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Previdenciário

O valor das provas nos requerimentos de benefícios por incapacidade


Marco Isnel Gütz
Resumo: Esse artigo jurídico aborda o capitulo das provas nos casos de Benefícios por
Incapacidade do Direito Previdenciário. Para isso, apresenta medidas de proteção aos direitos
dos segurados do Regime Geral da Previdência Social diagnosticados com doenças
incapacitantes e, mesmo assim, não reconhecidos. Demonstra quais legislações e
regulamentos devem ser aplicados como medida efetiva de proteção aos Princípios
Constitucionais aplicáveis à espécie, em específico, abordando-se, as responsabilidades
individuais dos médicos assistenciais, dos peritos e dos juízes, ao diagnosticar, avaliar e julgar,
respectivamente, as doenças. Enfim, detalha questões de processo previdenciário que poderão
ser utilizadas, tanto na esfera administrativa, como na via judicial, cada qual, no seu âmbito de
atuação, traçando um roteiro entre os meios de provas utilizados e como devem ser realmente
recepcionadas.

Palavras-chave: Seguridade Social. Previdência Social. Doenças Incapacitantes.


Aposentadoria Por Invalidez. Auxílio-Doença. Auxílio-Acidente. Provas Nos Benefícios Por
Incapacidade. Supervisão do Conselho Regional de Medicina. Perícia Médica.

Sumário:
Introdução. 1. Dos Benefícios Por Incapacidade.
1.1. Das Condições Incapacitantes.
1.1.1. Da Aptidão e Força Laboral (status quo ante).
2. Das Provas Nos
Benefícios Por Incapacidade.
2.1. Da Conduta Médica.
2.2 Dos Deveres do Médico Assistente.
2.2.2. Das Vedações Do Médico Assistente.
2.3. Do Médico Perito.
3. Da Recepção Das Provas Nos Benefícios Por Incapacidade.
3.1. Do Pleito Judicial.
3.1.1. Do Valor Das Provas. Conclusão. Referências.

Introdução

Os Benefício por Incapacidade do Direito Previdenciário são garantidos constitucionalmente[1],


num universo de possibilidades[2]. O capítulo das provas é a raiz que alicerça toda a gama de
concessões e, como direito basilar, deve ser exaurido em sua essência, não só em razão da
sua relevância probatória, mas sim em garantia aos Princípios Fundamentais que norteiam a
matéria perante a Constituição Federal de 1988[3], sempre na convicção administrativa ou
judicial, formada, predominantemente, a partir das
provas produzidas. Portanto, ao tratar-se das provas no universo previdenciário dos benefícios
por incapacidade, deparamo-nos com três grandes realidades:
a) a realidade das provas nos requerimentos administrativos;
b) a realidade das provas no âmbito judicial; e,
c) a realidade da prova, tal como é. Por consequência, é sob análise dessas aparentes, quase
paradoxais, três realidades, que o artigo discorrerá suas ponderações, conflitando:
procedimentos judiciais e administrativos; responsabilidades dos médicos assistenciais e
periciais perante o Conselho Regional de Medicina e; por fim, o papel do magistrado como
interlocutor, receptor e responsável por ponderar e valorar adequadamente o conceitual das
provas. Em suma, delimitar-se-á, neste trabalho, questões e pesos probantes que envolvem
um processo, em especial, o peso das provas nos requerimentos de benefícios por
incapacidade.

1 DOS BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE

Ao tratarmos dos benefícios por incapacidade, é necessário entendermos como funciona e é


tratada a realidade previdenciária. Para o percebimento de um benefício é imprescindível que a
pessoa seja segurada[4] da previdência social e esteja incapacitada de exercer funções
laborais ou habituais que anteriormente realizava. Resguardando o status quo ante[5] e, jamais
confundindo, “doença” e “incapacidade”. Apesar da Constituição Federal trazer no inciso I, do
art. 201 que a previdência social atenderá ambas contingências. Aqui, o termo “incapacidade”
está ligado diretamente à “invalidez”.
Num primeiro momento, pode parecer irrelevante tal distinção, mas “invalidez” está
intrinsecamente vinculada à “incapacidade para trabalhar”, o que não ocorre com o conceito de
“doença”.
Para entender-se tal distinção, a Lei de Benefícios nº 8.213/91, tratou por conceituar os
benefícios previdenciários por “benefícios incapacitantes”, partindo do pressuposto que nem
toda doença será incapacitante, mas todo estado incapacitante advirá de uma doença. Em uma
breve comparação, não é porque o segurado tenha sofrido um acidente leve, grave ou
gravíssimo, que ele estará incapacitado para exercer funções laborais ou habituais. Nesses
casos, inclusive, pode ocorrer o surgimento de todas as possiblidades do universo dos
benefícios incapacitantes da área previdenciária, constatado em
sequelas, incapacidade temporária ou definitiva e/ou a necessidade de reabilitação. Portanto,
para que o segurado receba algum benefício por incapacidade, não dependerá da doença que
o acomete, mas sim, deverá, por meio de provas, tantas quantas bastem, comprovar sua
condição incapacitante para o trabalho ou atividades habituais que anteriormente exercia.

1.1 Das Condições Incapacitantes

Ao tratarmos das provas nos benefícios por incapacidade, tem-se por necessário o
entendimento de quais e porquê foram criados tais benefícios. Neste cenário, tratamos de três
importantes espécies, quais sejam:
1) os benefícios da aposentadoria por invalidez[6],
2) os benefícios do auxílio-doença[7] e, por último, mas não menos relevante, 3) os benefícios
indenizatórios do auxílio-acidente[8].
Assim, o que se vislumbra em tais benefícios, é a verificação da incapacidade para o retorno às
atividades laborais ou evidenciadas sequelas que se consolidem no indivíduo e que reduza sua
capacidade laboral e/ou, ainda, atinja determinado grau ou duração de incapacidade. A
aposentadoria por invalidez, por sua vez, será devida ao segurado incapaz e insuscetível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta subsistência e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição. Em regra, será
imprescindível que o segurado esteja incapacitado de maneira total e permanente par a
exercício do trabalho[9].
Já o auxílio-doença, trata-se de benefício não programado, devido ao segurado que estiver
incapacitado para o seu trabalho ou para as atividades habituais por mais de 15 dias
consecutivos (AMADO, 2016, pag. 257). Em regra, nos termos da Súmula 25 da Advocacia-
Geral da União, será concedido auxílio-doença ao segurado considerado temporariamente
incapaz para o trabalho ou sua atividade habitual, de forma total ou parcial[10].
Há ainda, o único benefício previdenciário de natureza exclusivamente indenizatória, que é o
auxílio-acidente, caracterizado por não substituir a remuneração do segurado, mas sim, servir
de acréscimo aos seus rendimentos em decorrência de um infortúnio que reduziu a sua
capacidade laborativa. Será concedido ao segurado quando, após a consolidação de alguma
lesão decorrente de acidente de qualquer natureza, resultar sequelas que impliquem em
redução da sua capacidade/força para o trabalho que habitualmente exercia ou mesmo que o
impossibilite de desempenhar tal atividade. Em regra, perceberá tal benefício quando acarretar
lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa
(AMADO, 2016, 273).
O Decreto 3.048/99, legisla, tais episódios, com a seguinte determinação:
“Art. 78. O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela
transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer
natureza, neste caso se resultar sequela que implique redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exercia”.
Conforme o próprio AMADO (2016, pag. 255) assevera, a constatação dessas incapacidades e
a sua análise, normalmente, é bastante difícil e casuística. Além das condições
clínicas do segurado, será preciso analisar a idade e condições sociais, pois em alguns casos a
baixa escolaridade e a idade avançada tornam inviável a reabilitação do
segurado.
O próprio art. 201 da Carta Magna estabelece que os planos de previdência social, nos termos
de Lei, atenderão a cobertura dos eventos de doença[11], incluídos os
resultantes desses eventos de incapacidade física para o trabalho.
Assim, uma vez que o segurado cumprira todos os requisitos necessários para percebimento
do benefício (arts. 42, 59 e 86 da Lei 8213/91), ou seja, é segurado,
contribuinte, sofrera infortúnio que o deixou incapaz para o exercício de suas funções, nada
mais justo que seja reconhecido e concedido o devido benefício incapacitante
até que esteja totalmente apto[12] à retornar ao trabalho e, se declarado totalmente incapaz,
que seja aposentado por invalidez e, ou, se detectada por perícia médica
especializada condições laborais, porém, com sequelas e reduções limitatórias existentes, seja
concedido auxílio-acidente em razão destas consolidações.
Logo, o reconhecimento dos benefícios por incapacidade dependerá da análise exaustiva de
toda documentação que for possível juntar para comprovar a real condição
clínica, física e psicológica do segurado, a começar com laudos médicos, que serão levados ao
conhecimento do INSS, via esfera administrativa, para triagem e conclusão
sobre a concessão ou não do adequado benefício.
1.1.1 Da Aptidão e Força Laboral (status quo ante)
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Grande parte das demandas em que pleiteia-se benefícios em razão de doenças
incapacitantes são provenientes de segurados da previdência que alienaram, durante parte
ou até mesmo por toda vida laboral, sua força de trabalho sem as devidas e adequadas
condições salubres e, assim, como qualquer instrumento de trabalho, acabaram por
sofrer o desgaste do tempo, porém, diferente das maquinas, tal infortúnio, por trata-se de força
humana, não pode ser substituído e nem pode reformar-se como um objeto.
Portanto, quando a sobrevivência do segurado depender única e exclusivamente do seu poder
de produção laboral e a base da sua produção for sua própria força física, será
necessário valorar as condições do segurado, se é possível o seu retorno ao mercado de
trabalho ofertando, não só plenas condições de força física, como também, mental e
social, se, e somente se, estiver em condições em grau ótimo, em atenção aos termos do
artigos 16 e 17, do Decreto 3.298/99, que dispõe sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa com Deficiência, veja-se:
“Art. 17. É beneficiária do processo de reabilitação a pessoa que apresenta deficiência,
qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade.
§ 1º. Considera-se reabilitação o processo de duração limitada e com objetivo definido,
destinado a permitir que a pessoa com deficiência alcance o nível físico, mental
ou social funcional ótimo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua própria vida,
podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma função ou uma
limitação funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais.
§ 2º. Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente redução funcional
devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional terá direito a beneficiar-se
dos processos de reabilitação necessários para corrigir ou modificar seu estado físico, mental
ou sensorial, quando este constitua obstáculo para sua integração educativa,
laboral e social.” (Grifou-se)
Tal exigência serve para dar dignidade à pessoa humana, como preceito fundamenta à
proteção e segurança. Como dizia Berlinger (Marx apud Berlinger, 1983, p. 34-35):
“A produção capitalista que essencialmente é produção de mais-valia, absorção de trabalho
excedente ..., não causa apenas a atrofia da força de trabalho humana, à qual
rouba suas condições normais, morais e físicas de atividade e de desenvolvimento; ela
ocasiona o esgotamento prematuro e a morte da própria força de trabalho. Aumenta
o tempo de produção do trabalhador num período determinado, encurtando a duração de sua
vida”.
Tornando-se, portanto, necessário que a parte segurada só retorne as atividades laborais,
quando evidenciada, por pericia multidisciplinar, sua total recuperação, nunca
quando evidenciada lesão sequelar.
Quem, por meio de orientação, trata com maestria tal posicionamento, é a própria
FUNDACENTRO, quando delimita questões sobre LER/DORT, onde explanam dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e protocolos do Ministério da Saúde, que demonstram
os danos decorrentes da utilização excessiva imposta ao sistema
musculoesquelético submetido a determinadas condições de trabalho e da falta de tempo para
recuperação
Assim, quando a sobrevivência do segurado depender do seu poder de produção laboral e a
base da sua produção for sua própria força física, para garantir sua sobrevivência,
na sociedade de classes, como dizia Giovani Berlinguer, já em 1983 (p. 16), precisar “vender a
única mercadoria da qual dispõe, a própria capacidade de trabalho”[13], não
poderá, sob qualquer argumentação, retornar ao labor sem adequada e total reabilitação.
2 DAS PROVAS NOS BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE
Ultrapassadas as definições e as condições incapacitantes dos Benefícios por Incapacidade no
Direito Previdenciário, partimos para o detalhamento das provas e a recepção
das mesmas como prova pré-constituída.
Como se verificou, os benefícios por incapacidade são gerados, em sua totalidade, por eventos
incapacitantes que necessitam de tratamentos e acompanhamentos de
natureza médica. Quando tal evento ocorre, o primeiro passo a ser dado pelo segurado é o seu
encaminhamento laboratorial para análise do quadro clínico, que por sua vez,
dependendo da situação, será encaminhado, via laudo, ao INSS para enquadramento e
percebimento do adequado benefício.
Portanto, os principais documentos a serem apresentados pelo segurado, perante a Autarquia
Previdenciária, serão os documentos de identificação, documentos que
comprovem a qualidade de segurado e, por fim, para o enquadramento do adequado benefício,
os exames clínicos realizados e os relatórios médicos confeccionados por
especialista, para que sejam analisados por um médico perito na própria agência do INSS.
Em sendo negado o benefício previdenciário pretendido, o segurado poderá ingressar
judicialmente para pleitear o que lhe é de direito. Vale destacar que o ingresso judicial
somente será permitido quando previamente ingressado com tal requerimento na esfera
administrativa[14].
Inclusive, é importante tecermos algumas ponderações para não confundir-se a exigência de
prévio requerimento com a exigência do exaurimento das vias administrativas.
Razão pela qual, foram editadas a seguintes súmulas:
“Súmula 213/TFR: “O exaurimento da via administrativa não é condição para a propositura de
ação de natureza previdenciária”;
Súmula 89/STJ: “A ação acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa”;
Súmula 9/TRF3: “Em matéria previdenciária, torna-se desnecessário o prévio exaurimento da
via administrativa, como condição de ajuizamento da ação”.
Esclarecendo-se, que nos termos do RE 631240, o requisito do prévio requerimento se satisfaz
com a mera postulação administrativa do benefício perante a primeira
instância como atribuição para conhecê-lo, enquanto, o exaurimento, significa a efetiva
utilização de todos os recursos administrativos cabíveis, o que não é o caso.
2.1 Da Conduta Médica
Como visto, a concessão ou indeferimento dos benefícios por incapacidade estarão
diretamente ligados a necessidade de conduta médica. Para isso, os médicos envolvidos
direta ou indiretamente no processo[15], deverão seguir, rigorosamente, o que estabelece,
tanto as regras do processo legal[16], como as regras da sua categoria[17]. Seguir
aquilo que estabelece tais regramentos não está ligado somente a questão processual. A
exigência do cumprimento das normas é dever de conduta, assim, não é concebível
a possibilidade de erro nos procedimentos. Em não respeitando, também estarão sujeitos às
penalidades aplicáveis.
O médico assistente, que é o médico do segurado, deverá indicar por meio de laudos médicos
a realidade do quadro clínico e as necessidades que o mesmo requer,
considerando as mazelas que o inadequado tratamento trará ao paciente e, tal relatório, será
analisado sob os critérios periciais.
A conduta médica prescrita deverá ser respeitada pelo perito nomeado, pois nos termos da
Resolução 1.931/2009, preambulo e seus arts. 52 e 97, a responsabilidade do
médico assistente do segurado é objetiva. Logo, não é dado ao perito o poder de discutir e
negar parecer de outro médico. Seu dever será de recepcionar e explicar, tanto
para autarquia previdenciária como para o juízo nas demandas judiciais, qual tratamento está
sendo realizado e qual a real orientação médica.
As vedações da relação entre médicos e sobre a conduta pericial estão dispostos no capitulo
VII e XI do Código de Ética Médico, artigos supracitados.
Veja-se as vedações da relação entre médicos e sobre a conduta pericial:
“Capítulo VII - RELAÇÃO ENTRE MÉDICOS: É vedado ao médico:
Art. 52. Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados por outro médico,
mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de
indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao médico
responsável”. (grifou-se)
“Capítulo XI - AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA: É vedado ao médico:
Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito,
procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso,
em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando,
por escrito, o fato ao médico assistente”. (grifou-se)
Como se observa na Resolução do próprio Conselho Federal de Medicina, é vedado ao perito
clinicar ou alterar procedimentos. Norma que deve ser observada pelos
magistrados na condução pericial.
Desse modo, a perícia deve ser realizada levando em consideração os pareceres do médico
assistente e, inclusive, quando lhe faltar conhecimento, deverá o perito, solicitar
ao médico assistente do paciente para que forneça informações a ele relativas para subsidiar a
adequada emissão do laudo médico pericial conclusivo, pois considera-se que
é o médico assistente o profissional responsável pelo diagnóstico, tratamento e
acompanhamento da evolução da patologia do paciente e não o perito.
Assim, será sempre o médico assistente o responsável pela condução clínica do tratamento e,
se tal conduta não for respeitada pelo perito, deverá ocorrer intervenção e
fiscalização do Conselho Regional de Medicina para apuração, conforme o que dispõe a Lei nº
12.842/13 dos Atos Médicos, especialmente os termos do art. 2º: que trata do
zelo médico, dando máxima de sua capacidade para proteção da saúde humana; do art. 5º:
que que trata dos limite da perícia médica; e do artigo 7º: que diz que a
competência de fiscalização e eventual punição entre atos e condutas médicas será do
respectivo Conselho Regional de Medicina que estiver atuando os profissionais. Vejase:
“Art. 7º. Compreende-se entre as competências do Conselho Federal de Medicina editar
normas para definir o caráter experimental de procedimentos em Medicina,
autorizando ou vedando a sua prática pelos médicos.
Parágrafo único. A competência fiscalizadora dos Conselhos Regionais de Medicina abrange a
fiscalização e o controle dos procedimentos especificados no caput, bem como
a aplicação das sanções pertinentes em caso de inobservância das normas determinadas pelo
Conselho Federal”. (Grifou-se)
Dessa forma, caberá ao Conselho Regional de Medicina (CRM) fiscalizar e controlar atos
médicos, inclusive sob aplicação de eventual punição aos seus membros.
Por esse prisma, os casos levados ao conhecimento da Autarquia Previdenciária e ao Poder
Judiciário, não poderão conter evidencias que demonstram afronta ao código legal
da categoria da qual os médicos estão habilitados, qual seja, seu regulamento perante o
Conselho Federal e Regional de Medicina.
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Portanto, considerando que os médicos também estão adstritos ao cumprimento integral das
Leis, não há cabimento em descaracterizar a necessidade de afastamento das
atividades laborais, quando apontada em relatório particular.
2.2 Dos Deveres Do Médico Assistente
Além dos deveres do médico assistente em emitir e fornecer ao paciente o adequado relatório
médico e cópia do prontuário contendo todas as observações clinicas
necessárias, deverá indicar, ainda, a classificação CID 10[18] e CIF[19] da doença que esteja
acometido, tudo conforme as disciplinadas normas das Resoluções 1.658/2002
(art. 1º, 2º, 3º e 5º) e 1.488/1998 (art. 1º) do Conselho Federal de Medicina (CFM). Do qual, se
faz necessário pormenorizar, veja-se:
“Resolução 1.658/2002
Art. 1º O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito
inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de
honorários.
Art. 2º Ao fornecer o atestado, deverá o médico registrar em ficha própria e/ou prontuário
médico os dados dos exames e tratamentos realizados, de maneira que possa
atender às pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou dos órgãos
públicos da Previdência Social e da Justiça.
Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes
procedimentos:
I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do
paciente;
II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;
III - registrar os dados de maneira legível;
IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no
Conselho Regional de Medicina.
Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante
legal para fins de perícia médica deverá observar:
I - o diagnóstico;
II - os resultados dos exames complementares;
III - a conduta terapêutica;
IV - o prognóstico;
V - as consequências à saúde do paciente;
VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que
complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a
decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação;
VII - registrar os dados de maneira legível;
VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no
Conselho Regional de Medicina. (Redação dada pela Resolução CFM nº 1851, de
18.08.2008).
Art. 5º - Os médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico codificado ou
não quando por justa causa, exercício de dever legal, solicitação do próprio
paciente ou de seu representante legal.” (Grifou-se)
“Resolução 1488/1998
Art. 1º - Aos médicos que prestam assistência médica ao trabalhador, independentemente de
sua especialidade ou local em que atuem, cabe:
I –(...)
II - fornecer atestados e pareceres para o afastamento do trabalho sempre que necessário,
CONSIDERANDO que o repouso, o acesso a terapias ou o afastamento de
determinados agentes agressivos faz parte do tratamento;
III - fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar encaminhamento, sempre
que necessário, para benefício do paciente e dentro dos preceitos éticos,
quanto aos dados de diagnóstico, prognóstico e tempo previsto de tratamento. Quando
requerido pelo paciente, deve o médico por à sua disposição tudo o que se refira ao
seu atendimento, em especial cópia dos exames e prontuário médico”. (Grifou-se)
Convém ressaltar que a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF), é essencial e obrigação médica, pois ela complementa informações
adicionais sobre funcionalidade e dará ao médico perito ferramentas importantes para a sua
análise.
Sobre as classificações internacionais, pondera-se algumas observações da própria
Organização Mundial da Saúde (OMS, p. 7 e 8), veja-se:
“A classificação define os componentes da saúde e alguns componentes do bem-estar
relacionados com a saúde (tais como educação e trabalho). Os domínios contidos na CIF
podem, portanto, ser considerados como domínios da saúde e domínios relacionados com a
saúde. Estes domínios são descritos com base na perspectiva do corpo, do
indivíduo e da sociedade em duas listas básicas: (1) Funções e Estruturas do Corpo, e (2)
Atividades e Participação.
Como classificação, a CIF agrupa sistematicamente diferentes domínios de uma pessoa com
uma determinada condição de saúde (e.g. o que uma pessoa com uma doença ou
perturbação faz ou pode fazer). A Funcionalidade é um termo que engloba todas as funções do
corpo, atividades e participação; de maneira similar, incapacidade é um
termo que inclui deficiências, limitação da atividade ou restrição na participação. (OMS, p. 7)(...)
Nas classificações internacionais da OMS, os estados de saúde (doenças, perturbações,
lesões, etc.) são classificados principalmente na CID-10 (abreviatura da Classificação
Internacional de Doenças, Décima Revisão), que fornece uma estrutura de base etiológica. A
funcionalidade e a incapacidade associados aos estados de saúde são
classificados na CIF. Portanto, a CID-10 e a CIF são complementares, e os utilizadores são
estimulados a usar em conjunto esses dois membros da família de classificações
internacionais da OMS.
A CID-10 proporciona um “diagnóstico” de doenças, perturbações ou outras condições de
saúde, que é complementado pelas informações adicionais fornecidas pela CIF
sobre funcionalidade.
Duas pessoas com a mesma doença podem ter níveis diferentes de funcionamento, e duas
pessoas com o mesmo nível de funcionamento não têm necessariamente a mesma
condição de saúde. Assim, a utilização conjunta aumenta a qualidade dos dados para fins
clínicos. A utilização da CIF não deve substituir os procedimentos normais de
diagnóstico. Em outros contextos, a CIF pode ser utilizada sozinha. (OMS, p. 8)”.
É importante reiterar a importância da numeração CIF em um relatório médico, pois uma
mesma doença poderá refletir níveis diferentes em indivíduos com a mesma
patologia. Vários aspectos técnicos poderão influir na funcionalidade do paciente, os indivíduos
são geneticamente desiguais e isso influencia no tratamento e na condição
laboral de cada um. Não resta dúvida, cada caso deve ser analisado de maneira
pormenorizada e individualizada, por isso a importância das classificações CID 10 e CIF no
parecer do médico assistencialista, pois ele está habituado e mais familiarizado com o caso do
seu paciente, do que pelo o perito.
2.2.2 Das vedações do Médico assistente
Considerando que a grande parte dos pacientes que necessitam de benefícios por
incapacidade chegam aos postos de atendimento do INSS portando relatórios clínicos
confeccionados por médicos vinculados à Rede Pública de Saúde, convém ressaltar uma
relevante diretriz que deve ser seguida no âmbito do atendimento público, qual seja,
que nenhum paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser cobrado para obter
atendimento, seja qual for o atendimento: normal, privilegiado ou antecipação para
tratamento. É ilegal também, qualquer cobrança extra para que o médico possa realizar ou
confeccionar um laudo “completo” para o paciente. Todo paciente tem o direito
de ter um laudo completo e exaustivo, com a inclinação de todo o quadro clinico e suas
adequadas classificações, conforme já exposto no tópico anterior (3.2). Qualquer
cobrança extra, para qualquer atendimento “especializado” via Rede Pública, é ilícito que se
configura sob os rigores da lei, devendo ser denunciada tal pratica. Inclusive,
no julgamento do Recurso extraordinário 581.488/RS[20], este é o posicionamento da Suprema
Corte:
“É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde, a internação em
acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do
próprio Sistema Único de Saúde, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da
diferença dos valores correspondentes”.
Demais vedações ao médico assistencialista estão expostas nos artigos 80 a 91 da Resolução
1.931/2009 que aprovou o Código de Ética Médica, dentre as quais destacam-se
os artigos 86, 87, 88 e 91.
“É vedado ao médico:
Art. 86. Deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu representante legal quando
aquele for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento ou em
caso de solicitação de alta.
Art.87. Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente.
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§1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso,
sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora,
assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina.
§2º O prontuário estará sob a guarda do médico ou da instituição que assiste o paciente.
Art. 88. Negar, ao paciente, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando
solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua
compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros.
Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo
paciente ou por seu representante legal”.
Como visto, é obrigação legal e cabe ao médico assistencialista, por meio de relatórios
médicos, indicar o quadro clinico do seu paciente (condutas terapêuticas, reflexos,
afastamentos, entre outros necessários), inclusive, de maneira legível. Em não o fazendo,
estará incorrendo em ilegalidade passível de punição.
2.3 Do Médico Perito
Como visto, para o adequado enquadramento do segurado ao percebimento de um benefício
por incapacidade, o papel do perito será de suma importância, pois este
prestará o esclarecimento da situação clínica ao juízo nas demandas judiciais ou informará a
autarquia previdenciária sobre a concessão ou indeferimento do requerimento
de benefício previdenciário na via administrativa, pautado sempre, nos documentos médicos
trazidos para análise.
Nos termos do §1º, do art. 465, do CPC/2015, a perícia deve ser conduzida por peritos médicos
especialistas à área da doença que acomete o segurado e, dependendo da
realidade do quadro, deverá ser realizada por pericia multidisciplinar, que deverá ser realizada
e acompanhada por meio da Assistência Social para estudo e constatação da
incapacidade para o trabalho, como pericia holística, considerando: núcleo familiar que o
segurado esteja inserido, idade, formação educacional, força de trabalho e demais
observações, buscando-se atingir o maior número de contingencia para o correto
enquadramento do caso.
As determinações sobre a condução pericial trazidas pelo CPC/2015, não são meras
orientações, tratam-se de exigências a serem observadas pelo julgador e seguidas pelo
periciando. Inclusive, em inteligência ao due processo of law, deve-se em situações complexas,
nos casos em que lida-se com vidas e saúde, ser nomeado quantos peritos
bastem para a elucidação real dos fatos, nos moldes do art. 475 do CPC/2015 e da
jurisprudência dominante, dado tamanha importância que foi trazida à matéria. Nessa
linha colhe-se julgados, inclusive do TRF4.[21]
“PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - TRABALHADORA RURAL -
LAUDO PERICIAL QUE CONCLUI PELA CAPACIDADE DA AUTORA - PERÍCIA FEITA POR
MÉDICO
SEM ESPECIALIDADE NA ÁREA DE SAÚDE DOS MALES ALEGADOS PELA AUTORA -
PEDIDO DE NOVA PERICIA INDEFERIDO - EVIDENTE CERCEAMENTO DE DEFESA -
SENTENÇA
ANULADA.
(TRF-1 - AC: 29037 GO 2005.01.99.029037-9, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ
AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 12/09/2007, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: 24/09/2007 DJ p.25)’.
(Grifou-se)
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PESSOA
PORTADORA DE DEFICIÊNCIA. PROVA PERICIAL E TESTEMUNHAL.
1. [...] 2. Necessária a realização de prova pericial a ser feita com médico especialista, até
porque o seu indeferimento implicaria em cerceamento de defesa,
porquanto a incapacidade da autora para a atividade laborativa não restou demonstrada
no feito. 3. [...](TRF-4 - AG: 1294 PR 2007.04.00.001294-0, Relator: LUIZ
ANTONIO BONAT, Data de Julgamento: 10/04/2007, QUINTA TURMA, Data de Publicação:
D.E. 26/04/2007)”.(Grifou-se)
Tudo isso, sob o amparo e a possibilidade de impugnação ao perito, pois, quando o perito
nomeado carecer de conhecimento técnico ou científico específico caberá sua
impugnação nos termos do art. 468, I, do mesmo diploma legal já elencado.
Ademais, importante frisar, não é permitido ao perito realizar interferência na conduta
terapêutica prescrita pelo médico assistente do periciado. O próprio Conselho
Federal de Medicina proíbe de forma cabal qualquer ato que contrarie, vete ou modifique
procedimento instituído por outro profissional, principalmente quando este
contrariado for especialista a área médica. Caso evidenciado, caberá impugnação sob os
rigores da lei e consequências do ato.
O dever do perito é de fornecer informações verídicas, que correspondam à realidade fática
apresentada, observada e respeitadas regras técnicas e cientificas aceitas na sua
área de conhecimento (art. 158, CPC). O desrespeito a esse dever é ilícito que se configura
independentemente de dano, pois o dano só é necessário como pressuposto da
responsabilidade civil. O ilícito pressupõe, contudo, elemento subjetivo do dolo ou culpa.[22]
Com base nesses argumentos, vale destacar o posicionamento segundo o Ilustre
Processualista e Professor Fredie Didier Jr (2015, p. 267)[23]:
“O perito que fornece informações inverídicas, por dolo ou culpa, responderá ainda, pelos
danos causados à parte (art. 158, CPC), mediante indenização que deverá ser
objeto de ação própria. Isso se dá sem prejuízo de outras sanções. Tanto que o perito que
aduz afirmação falsa ou omite fato relevante (delito de falsa perícia) sofrerá a
sanção prevista no art. 342, Código Penal. Junto a isso, o ilícito deve ser comunicado ao
respectivo órgão de classe para adoção das medidas disciplinares cabíveis”.
Cabendo-se concluir, quando o próprio médico especialista requerer o afastamento do
segurado das suas atividades laborais ou habituais, devidamente justificada, para que
o quadro não venha se tornar irreversível ou agravado, este relatório deve ser recepcionado e
reconhecido como tal, não podendo ser desconsiderado ou descartado pelo
perito ou juiz.
Lembrando, a análise de uma perícia não deve e não pode se pautar em exame superficial,
como exemplo, o fato do segurado caminhar, cumprimentar, levantar e sentar de
uma cadeira ou maca, não servem como base, ou seja, a perícia deve ser exaustiva, deve
abranger toda uma realidade profissional, familiar e social, sob o atento rigor de
proteção ao futuro do periciado. Só assim haverá uma adequada valoração do quadro.
3 DA RECEPÇÃO DAS PROVAS NOS BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE
Para entender-se os limites já apontados sobre atuação e as obrigações dos médicos, é
importante saber que em uma demanda previdenciária haverá, pelo menos, um
médico, que será o perito do INSS. A esse, cabe analisar o segurado como paciente e orienta-
lo da melhor maneira possível (art. 687, da IN 77/2015 e Enunciado 05, do
CRPS).
As provas que o segurado levará ao conhecimento da autarquia deverá ser recepcionada nos
termos do art. 75-A, do Decreto 3.048/99, que foi incluído pelo Decreto 8.691,
de 14 de março de 2016, pois quando os médicos assistentes orientarem para o afastamento
de suas atividades laborais, este parecer deverá ser recebido:
“Art. 75-A. O reconhecimento da incapacidade para concessão ou prorrogação do auxílio-
doença decorre da realização de avaliação pericial ou da recepção da
documentação médica do segurado, hipótese em que o benefício será concedido com base no
período de recuperação indicado pelo médico assistente”.
O Manual De Pericias Médicas do INSS[24] traz em seu capitulo 5 que o exame médico-
pericial tem como finalidade a avaliação laborativa do examinado, para fins de
enquadramento na situação legal pertinente, sendo que o motivo mais frequente é a habilitação
a um benefício por incapacidade e os dados obtidos deverão ser registrados
em Laudo Médico Pericial (LPM). Tendo em mente que este é um documento decisivo para o
segurado e para o INSS, destinado a produzir efeitos com caráter de documento
médico legal. Não bastando examinar bem e nem chegar a uma conclusão correta. É preciso
registrá-lo com total clareza e exatidão nos termos do referido manual.
“5 – REALIZAÇÃO DO EXAME MÉDICO-PERICIAL
5.2 - Os dados obtidos nesse exame devem ser registrados no Laudo Médico Pericial (LPM),
que é a peça médico-legal básica do processo, quanto à sua parte técnica. O
servidor da área médico-pericial do INSS, ao preencher um laudo de perícia médica, terá
sempre em mente que este é um documento decisivo para o interessado e para o
INSS, destinado a produzir um efeito, podendo transitar na via recursal da previdência ou
mesmo em juízo, com caráter de documento médico legal. Não basta examinar
bem e nem chegar a uma conclusão correta. É preciso registrar, no Laudo de Perícia Médica,
com clareza e exatidão, todos os dados fundamentais e os pormenores
importantes, de forma a permitir à autoridade competente que deva manuseá-lo, inteirar-se dos
dados do exame e conferir a conclusão emitida. O Laudo Médico Pericial
compõem-se de duas partes: I – Relatório de Exame Médico-Pericial (meramente descritivo
com registro das informações colhidas); e, II – Conclusão da Perícia-Médica – tem
cunho nitidamente pericial e é onde se registra o parecer médico-pericial através de respostas
a quesitos; e, III – Outros anexos relevantes”.
Como visto, será o perito o responsável, na via administrativa, por examinar, enquadrar e
concluir pela incapacidade ou não para atividade laboral. Respeitando-se os
deveres e limites do Médico Perito, nos termos do art. 304, §1,º da Instrução Normativa (IN) nº
77/2015.
“Art. 304, § 1º: Na análise médico-pericial deverá ser fixada a data do início da doença - DID e
a data do início da incapacidade - DII, devendo a decisão ser fundamentada a
partir de dados clínicos objetivos, exames complementares, comprovante de internação
hospitalar, atestados de tratamento ambulatorial, entre outros elementos,
conforme o caso, sendo que os critérios utilizados para fixação dessas datas deverão ficar
consignados no relatório de conclusão do exame”.
Contudo, não raras vezes, o perito equivoca-se em sua análise e determina o retorno do
segurado ao mercado de trabalho mesmo incapacitado, o que pode se configurar
uma ilícita alta médica. Essa alta médica é um ato administrativo e, como todo ato
administrativo, apesar de muitas vezes ambíguo pelos documentos que a instruem, pelo
Princípio da Veracidade, goza da Presunção de Legitimidade e Legalidade.
Entretanto, não se pode aceitar a tese de que a perícia médica realizada pelo INSS seja idônea
à comprovação da capacidade ou incapacidade laboral para todos os fins
previdenciários. Tal alegação “é desprovida de amparo legal, já que a decisão administrativa
não impede que a questão venha a ser também apreciada judicialmente, a
teor do Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, estabelecido na Constituição
Federal, em seu artigo 5º, XXXV”[25].
De acordo com dados constantes dos Boletins Estatísticos da Previdência Social, disponíveis
na página eletrônica do INSS[26], no ano de 2016, foram realizados cerca de 50
milhões de atendimentos nas Agências da Previdência Social, dos quais, aproximadamente,
8,6 milhões são pedidos administrativos de concessão de benefícios, dentre eles,
4,3 milhões são requerimentos de benefícios incapacitantes. Somente desses, em média, 58%
(cinquenta e oito por cento) são indeferidos.
25/06/2018 O valor das provas nos requerimentos de benefícios por incapacidade -
Previdenciário - Âmbito Jurídico
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19734&revista_caderno
=20 5/9
Não é à toa, que no plano judicial, o INSS é o maior “Réu” do País, considerando, como
litigante, o número de processos em curso, conforme relatório apresentado em 2012
pelo Conselho Nacional De Justiça (CNJ)[27]. Ainda segundo este relatório, em 2011, o INSS
respondeu por 34% dos feitos que ingressaram na Justiça Federal de 1º Grau e por
79% nos Juizados Especiais Federais.
Segundo outro relatório, também realizado pelo CNJ[28], mas apresentado em 2016, o número
de processos distribuídos junto aos Juizados Especiais Federais, principal
instância em que litiga o Instituto, é de cerca de um 1,8 milhões por ano. Isso justifica todas as
políticas de priorização apresentadas para reduzir as taxas de
congestionamento de processos.
Uma das linhas de atuação do Conselho Nacional de Justiça refere-se à Política Nacional de
Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição, instituída pela Resolução 194
do CNJ, de 26 de maio de 2015, com o objetivo de desenvolver, em caráter permanente,
iniciativas voltadas ao aperfeiçoamento da qualidade, da celeridade, da eficiência,
da eficácia e da efetividade dos serviços judiciários da primeira instância dos tribunais
brasileiros.
Na mesma linha de atuação, o CNJ publicou as Resoluções 195 e 219:
“Resolução CNJ 195, de 3 de junho de 2014: determinou que a distribuição do orçamento nos
órgãos do Poder Judiciário de primeiro e segundo graus fosse proporcional à
demanda e ao acervo processual;
Resolução CNJ 219, de 26 de abril de 2016: determinou que a distribuição de servidores, de
cargos em comissão e de funções de confiança nos órgãos do Poder Judiciário de
primeiro e segundo graus fosse proporcional à quantidade média de processos (casos novos)
distribuídos a cada grau de jurisdição no último triênio”.
Contudo, a busca desenfreada para alcançar metas em índices de produtividade[29], muitas
vezes, acabam esgotando sumariamente pleitos complexos que dependeriam de
maior abrangência pericial, principalmente nos casos de benefícios previdenciários por
incapacidade, pois tais pleitos lidam com vida e saúde. Não atentar-se
exaustivamente na apreciação acarretará em analises equivocadas das relações jurídicas e,
consequentemente, retirará do segurado o direito à ampla defesa, com uma
valoração equivocada do caso concreto. É o que se verá a seguir.
3.1 Do Pleito Judicial
Conforme já explanado, para o ingresso ao pleito judicial, há necessidade de prévio
requerimento administrativo para o ajuizamento de ações de concessão de benefícios,
evitando-se assim, que o Judiciário torne-se um balcão de atendimento do próprio INSS,
encargo que é da Autarquia Previdenciária, nos termos do Recurso Extraordinário
(RE) 631240, com repercussão geral reconhecida.
É também, com base nos cânones constitucionais que a recepção das provas pré-constituídas,
para fins de convencimento do Juízo sobre a demanda pretendida, é
obrigatória nos termos do art. 479, do CPC, corroborado, com os já explanados[30] artigos 52 e
97 da Resolução 1931/09 do CFM e, inclusive, com o precedente do STJ (AgRg
no AREsp 96554/RS, rel. Min. Ari Pargendler, j. em 21/11/2013), que considera o atestado
médico, por si, com idoneidade suficiente para permitir o julgamento de uma
causa sem a necessidade de perícia, dado a importância de tal documento pré-constituído.
Ressalvadas, tão somente, as excepcionalíssimas hipóteses de fraude ou evidente
e provada inadequação do procedimento postulado.
Desse modo, nos termos do diploma Processual Civil a perícia judicial deve ser realizada
observando a forma determinada pelos artigos 464 a 480 do CPC/2015, devendo-se o
perito, nos termos do art. 465, §2º, inciso II, do mesmo diploma, apresentar, de maneira
pormenorizada, seu currículo, para fins de comprovar sua real especialização. Em
não o fazendo, caberá sua impugnação por impedimento.
Tais procedimentos não se tratam de meras formalidades, o novo CPC elenca um rol que deve
ser seguido para garantir segurança jurídica ao perito e seus atos. Até porque,
analisar laudos e receituários médicos confeccionados por profissional idôneo e especialista à
área da doença que acomete o segurado, não é encargo de qualquer médico
perito nomeado. O exame pericial deve ser realizado por um perito à altura do caso, dentro dos
limites de atuação e das questões legais e responsabilidades da conduta
ética da classe que estão abarcados. O nomeado deve ter as mínimas condições legais
exigidas, não bastando ser de confiança do juízo, pois poderá necessitar esclarecer
detalhes técnicos e pertinentes à demanda. O seu impedimento deve ser declarado tão logo
seja evidenciado inaptidão para o caso. Logo, prudente, sempre ser especialista.
Esse é o entendimento, também, da doutrina, veja-se nas palavras do Professor Fredie Didier
Jr (2015, p. 270 e 290)[31]:
“O perito deve ser imparcial, não se enquadrando nas hipóteses de impedimento ou suspeição,
previstas no arts. 144, 145, 148 e 467, do CPC. É exatamente para viabilizar
a verificação de eventual impedimento ou suspeição do perito, que o órgão técnico ou cientifico
nomeado para a realização da perícia deverá informar ao juiz os nomes e
dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade (art. 156, §4º, CPC).[...]
E mais, o juiz brasileiro, no exercício do poder atribuído pelo art. 371, do CPC, avalia a
cientificidade do resultado da perícia, a confiabilidade do laudo, buscando para
tanto, dados não-jurídicos, como “a aceitação ou recusa do método perante os especialistas”.
Daí a exigência legal de que o perito traga ao processo dados necessários para
a aferição de sua capacidade técnica (antes da perícia) e elementos que se refiram à
confiabilidade do método empregado (no bojo do laudo pericial)”. (Grifou-se)
Ademais, em atenção ao artigo 473, do CPC, a prova pericial, para ser recebida, deve vir
acompanhada do método científico empregado, com o laudo, parecer técnico e da
completa e conclusiva resposta aos quesitos elaborados pelas Partes, Juiz e membro do MP
se houver. O cumprimento de apenas parte das exigências, a exemplo, que muito
ocorre, haver somente a simples resposta de quesitação, cumpre, tão só, as exigências
previstas no inciso IV, o que invalida a perícia realizada.
Evocando ainda, que a prova decisiva não é a pericial como muitos afirmam, mas o conjunto
probante. Ela só será a prova principal quando feita de modo correto.
Segundo os ensinamentos no Nobre Professor Carlos Gouveia (2014, p. 193-215 –
interpretado), em sua obra Benefícios por Incapacidade e Perícia Médica[32], discorre: A
perícia médica é o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de
laudo sobre questões médicas, mediante exame, vistoria, indagação,
investigação, arbitramento, avaliação ou certificação. A perícia médica possui natureza
cartesiana, ou seja, nunca quando a perícia é bem feita, mesmo quando realizada
por vários peritos diversos, terá resultados diferentes. Em suma, para a ciência médica ou
pericial, 1+1 serão sempre 2 não importa quem a faça.
Portanto, afigura-se evidente a necessidade, utilidade e adequação do ajuizamento de medida
judicial diante de uma negativa administrativa que contrarie conduta médica
de especialista.
3.1.1 Do valor das provas
Por analogia aos princípios norteadores do direito previdenciário e direitos médicos já tão
aclarados nesse artigo, poder-se-ia concluir que em muitos casos de requerimentos
de benefícios incapacitantes, sequer haveria necessidade de perícia, pois os laudos médicos,
quando confeccionados de maneira correta por profissional especialista à área
da doença que acomete o segurado, muitas vezes vinculados a própria Rede Pública de Saúde
da cidade (SUS), habilitados para tanto, devidamente inscritos no Conselho
Regional de Medicina e que tratam do seu paciente desde o princípio da doença, deveriam ser
suficientes para comprovar e atestar o quadro clinico do segurado sem a
necessidade de conduta pericial para valorar o direito ao benefício requerido, pois a sua
categoria (CFM) lhe garante a imprescindibilidade do procedimento pleiteado,
devendo, tal prova documental pré-constituída, ser o bastante.
Além disso, a prova pericial só deveria ser necessária e adequada quando a demonstração dos
fatos dependesse de exames técnicos e científicos específicos, que exigissem
conhecimento que estivesse fora do alcance do homem-comum, do homem-médio (art.156,
combinado com art. 375, ambos do CPC)[33] ou quando houvesse dúvidas quanto
a casos específicos que fugissem do entendimento e da capacidade de análise pelo
magistrado.
Nessa linha de valoração, dar a devida recepção as provas, não significa reexaminá-las ou
reapreciá-las, tema muito implicante no âmbito jurídico, principalmente sobre sua
amplitude, tanto nas esferas de primeiro grau, como nos tribunais recursais.
Ao tratar-se do valor das provas, deve-se ter noção da amplitude e da profundidade que esta
abarcado todo o âmbito probatório num processo judicial, principalmente em
demanda previdenciária de benefícios incapacitantes, pois o peso probante de um relatório
médico, nos termos do CFM, é superior ao do perito. O perito serve como
auxiliar da justiça para dirimir dúvidas e não clinicar o paciente.
Salienta-se que o próprio Regulamento da Previdência Social (Dec. 3.048/99), em seu art. 75-
A, admite, por força da alteração do Decreto nº 8.691 de 14/03/2016, o
reconhecimento da incapacidade para concessão ou prorrogação do auxílio-doença pela
recepção da documentação médica do segurado, hipótese em que o benefício é
concedido com base no período indicado pelo médico que o assistiu.
Se imaginarmos um cenário ideal de conduta administrativa, esse seria o real papel e dever da
autarquia, qual seja, recepcionar os documentos pré-constituídos e validá-los;
em caso de discórdia, caberia denúncia e apuração de tal pratica por conta e responsabilidade
investigativa do Conselho Regional de Medicina. Porém, poucas vezes tais
demandas chegam a ser apuradas pelo conselho da classe que estão abarcados, não raras
vezes os procedimentos periciais são incompatíveis com o limite daquilo que estão
autorizados atuar, motivo pelo qual, o magistrado deve estar atento para não permitir que o
perito seja um julgador de demandas.
Os ensinamentos da doutrina de CASTRO e LAZZARI (2017, p. 495)[34], asseveram no
sentido que a medida disposta no art. 75-A do aludido regulamento, é bastante
acertada, pois em casos de prorrogação de benefício de segurado empregado, já é o próprio
médico da empresa ou conveniado a esta que atesta a incapacidade; e, quanto
aos casos de internação comprovada em estabelecimento hospitalar, a presunção de
incapacidade durante o período em que o segurado esteja internado é medida que se
impõe a este também, portanto, justa a nova inclinação, porém, pouco evidenciada na prática.
Ademais, não há plausibilidade em descaracterizar a necessidade impar do procedimento
pleiteado pelo segurado quando inexistir prova capaz de macular a idoneidade dos
profissionais que assistem o segurado. Os laudos corroborados em prova idônea segundo
orientação de profissionais capacitados e especialistas devem ser seguidos a rigor
das Leis que discorrem sobre os âmbitos de atuação dos atos médicos.
O Médico que acompanha o caso é que tem melhores condições de indicar o tratamento
adequado e, nesta linha, colhem-se os seguintes julgados:
“MEDICAMENTOS Pretensão de fornecimento gratuito. Direito à vida. Dever constitucional do
Estado. Indicação do medicamento que melhor atende às necessidades do
paciente compete ao médico que o assiste. Aplicação do art. 196 da CF. Precedente do STJ.
Julgamento proferido por decisão monocrática, nos termos do art. 557 do CPC.
Recurso improvido. TJSP, 11ª Câmara de Direito Público AC nº 990.10.447515-5 Rel. Desa.
Maria Laura de Moura Assis Tavares, j.18.10.10”.
ÚÃÃÁÃ
25/06/2018 O valor das provas nos requerimentos de benefícios por incapacidade -
Previdenciário - Âmbito Jurídico
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19734&revista_caderno
=20 6/9
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO
ORDINÁRIA. CONSTITUCIONAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS A NECESSITADO.
REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA MÉDICA. DESNECESSIDADE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO. Existindo
documentação idônea, firmada por médico credenciado, onde descritas as moléstias das
quais padece a enferma, apontando os medicamentos necessários, desnecessária a realização
de perícia. Aplicação do art. 420, II, do CPC. O direito à saúde é assegurado a
todos, devendo os necessitados receber do ente público o medicamento necessário. Aplicação
do artigo 196 da Constituição Federal. O Município possui legitimidade passiva
na demanda visando ao fornecimento de medicamento a necessitado, devendo responder pelo
seu fornecimento. Posição do 11º Grupo Cível. Precedentes do TJRGS, STJ e
STF. Agravo de instrumento a que se nega seguimento. TJRS. Agravo de Instrumento Nº
70047418116, Vigésima Segunda Câmara Cível, Rel. Des. Carlos Eduardo Zietlow
Duro, j. 09/02/2012”. (Grifou-se)
Assim, mister ressaltar a propriedade dos documentos produzidos por médico responsável que
assiste a parte segurada e a suficiência destes a embasar os requerimentos.
Há de ressaltar, mesmo que seja nomeado perito especialista, e, ainda, quando houver
situações em que se depare com a chamada prova dividida, ou “empatada”, quando
não possibilita ao julgador saber qual versão está realmente verossímil. (SCHIAVI, 2011, p.
81)[35], deverá tomar como base para julgamento o princípio in dubio pro misero,
que consiste na possibilidade de o juiz, em caso de dúvida razoável, interpretar a prova em
benefício do empregado, geralmente autor da ação. Afinal, o caráter
instrumental do processo não se confunde com sua forma, consoante LEITE (2006, p. 488)
[36].
A jurisprudência, em casos como a presente situação, tem reiteradamente decidido que o
“laudo pericial, sem afirmar categoricamente a existência de respectivo nexo de
causalidade, estar-se-á diante de uma dúvida razoável que deve ser resolvida em favor do
segurado, em observância do princípio do in dubio pro misero, devendo, por
consequência, se considerar comprovados tais requisitos”[37].
Nesse sentido, é também o entendimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ), in
verbis:
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVA. VALORAÇÃO. HIPÓTESES. 1. Nas causas
previdenciárias, movidas pelos segurados, em hipóteses restritas, por força do princípio in
dubio pro misero, com contorno da súmula 7, foi acolhida a tese da valoração da prova. (EDcl
no AgRg nos EDcl no Ag 916.711/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES,
QUARTA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 01/09/2008)”.
Note-se que o posicionamento é correto e reflete o que há de mais moderno em nossa doutrina
e jurisprudência, refletindo-se inclusive, posicionamento da TNU[38] nesse
sentido, valendo-se citar o Pedido de Interpretação de Lei a seguir:
“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE TOTAL E
DEFINITIVA PARA O TRABALHO E INSUSCETIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PARA O
EXERCÍCIO DE
ATIVIDADE QUE GARANTA A SUBSISTÊNCIA. CONDIÇÕES PESSOAIS.
RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA.SÚMULA 47 TNU.
PROVIMENTO.
1. A sentença julgou procedente a pretensão do autor, determinando a concessão do benefício
de aposentadoria por invalidez, entendendo que, apesar de a perícia haver
concluído pela incapacidade da autora apenas para as atividades habituais e
possibilidade de reabilitação para o exercício de outras atividades laborativas, do
ponto de vista médico, as condições pessoais e sociais da parte, tais como idade e grau
de instrução, na prática, torna inviável sua reabilitação. O acórdão
recorrido deu provimento ao recurso interposto pelo INSS, sob o fundamento de que
“malgrado” as considerações da sentença a respeito da inviabilidade da reabilitação do
autor em virtude das suas condições pessoais e sociais, o laudo da pericia judicial teria sido
categórico ao afirmar que o recorrido está incapaz parcial e permanentemente,
podendo ser habilitado para outras funções que não demandem esforço físico. Diante disso, o
benefício de aposentadoria por invalidez deve ser substituído pelo auxíliodoença.
2. Comprovada a similitude e a divergência entre o acórdão recorrido e os paradigmas desta
Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 200381100055548, Relator JOSÉ
EDUARDO DO NASCIMENTO, DJ 19/03/2010; PEDILEF 200636009037918, relator JUIZ
FEDERAL DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO, DJ 17/12/2009; PEDILEF
200636009072110, Relator JUIZ FEDERAL DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO,
DJ 05/05/2010) tem cabimento o incidente de uniformização.
3. Há entendimento pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização, a exemplo da
Súmula Nº 47 TNU, reconhecendo a possibilidade de extensão da incapacidade
parcial quando, da análise das condições pessoais, se extrair a inviabilidade de reinserção ao
mercado de trabalho: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o
trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão
de aposentadoria por invalidez.
4. Para a concessão de aposentadoria por invalidez devem ser considerados outros aspectos
relevantes, além dos elencados no art. 42 da Lei 8.213/91, tais como, a condição
sócio-econômica, profissional e cultural do segurado.
5. Embora tenha o laudo pericial concluído pela incapacidade parcial do segurado, o
Magistrado não fica vinculado à prova pericial, podendo decidir contrário a
ela quando houver nos autos outros elementos que assim o convençam, como no
presente caso.
6. No caso em tela, diante do princípio do livre convencimento, o juízo a quo entendeu pela
impossibilidade de reinserção da parte autora ao mercado de trabalho em face
das limitações impostas pelo baixo grau de escolaridade, pela falta de experiência profissional
além de atividades que demandem esforço físico como agricultora,
doméstica e auxiliar de cozinha. Concluiu que seria utopia defender a inserção do segurado no
concorrido mercado de trabalho, para iniciar uma nova atividade
profissional, motivo pelo qual entendeu fazer jus à concessão de aposentadoria por invalidez.
7. Incidente de Uniformização conhecido e provido (PEDILEF nº 50032658120124047104, rel.
Juiz Federal André Carvalho Monteiro, j. 16.08.2013)”.
(grifou-se)
Corroborando, há outros dois PEDILEFs e que podem ser usados como paradigmas, sendo, a
sua leitura, de grande valia, servindo como estudo sobre a valoração das provas.
São eles:
“VOTO / AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. DIVERGÊNCIA ENTRE
LAUDO PERICIAL E ATESTADOS MÉDICOS. DESVINCULAÇÃO DO JUIZ EM RELAÇÃO AO
LAUDOPERICIAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. AUSÊNCIA DE
HIERARQUIAENTRE OS MEIOS DE PROVA.
(PEDILEF nº 200934007005809, rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, j. 29/03/2012)”.
“PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-
DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DIVERGÊNCIA ENTRE LAUDO PERICIAL E
ATESTADOS
MÉDICOS. DESVINCULAÇÃO DO JUIZ EM RELAÇÃO AO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO
LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. AUSÊNCIA DE HIERARQUIA ENTRE OS MEIOS DE
PROVA. INCIDENTE NÃO PROVIDO. (PEDILEF nº 0052127-08.2009.4.01.3500, rel. Juiz
Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, j. 11/02/2015)”.
Contrário a isso, há juízes perfilando entendimento no sentido que, por serem os peritos, de
sua confiança, o laudo pericial deve ser acolhido, tendo em vista a equidistância
guardada por aquele, quanto às partes. Julgados totalmente desprovidos de base legal.
Ora, se há limites na conduta médica, elas devem ser seguidas para fins de condicionar um
único entendimento e total segurança, não só das demandas jurídicas, como
também para segurança de toda sociedade. Não raras as vezes, relatórios médicos são
questionados e desconsiderados, tanto por parte do INSS, como por parte de peritos
“auxiliares da justiça”, vindo a refletir-se de maneira negativa ao paciente, tendo em vista uma
evidente insegurança e consequente descrédito das instituições, por
sentirem-se, por vezes, enganados e desamparados.
Logo, pautar-se o julgamento somente aos laudos pericias, é rejeitar toda uma classe médica e
suas leis/Resoluções/Códigos/Normativas; se há regramento próprio, pelo
qual os médicos devem seguir com o rigor ético da profissão, será sob esse prisma que o
magistrado deverá recepcionar as provas, sejam as pré-constituídas, sejam as do
perito nomeado.
Por conseguinte, buscar a verdade real dos fatos nos requerimentos previdenciários por
incapacidade será sob a ótica da valoração exata dos documentos, com base a
respeitar as normas da categoria que os médicos estão abarcados, aliás, sob a chancela e
fiscalização do Conselho Federal de Medicina, suas normas e estatuto ético.
3.1.2 Da Prova Técnica – Pericia
Um primeiro e importante ponto que deve ser vergastado, é a alegação do magistrado que o
perito, por ser de sua confiança, não pode ser impugnado por lhe faltar
conhecimento técnico ou científico. Esse parâmetro não é aceitável na norma, apesar de não
ser surpresa encontrar-se em vários julgados. Por presunção, obviamente que o
perito nomeado é de sua confiança, mas para que as partes possam analisar a capacidade
pericial do expert nomeado, é indispensável que este comprove sua técnica e
cientificidade, que, dependendo o caso, certamente, poderá caber impugnação.
Para isso partimos do princípio processual constante do art. 436 do CPC, pois não é dado ao
magistrado delimitar seu poder de julgar às conclusões de um perito nomeado,
até porque, se assim o fosse, não haveria necessidade de um julgador, tal qual o juiz da causa.
Para isso, o Código Processual Civil Brasileiro traz que o Juiz não está adstrito
ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos
autos.
Logo, o mundo das provas deve ser interpretado como forma exauriente, na procura da
verdade real, ou seja, da única verdade. Não podendo haver um julgamento sem que
se tenha alicerce suficiente para comprovar e dar base para sentença ou acórdão. Se um
médico especialista relata algo e um médico perito discorda, certamente tais
condutas necessitam e merecem ser investigadas (pelo CRM) para apuração das
responsabilidades, primando pela segurança da classe e também do paciente.
Segundo o Ilustre Processualista e professor Fredie Didier Jr (2015, p. 289 - interpretado), O
CPC estrutura a produção de prova pericial considerando a necessidade de um
controle jurisdicional mais efetivo sobre a perícia. Partindo-se da premissa de que permitir a
avaliação livre dos juízes sobre a prova pericial, no que diz respeito a sua
cientificidade ou a sua tecnicidade, poderia conduzir ao que se chama de “junk science”, isto, é
uma falsa ciência, daí o estabelecimento de critérios objetivos que auxiliem
o juiz no controle da perícia, de modo a assegurar que seja trazido ao processo jurisdicional
conhecimento seguro e confiável, “no sentido de representar de maneira
fidedigna aquilo que é aceito pelos especialistas da área”.[39]
É sobre tais critérios objetivos que o legislador trouxe o Capítulo das Provas no novo CPC,
para o devido controle da prova pelo juiz no momento da valoração das provas e
explicitado na fundamentação da sentença, com ênfase na necessidade de o controle judicial
da perícia começar antes mesmo da sua realização. Por isso, DIDIER (2015, p.
290) salienta que cabe ao juiz avaliar previamente, não só sua necessidade, utilidade,
viabilidade e licitude, mas também exigir que o perito “indique e comprove suas
especialidades e a capacidade para auxiliar no acertamento dos fatos técnicos-científicos”
(arts. 156, 157, §2º, 465, §2º, II, 473, CPC).[40]
25/06/2018 O valor das provas nos requerimentos de benefícios por incapacidade -
Previdenciário - Âmbito Jurídico
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=20 7/9
Portanto, a produção de prova técnica judicial, quando necessária, deve ser realizada por
especialista que demande conhecimento cientifico e técnico, com formação
acadêmica na área objeto do seu depoimento (art. 464, §4º, do CPC). Sendo que as razões de
perito, sem especialidade técnica, não devem e não podem ser sobrepostas às
de médico especialista, quando muitas vezes, da própria rede SUS.
Ademais, opinião de perito não especialista na área clínica da morbidade que enfrenta o
segurado, data máxima vênia, não possui grau de conhecimento técnico adequado
para avaliação do paciente.
Como se pôde ver, o legislador, no novo CPC, foi mais conservador e exigiu perito
especializado no objeto da perícia, é o que deve ser suplicado. Não podendo, portanto,
inovar-se em ato contrário ao novo ordenamento. Pense-se, por exemplo, na seguinte situação:
o juiz dispensa a realização de prova pericial específica e decide com base
em seus conhecimentos. Se a parte interpuser recurso de apelação contra essa decisão, o
órgão de segundo grau, cujos membros não necessariamente terão esse mesmo
conhecimento, ficará sem subsídios para apreciar o recurso.[41]
Conforme os ensinamentos de GOLVEIA, o magistrado deve buscar e deferir provas
elementares e essências para que a verdade real apareça nos autos, ou seja, apreciar a
necessidade de perícia especializada para manutenção da vida e da subsistência digna do
segurado, deferindo-se, sempre que necessário, quesitos complementares,
suplementares, os aclaratórios do artigo 435 do CPC, impugnações das partes, dentre outros
requerimentos legais.
Tais elementos e procedimentos são compatíveis com o pleito previdenciário, não devendo ser
descartados, inclusive no rito do Juizado Especial Federal que, apesar de
pautar-se pelos princípios da simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
deve zelar para chegar-se a verdade real na demanda.
Com tais efeitos, as provas, tanto pericial, como testemunhal, devem ser deferidas para fins de
atingir o maior número de contingências possíveis, com vistas a distinguir-se
as circunstâncias do caso concreto e não se restringir-se apenas ao enquadramento legal dos
artigos 42, 59 e 86, ambos da Lei 8.213/91.
Ademais, a própria avaliação do Magistrado se direciona à análise global, podendo, inclusive,
suplantar laudo perícia por sua expertise, como nos dizeres do artigo 375, do
CPC/2015: “O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação
do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica,
ressalvado, quanto a estas, o exame pericial”.
Neste mesmo sentido leciona o Ilmo. Profº. Marco Aurélio Serau Jr (2015, p. 134/135)[42], cita-
se:
“O objetivo da perícia médica judicial em matéria previdenciária não é (e não deve ser) informar
se há (ou houve) incapacidade laborativa no presente ou no passado. A
conclusão pela existência ou não de capacidade laborativa, essência da lide previdenciária é
encargo atribuído ao juiz, que não deve perder de vista a natureza dinâmica e
personalíssima da incapacidade laborativa diante do contexto social de vida do cidadão que
busca a tutela judicial”. (Grifou-se)
Importante tornar a tecer algumas considerações quando a nulidade da alegação de
indeferimento de impugnação ao perito ou a perícia, sob o pretexto que o expert é da
confiança do juízo que o nomeou. Ser de confiança do juízo é o que, automaticamente, se
espera, inclusive, que tal confiança seja refletida para todas as partes do
processo, mas, somente por meio dos procedimentos e garantias do devido processo legal
(arts. 473; 464, §4; 435; 375; 479, 465, §2º, inciso II, do CPC), que as partes
poderão confiar na conclusão pericial realizada, o que trará, certamente, a verdade e os fatos
reais ao processo. Em não o fazendo, estar-se-á diante de um evidente e claro
Ato Atentatório Contra a Dignidade da Justiça. Portanto, desfundamentado tal argumento.
Para aclarar a necessidade dos procedimentos, tem-se alguns julgados da Turma Nacional de
Uniformização (TNU)[43], sob efeitos de Questão de Ordem, nº 16 e 20, onde
estabelecem que o “exame de provas sobre matéria de fato que foram requeridas e não
produzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a
sentença ou acórdão da Turma Recursal deverá ser anulado para que tais provas sejam
produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva Turma Recursal
vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.[44]
Dessa forma, quando a perícia judicial não for realizada com a técnica necessária, ela não
cumprirá seu papel, que é de trazer elementos mínimos necessários a elucidação
da lide e acabará por induzir o magistrado a erro, porque as respostas periciais categóricas
sem qualquer fundamentação, se revestem de autoritarismo e contribui para o
que é chamado de decisionismo processual. Em face da falta de referências fáticas
determinadas, a solução judicial se traduziria em uma subjetividade desvinculada ao
fato, resultando mais de valorações e suspeitas subjetivas do que de circunstâncias de fato
(FERRAJOLI, citado por SAVARIS, Direito Processual Previdenciário. Curitiba:
Juruá, 2009, p. 221).
Assim, com base no exposto, mesmo diante de provas produzidas por perícia, o magistrado
não estará adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos.
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou analisar o âmbito das provas no universo
dos benefícios por incapacidade do Direito Previdenciário e demonstrou a
importância dos relatórios médicos trazidos aos requerimentos.
Ao conflitar-se o ordenamento processual civil vigente e a legislação médica na pratica
previdenciária, verificou-se dados consistentes que permitiram evidenciar,
principalmente nas condutas periciais, alguns equívocos, como por exemplo, procedimentos
que extrapolam os limites ou não se atentam a abrangência da atuação médica e
de competência permitidas e, ainda, o desrespeito a prescrição ou a tratamento de paciente,
autorizando, vetando, bem como modificando procedimentos propedêuticos ou
terapêuticos instituídos por outro médico. Práticas comumentes, porém, expressamente
vedadas pelo Conselho Federal de Medicina.
Como se pôde ver, para coibir tais práticas, o legislador, no CPC/2015, foi mais conservador e
formalizou maneiras de recepcionar as provas, sempre com provas técnicas e
adequadas, com amparo e proteção à ampla defesa.
Nestes termos, toda pericia que não respeitar as exigências instituída pelo código processual
civil vigente e a legislação da categoria profissional que está abarcado, deverá
ser impugnada e declarada nula.
Conclui-se, portanto, que procedimentos equivocados devem ser identificados e fiscalizados.
Toda conduta que ultrapassar os limites devem ser punidos pelo Conselho
Regional de Medicina a que estiverem inscritos e, ao poder judiciário, cabe, necessariamente,
intervir, para que, paralelamente às resoluções médicas, possam acompanhar,
como fiscalizador da lei, os procedimentos administrativos e judiciais.
Assim, dada à importância da matéria em debate, torna-se necessário o desenvolvimento de
maneiras integradas para controlar as demandas incapacitantes e valorar as
provas adequadamente, com vistas a cumprir Código de Ética Médico e Processualista Civil,
em garantia ao art. 59 da Constituição Federal do Brasil, mantendo-se fiel à
hierarquia proposta.[45]
Concluindo-se, por fim, enfatizar pelo viés do bom senso (o qual, em síntese, deve sempre
informar o direito e orientar a prática da justiça) “que não é crível e nem
razoável imaginar que uma pessoa iria se sujeitar às agruras de um procedimento
judicial acaso realmente não precisasse deste caminho para manter a sua saúde,
e nem tampouco, que um profissional médico se arriscasse a ter sua indicação de
tratamento questionada (acaso não fosse pertinente ou apropriada a sua
prescrição)”.[46]
Referências
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BRASIL – LEI 12.842 de 10 de julho de 2013. Dispõe sobre o exercício da Medicina.
BRASIL - LEI 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da
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SOUZA, Alberto Bezerra de. A Teoria na Prática: Responsabilidade Civil. Fortaleza: Judicia
Cursos Profissionais, 2013.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU). Súmulas. Disponível em:
<http://www.agu.gov.br/atos/detalhe/28325>. Acesso em: 26/05/2017, às 01:33h.
Tema 579 - Repercussão Geral - Recurso Extraordinário (RE) 581.488/RS, rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 3/12/2015, acórdão pendente de publicação.
WAMBIER, Liz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. Vol. 2. [Livro Eletrônico]:
Cognição Jurisdicional. São Paulo: ed. Revisto Dos Tribunais, 2016.
Notas
[1] Art. 201 da Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF).
[2] O texto legal da Lei 8.213/91, preceitua o direito a concessão nos artigos 42 (aposentadoria
por invalidez), 59 (auxílio-doença) e 86 (auxílio-acidente).
[3] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
[4] Este artigo não irá exaurir todas as conceituações do Direito Previdenciário em razão da sua
limitação com relação a sua extensão. Qualidade de segurado vide art. 11 e
seguintes da Lei 8.213/91.
[5] Princípio do status quo ante. “A reparação decorrente de ato ilícito se efetiva no sentido de
restaurar o status quo ante, colocando a coisa danificada no mesmo estado
em que se encontrava antes do advento da
Lesão”. SOUZA, Alberto Bezerra de. A Teoria na Prática: Responsabilidade Civil. Fortaleza:
Judicia Cursos Profissionais, 2013, p. 662
[6] Arts. 42/47 da Lei de Benefícios 8.213/91 e arts. 43/50 do Decreto Reg. da Previdência
Social 3048/99.
[7] Arts. 59/63 da Lei de Benefícios Lei 8.213/91 e arts. 71/80 do Decreto Reg. da Previdência
Social 3048/99.
[8] Art. 86 da Lei de Benefícios 8.213/91 e art. 104 do Decreto Reg. da Previdência Social
3048/99.
[9] AMADO, Frederico. Direito Previdenciário: Benefícios e Serviços do Regime Geral de
Previdência Social. 4ª Ed. Bahia: Ed. JusPodivm, 2016, Pag. 225.
[10] Disponível em: <http://www.agu.gov.br/atos/detalhe/28325>. Acessado em: 26/05/2017, às
01:33h.
[11] Vide tópico “1” deste artigo.
[12] A aptidão deve ser em grau ótimo, vide tópico 2.2 a seguir.
[13] BERLINGUER, G. A. Saúde nas Fábricas. Rio de Janeiro: CEBESHUCITEC-OBORÉ,
1983, pág. 16.
[14] Termos do Recurso Extraordinário nº 631240. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7168938. Acesso em
13/06/2017.
[15] Médico assistencialista e médico perito.
[16] Código de Processo Civil; Código Penal; Código Civil
[17] Resoluções do Conselho Federal e Regional de Medicina; Leis dos Atos Médicos nº.
12.842-2013; Resolução do Código de Ética Médico nº 1.931/2009.
[18] A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a
Saúde, frequentemente designada pela sigla CID (em inglês: International
Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD) fornece códigos
relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas,
aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou
doenças. Disponível em: <http://www.cid10.com.br>. Acesso em: 15/06/17, às
01:26h.
[19] [OMS] Organização Mundial da Saúde, CIF: Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde [Centro Colaborador da Organização Mundial da
Saúde
para a Família de Classificações Internacionais, org.; coordenação da tradução Cassia Maria
Buchalla]. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo - EDUSP; 2003.
[20] Repercussão Geral - Tema 579 – Recurso Extraordinário (RE) 581.488/RS, rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 3/12/2015, acórdão pendente de publicação.
[21] TRF-1 - AC: 29037 GO 2005.01.99.029037-9, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
JOSÉ AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 12/09/2007, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicação: 24/09/2007 DJ p.25. e TRF-4 - AG: 1294 PR 2007.04.00.001294-0, Relator: LUIZ
ANTONIO BONAT, Data de Julgamento: 10/04/2007, QUINTA TURMA, Data de
Publicação: D.E. 26/04/2007.
[22] DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil Conforme Novo CPC: teoria da prova, direito probatório,
decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 10ª Edição. Salvador: Ed.
JusPodivim. 2015. Pág. 266.
[23] Ibidem, p. 267.
[24] [INSS] Instituto Nacional de Previdência Social. Manual de Pericias Médicas do INSS.
Versão 2. Capítulo 5, p. 26-27
[25] TRF da 2ª Região, AC 99.02.04693-2, 2ª Turma, Rel. Des. Fed. Guilherme Couto, j.
09.10.2001.
[26] Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-previdencia-
social>. Acesso em: 13/06/2017, às 02:28h, p. 46.
[27] “100 Maiores Litigantes”. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-
judiciarias/Publicacoes/100_maiores_litigantes.pdf. Acesso em: 13/06/2017, às
03:00h.
[28] “Justiça em Números – 2013”. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-
justica-em-numeros>. Acesso em: 13/06/2017, às 03:10h.
[29] Alguns indicadores: Casos Novos por Magistrado; Casos Novos por Servidor; Carga de
Trabalho por Magistrado; Carga de Trabalho por Servidor; IPM – Índice de
Produtividade dos Magistrados; IPS-Jud – Índice de Produtividade dos Servidores da Área
Judiciária; O Índice de conciliação; Recorribilidade interna; Recorribilidade externa;
O Índice de processos eletrônicos; O IAD – Índice de Atendimento à Demanda; Taxa de
Congestionamento;
[30] Vide tópico 2.1 (Da Conduta Médica)
[31] DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil Conforme Novo CPC: teoria da prova, direito probatório,
decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 10ª Edição. Salvador: Ed.
JusPodivim. 2015. Pág. 270 e 290.
[32] GOUVEIA, Carlos Alberto Vieira de. Benefícios por Incapacidade & Perícia Médica:
Manual Prático. 2ª Ed. Ctba: Juruá. 2014. Capitulo das Pericias Médicas, pag. 193-
215.
[33] DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil Conforme Novo CPC: teoria da prova, direito probatório,
decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 10ª Edição. Salvador: Ed.
JusPodivim. 2015. Pag. 276
[34] CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito
Previdenciário. 20ª Ed. Revisada, Atualizada e Ampliada, Rio de Janeiro: Ed Forense.
2017. Pag. 495.
[35] SCHIAVI, Mauro. Provas no Processo do Trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2011.
[36] LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4 ed. São
Paulo: Ltr, 2006.
[37] TJ-SC - AC: 20130212760 SC 2013.021276-0 (Acórdão), Relator: Francisco Oliveira Neto,
Data de Julgamento: 08/07/2013, Segunda Câmara de Direito Público Julgado)
[38] PEDILEF nº 50032658120124047104, rel. Juiz Federal André Carvalho Monteiro, j.
16.08.2013.
[39] DIDIER JR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de
Direito Processual Civil Conforme Novo CPC: teoria da prova, direito probatório,
decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 10ª Edição. Salvador: Ed.
JusPodivim. 2015, p. 289.
[40] Ibidem, p. 290.
[41] Ibidem, p. 168.
[42] SERAU Jr., Marco Aurélio e FOLMANN, Melissa. Previdência Social: em busca da
Justiça Social. A análise da incapacidade laborativa e o deferimento de benefícios
previdenciários. São Paulo: LTr, 2015, p.134/135.
[43] DPU consegue reconhecimento de necessidade de perícia por especialista.
Disponível em: <https://dpu.jusbrasil.com.br/noticias/204118608/dpu-conseguereconhecimento-
de-necessidade-de-pericia-por-especialista>. Acesso em: 1905/2017, às 03:15h.
[44] Decisão TNU no Processo 5000889-44.2011.4.04.7109.
[45] Para Kelsen, (...) o Direito não é senão um sistema de preceitos que se concatenam, a
partir da Constituição, que a norma fundamental manda cumprir (...). Consiste
essa doutrina em dizer que para o jurista a realidade não pode ser vista a não ser como
sistema de normas que se concatenam e se hierarquizam. Todo o mundo jurídico não
é senão uma seqüência de normas até atingir, sob forma de pirâmide, o ponto culminante da
norma fundamental, que é "condição lógico-transcendental" do conhecimento
jurídico. (REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19ª Ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1999, p. 476).
[46] TJ-PR - APL: 13516633 PR 1351663-3 (Decisão Monocrática), Relator: Guido Döbeli, Data
de Julgamento: 19/06/2015, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1591
24/06/2015
Marco Isnel Gütz
Advogado. Bacharelado em Direito pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci (UNIASSELVI).
Pós-graduado em Direito da Seguridade Social com Certificação latu sensu pela
Universidade Cândido Mendes (UCAM). Pós-Graduando em Direito do Trabalho e
Previdenciário pela FACEL. Cursando MBA em prática Previdenciária pela UCAM.
Informações Bibliográficas
GüTZ, Marco Isnel. O valor das provas nos requerimentos de benefícios por incapacidade. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 165, out 2017. Disponível em: <
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19734&revista_caderno
=20
>. Acesso em jun 2018.__

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