos capazes de produzir equipamentos prediais que até certo ponto prescindem
das condições geográficas locais, aumentam a crença na tecnologia e resulta na arquitetura
International Style, que produz edifícios quase idênticos em diferentes regiões do planeta. A expressão
da hierarquia se dá na ocupação dos pavimentos os mais altos são utilizados pela diretoria, próximo
às janelas ficam as salas dos executivos e no centro do pavimento ficam os funcionários de apoio.
Também na década de 60 surge, nos Estados Unidos, o Action Office, um sistema de mobiliário com a
mesma idéia de escritório paisagem, porém, reconhecendo conflitos entre privacidade e interação,
propõe um sistema de divisórias de diferentes alturas para delimitação dos espaços sem perda de
comunicação.
40
organização do trabalho, levando, na década de 90, às concepções de escritórios virtuais, não-
territoriais, home office, red carpet club, dentre outros.
Em relação aos edifícios, sua concepção é cada vez mais influenciada pela necessidade de adaptar-se
continuamente às demandas tecnológicas e da organização do trabalho. Além disso, ao contrário do
que se pensava, as telecomunicações ainda não tornaram irrelevante a localização dos escritórios. O
que se observa é a concentração da economia informacional em torno das cidades globais. Em relação
ao futuro, as seguintes sugestões são indicadas pelos pesquisadores da área:
1. Franklin Becker e Fritz Steele (1994) propõem o conceito de ecologia organizacional, onde o
ambiente de trabalho passe a ser pensado como um sistema que depende da integração de
padrões físicos, processos de trabalho, cultura organizacional e informática, de modo a
suportar os novos processos negociais.
2. Phyl Smith e Lynn Kearny (1994) sustentam a necessidade de se produzir desenhos de
espaços de trabalho baseados nas pessoas (human-based workspace design), e na busca da
compreensão de como o indivíduo realiza suas atividades de maneira mais efetiva, superando
as 4 crenças que predominam na produção de escritórios da atualidade: na adaptabilidade
infinita das pessoas; no uso da estética para demonstrar hierarquia e para motivar as pessoas;
no espaço de trabalho padronizado; na idéia de que as necessidades das pessoas custam mais
do que o que as pessoas valem.
3. Vischer (1996) considera a relação entre a organização e o ambiente físico que ocupa como
um aspecto central da força, crescimento e sucesso das organizações, e que tanto a crescente
conscientização, quanto interação dinâmica entre os usuários do ambiente construído e suas
instalações (accommodation) são a chave para a melhoria da qualidade desta relação. A autora
considera que, cada vez mais, as organizações percebem que o espaço que ocupam deve ser
um ambiente de qualidade que é parte integrante do desempenho no trabalho.
4. Francis Duffy (1997:67) sugere que o planejamento do projeto de escritório e o planejamento
das estratégias de negócios podem ser integrados com benefício mútuo [numa abordagem] (...)
integrada e sistemática sobre a estrutura organizacional, processos de trabalho e conseqüências
físicas .
5. Worthington (1997) por sua vez sugere a integração das três abordagens vigentes em termos
de diretriz projetual dos edifícios maximização do valor de uso para a organização (alemã),
maximização do valor de troca (anglo-saxã), maximização do valor estético ou tecnológico
e, além disso, que se explore o uso da tecnologia com o objetivo de assegurar soluções que
ampliem as opções dos usuários e que maximizem o seu valor negocial.
6. Rheingantz (2000) considera que o futuro dos edifícios e ambientes de escritório deve se
adequar às constantes mudanças nos modelos e relações de trabalho e conseqüente indefinição
quanto à necessidade de área, instalações, equipamentos e pessoal. Neste sentido considera
41
que os edifícios e ambientes de trabalho serão mais orgânicos quanto à oferta de tipos de
espaço de trabalho e seu compartilhamento, sugerindo edifícios com ambientes
predominantemente do tipo espaço-clube e uma variedade de serviços de apoio ou
complementares (RHEINGANTZ, 2000:94).
Mesmo diante de novos paradigmas e de demandas inovadoras, ainda parece existir uma relutância
dos projetistas em considerar a defasagem dos pressupostos e processos projetuais tradicionais. Essa
visão é disseminada na produção da arquitetura International Style, que dissocia a concepção do
edifício da atividade interna de seus ocupantes e separa o projeto do edifício do projeto de interiores.
A produção de edifícios inteligentes não representou uma revisão de paradigmas, mas apenas a
adoção irrefletida de novidades tecnológicas de eficiência muitas vezes questionável.
Alguns autores apontam as possíveis razões para a dificuldade de superar processos projetuais
tradicionais defasados. John Zeisel (1981) indica como responsável a crença no deterministmo
arquitetônico. Smith & Kearny (1994), por sua vez, consideram que as razões estão na maior
facilidade de execução das práticas tradicionais, devido à menor necessidade de dados e informações
e, também, por não demandarem maiores habilidades dos projetistas. Segundo Rheingantz essa
questão transcende a competência dos arquitetos, e a responsabilidade inclui todos os envolvidos com
a produção do ambiente construído; sugere ainda que todos necessitam rever suas crenças, renovar
paradigmas e abandonar a postura de saber messiânico em troca de uma nova relação onde
compartilhem seus conhecimentos e suas técnicas com os usuários e/ou cidadãos.
42
Ao utilizar tal abordagem no processo de APO, como subsídio à concepção de ambientes de trabalho,
busca-se também uma ferramenta que possibilite uma maior consistência entre sua produção e os
modelos de trabalho que vêm se desenvolvendo nesta sociedade pós-industrial.
Conforme consta na seção 2.1, as mudanças dos modelos de trabalho, desde a concepção taylorista
ligada à metáfora da máquina até os reflexos dos avanços da tecnologia da informação sobre o modelo
de produção, sustentados nos valores da sociedade pós-industrial complexidade, subjetividade,
qualidade, cooperação, empregabilidade, intelectualização da atividade humana resultaram em
organizações mais fluidas, horizontais, flexíveis e adaptáveis.
Tais mudanças se refletem sobre a estrutura ocupacional dos indivíduos no trabalho: menos
verticalizada e burocrática e mais flexível e horizontal, organizada conforme o processo de trabalho e
menos segundo a função na hierarquia, menos mecânica e mais criativa.
No próximo capítulo serão expostos os métodos e instrumentos através dos quais esta pesquisa buscou
integrar a abordagem da Observação Incorporada ao processo de Avaliação Pós-Ocupação do
ambiente de trabalho.
43
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
44
3. Materiais e Métodos
Todos os instrumentos utilizados em campo nesta pesquisa foram desenvolvidos junto ao grupo Pro-
LUGAR, que tomou por base a bibliografia internacional sobre APO, as dissertações e teses
desenvolvidas por integrantes do grupo em consultorias e projetos que utilizaram a APO como
ferramenta de trabalho. Um catálogo de instrumentos de APO encontra-se em fase de elaboração pelo
grupo Pro-LUGAR, ao qual serão incorporados os instrumentos aplicados neste trabalho.
Através deste catálogo o grupo Pro-LUGAR pretende sistematizar instrumentos de APO que possam
ser aplicados sob uma perspectiva atuacionista da cognição que, segundo Alcantara23:
poderão se transformar em meios para despertar a concepção imaginativa do arquiteto , não
como limitador, mas como um universo ampliado de possibilidades onde a nossa experiência
pessoal mistura-se ao coletivo, pois somos todos seres humanos plenos de emoções, desejos e
sonhos .
As categorias de instrumentos que compõem o catálogo, propostas pelo grupo Pro-LUGAR, são24:
23 Trecho da estrutura preliminar do catálogo de instrumentos, redigido pela arquiteta M.Sc.Denise Alcântara, doutoranda
pelo PROARQ, integrante do grupo Pro-LUGAR.
24 Cada integrante do grupo Pro-LUGAR está encarregado de desenvolver um grupo de instrumentos. Coube a esta
pesquisadora elaborar o material acerca da análise de dados culturais, conversa livre, diferencial semântico, mapa
conceitual, mapeamento visual e observação participante.
45
1. Análise Visual: preferências visuais, ficha de inventário ambiental, seleção visual (ou tipologias de
ambientes internos), ficha de registro de ambientes, maquete virtual, mapa de fluxos, mapeamento
visual, levantamento fotográfico, figura-fundo, visão serial.
2. Questionários: questionário de opinião do usuário, questionário de sondagem, inventário (mapa)
de fluxos, desempenho físico-espacial, questionário de desempenho acústico.
3. Observação: análise walkthrough, análise talkthrough, percurso de conscientização (awareness
walk), observação participante, análise de dados culturais, passeios acompanhados, análise da
tarefa.
4. Simulação / jogos: atributos de desempenho (matrizes), atributos de desempenho (listagem), jogo
de análise espacial (quebra-cabeças / recorta-e-cola), baralho de seleção visual.
5. Entrevistas: entrevista estruturada, entrevista semi-estruturada, entrevista não estruturada.
6. Escalas de Atitude: Modelo de Análise Hierárquica fuzzyficação dos atributos, diferencial
semântico.
7. Análise de Conteúdo: software que verifica as freqüências de palavras-chave.
8. Mapeamento e desenhos: mapa conceitual, mapas mentais ou cognitivos, matriz de descobertas.
9. Livre Expressão: conversa-ação (ou livre), bate-bola ou bate-papo, poema dos desejos.
No anexo 13 é apresentado o material preliminar elaborado pelo grupo Pro-LUGAR para o catálogo,
ainda em fase de elaboração. Nos anexos 2 ao 12 são apresentados os instrumentos aplicados neste
trabalho.
O grupo Pro-LUGAR buscou elaborar modelos de instrumentos a serem aplicados também em outras
pesquisas de seus integrantes em andamento, com a intenção de verificar sua adequação e realizar um
acúmulo e entrecruzamento de dados que possam contribuir com os objetivos da pesquisa Projeto do
Lugar para o Trabalho: Cognição e Comportamento Ambiental na Avaliação de Desempenho de
Edifícios de Escritório na qual se insere esta dissertação, conforme mencionado na introdução.
Todos os instrumentos adotados foram aplicados tendo como referência a perspectiva auto-inclusiva
da Observação Incorporada, agregando as percepções, experiências e histórico da pesquisadora, assim
como dos demais sujeitos relacionados ao processo de avaliação do ambiente em questão.
46
Para agregar a Observação Incorporada ao processo de aplicação dos instrumentos, a pesquisadora
buscou fazer uso da reflexão atenta para investigar a experiência humana, com o objetivo de registrar
os processos vividos, interrompendo a cadeia de padrões de pensamentos habituais e preconcepções,
de forma a ser uma reflexão aberta (VARELA et al, 2003:43) e buscando assumir as indicações de
Rheingantz (2000) quanto ao papel do arquiteto-terapeuta do ambiente construído, um especialista em
prestar atenção e em ter consciência da situação. Segundo Rheingantz (2004:s/p)
Em lugar de continuar a simplesmente replicar experimentos, precisamos: (a) nos capacitar para
experienciar o ambiente construído com uma atenção tão precisa e desapaixonada25 quanto
possível; (b) aprender a, simplesmente, observar o pensamento e a dirigir nossa atenção para o
processo ininterrupto da experiência; (c) aprender a reconhecer o contato mente/objeto, o
sentimento dele proveniente, o discernimento do objeto, a intenção a ele relacionada e a atenção
com o objeto que, combinados, formam o caráter de nossa consciência em um momento particular
da experiência.
A exemplo de del Rio (1991) e Rheingantz et al (1998), na pesquisa de campo foi adotada a proposta
de Zube (in DEL RIO, 1991) de considerar as experiências vivenciadas dos usuários e da pesquisadora
como instrumentos em si para a medição e identificação da qualidade do ambiente, considerando que
a perspectiva atuacionista não implica na negação dos instrumentos e métodos tradicionais de
avaliação de desempenho; ela implica em sua re-significação (RHEINGANTZ, 2004:s/p).
Segundo Sommer (1979:135) não existe um método melhor para se colher os palpites dos usuários; o
método deve surgir naturalmente do problema e das circunstâncias. O ideal é usar diversas técnicas
diferentes e deixar a avaliação se prolongar por um certo período de tempo . Os procedimentos
utilizados nesta pesquisa buscaram seguir esta recomendação: os instrumentos foram definidos e
aplicados conforme o problema abordado a incorporação do olhar cognitivo contribui
efetivamente para a compreensão da qualidade do lugar de trabalho? e buscando a adequação às
características do estudo de caso apresentadas no Capítulo 4.
25Considera-se o termo desapaixonada no sentido de manutenção da lucidez em relação às emoções que estão sendo
sentidas.
47
instrumentos utilizados neste trabalho são indicados no quadro 3. Relação dos materiais/instrumentos
e métodos selecionados.
A seguir são apresentados cada um dos instrumentos elaborados para esta pesquisa, suas
características e objetivos.
Na análise walkthrough (PREISER in BAIRD et al, 1995) o ambiente físico serve para articular as
reações dos participantes da walkthrough em relação ao edifício. Através desta técnica é possível obter
informações dos ocupantes do espaço físico, dos participantes da walkthrough, e realizar uma
checagem e levantamento das condições e características do edifício. A análise walkthough pode servir
de base para a elaboração de questionários, entrevistas e outras observações mais detalhadas.
Foi elaborado um roteiro de análise walkthrough (anexo 2) com base no conteúdo das matrizes de
oferta e demanda dos atributos de desempenho do ambiente construído sistematizados por Rheingantz
(2000) e no roteiro de observação e análise elaborado e aplicado por Abrantes (2004) no estudo de
caso piloto que faz parte da pesquisa maior a que se vincula esta dissertação. Todos os atributos de
desempenho adotados nesta pesquisa, conforme explicitado na Fundamentação Teórica (Capítulo 1),
fazem parte do roteiro utilizado no estudo de caso deste trabalho.
O roteiro de análise walkthrough contém uma listagem dos aspectos a serem observados/analisados,
um campo para atribuir um conceito/avaliação para cada aspecto26 e outro campo para registro por
26Os conceitos utilizados no roteiro de análise walkthrough foram A (ótimo), B (bom), C (ruim), D (péssimo), 0 (inexistente),
X (não se aplica).
48
escrito das observações. Este último campo foi incluído para possibilitar o registro das impressões da
pesquisadora em sua primeira experiência em campo, com a intenção de adotar desde o primeiro
contato a abordagem da observação incorporada.
A walkthrough foi selecionada como um dos instrumentos a serem aplicados neste estudo de caso com
o objetivo de possibilitar a familiarização com o ambiente e a compreensão da estrutura física do local.
Além disso, na walkthrough foram realizados registros fotográficos, anotações, esquemas e desenhos,
e plantas baixas do escritório, buscando obter dados preliminares sobre todos os atributos de
desempenho do ambiente construído.
3.1.2 Entrevistas
A técnica de entrevista segundo Sommer & Sommer (1997), Zeizel (1981) e (PREISER in BAIRD et
al, 1995) consiste em fazer perguntas e registrar as respostas de maneira fidedigna para análise
posterior. As entrevistas podem ser: (1) estruturadas, com perguntas específicas (abertas ou fechadas)
que podem seguir uma padronização que facilite o registro e tabulação posterior de dados quantitativos
(FRUCCI in ORNSTEIN, 1995); (2) semi-estruturadas, conduzidas com o apoio de um roteiro com os
principais aspectos a serem abordados, buscando elucidar assuntos específicos cuja importância já
tenha sido identificada (PREISER in BAIRD et al, 1995) e (3) não estruturadas, sem nenhuma linha
de perguntas pré-determinadas, o interlocutor é incentivado a falar livremente sobre hipóteses que o
pesquisador deseja testar (FRUCCI in ORNSTEIN, 1995).
Foram elaborados 3 tipos de entrevistas (anexo 10 a 12): (1) entrevista semi-estruturada com o
gerente administrativo do edifício, para esclarecer aspectos acerca dos atributos construtivos, de
espaço e de recursos/serviços prediais; (2) entrevista semi-estruturada com os autores do projeto do
escritório pesquisado, para obter informações acerca do processo de projeto e obra, relacionados aos
atributos corporativos, de espaço e ambiência interna; (3) entrevista estruturada com um gerente da
empresa pesquisada, para obter dados acerca das características organizacionais da empresa, que se
relacionam com os atributos de interação, corporativos, de infra-estrutura, construtivos e de espaço.
Segundo Downs e Stea (in SANOFF, 1991) um mapeamento cognitivo é um processo cognitivo
composto de uma série de transformações psicológicas, através das quais uma pessoa adquire,
49
codifica, rememora e decodifica informações acerca da localização relativa e dos atributos do seu
ambiente cotidiano.
O mapa cognitivo é um instrumento que permite a análise da imagem ambiental. Segundo Lynch
(1999:140-144):
Nossa imagem ambiental ainda é uma parte fundamental de nosso instrumental de vida... [e] tem
sua origem funcional na permissão do movimento dirigido a um fim... A descoberta do caminho é
a função primeira da imagem ambiental e a base sobre a qual talvez se tenha desenvolvido as
associações emocionais. Mas a imagem é válida não apenas nesse sentido imediato, no qual
funciona como um mapa para a orientação do movimento; em sentido mais amplo pode servir
como um sistema geral de coordenadas dentro do qual o indivíduo pode agir, ou em relação ao
qual pode associar seu conhecimento... A organização simbólica da paisagem pode ajudar a
diminuir o medo e estabelecer uma relação emocionalmente segura entre o homem e seu ambiente
total.
O exame da imagem ambiental pode ser feito a partir de mapas esquemáticos elaborados pelos
usuários de um determinado ambiente, buscando identificar nos desenhos os elementos que a
compõem: Percursos (ou caminhos), limites, setores, nós e marcos27 (LYNCH, 1999); e classificando
os mapas conforme a estrutura do desenho28 (FÁVERO in ALCANTARA, 2002:26): (1) mapas
simbólicos compreende os desenhos constituídos apenas por uma imagem , (2) mapas semi-
estruturados relativo aos desenhos que sugerem uma lógica operacional simples, no sentido de ser
formada por poucos elementos, ou por apresentarem apenas um recorte da área , e (3) mapas
estruturados compreendem os desenhos nos quais foi possível observar um grau elevado de
complexidade quanto à compreensão e estruturação do lugar .
Para esta pesquisa foi elaborado o instrumento mapa cognitivo (anexo 5), que solicita ao respondente
que faça um desenho esquemático do ambiente de trabalho, indicando os elementos que considera
importantes, bem como os acessos e percursos do edifício. O objetivo da aplicação deste instrumento é
levantar dados sobre a percepção ambiental dos usuários que possam elucidar a dimensão cognitiva e
comportamental de todos os atributos de desempenho do ambiente construído.
27 Segundo Lynch (1999:52 e 53), (a) os percursos (vias) são os canais de circulação por onde o observador se desloca; (b)
os limites são os elementos lineares não usados ou entendidos como percursos pelo observador; (c) os setores são as
regiões nas quais o observador penetra mentalmente e que são reconhecíveis por possuírem características comuns que os
identificam; (d) os nós (pontos nodais) são os lugares estratégicos, os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais
[o observador] se locomove ; e (e) os marcos são referências externas, nas quais o observador não entra, mas que são
usados como indicadores de identidade.
28 As dissertações de Fávero e Alcantara fazem parte da pesquisa maior Projeto do Lugar para o Trabalho: Cognição e
Comportamento Ambiental na Avaliação de Desempenho de Edifícios de Escritório na qual se insere esta dissertação. Para
manter os mesmos parâmetros de avaliação foi adotada a mesma classificação dos mapas cognitivos.
50
A técnica de construção de mapas conceituais29 será utilizada na análise dos dados da pesquisa de
campo, com o objetivo de organizar e representar conhecimentos através da identificação de
conceitos-chave e da relação entre eles. Através de mapas conceituais é possível identificar e
representar graficamente, de maneira sintética e didática, dados obtidos verbalmente ou por escrito
através dos demais instrumentos de pesquisa adotados. A descoberta e proposta de incorporação dos
mapas conceituais ao Catálogo de Instrumentos de APO em elaboração pelo grupo Pro-LUGAR foi
feita pela autora desta dissertação.
29 É possível acessar gratuitamente através da Internet um software para construção de Mapas Conceituais no endereço
http://cmap.ihmc.us/.
30 A denominação do instrumento como mapa conceitual considera a terminologia da referência bibliográfica, embora o
termo conceitual possa ser questionado se considerado o significado de conceito como a compreensão que alguém tem de
uma palavra; noção, concepção, idéia (DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001). Por outro lado, se
considerada a definição de conceito como a representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como
um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e
aspectos da realidade , (DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001) o termo mapa conceitual parece
adequado.
31 Numa estrutura hierárquica causal, os conceitos são ordenados numa seqüência de causas e efeitos. Na estrutura
51
4. Estabelecimento das referências cruzadas cross-links, entre os conceitos-chave inicialmente não
relacionados no mapa conceitual preliminar. As referências cruzadas podem enriquecer as relações
entre os conceitos e aprofundar seu entendimento, levar a novas idéias e elucidar relações
implícitas no domínio de conhecimento em estudo, sendo um recurso para o desenvolvimento da
criatividade e do conhecimento.
Revisão do mapa conceitual a partir da determinação das referências cruzadas, buscando posicionar os
conceitos e as proposições de maneira a tornar o mapa conceitual claro, lembrando que um mapa
conceitual nunca está pronto.
As figuras 141 e 142 no Capítulo 5 desta dissertação são exemplos de mapas conceituais elaborados
para auxiliar na análise dos dados obtidos na pesquisa de campo.
Técnica utilizada para identificar a opinião dos funcionários acerca do ambiente de trabalho da
empresa, proposta por Ross Thorne, da University of Sydney (in BAIRD et al 1995).O procedimento
descrito por Thorne consiste no fornecimento da planta baixa humanizada do ambiente em análise
acompanhado de questões que o estimulem o respondente a registrar na planta o que o agrada e o
incomoda naquele local.
Para esta pesquisa foi elaborado o instrumento mapeamento visual (anexos 8 e 9), contendo a planta
baixa do pavimento no qual se encontra o posto de trabalho do respondente e uma solicitação por
escrito para que fosse registrado na planta os pontos positivos e negativos do ambiente de trabalho.
O instrumento de mapeamento visual foi elaborado visando obter dados sobre os atributos de
interação, de espaço, de ambiência interna e de recursos/serviços prediais.
O Wish Poem ou poema dos desejos foi desenvolvido por Henri Sanoff, professor da North Carolina
State University, utilizados com sucesso pela primeira vez pelo Proarq em 1998, quando Sanoff
ministrou um curso de curta duração e um workshop realizado no Colégio Aplicação da UFRJ. Neste
evento foi possível verificar a importância dos métodos de Community Design, procedimentos que
incorporam a participação dos usuários no desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo,
dentre os quais se enquadra o Wish Poem. Nesta técnica, os usuários de um determinado ambiente
explicitam, por escrito, seus desejos e sentimentos sobre o ambiente analisado, em um exercício de
livre expressão e idealização de um espaço (SANOFF in BAIRD et al, 1995).
52
Neste trabalho foi elaborado o instrumento poema dos desejos (anexo 6) no qual é solicitado ao
respondente que complete a frase Gostaria que meu local de trabalho... . Este instrumento foi
elaborado com o objetivo de obter dados acerca da dimensão cognitiva e comportamental em relação a
todos os atributos de desempenho do ambiente construído adotados na pesquisa.
3.1.7 Questionários
Os questionários são instrumentos que apresentam, por escrito, perguntas a serem respondidas
também por escrito pelos usuários, em questões de múltipla escolha (a partir de escala de valores ou
não) ou discursivas (BAIRD et al, 1995).
Para Sommer (1979) em questionários ou entrevistas as perguntas devem obedecer a três critérios: (1)
devem tratar de temas que sejam importantes e façam sentido para quem as responde; (2) devem ser
feitas sem segundas intenções; e (3) pelo menos algumas das perguntas permitam ao pesquisado uma
grande liberdade nas respostas ele [o respondente] não deve ser coagido dentro das categorias
predeterminadas, para que suas respostas não distorçam suas verdadeiras opiniões (SOMMER,
1979:133).
Sannof (1991) argumenta que os questionários apresentam um risco, uma vez que podem influenciar
as respostas na medida em que fazem certas perguntas e não outras, além de necessariamente
sentenciá-las de uma determinada maneira que, inevitavelmente, levará a alguma interpretação. No
entanto, as respostas obtidas com os questionários são importantes, sendo necessário apenas que
possam ser correlacionadas aos dados obtidos por meio de outros instrumentos.
O uso de questionários na APO busca verificar: (1) perfis: dados pessoais dos respondentes, por
exemplo sexo, idade, nível de instrução; (2) atitudes: preferências e sentimentos dos respondentes; (3)
comportamentos: hábitos, o que é feito rotineiramente ou o que se pretende fazer; (4) crenças: o que é
considerado verdadeiro ou falso (ORNSTEIN, 1992). Nos questionários aplicados nesta pesquisa
também foram obtidos dados acerca dos valores, a importância dada pelos respondentes a certos
aspectos analisados, a partir das opiniões expressas nas respostas a algumas das perguntas.
Para esta pesquisa foram elaborados: (1) um questionário de opinião dos usuários (anexo 3), para
coleta de dados pessoais, funcionais e do local/ambiente de trabalho, avaliação do edifício como um
todo e do ambiente/local de maior permanência através de perguntas de múltipla escolha com escala
de valores, identificação dos principais problemas e qualidades do edifício e do local de trabalho
através de respostas por escrito em extenso, e campo para observações gerais para registro livre de
opiniões; e (2) um questionário complementar (anexo 7) estruturado em 6 perguntas de resposta
aberta, com a intenção de esclarecer aspectos específicos levantados pela aplicação prévia de outros
instrumentos.
53
O questionário de opinião do usuário foi elaborado com o objetivo de obter dados acerca de todos o
atributos de desempenho do ambiente construído nos quais se referencia a pesquisa. O questionário
complementar teve um papel mais específico, conforme elucidado no Capítulo 4, e foi elaborado com
a intenção de esclarecer aspectos relativos aos atributos de interação, corporativos, de espaço e de
ambiência interna.
A tipologia de ambiente interno (anexo 4) é um instrumento de análise visual. Segundo Sanoff (1991),
através de métodos visuais é possível identificar aspectos da cognição do usuário, seus valores,
crenças e culturas, que complementam informações obtidas através de outros tipos de instrumentos
mais tradicionais, tais como questionários e entrevistas.
A tipologia de ambiente interno foi elaborada com o objetivo de obter dados acerca dos atributos de
interação, de espaço e de ambiência interna.
Ao todo foram 8 instrumentos elaborados para a aplicação em campo: (1) análise walkthrough; (2)
questionário de opinião do usuário; (3) tipologia de ambiente interno; (4) mapa cognitivo; (5) poema
dos desejos; (6) questionário complementar; (7) mapeamento visual; (8) entrevistas. Através da
aplicação na pesquisa de campo desses 8 instrumentos para APO pretende-se obter dados acerca das 7
categorias principais de atributos de desempenho do ambiente construído adotadas nesta pesquisa. O
quadro 4 apresenta a relação entre os instrumentos da pesquisa e os atributos de desempenho do
ambiente construído.
54
Quadro 4: 7 principais categorias de atributos de desempenho e os instrumentos para APO empregados.
Atributos de desempenho Instrumentos
Walktrough, questionário de opinião do usuário,
Interação: imageabilidade, grau de adaptabilidade, cronêmica, tipologia de ambiente interno, mapa cognitivo, poema
proxêmica, fatores culturais. dos desejos, questionário complementar, mapeamento
visual, entrevistas.
Walktrough, questionário de opinião do usuário, mapa
Corporativo: localização, relação com a vizinhança, custo de
cognitivo, poema dos desejos, questionário
instalação, custo operacional, valor imobiliário.
complementar, entrevistas.
Infra-estrutura: condições do terreno, acesso de veículos, transporte
Walktrough, questionário de opinião do usuário, mapa
terrestre, transporte aéreo, redes de telecomunicação, de energia
cognitivo, poema dos desejos, entrevistas.
elétrica, de água, de esgoto, de drenagem, de iluminação pública.
Construtivos: forma, qualidade construtiva, garagem (estacionamento), Walktrough, questionário de opinião do usuário, mapa
flexibilidade tecnológica, facilidade de manutenção. cognitivo, poema dos desejos, entrevistas.
Walktrough, questionário de opinião do usuário,
Espaço: área útil, flexibilidade de layout, centro de convenções, tipologia de ambiente interno, mapa cognitivo, poema
espaços de apoio, espaços complementares. dos desejos, questionário complementar, mapeamento
visual, entrevistas.
Walktrough, questionário de opinião do usuário,
Ambiência interna: acessibilidade, circulação interna, confortos tipologia de ambiente interno, mapa cognitivo, poema
aeróbico, térmico, visual, auditivo e tátil dos desejos, questionário complementar, mapeamento
visual, entrevistas.
Recursos/serviços prediais: gerenciamento predial, sistemas de
energia elétrica, de detecção e prevenção de incêndio, de transporte Walktrough, questionário de opinião do usuário, mapa
vertical, de ar-condicionado, de água, gás e esgoto, sonorização cognitivo, poema dos desejos, mapeamento visual,
ambiente/comunicação por áudio, segurança patrimonial, telemática, entrevistas.
birótica e domótica.
No próximo capítulo serão apresentados os dados acerca do estudo de caso obtidos através da
aplicação dos instrumentos e do processo de Observação Incorporada em campo.
55
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO
56
4. Estudo de Caso Escritório de Empresa do Setor de Educação Executiva
A pesquisa de campo foi desenvolvida tendo por base a abordagem da Observação Incorporada
aplicada aos procedimentos da APO. O objetivo de adotar esta base foi enfocar o processo de
avaliação de desempenho do ambiente construído sobre a ótica da experiência e da cognição humana
daqueles que são os usuários do local objeto de estudo, conforme explicitado na Fundamentação
Teórica (Capítulo 1).
Neste capítulo serão apresentados os dados obtidos no estudo de caso em que a pesquisadora buscou
adotar um novo olhar, explorando os caminhos da abordagem atuacionista da cognição humana,
aplicado à Avaliação Pós-Ocupação do ambiente construído, e que poderá vir a influenciar a futura
produção de ambientes de trabalho.
Para tanto foram utilizados instrumentos da APO, aplicados com a ótica da Observação Incorporada,
ou seja, buscando identificar as características da cognição e experiência dos usuários em interação
57
com a pesquisadora, acerca do ambiente de trabalho. As análises e diagnósticos, ou as explicações
formuladas dizem respeito a uma realidade, relativa ao contexto apresentado e observado de maneira
incorporada pela pesquisadora.
A definição do local para a realização da pesquisa de campo foi difícil devido à indisponibilidade das
empresas para abrirem suas dependências a pesquisadores. O presente estudo de caso somente foi
viabilizado em função do vínculo de amizade existente entre um de seus executivos e a pesquisadora.
Ainda assim muitas restrições foram estabelecidas em função da agenda de eventos da empresa e da
pouca disponibilidade de tempo dos funcionários. Com o objetivo de garantir o anonimato dos
envolvidos, foram utilizados nomes fictícios para designar a empresa, o edifício onde está instalada e
os funcionários participantes da pesquisa.
Antes dos instrumentos serem aplicados com os usuários, foi realizado um pré-teste e discussão dos
resultados com o grupo Pro-LUGAR, o que possibilitou a correção de termos ambíguos e ajustes para
clarear as instruções de preenchimento. O pré-teste possibilita assegurar que a coleta de dados leve à
obtenção de informações de fato úteis à pesquisa e evite desperdício de esforços (PREISER, et al,
1988). Ainda assim, durante a aplicação dos instrumentos em campo, houve alguns casos em que a
intenção da pergunta ou a definição de um termo não ficou absolutamente clara, gerando equívocos de
interpretação e afetando nas respostas. Tais situações serão descritas ao longo deste capítulo.
A pesquisa de campo foi realizada entre setembro e dezembro de 2004. Ao todo foram realizadas 10
visitas ao escritório da empresa objeto deste estudo:
1ª Visita 29/09/2004: realização da walkthrough, levantamento fotográfico do entorno e do edifício.
2ª Visita 28/10/2004: observações preliminares, combinações com pessoal da empresa acerca da
maneira de proceder com a pesquisa, levantamento fotográfico das áreas de trabalho.
3ª a 5ª Visitas 17/11/2004: início da aplicação dos instrumentos e da Observação Incorporada,
revisão do lay out e levantamento fotográfico das áreas de trabalho.
6ª Visita 24/11/2004: participação na Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho
SIPAT, observações, levantamento fotográfico das áreas de trabalho.
7ª a 9ª Visitas 25/11/2004: aplicação dos instrumentos e observações, levantamento fotográfico das
áreas de trabalho.
10ª Visita 19/11/2004: Entrevista com o Gerente Administrativo do Edifício, levantamento
fotográfico.
58
Relato do andamento da pesquisa de campo nº 132
Procedendo dessa maneira, as respostas tem tido muita qualidade. Todos responderam sem pressa
e verbalizando algumas opiniões que estou anotando em meu caderno de campo. Por outro lado
leva tempo, entre 30 minutos e 1 hora (alguns são detalhistas) e com isso consigo aplicar com
poucas pessoas por dia.
A empresa contava, à época do início da realização do estudo de caso, com cerca de 80 funcionários,
tendo reduzido este número para aproximadamente 70 enquanto ainda eram aplicados os instrumentos
de pesquisa. Dois dos funcionários entrevistados no início do processo foram demitidos e um terceiro
transferido para outro país. Esta conjuntura trouxe repercussões perceptíveis nos instrumentos e na
Observação Incorporada.
Até o momento fiz 5 visitas à empresa. Na primeira visita (29 de setembro) fiz uma Walkthrough,
um levantamento fotográfico do edifício e entorno e conversei com o Sr. Ivan (meu contato na
empresa) e a gerente de RH para definirmos como e quando a pesquisa de campo poderia ser feita.
Desde essa primeira visita já ficou claro os empecilhos para a pesquisa de campo: o receio do RH
da pesquisa gerar alguma expectativa de mudanças no ambiente físico da empresa, a proximidade
de um evento nacional promovido pela empresa que consome todo o tempo e energias de todos os
funcionários, os receios da diretoria para abrir a empresa para pesquisadores, a agenda intensa de
atividades de treinamento até o final do ano. Mesmo assim o Sr. Ivan se dispôs a ajudar.
Alguns dias depois da primeira visita entreguei ao Sr. Ivan uma carta do Prof. Paulo Afonso
explicando os objetivos da pesquisa e solicitando autorização para realizar o estudo de caso na
empresa. Com essa carta em mãos o Sr. Ivan conseguiu a autorização do Diretor de Operações
da empresa, que apenas pediu a ele que me acompanhasse no processo.
Na segunda visita, dia 28 de outubro, levei os instrumentos, já discutidos em grupo e testados com
o Sr. Ivan , para fazer um pré-teste, se fosse possível, com a gerente de RH. Porém ela não tinha
disponibilidade de agenda, mas me passou a planta baixa com o layout original (de 2001) dos dois
32Para destacar os relatos da pesquisadora do restante do texto, foi adotada a mesma formatação utilizada para citações.
33A pessoa que foi contato da pesquisadora na empresa será identificada como Sr. Ivan , nome fictício, para preservar seu
anonimato.
59
andares e um relatório de avaliação ergonômica realizado neste ano. Além disso pude tirar fotos
do ambiente interno da empresa e combinei com o Sr. Ivan como iríamos proceder para aplicar
os instrumentos de pesquisa. A princípio tentaríamos aplicá-los durante o evento nacional e depois
durante o intervalo do almoço em dias comuns de trabalho.
O evento nacional ocorreu dos dias 8 a 10 de novembro, e foi impossível aplicar qualquer
instrumento de avaliação lá, todos os funcionários estavam extremante ocupados com a
organização do evento.
Na terceira visita, no dia 17 de novembro, após o feriado, pude finalmente iniciar a aplicação dos
instrumentos, procedendo como já descrito no relato anterior (relato nº1). A idéia de utilizar o
horário do almoço não funcionou, devido à dificuldade de agendar um horário e ter espaço
adequado para aplicar os instrumentos, mas da maneira como está sendo feito está possibilitando
uma qualidade muito boa nas respostas e dando condições para que eu observe o dia-a-dia do
escritório.
Somente na 4º visita, depois de ter feito a primeira bateria de aplicação de instrumentos com
alguns usuários é que comecei a soltar um pouco as amarras que me mantinham atada à
operacionalização da pesquisa. Considero que, mesmo tais condições iniciais da minha
experiência diante do objeto de estudo fazem parte da Observação Incorporada.
Percebi que, a essa altura, as pessoas já se acostumaram mais com a minha presença e já estão
sabendo (pela rádio pião ) o que estou fazendo lá. Já perceberam que não sou uma ameaça e,
com isso, situações normais do cotidiano da empresa tem ocorrido enquanto estou presente (por
exemplo, percebi um aumento considerável do volume das conversas desde a minha primeira
visita até hoje). Algumas pessoas têm falado espontaneamente comigo enquanto aplico as
entrevistas, por enquanto apenas olás e sorrisos, mas acho bem possível que alguém acabe se
manifestando acerca do ambiente da empresa nas próximas visitas. Todos os que já entrevistei me
cumprimentam e conversam comigo com simpatia, como se eu fosse mais uma colega de trabalho.
Por esse tratamento penso ser possível aplicar outros instrumentos com essas pessoas sem a
necessidade de acompanhá-los um a um como fiz inicialmente.
Nesses dias que estive lá senti a necessidade de ter mais detalhes a respeito de 6 questões, e por
isso elaborei um questionário complementar que pretendo aplicar com as pessoas que já foram
entrevistadas (menos aquelas demitidas) .
O primeiro instrumento aplicado foi a walkthrough (anexo 2), que buscou abarcar características
gerais da empresa, do edifício e do entorno. Em seguida, um primeiro conjunto de 4 instrumentos foi
aplicado em entrevistas com os usuários: a questionário de opinião do usuário, tipologia de ambiente
interno, o mapa cognitivo e o poema dos desejos (anexos 3 a 6). Esse conjunto de instrumentos foi
aplicado com o acompanhamento um a um dos respondentes, que levavam de 30 minutos a 1hora nas
respostas e faziam uma série de comentários que foram anotados pela pesquisadora. Enquanto o
usuário respondia aos instrumentos a pesquisadora realizava a Observação Incorporada de aspectos
ambientais, cognitivos e comportamentais.
60
Um segundo conjunto de instrumentos foi aplicado devido à necessidade identificada pela
pesquisadora de obter maiores informações, e aproveitando a boa receptividade dos usuários em
relação à pesquisa. Foi elaborado então um questionário complementar (anexo 7) com 6 perguntas e o
instrumento para mapeamento visual (anexos 8 e 9). 10 de 12 usuários que até então já haviam
respondido o primeiro conjunto de instrumentos responderam a esse segundo conjunto e os
devolveram à pesquisadora (os outros dois haviam sido demitidos). Outros 4 usuários responderam aos
instrumentos iniciais e complementares em conjunto e na presença da pesquisadora, totalizando 92
instrumentos preenchidos por 16 usuários respondentes.
Antes da palestra almocei com o Sr. Ivan , que me disse que algumas pessoas vêm perguntar a
ele, desconfiadas, o que eu estou fazendo na empresa. Ele responde ela não é auditora nem
consultora , eles ficam aliviados.
Da 7ª à 9ª visitas pedi às pessoas que já haviam sido entrevistadas para responderem mais dois
instrumentos: um questionário complementar com 6 perguntas e o mapeamento visual. Continuei
entrevistando outros usuários (aplicando os 6 instrumentos ao todo), enquanto os primeiros
entrevistados respondiam sozinhos aos dois novos instrumentos. Todos se dispuseram a responder,
a maioria me devolvia os instrumentos respondidos no mesmo dia, apenas três pessoas me
devolveram os instrumentos respondidos bem depois. Houve 100% de retorno dos instrumentos.
Ao todo foram entrevistadas 16 pessoas, 6 instrumentos aplicados, dois deles responderam apenas
4 instrumentos pois foram demitidos antes da aplicação dos dois últimos instrumentos. O total de
instrumentos preenchidos é de 92.
Nas próximas seções serão apresentados a caracterização do objeto de estudo e os dado obtidos na
pesquisa de campo.
61
4.1 Caracterização do Objeto de Estudo
34
O escritório da Reinvente , empresa do ramo de educação executiva escolhida como estudo de caso
35
desta pesquisa, situa-se no edifício Blue Tower , localizado na Alameda Mamoré s/n36, bairro
Alphaville, município de Barueri na grande São Paulo.
Barueri e Alphaville37
A origem da cidade foi o aldeamento de "Baruery", fundado em 11 de novembro de 1560 pelo padre
José de Anchieta, a partir da construção da Capela de Nossa Senhora da Escada.
O Município de Barueri foi criado pela lei número 233, de 24 de dezembro de 1948, sancionada pelo
então Governador do Estado Adhemar de Barros. Em 08 de dezembro de 1964 é promulgada a lei que
instalou a Comarca de Barueri. Em 1973 a Câmara Municipal aprovou a Lei de Zoneamento Industrial
de Barueri, que permitiu o surgimento de pólos empresariais como os de Alphaville, Tamboré e
Jardim Califórnia. Está localizada na zona oeste da região metropolitana da Grande São Paulo, a 26,5
quilômetros do marco zero de São Paulo, na Praça da Sé. Tem uma área de 64 quilômetros quadrados
e acesso principal pela Rodovia Presidente Castelo Branco (SP-280).
É um município sem zona rural, concentrando toda a sua população fixa de 232.150 habitantes (IBGE
agosto/2003) em zona urbana. Tem uma população flutuante de aproximadamente 140 mil pessoas.
Em 1973, com a aprovação da Lei de Zoneamento Industrial de Barueri, são iniciados os primeiros
projetos e loteamentos em Alphaville. Inicialmente a proposta era de abrigar na área apenas indústrias
não-poluentes, mas logo se seguiu a necessidade de criar áreas residenciais para moradia de
empresários e executivos que passariam a trabalhar em Alphaville, e com isso foram lançados os
condomínios Alphaville Residencial 1 e 2.
34 Nome fictício pelo qual será denominada a empresa objeto deste estudo de caso.
35 Nome fictício do edifício no qual está instalada a empresa.
36 O número do edifício não foi informado para manter o anonimato da empresa.
37 As informações desta seção foram consultadas no site http://www.barueri.sp.gov.br/ e no Guia Alphanews 2004.
62
moradores, uma unidade do hospital Albert Einstein, dois hipermercados, escolas de primeiro e
segundo grau e uma universidade (fig. 1). Pode ser considerado um bairro de classe média-alta, em um
município com habitantes de classe média-baixa, ou seja, é uma ilha de riqueza rodeada por uma
região bem menos favorecida.
Em entrevista realizada com o gerente administrativo do condomínio foi informado que o projeto e a
obra do edifício Blue Tower foram realizados pela empresa José Lucena Arquitetura. O edifício foi
inaugurado em 1999 e hoje está com todas as suas unidades ocupadas, a exceção de algumas lojas no
térreo e da área destinada ao restaurante 2, no primeiro pavimento.
O edifício situa-se na esquina da Al. Mamoré com a Al. Purus. Na análise walkthrough foi possível
observar e registrar em fotografia a visibilidade do edifício na rodovia Castelo Branco, que dá acesso à
Alphaville, e a partir de diversas ruas próximas ao edifício. A sua frente está o condomínio Alphaville
63
Residencial 2, à direita o condomínio Alphaville Residencial 1, à esquerda o hospital Albert Einstein e
nos fundos um edifício residencial (figs. 2 a 14).
Figura 7
Figura 5
Figura 6
Figura 3
Figura 2: trecho do bairro Alphaville, a seta vermelha indica a localização do Ed. Blue Tower .
Fonte: Guia Alphanews 2004, p. 32 e 33.
64
Figura 3: vista do edifício Blue Tower Figura 4: edifício Blue Tower ao fundo,
(primeiro à esquerda) da Rodovia Castelo Branco. visto de um bairro típico de Barueri.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 5: vista do ed. Figura 6: edifício Blue Figura 7: edifício Blue Tower visto da Av.
Blue Tower (primeiro Tower visto da Al. Purus. Alphaville.
à direita) da Al. Mamoré. Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Foto: autora, 2004.
Figura 8: fachada sudoeste Figura 9: fachada Figura 10: lateral esquerda do térreo e primeiro
do edifício. nordeste do edifício. pavimento do edifício.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
65
Figura 11: vista do condomínio Alphaville Figura 12: vista do condomínio Alphaville
Residencial 1. Residencial 2.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 13: hospital Albert Einstein. Figura 14: edifício residencial nos fundos do
Foto: autora, 2004. edifício Blue Tower (em primeiro plano).
Foto: autora, 2004.
Na análise walkthrough foi observado que a sinalização viária dos acessos a Alphaville é adequada,
enquanto no interior do bairro deixa a desejar: as placas de identificação das vias são pequenas,
difíceis de ler à distância, especialmente no interior de um veículo em movimento a principal forma
de acesso dos usuários ao edifício. A placa identificando o edifício localiza-se próxima à rua e tem o
nome do edifício em letras grandes e visíveis, mas o número do edifício está na base próxima ao chão,
muito pouco visível (fig. 15). Também durante a walkthrough foi observado que a calçada de acesso
para pedestres é estreita e está localizada ao lado de um muro chapiscado. Segundo um funcionário da
Reinvente , ele já se arranhou neste local (fig. 16 e 17).
66
Figura 15: sinalização do edifício.
Foto: autora, 2004.
Figura 16: acesso de pedestres ao edifício ao Figura 17: acesso de pedestres ao edifício.
longo de muro chapiscado, à esquerda da foto. Foto: autora, 2004.
Foto: autora, 2004.
67
As plantas baixas do térreo, mezanino, 1º pavimento, pavimentos de escritório e cobertura, disponíveis
no Manual do Condômino, foram elaboradas pela empresa José Lucena Arquitetura (figuras 18 a 24) e
cedidas pela administração do edifício.
Entrada
principal
Entrada
secundária
Figura 18: planta baixa do térreo do Figura 19: planta baixa do mezanino do edifício
Edifício Blue Tower . Blue Tower .
Fonte: Manual do Condômino. Fonte: Manual do Condômino.
68
Figura 21: planta baixa do pavimento tipo Figura 22: planta baixa do pavimento
(A) do 2º ao 10º pavimento. tipo (B) do 11º ao 17º pavimento39.
Fonte: Manual do Condômino. Fonte: Manual do Condômino.
Figura 23: planta baixa do pavimento tipo Figura 24: planta baixa do pavimento barrilete e
(C) do 18º ao 25º pavimento40. escritório de cobertura.
Fonte: Manual do Condômino. Fonte: Manual do Condômino.
O edifício tem duas entradas para pedestres no térreo, a principal pela fachada noroeste do edifício e
uma entrada secundária pela fachada leste (figs. 25 e 26). Uma terceira entrada foi prevista em projeto,
pela fachada sudeste, que daria acesso direto ao hall de elevadores, mas que permanece fechada por
motivos de segurança. O hall dos elevadores tem acesso restrito, somente sendo possível subir às salas
após identificação e confirmação da autorização de acesso do visitante na empresa solicitada, a partir
daí é fornecido um crachá que libera a passagem nas catracas. O edifício dispõe de seis elevadores
servindo o hall principal do edifício, e de um elevador exclusivo para acesso ao 1º pavimento que
39 Osterraços representados na planta baixa só existem no 10º andar, em função do recorte da fachada.
40
Os terraços representados na planta baixa só existem no 18º andar, em função do recorte da fachada.
69
permanece desligado para reduzir os custos com energia elétrica e manutenção41 e um elevador
panorâmico de acesso restrito. O hall conta ainda com equipe de seguranças e circuito interno de TV.
Figura 25: entrada principal do edifício. Figura 26: entrada secundária do edifício.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 27: guarda-corpo metálico e cerca-viva Figura 28: muro delimitando o terreno à direita e
delimitando a frente do terreno e pavimentação ao fundo, pavimentação em blocos intertravadados
em blocos intertravadados no estacionamento. e parte da fachada esquerda do edifício.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
O acabamento dos pisos internos, das áreas comuns e de acesso/circulação é em granito cinza, branco
e marrom nas circulações internas, paredes pintadas na cor branca, detalhes em granito branco no hall
de elevadores e teto trabalhado com sancas de gesso (figs. 29 e 30). Nos pavimentos tipo as salas têm
piso elevado (revestimento em carpete) e forro modulado (estrutura aparente na cor cinza e placas de
fibra mineral texturizada na cor branca), com detalhes em gesso e sancas (figs. 31 e 32).
70
Figura 29: desenho do piso e trabalho de gesso no teto do hall Figura 30: acabamento do piso, teto e
da entrada dos fundos do edifício. parede dos elevadores no 1º pavimento.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 31: detalhe da saída da fiação do piso elevado Figura 32: detalhe do forro modulado no
no escritório da Reinvente . escritório da Reinvente .
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
O acabamento das áreas comuns do edifício apresenta imperfeições, tais como assentamento mal-feito
do granito e juntas da fachada envidraçada com sinais de resíduos dos produtos utilizados no processo
de colocação que dão um aspecto de sujeira às bordas quando vistas de perto. Em algumas paredes há
necessidade de retoque na pintura.
71
perímetro do edifício; 4) o sistema de prevenção de incêndio44; 5) os elevadores45; 6) a iluminação nas
áreas comuns do edifício (figs. 33 e 34).
Figura 33: central de operações com o SAP. Figura 34: detalhe da tela do SAP do edifício.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Os usuários autorizados têm acesso ao SAP via Internet, porém esse recurso é pouco utilizado, uma
vez que a Central de Operações do edifício funciona 24 horas por dia. Em entrevista o gerente
administrativo do condomínio informou que, além do SAP, também é utilizado um software de
automação predial como ferramenta auxiliar no gerenciamento do edifício. Através deste software é
possível ter um controle mais minucioso sobre os serviços de manutenção, a utilização de materiais, o
estoque, o desempenho das máquinas e equipamentos. O programa gera ordens de serviço de
manutenção preventiva mensalmente. O gerente administrativo do condomínio informou também que
todos os serviços prestados no edifício, são terceirizados:
1. Administração, horário de funcionamento das 8h às 18h em dias úteis.
2. Recepção de serviço, telefonista e triagem de correspondência, horário de funcionamento das 7h
às 19h em dias úteis.
3. Recepção de condôminos e visitantes no térreo e na garagem, horário de funcionamento das 7h às
20h em dias úteis.
4. Segurança 24 horas, diariamente, utiliza rádio de comunição.
5. Limpeza, equipe 24 horas, diariamente.
6. Automação predial Central de Operações 24 horas, diariamente.
44 Segundo o gerente administrativo do edifício as características do sistema de prevenção contra incêndio e pânico
monitorada pelo SAP são: utilização de sprinklers, extintores (água, CO2 e pó), detectores de fumaça e gás, botões de
pânico em locais estratégicos de cada pavimento, sirenes e bombeiro 24h. Em caso de detecção de foco de incêndio, um
alarme soa na central de operações, que informa o bombeiro de plantão para verificação da ocorrência. Caso o foco não
seja eliminado, um alarme dispara no pavimento em que este foi detectado e, permanecendo sem solução, iniciam-se os
disparos subseqüentes do alarme um pavimento acima e abaixo do foco de incêndio, até que todo o edifício esteja em
alerta.
45
O gerente administrativo do condomínio informou que o SAP apenas monitora o funcionamento dos elevadores. A
programação de atendimento às chamadas dos elevadores é pré-determinada pela Thyssen Krupp, fabricante dos
elevadores. Apenas a Thyssen Krupp pode alterar a programação, mediante solicitação dos condôminos do edifício.
72
7. Serviço de manutenção das áreas comuns, horário de funcionamento das 7h às 20h, em dias úteis.
Inclui manutenção do ar condicionado, infra-estrutura e pequenos reparos. Da equipe de
manutenção, um funcionário é alocado para atender as salas de cada condômino, passando um dia
por mês em cada pavimento, fazendo a verificação vazamentos, substituindo lâmpadas queimadas
e realizando pequenos reparos, há cobrança apenas de custo de material.
8. Limpeza da fachada, realizada semestralmente (junho e dezembro) em todo o edifício e
mensalmente nas coberturas de vidro do terraço.
9. Estacionamento rotativo no térreo, horário de funcionamento das 7h às 22h, em dias úteis.
10. Serviço de office boy, disponível aos condôminos das 8h às 18h, em dias úteis.
11. Bombeiro 24 horas, diariamente.
12. Shaft de telefonia, uma empresa terceirizada oferece aos condôminos serviço de instalação
telefônica, ramais internos, rede interna de dados, links específicos, Internet banda larga, serviço
para realização de teleconferência.
13. Serviço de comunicação por rádio entre todos os setores da administração do condomínio.
14. Coleta de lixo para reciclagem. Embora os condôminos não façam a separação dos tipos de lixo, a
empresa que faz a coleta realiza a seleção e triagem do lixo para reciclagem, gerando um relatório
mensal dos ganhos obtidos pelo condomínio. No final do ano o valor acumulado é doado a uma
escola pública de Barueri.
O edifício possibilita operação 24h por dia, embora após o encerramento do horário de funcionamento
da recepção, nos finais de semana e feriados, o acesso à garagem e à portaria do edifício fique restrito
aos condôminos e prestadores de serviços previamente credenciados. Além disso, o ar condicionado
central é desligado após as 18h e somente volta a funcionar às 7h do dia seguinte, e as luzes das áreas
comuns apagadas ou reduzidas.
A Empresa Reinvente
O local em que foi realizado o estudo de caso é o escritório da Reinvente , empresa do setor de
educação executiva criada há 18 anos no Brasil, sendo hoje uma multinacional de referência na
organização de eventos internacionais e formação executiva46. Reinvente será o nome fictício
utilizado para se referir à empresa, com a intenção de preservar sua identidade, conforme solicitado no
processo de autorização para realização da pesquisa.
46 As informações desta seção foram obtidas através de entrevista com um dos gerentes da empresa.
73
Espanha e Alemanha e a manutenção de uma comunidade on-line internacional de executivos através
de seu portal na Internet.
A Reinvente tem como missão levar à comunidade executiva nacional o melhor conteúdo de gestão
do mundo, por meio de todos os diversos canais de comunicação viáveis. Seu Core Business é captar o
melhor conteúdo de management do mundo e colocá-lo à disposição do executivo nacional.
Sua visão é a convicção de que executivos bem preparados desenvolvem as empresas, que
desenvolvem a economia, que contribui para o desenvolvimento sustentado do país. Por isso pretende
ser uma empresa referência nacional em treinamento, capacitação e relacionamento de executivos, não
permitindo que interesses políticos, comerciais e mercadológicos, interfiram no conteúdo a ser
oferecido aos clientes. Pretende também possibilitar a capacitação por meio dos diversos canais de
comunicação, levando o conhecimento a todos os níveis da organização.
O grupo possui escritórios na Argentina, Brasil, México, EUA e Espanha, além de operar com
representantes em outros países da América Latina e Europa. O Estudo de caso foi realizado no
escritório do Brasil, na grande São Paulo.
74
Quadro 5: Ficha técnica da Reinvente .
FICHA TÉCNICA DA REINVENTE
Início das atividades 1987. Em abril de 2001 se mudou para o ed. Blue Tower .
Missão Levar à comunidade executiva nacional o melhor conteúdo de gestão do
mundo, por meio de todos os diversos canais de comunicação viáveis .
Visão Acreditamos que executivos bem preparados desenvolvem as empresas,
que desenvolvem a economia, que contribui para o desenvolvimento
sustentado do país .
Pretendemos ser uma empresa referência nacional em treinamento,
capacitação e relacionamento de executivos, não permitindo que interesses
políticos, comerciais e mercadológicos, interfiram no conteúdo a ser
oferecido aos clientes .
Visamos possibilitar a capacitação por meio dos diversos canais de
comunicação, levando o conhecimento a todos os níveis da organização .
Core Business Captar o melhor conteúdo de management do mundo e colocá-lo à
(atividade central) disposição do executivo nacional.
Ramos de negócios Educação executiva
Áreas de atuação principal Realização de seminários, exposições e congressos internacionais;
publicação de revistas na área de management, educação a distância
através de cursos on-line, manutenção de uma comunidade virtual
internacional de executivos.
Perfil dos clientes/Público-alvo Executivos e empresas de pequeno, médio e grande porte.
Imagem/estilo de Imagem de modernidade, valorização da informação de ponta. Estilo de
administração administração convencional hierárquico.
(a) 3 consultores o Presidente, o Diretor de Operações e o Diretor
Quadro de funcionários Editorial, (b) 60 efetivos o Diretor Comercial, 8 gerentes operacionais, 1
gerente comercial (Business to Business), 6 gerentes de relacionamento, 4
coordenadores e 40 do staff, (c) 6 terceirizados 2 na limpeza, 2 no apoio
administrativo, 2 na recepção; (d) 3 estagiários (estudantes de graduação);
e (e) 3 aprendizes (estudantes do 2º grau).
PRESIDÊNCIA
Diretoria
Editorial
Gerente de
Contact Gerente de Gerente Gerente de
Center Eventos Financeiro Mailing
Diretoria de
Operações
Gerente do
Gerente de Site e da Gerente de Gerente de
RH revista Tecnologia Marketing
Diretoria
Comercial
Gerente Gerentes de Back Office
B&B Relacionamento (6)
49
Figura 35: organograma da Reinvente .
49 Organograma elaborado pela autora com base em entrevista com o Sr. Ivan e por este validado posteriormente.
75
Em entrevista com o Sr. Ivan , que tem um cargo de gerência na Reinvente , foram esclarecidos
alguns aspectos de sua cultura organizacional, sintetizados no quadro 6. A entrevista (anexo 12) foi
estruturada em perguntas sobre alguns atributos de interação, corporativos, de infra-estrutura e
construtivos, descritos na Fundamentação Teórica (Capítulo 1).
Segundo o Sr. Ivan , o fluxo diário de pessoas na empresa, dentre funcionários, clientes e
fornecedores, é de até 100 pessoas por dia.
50A cronêmica refere-se à maneira como o tempo é utilizado e percebido, é o estudo da maneira como usamos o tempo
para nos comunicarmos, ou a comunicação temporal. O estudo do modo como o tempo é utilizado fornece informações
acerca das pessoas individual e socialmente (Hall, 1976).
76
nos cantos do pavimento. As salas individuais com divisória alta sem porta localizam-se próximas às
janelas e as áreas de trabalho compartilhadas ocupam o restante do espaço (fig. 36).
77
No 14º pavimento, há uma sala individual fechada com divisória piso-teto e com porta, para a gerência
de Recursos Humanos, localizada numa área de canto com janela. Há também salas compartilhadas
por duas a cinco pessoas, duas salas de reunião e uma área ampla compartilhada por diversos
funcionários (fig. 37).
78
Antes de se instalar no Ed. Blue Tower , a Reinvente funcionava em dois endereços: na Av. das
Nações Unidas num conjunto de salas em edifício próximo ao Shopping D&D51 onde funcionavam
os setores on-line e num outro endereço comercial em Alphaville onde funcionava os setores off-
line e a diretoria. Segundo o Sr. Ivan , a mudança ocorreu pela necessidade da empresa de integrar as
áreas on-line e off-line, até então separadas, para melhor acomodação de funcionários e atividades,
bem como por economia: a carga tributária no município de Barueri é menor que em São Paulo e,
além disso, sua presidência e diretoria residem em Alphaville.
O projeto e obra do escritório da Reinvente foram executados pela EPP, empresa de arquitetura
localizada em São Paulo. Além do projeto a Reinvente solicitou à EPP uma análise sobre a
viabilidade de instalar-se no ed. Blue Tower .
O projeto foi elaborado em 1 mês, a obra levou cerca de 60 dias. Foi trocado o carpete, instalada a
infra-estrutura de tecnologia e alguns aparelhos de ar condicionado tipo split, construídas paredes de
gesso, trabalho de marcenaria, pintura e algumas mudanças na iluminação. Parte do mobiliário
existente foi aproveitado, e parte foi complementado, incluindo-se divisórias altas. A obra transcorreu
sem imprevistos.
79
4.2 Observações e Dados de Campo
A seguir são apresentados os dados obtidos a partir da aplicação dos instrumentos de Avaliação Pós-
Ocupação. A abordagem da Observação Incorporada foi utilizada na aplicação de todos os
instrumentos, não sendo um item à parte.
A aplicação dos instrumentos permitiu não só obter dados a partir de suas respostas, mas também, e
principalmente, que fossem realizadas observações da pesquisadora à medida que os respondentes
preenchiam os instrumentos, observações acerca do ambiente, da manifestação dos respondentes, da
experiência no ambiente dos demais usuários e da própria pesquisadora nesse contexto, no exercício
prático da Observação Incorporada.
No início da pesquisa de campo a empresa contava com 84 funcionários, passando a 74 após a redução
do quadro. Considerando que o conjunto de instrumentos foi aplicado com 16 funcionários, esse
número representa cerca de 20% do total de funcionários da empresa.
A ordem de apresentação dos dados segue a mesma ordem da aplicação dos instrumentos: (1)
walkthrough, (2) questionário de pesquisa de opinião dos usuários, (3) tipologia de ambiente interno,
52 Conforme descrito no início do capítulo, o Sr. Ivan fazia a seleção e convite das pessoas, tendo como critério a
disponibilidade de tempo e predisposição do funcionário em participar da pesquisa. Os instrumentos não foram aplicados
com mais funcionários devido ao curto espaço de tempo para a realização da pesquisa de campo e à indisponibilidade ou
dificuldade do Sr. Ivan em obter a colaboração de mais pessoas.
53 Dentre os usuários estão os funcionários em geral da empresa, seus visitantes, o grupo de respondentes desta pesquisa,
e a própria pesquisadora.
80
(4) mapa cognitivo, (5) poema dos desejos, (6) questionário complementar, (7) mapeamento visual,
(8) entrevistas.
Walkthrough
Realizada no dia 29 de setembro, na primeira visita ao objeto de estudo, acompanhada pelo Sr. Ivan .
Foi utilizado um roteiro para orientação das observações durante a walkthrough (anexo 2). A figura 38
mostra uma parte do roteiro de análise walkthrough preenchido pela pesquisadora.
81
Foram percorridas as vias de acesso, o edifício e o escritório, com o objetivo de proceder a
familiarização com o ambiente e compreender a estrutura física do local. À medida que a walkthrough
foi realizada foram feitos registros fotográficos, anotações, esquemas e desenhos, com o apoio do
roteiro de análise walkthrough e plantas baixas do escritório.
Com o roteiro em mãos foi programada a visita em conjunto com o Sr. Ivan , que conduziu a
pesquisadora desde a Av. Paulista até as dependências da Reinvente , relatando ao longo de todo o
trajeto uma série de impressões pessoais que foram registradas e consideradas nesta pesquisa.
O trajeto percorrido foi da Av. Paulista, passando pela Marginal Pinheiros e Rodovia Castelo Branco
até Alphaville. Lá foram percorridas a Al. Rio Negro, depois a Al. Mamoré e Al. Purus que dá acesso
de carro ao edifício Blue Tower , onde se localiza a Reinvente .
Durante a walktrhough foi realizado o levantamento fotográfico apenas do entorno e do edifício, pois
não foi possível fotografar o interior da Reinvente , uma vez que a administração da empresa ainda
não havia sido autorizado a realização da pesquisa em suas instalações. Na segunda visita, já
devidamente autorizada, foi possível iniciar o levantamento fotográfico das dependências da
Reinvente .
A walkthrough permitiu fazer uma identificação preliminar das características e aspectos positivos e
negativos do edifício e do escritório, bem como uma familiarização inicial da pesquisadora em relação
ao ambiente estudado e seus usuários. Também forneceu dados que auxiliaram no planejamento dos
procedimentos de pesquisa adotados e na adequação/complementação dos demais instrumentos, e
dados preliminares sobre todos os atributos de desempenho.
A seguir são apresentadas as principais descobertas obtidas com a walkthrough nas salas da
Reinvente .
a. Imageabilidade
As impressões pessoais da primeira visita da pesquisadora à empresa geraram uma imagem mental
inicial, que foi se alterando ao longo da walktrhough:
A imagem inicial que fiz da empresa a partir da primeira visita às suas instalações foi de
sofisticação, dinamismo, modernidade e conhecimento acelerado. Penso que contribuíram para
essa imagem o fato de ter feito esta visita em conjunto com um dos gerentes da empresa, e de ter
recebido um tratamento semelhante ao dispensado a seus clientes: estacionamos em vaga
reservada, utilizamos o elevador panorâmico, entramos pela recepção da diretoria e fizemos um
tour inicial pelo 13º pavimento, decorado com mobiliário e acabamentos de alto padrão, e onde
funcionam as áreas da empresa responsáveis pela realização de eventos e pelas publicações. No
entanto, à medida que fui aprofundando o contato, comecei a notar características internas da
empresa inconsistentes com a imagem inicial que é passada ao visitante: desorganização,
improvisação e mudanças na tipologia e acabamentos dos ambientes apontando para uma
diferenciação entre setores e funções na empresa. (relato da pesquisadora)
82
Tais características serão expostas ao longo desta subseção. Em relação à identidade da empresa, o
ambiente de trabalho retrata timidamente o tipo de negócio, através da alguns produtos da
Reinvente colocados sobre armários, dois banners de divulgação e canetas promocionais do evento
anual da empresa, utilizadas por alguns funcionários. Bandeiras dos países onde há escritórios da
empresa, colocadas na recepção, ajudam a evocar a natureza internacional da Reinvente (figs. 39 a
42).
Figura 39: recepção da Reinvente , bandeiras dos Figura 40: material promocional da Reinvente .
países em que atua à direita da foto. Fonte: autora, 2004.
Fonte: autora, 2004.
b. Acessibilidade
Em relação ao edifício, o acesso de veículos é priorizado em detrimento dos pedestres, obrigados a
utilizar vias de passagem de carros para chegar à entrada do edifício. Todo o percurso da rua ao acesso
do edifício é área descoberta.
Muitos usuários do edifício fazem uso de transporte público, ônibus, que circulam de diversas regiões
da grande São Paulo até Alphaville. Existe, por exemplo, um ônibus que passa pela Avenida Paulista e
chega à Alameda Purus, em frente ao edifício, num percurso de uma hora.
83
O estacionamento não tem vagas suficientes para atender a todos os usuários, o que leva muitos
motoristas a utilizarem as vias em torno do edifício para estacionar, onde não há segurança.
Figura 43: vagas destinadas a portadores de Figura 44: exemplo de sinalização de vagas para
necessidades especiais. portadores de necessidades especiais segundo a NBR 9050.
Foto: autora, 2004. Fonte: Duarte e Cohen, 2004:29.
c. Sinalização
Todos os halls de elevadores são dotados de placas de identificação do pavimento e de indicação dos
números das salas, no entanto, os números estão muito pequenos, sendo pouco visíveis e de difícil
leitura por parte dos usuários (fig. 45).
84
Não há numeração nas portas das salas, apenas a identificação da Reinvente em decalque na porta
de vidro no 14º pavimento e sinalização em aço na recepção do 13º pavimento (fig. 46 e 47).
No 13º pavimento há identificação apenas da copa e dos banheiros, nenhuma das áreas de trabalho é
identificada. No 14º pavimento há identificação da copa e dos banheiros e de todas as salas: do RH
(papel fixado à porta), CPD, Sala de Reunião 1 (capacidade para 14 pessoas) e Call Center (decalque
no vidro) (figs. 48 a 52).
Figura 48: sala do RH no 14º pavimento. Figura 49: identificação da sala do RH.
Foto: autora, 2004. Fonte: autora, 2004.
85
Figura 50: CPD no 14º pavimento. Figura 51: sala de Reunião 1.
Foto: autora, 2004. Fonte: autora, 2004.
d. Aparência
Mobiliário utilizado pela Reinvente é fabricado pela Voko mesas, divisórias baixas (altura 1,20m)
e altas (1,60m), e armários , piso elevado com revestimento em carpete em cor mesclada marron-
preto-cinza. O acabamento da recepção e presidência (13º pavimento) é mais sofisticado: estofados em
couro, quadros nas paredes e móveis com acabamento em laminado tipo madeira mogno54. Nas demais
áreas do 13º pavimento o revestimento das mesas é em laminado melamínico na cor cinza, as
divisórias compostas de painéis em tecido na cor ocre e cadeiras revestidas em tecido cinza ou azul
(fig. 53 a 57). Todos os ambientes do escritório tem uma aparência sóbria, especialmente a recepção e
área da diretoria e presidência que passam uma imagem de refinamento.
54 A pesquisadora não obteve autorização para fotografar o interior das salas da presidência.
86
Figura 53: secretarias da presidência (13º pavimento). Figura 54: divisórias da sala da
Foto: autora, 2004. presidência (13º pavimento).
Foto: autora, 2004.
Figura 55: recepção da Reinvente (13º Figura 56: área de trabalho compartilhada (13º).
pavimento). Foto: autora, 2004.
Foto: autora, 2004.
No 14º pavimento o acabamento é diferenciado do 13º pelas cores, com predomínio do branco e cinza-
claro, e pela subdivisão de salas através de divisórias moduladas com estrutura em alumínio e painéis
compostos com a parte inferior em laminado melamínico na cor gelo e a superior em vidro
transparente (fig. 58). O arranjo interno dos ambientes (layout e arrumação) é menos arrumado, com
peças de divisórias e mesas por montar, quadros e murais por pendurar, áreas ociosas, espaços
87
apertados e improvisação de instalação de equipamentos e de armazenamento de materiais da
Reinvente (fig. 59 a 61).
Figura 58: setor de Tecnologia (14º pavimento). Figura 59: quadros e murais por pendurar (14º).
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 60: área ociosa, mesa utilizada para depósito Figura 61: mesas ociosas (14º).
de materiais cedendo devido ao peso excessivo (14º). Foto: autora, 2004.
Foto: autora, 2004.
88
Figura 62: mesas ociosas utilizadas para Figura 63: cantos ociosos utilizados para guardar
depósito de materiais (14º pavimento). material (14º).
Foto: autora, 2004. Fotos: autora, 2004.
Figura 64: espaço embaixo da mesa utilizado Figura 65: computador instalado de improviso
para guardar material da Reinvente (14º). na sala de reunião 2 (14º), também é utilizada
Foto: autora, 2004. para depósito de materiais.
Foto: autora, 2004.
Figura 66: fios expostos, mesa não comporta porte Figura 67: canto da área de trabalho utilizado
dos equipamentos e quantidade de material (13º). para depositar caixas de materiais (13º).
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
89
Figura 68: espaço embaixo da mesa utilizado para guardar Figura 69: armazenagem de material
material da Reinvente (13º pavimento). promocional da Reinvente (13º).
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Figura 70: caixas de materiais pelo chão da área Figura 71: caixa de material pelo chão da área
de trabalho (13º pavimento). de trabalho (13º pavimento).
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
A limpeza das salas da empresa é realizada por duas prestadoras de serviço terceirizado contratado pela
Reinvente , diariamente, iniciando pela manhã pouco antes do expediente começar. As funcionárias
permanecem no escritório até as 16 horas, para serviços de limpeza e copa. A limpeza das áreas
comuns do edifício é realizada por uma empresa terceirizada pela administração do condomínio.
Serviços de manutenção são realizados pelo condomínio.
Outro aspecto que chama atenção na aparência interna da empresa é a quantidade de espaços ociosos,
especialmente no 14º pavimento, que já era grande antes das demissões ocorridas enquanto a pesquisa
de campo foi realizada. A figura 72 indica em vermelho os postos de trabalho e áreas sem ocupação no
espaço físico da Reinvente ao final da pesquisa de campo.
90
Figura 72: mesas e espaços ociosos no 13º e 14º pavimentos (assinanalados em vermelho).
Os espaços ociosos geram reflexo na densidade ocupacional da Reinvente : considerando a área total
ocupada pela empresa de 1030,77m2 e o número total de 74 colaboradores, a densidade ocupacional
geral é de 13,96m2 por pessoa. A figura 73 ilustra a densidade ocupacional da empresa conforme a
distribuição de postos de trabalho nos pavimentos.
f. Conforto ambiental
Considerando a natureza deste estudo, com ênfase na observação experiencial, e a exemplo da
experiência de Del Rio (1991) e Rheingantz et al (1996), fundamentada em Zube (in Del Rio, 1991)
91
não foram realizadas medições com instrumentos. As avaliações e observações tomaram por base os
estudos que vêm sendo desenvolvidos pelo grupo Pro-LUGAR e a experiência vivenciada pela
pesquisadora no local, bem como no seu conhecimento acumulado e sua experiência profissional
acrescidas de algumas opiniões espontâneas dos usuários.
Conforto aeróbico e/ou olfativo Foi percebido um odor perfumado misturado ao odor de esgoto,
mais intenso na recepção do 13º pavimento e menos intenso, mas ainda presente, nas áreas próximas
às janelas. Este cheiro começa após o horário do almoço e perdura por toda a tarde, causando mal-
estar. As secretárias da presidência, que ficam na área mais afetada, relatam sentir dor de cabeça
diariamente em função do mal-cheiro. Aparentemente existe algum problema no sistema de ventilação
mecânica dos banheiros da área central do edifício, que não possuem abertura para o exterior. Em
entrevista com um dos arquitetos autor do projeto do escritório da Reinvente , ele informou ser
crônico o problema do mau-cheiro de esgoto no edifício, atingindo todos os pavimentos, disse isso
baseado na experiência de ter realizado o projeto e obra de outros escritórios que também estão
instalados no Blue Tower . Já o gerente administrativo do edifício informou que não há nenhum
registro sobre odor de esgoto nas salas por parte da Reinvente solicitando qualquer providência do
condomínio.
Outro problema relativo ao conforto aeróbico identificado: na falta de um local para fumantes
(fumódromo) próximo, a escada de incêndio acaba sendo utilizada para este fim ao invés do terraço no
1º pavimento como é orientado pelo condomínio. Com isso o local sempre apresenta odor de fumaça
de cigarro, por vezes atingindo o hall dos elevadores.
Conforto auditivo Em todas as áreas de trabalho compartilhadas do 13º pavimento foi percebido um
ruído permanente de conversas em volume que aparentemente não chega a interferir no trabalho,
porém ocasionalmente acorrem picos neste volume. Enquanto a walkthrough era realizada foi possível
identificar as seguintes fontes de ruídos internos elevados que interferiram no trabalho dos
funcionários: 1) conversa animada na copa, em volume alto, reverberando por toda a área de trabalho
próxima; 2) funcionários com tom de voz mais alto conversando; 3) comemoração da equipe
comercial por venda realizada.
Conforto tátil No 13º e 14º pavimentos os acabamentos do mobiliário e outras superfícies de contato
são agradáveis ao tato. Os móveis e divisórias têm bordas arredondadas e não há quinas vivas.
Conforto térmico A temperatura interna pode ser considerada agradável, mesmo próxima às janelas
que recebem o sol da tarde. Segundo alguns funcionários, começa a fazer calor após as 18h quando a
administração do edifício desliga o ar condicionado central. Como não há possibilidade de abrir as
janelas, fica muito quente e abafado no interior do edifício.
92
Segundo alguns dos funcionários que trabalham próximos às janelas, no verão a temperatura interna
gera desconforto mesmo com o sistema de ar condicionado funcionando.
Foi observado que o ar no interior do edifício fica um pouco seco (percepção de leve ressecamento dos
lábios e narinas) provavelmente devido à utilização de ar condicionado.
Conforto visual e lumínico No 13º pavimento algumas mesas das áreas de trabalho compartilhadas
mais distantes das janelas têm iluminação artificial deficiente (fig. 74 e 75).
Figura 74: área próxima à parede (à direita da Figura 75: área próxima à parede (à esquerda
foto) com iluminação deficiente. da foto) com iluminação deficiente.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Nas áreas próximas às janelas, alguns funcionários mantêm as persianas completamente levantadas de
modo a aproveitar a luz natural e a vista externa. Como os vidros possuem película protetora não
ocorre ofuscamento, mesmo com as persianas levantadas (fig. 76 e 77). Outros funcionários preferem
manter as persianas abaixadas para evitar a reflexão da luz natural em seus monitores.
A vista externa é muito apreciada pelos funcionários, é possível visualizar os condomínios residenciais
de Alphaville e o pôr-do-sol (fig. 78 e 79).
93
Figura 78: vista externa da fachada noroeste Figura 79: pôr-do-sol na fachada noroeste.
durante o pôr-do-sol (13º pavimento). Foto: Pontieri, 2004.
Foto: Pontieri, 2004.
g. Comportamento do usuário
Foi observado que os funcionários da Reinvente buscam se apropriar do espaço através de objetos
pessoais colocados sobre as mesas, fotos, adesivos, papel de parede do computador e vasos de plantas
espalhados pelas áreas de trabalho (figs. 80 a 83).
Figura 80: plantas enfeitando o escritório. Figura 81: adesivos identificando o telefone.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
94
Observou-se também que os funcionários valorizam a qualidade das relações interpessoais no
trabalho, buscam espontaneamente estabelecer laços de amizade entre si, marcam almoços, passeios e
idas a Karaokês. Além disso, toda última sexta-feira do mês acontece uma comemoração dos
aniversários do período55. A importância do colegismo e do relacionamento sadio entre as pessoas são
evidenciadas, entre outras manifestações, pela preocupação com a recepção/boas-vindas aos novos
funcionários (fig. 84), pela presença de fotografias das equipes em murais dos setores de trabalho e das
comemorações pelas metas atingidas (fig. 85).
Como todas as fachadas são envidraçadas e as janelas são seladas, o edifício torna-se uma grande
estufa, acumulando calor ao longo do dia e gerando um alto consumo de energia para refrigerar
adequadamente os ambientes internos. Há problemas de ajuste de temperatura devido à diferença da
55 Informações obtidas com o Sr. Ivan e através da observação do cotidiano dos funcionários.
56 Informações fornecidas pelo gerente administrativo do edifício Blue Tower .
95
sensação térmica entre aqueles que ocupam áreas próximas às janelas e aqueles que estão nas áreas
centrais do edifício.
Esgoto sanitário Existe algum problema no sistema de esgoto e/ou ventilação, que exala mau-cheiro
vindo dos banheiros, especialmente após o horário de almoço (ver conforto aeróbico).
Para a instalação da rede de dados, elétrica e telefone, todas as salas do edifício contam com piso
elevado, facilitando em eventuais alterações de layout. A Reinvente possui CPD próprio e faz uso
intensivo de tecnologia da informação na sua organização interna e produtos (fig. 86 e 87).
Figura 86: CPD (14º pavimento). Figura 87: CPD (14º pavimento).
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
O edifício conta com três telefones públicos instalados no hall da entrada secundária do edifício no
térreo (fig. 29).
Em relação à sonorização, o edifício não possui sistema de áudio nem sonorização ambiental, nem nas
áreas comuns nem nos elevadores. A Reinvente também não possui sistema para reprodução de
música ambiente.
96
Sistema de prevenção contra incêndio Sistema dotado de sprinklers, detectores de fumaça e gás,
extintores (água, CO2 e pó), mangueiras, alarmes e escadas de incêndio (fig. 88 a 90). Os extintores e
caixas com mangueiras não apresentaram faixa de delimitação no piso, em vermelho, conforme
exigido por norma. Segundo o gerente de administração do condomínio, o edifício não possui brigada
de incêndio devido à dificuldade de conseguir que os condôminos participem de treinamentos.
Figura 88: mangueira. Figura 89: extintor CO2. Figura 90: alarme.
Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004. Foto: autora, 2004.
Sistema de vigilância O edifício conta com câmeras nas áreas comuns e áreas externas do edifício e
controle de entrada na portaria do térreo e garagem.
A Reinvente possui um sistema de controle de entrada próprio, através de um sistema de abertura das
portas de acesso à empresa no 13º e 14º andar mediante leitura ótica de crachá credenciado pela
empresa. Durante a walkthrough não foi possível obter maiores detalhes sobre o sistema de vigilância
e alarme. É importante registrar, porém, que durante a observação, a Reinvente estava distribuindo
um aviso dos novos procedimentos em relação à entrada e saída em suas salas com o objetivo de evitar
problemas de segurança ocorridos recentemente.
Sistema de transporte vertical Seis elevadores servem o hall principal do edifício, um elevador
apenas para atender ao 1º pavimento (permanece desligado) e um elevador panorâmico de acesso
restrito. Durante a walkthrough foi observado que um dos elevadores do hall principal está em
manutenção, e os demais pareciam não atender adequadamente à demanda, várias pessoas
aguardavam. Na Reinvente alguns funcionários mencionaram a ineficiência (demora) dos elevadores.
i. Equipamentos
Em cada posto de trabalho e nas salas de reunião da Reinvente há um computador e um telefone, há
conjuntos de impressoras e aparelhos de fax em cada área comum de trabalho do 13º e 14º. Há um
computador de uso comum para gravação de CDs de dados, no conjunto de impressão da ala sudoeste
do 13º pavimento. Os postos de trabalho do presidente, dos diretores, dos gerente (a exceção dos
gerentes de relacionamento) e dos coordenadores têm impressoras além dos computadores e telefones.
97
A sala de reunião 1 (a maior) está equipada com uma televisão conectada a um computador a
conexão possibilita que a imagem da TV reproduz a mesma imagem do monitor utilizada para
apresentações de palestrantes e teleconferências. Permite também a conexão de equipamentos móveis,
como notebooks, à Internet através de pontos da rede de dados disponíveis na sala.
Há também uma copiadora em cada pavimento, próxima às secretárias da presidência no 13º e no hall
de entrada do 14º pavimento, em frente à sala do RH (figs. 91 e 92).
j. Espaços complementares57
O edifício possui duas lanchonetes (no térreo e 1º pavimento), cabelereiro, dois Bancos, e um terraço
utilizado como fumódromo (fig. 93). Não é permitido fumar nas áreas internas do edifício, no entanto,
parece ser comum a utilização das escadas de incêndio para este fim, uma vez que estão
continuamente exalando odor de fumaça de cigarro. Isso provavelmente se deve à inconveniência de
ter de se deslocar até o terraço para poder fumar.
57Espaços não relacionados com a atividade da empresa, nem com a atividade de gestão do edifício, por ex.: lojas, áreas
de lazer e áreas verdes (Rheingantz, 2000).
98
A Reinvente tem uma copa no 13º e outra no 14º pavimento, ambas equipadas com geladeira,
máquina de café e bebedouro. Embora ambas sejam exatamente do mesmo tamanho estejam na
mesma localização na planta de pavimento tipo, alguns funcionários da Reinvente comentaram
espontaneamente achar a copa do 13º pavimento muito pequena e abafada, e que poderia ser maior e
mais arejada como a do 14º. Essa percepção talvez seja relacionada ao menor número de funcionários
utilizando a copa do 14º pavimento.
A copa é destinada apenas para lanches rápidos, não tendo infra-estrutura para preparação e consumo
de refeições. Segundo funcionários o RH da Reinvente solicita que as pessoas almocem fora da
empresa e, de fato, foi possível observar que a maioria vai até o centro comercial próximo ao edifício
para almoçar. Ainda assim eventualmente, em dias de maior pressão de prazos de entrega de tarefas,
ocorre a utilização da copa para refeições58.
k. Espaços de apoio59
Subsolo No acesso à garagem existe uma guarita onde funciona a coordenação da vigilância do
edifício. Próximo ao hall de elevadores no subsolo há uma recepção para condôminos e visitantes e
uma área de espera para aguardar enquanto o serviço de manobrista traz o veículo requisitado até a
saída da garagem.
Térreo A recepção principal localiza-se no térreo, onde é feito o controle de acesso de visitantes e
condôminos. Também no térreo está a sala da administração do condomínio. Na saída do
estacionamento rotativo existe uma guarita para controle da saída de veículo e pagamento do
estacionamento.
Sobreloja Numa área de acesso restrito da sobreloja do edifício funciona a Central de Operações
24h, onde o Sistema de Automação Predial é continuamente monitorado.
Através do questionário de opinião do usuário (anexo 3) foram obtidos os dados pessoais e funcionais
dos 16 respondentes, informações acerca do seu local/ambiente de trabalho e sua opinião sobre o
edifício como um todo e o local/ambiente de maior permanência.
58 Informação registrada no poema dos desejos de um dos funcionários que participou da pesquisa.
59 Espaços destinados a abrigar serviços relacionados com a gestão do edifício (Rheingantz, 2000).
99
Dos 16 respondentes, 8 (50%) têm seu posto de trabalho na ala nordeste do 13º pavimento, 5 (31,25%)
na ala sudoeste do 13º pavimento e 3 (18,75%) no 14º pavimento. Essa diferença de quantidade por
pavimento ocorreu devido ao número maior de funcionários ocupantes do 13º e ao procedimento
utilizado para definir quem iria participar da pesquisa: o Sr. Ivan contactava o candidato a
participante antecipadamente, fazendo uma rápida apresentação da pesquisa e perguntando se a pessoa
se interessaria em participar, com a concordância do funcionário era marcado o horário para o
preenchimento dos instrumentos. Na hora marcada o respondente ia até a mesa do Sr. Ivan , era
apresentado à pesquisadora e ambos seguiam para uma mesa de reunião no 13º pavimento onde eram
preenchidos os instrumentos. Uma vez que o Sr. Ivan trabalha na ala nordeste do 13º pavimento, a
maior parte dos respondentes foi selecionada desta mesma área. O curto espaço de tempo para a
realização da pesquisa de campo e a indisponibilidade ou dificuldade do Sr. Ivan em obter a
colaboração de mais pessoas impossibilitou a aplicação dos instrumentos com mais funcionários.
6% 6%
menos de 25
44% feminino
25 a 40 anos
41 a 55 anos 56% masculino
mais de 55
88%
Figura 94: faixa etária dos respondentes. Figura 95: percentual de homens e mulheres.
dentre os respondentes.
As profissões/atividades exercidas pelos respondentes são: jornalistas (2), coordenador comercial (1),
publicitário (3), gerente de produto (1), assistente de vendas (2), administradores (3), produção
editorial (1), analista programador (1), gerente de relacionamento (1), coord. de banco de dados (1).
100
Tabela 2: Dados funcionais dos respondentes: cargo exercido.
Dados funcionais nº de respondentes Percentual
Cargo executivo 8 50%
técnico 2 12,5%
apoio 1 6,25%
gerência 1 6,25%
assistente 1 6,25%
analista 2 12,5%
coordenação 1 6,25%
Figura 96: escolaridade dos respondentes. Figura 97: tempo de serviço no edifício.
11 respondentes (68,75%) não informaram a sala/ambiente onde trabalha, isso porque não ocupam
uma sala, mas sim um ambiente compartilhado entre diversas áreas. 5 salas/ambientes foram
identificados, um respondente para cada: comercial, business to business operacional, tecnologia,
banco de dados.
Dos 16 respondentes, 7 não informaram a principal atividade na sala/ambiente, mais uma vez devido à
diversidade de áreas ocupando uma mesma área. 4 respondentes informaram ser vendas a principal
atividade na sala/ambiente, outras 5 atividades foram apontadas, um respondente para cada: comercial,
marketing, desenvolvimento, atendimento ao cliente, analise de dados e desenvolvimento.
A maior parte dos respondentes (11) têm seus postos de trabalho em área interna, distante das janelas,
mas ainda assim todos têm vista para o exterior. Dois respondentes têm mesa na fachada noroeste,
outros dois na fachada nordeste e um na fachada sudeste. Um dos respondentes declarou verbalmente
101
não gostar de trabalhar distante da janela, e que está sempre levantando a persiana do gerente que fica
próximo à janela para poder ter um pouco da vista externa. O gerente por sua vez está sempre
fechando a persiana pois o reflexo da janela o atrapalha na utilização do monitor do computador.
Todos os 16 respondentes trabalham em sala/ambiente compartilhado (fig. 99)., dois deles sem
divisórias, 11 com divisórias baixas e 4 com divisórias altas. Destes 4 últimos dois consideraram as
divisórias das baias altas, e uma das respondentes considerou haver divisórias altas e baixas em seu
ambiente.
Todos os respondentes têm posto fixo de trabalho. 12 deles não utilizam outros locais para exercer
suas tarefas, 4 deles sim: salas de imprensa (eventos externos), salas de reunião da Reinvente , em
casa, em atendimento externo.
menos de 1 ano 1
5 meses 2
11 meses 2
12 meses (1 ano) 2
24 meses (2 anos) 2
entre 21 e 30
36 meses (3 anos) 2 31% pessoas
44%
42 meses (3,5 anos) 2 entre 11 e 20
pessoas
48 meses (4 anos) 3 25% < de 10 pessoas
0 1 2 3 4
Figura 98: tempo de utilização do mesmo Figura 99: percentual de respondentes que
posto de trabalho. compartilham/dividem o mesmo local de
trabalho com outros funcionários.
A maior parte dos respondentes vai ao trabalho de carro (12), apenas 4 utilizam ônibus. A maioria leva
mais de 30 minutos para chegar ao trabalho (fig. 100).
de 10 a 30 minutos
de 31 a 60 minutos
de 61 a 90 minuto
13%
38%
49%
102
A interação com os demais funcionários da Reinvente permitiu identificar que quase todos vão de
carro para o trabalho, e são obrigados a estacionar nas ruas laterais do edifício pois o estacionamento
rotativo não tem vagas suficientes para a demanda do edifício. O Sr. Ivan informou em entrevista
que a Reinvente disponibiliza e custeia as despesas de estacionamento rotativo dos gerentes de
relacionamento (7 vagas), coordenadores de área (4 vagas) e de todos os visitantes (clientes,
fornecedores e prestadores de serviço). Os demais gerentes (9 vagas), diretores (3 vagas) e o
presidente (1 vaga) têm vagas na garagem do edifício, que fazem parte da locação das salas. Os
demais funcionários que se utilizam do estacionamento rotativo pagam pelo uso da vaga.
Nas seções do questionário de opinião do usuário destinadas à avaliação do edifício como um todo e
do local/ambiente de maior permanência, os respondentes foram orientados a atribuir conceitos
tomando por base a própria experiência a diversos itens de avaliação segundo a escala de valor que
tem sido adotada pelo grupo Pro-LUGAR em seus trabalhos: (A) muito bom; (B) bom; (C)
razoavelmente bom; (D) razoavelmente ruim; (E) ruim; (F) muito ruim; caso não soubesse opinar
poderia utilizar a coluna para não sei (NS).
No que diz respeito à avaliação do edifício como um todo (fig. 101), dos 26 itens mensurados, 7
tiveram avaliação com mais de 50% das respostas predominando entre razoavelmente ruim (D) e
muito ruim (F), e dizem respeito ao número de vagas no estacionamento/garagem, à qualidade do
acesso para pessoas com dificuldade de locomoção, à segurança contra incêndio e pânico e contra
roubos e furtos, à sinalização externa do edifício, às áreas destinadas ao descanso e o item com pior
avaliação: o funcionamento dos elevadores.
Os itens melhor avaliados, com mais de 80% das respostas predominando entre razoavelmente bom
(C) e muito bom (A), são relativos ao acesso de carro ao local, ao controle de entrada na portaria, à
facilidade de entrada na portaria, à aparência externa e interna do edifício, à largura dos corredores, à
localização e à limpeza dos banheiros. A seguir são destacados alguns aspectos da opinião dos
usuários acerca do edifício como um todo:
a. Aparência externa do edifício: 100% dos respondentes consideram entre muito boa (A) e
razoavelmente boa (C) a aparência externa do edifício, opinião reforçada no campo destinado ao
registro das principais qualidades do edifício, no qual 6 de 28 registros (21%) referem-se à
aparência do edifício.
103
b. Transporte público e acesso de carro: 9 respondentes (56,25%) consideram o acesso por
transporte público ao local entre muito bom (A) e razoavelmente bom (C), e 12 respondentes
(80%60) assim avaliam o acesso de carro ao local.
d. Qualidade do ar: no campo destinado ao registro dos principais problemas do edifício o problema
de odores (de esgoto e de cigarro) foi mencionado 3 vezes (de um total de 44 registros), em
relação ao local de trabalho foi mencionado apenas uma vez (de 35 registros). No campo
destinado às observações gerais, foi feito um reforço à crítica ao odor de esgoto.
e. Elevadores: o funcionamento dos elevadores aparece como o maior problema do edifício 15 dos
respondentes (93,75%) consideram-no razoavelmente ruim (D) e muito ruim (F). Tal opinião foi
reforçada no campo para registro dos principais problemas do edifício no mesmo instrumento, no
qual os elevadores foram mencionados 14 vezes (de 44 registros).
f. Sinalização externa do edifício: apontada por 11 dos respondentes (68,75%) como razoavelmente
ruim (D) a muito ruim (E).
60O instrumento foi aplicado com 16 funcionários, sendo que um deles não respondeu a este tópico. Portanto, dos 15 que
responderam ao tópico, 12 respondentes avaliam o acesso de carro ao local entre muito bom (A) e razoavelmente bom (C).
104
i. Proximidade de lojas de serviços: 9 respondentes (53,25%) consideraram-na entre razoavelmente
boa (C) e boa (B) e 7 respondentes (43,75%) consideraram-na entre razoavelmente ruim (D) e
muito ruim (F). No campo destinado ao registro dos principais problemas do edifício, um
respondente apontou a falta de restaurantes/cafeterias e outro criticou a distância de lojas de
serviços.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
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20% E
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Quanto a avaliação do local/ambiente de maior permanência (fig. 102), dos 28 itens avaliados, 4
tiveram avaliação com mais de 40% das respostas predominando entre razoavelmente ruim (D) e
muito ruim (F), e dizem respeito à iluminação natural da sala, à temperatura durante o verão, ao
espaço destinado à copa e ao favorecimento da concentração para a execução das tarefas.
Dentre os itens avaliados, 10 deles tiveram 100% de respostas positivas, entre razoavelmente bom (C)
e muito bom (A): o tamanho do local, a aparência (acabamentos, revestimentos, materiais), a
qualidade dos materiais de piso/parede/teto da sala, a proteção contra o sole a chuva, o isolamento
contra ruídos externos ao edifício, a limpeza da sala, à localização dos pontos de telefone e rede de
dados na sala, o contato interpessoal no local necessário para a sua atividade. A seguir são destacados
alguns aspectos da opinião dos usuários acerca do local/ambiente de maior permanência:
105
boa (C). Essa aparente incoerência entre a opinião do usuário e a observação em campo seja
porque a pergunta quanto a qualidade do ar foi feita em relação ao local de trabalho, e os
respondentes relacionam o problema de mau-cheiro do esgoto ao edifício.
f. Espaço destinado à copa: 9 respondentes (56,25%) consideraram o espaço destinado à copa entre
bom (B) e razoavelmente bom (C) enquanto 7 respondentes (43,75%) avaliaram este espaço entre
razoavelmente ruim (D) e muito ruim (F). Um dos respondentes, que considera o espaço
destinado à copa ruim (E), e que tem seu posto de trabalho próximo à entrada da copa, reforça sua
opinião nos campos destinados ao registro dos principais problemas do local de trabalho e às
observações gerais.
106
g. Privacidade e concentração: 10 respondentes (62,5%) consideraram a privacidade do local de
trabalho necessária à própria atividade entre muito boa (A) e razoavelmente boa (C), e 6
respondentes (37,5%) a consideraram entre razoavelmente ruim (D) e ruim (E). Em relação à
concentração, 50% dos respondentes consideraram o favorecimento à concentração para a
execução das tarefas no ambiente tendente a bom e os outros 50% consideraram tendente a ruim.
No campo para registro dos principais problemas do local de trabalho houve 3 registros (de um
total de 35) acerca da falta de privacidade.
h. Ruídos: 12 respondentes (75%) consideraram entre muito bom (A) e razoavelmente bom (C) o
isolamento contra ruídos internos do edifício. Já no espaço destinado ao registro dos principais
problemas do local de trabalho o mais mencionado foi o barulho, com 7 registros (de um total de
35). A incongruência entre os dois dados pode ser porque os usuários consideraram ruídos
internos do edifício aqueles relativos à operação e maquinário do edifício em si, e não
consideraram os ruídos que ocorrem dentro do local de trabalho.
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o
...
ex
o
a
...
...
Através do questionário de opinião do usuário foi solicitado também que o respondente identificasse
os principais problemas e as principais qualidades do edifício e do local de trabalho pessoal, por
escrito. Ao todo foram registrados 28 qualidades do edifício, 36 qualidades do local de trabalho, 44
problemas do edifício e 35 problemas do local de trabalho (fig. 103). Um respondente teve
107
dificuldades para registrar alguma qualidade do edifício, deixou o espaço em branco e disse não ver
nenhuma qualidade no edifício. Um outro respondente declarou não identificar nenhum problema no
local de trabalho e deixou o espaço destinado a esse registro em branco.
Problemas do
35
local de trabalho
Problemas do
44
Edifício
Qualidades do
36
local de trabalho
Qualidades do
28
Edifício
0 10 20 30 40 50
Dentre os 35 registros por escrito dos principais problemas do local de trabalho, os mais mencionados
dizem respeito ao barulho (7), à temperatura (5), à falta de espaço e de privacidade (3 cada) (fig. 104).
Dos 44 registros por escrito relativos aos principais problemas do edifício, as maiores incidências
dizem respeito aos elevadores (14), ao acesso de pedestres (7) e às vagas para estacionar (5) (fig. 105).
Elevadores
Barulho
Acesso
para
48% Temperatura
20% Pedestres
30% 31% Vagas
para
Falta de
estacionar
espaço Odores
14%
Falta de
9% Privacidade 5% Segurança
9%
7% 16%
Outros 11%
Outros
Figura 104: principais problemas do local de trabalho. Figura 105: principais problemas do edifício.
Um dos respondentes comentou verbalmente já ter presenciado algumas vezes situações em que
pedestres são expostos a situação de risco por atropelamento próximo da entrada de veículos do
estacionamento do térreo. Um outro respondente destacou o problema da largura insuficiente da
entrada para veículos do estacionamento do térreo, chamando a atenção para uma mureta existente no
local com sinais de batidas de carro. Além disso, foi possível presenciar a ineficiência da sinalização
da entrada em ocasião que deixava o estacionamento e um carro entrava por engano, na contramão,
pela saída de veículos. Ainda sobre o estacionamento do térreo um outro respondente opinou:
108
O estacionamento só permite dar uma volta para procurar vagas, se não tiver tem que fazer o
caminho de volta de ré ou sair e entrar novamente. Além disso, só tem calçada na parte da frente
do prédio, nas laterais não, então as pessoas têm que andar entre os carros. Na entrada do
estacionamento, para retirar o ticket é preciso parar em cima da faixa de pedestre .
Dentre as 36 principais qualidades do local de trabalho registradas por escrito, as mais indicadas se
referem ao mobiliário (7), à iluminação (5) e à limpeza (5) (fig. 106). Dos 28 registros acerca das
principais qualidades do edifício, foram mencionados principalmente a aparência do edifício (6), sua
localização (4), a limpeza (4) e a segurança (3) (fig. 107).
Aparência do Edifício
Localização
Mobiliário 40% Limpeza
19% 21% Segurança
Iluminação Outros
53% 14%
Limpeza
14% 14%
Outros 11% 14%
Figura 106: principais qualidades do local de trabalho. Figura 107: principais qualidades do edifício.
No campo destinado às observações gerais, 5 dentre todos os respondentes reforçaram algumas críticas
em relação aos problemas de odores, ao acesso de pedestres, à copa pequena, aos estacionamentos
(subsolo e térreo) e à falta de ventilação. Sobre este último aspecto, um respondente comentou
verbalmente, enquanto preenchia o questionário de opinião do usuário, que mesmo tendo sua mesa no
13º pavimento preferia utilizar um banheiro do 14º pavimento que possui uma janela com abertura
para o exterior, o respondente declarou ter necessidade de sentir o ambiente externo de vez em
quando, especialmente quando sente maior pressão do trabalho.
Um dos cinco críticos destacou como aspecto favorável o clima organizacional que influencia a
sensação de bem-estar no local de trabalho.
Embora as avaliações quanto aos banheiros tenha sido predominantemente positiva, vale destacar uma
condição encontrada na empresa e comentada verbalmente por um dos respondentes: em cada uma das
duas áreas compartilhada de trabalho do 13º pavimento há 4 banheiros, 3 deles femininos e 1
masculino, isso porque as mulheres são maioria dentre os funcionários. O respondente em questão
considera esse um aspecto ruim.
A tipologia de ambiente interno (anexo 4) foi utilizada para aferir a identificação do respondente faz
do tipo de ambiente de escritório que ele utiliza, solicitar a opinião do usuário quanto aos aspectos
positivos e negativos de cada tipologia e aquela mais adequada ao tipo de atividade exercida pelo
respondente.
109
Quatro tipologias de ambientes de escritórios foram apresentadas aos respondentes, tipos A, B, C e D
(figs. 108 a 111), desenhadas em perspectiva e planta baixa. Ao respondente era solicitado que
assinalasse o ambiente que mais se aproximasse do seu posto de trabalho atual, descrevesse 3
características positivas e negativas das 4 tipologias e por fim atribuísse um Ranking (1º a 4º lugar) do
tipo de ambiente mais adequado à sua atividade.
Figura 108: tipo A ambiente fechado por divisórias Figura 109: tipo B ambiente fechado por
piso-teto, com porta. divisórias médias ou altas, sem porta.
Figura 110: tipo C ambiente aberto sem divisórias Figura 111: tipo D ambiente misto, com salas,
ou com divisórias baixas. baias e ambientes abertos.
Do mesmo grupo de 16 respondentes, 7 identificaram o seu local de trabalho como sendo o tipo D,
outros 6 como sendo o tipo B, dois como o tipo C e um como o tipo A. No entanto foi observado pela
pesquisadora que 10 dos respondentes (62,5%) ocupam postos de trabalho tipo B, e 6 dos
respondentes (37,5%) ocupam postos de trabalho tipo C (fig. 112). essa incongruência entre os dados
pode ser devido a interpretação equivocada de posto de trabalho como ambiente de trabalho.
Mesmo apresentando esta incongruência, as demais respostas ao instrumento têm validade, pois
apresentam a opinião dos respondentes acerca de cada tipologia, independente de qual delas
corresponda a seu posto de trabalho.
O ambiente mais indicado, com preferência nº 1, às atividades exercidas foi o tipo C, com 12 escolhas.
A preferência nº 4 de 50% dos respondentes recaiu sobre o ambiente tipo A (fig. 113).
Na escolha dos respondentes pelo tipo de ambiente de trabalho mais adequado para a sua atividade, o
ambiente tipo B, que correspondente ao posto de trabalho de 62,5% dos respondentes, não foi o mais
escolhido em nenhuma posição, tendo sido o segundo mais escolhido para a 3ª e 4ª posição. O
ambiente de trabalho tipo C foi o mais escolhido em primeiro lugar, por 12 respondentes (75%), e o
tipo A foi o mais escolhido em 4º lugar, por 8 respondentes (50%).
110
14 A Ambiente fechado por
divisórias piso-teto, com
12 12 porta.
10
B Ambiente fechado por 8 B Ambiente fechado por
38% 8
divisórias médias ou altas, 8 divisórias médias ou
sem portas 5 6 altas, sem portas
6
6
C Ambiente aberto sem 4 C Ambiente aberto sem
divisórias ou com divisórias 2 4 divisórias ou com
62% 2 divisórias baixas.
baixas. 2 1
0 0 1
D Ambiente misto, com
1º 2º 3º 4º
salas, baias e
Preferência ambientes abertos.
Figura 112: tipo de ambiente que corresponde Figura 113: ranking das preferências em função do
ao posto de trabalho dos respondentes ambiente mais adequado para as atividades exercidas.
conforme observação da pesquisadora.
Tabela 3: Preferência dos respondentes por tipo de ambiente, em negrito o mais escolhido em cada
posição do ranking.
Preferência
Tipo de Ambiente
1º 2º 3º 4º
A Ambiente fechado por divisórias piso-teto, com porta. 2 5 1 8
B Ambiente fechado por divisórias médias ou altas, sem portas 0 4 6 6
C Ambiente aberto sem divisórias ou com divisórias baixas. 12 2 1 1
D Ambiente misto, com salas, baias e ambientes abertos. 2 5 8 1
[opinião 2] O tipo que é o melhor para mim é o que eu mais odeio [referindo-se ao tipo D].
Em relação ao ambiente fechado por divisórias piso-teto, com porta (tipo A), foram registrados 37
pontos positivos e 29 pontos negativos. Os pontos positivos mais apontados foram a privacidade e
concentração, e os negativos a baixa interação e o isolamento (figs. 114 e 115).
outros 3
Pouca
locomoção/circulação 2
outros 5
Limitações de espaço 3
Ausência de ruídos 7
Dificulta comunicação 3
Isolamento 7 Concentração 10
Baixa interação 11
Privacidade 15
0 2 4 6 8 10 12
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Figura 114: principais pontos negativos do ambiente Figura 115: principais pontos positivos do
tipo A. ambiente tipo A.
111
Quanto ao ambiente fechado por divisórias médias ou altas, sem porta (tipo B), foram registrados 34
pontos positivos e 34 pontos negativos. O ponto positivo mais indicado foi o trabalho em equipe e o
negativo o barulho (figs. 116 e 117).
Sujeição a
2 Organização 2
interrupções
Dificulta
3 Concentração 4
concentração
Visão
5 Comunicação 4
estreita/claustro
0 2 4 6 8 10 0 1 2 3 4 5 6
Figura 116: principais pontos negativos do Figura 117: principais pontos positivos do
ambiente tipo B. ambiente tipo B.
O escritório tipo C, ambiente aberto sem divisórias ou com divisórias baixas, teve 37 pontos positivos
indicados e 25 pontos negativos. O principal ponto positivo a integração, e o negativo a falta de
privacidade (figs. 118 e 119).
Boa iluminação 2
Democratização
2
do ambiente
Ambiente limpo 2
Mobilidade 3
Comunicação 3
Dispersão 2
Visão geral do
3
ambiente/pessoas
Dificuldade de
2
concentração Divisão por áreas
4
de trabalho
Ruído 6
Melhor espaço 6
Falta de
11 Integração 9
privacidade
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10
Figura 118: principais pontos negativos do Figura 119: principais pontos positivos do
ambiente tipo C. ambiente tipo C.
112
Em relação ao ambiente misto, com salas, baias e ambientes abertos (tipo D), foram registrados 27
pontos positivos e 25 pontos negativos, sendo o principal aspecto positivo a interação e a privacidade
relativas. Os principais pontos negativos apontados se referem ao ruído, à problemas de excesso ou
falta de privacidade, à comunicação prejudicada e à hierarquia visível (figs. 120 e 121).
Privacidade Comunicação 3
2
seletiva
Ruído 7 Interação 6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7
Figura 120: principais pontos negativos do Figura 121: principais pontos positivos do
ambiente tipo D. ambiente tipo D.
Mapa cognitivo
O mapa cognitivo (anexo 5) foi aplicado com o mesmo grupo de 16 usuários, aos quais foi solicitado
que fizessem um desenho esquemático do seu ambiente de trabalho, de memória, indicando os
elementos considerados mais importantes (móveis, equipamentos, paredes/divisões, etc), acessos e
percursos do edifício. Foi solicitado ainda que imaginassem que estivessem descrevendo o ambiente a
alguém que nunca o tivesse visto. A pesquisadora acompanhou a elaboração dos mapas cognitivos
pelos respondentes, observando a realização dos desenhos e conversando com os respondentes acerca
do significado daquilo que estavam desenhando.
Todos os respondentes reclamaram pelo fato de terem que fazer um desenho, curiosamente, no
entanto, a maior parte deles elaborou mapas cognitivos estruturados ou semi-estruturados, alguns com
muita riqueza de detalhes e informações. Ainda mais curioso foi que, apesar da reclamação inicial para
fazer um desenho, 3 respondentes optaram por desenhar também no poema dos desejos.
61 Os três tipos básicos de mapas cognitivos são (Fávero, 2000): (1) simbólicos desenhos constituídos apenas por uma
imagem; (2) semi-estruturados desenhos que sugerem uma lógica operacional simples, formado por poucos elementos ou
representando um recorte da área; (3) estruturados desenhos que apresentam um grau elevado de complexidade quanto
à compreensão e estruturação do lugar.
113
A seguir foram identificados e quantificados os elementos físicos representados. Por fim os elementos
de imagem mental foram identificados, conforme a classificação de Lynch (1999) em limites, marcos,
nós, percursos e setores. As classificações realizadas também consideraram o local do posto de
trabalho utilizado pelo respondente: 13º pavimento ala nordeste (13 NE), 13º pavimento ala sudoeste
(13 SE) e 14º pavimento (14), neste caso o grupo não foi subdividido por ser composto por apenas 3
pessoas e o espaço ocupado pela empresa ser menor
Do total geral dos respondentes, 5 (31,25%) elaboraram mapas cognitivos estruturados, 8 (50%)
desenharam mapas semi-estruturados e 3 (18,75%) fizeram mapas simbólicos (fig. 122). Considerando
apenas os respondentes que ocupam a ala nordeste do 13º pavimento (8 usuários), onde funcionam as
áreas de comunicação, o comercial e o back office, 3 (37,75%) dos mapas cognitivos foram do tipo
estruturado, o mesmo percentual para os mapas simbólicos (3 respondentes) e outros 2 (25%) para os
mapas semi-estruturados.
114
Quadro 7: Relação entre perfil do respondente, tipo de mapa e elementos físicos.
Respondente nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Local do posto de trabalho (*) 13 NE 13 NE 13NE 13 SO 13 NE 13 NE 13 NE 13 NE 13 NE 13 SO 13 SO 13 SO 13 SO 14 14 14
Tipo de mapa (**) estrut semi estrut semi semi simb simb simb estrut semi estrut semi semi estrut semi semi
ELEMENTOS FÍSICOS
1 Ar condicionado X
2 Armários X X X X X X X X
3 Arquivos deslizantes X X X X X
4 Balcão da portaria (térreo) X
5 Balcão da recepção (13º pav.) X X X
6 Cadeiras X X X X X X X X X X X
7 Calçada X X
8 Cancela do estacionamento X X
9 Carros X
10 Coluna (pilar) X
11 Computador X X X X X X X
12 Copiadora (xerox) X
13 Divisórias X X X X X X X X X X X X X X
14 Edifício (planta baixa) X X
15 Elevador Panorâmico (VIP) X
16 Elevadores X X X X X
17 Estacionamento X
18 Fax X
19 Impressora X X X X X
20 Janelas X X X X X X X X X X
21 Livros X
22 Mesas X X X X X X X X X X X X X X X
23 Paredes X X X X X X X X X X X X X
24 Pertences pessoais sobre a mesa X
25 Pessoas X
26 Placa da empresa no 13º pav. X X
27 Plantas X X
28 Ponto de ônibus X
29 Portas X X X X X X X X X X X X
30 Quadro de avisos X
31 Quadros X
32 Rua X X
33 Telefone X
(*)13 NE: 13º pav. ala nordeste; 13 SO: 13º pav. ala sudoeste; 14: 14º pav.; (**) estrut: estruturado; semi: semi-estruturado; simb: simbólico.
115
Quadro 8: Relação entre perfil do respondente, tipo de mapa e elementos de imagem mental.
Respondente nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Local do posto de trabalho (*) 13 NE 13 NE 13NE 13 SO 13 NE 13 NE 13 NE 13 NE 13 NE 13 SO 13 SO 13 SO 13 SO 14 14 14
Tipo de mapa (**) estrut semi estrut semi semi simb simb simb estrut semi estrut semi semi estrut semi semi
ELEMENTOS DE IMAGEM MENTAL
1.1 Armários X X X X X X
1.2 Divisórias X X X X X X X X X X X X X
1.3 Janelas X X X X X X X X X X
1. LIMITES
1.4 Mesa X
1.5 Paredes X X X X X X X X X X X
1.6 Portas X X X X X X X X X
1.7 Rua X X
1.8 Salas fechadas X X X X X X X X X X X X
1.9 Sequência de baias X X X X X X X X X X X X
2.1 Elevadores X X X X
2. MARCOS
116
Em relação aos respondentes ocupantes da ala sudoeste do 13º pavimento (5 usuários), que realizam
os trabalhos da revista, do marketing e eventos, 1 usuário (20%) elaborou um mapa conceitual
estruturado, e 4 usuários (80%) elaboraram mapas semi-estruturados.
Nenhum dos 3 respondentes do 14º pavimento elaborou mapa cognitivo simbólico, 2 (66,5%)
elaboraram mapas semi-estruturados e 1 (33,5%) elaborou mapa estruturado. Os respondentes deste
pavimento trabalham nos setores de tecnologia, no call center e no banco de dados.
117
Figura 124: mapa cognitivo semi-estruturado elaborado por um dos respondentes.
118
Figura 125: mapa cognitivo simbólico elaborado por um dos respondentes.
Os elementos físicos representados em mais de 50% dos mapas foram (em ordem decrescente): mesas,
divisórias, paredes, portas, cadeiras, janelas e armários (fig. 126).
16
15
14
14
13
12
12
11
10
10
8
8
7
6
5 5 5
4
3
2 2 2 2 2 2
2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0
elevador panorâmico (VIP)
cancela do estacionamento
estacionamento
armários
impressoras
calçada
rua
ar condicionado
quadro
edifício (planta baixa)
placa da empresa (13º andar)
coluna (pilar)
copiadora (xerox)
plantas
livros
divisórias
paredes
portas
cadeiras
janelas
arquivos deslizantes
elevadores
carros
pessoas
ponto de ônibus
quadro de avisos
telefone
balcão da recepção (13º andar)
fax
Analisando os mapas cognitivos foram identificados os seguintes elementos de imagem mental nos
desenhos dos respondentes:
119
Tabela 4: Incidência geral dos elementos de imagem mental nos mapas cognitivos.
Presença nos
Elementos de Imagem Mental %
mapas cognitivos
Limites Armários 6 37,5%
Divisórias 13 81,25%
Janelas 10 62,5%
Mesa 1 6,25%
Paredes 11 68,75%
Portas 9 56,25%
Rua 2 12,5%
Salas fechadas 12 75%
Seqüência de baias 12 75%
Marcos Elevadores 4 25%
Janelas (vista) 2 12,5%
Ponto de ônibus 1 6,25%
Recepção da Reinvente 4 25%
Planta 1 6,25%
Nós Área de trabalho compartilhada 12 75%
Entrada do edifício 1 6,25%
Hall do elevador no 13º pavimento 3 18,75%
Hall do elevador no 14º pavimento 2 12,5%
Hall do elevador no térreo 2 12,5%
Portaria do edifício 1 6,25%
Própria mesa 15 93,75%
Recepção da Reinvente no 13º pavimento 5 31,25%
Sala de impressão 1 6,25%
Sala de reunião 1 (14º pavimento) 2 12,5%
Sala de reunião 2 (14º pavimento) 2 12,5%
Área da presidência 3 18,75%
Percursos Acesso de veículos 2 12,5%
Acesso de pedestres 2 12,5%
Da própria mesa à sala de impressoras 1 6,25%
Da recepção à própria mesa 3 18,75%
Do hall de elevadores à própria mesa 4 25%
Setores 13º pavimento todo 2 12,5%
13º ala nordeste toda 3 18,75%
13º ala nordeste parte 4 25%
13º ala sudoeste toda 2 12,5%
13º ala sudoeste parte 2 12,5%
14º pavimento parte 2 12,5%
14º pavimento todo 1 6,25%
O elemento de imagem mental que mais estruturou os mapas cognitivos desenhados foram os limites
dentre os quais os mais representados foram as divisórias (81,25%), as salas fechadas (75%) e as
seqüências de baias (75%).
O marcos mais presentes foram os elevadores (25%) e a recepção da empresa (75%). Os nós mais
representados foram a própria mesa de trabalho (93,75%), a área de trabalho compartilhada (75%), a
recepção da empresa (31,25%), o hall de elevadores no 13º pavimento (18,75%) e a área da
presidência (18,75%).
Os percursos mais presente nos desenhos foram o do hall de elevadores até a própria mesa (25%) e o
da recepção até a própria mesa (18,75%). Em relação aos setores, apenas 3 mapas cognitivos (18,75%)
120
representaram o pavimento inteiro, 5 (31,25%) representaram a ala na qual se localiza o posto de
trabalho do respondente e 8 (50%) representaram apenas a parte da ala na qual está sua mesa.
As janelas são representadas em alguns mapas como limite, servindo para delinear setores, e em outros
como marco, significando um emolduramento da vista externa.
Através do instrumento poema dos desejos (anexo 6) foi solicitado aos respondentes que registrassem
suas propostas e expectativas quanto ao que seria o seu local de trabalho ideal, completando a frase
gostaria que meu local de trabalho... .
Apesar de ter sido solicitado o registro por escrito dos desejos, um dos respondentes preferiu fazer um
desenho (fig. 127), outros dois escreveram e desenharam (figs. 128 e 129) e um outro respondente
ilustrou um de seus desejos com uma foto (fig. 130).
Figura 128: desenho elaborado por um dos respondentes para Figura 129: ilustração do desejo
ilustrar seu desejo de ter um ambiente de trabalho tipo de ter uma sala fechada para a
arena , sem hierarquia e com livre debate de idéias. equipe de trabalho.
121
Figura 130: foto utilizada por um dos respondentes para ilustrar seu desejo62.
62 A foto foi enviada pelo respondente por e-mail à pesquisadora, sem informações sobre sua fonte.
122
Através dos poemas os respondentes expressaram também como o ambiente deve ser (tab. 6) o que
deve ter (tab. 7), o que deve favorecer/possibilitar (tab. 8) e aspectos comportamentais (tab. 9).
Tabela 6: Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve ser e sua freqüência.
O ambiente deve ser... Freqüência
1. Aberto (sem barreiras físicas, sem divisórias ou divisórias transparentes e/ou baixas) 3
2. Alto (pé-direito) 1
3. Amplo 2
4. Arejado 1
5. Climatizado conforme necessidade individual 2
6. Democrático (não expressar hierarquia) 3
7. Em área não central com bom acesso 1
8. Fechado (com paredes ou divisórias) 3
9. High tech 1
10. Iluminado (luz natural e artificial) 4
11. Na beira da praia 2
12. Próximo da equipe de trabalho 1
13. Próximo de uma janela 1
14. Sem paredes 1
15. Silencioso 3
Tabela 7: Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve ter e sua freqüência.
O ambiente deve ter... Freqüência
1. Ar condicionado individual 1
2. Armários e estantes (espaço para armazenagem) 2
3. Baias baixas 1
4. Berçário 1
5. Boa acústica 1
6. Clarabóias 1
7. Computadores Apple 1
8. Copa adequada para refeições 1
9. Cores suaves 1
10. Elevador panorâmico 1
11. Equipamentos necessários ao trabalho (telefone, fax, impressora) 6
12. Espaço de convivência 1
13. Espaço para visitas 1
14. Impressora próxima 1
15. Janelas amplas (vista exterior) 3
16. Jardim de inverno 1
17. Local para descanso 1
18. Mesa maior 2
19. Mezzanino 1
20. Móveis atuais 1
21. Objetos decorativos 1
22. Paredes 2
23. Paredes transparentes para área comum 1
24. Plantas e flores 3
25. Porta 2
26. Quadros para decoração 2
27. Sala de reunião próxima 1
28. Sala fechada para uso de equipe de trabalho 2
29. Sala fechada para uso individual 1
30. Sala fechada parcialmente 1
31. Salas fechadas utilizadas para trabalho individual ou para reuniões conforme demanda 2
32. Tecnologia para trabalho a distância 1
33. Tomadas planejadas 1
34. Vagas suficientes no estacionamento 1
35. Vidro e metal na arquitetura 1
123
Tabela 8: Relação dos desejos quanto ao que o ambiente deve favorecer/possibilitar e sua freqüência.
O ambiente deve favorecer/possibilitar... Freqüência
1. Colaboração 1
2. Comunicação (trânsito contínuo da informação) 2
3. Concentração 2
4. Diálogo (livre troca de idéias, experiências, conhecimento) 3
5. Integração 1
6. Interação (trabalho em equipe) 3
7. Privacidade 2
8. Trabalho a distância 2
Tabela 9: Relação dos aspectos comportamentais expressos nos poemas e sua freqüência.
Aspectos comportamentais expressos nos poemas Freqüência
1. Educar a altura da voz (celulares) 1
2. Ser alegre 1
3. Ser cativante 1
4. Ser familiar 1
5. Ter simpatia pelo outro 1
Questionário complementar
A primeira pergunta foi: você sente algum incômodo (cansaço, dores musculares, dores de cabeça,
dentre outros) que pareçam ter relação com seu ambiente físico de trabalho? Quais e por quê? Foram
obtidas 6 respostas negativas (43%) e 8 positivas (57%), sendo os principais incômodos relacionados
dores nas costas e dor de cabeça (fig. 131). As principais causas atribuídas aos incômodos foram
relacionados ao número de horas por dia sentado e à cadeira de trabalho (fig. 132).
stress 1
cansaço 1 cadeira 2
Figura 131: freqüência dos incômodos relatados Figura 132: freqüência das causas
pelos respondentes. atribuídas ao incômodo.
124
Na segunda e terceira perguntas foi solicitado aos respondentes que atribuíssem um valor de 0 a 1063 à
necessidade de interação e à necessidade de privacidade na realização do seu trabalho. Valores altos
foram atribuídos tanto à necessidade de interação, com 12 respostas (85,7%) dando nota igual ou
superior a 7, quanto à necessidade de privacidade, com 7 respostas (50%) atribuindo notas iguais ou
superiores à 7 (fig. 133).
freqüência
4 4
3 3 3
interação
2 2 2 2 privacidade
1 1 1
nota
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Curiosamente, alguns respondentes atribuíram notas altas tanto para interação como para privacidade
(fig. 134), e houve também casos em que o respondente entendeu como interação a dependência que
têm do trabalho de outras pessoas, caso dos respondentes nº 10 e nº 16.
nota
10 10 10 10 10 10
9 9 9
8 8 8 88 8 8
7 7 7
2 2
não responderam
este questionário 0
respondente
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
63 Neste caso, nota 0 para nenhuma necessidade e nota 10 para necessidade elevada.
125
A principal razão apresentada para justificar a necessidade de interação foi o fato do trabalho ser
realizado em equipe. As justificativas apresentadas para a necessidade de privacidade foram a
necessidade de realizar entrevistas/reuniões, redigir textos, trabalhar com números, realizar
planejamentos e cadastramento de dados.
Na quarta pergunta O ambiente de trabalho permite a interação/privacidade que você necessita para
exercer suas funções? Por quê? As respostas indicaram que o ambiente atende à necessidade de
interação e não atende à necessidade de privacidade (figs. 135 e 136).
não; 4;
29% sim; 6;
43%
não; 8;
sim; 10; 57%
71%
Na quinta pergunta foi solicitado aos respondentes que registrassem o que fazem e para onde vão
quando precisam se concentrar, relaxar/descansar, conversar sem interrupção e conversar com vários
colegas. Para se concentrar e conversar sem interrupção a maior parte utiliza uma das salas de reunião,
para relaxar/descansar buscam lugares fora da empresa (tabs. 10 a 13).
126
Tabela 12: Freqüência das ações para conversar sem interrupção.
O que você faz e para onde vai quando precisa conversar sem interrupção? Freqüência
1. Utilizo alguma sala fechada. 1
2. Utilizo uma das salas de reunião. 11
3. Vou para a cafeteria. 1
4. Vou para a copa. 1
Tabela 13: Freqüência das ações para conversar com vários colegas.
O que você faz e para onde vai quando precisa conversar com vários colegas? Freqüência
1. Utilizo uma das salas de reunião. 11
2. Converso no próprio ambiente de trabalho. 1
3. Vou para a copa. 1
4. Converso no almoço. 1
5. Uso qualquer mesa disponível. 1
Finalmente foi perguntado aos usuários se consideravam importante ter acesso à vista exterior. A
absoluta maioria considerou importante (92,85%), apenas um respondente achou não necessário,
embora considere desejável por ser relaxante e bonito . Dentre as principais razões foram destacados
o efeito relaxante, a beleza, a percepção da passagem do tempo e a prevenção da sensação de
aprisionamento (tab. 14).
Tabela 14: Freqüência das razões apresentadas para considerar o acesso à vista exterior importante.
O acesso à vista exterior é importante porque... Freqüência
1. Abre a cabeça para novos insights. 1
2. Dá sensação de ambiente saudável. 1
3. Dá sensação de bem-estar. 1
4. Descansa a cabeça. 1
5. Descansa a vista. 1
6. É bonito. 2
7. Evita alienação. 1
8. Ilumina o ambiente. 1
9. Minimiza o stress. 2
10. O ambiente fica mais agradável. 1
11. Possibilita a percepção da passagem do tempo e clima. 2
12. Previne sensação de aprisionamento. 2
13. Proporciona mais ânimo. 1
14. Relaxa. 3
15. Traz tranqüilidade. 1
Apesar das características refazedoras do estado físico e mental atribuídas pelos respondentes ao
acesso à vista exterior, nenhum deles registrou fazer uso da vista para relaxar / descansar na pergunta
anterior.
Mapeamento visual
O mapeamento visual (anexos 8 e 9) foi o último instrumento aplicado aos mesmo 14 usuários que
responderam o questionário complementar. O instrumento entregue ao respondente continha a planta
baixa do pavimento em que se localizava seu posto de trabalho e uma orientação para que registrasse e
justificasse na planta os pontos positivos (+) e negativos (-) do ambiente. Foram elaborados 11
mapeamentos visuais referentes ao 13º pavimento e 3 referentes ao 14º pavimento.
127
Houve um predomínio de aspectos negativos identificados pelos respondentes, tanto no 13º como no
14º pavimento (figs. 137 e 138).
aspectos aspectos
positivos; positivos; 4;
31; 42% 40%
aspectos aspectos
negativos; negativos;
42; 58% 6; 60%
Figura 137 e 138: quantidade de aspectos negativos e positivos indicadas no mapeamento visual do 13º e 14º pavimentos.
Os aspectos positivos mais presentes nos mapeamentos visuais foram relacionados aos banheiros, aos
ambientes próximos às janelas e à iluminação natural. Os pontos negativos mais apontados foram
relativos ao mal cheiro (de esgoto e de cigarro), à inadequação da copa e à ineficiência dos elevadores
(figs 139 e 140).
Os números indicados na figura 139 identificam os aspectos positivos e/ou negativos apontados pelos
respondentes no mapeamento visual do 13º pavimento, conforme legenda a seguir:
128
Legenda
1. Positivo: hall de entrada bonito (resp.01); bonito e funcional (resp.13).
Negativo: cheiro no final da tarde (resp.01); a recepção é boa, mas por inúmeras vezes está com cheiro de
esgoto o que pode denotar problemas com o sistema hidráulico do prédio (resp.03); alas muito separadas
dificuldade de interação entre as áreas, as pessoas acabam cortando caminho pela recepção (resp.09); má
circulação entre asas (resp.11).
2. Positivo: [sinal de (+) indicado pelo resp.12, sem texto explicativo].
Negativo: cheiro no final da tarde (resp.01).
3. Positivo: boa visibilidade, completo (resp.11); espaço, funcional (resp.13).
4. Positivo: elevador panorâmico (resp.01); elevador com menos demora (resp.09); útil para a gerência (resp.11);
funcional (resp.13).
Negativo: apenas para gerentes / diretores (resp.09).
5. Negativo: cheiro do banheiro (resp.13).
6. Negativo: copa muito pequena e escura, não há cadeiras (resp.02); copa / cozinha pequena e fechada, e abafada
(resp.03); copa escura, sem ventilação (resp.06); copa muito pequena e abafada (resp.07); copa deveria ser mais
arejada (resp.13).
7. Positivo: quadros: transmite tranqüilidade (resp.08).
8. Positivo: privacidade (resp.07).
Negativo: barulho da copa atrapalha um pouco (resp.07); barulho copa (resp.13).
9. Positivo: divisórias e mobiliário moderno / bonito (resp.01).
10. Positivo: este espaço é bem aberto e arejado por causa das janelas (resp.02); bom espaço (resp.09); espaço
(resp.13).
11. Positivo: vista / janelas amplas (resp.01); claridade natural (resp.06); boa iluminação (resp.09).
12. Positivo: funcional (resp.13).
Negativo: atendimento de fornecedores (espaço ruim) (resp.10); pouco útil como sala de reuniões por não ter
paredes (resp.11).
13. Positivo: Funcional (resp.13).
Negativo: este conjunto de mesas e divisórias atrapalha o fluxo / trânsito no ambiente (resp.03).
14. Negativo: temperatura muito oscilante (resp.01).
15. Negativo: este L fecha / isola 4 pessoas do restante do depto, temos que dar uma volta nas baias para chegar à
eles (resp.02); cadeiras inadequadas e pouca claridade (resp.06); colocação de baias de forma que dificultam a
circulação. baias altas, impedem a vista das janelas (resp.09); barulho (resp.13).
16. Positivo: espaço (resp.13).
Negativo: cheiro (resp.13).
17. Positivo: espaço (resp.13).
18. Positivo: espaço para impressão fechado (menos calor e barulho) (resp.9).
Negativo: as impressoras fazem muito barulho e estão distantes (resp.08); porta (resp.13).
19. Negativo: pouco espaço de circulação, pouca luz (resp.09).
20. Negativo: banheiro desconfortável (privada mal posicionada) (resp.01); banheiros muito próximos das baias, às
vezes exalam mal-cheiro do encanamento, isso incomoda (resp.02); banheiros sem janelas, sem ventilação e
isolados (resp.08); cheiro ruim (resp.13).
21. Positivo: bonito (resp.13).
Negativo: o sistema de elevadores é péssimo, demorado e pouco eficiente (resp.03); os elevadores sempre dão
problema, para as horas de pico sempre têm pelo menos 2 parados (resp.07); elevadores sempre lotados (resp.10);
muito demorados (resp.13).
22. Negativos: as escadas de incêndio estão constantemente com cheiro de cigarro (resp.03); cheiro ruim (resp.13).
23. Positivo: funcional (resp.13).
Negativo: espaço aberto, barulho de impressão (resp.09).
24. Positivo: número de banheiros femininos 75% - proporcional aos funcionários (resp.09); bons toaletes (resp.11).
25. Positivo: toalete próximo (resp.10).
Negativo: pouca luz e pouco espaço para circulação (resp.09); espaço muito pequeno (resp.13).
26. Negativo: colocação de baias de forma que dificultam a circulação, baias altas, impedem a vista das janelas
(resp.09).
27. Negativo: poderia ser maior (resp.13).
28. Positivo: número de banheiros femininos 75% - proporcional aos funcionários (resp.09); banheiros grandes
(resp.13).
29. Negativo: espaço pequeno (resp.13).
30. Positivo: armários próximos (resp.10).
31. Positivo: bom para visitas (resp.11).
129
Figura 140: síntese dos mapeamentos visuais do 14º pavimento.
Os números indicados na figura 140 identificam os aspectos positivos e/ou negativos apontados pelos
respondentes no mapeamento visual do 14º pavimento, conforme legenda a seguir:
Legenda
1. Negativo: pequeno espaço (banheiro) (resp.15).
2. Negativo: Divisória de vidro não dá privacidade (resp.14).
3. Positivo: Tranqüilo e afastado do barulho (resp.14).
4. Positivo: Espaço grande e amplo (resp.15).
5. Negativo: Central de Relacionamento (resp.15).
6. Positivo: Claridade (resp.15).
7. Positivo: Espaço circulação (resp.15).
Negativo: Área aberta para departamentos diferentes (resp.16).
8. Negativo: Porta segurança em sala de reunião (estreita) (resp.15).
9. Negativo: Elevadores constantemente inoperantes (resp.15).
130
Tabela 16: Aspectos negativos mais presentes nos mapeamentos visuais.
Principais aspectos negativos Freqüência
1. Cheiro ruim de esgoto e cigarro. 7
2. Copa, pequena, escura, abafada, sem cadeiras, origem de muito barulho. 7
3. Elevadores, demorados, cheios, lentos. 5
4. Seqüência de baias e divisórias dificultando a circulação. 4
5. Banheiros desconfortáveis, muito próximos às baias, sem ventilação e com mal cheiro. 3
No mapeamento visual, dos 11 respondentes que preencheram o instrumento com a planta baixa do
13º pavimento, onde se localizam os seus postos de trabalho, 5 (45,45%) apontaram a inadequação da
copa deste pavimento como um dos aspectos negativos do local de trabalho. Nenhum respondente do
14º pavimento fez menção à copa nos mapeamentos visuais, mas alguns respondentes do 13º
pavimento comentaram verbalmente que consideram a copa do pavimento superior muito melhor,
maior e mais arejada . No entanto as duas copas têm exatamente as mesmas dimensões e possuem os
mesmos equipamentos. Uma possível explicação para essa discrepância é o fluxo menor de pessoas na
copa do 14º pavimento.
Entrevistas
As entrevistas foram realizadas (em ordem cronológica) com o gerente administrativo do condomínio,
com os autores do projeto do escritório da empresa e com um dos gerentes da Reinvente . As
informações obtidas nas entrevistas foram utilizadas na contextualização do objeto de estudo (seção
4.1).
As entrevistas foram realizadas no final da pesquisa de campo, após aplicação e tabulação prévia dos
dados, possibilitando identificar algumas questões a serem elucidadas através deste instrumento.
Duas das entrevistas foram do tipo semi-estruturada, conduzidas a partir de uma listagem de tópicos a
serem esclarecidos com os entrevistados, e uma delas estruturada.
A primeira entrevista foi realizada com o gerente administrativo do condomínio (anexo 10), a quem
foram propostas questões relacionadas com as características físicas e de gerenciamento do edifício e
dos serviços nele prestados. Foi realizada em dezembro de 2004, na sala do gerente, na administração
do edifício. Ao final o gerente conduziu a pesquisadora até a Central de Operações onde é realizado o
monitoramento do Sistema de Automação Predial. As informações obtidas foram registradas por
escrito à medida que ocorria a entrevista e complementadas em parte com os dados disponíveis no
Manual do Condômino fornecido à pesquisadora pelo gerente administrativo do edifício.
As perguntas tiveram por base os atributos de desempenho dos edifícios de escritório sistematizados
por Rheingantz (2000), tendo sido utilizado também um check-list sobre o Sistema de Automação
Predial desenvolvido por Rheingantz (1997) e aplicado no BNDES.
131
Houve dificuldade do entrevistado em responder às questões do check-list, possivelmente devido à
terminologia técnica utilizada não ser do seu uso cotidiano (sua formação é em administração de
empresas). Com isso a entrevista foi conduzida ao modo de uma conversa, na qual a pesquisadora
solicitava ao gerente que descrevesse características físicas, da administração e dos serviços do
edifício.
A segunda entrevista foi realizada com um dos arquitetos autores do projeto do escritório da
Reinvente (anexo 11). Houve dificuldades para conciliar os horários entre os envolvidos com a
entrevista, que somente foi realizada por telefone, em fevereiro de 2005.
Foram elaboradas questões relacionadas com o processo projetual e com a obra, bem como sobre as
antigas instalações da Reinvente e sobre o edifício Blue Tower (seção 4.1).
A terceira e última entrevista foi realizada com um dos gerentes da Reinvente (anexo 12), que
abordou questões relacionadas com as características físicas, administrativas e de cultura
organizacional da empresa.
Neste capítulo foram apresentados as informações, observações e dados, acerca do estudo de caso
realizado, no qual foram utilizados instrumentos de Avaliação Pós-Ocupação com a abordagem da
Observação Incorporada. No próximo capítulo tais informações serão correlacionadas e analisadas
buscando identificar coerências, incoerências, lacunas, hipóteses e orientações para futuras pesquisas e
aplicações na prática projetual.
132
CAPÍTULO 5
ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES E DADOS
133
5. Análise das observações e dados
Nesta análise serão abordados aspectos que buscam elucidar o problema e atender aos objetivos
propostos para a pesquisa, conforme descritos no capítulo introdutório (quadro 9).
Para atender ao objetivo geral e aos objetivos específicos da pesquisa, a análise foi dividida em duas
partes: (1) na primeira parte são destacados os principais aspectos positivos e negativos do edifício e
do ambiente de trabalho, numa análise que permite verificar a influência dos atributos de desempenho
do ambiente construído sobre a cognição dos usuários acerca da qualidade do lugar de trabalho,
elaborada a partir da utilização do instrumento mapa conceitual apresentado no Capítulo 3; (2) na
segunda parte é feita uma análise global da aplicação dos instrumentos em campo, buscando com isso
identificar a efetividade dos instrumentos na obtenção de dados acerca da cognição dos usuários
quanto ao ambiente de trabalho.
134
A análise realizada neste capítulo não esgota as possibilidades de interpretação das observações e dos
dados obtidos em campo. Representa um olhar conforme o domínio explicativo resultante da
experiência vivenciada da pesquisadora com os usuários no e sobre o ambiente estudado.
Segundo Maturana (2001) e Varela et al (2003), não é possível entrar em contato com um contexto
sem nele influir nem ser por ele influenciado. Recordando os argumentos apresentados na
Fundamentação Teórica, a interação com o ambiente construído ocorre em meio a um acoplamento
estrutural dos usuários com o meio uma deriva cujo curso se produz, momento a momento, nas
interações do sistema e suas circunstâncias e que leva a uma cognição acerca de um mundo ligado à
histórias que são vividas ou a caminhos que existem apenas na medida em que são abertos com o
caminhar (VARELA et al, 2003:209).
Na abordagem da Observação Incorporada, o pesquisador não atua como mero expectador, mas como
um dos atores no cenário de pesquisa. Sua experiência (tanto prévia como vivenciada no campo)
interfere na observação e obtenção de dados. Nesse sentido, as explicações aqui formuladas buscaram
ter coerência no domínio cognitivo da experiência vivenciada pela pesquisadora em campo. Segundo
Maturana (2001:159 e 162):
...a ciência, como domínio cognitivo constituído através da aplicação do critério de validação das
explicações científicas, não lida com a verdade ou a realidade num sentido transcendente, mas
apenas com a explicação da experiência humana no domínio das experiências humanas... ...uma
explicação é uma reformulação de uma experiência aceita como tal por um observador (que pode
ser a mesma pessoa que a propôs), de acordo com certos critérios de aceitabilidade adotados por
ele ou ela... [portanto] existem tantos tipos de explicações quantos critérios de aceitabilidade...
[além disso] é o escutar do observador, voltado para a satisfação do critério de aceitabilidade que
ele ou ela adotou, que determina a que pergunta (e em que domínio) ele ou ela responde ao aceitar
uma resposta explicativa particular.
Além disso, foram adotadas as operações lógicas de distinção distinguir o objeto de seu contexto,
sem isolá-lo ou dissociá-lo desse contexto e conjunção estabelecer as inter-relações e articulações
do sistema, integrando o objeto no sistema utilizadas para pesquisa na complexidade a partir do
pensamento integrador, adotando-se uma atitude do tipo e e , e (isto) e (aquilo) ou tanto (isto)
quanto (aquilo) , conforme explicitado na Fundamentação Teórica (Capítulo 1).
135
5.1 Principais aspectos positivos e negativos do edifício Blue Tower e do ambiente de
trabalho da Reinvente
A partir da aplicação dos instrumentos de APO, com o propósito de avaliar os 7 conjuntos de atributos
de desempenho64 apresentados na Fundamentação Teórica (Capítulo 1) e identificar os principais
elementos que contribuem para a qualidade do ambiente de trabalho ou a comprometem, foi possível
identificar os principais aspectos, positivos e negativos do edifício e do escritório.
Na definição destes 20 aspectos, foi considerada a experiência vivenciada por todos os envolvidos
com a pesquisa usuários em geral, respondentes, entrevistados e a pesquisadora tendo os
instrumentos de APO exercido um papel de balizadores e estimuladores, ou suportes que permitiram
aprofundar a experiência conjunta e o desenrolar da pesquisa de campo.
Para construir os mapas conceituais foram listados os problemas e qualidades do edifício Blue
Tower e do escritório da Reinvente , tendo por base as observações e dados obtidos em campo. Em
seguida foram estabelecidas co-relações entre cada um dos aspectos listados, buscando retratar a
influência que alguns aspectos exercem sobre outros.
Por exemplo: a fachada envidraçada contribui na condição de marco visual do edifício, mas faz do
ambiente interno uma estufa que acarreta em custos elevados para a climatização do ar, que por sua
vez são racionalizados pelo condomínio que, por economia, desliga o ar às 18h, quando ainda há
funcionários em atividade no escritório da Reinvente , que por isso reclamam do calor no final do
expediente, apesar de gostarem da aparência externa do edifício. Esse tipo de co-relações são
explicitados nos mapas conceituais através de setas e proposições que indicam causas e efeitos que
entrelaçam os principais aspectos positivos e negativos do edifício Blue Tower e do escritório da
Reinvente .
A leitura dos mapas conceituais das figuras 141 e 142 deve ser feita do centro para a periferia,
seguindo as linhas e setas que indicam relações de causa e efeito. Para facilitar a visualização e leitura
dos mapas conceituais os aspectos positivos estão em retângulos preenchidos na cor azul, e os
aspectos negativos em retângulos preenchidos com a cor laranja.
64(1) atributos de interação; (2) atributos corporativos; (3) atributos de infra-estrutura; (4) atributos construtivos; (5) atributos
de espaço; (6) atributos de ambiência interna; (7) atributos de recursos / serviços prediais.
136
O quadro 10 apresenta os principais aspectos positivos e negativos do edifício Blue Tower e do
escritório da Reinvente . Na próxima página são apresentados os mapas conceituais que co-
relacionam os dados e observações que permitiram identificar tais aspectos. A seção segue com a
análise de cada um dos principais aspectos de acordo com as observações e dados expostos no
Capítulo 4.
137
Figura 141: mapa conceitual dos principais aspectos positivos e negativos do edifício.
138
Figura 142: mapa conceitual dos principais aspectos positivos e negativos do escritório.
139
Principais aspectos positivos do edifício Blue Tower
Através da walkthrough e da entrevista com o gerente administrativo do Edifício Blue Tower foram
obtidas as informações quanto aos serviços, todos terceirizados, disponíveis: administração do
condomínio, central de operações 24h, shaft de telefonia, recepção, guaritas, estacionamento rotativo,
office boy, limpeza, manutenção, coleta seletiva, bombeiro e segurança 24h.
Através da entrevista com o gerente administrativo do edifício, foram obtidas as informações sobre o
Sistema de Automação Predial (SAP), que monitora os acessos de pessoas e veículos, as câmeras de
segurança, o sistema de prevenção contra incêndio, de ar condicionado central, o sistema de
iluminação das áreas de uso comum e de transporte vertical (elevadores), atendendo a todos os
atributos da categoria Recursos / serviços prediais.
Foi observado que o SAP é um facilitador e otimizador do gerenciamento predial, auxiliando nas
condições de segurança e redução de consumo de energia elétrica e permitindo ajuste da temperatura
do ar por andar e por conjunto.
A programação do sistema precisaria ser ajustada em relação aos elevadores para reduzir o tempo de
espera65, e em relação à central de ar condicionado para mantê-la em funcionamento após as 18h, uma
vez que muitos usuários ainda estão no edifício nesse horário66 e ressentem a ausência de refrigeração.
A walkthrough e a entrevista com o Sr. Ivan permitiram identificar a condição do edifício como um
marco visual. Em relação à imageabilidade vale reproduzir as palavras do Sr. Ivan descrevendo as
imagens, idéias e sentimentos que ele associa ao edifício:
65 O gerente administrativo do condomínio informou que a programação é pré-determinada pela fabricante dos elevadores,
no caso a Thyssen Krupp, e que pode ser alterada, mas somente pela fabricante. Segundo o gerente administrativo do
condomínio, a solicitação de mudança da programação dos elevadores teria que partir dos condôminos.
66 Em função da natureza do negócio da Reinvente , que promove eventos internacionais e faz fechamento de revistas e
outras publicações, é comum o horário de trabalho se estender para além das 18h.
140
Trata-se do edifício de escritório de aspecto mais futurista em que já trabalhei. Gosto de
contemplá-lo ao longe, ainda da estrada, quando estou me aproximando do local de trabalho. Às
vezes, ao usar o elevador panorâmico, lembro-me de uma cena do filme Blade Runner em que
os personagens sobem por um elevador externo semelhante. Assisti ao filme pela primeira vez em
1982 e sua ação se passa em 2017. Meu ambiente de trabalho faz com que eu me sinta de fato
quase lá, em pleno século XXI .
Além disso, todos os respondentes demonstraram gostar da aparência externa do edifício através das
respostas ao questionário de opinião do usuário (Capítulo 4, gráfico da fig. 101).
Durante a walkthrough foi possível observar que a localização e as condições do terreno em que se
encontra o edifício contribuem em sua condição de marco visual: terreno de esquina, alguns metros
acima do nível da rua, tendo à frente das suas fachadas principais (em frente às alamedas) apenas as
casas dos condomínios fechados, o que lhe confere uma visibilidade excelente. O afastamento lateral
em relação aos edifícios vizinhos, suas dimensões (um pouco mais alto que os demais edifícios) e as
fachadas em vidro azul, destacam o Blue Tower na paisagem urbana.
A fachada envidraçada, porém, tem implicações sobre o conforto térmico e lumínico no interior do
edifício, assuntos abordados mais adiante.
d. Localização
Em relação aos custos operacionais, em entrevista com o Sr. Ivan foi informado que a escolha para
instalar a Reinvente em Alphaville foi fundamentada nos menores custos com taxas, impostos,
aluguel e condomínio no Município de Barueri.
Quanto à relação com a vizinhança a entrevista com o Sr. Ivan indicou que pelo fato do presidente,
dos diretores, de alguns gerentes e de diversos funcionários residirem no bairro, este aspecto foi
considerado favorável, além do valor imobiliário agregado à localização da empresa em Alphaville,
um bairro de classe média-alta. Também na entrevista com o Sr. Ivan fica claro que a vizinhança e o
valor imobiliário da localização do edifício representam também uma característica cultural da
empresa, que demanda por uma imagem de sofisticação e excelência em função do seu público-alvo:
executivos e empresas de médio e grande porte, nacionais e internacionais, conforme já observado na
caracterização do objeto de estudo, (Capítulo 4).
Os custos de instalação no edifício Blue Tower pesaram na sua escolha. Em entrevista com um dos
arquitetos autores do projeto do escritório da Reinvente , foi observada a necessidade de pequenas
obras, conforme descrito na caracterização do objeto de estudo (Capítulo 4), facilitadas pela presença
de piso elevado e de teto rebaixado.
A localização foi considerada positiva também devido à vista externa que proporciona de dentro do
edifício, em função das condições do terreno. Em alguns mapas cognitivos a vista externa esteve
141
presente como um marco visual e fator de bem-estar. Nos questionários complementares os
respondentes deram importância ao acesso a vista externa em função da percepção da passagem do
tempo cronêmica e da redução da sensação de aprisionamento territorialidade, proxêmica.
Outros dois atributos favoráveis da localização dizem respeito à facilidade de acesso de veículo até
Alphaville através da Rodovia Castelo Branco e a disponibilidade de transporte terrestre público
disponibilizado por empresas de ônibus, para a região. Estes dados foram confirmados na
walkthrough, nos resultados do questionário de opinião do usuário e no poema dos desejos, no qual
houve uma menção à localização do edifício Blue Tower buscando exprimir uma característica do
local de trabalho ideal:
[gostaria que meu local de trabalho fosse num] Prédio situado como está a [ Reinvente ] numa
área não cêntrica com bom acesso (respondente residente em Alphaville).
e. Segurança
A segurança foi considerada como um dos principais aspectos positivos do edifício em função das
observações da pesquisadora em campo e das informações obtidas na entrevista com o gerente
administrativo do edifício, que elucidaram o funcionamento do sistema de prevenção contra incêndio e
pânico (sirenes e luzes de emergência) e as características da vigilância 24h (Capítulo 4).
A segurança do edifício foi um aspecto observado na walkthough (Capítulo 4): englobando controle de
acesso de veículos e registro de todas as pessoas que adentram as dependências do Blue Tower , bem
como a presença de câmeras nas áreas comuns de todos os andares e periferia do edifício e de equipe
de vigilância 24h que se comunica via rádio.
No quesito relação com a vizinhança, durante a walkthrough foi possível observar a sensação de
segurança que se tem em Alphaville, segundo o Guia Alphanews, o bairro é considerado seguro, com
ocorrências policiais reduzidas67.
O aspecto da segurança poderia ter sido melhor esclarecido com os respondentes para elucidar a
ambigüidade presente nas respostas ao questionário de opinião do usuário, o que não foi possível
142
devido ao tempo reduzido para realizar o estudo de caso, em função das dificuldades encontradas para
definir o objeto de estudo e das restrições que condicionaram a realização da pesquisa (conforme
descrito no Capítulo 4). Uma possível explicação desta ambigüidade pode ser o relativo
desconhecimento dos condôminos em relação aos serviços oferecidos pelo edifício, expresso no índice
de respostas não sei no instrumento.
a. Odores desagradáveis
No questionário de opinião dos usuários, a maior parte dos respondentes (68,75%) fez uma avaliação
positiva da qualidade do ar (odores, fumaça, poeira) em relação ao local/ambiente de maior
permanência. Essa aparente incoerência entre a opinião do usuário e a observação em campo seja
porque a pergunta quanto à qualidade do ar foi feita em relação ao local de trabalho, mas não foi feita
em relação ao edifício e, nesse caso, os respondentes demonstrar em suas respostas que consideram o
problema de odores (de esgoto e de cigarro) um dos principais do edifício.
O problema com odores de esgoto e cigarro também foi apontado nos mapeamentos visuais, com 7
registros a respeito.
No que diz respeito à qualidade construtiva do edifício, o problema do odor de esgoto vindo dos
banheiros pode estar indicando problemas na execução e/ou manutenção do sistema de esgoto e/ou
ventilação do edifício. Quanto ao odor de fumaça de cigarro nas escadas de incêndio, o administração
do edifício poderia fazer campanhas de conscientização quanto aos efeitos prejudiciais do fumo, e a
potencialização de tais efeitos quando se fuma em área fechada, prejudicando a saúde inclusive de não
fumantes.
b. Elevadores
No questionário de opinião dos usuários o funcionamento dos elevadores aparece como o maior
problema do edifício: a grande maioria dos respondentes (93,75%) fez avaliações negativas sobre este
item. Os usuários consideram o tempo de espera pelos elevadores demorado (cronêmica), o que causa
143
filas especialmente no térreo e deixa os elevadores muito cheios (proxêmica). Durante a walkthrough
foi possível observar tais problemas na circulação interna do edifício relacionados à demora dos
elevadores.
O edifício Blue Tower possui 6 elevadores para uso geral, conforme descrito no Capítulo 4. Em
entrevista com o gerente administrativo do edifício foi informado que um desses 6 elevadores é
utilizado para transporte de carga quando há necessidade, o que eleva ainda mais o tempo de espera
pois ficam apenas 5 elevadores disponíveis para os demais usuários. Na mesma entrevista também foi
informado que a programação dos elevadores prioriza o atendimento à chamada com um elevador que
já esteja em movimento, visando economia de energia. No caso, se o elevador é chamado no térreo e
houver um deles descendo do 10º e um outro parado no 1º andar, por exemplo, é o que vem do 10º que
atenderá a chamada, pois o dispêndio de energia é maior para acionar o movimento do elevador. Essa
é a principal razão para o tempo de espera, na opinião dos usuários, insatisfatório.
Nos mapeamentos visuais, os elevadores de uso geral também foram apontados como pontos
negativos nas plantas baixas do 13º e 14º andares, por serem demorados, cheios e lentos. No mesmo
instrumento o elevador panorâmico é apontado como positivo por 4 respondentes, por ser menos
demorado, funcional, útil para a gerência e pelo fato de ser panorâmico. Um respondente considera
negativo que o elevador panorâmico seja apenas para uso de gerentes, diretores e do presidente, e de
seus convidados. A estratificação do uso dos elevadores revela um aspecto da cultura organizacional,
que busca valorizar a hierarquia através de diversos diferenciadores. A questão da diferenciação
hierárquica será mais aprofundada ao serem expostos os principais aspectos negativos do local de
trabalho.
No poema dos desejos o elevador panorâmico é mencionado por um dos respondentes como uma das
características que o ambiente de trabalho ideal deve ter. O respondente em questão é um dos gerentes
da Reinvente que está credenciado para utilizar o elevador panorâmico do edifício.
68
O papel do elevador panorâmico na imagem do edifício é destacado na entrevista com o Sr. Ivan
que associa esse tipo de elevador a uma condição futurista. Outro aspecto da imageabilidade é que o
conjunto de elevadores do térreo é representado em 4 mapas cognitivos como marcos visuais. Apesar
de serem avaliados como o pior aspecto do edifício, ainda assim os elevadores representam um
importante papel na imagem mental do local de trabalho.
Aspecto mencionado anteriormente no tópico acerca das principais qualidades do edifício, quanto ao envelope externo,
68
marco visual.
144
c. Estacionamento
Na walkthrough foi observada a má sinalização da entrada e saída de veículos do edifício, tendo até
mesmo ocorrido, em uma das visitas da pesquisadora ao edifício, um flagrante da sinalização
ineficiente: um condutor entrando na contramão no espaço destinado à saída do estacionamento
rotativo. A sinalização externa do edifício é apontada pela maioria dos respondentes do questionário
de opinião do usuário (68,75%) como um aspecto negativo do edifício.
Pedestre não tem vez (acesso do prédio), se vacilar morre atropelado (juro que não é exagero!) .
A walkthrough também possibilitou identificar a inadequação das vagas destinadas aos usuários com
necessidades especiais, segundo a norma NBR 9050, conforme observado na apresentação das
observações e dados do estudo de caso (Capítulo 4). No questionário de opinião dos usuário a maioria
dos respondentes (62,50%) fez avaliações negativas quanto à qualidade do acesso de pessoas com
dificuldades de locomoção.
Foi possível ainda observar o número insuficiente de vagas para atender aos usuários do edifício.
Muitos carros são estacionados na área destinada à circulação de veículos e é comum o condutor
deixar as chaves com os manobristas do estacionamento rotativo.
O edifício tem um grande problema nos estacionamentos (térreo e subsolo) que não comportam o
movimento do prédio, não foi bem planejado para o fluxo de pedestres e entrada e saída de
carros .
145
No caso do prédio, o número de vagas é muito pequeno e não são todos os funcionários que tem.
Acabamos parando na rua, isso quando há vagas porque o número de empresas é grande na
região .
d. Ar condicionado
Conforme informado em entrevista pelo gerente administrativo do Blue Tower , o edifício possui um
sistema de ar condicionado central que permite controle de temperatura por andar e por sala, conforme
descrito no Capítulo 4 (seção 4.2). Os dados obtidos com os usuários e as observações em campo,
indicam que o sistema não é capaz de dar vazão à necessidade de refrigeração, especialmente nas áreas
próximas às janelas, mais quentes em decorrência da radiação térmica provinda do exterior.
No questionário de opinião do usuário é possível observar uma certa ambigüidade na opinião dos
respondentes em relação ao ar condicionado na questão relativa à temperatura durante na estação
quente (verão), em que cerca da metade dos respondentes (56,25%) a consideram boa e a outra parte
(43,75%) a consideram ruim. A posição do posto de trabalho do respondente em relação à janela não
foi um fator determinante da diferença de opinião quanto à temperatura, mas sim a posição na área
nordeste/noroeste do edifício, a fachada que recebe maior insolação: 6 dos 7 respondentes que
consideraram a temperatura tendente a ruim durante o verão ocupavam postos de trabalho nesta
fachada.
69 Conforme descrito no Capítulo 4, seção 4.1, a Reinvente tem duas categorias de colaboradores: os da gestão
(consultores e efetivos atuantes na presidência, diretoria, gerência e coordenações) e os do staff (efetivos, terceirizados,
estagiários, e aprendizes atuantes nas funções subordinadas à gestão).
146
predial determina que o ar condicionado central seja desligado às 18h70. Assim a temperatura interna
se eleva rapidamente e provoca desconforto nos usuários que permanecem no edifício além deste
horário. No questionário complementar, na questão você sente algum incômodo (cansaço, dores
musculares, dores de cabeça, dentre outros) que pareçam ter relação com o seu ambiente físico de
trabalho? um respondente considera que:
Somente no final do dia fica quente, pois a administração do prédio desliga o sistema de ar
condicionado central .
No poema dos desejos os respondentes exprimiram suas demandas não atendidas no local de trabalho
atual, e solicitaram a instalação de controles individuais do sistema de ar condicionado. A dificuldade
de se chegar a uma solução consensual sobre a temperatura interna é considerada por um respondente
do 14º andar, como uma dificuldade de territorialidade (proxêmica) entre duas equipes que fazem
tipos diferentes de trabalho. Segundo o respondente escreveu:
[gostaria que meu local de trabalho] fosse um ambiente fechado, com ar condicionado individual.
Desta forma não seria necessário administrar perfis diferentes de duas equipes com objetivos
diferentes. Gostaria de portas e paredes .
Os locais para descanso e convivência podem ser avaliados em função da cronêmica, no que diz
respeito à necessidade de redução de ritmo de trabalho e das pausas para refazimento, da proxêmica,
na construção do espaço social, e da cultura expressa nos hábitos e desejos dos usuários. O mapa
cognitivo, questionário complementar e poema dos desejos forneceram dados sobre estes atributos de
interação.
Nos mapas cognitivos, algumas áreas comuns do edifício são representadas como nós, embora com
baixa incidência: a entrada do edifício (1 respondente), o hall de elevadores no térreo (2 respondentes),
a portaria do edifício (1 respondente). Tais áreas não caracterizam locais de descanso e convivência,
representam pontos de parada ou redução de marcha no percurso principal da entrada do edifício, mas
se melhor aproveitadas poderiam dar maior visibilidade a espaços gregários às margens desse
percurso. Duas das lojas ocupadas no térreo têm acesso e vitrine para a entrada principal do edifício,
certamente buscando aproveitar a visibilidade da área. Por outro lado, a ausência do terraço e das
lanchonetes nos mapas cognitivos sugerem que esses locais não têm uma função de nó.
Nos poemas dos desejos a demanda por locais de descanso e convivência é expressa em 4 dos 16
poemas elaborados (25%), através do desejo por trabalhar de frente para o mar e poder sair para
147
71
tomar um açaí na praia na hora do almoço , de desenvolver a integração da equipe através de
espaços de convivência convidativos e de ter um local para descanso.
No questionário de opinião dos usuários a maioria dos respondentes (81,25%) fez avaliações
negativas das áreas do edifício destinadas ao descanso (praças, áreas verdes). Em relação à
proximidade de lojas de serviços (restaurantes, bancos), as opiniões estão divididas entre positivas
(53,25% dos respondentes) e negativas (43,75% dos respondentes).
Ao serem perguntados sobre o que fazem e para onde vão quando precisam relaxar / descansar
(questionário complementar) a maioria dos respondentes (56,25%) informou não utilizar espaços do
edifício para esse fim.
A walkthrough também evindenciou que o terraço, possivelmente concebido para ser um espaço de
descanso e encontro, não cumpre essa função: é muito quente (fachada noroeste) e ruidoso (barulho do
trânsito das vias próximas) e utilizado como fumódromo. Além disso, seu acesso se dá pelo 1º
pavimento e se localiza fora do trajeto principal de pedestres do edifício (fig. 144).
71Desejo anotado pela pesquisadora em seu caderno de campo, explicado verbalmente pelo respondente que fez um
desenho para expressar seu desejo.
148
Figura 143: planta baixa do térreo, Figura 144: planta baixa do 1º pav., ocupação das lojas.
ocupação das lojas. Fonte: Manual do Condômino.
Fonte: Manual do Condômino.
O tipo de mobiliário utilizado na Reinvente permite maior flexibilidade do layout, pois segue os
padrões construtivos do action office proposto pela Herman Miller, no qual o mobiliário segue um
padrão modulado de dimensões e peças que facilitam a modificação de layout.
Na walkthrough foi observado que os móveis utilizados na Reinvente são da Voko, de excelente
qualidade. Na entrevista com um dos autores do projeto do escritório da Reinvente foi informado
que o custo de instalação no Blue Tower incluiu a aquisição de novo mobiliário para
complementar o que já era utilizado no endereço anterior. Segundo o arquiteto, tal custo foi bastante
reduzido uma vez que o atual presidente da Reinvente já foi executivo da Voko e mantém relação
de amizade com os donos da empresa.
No questionário de opinião dos usuários a maioria dos respondentes (87,5%) avalia bem tanto a
adequação / conforto dos móveis às próprias atividades como a disposição dos móveis e
equipamentos, e todos os respondentes consideram boa tanto a aparência (acabamentos, revestimentos,
149
materiais) como a qualidade dos materiais (piso, parede e teto da sala). No espaço reservado ao
registro das principais qualidades do ambiente de trabalho, a qualidade mais mencionada é relacionada
ao mobiliário (gráfico da fig. 106, Capítulo 4).
O mobiliário é considerado de qualidade, a exceção das cadeiras, apontadas como um dos problemas
do local de trabalho por dois respondentes no questionário de opinião dos usuários e consideradas a
razão para as dores sentidas nas costas por outros dois respondentes no questionário. Na walkthrough
foi observado que as melhores cadeiras são as da presidência (de couro), diretoria e maioria da
gerência, os gerentes de relacionamento e demais funcionários utilizam cadeiras mais simples e de
menor qualidade, conforme descrito no Capítulo 4. A diferenciação do mobiliário é uma característica
da cultura organizacional que será melhor abordada nos aspectos negativos do local de trabalho.
b. Janelas
Nos mapas cognitivos as janelas são representadas como limites em 10 deles (62,5%) e como marcos
em dois deles (12,5%). No poema dos desejos, 3 respondentes consideraram que o ambiente de
trabalho ideal deve ter janelas, outro que deve ser próximo de uma janela, e outros dois solicitaram
vista para o mar.
Para elucidar o papel da vista externa no imaginário do local de trabalho, foi elaborada a seguinte
pergunta para o questionário complementar você considera importante ter acesso à vista exterior, por
150
quê? , à qual 13 dos 14 respondentes deste instrumento disseram que sim, em razão da sensação de
bem-estar (melhor ânimo, ambiente saudável), de descanso (minimiza o stress, relaxa, tranquiliza), da
percepção da passagem do tempo (cronêmica) e da prevenção da sensação de aprisionamento
(proxêmica).
O fato das salas fechadas (do presidente, dos diretores e de um gerente) e das salas com divisórias
altas (para alguns gerentes) terem janela é uma característica da cultura organizacional da empresa.
Esse assunto será abordado no tópico sobre diferenciação hierárquica mais adiante.
Na personalização individual observada os usuários demarcaram seu posto de trabalho através: fotos,
cartazes, calendários, porta-papéis, bichos de pelúcia, miniaturas, adesivos, desenhos (caricatura),
plantas, cartões e papel de parede do computador de mesa.
151
Em alguns casos foi observada uma personalização exagerada do posto de trabalho, com excesso de
objetos identificadores do usuário da mesa. Em outros casos foi observada uma personalização muito
reduzida, ou a quase ausência de identificadores do usuário da mesa.
Tanto em relação ao excesso quanto a falta de personalização, seria interessante identificar até que
ponto são estimuladas devido à estratificação do espaço, como uma reação de desvalorização ou
supervalorização do espaço pessoal diante do tratamento diferenciado segundo a posição na
hierarquia. Esta questão será abordada mais adiante, em relação à diferenciação hierárquica.
A personalização dos postos de trabalho também foi representada nos mapas cognitivos. 15 dos 16
respondentes fazem algum tipo de identificação da própria mesa em seus desenhos: escreveram o
próprio nome, pintaram a própria mesa em cor diferente ou hachura, desenharam um rosto,
representaram a própria mesa, desenharam os objetos pessoais sobre a mesa, escreveram meu posto ,
escreveram o nome da função que exercem. A própria mesa representou nos mapas cognitivos o papel
de ponto nodal pelo seu papel de ponto de chegada ou saída dos principais percursos no ambiente de
trabalho.
d. Interação e comunicação
Durante a walkthrough foi observado que o layout da Reinvente , paisagem na maior parte da sua
área, favorece a manutenção do contato entre as pessoas e troca constante de informações. Foi
observado que diversos trabalhos são realizados em conjunto por várias pessoas, cada qual
contribuindo com uma etapa da tarefa. Neste aspecto, a proximidade das mesas e as reduzidas
barreiras físicas do escritório auxiliam na interação das equipes.
Outro fator observado na walkthrough que contribui para o processo de interação no ambiente são os
recursos de personalização grupal (fotos da equipe de trabalho, mini-vasos de plantas compartilhados)
adotados para adequar o ambiente em função da necessidade de criar um senso de equipe.
Em entrevista com o sr. Ivan foram obtidas algumas informações quanto ao perfil da empresa:
parcialmente conectada com a realidade global , que adota um sistema de trabalho em grupo e faz
uso intensivo e compartilhado de tecnologia e sistemas de informação como apoio às atividades /
152
tarefas (Capítulo 4). Tais características representam a cultura organizacional da empresa, fortemente
associada à interação e comunicação interna.
Quadro 11: Tipologia de ambiente interno e pontos positivos e negativos relacionados à interação.
Em relação à interação Ranking
Tipologia de ambiente interno dos mais
Pontos negativos Pontos positivos
escolhidos
Ambiente fechado por divisórias
piso-teto, com porta:
Dos 29 registros de aspectos 4º
negativos:
Tipo A
negativos: nenhuma
posição.
Interação (4);
Falta de interação (3); Segundo mais
Comunicação (4);
Visão estreita/claustro (5). escolhido para a
Trabalho em equipe (5).
3ª e 4ª posição.
positivos:
Foi escolhido 8
Isolamento relativo (2); vezes em 3º
Comunicação (3);
Comunicação prejudicada lugar e 5 vezes
Interação (6).
(2). em 2º lugar
153
Correlacionando o ranking das tipologias, o tipo correspondente ao posto de trabalho e os pontos
positivos e negativos relacionados à interação, apresentados no quadro 11 e no Capítulo 4, é possível
observar que: (1) o ambiente tipo A, o último na escolha dos respondentes como ambiente mais
adequado à própria atividade, é o que apresenta maior número de aspectos negativos relacionados à
interação; (2) o ambiente tipo C, que corresponde ao posto de trabalho de 37,5% dos respondentes, o
primeiro na escolha do posto de trabalho mais adequado para a atividade exercida, é o que possui o
maior número de registros de aspectos positivos relacionados à interação; (3) o ambiente tipo B,
correspondente ao posto de trabalho de 62,5% dos respondentes, o segundo mais escolhido para a 3ª e
4ª posição no ranking das tipologias, tem o segundo maior registro de aspectos positivos relacionados
à interação.
A importância dada pelos usuários à interação e comunicação também se expressa através da imagem
mental do ambiente de trabalho representada nos mapas cognitivos, nos quais a maior parte dos
respondentes (75%) representam a área de trabalho que compartilham com outros usuários, sendo que
dois deles escreveram o nome de alguma dessas pessoas em seus mapas. A maior parte dos mapas
representam um território pessoal que vai além da própria mesa e inclui o espaço ocupado por outras
pessoas.
Na pergunta Em uma escala de 0 a 10, que valor você atribui à necessidade de interação na realização
do seu trabalho? Por quê? , feita através do questionário complementar para esclarecer o nível de
necessidade de interação e as razões para isso, 85,7% dos respondentes atribuíram um valor igual ou
superior a 7 à necessidade de interação, que foi justificada devido ao trabalho ser realizado em equipe
(gráfico na fig. 133, seção 4.2).
154
pode ter levado a um aprofundamento das respostas, a medida que se estabeleceu um vínculo com a
pesquisadora, possibilitando a quebra do gelo inicial e superação de barreiras de auto-censura, e que,
uma vez perguntados sobre o assunto inicialmente, os respondentes passaram a prestar mais atenção
ao ambiente de trabalho e puderam refinar suas respostas em instrumentos aplicados posteriormente.
Durante a walkthrough foi observado que todos os postos de trabalho possuem um computador e um
telefone, que há uma copiadora para cada andar e que há diversos conjuntos de impressoras servindo
às áreas de trabalho. Na entrevista com o Sr. Ivan foi informado o perfil sócio-técnico da
Reinvente , que utiliza de maneira intensiva recursos de informatização, equipamentos e tecnologia
em seu modelo de produção e processos internos (quadro 6, Capítulo 4).
Os poemas dos desejos também expressaram as características tecnológicas do local de trabalho ideal:
o ambiente deve ser high tech; deve ter computadores Apple, equipamentos necessários ao trabalho
(telefone, faz, impressora) e tecnologia para trabalho a distância, neste último caso, um desejo com
implicações sobre a flexibilidade tecnológica e de layout do ambiente (tabs. 7 e 8, Capítulo 4).
Através das observações em campo e dados obtidos com a aplicação dos instrumentos de pesquisa,
foram identificados 4 elementos de diferenciação hierárquica: (1) mobiliário e acabamentos; (2)
layout; (3) vagas no estacionamento/garagem, e (4) credenciamento para utilizar o elevador
panorâmico. Os critérios que a Reinvente demonstra adotar para a diferenciação do espaço são o
organograma da empresa (hierarquia) e os visitantes (valorização do cliente externo). Os dados obtidos
155
e as observações demonstram que a diferenciação hierárquica é considerada pelos usuários um
aspecto negativo do local de trabalho. Já a valorização do cliente externo é um aspecto da cultura
organizacional assumido pelos funcionários.
O fato de apenas alguns gerentes da empresa e seus subordinados terem respondido aos instrumentos
da pesquisa, devido à indisponibilidade do restante do pessoal inclusive diretoria certamente afetou
os resultados obtidos, especialmente no tocante a percepção da diferenciação hierárquica. Por outro
lado, a própria indisponibilidade do alto escalão é, em si, uma característica da cultura organizacional
hierarquizada.
Este aspecto ficou claro também na entrevista com um dos arquitetos autores do projeto de arquitetura
de interiores do escritório da Reinvente , na qual foi informada a demanda de tipologia de ocupação
do espaço apresentada pela empresa na época do projeto: (1) localizar no 13º andar as áreas mais
relacionadas ao público externo, no 14º as áreas mais internas da empresa; (2) salas fechadas e com
janelas para os diretores e presidente, o restante do espaço o mais aberto possível. Essas demandas
expressam claramente a cultura organizacional que valoriza a posição hierárquica e o cliente externo.
A área da recepção e das salas do Presidente e Diretor Editorial têm acabamento diferenciado: madeira
no acabamento das mesas, balcão, portas e divisórias, poltronas e cadeiras de couro, persianas nas
divisórias de vidro. As demais áreas do 13º andar os painéis que separam as mesas são na cor ocre, e
são utilizados quadros e plantas na decoração. Neste andar, além da presidência, suas secretárias e a
diretoria, estão os gerentes de business to business, de mailing, do site, de relacionamento, de
marketing, de eventos, financeiro e suas equipes. Estas são as áreas da Reinvente que têm contato
mais direto com os clientes externos e fornecedores.
Foi observado que o acabamento no 14º é diferente: cores branco gelo e cinza claro, divisórias tipo
Eucatex, não há quadros nas paredes e há bem menos plantas. Apenas a sala de reunião tem um padrão
de acabamento semelhante ao 13º andar, com laminado madeira na estante de TV da sala e persianas
156
no vidro da divisória. No 14º andar estão a gerência de RH, de tecnologia, de contact center e suas
equipes, além do banco de dados, das salas de reuniões e do CPD.
Uma observação feita no questionário de opinião do usuário acerca dos odores desagradáveis no local
de trabalho demonstra a cultura da empresa de valorização dada ao cliente externo em relação ao
cliente interno, assumida pelo respondente, que escreve:
Apesar do problema afetar na maior parte do tempo o cliente interno (funcionários da empresa) o
respondente justifica a necessidade da solução do problema em função dos clientes externos
(visitantes).
Na tipologia de ambiente interno o ambiente tipo C (aberto, sem divisórias ou com divisórias baixas),
escolhido pela maioria dos respondentes (75%) como o mais adequado às suas atividades, teve dentre
os pontos positivos apontados pelos respondentes a democratização do ambiente (gráfico na fig. 119,
Capítulo 4). O ambiente tipo D (misto, com salas, baias e ambientes abertos), apontado por 43% dos
respondentes como sendo o correspondente a seu posto de trabalho atual e em 3º lugar na escolha do
mais adequado às próprias atividades, teve dentre os pontos negativos apontados pelos respondentes a
hierarquia visível (gráfico na fig. 120, Capítulo 4).
Na expressão do imaginário, no poema dos desejos, 3 respondentes (18,75%) registraram que seu
ambiente de trabalho ideal deve ser democrático (não expressar hierarquia), os respondentes
escreveram:
...não mudaria o escritório para um campo aberto, mas sim mudaria o próprio espaço em que
trabalho trazendo mais luz e promovendo a privacidade sem exageros. Evitaria também uma sala
pomposa para a diretoria e baias apertadas para o staff . (respondente x)
[Gostaria que meu local de trabalho] Fosse mais democrático, com baias mais baixas onde não
houvesse barreiras para a livre troca de idéias e que o trânsito de informações fosse contínuo,
sem barreiras físicas que acabassem por psicologicamente frear os fluxos de informação. Seria
legal se o ambiente fosse uma espécie de arena tipo abaixo [fig. 128, Capítulo 4]. Detalhe: os
chefes não teriam salas especiais e também fariam parte da sala ou equipe . (respondente y)
Acredito que um local de trabalho ideal possibilite diálogo entre as pessoas, desconsiderando
inclusive as salas (diferenciadas) da diretoria / gerência. Penso que podemos ter uma disposição
uniforme e padronizada dos móveis . (respondente z)
Em relação à personalização dos postos, foi observado que alguns usuários fazem uso de
pouquíssimos recursos de identificação da própria mesa de trabalho (apenas um porta-retrato ou o
157
papel de parede do computador), enquanto outros utilizam grande quantidade e variedade de recursos
de personalização. Poderia a diferenciação hierárquica presente no ambiente gerar a
desvalorização/desapego ou supervalorização/apego ao espaço pessoal/território, que acaba por
influenciar no uso exagerado ou muito reduzido de recursos para identificação do posto de trabalho?
As seguintes observações feitas em campo podem validar esta questão: os postos de trabalho
personalizados de maneira excessiva ou insuficiente identificados pela pesquisadora se localizam no
setor com maior espaço ocioso, de uso improvisado depósito de materiais promocionais o que
sugere desvalorização da área, e são utilizados por funcionários nos níveis hierárquicos mais baixos da
empresa. A busca de respostas para atenuar esta manifestação de desvalorização indica a necessidade
de se aplicar instrumentos mais refinados e específicos capazes de explicitar a relação existente entre
personalização e diferenciação hierárquica. Neste estudo não foi possível buscar compreender mais a
fundo esta questão devido ao reduzido tempo disponível para a pesquisa.
Durante a walkthrough foi observada a existência concomitante de espaços ociosos e falta de espaço
nos ambiente internos da Reinvente . Em ambos os andares falta espaço adequado para
armazenagem de material em geral depositados nos cantos das salas, debaixo das mesas ou sobre
armários e mesas desocupadas. Por outro lado, especialmente no 14º andar existem espaços e mesas
ociosos (figs. 60 a 73, seção 4.2).
No questionário de opinião dos usuários, no campo para registro dos principais problemas do local de
trabalho, 3 registros apontam a falta de armários/espaço para armazenamento, outros 2 registros dizem
respeito ao pouco espaço na mesa e outros 2 registros à falta de espaço.
Na tipologia de ambiente interno, no campo destinado ao registro dos principais ponto positivos e
negativos de cada tipo de ambiente apresentado, o tipo B (ambiente fechado por divisórias médias ou
altas, sem porta), utilizado por 62,5% dos respondentes e o segundo mais escolhido na 3ª e 4ª posição
do ranking dos ambientes mais apropriados ao tipo de atividade exercida, teve a otimização do espaço
(da sala) apontada como aspecto positivo em 4 registros, e o pouco espaço (da mesa) apontado como
aspecto negativo em 4 registros. O tipo C (ambiente aberto sem divisórias ou com divisórias baixas),
utilizado por 37,5% dos respondentes e o ambiente escolhido pela maioria (75%) como o mais
adequado às atividades exercidas, teve 6 registros relacionados ao melhor espaço para o trabalho
dentre os pontos positivos apontados pelos respondentes (fig. 119, seção 4.2).
No poema dos desejos há dois registros referem-se à necessidade de espaço para armazenagem
(armários e estantes) no ambiente de trabalho ideal. No questionário complementar, um respondente
associa a dor que sente nas pernas à falta de espaço para as mesmas sobre a mesa, espaço este usado
para guardar material de trabalho.
158
No mapeamento visual do 13º andar, o espaço das salas da presidência, diretorias e gerências foi
apontado como positivo, enquanto alguns espaços de circulação existente entre as mesas da área de
trabalho compartilhada são indicados como negativos por serem apertados (fig. 139, Capítulo 4). No
14º pavimento, a área ociosa na entrada do contact center é considerada positiva por um respondente
devido à circulação livre, e considerada negativa por outro respondente, por ser uma área aberta para
dois departamentos diferentes.
A existência de um local apropriado para relaxamento e pausa tem relação com os atributos de
interação: (1) imageabilidade no que diz respeito à construção da identidade com o local de trabalho
em função da característica gregária dos ambientes de descanso e relaxamento; (2) do grau de
adaptabilidade devido à variação de espaços, uns destinados ao trabalho, outros destinados às pausas
para refazimento; (3) da cronêmica em relação às mudanças de ritmo e aos períodos de trabalho e de
pausa; (4) da proxêmica quanto ao respeito ao espaço pessoal na definição das dimensões, layout e
mobiliário do local para descanso; (5) da cultura organizacional em função do valor atribuído pelas
pessoas que fazem parte da empresa aos espaços destinados ao relaxamento e pausa.
Durante a walkthrough foi possível observar que o projeto do escritório da Reinvente não contempla
ambiente destinado para pequenas pausas de relaxamento e descanso. Este papel, que em algumas
empresas é proporcionado pela copa, na Reinvente torna-se impraticável por suas reduzidas
dimensões acrescidas de ambiência pobre, uma vez que não dispõe de mesas e cadeiras e tem
iluminação e ventilação natural deficientes.
A falta de um local adequado para relaxamento pode ser entendida como um indicativo da cultura
organizacional da Reinvente que adota uma política diferenciada de valorização do usuário externo
(cliente) em relação aos funcionários: o investimento aplicado no mobiliário e nos acabamentos da
recepção da empresa e nos setores utilizados pelos visitantes não condiz com o investimento aplicado
nas copas destinadas ao uso dos funcionários.
No entanto, a demanda por locais para relaxamento e pausa adequados e atrativos é expressa por um
respondente em seu poema dos desejos:
[gostaria que meu local de trabalho tivesse uma] sala com poltronas reclináveis, som para
relaxamento, material para leitura .
Já no questionário de opinião dos usuários, pouco mais da metade dos respondentes (56,25%) fez
avaliações positivas do espaço destinado à copa, enquanto o restante (43,75%) a considera ruim. Um
dos respondentes, que considera o espaço destinado à copa ruim, e que tem seu posto de trabalho
159
próximo à entrada da copa, reforça sua opinião nos campos destinados ao registro dos principais
problemas do local de trabalho e às observações gerais:
A copa poderia ser maior e mais ventilada. Quando alguém almoça nela (em pé) precisamos
manter a porta fechada por causa do odor .
Gostaria de ter uma copa adequada para refeições. Sei que o RH quer que os funcionários saiam
para almoçar, mas nem sempre é possível e quando alguém resolve comer na copa é complicado
para quem fica dentro porque é abafado, não tem espaço e nem lugar para sentar e é ruim para
quem está fora por causa do cheiro, principalmente eu que sento próxima .
No mapeamento visual, 45,45% dos respondentes que preencheram o instrumento com a planta baixa
do 13º pavimento, onde se localizam os seus postos de trabalho, apontaram a inadequação da copa
deste andar como um dos aspectos negativos do local de trabalho. Nenhum respondente do 14º andar
fez menção à copa nos mapeamentos visuais, mas alguns respondentes do 13º pavimento comentaram
verbalmente que consideram a copa do pavimento superior muito melhor, maior e mais arejada . No
entanto as duas copas têm exatamente as mesmas dimensões e possuem os mesmos equipamentos.
Uma possível explicação para essa discrepância é o fluxo menor de pessoas na copa do 14º pavimento.
Com a intenção de ter mais informações sobre a demanda por locais de descanso, relaxamento e pausa
o questionário complementar inclui a seguinte questão: O que você faz e para onde vai quando
precisa relaxar / descansar . Dos 14 respondentes, 3 (18,75%) consideraram não haver lugar para isso,
outros 3 consideraram o uso da copa (18,75%), e um outro respondente sugere:
[quando preciso relaxar/descansar] levanto, ando um pouco, troco idéias com as pessoas .
Os demais respondentes registraram que utilizam locais externos ao ambiente de trabalho, seja no
edifício (5 respondentes) ou fora dele (2 respondentes) (tab. 11, Capítulo 4).
d. Privacidade
Durante a walkthrough foi observada a falta de privacidade especialmente nos postos de trabalho
localizados em mesas tipo B (fig. 109, Capítulo 4), nas áreas de trabalho sem divisórias e na mesa de
reunião localizada na ala nordeste do 13º andar. Por outro lado, foi observado também que diversas
tarefas realizadas pelos funcionários tinham maior necessidade de interação e menor necessidade de
privacidade, por essa razão, e com base na experiência do grupo Pro-LUGAR, os instrumentos foram
160
adequados para buscar identificar a necessidade de privacidade relacionada às atividades exercidas
pelos respondentes.
A ambigüidade nos dados sobre a necessidade de privacidade também aparecem nas resposta ao
instrumento tipologia de ambiente interno. Segundo os dados apresentados no quadro 1272, o ambiente
tipo C, que teve o maior número de escolhas dos respondentes como o ambiente mais adequado às
suas atividades e corresponde à tipologia do posto de trabalho utilizado por 37,5% dos respondentes,
não teve nenhum registro de aspecto positivo quanto à privacidade a ele relacionado e teve 15 registros
(de um total de 25) de aspectos negativos relacionados à falta de privacidade. Já o ambiente tipo B,
que corresponde ao posto de trabalho de 62,5% dos respondentes e foi o segundo mais escolhido para
a 3ª e 4ª posição do ranking dos ambientes mais adequados às atividades exercidas, teve 12 registros
(de um total de 34) de aspectos negativos relacionados à privacidade (ou falta de), e 8 registros (de um
total de 34) positivos relacionados à privacidade.
O ambiente tipo D teve o menor número de aspectos positivos e negativos quanto à privacidade
registrados. No entanto, no decorrer da aplicação do instrumento, alguns respondentes comentaram
que, por ser a junção dos tipos A, B e C, teria todos os aspectos positivos e negativos dos anteriores.
Talvez esta percepção, e o fato de ser o último campo para preenchimento por escrito, tenha gerado
uma redução dos registros acerca desta última tipologia.
Uma vez que os dados obtidos em campo sugerem que uma tipologia que poderia atender bem às
demandas dos usuários seria o espaço-recanto (DUFFY, 1997)73, numa eventual implantação desta
72 Os dados apresentados no quadro 12 são uma parte das informações obtidas através da tipologia de ambiente interno. A
apresentação integral dos dados foi feita no capítulo 4, seção 4.2.
73 Segundo Duffy (1997) o espaço-recanto é adequado para: (1) padrões de trabalho tipo projeto em grupo, desenvolvido
por pessoas com diferentes habilidades interdependentes, com atividades em sub-grupos; (2) ocupação do espaço tipo
convencional (8h-5d), uso do espaço com interatividade, podendo haver compartilhamento; (3) distribuição e organização
espacial em grupos de salas, áreas médias para arquivos, ambientes complexos e contínuos com espaços para encontros
161
tipologia seria importante incluir os usuários no processo de projeto para que pudessem opinar e
também serem esclarecidos quanto as diferenças entre uma tipologia mista e um espaço-recanto.
Quadro 12: Tipologia de ambiente interno e pontos positivos e negativos relacionados à privacidade.
Em relação à privacidade Ranking
Tipologia de ambiente interno dos mais
Pontos negativos Pontos positivos
escolhidos
Ambiente fechado por divisórias
piso-teto, com porta:
Dos 29 registros de aspectos 4º
Dos 37 registros de aspectos
negativos:
Tipo A
positivos:
Foi escolhido 8
Dificulta comunicação (3); vezes em 4º
Concentração (10);
Isolamento (7); lugar e 5 vezes
Privacidade (15).
Baixa interação (11). em 2º lugar
positivos: nenhuma
Sujeito a interrupções (2); posição.
Falta interação (3); Concentração (4); Segundo mais
Dificulta concentração (3); Privacidade (4). escolhido para a
Pouca privacidade (4). 3ª e 4ª posição.
No poema dos desejos houve 12 registros que expressaram desejos relacionados à necessidade de
privacidade, indicando que o ambiente de trabalho ideal deve ter paredes, portas, sala de reunião
próxima, sala fechada para uso da equipe de trabalho, sala fechada para uso individual, sala
parcialmente fechada e salas fechadas utilizadas para o trabalho individual ou para reuniões conforme
demanda. Um dos respondentes ilustra seu desejo com um desenho representando um layout tipo
group room (fig. 129, seção 4.2).
de trabalho; e (4) organizações com atividades em projetos, processos de segurança, trabalho com mídia (rádio, televisão e
publicidade).
162
Para esclarecer a demanda por privacidade foi feita a seguinte pergunta através do questionário
complementar: Numa escala de 0 a 10, que valor você atribui à necessidade de privacidade na
realização do seu trabalho? Por quê? . Conforme consta no Capítulo 4, 50% dos respondentes
atribuíram nota igual ou superior a 7 à sua necessidade de privacidade, em razão da necessidade de
realizar tarefas que exigem concentração: trabalho com números, elaboração de textos, leitura e
resposta de e-mails, digitação de dados.
Ainda no questionário complementar foi feita uma outra pergunta sobre a necessidade de privacidade:
o ambiente de trabalho permite a interação/privacidade que você necessita para exercer suas funções?
Por quê . 57% dos respondentes registraram que o ambiente não atende à necessidade de privacidade,
um percentual pouco maior que o registrado em pergunta semelhante no questionário de opinião do
usuário. As razões registradas pelos respondentes foram: interrupções, barulho, circulação de pessoas,
presença de equipe de perfil diferente no mesmo ambiente. Um dos respondentes escreveu:
...a interação é atrapalhada pelo layout das baias e do escritório e a privacidade que preciso não
consigo ter em minha mesa e nem tenho outra sala disponível para isto .
Na resposta a pergunta o que você faz e para onde vai quando precisa se concentrar? , 50% dos
respondentes disse utilizar uma das salas de reunião. No entanto, as observações e os dados da
pesquisa de campo indicam que duas salas de reuniões não são suficientes para atender à demanda por
espaços que permitam privacidade.
Os dados indicam que a demanda por maior privacidade existe, porém o nível de privacidade
necessária não aponta para a mudança de layout para a tipologia de salas fechadas, mas sim para uma
solução que: (1) adote postos de trabalho não-territorias em salas fechadas individuais, a serem
ocupados segundo a demanda das atividades; (2) aumente o número de salas de reuniões; (3)
modifique os postos de trabalho para o tipo C (ambiente aberto sem divisórias ou com divisórias
baixas) agrupando as equipes de trabalho em group rooms (WORTHINGTON, 1997) que permitam
uma redução na circulação de pessoas e fontes de ruído.
e. Ruídos no escritório
163
No questionário de opinião do usuário a maioria dos respondentes (75%) considera entre bom o
isolamento contra ruídos internos do edifício. Por outro lado, no espaço destinado ao registro dos
principais problemas do local de trabalho o mais mencionado foi o barulho. A incongruência entre os
dois dados pode ser porque os usuários consideraram ruídos internos do edifício aqueles relativos à
operação e maquinário do edifício em si, e não consideraram os ruídos que ocorrem dentro do local de
trabalho.
Na tipologia de ambiente interno, apenas no ambiente tipo A (ambiente fechado por divisórias piso-
teto com porta) foi apontada a ausência de ruído como uma qualidade. Nas demais tipologias o
ruído/barulho é sempre apontado como uma aspecto negativo: (1) é o principal aspecto negativo
registrado em relação ao ambiente tipo B (ambiente fechado por divisórias médias ou altas, sem
porta); (2) é o segundo maior problema do ambiente tipo C (ambiente aberto sem divisórias ou com
divisórias baixas); (3) é novamente o aspecto negativo mais apontado no ambiente tipo D (ambiente
misto, com salas, baias e ambientes abertos). Considerando que, segundo a observação da
pesquisadora, 62,5% dos respondentes ocupam postos de trabalho do tipo B e 37,5% ocupam postos
de trabalho do tipo C, e que 43% dos respondentes indicaram o tipo D como sendo o correspondente
ao seu posto de trabalho, pode-se concluir que a opinião dos respondentes acerca do ruído como um
problema fundamenta-se na experiência que vivenciam no ambiente de escritório.
A necessidade de ver resolvida a questão do barulho é expressa no poema dos desejos, no qual 3
respondentes registraram que o ambiente de trabalho ideal deve ser silencioso. Um dos respondentes
escreveu:
[gostaria que meu local de trabalho] fosse mais silencioso e não só pelo próprio ambiente, as
pessoas mesmo normalmente não cooperam, principalmente em relação aos celulares .
No questionário complementar, na pergunta você sente algum incômodo (cansaço, dores musculares,
dores de cabeça, dentre outros) que pareçam ter relação com seu ambiente físico de trabalho? Quais e
por quê? , 2 respondentes associaram os incômodos que sentem, dor de cabeça/irritação e cansaço, aos
ruídos/barulhos no ambiente (gráficos na figs. 131 e 132, Capítulo 4).
No mapeamento visual, 27% dos respondentes que ocupam postos de trabalho no 13º pavimento
apontaram problemas de ruídos: dois nos conjuntos de impressoras da ala nordeste e sudoeste e um na
área com maior concentração de baias na ala nordeste do 13º pavimento. No 14º pavimento, um
respondente que ocupa um posto de trabalho na área da tecnologia apontou como ponto positivo o fato
de seu posto de trabalho estar afastado do barulho. Esse mesmo respondente comentou verbalmente,
enquanto preenchia o instrumento, que já trabalhou no 13º pavimento, e que o pior aspecto de lá era o
barulho constante74.
74 Comentário do respondente anotado no caderno de campo da pesquisadora logo depois de ter sido verbalizado.
164
5.2 Análise global da aplicação dos instrumentos
Mais que isso, o fato de todos os instrumentos terem sido aplicados com o mesmo grupo de
respondentes, numa mesma seqüência e assistido pela pesquisadora permitiu observar, e até favorecer,
a gradual complementaridade e aprofundamento da opinião dos usuários acerca do seu ambiente de
trabalho.
Foi observado que a ordem na qual os instrumentos foram aplicados75 favoreceu a gradual quebra de
gelo, com respostas cada vez mais críticas dos usuários acerca de seu ambiente de trabalho. Por
exemplo, as respostas ao primeiro instrumento preenchido, o questionário de opinião do usuário,
apresentaram uma tendência a opiniões negativas acerca do edifício e positivas em relação ao local de
trabalho. As respostas aos demais instrumentos vão elucidando aspectos do escritório que inicialmente
haviam sido bem avaliados ou nem sequer mencionados, como por exemplo o clima interpessoal e
política da empresa, tudo isso expresso na opinião acerca do ambiente físico funcional.
75 Os instrumentos foram aplicados na seguinte ordem: (1) análise walkthrough; (2) questionário de opinião dos usários; (3)
tipologia de ambiente interno; (4) mapa cognitivo; (5) poema dos desejos; (6) questionário complementar; (7) mapeamento
visual; (8) entrevistas.
165
Após a aplicação dos instrumentos foi possível verificar os principais elementos que, segundo a
opinião dos usuários e a percepção da pesquisadora, qualificam (elementos positivos) ou
comprometem (elementos negativos) a qualidade do ambiente de trabalho, conforme abordado na
seção 5.1 deste capítulo.
Uma vez levantados os principais aspectos que afetam a qualidade do ambiente, foi possível
identificar quais instrumentos aplicados na pesquisa contribuíram para a obtenção de dados acerca
desses principais aspectos. A tabela 17 a seguir relaciona os principais elementos positivos e negativos
do edifício Blue Tower e do ambiente de trabalho da Reinvente à presença de dados a respeito de
tais elementos nas respostas/registros dos instrumentos (representada pela letra x ).
Tabela 17: Freqüência dos principais aspectos positivos e negativos do edifício Blue Tower e do
ambiente de trabalho da Reinvente nos instrumentos.
complementar
instrumentos
Questionário
Mapeamento
Walkthrough
Tipologia de
Instrumentos
Entrevistas
Poema dos
Opinião do
Ambiente
Freq. nos
cognitivo
desejos
usuário
interno
visual
Mapa
Principais aspectos
positivos e negativos
166
Considerando apenas os instrumentos aplicados com o grupo de 16 funcionários da Reinvente o
questionário de opinião do usuário, a tipologia de ambiente interno, o mapa cognitivo, o poema dos
desejos, o questionário complementar e o mapeamento visual os instrumentos que apresentaram
maior freqüência dos principais aspectos positivos e negativos foram o questionário de opinião do
usuário, e o poema dos desejos.
ambiente interno
Mapa cognitivo
Instrumentos
instrumentos
Questionário
Mapeamento
Walkthrough
Tipologia de
Entrevistas
Poema dos
Opinião do
Freq. nos
desejos
usuário
visual
Atributos de desempenho
do ambiente construído
1. Interação X X X X X X X X 8
2. Corporativos X X X X X X 6
3. Infra-estrutura X X X X X 5
4. Construtivos X X X X X 5
5. Espaço X X X X X X X X 8
6. Ambiência interna X X X X X X X X 8
7. Recursos/serviços prediais X X X X X X 6
Total de atributos no instrumento 7 7 3 7 7 4 4 7 46
A prática da pesquisa de campo e análise dos dados permitiu identificar 7 principais ações
possibilitadas pelos instrumentos: (1) familiarizar, tornar habitual, conhecido, todos os elementos que
envolvem o estudo de caso (o ambiente, os usuários, a pesquisadora); (2) planejar, subsidiar o
planejamento das ações e procedimentos da pesquisa; (3) adaptar, tornar adequado, ajustar, modificar
(o procedimento de pesquisa, os instrumentos, a atitude da pesquisadora perante os usuários e o
ambiente); (4) instigar, despertar interesses, curiosidade, questões (na pesquisadora e nos demais
usuários); (5) prospectar, sondar, trazer á tona informações no e sobre o ambiente; (6) complementar,
preencher lacunas nas informações; (7) elucidar, esclarecer informações já reveladas porém que
apresentem incoerências, inconsistências, superficialidade.
Foi percebido que a Observação Incorporada potencializou cada uma dessas ações, na medida em que
houve uma especial atenção direcionada para a experiência vivenciada em conjunto com os usuários.
Com base nas informações apontadas nas tabelas 17 e 18, na experiência vivenciada pela pesquisadora
e nos dados e informações obtidos na pesquisa de campo, segue a análise acerca de cada instrumento,
na ordem em que foram aplicados.
167
Análise walkthrough
A análise walkthrough (anexo 2) é o instrumento que apresenta a maior freqüência dos principais
aspectos positivos e negativos, tanto do edifício Blue Tower quanto do ambiente de trabalho da
Reinvente (tab. 17). No entanto, a natureza das informações obtidas na walkthrough é ainda
preliminar, superficial, aponta direções para a futura sondagem. Informa muito devido à abrangência
de aspectos observados, mas não possibilita detalhar as informações.
É um excelente instrumento para familiarização e para dar uma visão panorâmica do objeto de estudo,
contribuindo para o planejamento das ações de detalhamento da pesquisa, demonstrando ser um
instrumento essencial na experiência desta pesquisadora.
A utilização de um roteiro de análise para orientar a walkthrough, com a relação dos atributos a serem
observados e um espaço destinado a avaliação preliminar76 e registro de observações foi um
facilitador, permitindo abranger um grande número de aspectos já na primeira visita à Reinvente .
Por outro lado houve dificuldade em atribuir notas a cada item observado, sem fazer alguma
justificativa do porquê da avaliação, ainda que preliminar. Com isso o campo destinado à observações
gerais foi utilizado principalmente para as justificativas.
Com base na experiência de campo, a listagem de tópicos para avaliação do check-list atendeu bem à
necessidade, estando bastante completa, no entanto poderia ser complementada com um item de
avaliação acerca das características organizacionais da empresa organograma, processos internos,
cultura organizacional, e outro para a avaliação/registro da tipologia de ambiente interno, tema
parcialmente atendido nos itens aparência e flexibilidade, mas que poderia ficar mais explícito.
O questionário de opinião do usuário (anexo 3) também apresenta uma freqüência elevada dos
principais aspectos positivos e negativos, tanto do edifício Blue Tower quanto do ambiente de
trabalho da Reinvente (tab. 17). Além disso, a natureza das informações obtidas a partir deste
instrumento já é mais detalhada e permite sondar mais a fundo as características do ambiente.
76 Com atribuição de conceitos: (A) = ótimo; (B) = bom; (C) = ruim; (D) = péssimo, (0) = inexistente; (X) não se aplica.
168
primeiramente a opinião sobre o edifício, sobre o qual os respondentes apresentaram menos auto-
censura inicial em suas opiniões77.
Neste tempo inicial de resposta da primeira parte do questionário houve oportunidade para estreitar a
relação entre a pesquisadora e o respondente, através do atendimento às dúvidas que surgiam ao longo
do preenchimento. Assim, ao iniciar as respostas da segunda parte do questionário, sobre o ambiente
de trabalho em si, já havia um vínculo estabelecido com a pesquisadora, permitindo explicitar e
confirmar no convívio a natureza acadêmica da pesquisa78.
Ainda assim, buscando estabelecer todas as condições favoráveis, neste primeiro instrumento aplicado
com os usuários houve uma predominância de avaliações positivas em relação ao ambiente do
escritório, como já mencionado na seção 5.1 deste capítulo.
Embora em termos gerais tenha informado muito pouco sobre os principais aspectos positivos e
negativos, a tipologia de ambiente interno (anexo 4) foi importante na obtenção de dados sobre a
maior parte dos principais aspectos negativos do ambiente de trabalho da Reinvente : diferenciação
hierárquica, espaços ociosos versus falta de espaço, falta de privacidade e excesso de ruídos no
escritório (tab. 17). Por outro lado, demonstrou ser de resposta demorada e enfadonha (repetitiva) para
o respondente, ao solicitar os 3 principais aspectos positivos e negativos de cada uma das 4 tipologias
apresentadas. Os respondentes ora esqueciam-se de preencher todos os campos, ora resumiam sua
opinião excessivamente.
A reação observada dos respondentes ao instrumento, o fato dele mesclar seleção visual com
preferência visual (Capítulo 3) e as interpretações equivocadas nas respostas ao instrumento (seção
5.1) confusão entre posto de trabalho e ambiente de trabalho e a o ambiente tipo D interpretado
77 A menor auto-censura acerca da opinião pessoal sobre o edifício pode estar relacionada à ausência de vinculação da
imagem da empresa à imagem do edifício, com isso qualquer crítica seria inócua perante a chefia da Reinvente . A
ausência de qualquer vínculo emocional explícito dos respondentes com o prédio possivelmente também contribui para uma
visão mais crítica. Embora o edifício não tenha sido o foco da pesquisa, a convivência com os respondentes e demais
funcionários da empresa permitiu constatar que a única motivação demonstrada para estar no edifício Blue Tower é o fato
da Reinvente funcionar ali. Até mesmo no horário do almoço os funcionários preferem ir até o centro comercial vizinho.
78 Essa é uma condição importante para favorecer a livre opinião do respondente, se houvesse qualquer dúvida quanto às
intenções da pesquisa poderia ter ocorrido um excesso de auto-censura devido ao receio de ter as próprias opiniões
utilizadas contra si.
169
como um misto do A, B e C sugerem ser necessário ou uma total reformulação do mesmo para
aplicação em futuras pesquisas.
Mapa cognitivo
O mapa cognitivo (anexo 5) foi importante na obtenção de dados acerca da maioria dos principais
aspectos positivos do ambiente de trabalho da Reinvente janelas, personalização dos postos de
trabalho, favorecimento à interação e comunicação, informatização, equipamentos e tecnologia
embora tenha informado pouco sobre os demais aspectos principais (tab. 17).
Depois da walkthrough, o mapa cognitivo foi o instrumento que melhor retratou os principais aspectos
positivos do escritório, juntamente com o questionário de opinião do usuário (tab. 17).
Considerando que o mapa cognitivo tem o potencial de revelar mais claramente a natureza emocional
da relação homem-ambiente (LYNCH, 1960 e APPLEYARD, 1984), através da representação em
desenho da imagem mental, pode-se considerar que os dados obtidos são um indicativo do vínculo
emocional tendente ao positivo dos respondentes em relação ao local de trabalho.
O mapa cognitivo instigou questões e possibilitou sondar aspectos relevantes da pesquisa sobre
imageabilidade, personalização e territorialidade, conforme consta na análise de cada um dos
principais aspectos positivos e negativos na seção 5.1 deste capítulo tendo sido um dos instrumentos
que motivou a aplicação de um questionário complementar, mais especificamente para elucidar a
representatividade da vista externa na qualidade do ambiente de trabalho.
O poema dos desejos (anexo 6) é um dos instrumentos que tem maior freqüência dos principais
aspectos positivos e negativos do edifício e do ambiente de trabalho em seus registros, depois da
walkthrough e do questionário de opinião do usuário (tab. 17).
Este foi o 5º instrumento aplicado em campo, tendo sido observado que vários respondentes se
expressaram com maior liberdade apenas nesse momento. Isso parece ter sido favorecido pela gradual
170
superação das barreiras de expressão devido ao tempo de convivência com a pesquisadora79 e
utilização inicial de instrumentos mais tendentes a respostas objetivas80 (questionário de opinião do
usuário e tipologia de ambiente interno) passando para instrumentos mais tendentes a respostas
subjetivas81 (mapa cognitivo e poema dos desejos).
Os dados obtidos através do poema dos desejos indicam um reduzido vínculo emocional com o
edifício, que indiretamente representou um anti-desejo, em expressões que em síntese diziam no meu
ambiente de trabalho ideal eu não quero o que acontece neste prédio .
Questionário complementar
O questionário complementar (anexo 7) foi especialmente elaborado para este estudo de caso, com o
objetivo de elucidar e complementar questões específicas, o que o levou a ter uma baixa freqüência
total dos principais aspectos positivos negativos do edifício e do ambiente de trabalho (tab. 17). Por
outro lado, foi especialmente importante na obtenção de dados acerca de alguns atributos de
ambiência interna confortos aeróbico, térmico, visual, auditivo e tátil e alguns atributos de
interação grau de adaptabilidade, cronêmica, proxêmica, fatores culturais relacionados aos
principais aspectos positivos e negativos do ambiente de trabalho da Reinvente , extremamente
importantes considerando o foco da pesquisa.
Mapeamento visual
Na experiência de campo, o mapeamento visual (anexos 8 e 9), teve um papel de confirmação dos
dados já obtidos através de outros instrumentos, até por ter sido aplicado por último com o grupo de
respondentes. No entanto, se tivesse sido aplicado antes do questionário de opinião do usuário,
poderia ter melhor aproveitada sua capacidade prospectora e instigadora de questões.
Nos dados obtidos através do mapeamento visual há maior freqüência dos principais aspectos
negativos do edifício Blue Tower e do ambiente de trabalho da Reinvente (tab. 17), que
explicitaram principalmente aspectos dos atributos de espaço, ambiência interna e recursos / serviços
prediais, conforme explicitado na seção 5.1 deste capítulo.
Entrevistas
79 A essa altura não mais vista como alguém estranho, ou como ameaça.
80 Em geral exigem menor comprometimento emocional e pessoal nas respostas.
81 Estas com maior tendência a revelar a intimidade cognitiva do respondente, e por isso mais reveladoras .
171
foram buscadas diziam respeito principalmente a aspectos do edifício e de características corporativas
da Reinvente .
Por essa razão, as entrevistas apresentam uma freqüência maior dos aspectos positivos e negativos do
edifício Blue Tower , em especial a entrevista realizada com o gerente administrativo do edifício, e
permitiram obter informações acerca dos atributos construtivos, de espaço e de recursos/serviços
prediais (entrevista com o gerente administrativo do edifício); atributos corporativos, de espaço e
ambiência interna (entrevista com os autores do projeto do escritório pesquisado); e os atributos de
interação, corporativos, de infra-estrutura, construtivos e de espaço (entrevista com um dos gerentes
da empresa).
Neste capítulo foram apresentadas as análises acerca dos dados obtidos na pesquisa de campo. No
próximo capítulo são apresentados os argumentos conclusivos do trabalho.
172
CONCLUSÕES
173
CONCLUSÕES
No processo de pesquisa, uma vez definidas as bases teóricas e os materiais e métodos a serem
aplicados, faltava a definição do estudo de caso para concretizar a averiguação da aplicabilidade dos
instrumentos e abordagens propostos. Nesse ponto da pesquisa houve grande dificuldade, devido à
indisponibilidade das empresas em geral de possibilitar o acesso de pesquisadores às suas instalações,
com receios de espionagem industrial, benchmarking82 ou mesmo divulgação de condições internas
incoerentes com a imagem de mercado da empresa. Finalmente foi encontrada uma empresa
relativamente aberta para a pesquisa, a partir do contato interno com um de seus gerentes, amigo
pessoal da pesquisadora. A relação de amizade com um alto funcionário da empresa foi o fator
determinante para conseguir a autorização para realização da pesquisa, tendo ocorrido uma situação
bastante semelhante na definição do estudo de caso da pequisa-piloto realizada por Abrantes (2004).
O tempo despendido na busca de uma empresa para realização do estudo de caso e as posteriores
limitações encontradas em função da agenda de eventos da empresa e da impossibilidade de fazer uma
ampla divulgação interna da pesquisa (conforme descrito no Capítulo 4), reduziram o tempo e a
82 Francisco LACOMBE, in Dicionário de Administração (2004: 41): (1) expressão da língua inglesa que indica o processo
sistemático e permanente de identificar a melhor prática em relação a produtos, operações e processos, comparando
resultados tanto dentro da organização como fora dela, com o objetivo de usar isso como orientação e ponto de referência
para melhorar as práticas da organização; (2) técnica de fazer comparações e imitar organizações concorrentes ou não,
do mesmo ramo de negócios ou de outro, que realizem determinadas atividades com excelência e sejam reconhecidas
como líderes; (3) procura e implementação, por parte de uma equipe, das melhores práticas, com a finalidade de elevar o
desempenho de seus produtos, serviços e processos para níveis de liderança. (4) processo contínuo de medição de
produtos, serviços, processos e práticas em relação à empresas reconhecidas como líderes em suas indústrias.
174
quantidade de usuários com os quais foram aplicados os instrumentos para Avaliação Pós-Ocupação.
Não fosse esta a situação encontrada, teria sido possível esclarecer alguns dados que permaneceram
duvidosos e hipóteses acerca do ambiente que não puderam ser confirmados nem refutadas, como por
exemplo a possível relação entre a característica da personalização dos postos de trabalho e a
diferenciação hierárquica presente no ambiente.
Por outro lado, considerando que o foco do estudo de caso buscar dados qualitativos, ou seja,
informações subjetivas relacionadas à cognição dos usuários em seu ambiente de trabalho
fundamentadas na abordagem da Observação Incorporada os dados obtidos permitem considerar
que tal propósito foi cumprido, uma vez que abarcaram as informações registradas nos instrumentos, e
também a experiência vivenciada pelos usuários em geral no e sobre o ambiente: (1) na observação e
registro das características do ambiente e do processo experiencial no ambiente de trabalho; e (2) no
preenchimento dos instrumentos, nas opiniões verbalizadas espontaneamente e, no caso da
pesquisadora, na análise dos dados.
Um aspecto deste estudo de caso que vale ressaltar diz respeito à adoção da abordagem da Observação
Incorporada proposta pelo grupo Pro-LUGAR e que vem conferindo um caráter experiencial ou
seja, do pesquisador-em-ação, atuante, que incorpora sua experiência vivida na pesquisa aos
trabalhos que vem sendo realizados pelo grupo. A experiência de adotar tal abordagem foi
enriquecedora e gerou nesta pesquisadora o desejo de cada vez mais aprofundar a compreensão e
aplicação do estudo da cognição humana em relação à qualidade do ambiente de trabalho, na busca de
acertar o passo em relação à metáfora proposta por Varela, Thompson e Rosch quanto à abordagem
atuacionista das ciências cognitivas, segundo a qual a experiência e a compreensão científica são
como duas pernas sem as quais não podemos caminhar (VARELA et al, 2003:31).
175
das observações-experiências da pesquisadora; e (2) através dos instrumentos de pesquisa que
captaram informações da experiência dos usuários; permitiu a identificação de aspectos relevantes
sobre a qualidade do lugar de trabalho e a sensação de bem-estar que proporciona a seus usuários.
O somatório dos dados obtidos através dos instrumentos utilizados permitiu o cruzamento e a
confirmação ou elucidação das informações, destacando-se o papel do poema dos desejos na
capacidade de informar dados acerca dos atributos de desempenho do ambiente construído e dos
principais aspectos positivos e negativos do edifício e do ambiente de trabalho. O instrumento poema
dos desejos, de característica pouco estruturada, apresentou uma capacidade superior aos demais de
elucidar a cognição do usuário, contribuindo para complementar, reforçar e elucidar dados indicados
em instrumentos estruturados. A experiência desta pesquisa aponta para a validade de se utilizar um
conjunto equilibrado de instrumentos estruturados e não-estruturados na APO com enfoque cognitivo.
176
1. O perfil da empresa e sua cultura organizacional.
2. A imagem do edifício no qual está instalada a empresa na paisagem urbana, na percepção da
pesquisadora e no imaginário de alguns de seus usuários.
3. A imagem mental do local de trabalho, expressão da cognição dos respondentes através de
desenhos e opiniões verbalizadas e/ou escritas.
4. As opiniões/percepções de alguns usuários e da pesquisadora acerca dos atributos de desempenho
do ambiente construído a partir da experiência vivida no ambiente de trabalho.
5. Os sonhos, desejos e preferências em relação ao ambiente de trabalho ideal.
Os dados obtidos nesta pesquisa apontam para a importância atribuída pelos usuários à manutenção de
um clima interpessoal sadio favorecido por um local de trabalho que facilite a integração, na análise
desta pesquisadora, o aspecto positivo mais significativo do ambiente de trabalho da Reinvente .
Abrantes (2004:172) também destaca este aspecto:
Por outro lado, as observações e dados obtidos na pesquisa de campo permitiram observar o peso da
diferenciação hierárquica expresso no ambiente do escritório como um fator de insatisfação com o
local de trabalho.
No caso da Reinvente , suas características são de uma típica empresa da era do conhecimento, e por
isso tem um perfil de demanda inovadora de ambientes de trabalho (RHEINGANTZ, 2000), nos quais
ocorre o uso compartilhado de múltiplos ambientes de trabalho de grupo, ambientes baseados na
diversidade de tarefas, padrões variáveis e/ou de alta densidade de uso do espaço, uso compartilhado e
temporário do ambiente de escritório, com a possibilidade de tele-trabalho (LAING, 1997).
A seguir são apresentados três conjuntos de recomendações baseados nos dados, observações e
análises do objeto de estudo: recomendações para o Edifício Blue Tower , para o escritório da
Reinvente e recomendações para futuras pesquisas. Esse conjunto de recomendações não deve ser
177
considerado de maneira absoluta, mas com referenciais que não pretendem encerrar a realidade, mas
sim uma explicação com base nesta experiência de pesquisa, conforme o caminho da objetividade
entre parêntesis (MATURANA, 2002) e a abordagem atuacionista (VARELA et al, 2003).
83 Marketing voltado para os clientes internos. O objetivo do endomarketing é facilitar e realizar trocas construindo
relacionamentos com o público interno, compartilhando objetivos da organização, harmonizando e fortalecendo estas
relações (BEKIN, 1995:viii).
178
Recomendações para a melhoria da qualidade do ambiente de escritório da Reinvente
A seguir estão listadas algumas sugestões para melhoria da qualidade do ambiente de escritório da
Reinvente , fundamentadas nas análises apresentadas no capítulo 5 (Análise das Observações e
Dados):
6. Uma sala exclusiva para realização dos cursos de educação executiva on-line com o staff,
liberando assim uma das salas de reunião.
8. Prever postos de trabalho não-territoriais e integrados para as equipes que cumprem parte de sua
carga-horária semanal em trabalho externo ou remoto (home-office).
9. Prever postos de trabalho individuais, não-territoriais, em sala fechada, para realização de tarefas
que exijam concentração e isolamento.
10. Prever um mini-plenário84, nas quais todos o staff da empresa, de todos os níveis hierárquicos,
possam expressar suas opiniões.
11. Prever espaço destinado a convivência, descanso e relaxamento, que pode ser conjugado a uma
copa que seja de uso mais agradável (ventilação, iluminação, espaço para sentar e conversar).
12. Melhorar a iluminação artificial dos postos de trabalho distantes das janelas.
13. Substituir as cadeiras do staff por modelos que possibilitem ajuste da altura dos braços, assento e
encosto e inclinação do encosto.
(Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1.0) (1) que é pleno, completo, integral; (2) reúne grande número de
84
membros, (3) o conjunto de membros de qualquer associação, reunidos em grande número numa assembléia, (4) o local
onde esta se reúne.
179
Recomendações/sugestões para os procedimentos das futuras pesquisas do grupo Pro-LUGAR
Seguem sugestões de procedimentos de pesquisa de campo para futuros trabalhos a serem realizados
pelo grupo Pro-LUGAR, com base na experiência vivenciada pela autora e na análise global da
aplicação dos instrumentos:
1. Realizar uma walkthrough para familiarização, visão geral do objeto de estudo e coleta preliminar
de informações para auxiliar na seleção e adaptação dos instrumentos a serem aplicados.
2.1. Utilizar código para identificação dos respondentes. Isso facilitará a correlação de dados na
etapa de análise da pesquisa. Mesmo que o respondente preencha seu nome, anote a lápis o
código de identificação dele, numa posição padrão em todos os instrumentos (ex.: no canto
superior direito).
2.3. Buscar deixar o respondente à vontade para anotar suas opiniões, por exemplo: ao notar um
semblante que denuncie auto-censura, encorajar o respondente a registrar o que está
pensando.
3. Fazer uma breve tabulação e avaliação prévia dos instrumentos aplicados e levantar as lacunas e
informações que necessitam de maior esclarecimento. Com base nisso, selecionar do catálogo
outros instrumentos que possam ser aplicados para complementação das informações e/ou
formular um questionário para ser aplicado com os mesmos respondentes da etapa anterior e
entrevistas a serem aplicadas com pessoas-chave (ex.: facility manager, autores do projeto do
escritório, funcionários-chave da empresa).
180
4.1. Utilizar um caderno de campo para fazer as anotações.
4.2. Anotar a data da visita ao estudo de caso, hora de entrada e saída e atividades realizadas
durante a visita.
5. Ter atenção aos flagrantes do cotidiano do escritório, registrá-los por escrito e, se possível,
fotografá-los (ter sempre uma máquina fotográfica à mão).
181
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
182
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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195
ANEXOS
196
ANEXO 1
Sumário
1. Apresentação _____________________________ 2
3. Fundamentos ____________________________ 4
197
TÍTULO
I. APRESENTAÇÃO
85
Fávero (2000) e Alcantara (2002).
86
Vide del Rio 1990, 1991, 1992, 1996, del RIO et al 1998, e del Rio, Duarte e Iwata [org.] (2000).
87
Rheingantz (1995) e Chimenti (1999).
88
Rheingantz (2000).
89
Centro Empresarial Internacional Rio (RB1) [1996], Edifício-sede do BNDES/RJ [1997], Clínica São Vicente [1998],
Colégio Aplicação da UFRJ (1999), Edifício-sede do INPI/RJ [2000] e um conjunto de edifícios da Fundação Oswaldo
Cruz/RJ (Fiocruz) [2001].
90
Vide Rheingantz 1995, 1995a, 1996, 1998, 2001; Cosenza et al 1996a, 1997, 2000; Chimenti 2000, Alcântara 2002.
198
com os impactos gerados pelos projetos no cotidiano dos diversos atores envolvidos
com o ambiente construído (AC). Em maio/junho de 1998, por meio do Projeto de
Apoio à Pesquisa e ao Ensino em Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente
Construído91, realiza-se trabalho de pesquisa no âmbito do curso Avaliação Pós-
Ocupação do Ambiente Construído, ministrado pela Professora Sheila Walbe
Ornstein, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(FAU-USP). Em junho de 1999, por meio do Projeto Apoio à Pesquisa e ao Ensino
em Programação e Métodos Participativos para o Projeto de Arquitetura, promove a
92
vinda do Professor Henry Sanoff , Distinguished Professor of Architecture, School
of Design, North Carolina State University para ministrar o curso Metodologias para
Programação e Participação no Projeto de Arquitetura. Em agosto de 2000, em
colaboração com o Programa de Estudos Interdisciplinares em Comunidade e
Ecologia Social do Instituto de Psicologia da UFRJ (EICOS), realiza-se no Rio de
Janeiro o Seminário Internacional Psicologia e Projeto do Ambiente Construído,
evento pioneiro sobre a temática ambiente-comportamento93 realizado no Brasil, que
contou com mais de 250 participantes provenientes de diversos países e estados
brasileiros, e que possibilitou a publicação dos anais em CD-Rom (del Rio & Iwata
2000) e do livro Projeto do Lugar: colaboração entre psicologia, arquitetura e
urbanismo (del Rio, Duarte & Rheingantz 2002)
Inserido na linha de pesquisa Metodologias e Teorias do Projeto, este projeto procura relacionar cognição e
comportamento ambiental com a avaliação de desempenho dos edifícios e/ou ambientes de escritório por meio
de estudo comparativo das relações projetuais com a qualidade ambiental de um conjunto de 5 (cinco) edifícios
e/ou ambientes de escritório, bem como com a percepção de suas qualidades e desempenho por parte dos
responsáveis pela sua concepção, produção, operação e uso.
2. OBJETIVOS DA PESQUISA
Avaliar a influência das dimensões cognitiva e comportamental sobre a percepção ambiental de um conjunto
de atributos físico-espaciais previamente determinado, com vistas a identificar os elementos e os fatores
geradores desta qualidade.
91
Projeto CNPq n° 450.388/98-0, Coordenado por Vicente Del Rio e Paulo A. Rheingantz.
92
Professor Visitante cuja viagem ao Brasil foi financiada pela FAPERJ (proc. n° E-26/171.195/98).
93
O evento contou com apoio do CNPq, da CAPES da FAPERJ e da FUJB.
199
2.2 Objetivos Específicos
3. FUNDAMENTOS
94
O grupo tem desenvolvido projetos interdisciplinares de consultoria para os condomínios dos edifícios Centro
Empresarial Internacional Rio (1996), BNDES/RJ (1997) e INPI/RJ (2000), para a FIOCRUZ (2001/2002), além dos já
citados trabalhos realizados na Clínica de Repouso São Vicente (1998) e no Colégio Aplicação da UFRJ (1999).
200
(SIGMA/UFRJ 2750) e Avaliação do Projeto e da Gestão de Complexos Prediais de
Uso Comercial (SIGMA/UFRJ 2768). Para atingir seus objetivos, considera: (a) a
qualidade do lugar como fator atração de investidores, proprietários, moradores,
usuários ou visitantes; e (b) que a qualidade do lugar determina preferências e
expectativas, valorizações fundiárias e comerciais, além de influir no bem estar
humano.
A busca pela qualidade do lugar remonta aos romanos (Walter 1988:14), que
acreditavam que todo lugar era possuidor de um espírito próprio que o animava e
protegia genius loci ou espírito do lugar e representava a energia, o princípio de
unidade e a continuidade do lugar.
O sentimento que faz com que as pessoas se afeiçoem e sejam atraídas por um
determinado lugar topofilia (Tuan 1980) está diretamente relacionado com a
cultura, com a memória e com a imaginação. A dificuldade de explicá-lo em toda a
sua plenitude levou Christopher Alexander (1979) a designá-lo qualidade sem nome.
Como o espírito do lugar influencia o modo de pensar e de agir dos seres humanos,
o senso do lugar e o espírito de comunidade podem vir a ser cruciais para o sucesso
do desenvolvimento econômico (Ryckema 1995), o que justifica o crescente
interesse pelo resgate e/ou salvamento de bairros e comunidades.
201
globais existem poucas marcas realmente globais, como Coca Cola, McDonald s e
Malboro; e (3) que a geografia não é importante, uma vez que os produtos globais
mudam de significado em Pequim, Paris ou em New York.
202
A preocupação crescente com a percepção e a com imagem da cidade e dos
seus edifícios, além de direcionar os investimentos e os fluxos turísticos, evidencia a
estreita dependência entre a economia do mercado global e a qualidade do lugar
(Kotler et al 1993). Como a falta de qualidade de vida aliada à crescente mobilidade
do capital dificulta os re-investimentos e implica em perda de mercado, as cidades e
os edifícios especialmente os edifícios de escritório tornam-se dia-a-dia mais
dependentes do binômio inovação-lugar.
203
multinacionais aumentou de 7.000 em 1970 para 37.000 em 1993, com 150.000
coligadas em todo o mundo (Castells 1999a: 257) ; (b) impactos do comércio
internacional sobre o emprego e as condições de trabalho, e; (c) influência da
concorrência global e do novo método de gerenciamento flexível sobre a força de
trabalho de cada país segundo Riewoldt (1997), diversas companhias estão re-
localizando suas unidades operacionais de alto-custo para locais mais baratos:
American Express, Lufthansa e outras grandes corporações mudaram seus centros
de contas computadorizados para a Índia. O trabalho emigra para os cantos mais
distantes do planeta.
Os efeitos das tecnologias da informação são semelhantes nas fábricas, escritórios e organizações de
serviços: a automação aumenta a importância dos recursos cognitivos no processo de trabalho e as tecnologias da
informação possibilitam maior liberdade aos trabalhadores que buscam atingir seu pleno potencial produtivo.
204
O curso Metodologias para Programação e Participação no Projeto de
Arquitetura ministrado por Henry Sanoff em 1999, por sua vez, permitiu testar os
métodos e ferramentas de análise (Sanoff 1977, 1990, 1991) especialmente os
relacionados com a análise visual. A possibilidade aplicar estes métodos e
ferramentas na avaliação de desempenho dos edifícios e/ou ambientes de escritório,
com o objetivo de identificar as idéias, valores, atitudes e a cultura dos usuários
pode vir a ser de grande utilidade para compreender o impacto causado pelos novos
edifícios de escritório sobre a qualidade de vida e o bem estar dos seus usuários e
da própria cidade do Rio de Janeiro.
Autores como Santos (1985a, 1985b), Capra (1991, 1997), Prigogine e Stengers
(1992), Castells (1999a, 1999b e 199c), De Masi (1999a, 1999b), Santos (1997),
Micklethwait & Wooldridge (1998) atribuem estes equívocos a uma crise de
percepção que impede a sociedade de contemplar o mundo e compreender o
processo de desestruturação do espaço e do tempo provocado pelas novas
tecnologias da informação.
No plano dos edifícios de escritório, Smith & Kearny (1994), Worthington (1997)
e Duffy (1997) sugerem algumas interessantes questões a serem examinadas neste
trabalho: (a) se o planejamento dos edifícios e/ou ambientes de escritórios tem sido
capaz de acompanhar a riqueza e a inventividade das novas teorias das
organizações; (b) porque as telecomunicações ainda não tornaram ubíqua a
localização dos escritórios; (c) a possibilidade de pensar as organizações e seus
edifícios como um sistema total, integrado, em lugar de projetar edifícios como
espaços vazios e flexíveis para alguém não específico , ou para ninguém; (d)
205
porque ainda persiste a crença de que o conhecimento necessário já está sob
completo controle dos projetistas e de sua virtuosa intuição que acredita que um
homem ou grupo de homens seja capaz de controlar por completo um edifício e a
prever, num pedaço de papel, como este vai se comportar em todos os seus
detalhes (Alexander 1979b).
4. ESCOPO DA PESQUISA
206
intervenção nos edifícios, assim como conclusões metodológicas que possam
contribuir para a melhoria do processo projetual dos edifícios de escritório.
207
elenco de atributos de desempenho proposto por Rheingantz (2000), as dimensões
de avaliação e desenho urbano propostas por Kevin Lynch (1981) em a Boa Forma
Urbana , e o conjunto de instrumentos e métodos de avaliação propostos por Henry
Sanoff (1990, 1991, 2002). Este conjunto viabiliza as análises integradas entre forma
e espaço, por um lado, processos de produção e apropriação da arquitetura de
edifícios e ambientes de escritório, pelo outro. A princípio, o conjunto de dimensões
de projeto deverá ser utilizado como balizador inicial da investigação.
Por conta da ênfase que esta pesquisa dará aos temas da percepção e do
comportamento ambientais, será verificada a aplicabilidade na avaliação do
desempenho de edifícios e/ou ambientes de escritório de dois conjuntos de
ferramentas:
(a) as dimensões de análise apontadas por Lynch para a avaliação da qualidade de lugares
urbanos:
vitalidade: grau em que o ambiente apoia as funções humanas vitais e nosso
bem estar físico;
sentido: como o ambiente é percebido, compreendido e estruturado
mentalmente;
congruência: compatibilidade entre o desempenho das ações e
comportamentos e o ambiente;
208
seis fatores de avaliação do edifício: checklist/roteiro para análise visual do tipo
walkthrough envolvendo contexto, massa, interface, percursos, espaço social e
conforto;
formulário de observação do edifício: formulário para avaliar os recursos e
atributos físicos;
escala de avaliação do edifício: ferramenta para avaliação qualitativa do grau
de satisfação com relação às características físicas, áreas externas, cultura
ambiental, áreas sociais, acesso a recursos, espaços de transição e rotas de
circulação, grau de segurança e proteção, impressões gerais, informações
pessoais;
foto-q uestionário; ferramenta para evocar/explicitar comentários sobre o
ambiente físico;
escala de avaliação informal do espaço social: ferramenta para identificar a
percepção ambiental do espaço social;
poema dos Desejos: abordagem que encoraja a explicitar os sonhos sobre e
edifício/ambiente dos desejos;
grupo de interação: ferramenta para estimular a participação dos usuários na
configuração/concepção do edifício/ambiente;
planilha de avaliação do espaço: ferramenta para avaliar o layout interno,
atributos físicos, mobiliário, planta do piso, arranjo de assentos/cadeiras.
209
Levantamento de dados (históricos, técnicos, socio-econômicos, cadastrais,
etc.);
Levantamentos de campo (fotográficos, medições e cadastrais);
Confecção de desenhos (plantas, cortes, levantamentos, perspectivas, etc.) e
representação em CAD;
Etapa 5: Conclusões
210
Análise comparativa dos resultados;
Identificação de sugestões de fatores geradores de qualidade e de diretrizes de
projeto;
Avaliação da universalização de resultados obtidos (medidas e índices);
Confecção de sugestões e diretrizes locais para o projeto dos edifícios, para o
desenho urbano e para a qualidade do lugar;
Confecção preliminar do Relatório Final da Pesquisa.
Esta final será dedicada à divulgação dos resultados da pesquisa e de edição dos
originais (boneco) do livro Projeto do Lugar para o Trabalho.
211
Organização de dados e apoio na análise e avaliação de dados;
Digitalização de dados e representações em AUTOCAD e 3D Studio.
212
5. Bibliografia Básica
213
CASTELLO, Lineu. A Percepção em Análises Anbientais: O Projeto MAB/UNESCO
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218
ANEXO 2
Legenda: A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E= RUIM; F = MUITO RUIM.
Item avaliado L Observações
Sinalização
Sinalização viária
Identificação do edifício
Identificação de andares
Indicação de nº e local das salas
Nome da empresa
Áreas de trabalho
Identidade da empresa
Conforto
Aeróbico
Acústico
Higrotérmico
Lumínico
Tátil
Térmico
Visual
Aparência
Materiais
Acabamentos
Conservação
Manutenção
Limpeza
Adequação
Tipologia de escritório
Instalações
Água
Ar condicionado
Comunicação por áudio
Elétrica
Esgoto
Gás
Iluminação
Informática
Prevenção contra incêndio
Sistema de alarme e vigilância
Sonorização ambiente
Telefônica
Telefones públicos
Transporte vertical
TV
Localização
Do edifício
Da empresa no edifício
Das salas de trabalho
Vizinhança
Entorno
Vista externa
219
Legenda: A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E= RUIM; F = MUITO RUIM.
Item avaliado L Observações
Equipamentos (quantidade)
Aparelhos de ar condicionado
Aparelho de som
Cafeteira
Computadores
Copiadoras
Fax
Geladeira
Impressoras
Máquina de escrever
Microondas
Scanner
Telefone
Televisores
Imageabilidade (edifício/salas)
Visibilidade
Evocação de imagens
Escala
Proporções
Implantação
Partido
Formato
Estrutura
Texturas
Cores
Relação de espaços seqüenciais ou
isolados
Relação com o entorno
Número/tamanho/forma das
aberturas
Efeitos visuais de movimento
Expressão dos propósitos
Expressão da imagem corporativa da
empresa
Contextualização
Caráter associativo
Segurança
Controle de acesso
Evidência de criminalidade
Evidência de vandalismo
Policiamento
Evidências de degradação ambiental
Evidências de degradação social
Existência de estigma ambiental
Risco para circulação dia/noite
Risco de queda
Risco de inundação
Risco de incêndio
Risco de desabamento
Presença de animais
Tratamento de resíduos e materiais de
risco
220
Legenda: A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E= RUIM; F = MUITO RUIM.
Item avaliado L Observações
Consciência ecológica
Reciclagem de material
Uso de material reciclado
Racionalização de recursos
Tratamento do lixo
Acessibilidade
Tipos de acesso
Dimensões
Adequação
Acesso de pedestres
Portadores de necessidades especiais
Veículos
Transporte público
Transporte de valores
Estacionamento p/ funcionários
Estacionamento p/ clientes
Proximidade de aeroportos
Proximidade da rodoviária
Proximidade do metrô
Circulação coberta/descoberta
Flexibilidade
De layout
Tecnológica
Espaços de apoio
Espaços complementares
Cafeteria / Lanchonete
Restaurante
Cabelereiro
Banco do Brasil
Banco Real
Fumódromo (terraço)
Fluxos
Circulação interna horizontal
Circulação interna vertical
Circulação de emergência
Fluxo de materiais
Fluxo de alimentos
Fluxo de papéis
Fluxo de valores
Fluxo de serviços
Fluxo de veículos
Fluxo de visitantes
Fluxo de funcionários
221
Legenda: A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E= RUIM; F = MUITO RUIM.
Item avaliado A Observações
Gerenciamento predial
Recepcionista
Telefonista
Office boy do prédio
Serviço de limpeza
Serviço de manutenção
Serviço de manobrista
Guarita (controle de veículos)
Guarita (controle de pedestres)
Comportamento do usuário
Apropriação do espaço
Expressão corporal denotando
nível de satisfação com o local
Expressão verbal denotando nível
de satisfação com o local
Influência do espaço no
relacionamento interpessoal
Privacidade/concentração
Isolamento
Socialização
Devassidão
Participação do usuário no
processo de projeto
Características da ocupação e
compartilhamento do espaço
Contribuição do espaço para a
motivação
Contribuição do espaço para
bem-estar
Contribuição do espaço para
desempenho
Cuidado dos usuários em
relação ao local
Cuidado dos usuários em
relação aos objetos
Possibilidade do usuário
modificar o ambiente físico de
trabalho
Observações gerais:
222
ANEXO 3
A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E = RUIM; F = MUITO RUIM.
NÃO
Avaliação do edifício como um todo. Marque com um x o campo
SEI
Como você avalia... correspondente à sua opinião A B C D E F
1 ... o acesso por transporte público ao local?
2 ... o acesso de carro ao local?
3 ... a localização do estacionamento/garagem?
4 ... o número de vagas do estacionamento/garagem?
5 ... o controle de entrada no estacionamento/garagem?
6 ... o controle de entrada na portaria?
7 ... a facilidade de entrada na portaria?
8 ... a aparência externa do edifício?
9 ... a aparência interna do edifício?
10 ... a qualidade do acesso de pessoas com dificuldades de locomoção?
11 ... a largura dos corredores?
12 ... o recolhimento de lixo?
13 ... a quantidade de banheiros?
14 ... a localização dos banheiros?
15 ... a limpeza dos banheiros?
16 ... a segurança contra incêndio e pânico?
17 ... a segurança contra roubos e furtos?
18 ... a proteção contra chuva?
19 ... o proteção contra insolação no edifício?
20 ... ao funcionamento dos elevadores?
21 ... a sinalização externa do edifício?
22 ... a sinalização interna do edifício?
23 ... a ocorrência de acidentes (quedas, topadas)?
24 ... o uso racional de recursos (energia, água, papel, lixo)?
25 ... a(s) área(s) destinada(s) ao descanso (praças, áreas verdes)
26 ... a proximidade de lojas de serviços (restaurantes, bancos)
223
A = MUITO BOM; B = BOM; C = RAZOAVELMENTE BOM; D = RAZOAVELMENTE RUIM; E = RUIM; F = MUITO RUIM.
NÃO
Avaliação do local/ambiente de maior Marque com um x o campo
SEI
permanência. Como você avalia... correspondente à sua opinião A B C D E F
1 ... o tamanho do local?
2 ... a disposição dos móveis e equipamentos?
3 ... a adequação/conforto dos móveis às suas atividades?
4 ... a aparência (acabamentos, revestimentos, materiais)?
5 ... a qualidade dos materiais de piso, parede e teto de sua sala?
6 ... a segurança contra furtos e roubos?
7 ... a segurança contra acidentes (quedas, topadas)?
8 ... a iluminação natural de sua sala?
9 ... a iluminação artificial de sua sala?
10 ... a temperatura durante o inverno?
11 ... a temperatura durante o verão?
12 ... a proteção contra o sol?
13 ... a proteção contra chuva?
14 ... o isolamento contra ruídos internos do edifício?
15 ... o isolamento contra ruídos externos ao edifício?
16 ... a qualidade do ar (odores, fumaça, poeira)?
17 ... a limpeza de sua sala?
18 ... a localização das tomadas em sua sala?
19 ... a localização dos pontos de telefone em sua sala?
20 ... a localização de pontos de rede de dados em sua sala?
21 ... o espaço destinado à copa?
22 ... a adequação dos sanitários?
23 ... o uso racional de recursos (energia, água, papel, lixo)?
24 ... a privacidade do local, necessária para a sua atividade?
25 ... o contato interpessoal no local, necessário para a sua atividade?
26 ... o favorecimento à concentração para a execução das tarefas?
27 ... a sensação de bem-estar que o local lhe proporciona?
28 ... a expressão no local da imagem corporativa (missão/visão/valores)
2. 2.
3. 3.
2. 2.
3. 3.
224
ANEXO 4
225
ANEXO 5
Mapa Cognitivo
O Pro-LUGAR Grupo de Pesquisa Projeto e Qualidade do Lugar está realizando uma pesquisa nas instalações da HSM
do Brasil, com o objetivo de levantar aspectos técnicos, funcionais e cognitivos acerca da qualidade do local de trabalho.
Participando desta pesquisa, você estará dando sua contribuição para a ampliação do conhecimento na área de projetos
e avaliação de escritórios e futuras melhorias do ambiente interno de sua empresa.
Faça um desenho esquemático do seu ambiente de trabalho, a partir da sua memória, indicando
os elementos que você considera mais importantes (móveis, equipamentos, paredes/divisões, etc),
acessos e percursos do edifício (imagine que você está descrevendo o ambiente para alguém que
nunca o tenha visto, se necessário utilize o verso do papel):
226
ANEXO 6
Complete a frase abaixo indicando onde e como seria seu local de trabalho ideal, quais
as suas propostas e expectativas para esse local. Se necessário, utilize o verso da página.
227
ANEXO 7
Questionário Complementar
O Pro-LUGAR Grupo de Pesquisa Projeto e Qualidade do Lugar está realizando uma pesquisa nas instalações da HSM
do Brasil, com o objetivo de levantar aspectos técnicos, funcionais e cognitivos acerca da qualidade do local de trabalho.
Participando desta pesquisa, você estará dando sua contribuição para a ampliação do conhecimento na área de projetos
e avaliação de escritórios e futuras melhorias do ambiente interno de sua empresa.
1. Você sente algum incômodo (cansaço, dores musculares, dores de cabeça, dentre outros)
que pareçam ter relação com seu ambiente físico de trabalho? Quais e por quê?
2. Numa escala de 0 a 10, que valor você atribui à necessidade de interação na realização
do seu trabalho? Por quê?
3. Numa escala de 0 a 10, que valor você atribui à necessidade de privacidade na realização
do seu trabalho? Por quê?
228
ANEXO 8
Mapeamento Visual
O Pro- LUGAR Grupo de Pesquisa Projeto e Qualidade do Lugar está realizando uma pesquisa nas instalações da HSM
do Brasil, com o objetivo de levantar aspectos técnicos, funcionais e cognitivos acerca da qualidade do local de trabalho.
Participando desta pesquisa, você estará dando sua contribuição para a ampliação do conhecimento na área de projetos
e avaliação de escritórios e futuras melhorias do ambiente interno de sua empresa.
Indique, na planta abaixo, os pontos positivos e negativos do seu ambiente de trabalho. Use um
sinal de menos (-) para indicar situações ruins e positivo (+) para situações boas e as justifique
através de setas indicativas ou através de enumeração utilizando o verso do papel:
229
ANEXO 9
Mapeamento Visual
O Pro- LUGAR Grupo de Pesquisa Projeto e Qualidade do Lugar está realizando uma pesquisa nas instalações da HSM
do Brasil, com o objetivo de levantar aspectos técnicos, funcionais e cognitivos acerca da qualidade do local de trabalho.
Participando desta pesquisa, você estará dando sua contribuição para a ampliação do conhecimento na área de projetos
e avaliação de escritórios e futuras melhorias do ambiente interno de sua empresa.
Indique, na planta abaixo, os pontos positivos e negativos do seu ambiente de trabalho. Use um
sinal de menos (-) para indicar situações ruins e positivo (+) para situações boas e as justifique
através de setas indicativas ou através de enumeração utilizando o verso do papel:
230
ANEXO 10
Projeto e obra
Quem é o autor do projeto do edifício?
Quem realizou a obra?
Quando o edifício foi inaugurado?
É possível conseguir uma planta do pavimento tipo, da cobertura, da garagem, e da locação do edifício?
SAP
a. O edifício dispõe de Sistema de Automação Predial?
b. É possível fazer a regulagem dos componentes do sistema por andar e por ala?
c. O edifício dispõe de gerenciamento do sistema de supervisão e controle de energia elétrica?
otimização do consumo?
controle de demanda?
controle de temperatura?
controle de iluminação?
controle do condicionamento ambiental?
d. O edifício dispõe de gerenciamento dos sistemas de emergência? (incêndio, segurança, áudio, recepção)
e. O edifício dispõe de conectividade entre os sistemas de dados e voz?
f. O edifício adota alguma política/planejamento de revitalização tecnológica de seus sistemas/recursos?
g. O edifício dispõe de base de dados para geração de índices de manutenção?
Conforto aeróbico
Onde fica o ponto de captação de ar externo para o sistema de ar condicionado?
Como funciona o sistema mecânico de ventilação/exaustão da garagem e do prédio?
Condições do terreno
Já houve casos de inundação da região do edifício devido à chuva?
231
d. O sistema de elevadores possui sistema de emergência que cancela chamadas e dirije as cabines até o térreo, em
caso de alarme de incêndio?
e. O sistema de elevadores possui equipamento de última geração?
Sistema de ar-condicionado
a. O sistema possui controle de partida/parada dos chillers e bombas de circulação (condensado)?
b. O sistema possui controle automatizado de temperatura dos ambientes/unidades self-contained?
c. O sistema possibilita a verificação permanente de avarias nos chillers/bombas?
d. O sistema possibilita supervisão de filtros?
e. O sistema possibilita supervisão do fluxo de ar?
f. O sistema possui supervisão de ventiladores?
g. O sistema possui supervisão de umidificadores?
h. O sistema possui supervisão das torres de resfriamento?
i. O sistema possibilita instalação parcial em sistema independente?
j. O sistema possibilita registro impresso de temperatura do ar insulfado em tempos definidos pelo operador?
k. O sistema possibilita registro impresso do set-point selecionado?
l. O sistema possui pré-programação, pelo operador, do período de funcionamento dos ventiladores?
m. O sistema de distribuição do ar e de balanceamento da temperatura interna é eficiente?
n. O sistema de distribuição do ar/balanceamento da temperatura interna é do tipo VAV (volume de ar variável)?
o. O sistema possibilita funcionamento parcial por andar/setor em horário especial/contínuo?
p. O sistema possui equipamento/recursos para termoacumulação de gelo?
q. As especificações dos equipamentos do sistema visam a eficiência energética?
Segurança patrimonial
Quais as características do sistema de segurança adotado no edifício?
232
ANEXO 11
1. O escritório de arquitetura participou da definição do edifício e salas que a empresa viria a ser
instalada?
2. Q uem solicitou o projeto? Quais foram os interlocutores definidos pela empresa para orientarem os
autores do projeto? Quem fez a interface entre empresa e projetista?
3. O que foi pedido no projeto? Houve algum pedido que não pode ser atendido? Houve alguma
proposta dos projetistas que foi recusada pela empresa?
4. Quanto tempo durou a realização do projeto?
5. Quem executou a obra?
6. Houve algum problema durante a execução da obra?
7. O resultado esperado foi atingido no novo ambiente? Se não, o quê impediu o alcance dos resultados
esperados e por quê?
8. O que foi necessário para instalar a empresa neste edifício: obras de reforma/adaptação, aquisição de
mobiliário, máquinas e equipamentos, instalação/ substituição de divisórias, revestimentos,
acabamentos e instalações elétrica, telefonia, lógica, água, esgoto, etc?
9. Quanto tempo foi necessário para adequar o local ao funcionamento da empresa?
233
ANEXO 12
ATRIBUTOS DE INTERAÇÃO
Imageabilidade. É a qualidade evocativa da imagem do edifício e de seu entorno, em termos de aparência, legibilidade
e visibilidade, e sua relação com a identidade da empresa.
a. Que imagens, idéias e sentimentos você associa ao edifício, ao seu entorno e ao ambiente de trabalho?
b. A empresa se vale de alguma maneira da imagem evocada pelo edifício, seu entorno e os ambientes de trabalho,
por exemplo, em seu mix de marketing, diferenciais competitivos e fidelização de clientes, fornecedores e
funcionários?
Grau de Adaptabilidade
a. Como é feita a distribuição das estações e salas de trabalho?
b. A empresa permite que os funcionários efetuem modificações físicas no ambiente de trabalho? De que tipo?
Cronêmica
a. Q ual é a característica do ritmo e da natureza do trabalho na empresa quanto à dinâmica, velocidade, renovação
e prazos (timming)?
Proxêmica
a. Como é o organograma/hierarquia da empresa?
b. Qual é a localização física dos setores/departamentos/atividades?
c. Como a hierarquia se reflete no ambiente físico? Quais são os territórios delimitados, de maneira explícita e tácita?
Cultura
a. Valores. Qual das 4 opções abaixo melhor descreve a cultura e valores praticados na empresa?
Totalmente conectada com a realidade global , desapego a valores/ símbolos tradicionais de
status/segurança.
Parcialmente conectada com a realidade global , apego a visões/ atitudes/ valores conservadores e símbolos
tradicionais de status, prefere o conhecido ao novo.
Parcialmente conectada com a realidade global , reage às mudanças/ tendências globais.
Percepção limitada dos efeitos de mudanças globais, reage às mudanças; arraigada a visões/ atitudes
conservadoras e a símbolos tradicionais de status.
b. Perfil da empresa. Qual dos 4 perfis abaixo mais se aproxima das características da empresa?
Empresa (tradicional) muito pesada e burocrática, sem agilidade, sistema de comando hierárquico e baseado
no controle centralizado; contratante de empregos, estrutura de pessoal estratificada, burocrática estável;
estabilidade com progressão vertical dificultada.
Empresa com pouca agilidade, burocrática, sistema de comando c/ hierarquia soft pouco centralizado e
relativamente compartilhado; contratante de empregos, estrutura de pessoal estratificada, burocrática e
estável; carreira com progressão vertical incentivada.
Empresa com agilidade, sistema de comando horizontalizado e descentralizado; contratante de serviços;
trabalho dinâmico e cooperativo; equipes por projeto; trabalho intelectual instável e com rotatividade.
Empresa baseada em idéias, em rede, com muita agilidade ( fluidez ), sistema de comando não hierárquico,
descentralizado e flexível; contratante de idéias, formadora de parcerias/ alianças; equipes flexíveis e
dinâmicas, estrutura de pessoal baseada em empregabilidade .
c. Sistema de Trabalho. Qual é o sistema de trabalho adotado pela empresa?
Trabalho individualizado e/ ou estudo concentrado (processos isolados); período de trabalho semanal de 40
hs ou mais, suporte individual.
Trabalho dividido em partes menores e desenvolvido pelo próprio staff que tem instruções precisas e pouca
discrição (processos individuais); turno de trabalho semanal de 40 hs, suporte individual (não compartilhado).
Trabalho em grupo direcionado ao tipo e necessidade de mudança na proporção de diferentes habilidades
interdependentes (processos em grupo); turno de trabalho flexível, padrões de trabalho relativamente
intermitentes (pelo menos 20 hs no escritório), suporte compartilhado por até 3 funcionários fixos.
Trabalho interativo, em colaboração e individual, processo de trabalho complexo, seguidamente
redesenhado; padrões de ocupação de alta intermitência, suporte altamente compartilhado.
234
d. Produção, tecnologia e processos. Qual modelo de produção/tecnologia/processos é adotado pela empresa?
Mecânico. Material-intensivo ou de investimentos em ativos físicos tangíveis e tecnologia mecânica: (a) uso
intensivo de tecnologia e sistemas mecânicos, pouco informatizados, equipamento pesado com grande
demanda por espaço para sua operação; fluxo intenso de documentos, necessidade de arquivos de
documentos, ou (b) variedade de equipamentos (PCs, impressoras, etc.) fixos individuais, interligados ou não
em rede.
Técnico. Capital-tecnológico, ou de investimentos em tecnologia eletrônica: uso intensivo de tecnologia e
sistemas eletrônicos com pouca integração, (simples terminais mudos ou PCs em rede); fluxo de documentos,
processamento de dados (pessoal, arquivos, documentos/contratos).
Sócio-técnico. Tecnologia intensiva e conhecimento não integrados: uso intensivo e compartilhado de
tecnologia e sistemas de informação como apoio às atividades/ tarefas; fluxo intenso de informações, banco
de dados, telemática com equipamento fixo (de mesa).
Sócio-técnico intensivo. Tecnologia e conhecimento intensivos e integrados: uso intensivo, integrado e variado
de processos e tecnologias da informação; fluxo contínuo de informações, banco de dados relacional,
telemática, amplo uso de equipamento móvel (telefone celular, notebook, pager).
e. Clientes, fornecedores e funcionários. Qual o perfil das pessoas que circulam na empresa?
Quem são os clientes da empresa?
Quem são os fornecedores da empresa?
Qual é a idade média dos funcionários, clientes e fornecedores da empresa?
A empresa demanda por clientes com mais de 50 anos ou menos de 18 anos de idade?
Qual é o fluxo diário de pessoas na empresa: < 100 pessoas/ dia, entre 101 e 200, entre 201 e 300, > que
300 pessoas/dia?
A empresa possui uma política de valorização de pessoal? Qual é? Como é?
O corpo de funcionários é, na sua maioria, constituído por prestadores de serviço ou funcionários efetivos?
Ao iniciar no emprego, o novo funcionário passa por algum treinamento ou ambientação?
Há algum tipo de atividade recreativa ou de relaxamento durante o horário de trabalho?
Há reuniões/confraternizações entre os funcionários de um mesmo setor ou ambiente? Com que freqüência?
Os encontros sociais são de alguma forma estimulados? Por quem?
A empresa procura fidelizar os seus funcionários? Como?
Que benefícios a empresa oferece aos seus funcionários?
A empresa adota a política de participação nos lucros para os funcionários? A partir de quais níveis/funções?
Qual é a média de permanência dos funcionários na empresa (grau de rotatividade)?
f. Competitividade. O grau de competitividade da empresa é: (a) global; (b) nacional; (c) regional; (d) local?
ATRIBUTOS CORPORATIVOS
Localização
a. Quantos são e onde estão localizados os imóveis utilizados pela empresa?
b. Estes imóveis são próprios ou alugados?
c. Quando foi a última mudança de endereço? Por que houve necessidade de mudança?
d. Há quando tempo a empresa ocupa estes imóveis? Quais foram os critérios para sua escolha?
e. As atividades realizadas pela empresa demandam localização próxima a centro urbano, ou a centro
regional, ou a local estratégico, ou independe da localização?
f. A localização atual é adequada às atividades da empresa?
Custo operacional
a. A empresa tem necessidade de operar 24h ou apenas em horário comercial? Há necessidade
eventualmente de funcionar em horário não comercial?
b. Q uais são os custos operacionais: condomínio, IPTU, água, lixo, conservação, limpeza, gerenciamento
predial, operação de garagem, vagas de estacionamento?
c. A qualidade e variedade dos serviços condominiais são condicionantes para a instalação da empresa?
d. O s serviços condominiais influenciam a estratégia de marketing da empresa, a diferencia da
concorrência, influenciam o conjunto de habilidades e conhecimentos da organização, influenciam as
relações interpessoais dos funcionários da empresa, influenciam as relações interpessoais funcionários
X clientes/fornecedores, condicionam os processos e a tecnologia utilizados pela empresa?
e. Como os custos operacionais afetam a lucratividade da empresa?
235
Valor imobiliário
a. A relação valor do aluguel versus metragem quadrada é adequada para as atividades/necessidades da
empresa?
b. Q ual o tipo de visão e atitude da empresa em relação ao valor simbólico usualmente conferido ao
investimento imobiliário: arraigada (conservadora), apegada (relativamente conservadora), pouco
apegada (relativamente empreendedor), desapegada (empreendedora).
ATRIBUTOS DE INFRAESTRUTURA
Condições do terreno
a. Já houve casos de inundação da região do edifício devido à chuva?
b. A paisagem exterior é importante para a estratégia de marketing e para o ambiente social interno da
empresa?
Acesso de veículos
a. A atividade/ natureza da empresa depende da presença de usuários (funcionários e/ ou clientes e/ ou
fornecedores) que se utilizam de automóvel e/ou táxi para chegar ao edifício?
b. A cultura da organização prioriza a oferta de garagem para seus executivos, clientes e fornecedores?
c. A empresa demanda por transporte de valores e cargas?
Transporte terrestre
a. Q ual é a necessidade da empresa de disponibilidade de transporte terrestre (ônibus, metrô, trem) para
que seus usuários (funcionários, clientes e fornecedores) acessem o edifício?
Transporte aéreo
a. Qual é a demanda da empresa por uso de aeroporto e/ou heliporto (finalidade, periodicidade)?
Rede de telecomunicações
a. A empresa utiliza processos e tecnologia informacional integrados?
b. Quais as características da tecnologia de telecomunicações utilizada pela empresa?
c. Q ual o perfil da demanda da empresa por uso de sistemas/ tecnologia informacional: utilização
intensa/ininterrupta (24 horas por dia)? Utilização intensa em horário diário/noturno? Utilização intensa
em horário comercial?
d. A empresa demanda por quais sistemas de telecomunicações: telefonia, antena, radiotransmissor,
satélite (teleporto), voz, imagem, dados.
ATRIBUTOS CONSTRUTIVOS
Garagem
a. Quantas vagas na garagem são reservadas para o staff? E para visitantes?
Facilidade de manutenção
a. As paradas para manutenção dos sistemas prediais são previamente informadas ou são imprevistas?
Quais os reflexos das paradas para manutenção sobre o andamento do trabalho na empresa?
236
ANEXO 13
OBJETIVO
O principal objetivo deste escopo é sugerir um princípio organizador que direcione ou auxilie a re-
interpretação dos instrumentos e ferramentas usadas nas pesquisas do grupo, sistematizando-as em um
"manual" de intrumentos, que poderá se transformar em "meios para despertar a concepção
imaginativa do arquiteto", não como limitador, mas como um universo ampliado de possibilidades
onde a nossa experiência pessoal mistura-se ao coletivo, pois somos todos seres humanos plenos de
emoções, desejos e sonhos.
INSIGHTS:
Observar o ambiente exterior
Observar o ambiente incorporando-se
Observar o observador
Atitude participativa na pesquisa, em quatro momentos (contribuição Ana Paula):
1. A fundamentação teórica será meu arcabouço cultural para dar base as explicações. O estudo
de caso será a fonte concreta de observações e explicações.
2. O que as pessoas fazem no ambiente (observando a ação).
3. O que as pessoas pensam e sentem em relação ao ambiente (elas observam/rememoram a
ação).
4. Como as pessoas explicam seus pensamentos, sentimentos e ações em relação ao ambiente
(eu solicito a explicação).
5. Conclusões sobre tudo isso (as explicações do pesquisador).
237
PASSOS A SEGUIR PARA A SISTEMATIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
A seguir estão listados sinteticamente os passos sugeridos para definição dos materiais e
métodos de pesquisa de avaliação da qualidade do lugar e da relação homem-ambiente. O
quadro poderá variar conforme o estudo de caso e poderá ser acrescido de imagens,
figuras, quadros, matrizes, tabelas etc.
Nota: os termos em itálico são exemplos.
CATEGORIA "OBSERVAÇÃO"
PROPÓSITO
Em um parágrafo descrever no infinitivo propósito principal do método, p.ex.,
"Explorar os padrões de comportamento, condutas e as relações e interações
homem-ambiente".
OBJETIVOS
1. Identificar imagens, atributos reconhecidos, expectativas e condutas
potenciais dos indivíduos, dos pares, dos pequenos grupos ou dos grandes
grupos
2. Estabelecer dados sobre as atividades realizadas e sobre as relações
necessárias para suporte destas atividades
3. Investigar sobre regularidades de conduta, sobre usos esperados, novos
usos e maus usos do lugar
4. Identificar oportunidades e limitações comportamentais que o ambiente
proporciona
5. Identificar conflitos entre usos e funções e entre grupos
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
Fundamentação ou conceituação teórica: fontes primárias, autores e teóricos,
bibliografia disponível sobre o mesmo, ou seja, de onde se originou.
OPERACIONALIZAÇÃO
5. Formas de operacionalização do método/ferramenta identificando momentos
de preparação, ensaios, pré-testes ,dificuldades previstas ou encontradas,
equipamentos, instrumental, procedimentos.
6. Postura/atitude/conduta do observador/pesquisador em relação ao objeto
observado: participante, marginal, neutra, distanciada, interativa, etc.
238
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
Descrição mais detalhada de uso do método/ferramenta exemplificando com casos
específicos. Podem ser listados um ou mais exemplos ou aplicações.
SISTEMATIZAÇÃO/ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
Descrição de como são classificados, elaborados, organizados, tabulados e
sistematizados os dados.
DESCOBERTAS
Reconhecimento e destaque de pontos relevantes do processo; dificuldades
relacionadas; pontos críticos; principais necessidades
CUSTO E TEMPO
Não necessariamente valores financeiros, mas número de pesquisadores envolvidos,
produção unitária e do grupo; tempo de desenvolvimento por pessoa e total.
REFERÊNCIAS
ZEISEL, John. Inquiry by Design - Tools for Environment-Behavior Research.
Monterey: Brooks/Cole Publ. 1981.
GRUPO PROJETO E QUALIDADE DO LUGAR
CATEGORIAS DE INSTRUMENTOS:
239
2) Questionários
Quem trabalhou: Todos
Questionário de Sondagem (PA1, PAR/clientes)
Inventário (mapa) de fluxos (PA1, BNDES, INPI)
Desempenho físico-espacial (Cap/UFRJ)
Questionário de desempenho acústico Slama e equipe
3) Observação
Quem trabalhou: PAR (RB1), RB1, BNDES, CSV, Cap/UFRJ, Bia Chimenti, INPI, Marcos Fávero e
Denise, Fabiana, Alojamento/UFRJ, Monique e Ana Claudia.
Análise walkthrough todos
Análise talkthrough Toledo e Heitor (Proarq)
Percurso de Conscientização (Awareness walk) Purificação, Kárida, Vera (Alojamento/UFRJ)
Observação participante PAR (RB1), Monique, Ana Cláudia
Etnografia Purificação, Kárida, Vera (Alojamento/UFRJ)
Passeios acompanhados Vera Bins Ely Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo/UFSC e
Kátia de Paula
Análise da tarefa Monique/Mario Vidal
5) Simulação / jogos
Quem trabalhou: PAR (MAH)
atributos de desempenho (matrizes)
atributos de desempenho (listagem) Paulo Afonso, Denise, Monique
jogo de análise espacial (quebra-cabeças / recorta-e-cola) - Cap/UFRJ, Creche/UFF
baralho de seleção visual
6) Entrevistas
Quem trabalhou: PAR (RB1), RB1, BNDES, Bia Chimenti (FND) INPI, Marcos Fávero e Denise,
Fabiana (Creche UFF), FAP 710 (Alojamento/UFRJ), Monique (GAA), Ana Claudia (CS/Fiocruz)
entrevista estruturada
entrevista semi-estruturada
entrevista não estruturada PAR (RB1)
7) Escalas de Atitude
Quem trabalhou:
MAH fuzzyficação dos atributos (PAR)
Diferencial Semântico: Monique, Ana Cláudia.
240
8) Análise de Conteúdo
Quem trabalhou: Tanya Collado e Ana Cláudia
Existe um software que faz uma análise, ou melhor, verifica as freqüências de palavras-chave
(Guilherme e Mauro Santos trabalharam com ele)
9) Mapeamento e desenhos
Quem trabalhou: Giselle, Marcos Fávero, Denise, Paulo Afonso (UGF, PA1), Monique, Ana Cláudia,
Cap/UFRJ, Creche/UFF
Mapas mentais ou cognitivos PAR (UGF), Fávero, Denise, Ana Cláudia, Mariana e Flaviana
(Proarq)
Poema dos Desejos PA1, Monique, Ana Paula (GAA)
Matriz de descobertas Helena, Ana Claudia e equipe de APO da Fiocruz
Mapa Conceitual Ana Paula e Michael
10) Livre Expressão
Quem trabalhou: PA1, Cap/UFRJ, Creche/UFF, Monique,
Conversa-ação (ou livre)
Bate-bola ou bate-papo
Poema dos Desejos
A seguir são apresentados algumas fichas de instrumentos elaboradas para o catálogo por
integrantes do grupo pro-LUGAR, ainda em fase de revisão e complementação.
241
CATEGORIA MAPEAMENTO E DESENHOS
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
Os mapas conceituais são utilizados em diversas pesquisas e práticas principalmente
na área educacional, na qual Joseph D. Novak, da Cornell University é uma das
principais referências. Segundo Novak (in Santos, 2002) um mapa conceitual
constitui-se em um conjunto de conceitos inter-relacionados, segundo uma estrutura
hierárquica proposicional e permite, através de recursos gráficos, enfatizar as
relações mais importantes entre conceitos.
OPERACIONALIZAÇÃO
Um mapa conceitual é formado de conceitos identificados por palavras ou símbolos,
geralmente representados dentro de círculos ou retângulos, e das relações entre os
conceitos, representadas por linhas ou setas acompanhadas de uma proposição
palavras de conexão. Há basicamente cinco etapas no processo de construção de
um mapa conceitual (Novak, 2001?):
7. Definição do domínio de conhecimento, que deve ser familiar para a pessoa
que irá construir o mapa. A estrutura do mapa conceitual varia conforme o
contexto para o qual está sendo utilizado, portanto é importante definir seu
propósito e delimitar o cenário ao qual se refere. Essa contextualização irá
auxiliar na determinação da estrutura hierárquica do mapa conceitual, que
pode ser causal ou temporal.
242
9. Construção de um mapa conceitual preliminar utilizando, por exemplo, post-
its nos quais vão escritos os conceitos-chave como recurso para estudar
diferentes relações entre conceitos. A utilização de softwares especialmente
desenvolvidos para criação de mapas conceituais é um facilitador.
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
A seguir são apresentados dois exemplos de mapas conceituais utilizados para
sintetizar o problema (figura 1) e objetivo central (figura 2) desenvolvidos na
dissertação Um Olhar Cognitivo sobre o Lugar de Trabalho: Avaliação de
Desempenho em Ambiente de Escritório (Abrantes, 2004).
243
Figura 2: mapa conceitual do objetivo central abordado na dissertação estudada
REFERÊNCIAS
Novak, Joseph D. The Theory Underlying Concept Maps and How To Construct
Them. 2001?; disponível no site <http://cmap.coginst.uwf.edu/info/printer.html>
acessado em 10 de julho de 2004.
Santos, Solange Copaverde; Modelização Conceitual: Utilização de Software de
Modelagem como Estratégia Cognitiva para Cosntrução de Conhecimento;
trabalho apresentado no 9º Congresso Internacional de Educação à Distância, 2 a
4 de setembro de 2002, São Paulo, SP; disponível no site
<www.abed.org.br/congresso2002/trabalhos/texto32.htm> acessado em 15 de
maio de 2004.
Abrantes, Monique; Um Olhar Cognitivo sobre o Lugar de Trabalho: Avaliação de
Desempenho em Ambiente de Escritório, Estudo de Caso em Empresa de
Advocacia; Rio de Janeiro: PROARQ/FAU/UFRJ, 2004. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura).
244
CATEGORIA: MAPEAMENTO E DESENHOS
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
A primeira matriz de descobertas foi construída para o projeto de graduação da arquiteta Helena da
Silva Rodrigues. Foi uma adaptação de uma matriz de descobertas e recomendações utilizada pela
equipe de Avaliação Pós Ocupação da Fundação Oswaldo Cruz. Esta matriz não permitia a inserção de
todos os dados levantados por ocasião do levantamento de APO realizado no Instituto Fernandes
Figueira, que serviu de base para a elaboração de um plano de remanejamento tema do projeto final de
graduação.
Logo que a equipe de APO concluiu a Avaliação no Instituto Fernandes Figueira, senti falta de uma
maior aproximação com as reais necessidades dos usuários. Naquela avaliação o programa ainda era
muito voltado para as questões de ordem técnica. No entanto, minha necessidade para desenvolver o
projeto final de graduação ultrapassava as questões técnicas, o que me levou a utilizar um caderno de
campo, que juntamente com os dados levantados pela equipe e colocados numa adaptação da matriz
de descobertas e recomendações gerou uma quantidade muito grande de planilhas. Ao incorporar os
dados levantados e anotados em meu caderno de campo tive dificuldade de utilizar as planilhas para a
análise dos problemas encontrados, o que me levou a em cima da planta baixa, fazer resumos
relacionando-os aos ambientes. Com a ajuda da programadora visual e naquela época também
estagiária de arquitetura do Programa de APO, Isabelle Soares, transformei aquele rascunho na
matriz de descobertas que foi utilizada em meu projeto final de graduação e incorporada aos
relatórios institucionais . Uma das maiores vantagens deste instrumento é a visualização dos
problemas associado à planta baixa do edifício analisado, permite uma análise rápida.
OPERACIONALIZAÇÃO
Na construção da matriz de descobertas, é necessário ter em mãos os resultados ou
instrumentos preenchidos pelas avaliações que estão em curso e plantas baixas
atualizadas.
Ao iniciar a construção da matriz o pesquisador deverá utilizar, para compor este instrumento
resultados de outros métodos de avaliação. A proposta da matriz é ser um instrumento de auxílio para
245
a análise dos problemas encontrados, o que faz com que sua construção seja realizada ao final da
avaliação.
Formato:
Um dos aspectos mais difíceis de uma matriz, é a interpretação dos resultados. Entretanto construir
uma planilha de recomendações de uma matriz bem construída fica geralmente fácil, apesar da grande
quantidade de dados a serem processados.
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
A seguir são apresentados três exemplos de matrizes utilizados nos projetos de graduação das
arquitetas Helena da Silva Rodrigues (2002) e Isabelle Soares (2003) e no Programa de avaliação Pós
Ocupação da Fiocruz.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Jorge et. al. (org.) Avaliação Pós-Ocupação: Saúde nas edificações da Fiocruz.
Rio de Janeiro: Diretoria de Administração do Campus, 2004.
SILVA, Helena; Plano de remanejamento para as áreas do Instituto Fernandes Figueira; Rio
de Janeiro: EAU/UFF, 2002. Projeto Final de Graduação (Graduação em Arquitetura).
246
CATEGORIA: OBSERVAÇÃO
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
Na análise walkthrough (PREISER in BAIRD et al, 1995: 93, 190) é possível obter informações com
os ocupantes do espaço físico, com os participantes da walkthrough, e realizar uma checagem e
levantamento das condições e características do edifício.
Hoje a walktrough é uma ferramenta largamente utilizada em Avaliações. Uma das maiores
vantagens é a possibilidade de identificação rápida dos problemas, sendo muito eficiente,
em tempo e esforço do pesquisador.
OPERACIONALIZAÇÃO
É possível realizar uma walktrough de diversas formas. Como uma caminhada acompanhada de
usuários do edifício e técnicos que compõe a equipe de avaliação. Ou até mesmo como uma
observação rápida apoiada por roteiros previamente elaborados. Ou como uma observação apenas com
caderno de campo para anotar as impressões iniciais. Por ser relativamente fácil e rápida de aplicar, a
Walkthrough precede a todos os estudos e levantamentos, sendo bastante útil para identificar e
hierarquizar quais aspectos do edifício ou de seu uso merecem estudos mais aprofundados e quais
técnicas e instrumentos devem ser utilizados.
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
247
CATEGORIA: QUESTIONÁRIO
PROPÓSITOS
Ser uma fonte de informações sistemática sobre os entrevistados, seus hábitos, crenças,
atitudes, valores e comportamentos.
OBJETIVOS
(a) Conhecer o perfil dos entrevistados; (b) Verificar as diferenças NA maneira de pensar das pessoas;
(c) Estudar o comportamento que não pode ser observado ou experienciado diretamente; (d) Buscar a
eficiência como método de investigação, através da redução de tempo e esforço, principalmente se
comparados à ferramentas como a entrevista, por exemplo.
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
Um dos primeiros questionários que se tem conhecimento foi aplicado por Francis Galton.
Um versátil gênio Inglês do século XIX, era fã de assuntos ligados a medições (FIOCRUZ,
2003:p.01). Galton distribuiu às pessoas uma lista de questões escritas sobre suas
habilidades em desenhar o café daquela manhã. A imagem era cara ou turva? Era colorida
ou preto-e-branco? As cores eram distintas ou e naturais? Este foi um dos primeiros
questionários de origem psicológica. Hoje o questionário é uma das ferramentas mais
populares, sendo largamente utilizada em pesquisas de opinião, mercado, científicas, etc.
Uma das maiores vantagens deste instrumento é que dificilmente é superado no quesito
economia, principalmente no tipo de questionário auto-administrável, sendo muito eficiente,
em tempo e esforço do pesquisador.
OPERACIONALIZAÇÃO
Conteúdo:
Em geral é melhor restringir o questionário a um único assunto. Ao iniciar a construção do
questionário o pesquisador deverá utilizar, para compor este instrumento. outros métodos de
observação: a entrevista e a observação casual. A proposta da observação casual é aprender a série de
atividades sobre as quais devem se ater. Fazer uma breve investigação e não uma investigação
sistemática com categorias detalhadas. As entrevistas devem acompanhar as observações para
aprender o universo de opiniões sobre o assunto. Neste estágio é preferível uma entrevista solta e
aberta. Isto vai evitar a indução de respostas das pessoas. As respostas serão usadas primeiramente
para descobrir que tópicos devem ser incluídos no questionário.
Formato:
Existem duas grandes categorias de perguntas: Questões abertas e fechadas. Nas questões abertas os
respondentes escrevem suas próprias respostas. As questões fechadas, também conhecidas como
248
questões de múltipla escolha, pedem para os respondentes escolherem entre alternativas oferecidas
pelo pesquisador.
Um formato aberto é desejável quando: (a) pesquisador não sabe as possibilidades de resposta; (b)
universo de respostas possíveis é tão extenso que a questão se torna inválida no formato múltipla
escolha; (c) pesquisador quer evitar a indução de resposta do respondente.
Questões de múltipla escolha (fechadas) são desejáveis quando: (a) há um grande número de
respondentes e perguntas; (b) as respostas serão contabilizadas por uma máquina; (c) as respostas
diferentes grupos serão comparadas.
Saliência se refere à importância de um assunto Na cabeça das pessoas. Perguntas abertas são
adequadas para determinar a saliência de um assunto. No formato de múltipla escolha, a saliência pode
ser determinada pedindo ao respondente que classifique ou avalie uma lista de respostas em termos de
importância. Alguns pesquisadores usam em determinados casos uma categoria intermediária como
resposta, como neutro ou indeciso , e da inclusão das resposta não se aplica ou não sei . Devem
ser verificados a clareza de cada item e devem ser evitadas questões duplas ou negativas.
Todo questionário deve ter um breve texto introdutório explicitando as intenções da pesquisa, o
assunto e grupo a ser pesquisado, destacando a importância de sua contribuição e forneça instruções
gerais para o preenchimento. Ao final do questionário deixe espaço para sugestões ou outros
comentários e agradeça aos respondentes pela colaboração. Deverá ser feito um pré-teste da primeira
versão do questionário.
249
Um dos aspectos mais difíceis de um questionário , além da construção, é a interpretação dos
resultados. Entretanto quantificar os dados de um questionário bem construído fica geralmente fácil,
apesar da grande quantidade de dados a serem processados.
DISTRIBUIÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Questionários auto- administráveis são mais adequados em situações que as pessoas estejam ou
possam estar sentadas. O questionário com interação do pesquisador seria o mais indicado para
situações em que os entrevistados estejam em pé ou se movimentando.
Os questionários podem ser distribuídos de diversas maneiras: em reuniões, entregues
individualmente, correio, internet, etc. Cada abordagem é mais interessante para dada situação. Porém
é indispensável uma amostragem, ou pré-teste, para aplicação final.
A distribuição pessoal costuma Ter melhores resultados. Uma relação pessoal positiva com o
pesquisador é crucial para uma boa taxa de retorno.
Pesquisas por correspondência ( correio, internet, etc.) é eficiente por cobrir grande área geográfica.
As desvantagens deste tipo de pesquisa são a impessoalidade, baixa taxa de retorno, lentidão e no
caso de correio convencional, o custo financeiro. No caso da pesquisa por email pode ser interessante
direcionar mensagens individuais ou pequenos grupos de cada vez. Criar uma linguagem mais
personalizada, demonstrando ao respondente a relevância de sua participação.
Um questionário costuma ser pouco útil quando os respondentes são muito jovens ou velhos, enfermos
ou desinteressados no assunto e não apropriados para pessoa em movimento ou ocupadas em outras
atividades.
QUANTIFICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
Quantificar os resultados de um questionário costuma ser razoavelmente simples. Perguntas abertas
normalmente não codificadas a mão, principalmente num breve questionário com poucos
respondentes. Em formatos maiores e com muitos respondentes será apropriado o uso de um
computador, por isso é ideal planejar o questionário se utilizando destas facilidades.
Na interpretação deverão ser descartados questionários de quem deu respostas bizarras ou não levou a
sério as perguntas.
Algumas respostas eventualmente não serão respondidas e costuma não causar problemas.
Convertidos os números em percentuais, não haverá problemas.
Na apresentação dos resultados não há necessidade de apresentá-los na seqüência das perguntas do
questionário. É melhor apresentá-los por ordem de import6ancia. Apresentando o fundamental em
primeiro lugar.
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
Ver exemplos de questionários nos anexos 3 e 7 da dissertação Experiência e Cognição no Lugar de
Trabalho A Abordagem da Observação Incorporada na Avaliação Pós-Ocupação: Estudo de Caso
em Escritório de Empresa do Setor de Educação Executiva (SIMÕES, 2005).
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REFERÊNCIAS
CATEGORIA: OBSERVAÇÃO
OBJETIVOS
Segundo Duraffourg et al (in Winsner, 1994:97), a análise da tarefa trata de uma atividade essencial do
trabalho do ergonomista e destaca 3 objetivos:
ORIGENS E FUNDAMENTAÇÃO
Segundo Wisner(1994) a análise ergonômica do trabalho originou-se do livro de A.
Ombudane e J.M.Faverge intitulado A Análise do trabalho , publicado na França em 1955.
A partir de então, o sucesso do trabalhador passa a ser relacionado com o surgimento de
índices e informações pertinentes ao trabalho e não mais relacionados a sua inépcia como
indivíduo.
Conforme Abrantes (2004), as diferenças entre as atividades desenvolvidas em um
ambiente de trabalho precisam ser devidamente identificadas e mapeadas.
Smith e Kearny (in Abrantes, 2004:54) ressaltam a necessidade de se prestar maior atenção
como o ambiente pode interferir positivamente ou negativamente nas atividades das
pessoas.
Wisner (1994) defende que todo trabalhador traz consigo toda uma carga genética e
histórica para o trabalho. Ele traz seu modo de vida, seus costumes pessoais e étnicos,
seus aprendizados: Tudo isso pesa no custo pessoal da situação de trabalho em que é
colocado (Wisner, 1994:19)
A atividade do ergonomista está relacionada ao gosto acentuado por mudar as
interferências que ameaçam o bem estar e saúde do trabalhador. A análise social para o
ergonomista considera que os trabalhadores são os principais atingidos por medidas
tomadas por terceiros.
251
Segundo Abrantes (1994:54), como não somos profissionais de ergonomia, nem temos os
conhecimentos necessários para exercê-la, nossa pretensão aqui é a de verificar em que
medida as características da atividade de trabalho podem interferir ou colaborar para o bem
estar das pessoas no dia a dia de trabalho, inseridas no contexto de uma organização,
segundo suas normas, regras e condutas, sendo estas implícitas ou não. Abordaremos a
ergonomia no que diz respeito ao estudo dos fatores que influenciam a atividade coletiva e
os aspectos do homem no trabalho .
OPERACIONALIZAÇÃO
Na realização da análise de tarefa, as observações diretas no campo devem ser dirigidas
não apenas às ações, mas também às observações e às tomadas de informação pelos
trabalhadores. Todas atividades devem ser observadas, sejam elas previstas, imprevistas
ou até inconscientes por parto dos trabalhadores.
A metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho (AET)96 varia entre os autores porém a
partir do final da década de 70 pode ser apresentada comportando 5 etapas de importância
e dificuldades diferentes:
Análise da demanda e proposta de contrato;
Recomendações ergonômicas;
3- descrição do trabalho.
96
Segundo Vidal (in Abrantes, 2004:54), a análise eergonômica do trabalho é um conjunto estruturado de
análises intercomplementares dos determiinantes da atividade das pessoas numa organização .
252
corrigir e completar o trabalho do ergonomista;
De acordo com Wisner (1994) parece inútil desprezar um dos aspectos fundamentais da
cognição humana no trabalho, aquele que trata do sentido atribuído aos sinais percebidos
de acordo com a cultura do operador e as circunstâncias em que se encontra . (WISNER,
1994:114)
Resumidamente, a atividade da análise da tarefa comporta, segundo Wisner, (1994):
familiarização com a empresa, o sistema de produção e seus critérios de bom
funcionamento e, em particular, com aqueles critérios que não são alcançados e
justificam a intervenção;
Construção da árvore das causas que deverá ser complementada pelas considerações
dos colegas de trabalho que ocupem posto análogo ou complementar;
253
mior liberdade de expressão durante a entrevista orientada possibilitando ...procurar
causas mais distantes para algumas anomalias da situação. (Wisner, 1994:146)
APLICAÇÕES/EXEMPLOS
Na pesquisa de Abrantes( 2004) a análise da tarefa foi realizada em duas etapas. Primeiramente,
através de entrevistas não estruturadas, foi solicitado aos usuários que descrevessem suas tarefas e
processos de trabalho. Na segunda etapa, através da observação participante, foram verificadas as
condições de trabalho, características do ambiente que interferiam nas tarefas, fluxos, ritmo e
seqüência.
REFERÊNCIAS
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