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1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 5
2. PANORAMA DA CONEXÃO STARTUP INDÚSTRIA ................................................... 6
2.1. PERFIL DAS INDÚSTRIAS NO PROGRAMA (VISIONÁRIAS) ............................... 10
2.2. PERFIL DAS INDÚSTRIAS QUE NÃO PARTICIPARAM DO PROGRAMA ............ 17
2.3. PERFIL DAS STARTUPS PARTICIPANTES NO PROGRAMA .............................. 21
2.4. PERFIL DAS INSTITUIÇÕES DE APOIO PARTICIPANTES DO PROGRAMA ...... 26
3. COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI? ................................................................................ 29
4. A CONTINUIDADE DO PROGRAMA CONEXÃO STARTUP INDÚSTRIA ................. 40
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 42
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FICHA TÉCNICA
Diretor
Miguel Antônio Cedraz Nery
Diretor
José Alexandre da Costa Machado
Chefe de Gabinete
Tainá Serra Pimentel
Equipe Técnica:
Isabela Mendes Gaya Lopes dos Santos
Lanna Dioum
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ABDI - Produtividade e inteligência na indústria nacional
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1. INTRODUÇÃO
O país encontra-se num momento de transição importante e sensível na adoção de uma nova
forma de inovar: a conexão com startups pela indústria tradicional. O cenário é positivo, com
números representativos de indústrias visionárias que já compram de startups e de indústrias
pragmáticas que já estão se preparando para a conexão.
Um dos objetivos da ABDI, instituição que possui contrato de gestão com o MDIC é articular
e promover iniciativas com o segmento industrial para o aumento da inovação no Brasil.
Desde o final do século XX, uma revolução digital vem tomando forma, modificando a
estruturação da inovação no mundo. Com a desindustrialização crescente do Brasil e a
necessidade clara de uma nova estratégia para se adequar às mudanças comportamentais
do consumidor e tecnológicas dos processos produtivos, a ABDI acredita que startups e
indústrias trabalhando juntas podem aumentar o potencial da inovação no País. Nesse
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contexto, idealizou o Programa Nacional Conexão Startup Indústria, com uma nova visão de
como pensar estratégias para o setor.
Em março de 2017, foi lançado o edital do Programa Nacional Conexão Startup Indústria com
o propósito de acompanhar conexões entre startups e indústrias, como laboratório real, com
foco na obtenção de informações para o desenvolvimento de futuras ações e políticas de
fomento ao setor. Neste momento, as startups, indústrias e instituições de apoio já foram
selecionadas e estão em fase de desenvolvimento de prova de conceito. O relatório final está
previsto para o primeiro trimestre de 2018 e trará uma avaliação mais aprofundada das
informações coletadas ao longo de todo o Programa bem como um comparativo com outros
cases nacionais e internacionais.
Como compromisso da Gerência de Inovação da ABDI, desde julho de 2016, sete relatórios
foram desenvolvidos e divulgados, sendo este o oitavo. Neste relatório serão apresentadas
informações que possibilitaram traçar um panorama preliminar da conexão startup indústria
no Brasil (considerando os dados do primeiro edital do Programa Nacional Conexão Startup
Indústria) e uma visão geral do processo de construção e desenvolvimento do Programa.
Vale ressaltar que o Programa continua e que novos relatórios serão elaborados, com
avaliações mais aprofundadas das informações coletadas ao longo de todo o Programa e um
comparativo com demais ações nacionais e internacionais.
Este panorama foi elaborado a partir de dados coletados com 408 indústrias, atuantes no
território nacional: 46 indústrias cadastradas no Programa Nacional Conexão Startup
Indústria e 362 indústrias respondentes da pesquisa Sondagem de Inovação da ABDI,
conforme dados abaixo.
Do universo em questão, 22% das indústrias já negociaram (compra e venda) com startups;
21% está se preparando para iniciar processos comerciais com startups; 23% não sabem
como faze-lo e 21% não tem interesse. Configurando uma curva muito aproximada do padrão
de adoção de inovação.
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Figura 1 - Curva da Adoção de Inovação
A Figura 1, apresenta o Curva da Adoção de Inovação, introduzido por Everett Rogers (1992)
- posteriormente, o consultor Geoffrey Moore escreveu o livro “Crossing the Chasm”,
adicionando o conceito de “abismo” na curva. Considerando a prática de conexão entre
startups e indústrias como uma nova tecnologia e, portanto, uma inovação, definiu-se como
referência o Ciclo de Adoção de Inovação dado por Moore.
Entusiastas
Os entusiastas ou inovadores são os primeiros a assumirem os riscos, mesmo que estes não
possuam utilidade e/ou qualidade comprovadas. São ousados, sentem-se confortáveis ao
assumirem tais riscos e apreciam o pioneirismo em tudo. Este grupo exerce grande influência
sobre os demais consumidores.
Visionários
Os visionários também são compradores iniciais, que procuram utilizar a inovação como fonte
de vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.
Pragmáticos
Os pragmáticos são os consumidores que adotam a inovação somente depois de ser
comprovado que um determinado produto ou serviço possui um histórico de sucesso. Eles
adotam a tecnologia pela capacidade que ela tem de viabilizar negócios e dependem da
referência de pessoas de seu próprio nicho de mercado.
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Conservadores
Os conservadores representam os consumidores que não visualizam qualquer vantagem na
adoção da inovação, principalmente considerando o retorno sobre o investimento. Estes
valorizam a funcionalidade e a praticidade do produto, sendo também sensíveis ao preço.
Céticos
Os céticos ou retardatários são tradicionais, não gostam de experimentar coisas novas e não
seguem modismos. Sendo muito arredios à mudanças, se comportam sempre da mesma
forma e só adotam a inovação quando não há outra alternativa disponível.
Este grupo, foi selecionado por meio de um processo seletivo público, realizado por meio de
edital, com critérios classificatórios, com ampla divulgação e de acesso para todos os
interessados. Importante ressaltar que existem demais empresas no país com este perfil e
que não estão incluídas neste grupo e que devem também ter seus comportamentos
observados. Nos próximos capítulos, serão apresentados dados obtidos até então, fazendo
um paralelo do perfil geral das indústrias versus perfil das indústrias participantes do
Programa.
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As indústrias consideradas com perfil visionário, a partir dos dados coletados no Programa,
são aquelas que se mostram interessadas na conexão para capturar o poder das tecnologias
disruptivas e de ponta, resolver problemas em negócios já existente de uma maneira mais
rápida e econômica, criar uma visão sobre o segmento no qual a indústria atua, identificar
gaps em processo, além de possuírem desafios internos de tornar a organização mais
inovadora e disposta a assumir riscos.
Essas indústrias também estão dispostas a fornecer dados sensíveis aos projetos de conexão
com startups, se preocupam com a definição de indicadores-chave de desempenho para o
trabalho conjunto e contam com processos formais de gestão da inovação, mesmo que não
tenham claros os processos específicos para conexão com startups.
No geral, são indústrias que já se relacionam com startups, mesmo que em diferentes níveis:
patrocinam eventos com startups, desenvolvem prova de conceito com startups; já tiveram
experiências de contratação com startups e estão avaliando internamente o melhor modelo
de se fazer conexões, de forma a obter benefícios e gerar valor.
O desafio para a ABDI é entender melhor como estas indústrias atuam em seus processos
desde a decisão pela conexão, até a entrega do produto pelas startups após a compra,
identificar pontos positivos e negativos e fazer recomendações. Este trabalho será realizado
ao longo do Programa.
Por outro lado, com relação às startups, identificou-se um alto potencial de atendimento às
demandas, considerando que as indústrias que fizeram match no Programa manifestaram
satisfação, até o momento, com o nível das startups conectadas. As indústrias identificaram
nas startups capacidade técnica da equipe, potencial de valor para o cliente e capacidade de
adequação da proposta de valor.
Com relação às Instituições de Apoio2 que participaram do Programa, verificou-se que 30%
das inscritas no Programa fizeram match com startups e indústrias. Todas estas já fizeram
conexão com indústrias e mais da metade delas apoiam mais de 50 startups. O Programa
tem compilado as lições aprendidas e entende que o número de matches com as Instituições
de Apoio não foi maior, pelo modelo adotado até então pelo Programa. Verificou-se a
importância de um maior tempo de match, além da necessidade de mudanças na ordem das
conexões para ampliar as possibilidades de grupos de trabalho com estas Instituições. Desde
o início do Programa, a ABDI tem ressaltado o papel fundamental do ecossistema no
desenvolvimento do ambiente de inovação no país.
No âmbito do primeiro edital do Programa, o laboratório está apenas começando sendo que,
futuramente será possível fazer uma análise mais aprofundada destes perfis e conexões. Os
estudos estão sendo realizados em parceria com a Softex, empresa contratada pela ABDI.
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Segundo edital do concurso, Instituições de Apoio ao Desenvolvimento de Negócio (Instituição de
Apoio) são instituições privadas de qualquer natureza jurídica, com ou sem fins lucrativos e
incubadoras públicas que, em função de sua inserção no mercado e de sua experiência em negócios,
são capazes de impulsionar novas empresas inovadoras. Combinam acesso diferenciado a potenciais
clientes e a investidores privados, preparo para capacitar os empreendedores e disposição de investir
em suas iniciativas, aumentando as chances de que as soluções cresçam rapidamente e de maneira
sustentável.
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O benefício gerado para o desenvolvimento econômico do País, com o Programa Nacional
Conexão Startup Indústria é imediato: o aumento do número de cases de sucesso da conexão
entre startups e indústrias; e, em médio prazo, a disseminação de um modus operandi de
relacionamento mais alinhado com a dinâmica atual da Economia Global.
A seguir, serão apresentados dados detalhados dos resultados alcançados até então.
● Abrangência
Na fase de match, foram dez Indústrias classificadas no Programa, destas sete estão
localizadas no estado de São Paulo, duas em Santa Catarina e uma na Bahia.
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Gráfico 1 - Abrangência das indústrias classificadas versus que fizeram match no Programa
Quanto aos setores das indústrias que participaram do Programa, houve inscrições em mais
de 16 setores da indústria. Quanto às indústrias que foram selecionadas, destaque para os
setores de Fabricação de Máquinas e Equipamentos e Fabricação de Produtos Químicos
(Gráfico 2).
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Gráfico 2 - CNAE das indústrias classificadas versus que fizeram match no Programa
● Tipo de demanda
No entanto, pela leitura realizada pela GERIN durante as pesquisas etnográficas, a hipótese
era de que as indústrias cadastradas no Programa Nacional Conexão Startup Indústria
buscariam aumento de eficiência nos produtos das startups, em vez de aumento do valor
agregado.
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Figura 2 - Trajetória recente da indústria e oportunidade para startups
A hipótese não foi totalmente refutada, uma vez que os resultados foram muito
aproximados. “Eficiência Produtiva (23,3%)”, “Novas Tecnologias (22,4%)” e “Novos
produtos (20,7%)” apresentaram praticamente a mesma porcentagem referente ao tipo de
demanda tecnológica cadastrada pela Indústria. Com relação às indústrias que fizeram
match, repete-se a mesma ordem: destaque para Eficiência Produtiva (20,4%), Novas
Tecnologias (28,6%) e Novos Produtos e Serviços (22,4%) (gráfico 3).
Com relação ao perfil das indústrias cadastradas no primeiro edital do Programa, verificou-se
quase 70% delas já adquiriram soluções com startups (Gráfico 4). Considerando as dez
indústrias que fizeram match, esse número sobe para 90%. Este dado já foi apontado acima
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como um dos principais indicativos das indústrias do perfil visionários, pois indica que já estão
experimentando conexões com startups.
Gráfico 4 - Indústrias que já adquiriram soluções com startups (classificadas versus que fizeram match)
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Figura 3 - Departamento da indústria responsável por coordenar ações do Programa
(classificadas versus que fizeram math)
Com relação a área de interesse da indústria em projetos de inovação com startups, destaque
para Qualidade, Produtos, Produção, Energia Limpa, Deep Learning e Gestão e Processos.
A Figura 4, mostra um comparativo entre os resultados das indústrias inscritas (lado
esquerdo) versus indústrias que fizeram match (lado direito).
Figura 4 - Áreas de interesse no desenvolvimento de soluções com startups (classificadas versus que fizeram
match)
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Figura 5 - Objetivos e recursos das indústria que fizeram match
Em relação aos objetivos da indústria na conexão, verificou-se que estão mais voltados para
inovação e mudança de cultura do que marketing. As indústrias demonstraram interesse em
capturar o poder das tecnologias disruptivas e de ponta, resolver problemas em negócios já
existente de uma maneira mais rápida e econômica, criar uma visão sobre o segmento no
qual a indústria atua, identificar gaps em processo, além de possuir desafios internos de
tornar a organização mais inovadora e disposta a assumir riscos (figura 5).
Muito além do marketing, o interessante é observar que a indústria reconhece que não só as
soluções que as startups tem para ofertar endereçam questões de inovação na indústrias,
mas elas trazem consigo seus métodos ágeis de aplicação e promovem uma mudança
cultural. Exemplo disso é que, recentemente, o chefe executivo General Eletrics (GE), um dos
maiores e mais diversificados conglomerados industriais do mundo, fez uma declaração
reposicionando a empresa como provedora de informação na área de tecnologia, anunciando
os novos hábitos e metodologias que irão adotar. A nova forma, declaradamente inspirada
nas startups do Vale do Silício, é a de criar um ambiente que permita falhas, aplicando
técnicas de manufatura enxuta ao jeito de operar das startups. Assim como a GE, indústrias
do Programa Conexão Startup-Indústria visualizam a importância de mudanças nos
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paradigmas adotados até então e estão repensando seus processos e pessoas a partir do
aprendizado obtido com os métodos trazidos pelas startups.
Para a composição deste perfil, foram analisados dados da 4º edição de 2016 da Sondagem
Industrial da ABDI (a amostra abrange 363 empresas industriais com 250 ou mais pessoas
ocupadas e atuantes em território nacional).
Foi possível observar que as indústrias, no geral, não têm realizado contratação com startups,
mas já conhecem seus conceitos e benefícios e acreditam que podem ajudar no
desenvolvimento de novos produtos e novos modelos de negócio, além na melhoria da
eficiência de processos. A seguir, um detalhamento e maiores informações do perfil da
indústria da Sondagem Industrial.
● Abrangência
Quanto à distribuição, somente a região Norte não foi contemplada. Mais da metade estão
situadas na região sudeste (51,4%), seguido da região sul (30,7%), conforme Tabela 1.
Quanto ao segmento industrial, a maior parte dos respondentes são da indústria Alimentícia,
seguido da indústria de Têxtil, Veículos Motores e Máquinas e Equipamentos (Tabela 2).
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Tabela 2 - Distribuição das indústrias respondentes por segmento
Em relação à intensidade tecnológica, identificou-se que a maior parte das indústrias (71,8%)
são de baixa intensidade tecnológica (tabela 3).
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seguir, as opções mais citadas foram projeto em fase inicial (24,9%) e empresa nascente,
com menos de três anos de existência (18,5%).
Esse dado mostra que a maior parte das indústrias respondentes possuem conhecimento
sobre startups, mas que a maioria não entende o conceito formal. O dado refuta, no geral, a
hipótese inicial de que a indústria não teria clareza do que são startups, mas mostra a
necessidade de ampliar a divulgação do conceito.
As indústrias foram questionadas sobre a relação histórica com startups. A hipótese inicial
era de que se teria um baixo grau de contratação de startups (venda fechada) já que as
indústrias pragmáticas são mais avessas a riscos.
Conforme figura abaixo (Gráfico 7), mais de 70% das indústrias nunca contrataram startups.
Um ponto positivo é que, das 16,3% das indústrias que já contrataram startups, 94,5% fariam
negócio outra vez. Dos 11,5% que afirmaram ter outro tipo de relação, estão presentes
indústrias que ainda estão estudando a relação com startups e a possibilidade de fazer ou
não negócios.
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Gráfico 7 - Relação com startups
Um ponto curioso na combinação entre estes dois quesitos da pesquisa é não haver diferença
relevante quanto ao conhecimento de uma definição apropriada para startups entre indústrias
que já contrataram ou não uma indústria atuante neste segmento.
Em relação à comparação entre segmentos com alta e baixa intensidades tecnológicas para
este quesito, vale dizer que a diferença é desprezível. O percentual de indústrias nos
segmentos de alta intensidade que já fizeram negócios com startups ficou em 17,5%. Nos
segmentos com baixa intensidade, a proporção ficou em 15,6%.
Somando as respondentes que não sabem como fazê-lo e que estão se preparando para
fazê-lo, obtêm-se um total de 47% que foram as consideradas como indústrias pragmáticas.
As que responderam não ter interesse em trabalhar com startups, são, portanto, as
conservadoras.
Entre os fatores mais citados por indústrias que já contrataram startups ou estão se
preparando para fazê-lo estão: a busca por Soluções específicas que não são encontradas
no mercado (28,5%), seguido por Novos modelos de negócio (17,7%) e por Soluções mais
baratas (15,4%), conforme Gráfico 8. Os dados estão coerentes com o perfil das visionárias,
pois mostra interesse da indústria não só em melhoria da eficiência em processos, mas
também em novos produtos.
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Gráfico 8 - Soluções que, indústrias que já compraram ou estão se preparando para contratar, buscam com
Startups
A maior parte das startups cadastradas no Programa está em São Paulo (98), seguido por
Minas Gerais (53), Santa Catarina (35), Rio Grande do Sul (27) e Rio de Janeiro (19). A
quantidade de startups cadastradas no Programa por região, reflete pesquisas de mercado
que mostram que o estado de São Paulo é o que possui o maior número de startups no Brasil,
seguido de Minas Gerais. São Paulo, inclusive, aparece dentro das 20 cidades com maior
número de startups no mundo, segundo o Global Startup Ecosystem Ranking (STARTUP
GENOME, 2015), ficando em 15º lugar. Também há importantes iniciativas em demais
regiões no país, com destaque para Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro,
Pernambuco entre outros.
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Outra característica observada neste perfil é o número de startups que já venderam para a
indústria - foram identificadas 171 startups (55%) que demonstraram já terem desenvolvido
soluções e contratos fechados com a indústria. Além disso 70% das startups, já realizaram
evento com indústrias, mostrando alguns números de conexões concretas já realizadas.
Com relação às startups que fizeram match, verificou-se que estão, na sua maioria, na região
Sudeste, seguida da região Sul do Brasil, com alto grau de venda para a indústria (quase
75% das startups). Destaca-se que quase todas elas já participaram de eventos com a
indústria (92,6%) e tem alto grau de participação em programas de fomento (92,6%).
A seguir, seguem dados gerais coletados a partir dos dados de inscrição no Programa.
● Abrangência
Gráfico 9 - Abrangência das startups (classificadas versus que fizeram match no Programa)
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● Relação histórica com indústrias
Das 311 Startups cadastradas, 171 ou 55,0% das Startups já venderam para indústria,
enquanto que 128 ou 41,2% não venderam. A região Sudeste concentra 55,6% das startups
que já venderam para indústria e 57,8% das Startups que nunca venderam. Como pode ser
observado nos grupos abaixo, o número de startups que já vendeu para indústrias subiu
quase 20% no caso das startups que fizeram match (Gráfico 12).
Gráfico 10 - Startups que já venderam para a indústria (classificadas versus que fizeram math no Programa)
Quanto à participação de startups em eventos da indústria (Gráfico 11), das 311 startups
cadastradas, 211 ou 67,8% já participaram de eventos com a indústria, enquanto 78 ou 25,1%
nunca participaram. Das 27 Startups em match, 25 ou 92,6% já participaram de eventos com
a indústria, enquanto duas ou 7,4% nunca participaram, mostrando que quase todas as
startups que fizeram match no Programa já participaram de pelo menos um evento com a
indústria, como pode-se observar à seguir:
Gráfico 11 - Startups que participaram de eventos da indústria (classificadas versus que fizeram match no
Programa)
Quanto à participação das startups em programas de fomento, 254 ou 81,7% das startups já
participaram entre um a oito programas, sendo que apenas 57 ou 18,3% das startups nunca
participaram. Considerando o universo de startups que fizeram match, verifica-se que quase
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todas elas participaram de pelo menos um programa de fomento, conforme pode-se observar
a seguir (Gráfico 12).
Gráfico 12 - Participação em programas de fomento (classificadas versus que fizeram match no Programa)
Figura 6 - Segmento industrial pretendido (classificadas versus que fizeram match no Programa)
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Figura 7 - Potencial e Objetivos das Startups
Em relação aos objetivos das startups na conexão, cabe destaque para o domínio de
mercado, sendo que a maioria das startups demonstrou maior interesse em “ter contatos e/ou
pilotos realizados”.
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2.4. PERFIL DAS INSTITUIÇÕES DE APOIO PARTICIPANTES DO PROGRAMA
No geral: a maior parte das Instituições de Apoio cadastradas no Programa estão na região
Sudeste (42,1%) seguido pela região Sul e Nordeste (21,1%) e Centro-Oeste (5,8%). Há
grande número de startups apoiadas pelas Instituições de Apoio classificadas (456 startups);
mais de 30% das Instituições de Apoio apoiam mais de 50 startups; das 456 das startups
apoiadas pelas Instituições de Apoio cadastradas no Programa, 56,4% são do tipo B2B3 e
43,6% B2C4. Cabe destacar que quase todas as Instituições de Apoio já estabeleceram
conexão com indústria.
● Abrangência
Gráfico 13 - Abrangência das Instituições de Apoio (classificadas versus que fizeram math no Programa)
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“Business to Business” ou “Empresa para Empresa” (B2B) - empresa cujo público se compõem de
outras empresas (pessoas jurídicas).
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“Business to Customer” ou “Empresa para Cliente Final” (B2C) - Empresa cujo público se compõem
de consumidores finais (pessoa física).
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● Quantidade de startups apoiadas por Instituições de Apoio
As cinco Instituições de Apoio em matches já apoiaram um total de 146 Startups. Do total das
startups apoiadas, 56,2% correspondem a mais de 50 startups apoiadas, 29,5% entre 20 a
29 startups apoiadas, 8,9% entre 10 a 19 startups apoiadas, 5,5% entre 0 a 9 startups (Gráfico
14).
No gráfico 15, verifica-se que das 456 startups apoiadas pelas Instituições de Apoio, 56,4%
são do tipo B2B e 43,6% B2C, refutando a hipótese anterior definida pelo Programa de que
a maior parte das startups seriam de B2C. Um dado importante: entre as Instituições de Apoio
que fizeram match no Programa, quase 60% das startups apoiadas são B2C.
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Gráfico 15 - Número de startups apoiadas B2B versus B2B pelas Instituições de Apoio
(classificadas versus que fizeram match no Programa)
Das 19 Instituições de Apoio, 17 ou quase 90% já estabeleceram relação com indústria, sendo
que, das cinco Instituições de Apoio que realizaram match, todas já estabeleceram relação
com indústria.
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Apesar do país ainda ter um longo caminho pela frente, pode-se verificar um número
considerável de Instituições de Apoio que já se envolvem com indústrias e apoiam mais de
50 startups (inclusive startups B2B). O Programa pretende observar as relações com
Instituições de Apoio e sugerir ações para a ampliação das conexões.
Junto a 1000 players entre startups, indústria e ecossistema, realizou sete grupos de
interação, a fim de elencar os problemas e as possíveis soluções captadas pelo público, para
ampliar as conexões entre startups e indústrias (Figura 8).
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Design research: Para Vaishnavi e Kuechler 2004, o design research é um método de pesquisa que
envolve a análise do uso e desempenho de instrumentos previamente escolhidos para compreender,
explicar e melhorar o comportamento de determinados aspectos (ANPAD, 2013).
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Figura 8 - Como construímos o Programa Nacional Conexão Startup Indústria
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Definição de hipóteses de problemas: Usando a teoria “Running Lean6 (Ash Mauyra), a
equipe da GERIN elaborou um conjunto de hipóteses, conforme as categorias pré-definidas
na metodologia. Foram realizadas reuniões de equipe para consolidação das sugestões
iniciais e realizadas duas importantes interações com players de mercado: uma reunião
presencial com representantes de indústrias e startups; e a realização do Laboratório de
Modelagem (realizado na ABDI), ambos com o propósito de levantar hipóteses de problemas.
Na Figura 10, pode-se observar a consolidação dos dados obtidos nesta etapa:
6
Running Lean: a sustentação principal do conceito Running Lean é o Lean Startup e o Customer
Development, criado por Steve Blank. Em seus estudos, Maurya idealizou o Lean Canvas que é um
painel adaptado do Business Model Canvas com foco no desenvolvimento de startups que evitem
desperdícios de tempo através de ciclos de aprendizado rápidos.
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Teste de hipóteses de problemas: neste processo, foram realizadas mais duas sessões de
interação: no evento CEO Summit para interagir com as 30 startups, e visitas etnográficas,
para interagir com a indústria. Com base na hipótese de que a adesão da indústria ao
Programa seria mais difícil, foram realizadas 24 visitas etnográficas mais aprofundadas em
indústrias de diferentes estados, portes e segmentos. O objetivo foi validar ou invalidar as
hipóteses de problemas levantadas na etapa anterior. Abaixo, a consolidação dos dados
obtidos em ambas interações (figuras 11 e 12):
● CEO SUMMIT
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● Visitas Etnográficas
Teste de hipótese de solução: na terceira etapa do processo, foram realizados dois eventos
com parceiros, CASE da ABS, onde mais de 400 startups participaram de dinâmicas para
elencar soluções a partir de problemas pré-definidos e o ABIMAQ INOVA, com 130 indústrias.
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Ambas dinâmicas com a intenção de levantamento de dados de hipóteses de solução. A
consolidação dos dados pode ser observada, conforme abaixo (Figuras 13 e 14).
● CASE:
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● ABIMAQ INOVA
35
processo do Customer Development e os resultados estão no Caderno de Referência (ABDI,
2016).
A partir de cada interação realizada, foi elaborado um dashboard com dados e informações
extraídas dos eventos, de forma a consolidar o aprendizado obtido com os testes de
hipóteses. A Figura 15, apresenta um resumo dos principais resultados obtidos em cada
interação realizada no Programa, conforme as fases do processo de “Descoberta de clientes”.
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Conforme descrito acima, a cada nova interação, era realizada uma revisão do modelo de
conexão entre startups e indústria. A partir desse levantamento, em 2017, foi possível o
desenvolvimento de uma arquitetura de trabalho preliminar do Programa, apresentada no
próximo capítulo.
No final de 2016, foi realizada uma análise dos processos de modelagem do Programa com
o Customer Development. Foi identificado que, para a finalização da primeira fase de
“descoberta de cliente”, seria necessária a identificação dos visionários. Apesar do edital ter
sido aberto para todas as indústrias, após a consolidação e análise dos dados, verificou-se
que as indústrias selecionadas possuem o perfil de visionárias, dentro do grupo daquelas que
mais se movimentam e demonstram interesse na proposta de desenvolvimento de ações de
inovação com as startups.
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● SELEÇÃO DAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA
O primeiro edital do Programa, foi projetado para conectar até dez indústrias, à até 40
startups, com até 20 instituições de apoio ao desenvolvimento de negócios. Foi
disponibilizado formulário de cadastro na página do Programa para que os participantes
enviassem suas inscrições. Ao todo, foram 376 inscritos, sendo 311 startups, 46 indústrias e
19 Instituições de Apoio.
A partir de dados gerais recebidos, foi possível compor o perfil dos participantes do Programa,
conforme apresentado ao longo deste relatório. Na tabela 4, as lições aprendidas
consolidadas, até o momento, desta fase:
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● FORMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO (MATCHMAKING)
Após a divulgação da lista final das classificadas, deu-se início a etapa de formação dos
grupos de trabalho com o objetivo de organizar indústrias, startups e instituições de apoio ao
desenvolvimento de negócios em Grupos de Trabalho. Cada Grupo de Trabalho teve que
formalizar a sua composição por meio de Ata de Reunião, e elaborar um Plano de Trabalho
e submeter os documentos para a ABDI.
A Figura 17, mostra o funil de seleção das startups durante as fases do programa (325
startups inscritas na fase de cadastro, 100 selecionadas na fase de seleção, 27 startups que
formaram Grupo de Trabalho e até 10 startups serão selecionadas para a fase de piloto).
A partir de dados gerais recebidos, foi possível compor o perfil dos participantes do Programa,
conforme apresentado ao longo deste relatório. Abaixo, as lições aprendidas consolidadas,
até o momento, desta etapa (tabela 5):
Matchmaking Curto prazo para a Importância de ser ter um prazo maior para
realização do match as indústrias conheceram as startups e
refinarem os planos de trabalho
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Instituições de Apoio primeiro cadastro da indústria e suas
demandas, depois cadastro das startups,
baseado nas demandas, por fim, cadastro
das Instituições de Apoio, depois dos
matches entre startup e indústria
realizados.
Tabela 5 - Lições aprendidas preliminares da fase de Matchmaking
Como uma forma de agregar valor para todas startups, indústrias e Instituições de Apoio
participantes do Programa e fomentar ainda mais as conexões entre startups e indústria a
Gerência de Inovação da ABDI, conjuntamente com seus parceiros, formatou um menu de
benefícios.
Outras ações também foram realizadas pelo Programa ao longo deste primeiro ano:
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● Parceria na Plataforma Demonstradora da Indústria 4.0 e Espaço Startups
(EXPOMAFE-ABIMAQ/2017)
● Parceria no Programa LIGA AUTO TECH, com o objetivo de criar e operar uma
plataforma de Inovação Aberta que conecta grandes empresas da indústria automotiva,
logística e transporte com startups emergentes em um ambiente aberto e com condições
para favorecer inovações e novas oportunidade de negócio. O Programa terá dois ciclos
anuais de sete meses de aceleração de startups cobrindo todo o processo de
prospecção, seleção e mentorias para startups, espaço para incubação de até dez
startups por ciclo, além de dois eventos de Demoday por ano.
● Demais parcerias com ABStartups, 100 Open Startups, Techstars, Endeavor, Anprotec,
Anpei, CPQD, CIT, CERTI, ABINEE, Eldorado, LATAM Startups, CAMARA BRASIL
ALEMANHA - AHK, WeFab entre outras.
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● Parceria com a APEX, em ações como o Global Corporate Venture, que funciona como
ponto para que grandes corporações internacionais e nacionais se conectem com
melhores práticas de empreendedorismo corporativo, inovação externa e capital
empreendedor.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verifica-se, ao longo deste relatório, que a indústria visionária se mostra disposta a assumir
mais riscos, uma vez que tende a usar modelos ainda não amplamente testados no mercado
e se diferem das pragmáticas pois já estão dando seus primeiros passos em relação à
startups, estão procurando fazer eventos e testar os modelos de conexão, já possuem
processos de inovação estruturados na indústria e estão abertas a trabalhar demandas de
inovação em processos, produtos e modelos de negócio. E compreendem que as startups
são fonte de inspiração para a mudança cultural necessária.
Por fim, conforme já descrito anteriormente, o desafio da ABDI é organizar e divulgar números
e informações de casos de sucesso de conexão entre startups e indústria e contribuir no
desenvolvimento de um ambiente de negócios propício para esta conexão, entendendo ser
um importante instrumento de inovação para o país. O Programa Nacional Conexão Startup
Indústria tem como propósito endereçar essas questões.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OPEN AXEL. White paper on the connection of startups with industry. 2013. Disponível em:
http://openaxel.com/wp-content/uploads/2016/05/OpenAxel-white-paper.pdf
STARTUP GENOME. The Global Startup Ecosystem Report. 2017. Disponível em:
https://online.flowpaper.com/7c3c077c/StartupEcosystemReport2017Freev161/
STARTUP GENOME. The Global Startup Ecosystem Ranking. 2015. Disponível em:
https://startupgenome.com/the-2015-global-startup-ecosystem-ranking-is-live/
UNESCO. Summary Report Of The 2013 Uis Innovation Data Collection. 2013. Disponível
em: http://uis.unesco.org/sites/default/files/documents/summary-report-of-the-2013-uis-
innovation-data-collection-2015-en_0.pdf
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ANEXO 1 - RELATÓRIO DE LIÇÕES APRENDIDAS
Matchmaking Curto prazo para a Importância de ser ter um prazo maior para
realização do match as indústrias conheceram as startups e
refinarem os planos de trabalho
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