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Há muitos detalhes registrados por Mateus que forma um paradigma com o êxodo
de Israel do Egito.
Mateus Êxodo
3.13 14
3.17 4.22
4.1 15.22
4.1-11 16-17
4.2 34.28
5.1; 8.1 24.15-17
8.9 7-12
É extraordinário o paralelo que Mateus faz nos primeiros capítulos entre Jesus e
os relatos tocantes a Moisés e o êxodo israelita, conforme abaixo pode ser visto:
Jesus O Povo de Israel
Vai para o Egito por causa de José (2.13) Vai ao Egito por causa de José
Permanece no Egito (2.14-15) Permanece no Egito
Herodes manda matar os meninos (2.16) Faraó manda matar os meninos
Jesus foi salvo da matança Moisés foi salvo da matança
Jesus voltou do Egito (2.19-23) Israel volta (sai) do Egito
(êxodo 4,20) Então Moisés levou sua mulher e seus filhos montados num jumento e
partiu de volta ao Egito. Levava na mão a vara de Deus.
"Filho de Davi", por exemplo, aparece logo no seu primeiro versículo, identificando Jesus
com o Messias davídico (1.1; 9.27; 12.23; 15.22; 20.30,31; 21.9,15), é sintomático que
esse título aparece sempre nos lábios dos necessitados. Mas o título Kyrios (Senhor) é o
mais usado por Mateus [enquanto Marcos o utiliza apenas uma vez]. É palavra que vai
desde o "senhor" da linguagem quotidiana (13.27) até à confissão da Divindade (8.2; 8.6-8;
8.21; 9.28; 15.22,25,27; 17.15; 20.31,33) e Pedro e os discipulos também utilizam (8.25;
14.28,30; 16.22; 17,4; 18,21; 26.22). Ele também se utiliza de outros títulos
como: Messias, Filho do Homem, Filho de Deus.
A Igreja
Somente Mateus registra um ensino especifico sobre a Igreja. E nas três vezes em que a
palavra aparece são provenientes da boca de Jesus (16.18 e 18.17 duas vezes), se
revestindo de grande importância. Na primeira referência Jesus declara ser o fundamento
da Igreja que haveria de surgir após sua ressurreição, na segunda é estabelecido o padrão
de autoridade e disciplina da Igreja. Mas por não aparecer em nenhum outro dos
evangelhos muitos estudiosos sugerem que estas palavras foram colocadas na boca de
Jesus num momento posterior, quando do estabelecimento das comunidades cristãs.
Porém, não há fundamento para tal suposição.
Escatologia
Mateus tem um interesse peculiar pelas questões escatológicas. Provavelmente é um
reflexo da expectativa vivida pelos primeiros cristãos que aguardavam a Parousia ainda
para os seus dias. O chamado sermão escatológico (24-25) é a expressão maior desta sua
preocupação. Mas ele não confina seus elementos escatológicos apenas neste grande
discurso e podemos perceber isto em algumas parábolas como a do joio (13.36) e dos
talentos (25.30), que são exclusivas dele.
O Pai
"Deus é visto como o Pai que tem uma presença soberana e permanente sobre o mundo.
Esta presença é vista por meio do programa de Jesus, uma realização das promessas de
Deus. Sua presença também é vista na forma como Jesus exerce juízo sobre Israel por
meio da promessa de juízo do templo. A soberania de Deus sobre o mundo emerge por
intermédio do Messias, que tem a responsabilidade no juízo final. Os discípulos têm o
benefício de chamar a Deus de Pai". [2] Contrastar com a Igreja e o “seu único filho”
José
A simples leitura comparativa entre Mateus e Lucas nos possibilita percebermos que o
segundo coloca em destaque a figura de Maria enquanto Mateus dá destaque na figura de
José. Não há qualquer incompatibilidade nisto pois cada evangelista tem seus próprios
motivos e razões para compor suas narrativas.
Como vimos anteriormente, na genealogia elaborada por Mateus, a figura de José
adquire certa relevância, visto que ele é o descendente direto da linhagem davídica. Ainda
que ele não tenha “gerado” o bebê, como tão bem esclarece o evangelista, José é o “pai”
no sentido “legal” que fornece as credencias oficiais para que Jesus reivindique seu ofício
messiânico
José é colocado diante do mistério da Encarnação do Filho de Deus. Ainda mais, a ele é
dado o privilégio de nomear o bebê (v. 21)[6] com o nome maravilhoso e sublime de Jesus
(Jeová é Salvação)
DESTINATÁRIOS
As evidências externas apontam claramente para um público judeu. Desde Papias,
passando por Ireneu, Origenes, Eusébio de Cesaréia e Jerônimo é unanime o testemunho
de que Mateus escreveu seu Evangelho aos judeus.
Mas há também várias evidências internas (critérios literários) que corroboram para esta
mesma conclusão. Os melhores criticos concordam em reconhecer o espírito palestinense e
judaico da obra. Desde as primeiras linhas encontramo-nos submergidos nas memórias e na
atmosfera do Antigo Testamento, que se constitui no fundamento da fé judaica.
O autor pressupõe que seus leitores compreendem as particularidades e sutilezas da
língua hebraica e/ou aramaica, bem como os costumes religiosos e a geografia da
Palestina, pois não tras nenhuma explicação adicional à sua narrativa. Mateus utiliza
abundantemente da linguagem religiosa israelita, pouco inteligível aos não iniciados no
judaismo. Mateus utiliza copiosamente o estilo literário semita, tais como: Os vários
tipos de paralelismo – para realçar a idéia dominante em determinados episódios.
A inclusão onde se coloca uma frase no inicio e no fim de uma seção para emoldura-la.
Neste evangelho particularmente os escribas e fariseus são fortemente confrontados
demonstrando que os seus leitores ainda eram fortemente influenciados por eles.
Autoria
Evidências Internas: Podemos encontrar ao menos sete evidências dentro do livro que
indicam a possível autoria de Mateus:
a. Familiaridade com a Nação: O autor estava familiarizado com a geografia (2:23),
oscostumes Judaicos (1:18-19), a história Judaica (ele chama Herodes Antipas "tetrarca"
ao invés de "rei"). Ele registra um debate sobre à lei do A.T. (5:17-20) e coloca
uma ênfase na missão evangelística à nação Judaica (10). A evidência está extremamente
forte para autoria de um Judeu.
b. Indicações de Semitismo na Língua: Há relativamente pouco traço Semítico em
Mateus, embora nota-se o uso abundante de “tote” (prep. de, desde, por; então, naquele
tempo -89 vezes), quando comparados com Marcos (6 vezes) e Lucas (15 vezes). Além
disto, há ocasionais assíndeto: ausência de conjunções coordenativas (uma marca da
influência do Aramaico); uso do plural indefinido (1:23; 7:16), etc. Embora o Grego de
Mateus seja menos Semítico do que o de Marcos, traz traços de tempos Semíticos — até
mesmo onde não existe no paralelo de Marcos. Se Mateus escreveu este evangelho, muito
Semitismo é facilmente explicável uma vez que ele foi um coletor de
impostos (alfândega) e portanto seria versado noGrego assim como
no Hebraico/Aramaico. Mas o fato de algum Semitismo sugere que o escritor foi um
Judeu ou que suas fontes foram Semíticas.
c. Seu Uso da Sagrada Escritura: Muitos estudiosos tem destacado a habilidade do
autor na utilização do A.T., especialmente nas citações de fórmula. Embora há muitas
citações do A.T. que correspondem à tradução da LXX, possui fórmulas introdutórias
(que não são encontradas em Marcos ou Lucas) tudo indica que estas traduções são
provenientes do Hebraico. Se é assim, então o autor provavelmente é um Judeu. Além
Disso, ele mostra grande familiaridade com a exegese Judaica contemporânea na forma
como ele usa a Sagrada Escritura.
d. Ataque aos Fariseus: Evangelho de Mateus ataca os Fariseus e outros líderes Judaicos
mais do que faz Marcos ou Lucas (cf. 3:7 16:6, 11, 12; capto. 23). Talvez a razão para
isto, em parte, deve-se a forma dura que esses líderes religiosos trataram os coletores de
impostos (eles eram associados com o pecadores e Gentios).
e. Uso Freqüente de Números: O autor faz uso freqüente de números, prática natural
aos coletores de impostos. Ele utiliza-se de divisões: em três partes, a genealogia, as
trilogias de milagres nos capítulos 8-9; cinco partes, cinco grande sermões de Jesus, todos
com a mesma fórmula de fechamento (7:28; 11:1; 13:53; 19:1; 26:1); seis correções no
emprego errado da Lei (capítulo 5); sete, parábolas de infortúnio (capto. 13); etc. Não se
pode forçar demais este argumento, senão alguém poderia dizer que um coletor de
impostos escreveu o Apocalipse! Mas ao menos isto é consistente no que concerne a
Mateus.
f. Sua Menção de Dinheiro: Mais um bom argumento é a freqüente referência do autor
às questões econômicas — mais freqüentemente que os outros escritores dos evangelhos.
Ele usa termos monetários únicos (dracma em 17:24; tributos em 17:25; talento em 18:24,
25); só ele dos sinóticos fala de ouro e prata; unicamente Mateus registra as duas
parábolas dos talentos (captos. 18, 25); e ele se utiliza da terminologia típica de coletores
de impostos ("dívida" em 6:12 onde o paralelo de Lucas trás "pecado"); "banqueiro"
(25:27), etc. Especialmente quando se compara os paralelos dos sinóticos, o uso por
Mateus de termos monetários parecem significativos. A hipótese mais razoável para isto
é que o autor estava completamente familiarizado com dinheiro e termos econômicos.
g. A Chamada de Levi: Ambos Marcos 2:14 e Lucas 5:27-28 falam da chamada de
"Levi" enquanto Mateus 9:9 chama-o "Mateus". Em todas as listas dos apóstolos se
referem a ele como Mateus (Mt 10, Mc 3, Lc 6, Atos 1). Ainda, é notável que unicamente
no primeiro evangelho é Mateus identificado como sendo "o coletor de impostos" na lista
de apóstolos. Isto pode revelar que o autor está mostrando humildade nesta referência.
No mínimo, entretanto, Evangelho de Mateus é o único que identifica o coletor de
impostos, chamado por Jesus, com Mateus o
apóstolo. Em soma, cada uma destas
evidências isoladamente dificilmente possuirá um peso maior. Mas tomadas juntamente,
há uma impressão cumulativa feita pelo leitor de que um Judeu da Palestina,
provavelmente bilíngüe, bem informado das questões monetárias, escreveu este
evangelho. A evidência externatem já sugerido Mateus como o autor; a evidência
interna nada faz para tumultuar esta impressão. Não há, portanto, fortes razões para
duvidar da autoria de Mateus.
Não são poucos os críticos modernos que questionam a autoria de Mateus e seus argumentos
são: em nenhum lugar Mateus reivindica a autoria, portanto, não poderia ter sido escrito por
Mateus; ele utiliza um evangelho escrito por uma pessoaque não foi apóstolo (Marcos), e é
muito improvável que um apóstolo fizesse isso; não tem o ‘toque’ que o relato de alguém que
tenha sido testemunha ocular deveria ter. Ainda que estes argumentos pareçam contundentes
eles não são suficientes para derrubar o testemunho daqueles que estiveram muito mais
próximos dos acontecimentos.
Autoria 2:
Cada um dos Evangelhos recebe seu nome do autor humano que o
escreveu. Embora este primeiro Evangelho, como todos os demais,
nunca especifique seu autor. Há três tipos de evidências que se torna
indispensável para se chegar a uma conclusão satisfatória sobre a
autoria do primeiro evangelho, bem como de todos os demais livros
bíblicos: o título, evidência externa e evidência interna. Verifiquemos
cada uma delas:
O Título: É aceito pela grande maioria dos estudiosos, que os títulos dos evangelhos
do Novo Testamento não estavam inseridos nos autógrafos[2], mas foram adicionados
posteriormente.[3] Em relação a este evangelho a tradição é universal: todos os
manuscritos encontrados trazem alguma espécie de inscrição referente a
Mateus.[4] Alguns estudiosos sugerem que este título foi inserido bem cedo, próximo a
125 d.C. A existência destas abundantes inscrições, mais o fato de que em nenhuma
momento o autor se identifica, fortalece bem a posição de que Mateus foi o escritor.
Evidência Externa: A declaração mais antiga de que Mateus escreveu alguma coisa
vem de Papias (100 d.C.)[5] citado por Eusébio (o pai da história da igreja, que veio a
tornar-se bispo de Cesaréia no início do século quarto - 325 d.C.), onde ele faz uma
referência difícil de ser claramente entendida em seu sentido literal :
“Mateus sumetayato (synetaxato, ‘compôs’?, ‘compilou’?, ‘dispôs [de forma
organizada]’? ) ta kocia (ta logia, ‘as declarações’?, ‘o evangelho’?)[6] em ebqaiwg
dialekto (hebraide dialekto, na ‘língua hebraica [aramaica]’?, ‘o estilo
hebraico [aramaico]’?, e cada um os eqlgmeusgm(hermeneusen, ‘interpretou’?,
‘traduziu’?, ‘transmitiu’? ) da melhor forma que pôde.”[7] Por causa destas
dificuldades os estudiosos aceitam esta referência com reservas. A opção mais
consensual é de que Papias faz referência a uma fonte de escritos copilados por Mateus
e que provavelmente ele os incorporou ao escrever o que nós temos hoje como o
“Evangelho segundo Mateus”. A conclusão possível é de que Papias está se referindo
ao apóstolo Mateus como autor de um material sobre a vida de Jesus. Se era um proto-
Mateus, “Q”, ou Evangelho propriamente dito, não o sabemos ao certo, todavia, a
autoria de Mateus quanto ao primeiro evangelho
é diretamente ou indiretamente abalizado por esta declaração.[8]
Ainda dentro das evidências externas temos a citação de Ireneu: “Mateus publicou
também um Evangelho entre os hebreus no seu próprio dialeto, enquanto Pedro e Paulo
pregavam em Roma e punham os fundamentos da Igreja.”[9] Parece óbvio que Ireneu
obtém a base desta informação de Papias (pois ele conheceu pessoalmente seu trabalho),
mas ele adiciona dois pontos interessantes: (1) o publico do trabalho de Mateus era os
Judeus (ou Cristãos Judaicos); (2) o tempo em que este trabalho foi escrito durante a
permanência de Pedro e Paulo em Roma (esta parte da tradição não recebe um testemunho
independente). Mas Ireneu adiciona um ponto interessante, uma vez que os dois
apóstolos estiveram em Roma próximo de60 d.C., isto pode ajudar a se fixar uma data
para o Evangelho de Mateus. Sucedem a estes outros como Origines, Eusébio, Jerônimo,
Agostinho que corroboram a opinião da autoria de Mateus.[10]
[7] Ireneu, Adv. Haer., III, i, 1. “Poucos eruditos modernos pensam que Mateus teve um oroginal hebraico, como se o
mesmo fosse apenas uma ‘tradução’ para o grego. Por esta razão, a maioria deles pensa que aqueles antigos
personagens se referem a alguma outra obra, talvez incorporada no evangelho de Mateus, mas não proprio evangelho
de Mateus, conforme o conhecemos hoje em dia.” CHAMPLIN, Russell Norman, op. cit., p.259.