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NOÇÕES DE MICROECONOMIA

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Capítuulo 6: Curvas de oferta e de demanda

Dois conceitos em que conseguimos analisar o mercado são os de demanda e


oferta, é o que faremos a seguir:

1. Curvas de demanda e de oferta

Os agentes econômicos que atuam no mercado podem ser divididos em dois grandes
grupos: Os que vendem bens e serviços e são chamados de ofertantes e os que compram
bens e serviços, e são chamados de demandantes.

A quantidade de bens e serviços demandada assim como a quantidade ofertada no


mercado vai depender de uma série de fatores, dentre os quais o mais importante é o
preço. Quando o preço de um bem aumenta, mantido as outras condições constantes
( ceteri paribus ), a quantidade demandada deve diminuir, uma vez que o preço alto
representa um desestímulo ao seu consumo. Por outro lado, a oferta deve aumentar, pois
o preço alto representa um estímulo aos produtores desse bem, pois possivelmente isso
deve sua receita e provavelmente aumentar seu lucro.

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Disponível em: http://aula.mass.pe/sites/default/files/images/22.jpg. Acesso Nov. 2013

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As curvas de oferta e demanda são curvas que representam a relação entre a
quantidade demandada e o preço assim como a relação entre as quantidades ofertadas e
o preço.

Curvas de demanda e oferta.


preço
Excedente S

E
pe
D
Escassez

qe quantidade

2. Deslocamento da curva de demanda

Na construção dessa curva, levamos em conta que todos os fatores, exceto o preço,
são mantidos constantes ( condição ceteris paribus ). Quando qualquer outro fator, que
não o preço se modifica provoca uma mudança na posição da curva de demanda,
dizemos então que ela se desloca. Vamos analisar alguns dos fatores que provocam o
deslocamento da curva de demanda.

2.1 A Renda do consumidor

A renda do consumidor exerce forte influencia na demanda de bens e serviços.


Mantendo o preço constante, comumente um aumento na renda do consumidor, provoca
um aumento no consumo de bens e serviços. Quando a relação entre a quantidade
consumida do bem e a renda do consumidor varia de forma de direta, isto é, o aumento
da renda provoca o aumento no consumo do bem, mantido o preço constante, dizemos
que esse bem é um bem normal. Entretanto, podemos ter caso em que um aumento na
renda do consumidor, provoca uma diminuição no consumo de um determinado bem,
assim dizemos que esse bem é um bem inferior. Temos então dois tipos de bens, bem
inferior e bem normal. Podemos dizer que um aumento na renda do consumidor
provoca um deslocamento na curva de demanda de bens inferiores para a esquerda.
Assim como o aumento na renda do consumidor provoca um deslocamento da curva
para a direita no caso de bens normais.

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2.2 Preço de outros bens

Sabemos que o preço de qualquer bem ou serviço é um fator que o consumidor leva
em conta ao realizar seu consumo. Comumente um aumento no preço leva o
consumidor a pensar duas vezes e isso altera a posição da curva de demanda. Além do
preço do bem destinado ao consumo, o preço de outros bens pode modificar a
preferência do consumidor. A preferência do consumidor pode determinar o consumo
de um bem que tem um efeito parecido, por exemplo: coca-cola e pepsi-cola, viagem
marítima e viagem aérea, etc. Assim,
temos o conceito de bens substitutos.

Dois bens são ditos 2substitutos


quando o aumento no preço de um
deles provoca o aumento no consumo
do outro. Isto é, os consumidores
tendem a substituí-lo, ainda que
parcialmente pelo outro. Assim,

mantido o preço do bem alternativo, seu consumo


aumenta, deslocando sua curva de demanda para
direita. Quando há esse deslocamento temos um novo
ponto de equilíbrio em que existe um aumento do
preço e da quantidade consumida.

Dois bens são ditos 3complementares, quando


são consumidos conjuntamente. Por exemplo: café e
açúcar, meias e sapatos, etc. O aumento no preço de
uma delas, mantido o preço da outra constante, leva a
uma diminuição no consumo da outra. Isso provoca o
deslocamento da curva de demanda do bem dito
complementar para a esquerda, com o novo ponto de
equilíbrio reduzindo o preço e a quantidade
consumida.

2.3 Preferências do consumidor

Não podemos deixar de lado as preferências do consumidor. A escolha entre


consumir mais ou menos passa também pela preferência do consumidor. Portanto, uma
campanha publicitária bem sucedida, provoca um aumento na demanda por determinado
bem ou serviço e desloca para a direita a curva de demanda. Também algum fato

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Disponível em: http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html. Acesso: Nov. 2013
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Disponível em:
http://s2.glbimg.com/KC8j_eyN0U_vxHZUaol18VZFZoY=/300x397/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2013/
05/24/acucar_cafe_euatleta_get.jpg. Acesso: Nov. 2013

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negativo que afeta a imagem de algum bem ou serviço, provoca um deslocamento da
curva de demanda para esquerda.

Deslocamento da curva de demanda.


p
S

Ef
pe f

Ei Df
pei
Di

qei qef q

3. Deslocamento da curva de oferta

Sabemos que não apenas o preço exerce influência na oferta de um bem no


mercado. Outros fatores também contribuem para que isso ocorra. Vamos analisar a
influência de outros fatores na modificação da curva de oferta de bens e serviços.

3.1 Preço dos insumos de produção

Quando reduzimos o custo de produção de um bem deslocamos sua curva de oferta


para a direita. Se uma diminuição no preço dos insumos reduz o custo de produção,
então, o preço dos insumos provoca modificação na posição da curva de oferta. O
deslocamento da curva de oferta para a direita provoca a diminuição do preço de
equilíbrio.

3.2 Inovação em tecnologia

Uma melhoria nas condições tecnológicas, um novo processo de produção, novos


produtos tecnologicamente mais eficientes acarreta uma redução no custo de produção

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de bens e serviços. A redução de custos de produção vai refletir diretamente no preço ao
consumidor e altera a posição da curva de oferta, pois há uma redução no preço.

3.3 Preço de bens correlacionados na produção

Deslocamento da curva de oferta.


p S
S’

pei Ei
f
Ef
pe

qei qef q

4.Elasticidade

Sabemos que quando há uma diminuição no preço de um bem, se o bem é normal


sua quantidade consumida aumenta, sabemos, portanto, a direção dessa variação. Não
sabemos a magnitude. Do lado da oferta ocorre o mesmo, aumentarmos o preço de um
bem sabemos que sua oferta aumenta, sabemos a direção, entretanto, também não
sabemos a magnitude desse aumento. O conceito de elasticidade nos permite determinar
essa magnitude.

4.1 Elasticidade preço da demanda

Suponha que haja uma pequena variação percentual no preço de um bem ( ∆p / p ) e


que isso acarrete uma pequena variação percentual na quantidade demandada desse bem
( ∆q / q ), definimos então a elasticidade como:

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Ou de forma mais compacta, considerando, que o preço e quantidade são variáveis
continuas:

A elasticidade preço da demanda é uma medida da sensibilidade da demanda a


variação do preço. Podemos verificar facilmente que a elasticidade pode ser maior (
demanda elástica ), menor ( demanda inelástica ), ou igual( elasticidade preço unitária ),
a 1.

4.1.1 Demanda elástica

Nesse caso, temos | ε | > 1. Assim observamos que uma variação percentual na
quantidade consumida é maior do que a variação percentual do preço do bem. Se a
demanda é elástica temos que uma redução no preço provoca uma elevação mais que
proporcional na quantidade consumida.

4.1.2 Demanda inelástica

Nesse caso, temos | ε | < 1. Assim observamos que uma variação percentual na
quantidade consumida é menor do que a variação percentual do preço do bem. Se a
demanda é inelástica temos que uma elevação no preço provoca uma redução
relativamente menor na quantidade consumida.

4.1.3 Elasticidade preço unitária

Nesse caso, temos | ε | = 1. Assim temos uma variação percentual na quantidade


consumida exatamente igual à variação percentual do preço do bem. Se a demanda tem
elasticidade preço unitária temos que uma elevação no preço do bem provoca uma
redução exatamente igual na quantidade consumida.

5.Elasticidade preço da demanda e a receita de vendas

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Uma aplicação clássica e uma interpretação excelente do conceito de elasticidade é a
análise de como a receita de vendas de um bem varia quando temos uma variação no
preço do bem. Sabemos que a receita de vendas é dada por:

RV = p.q

Onde: “ RV “ representa a receita de vendas;

“ p “ representa o preço do bem;

“ q “ representa a quantidade demandada.

Vamos admitir que houve uma pequena variação no preço, ∆p e que isso provocou
uma pequena variação na quantidade demandada, ∆q e assim haveria mudança também
na receita de vendas que sofreria uma variação dada por:

∆RV = ( q + ∆q ) . ( p + ∆p ) - p . q ou ∆RV = q . ∆p + p . ∆q + ∆p . ∆q

Considerando que ∆p é suficientemente pequeno temos que ∆q também seria


pequeno, e assim podemos desprezar ∆p . ∆q e ficaríamos com a variação da nova
receita de vendas dada por:

∆RV = q . ∆p + p . ∆q que podemos escrever como segue:

∆RV = q.∆p.( 1 + p / q . ∆q / ∆p ) = q.∆p.( 1 + ε ) = q.∆p.( 1 - | ε | )

Com essa equação podemos fazer a análise de como varia a receita de venda
quando variamos o preço do bem.

Assim, podemos afirmar que se | ε | < 1, ou seja o bem apresenta uma demanda
inelástica, a variação da receita de venda, ∆RT terá o mesmo sinal de ∆p, ou de um
outro modo, uma redução no preço do bem provocará uma redução de sua receita de
vendas.

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Se a elasticidade for unitária, | ε | = 1, uma variação no preço não terá nenhum
efeito na variação da receita de vendas desse produto.

Através dessa análise, vemos a importância de se conhecer a elasticidade da


demanda de um bem, pois assim podemos prever o que ocorre com a receita
proveniente da venda desse bem ao tomarmos medidas que provoquem variação de seu
preço. Vejamos alguns fatores que afetam a elasticidade preço da demanda.

6. Fatores que afetam a elasticidade preço da demanda

6.1 Disponibilidade de bens substitutos

O fato do consumidor ter uma ampla condição de escolha, lhe permite substituir
rapidamente um bem quando seu preço aumenta, assim quanto maior for a quantidade
de bens substitutos maior será sua elasticidade.

6.2 Participação do bem no orçamento do consumidor

O fato de existir bem cuja participação na renda do consumidor é elevada faz com
que ele dê mais atenção as variações desse bem do que outros. Assim, um aumento no
preço desse bem leva esse consumidor a diminuir substancialmente seu consumo, ou
seja, quanto maior for a participação desse bem no orçamento do consumidor maior é
sua elasticidade.

6.3 Essencialidade do bem

No caso de produtos essenciais, o consumidor não tem muito como reduzir seu
consumo quando seu preço aumenta. Assim, bens essenciais apresentam demanda
inelástica.

6.4 Tempo

Para um determinado bem, quanto maior for o tempo de análise mais elástica será
sua demanda, pois como o tempo é suficiente, o consumidor sempre terá tempo para
encontrar bens substitutos aumentando assim a elasticidade.

7. Elasticidade Renda da demanda

Também podemos verificar a relação entre a quantidade consumida de


determinado bem quando varia a renda do consumidor. Isso é feito através de conceito
de elasticidade Renda da demanda. Definimos a elasticidade renda da demanda como a
variação percentual na renda do consumidor e a consequente variação na demanda do
bem. Ou seja:

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∆q / q
ε = = R / q . ∆q / ∆R
∆R / R

Ou empregando uma notação mais compacta, considerando que a quantidade consumida e


a renda são vaiáveis continuas:

A elasticidade renda da demanda é uma medida da sensibilidade da demanda a


variação da renda do consumidor. Assim podemos ter:

7.1 εR < 0. Nesse caso, a quantidade consumida do bem diminui com o aumento da
renda do consumidor indicado que se trata de um bem inferior.

7.2 0 < εR ≤ 1. Nesse caso, a quantidade consumida do bem aumenta com o


aumento da renda do consumidor, porém em proporção menor que a variação desta
renda. Trata-se, portanto, de um bem normal.

7.3 εR > 1. Nesse caso, a quantidade consumida do bem aumenta proporcionalmente


mais que o aumento da renda. Chamamos esse bem de bem superior.

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