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2018/2019

Cultura Renascentista- 2º Semestre

Recensão Crítica – A Utopia de Thomas More

Docente: Isabel Almeida


Discente: Beatriz de Matos 151207

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Introdução
Esta interessantíssima obra de Thomas More é publicada no século XVI, mais
precisamente no ano de 1551. No presente trabalho tentarei tratar de maneira precisa,
clara e objetiva o tema deste livro que marcou o século XVI.
Podemos afirmar que o livro de Thomas More é dividido em duas partes, mostrando
assim uma dinâmica diferente das obras literárias da época. Farei o possível para
produzir um texto relevante, conciso e que demonstre o que apreendi na leitura desta
obra. Thomas More cria nesta obra um conceito bastante importante e inteligente que
ainda hoje vive na nossa sociedade.
Desta forma, os benefícios da leitura desta obra foram sem dúvida soberbos e recomento
fortemente por ser um livro muitíssimo relevante ainda hoje em dia mesmo passados
500 anos. Ensina a produção de um conteúdo intemporal que inspira o intelecto
individual de cada um de nós.

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O livro Utopia de Thomas More foi escrito ao longo de alguns anos e acredita-se ter sido
publicado no ano de 1551. Foi sem dúvida um livro que marcou o século XVII. Esta obra
foi inspirada no livro de Platão “A Republica” e trata-se de um livro repartido em duas
partes. A primeira tem como objetivo lançar um olhar crítico à sociedade europeia em
geral mas particularmente à sociedade inglesa, que para More era altamente corrosiva e
detinha males profundamente enraizados. Para descrever todos os problemas que o
autor encontra ele mascara-se atrás de uma personagem a quem chama Rafael Hitlodeu
num longo diálogo com o amigo. Thomas More era um cristão convicto e até o nome
escolhido é uma pequena alusão a sua religião por ser um nome bíblico.
Ele aponta questões como a religião, que nesta época era um tópico mal resolvido já que
o rei Henrique VIII instigou a uma única religião, o anglicanismo, e neste clima de
ambientação More mostra-se profundamente insatisfeito com a intolerância do rei. A
religião cristã tinha sido abolida pelo rei e era agora o Anglicanismo que reinava. Além
desta tensão existente na igreja, Thomas More adiciona ainda o uso excessivo da
autoridade por parte do rei Henrique VIII e o facto de este nunca consultar o parlamento
ou reger segundo o seu dever. Este rei passa por cima do povo sem ouvir as suas
necessidades e sem a preocupação de reger quem o segue a um caminho de bonança e
prosperidade.
Esta primeira parte da obra é acima de tudo uma parte em que o autor mostra a sua
insatisfação e experiência negativa ao viver em Londres e como ele acredita que esta
sociedade esteja profundamente longe do ideal de viver em comunidade de forma plena.
Ele invoca não só questões políticas mas também problemas sociais como a desigualdade
social mas atribui a causa de ambos como responsabilidade do governo, e desta forma
esta é uma obra com fortes críticas à corte inglesa. Segundo More a desigualdade social
era profunda e a população em défice era cada vez maior e em situações mais
complicadas. Por todas estas críticas é visto como um traidor por parte da corte inglesa.
Nesta dinâmica temos a segunda parte do livro que fala da experiência pessoal da
personagem principal do livro. More narra a experiência de um individuo que viajou por
todo o mundo, mas segundo outra pele, a vivência numa sociedade alternativa, uma ilha
chamada de Utopia. O nome Utopia designa um “não lugar”, um lugar que não pertence
a ninguém, um lugar de ninguém que apesar de não existir e não ser atingível, pode ter
uma relação menos evidente com a hierarquia e governo que tanto desagradou a More,
já que esta ilha não pertence a ninguém, ao contrário da sociedade inglesa, e mesmo
assim funciona imaculadamente.
É aqui que a obra realmente ganha vida e significado com a junção destas analogias. Esta
não é de todo uma ilha normal, muito pelo contrário, é o perfeito contraste com a
sociedade inglesa que o autor tinha descrito na primeira parte do livro, Thomas More
consegue assim uma analogia perfeita, de acordo com as suas convicções, mas mostrando
assim qual seria o caminho perfeito a seguir. Na ilha da Utopia toda a maneira de vida é
diferente, desde a forma como a sociedade interage entre si, até à sua hierarquia.

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Em Utopia não existia propriedade privada, porque segundo o autor esse era um dos
grandes males que provocava desavença e desrespeito na sociedade, deste modo,
nenhuma parte da sociedade possuía bens mas sim trabalhando entre si garantiam que
todos os bens e serviços fossem bem preservados e estivessem sempre à total disposição
de quem necessitasse. Um aspeto importante para perceber a natureza desta descrição
seria a questão dos advogados. Após o autor ter exemplificado como esta sociedade
funcionava perfeitamente sem que a ganância tomasse conta do homem, demonstrou em
seguida que desta forma os advogados não teriam lugar nesta sociedade. Pela boa
relação, coabitação e aceitação de todos, não existiam questões nem contendas a resolver
pela plenitude desta sociedade.
Mais uma vez em contraste está também a questão da religião, que em Utopia era
bastante simples, os habitantes de Utopia não praticam nenhuma religião e aparentam
ser pagãos, mas por toda a descrição de aceitação e respeito pelo outro, este é um amargo
ataque a todas as sociedades europeias que dizem ser cristãs. Pois os moradores da Ilha,
são na prática, melhores cristãos que qualquer outra sociedade.
No mundo ideal da ilha da utopia, as funções e empregos de cada pessoa não dependem
da sua formação anterior ou do seu sexo. A igualdade existe e nenhum trabalho é regido
em função do individuo ser homem ou mulher. Mais uma vez o perfeito cenário até na
vida profissional da comunidade. O aspeto físico dos habitantes de utopia também não é
um fator de relevância pois todos vestem roupas semelhantes e todos os objetos e
acessórios que em qualquer outra sociedade seriam considerados valiosos ou algo
estético que mostre riqueza e poder não existe na ilha. Nada que possa distinguir algum
elemento da sociedade não existe, todos nascem com os mesmos direitos e deveres. O
prestígio de cada individuo não pode ser comprado de maneira superficial e o carácter
de alguém não é determinado pela riqueza que este possui, desta forma, jóias e afins não
têm qualquer valor. Assim como o dinheiro é também muito pouco relevante e é usado
muito poucas vezes por este povo. Este é um ponto do livro bastante bem concebido para
nos fazer refletir sobre o que de facto é a riqueza. Nesta ilha utópica o dinheiro tem
relativamente, e em comparação com londres, muito pouco valor.
Apesar de não ser socialista, More revela que um ponto forte desta sociedade é o trabalho
em conjunto e a entreajuda. Assim sendo, a parte monetária teria pouca importância pelo
simples facto de quase todos os bens de que os cidadãos necessitavam eram concedidos
e assegurados pelos mesmos enquanto conjunto.
Thomas More demonstra apenas o cenário ideal pelo qual a corte inglesa se deveria reger,
e fazer o máximo possível para atingir. Com esta magnifica obra repleta de saber, Thomas
More cria o conceito de utopia e comprova que ainda que não seja algo atingível de
momento no contexto em que vive, é sem dúvida o princípio sob o qual toda a sociedade
se deve administrar. Esta obra imensurável de sabedoria tem presente um conceito que
ainda hoje é aplicável. More mostra-nos como funciona o fundamento da palavra Utopia
ao criar este cenário hipotético

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Posto isto, e por esta utopia ser tão longínqua do nosso quotidiano, há quem diga que
esta é uma obra irrealista. Na minha opinião é uma obra pertinente. É fundamental para
a natureza humana “viver de utopias” para nos motivar, é a luz distante que nos obriga a
melhorar mais e mais e sempre mais.
Talvez a sociedade absolutamente perfeita não exista mas é este o caminho certo a seguir,
tentar sempre ao máximo aproximarmo-nos desta mesma utopia. Este incrível conceito
criado por More será sempre pertinente em qualquer século, uma lição de inteligência
que com certeza ultrapassa o seu tempo, como aliás, tantas outras obras o fizeram na
época do renascimento. É seguro afirmar que mais de 500 anos depois o sentido da
utopia não se perdeu e permanece entre nós.
Esta obra é a prova da inteligência sem barreiras temporais e da relevância do discurso
de Thomas More sobre a experiencia humana. Este livro é um exemplo da realização
pessoal empírica do ideal de justiça, racionalidade e fraternidade.

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Referências
∙ MORUS, Thomas, Utopia ou A melhor forma de Governo (…), Lisboa, F.C.
Gulbenkian, 2015.

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