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GABRIEL MATHEUS DELINI SILVA

CORRENTES DE TRANSMISSÃO:
Tipos, vantagens e como dimensionar
.
GABRIEL MATHEUS DELINI SILVA

CORRENTES DE TRANSMISSÃO
Ribeirão Preto
2017
Tipos, vantagens e como dimensionar

SUBTÍTULO DO TRABALHO, SE HOUVER


(Título em caixa alta, fonte Arial 16, em negrito; subtítulo em caixa alta, fonte Arial
Projeto apresentado ao Curso de Engenharia
16, sem negrito)
Mecânica da Instituição Faculdade Anhanguera
de Ribeirão Preto .
Orientador: Marco Aurélio dos Santos Diniz
GABRIEL MATHEUS DELINI SILVA

CORRENTES DE TRANSMISSÃO:

Tipos, vantagens e como dimensionar

Projeto apresentado ao Curso de Engenharia


Mecânica da Instituição Faculdade Anhanguera
de Ribeirão Preto .
Orientador: Marco Aurélio dos Santos Diniz

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Ribeirão Preto
2017
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Ribeirão Preto, dia de mês de 2017


Dedico este trabalho...

A Deus, a minha família, a Telmac e todos


aqueles que acreditaram em meu potencial.
AGRADECIMENTOS
Delini Silva, Gabriel Matheus. Correntes de Transmissão: tipos, vantagens e como
dimensionar. 2017. 45 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Mecânica) – Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto, 2017.

RESUMO

Nesta pesquisa será apresentado um estudo que auxiliará engenheiros a conhecerem


e dimensionarem transmissões de potência de maquinas e equipamentos que utilizam
correntes como método de transmissão. Para isso será listado alguns dos principais
tipos de correntes existentes no mercado mundial, suas peculiaridades e principais
aplicações. Será detalhado o método de seleção rápida de correntes segundo norma
ASME B29, cálculos referentes a potência de projeto e rendimento considerando a
necessidade de correntes de rolos simples ou de múltiplas carreiras. Também será
mostrado os tipos de rodas dentadas, sua capacidade de transmissão, número
mínimo e máximo de dentes, cálculos das dimensões básicas das mesmas.
Informações de normas regulamentadoras, catálogos, gráficos, tipos de lubrificação,
óleos utilizados, vida útil, e tudo relacionado ao assunto.
Entender as vantagens da utilização de correntes ao invés de correias, correntes
utilizadas para transporte de garrafas por exemplo, além de correntes especiais
utilizadas nos diversos seguimentos industriais e agrícolas.

Palavras-chave: Corrente de rolos; Vantagens de utilizar correntes; Como selecionar


correntes; tipos de corrente; Roda Dentada.
Delini Silva, Gabriel Matheus. Correntes de Transmissão: tipos, vantagens e como
dimensionar. 2017. 45 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Mecânica) – Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto, 2017.

ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Corrente de rolo simples ........................................................................... 15


Figura 2 - Corrente de rolos múltiplas ....................................................................... 15
Figura 3– Corrente de rolos duplo passo .................................................................. 16
Figura 4 - Engrenamento corrente silenciosa ............................................................ 17
Figura 5- Corrente Flap-Top ...................................................................................... 17
Figura 6- Corrente de Engenharia ............................................................................. 18
Figura 7- Corrente de Engenharia 2 .......................................................................... 19
Figura 8 - Componentes de uma corrente ................................................................. 20
Figura 9 - Gráfico de seleção rápida ......................................................................... 23
Figura 10- Tabela fator de fileira ............................................................................... 24
Figura 11 - Gráfico Variação velocidade x Número de dentes roda dentada ............ 25
Figura 12 - Roda dentada ......................................................................................... 28
Figura 13- Interação corrente x Roda dentada .......................................................... 30
Figura 14- Arco de contato ........................................................................................ 30
Figura 15- Tipos de rodas dentadas.......................................................................... 31
Figura 16- Roda dentada Single-Cut ......................................................................... 32
Figura 17- Roda Double-Cut ..................................................................................... 32
Figura 18- Roda dentada para corrente de engenharia ............................................ 33
Figura 19-Formato de dente roda dentada de engenharia ........................................ 34
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ACA American Chain Association
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 CONHECENDO OS TIPOS E AS VANTAGENS DE CORRENTES DE
TRANSMISSÃO ........................................................................................................ 14
1.1 TRANSMISSÃO POR CORRENTE ................................................................................................................................ 14
1.2 FUNCIONALIDADES BÁSICAS.................................................................................................................................... 14
1.3 VANTAGENS ........................................................................................................................................................ 14
1.4 TIPOS DE CORRENTES ............................................................................................................................................ 15
1.4.1 Corrente de Rolos ............................................................................................................................... 15
1.4.2 Corrente Silenciosa ............................................................................................................................. 16
1.4.3 Corrente Flap-Top ............................................................................................................................... 17
1.4.4 Corrente de Engenharia ..................................................................................................................... 18
1.5 COMPONENTES .................................................................................................................................................... 19

2 PROCEDIMENTO DE SELEÇÃO DE CORRENTES DE ROLOS ..................... 21


2.1 OBTENDO INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS .................................................................................................................... 21
2.2. DETERMINANDO O FATOR DE SERVIÇO .................................................................................................................... 21
2.3 DETERMINANDO O PASSO, OU NÚMERO DA CORRENTE ................................................................................ 22
2.4 NUMERO DE DENTES RODA DENTADA MOTRIZ E MOVIDA .............................................................................. 24
2.5 COMPRIMENTO L DA CORRENTE.............................................................................................................................. 26
2.6 VIDA ÚTIL E DESGASTE........................................................................................................................................... 26

3 RODAS DENTADAS ............................................................................................. 28


3.1 TIPOS DE RODAS DENTADAS ................................................................................................................................... 30
3.2 RODAS DENTADAS PARA CORRENTES DE PASSO LONGO ............................................................................................... 31
3.3 RODAS DENTADAS PARA CORRENTES DE ENGENHARIA................................................................................................. 33

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 35


5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 37
INTRODUÇÃO

Corrente de transmissão é um dos métodos mais utilizados para transmissão


de potência em máquinas ou equipamentos, é uma alternativa prática e econômica
para este fim. Nos principais seguimentos de produção é possível verificar correntes
em funcionamento, ao começar pelas bicicletas e motos que utilizam correntes, nas
usinas de açúcar e álcool elas são vistas nas caldeiras, e são especialmente projetas
para suportar as bruscas mudanças de velocidade e carga. São utilizadas nos
elevadores de cargas e transportadores nas industrias de papel e celulose, sucos
cítricos, grãos, automobilistica, bebidas e muitas outras. Em todos os ramos de
atividade citados acima existem correntes trabalhando.
Existe uma norma que padroniza as especificações técnicas e dimensionais
que garantem a resistência e funcionalidade esperada num projeto de transmissão de
potência, conhecer a norma e os métodos de seleção, ajuda numa escolha racional e
consequentemente econômica por evitar superdimensionamento. Desta forma, o
estudo proposto acarretará numa seleção de correntes de maneira analítica e
calculada para os mais variados equipamentos, de forma que se obtenha eficiência,
durabilidade, confiança e economia para o projeto.
Em todas as etapas de um projeto mecânico, o aprofundamento do engenheiro
sobre todos os elementos de maquinas necessários para compor o projeto é um
diferencial para além do funcionamento da máquina em seu fim propostos, fazer ela
de forma a não ter um custo elevado. A transmissão de potência é o começo de um
projeto mecânico, visto não haver movimento sem a força motriz, e não haver torque
sem transmissão, logo quando comparados correias e correntes, se vê uma diferença
considerável na eficiência em uma transmissão. Ao utilizar correntes ao invés de
correias, pode-se dimensionar um motor menos potente por exemplo, só neste
aspecto já haveria uma economia sensível no custo final do equipamento.
Engenheiros e projetistas enfrentam problemas relacionados a orçamentos
baixos e limitações materiais e intelectuais. Um dos desafios é descobrir o melhor
método de realizar a transmissão de um equipamento de forma eficiente e econômica.
Existem para tal tarefa correias, correntes e engrenagens. Porque as correntes seriam
o melhor método a ser escolhidos pelos engenheiros e projetistas?
Como objetivo geral esta revisão bibliográfica pretende elencar os principais
tipos de correntes para transmissão. Já os objetivos secundários visam primeiramente
4

detalhar o passo a passo para dimensionamento de correntes e rodas dentadas na


transmissão de potência, na sequencia mostrar os tipos de rodas dentadas e suas
principais medidas, além de descrever os conselhos que os autores das bibliografias
deste estudo dão sobre instalação e manutenção das correntes.
Como metodologia o estudo sobre “correntes de transmissão tipos, vantagens
e como dimensionar”, será realizada uma pesquisa qualitativa por meio de revisão
bibliográfica, o qual será obtido a solução do problema proposto através da
compilação do assunto abordado pelos autores, por meio de livros, fabricantes e
catálogos. Desta pesquisa, serão extraídas o máximo de informações para realização
do estudo, e a partir da análise do método de dimensionamento de correntes proposto
por cada autor, verificar os pontos semelhantes, e relacionar os pontos divergentes
de maneira que a ter no fim deste estudo uma solução para o problema proposto.
13
14

1 CONHECENDO OS TIPOS E AS VANTAGENS DE CORRENTES DE


TRANSMISSÃO

1.1 Transmissão por corrente


A transmissão de potência é feita por correntes e rodas dentadas quando a
transmissão por correias ou engrenagens não sejam possíveis, como em locais com
excesso de humidade e altas temperaturas, e pequenas distancias entre eixos
(HITTING, 1986, p.785).

1.2 funcionalidades básicas

Entre as principais funcionalidades de uma corrente, pode se destacar: Transmitir


potência, converter movimento rotacional em movimento linear, na sincronização de
movimento, e no transporte de objetos como garrafas, e até mesmo grãos de milho e
farelo de soja (no carro das correntes transportadoras) (ACA, 2006, p.41).

1.3 Vantagens

Diferente das correias, as correntes transmitem potência sem escorregamento,


transmissão silenciosa e com rendimento entre 98 e 99% (HITTIG,1986, p.785). As
correntes possuem uma ótima durabilidade, pois a tração ocorre entre superfícies de
apoio com alta dureza, projetadas para resistirem ao desgaste, além da distribuição
de carga ocorrer em vários dentes simultaneamente na roda dentada, desta forma
alternando o dente que sofrerá o esforço mecânico (REXNORD, 2014, p. 6)

Correntes podem trabalhar com cargas muito elevadas, podem ser fabricadas
com materiais especiais para resistirem a ambientes com condições de trabalho não
convencionais, como ambientes extremamente abrasivos e/ou corrosivos. Para uma
razão de velocidade angular e potência, as transmissões por correntes são mais
compactas se comparadas com as correias (COLLINS, 2006, p.617). Muitas vezes a
transmissão feita por corrente é mais simples e com menor custo se comparado com
a transmissão por engrenagens. As correntes não exigem um alinhamento tão preciso
quanto as engrenagens (ACA, 2006, p.38/39). Permite acionamento simultâneo de
vários eixos, a partir de um motor. (RAMOS DE SOUZA CRUZ, 2008, p.57).
15

1.4 Tipos de correntes

1.4.1 Corrente de Rolos

A corrente de rolos simples é a mais utilizada para a transmissão de potência


e arraste de material. A capacidade de potência nominal destas correntes abrange
uma vasta gama de cargas de acionamento requeridas pela maioria dos
equipamentos. (ACA, 2006, p.22).

ASME B29.1 Corrente de rolos simples conforme figura 1:

Figura 1 - Corrente de rolo simples

Fonte - (ACA, 2006, p.22)

Corrente de rolos múltiplas: Usadas para fornecer maior potência na


transmissão sem necessidade de aumentar o passo da corrente ou sua velocidade
linear. (ACA 2006, p.22).

ASME B29.1 Corrente de rolos múltiplas carreiras conforme figura 2:


Figura 2 - Corrente de rolos múltiplas

Fonte – (ACA, 2006, p.22)

A corrente de rolos de passo duplo: São similares as correntes de rolos simples


(possuem o mesmo diâmetro de pino, bucha, e diâmetro de rolo), a não ser pelo passo
que é duas vezes o passo da corrente simples. Aplicados para baixas velocidades,
16

cargas moderadas, ou quando as distâncias entre centros são maiores. (ACA, 2006,
p.22).

ASME B29.3 Corrente de rolos duplo passo conforme figura 3:

Figura 3– Corrente de rolos duplo passo

Fonte - (ACA, 2006, p.22)

1.4.2 Corrente Silenciosa

Também chamada de “Dentes invertidos”, consistem em uma série de placas


dentadas e articuladas de forma que permita uma flexibilidade de movimento a cada
passo. Os dentes invertidos engrenam na roda dentada como se fossem um par de
engrenagens trabalhando. São usadas em uma grande variedade de aplicações
industriais, onde o funcionamento compacto, de alta velocidade, de forma suave e
silenciosa são requeridas. Comuns nas indústrias de papel e têxtil, ventiladores
industriais e sopradores, entre outros (ACA, 2006, p.29).
17

Figura 4 - Engrenamento corrente silenciosa

Fonte - (ACA, 2006, p.29)

1.4.3 Corrente Flap-Top

Também conhecidas como “Table-Top”, estas correntes são utilizadas como


correntes transportadores de objetos nas indústrias de bebidas na locomoção de
garrafas, mas podem ser utilizadas em outras fabricas com produção em série. (ACA,
2006, p.35).

Figura 5- Corrente Flap-Top

Fonte - (ACA, 2006, p.35)


18

1.4.4 Corrente de Engenharia

Correntes feitas geralmente por encomenda, fabricadas com aços especiais,


visando características mecânicas que atendam a necessidade de acordo com a
aplicação. Muito comum em grandes industrias, pois, estas correntes acionam
maquinas que requerem baixíssimas velocidades e altíssimos torques. São correntes
que não tem um padrão para as suas medidas, passo, altura de placa, diâmetro de
rolo, desta forma existem inúmeras empresas especializadas na produção destas
correntes. (ACA, 2006, p.32).

Figura 6- Corrente de Engenharia

Fonte - (ACA, 2006, p.32)

Abaixo uma corrente de engenharia tipicamente usada em indústrias de papel


e celulose para o transporte de cavacos e toras.
19

Figura 7- Corrente de Engenharia 2

Fonte - (ACA, 2006, p.33)

1.5 Componentes

As correntes de rolos são construídas com elos externos e internos que se


repetem de maneira intercalada. O elo externo é composto por duas placas externas
paralelas, as quais tem os diâmetros dos furos calibrados para que haja interferência
com os pinos, os quais serão posicionados no interior das placas e posteriormente
remanchados, desta forma, as placas fixam-se aos pinos.
O elo interno também é formado por duas placas paralelas, porém seus furos
são maiores do que os furos das placas externas, pois ao invés de ter interferência
com os pinos, estas placas internas terão interferência com as buchas, o elo interno é
formado também por duas buchas e dois rolos, estes rolos envolvem as buchas, e as
mesma são montadas uma de frete para outra, de forma que as placas internas fiquem
uma a direita e outra à esquerda fixadas por interferência mecânica.

Conforme o engrenamento vai ocorrendo na roda dentada, o pino gira dentro


da bucha, por isso estes dois componentes são os mais suscetíveis ao desgaste. As
20

placas suportam toda a tensão durante a transmissão, e de forma estrutural mantém


os pinos e buchas no lugar. Os rolos absorvem os choques, reduzindo o impacto entre
a corrente e a roda dentada. (REXNORD, 2014, p.7).

Figura 8 - Componentes de uma corrente

Fonte - (REXNORD, 2014, p.7).


21

2 PROCEDIMENTO DE SELEÇÃO DE CORRENTES DE ROLOS

2.1 obtendo informações necessárias

Ter conhecimento prévio de algumas informações, auxiliará numa seleção mais


adequada do conjunto corrente e roda dentada. A lista abaixo contém as principais
informações que o selecionador deve obter:

 O tipo de máquina que receberá a corrente;


 Fonte de energia utilizada;
 Potência requerida, ou potência de entrada;
 Relação de velocidade entre as rodas dentadas motriz e movida;
 Distância entre centros dos eixos;
 Se há restrição de espaço;
 Tipo de lubrificação disponível.

O selecionador também deve observar se o equipamento que receberá a corrente


trabalhará em condições extremas, como por exemplo em ambientes muito
corrosivos, ou húmidos, ou em ciclos de trabalho com muitas paradas e retomadas,
se há cargas elevadas de partida, altas temperaturas, ou temperaturas negativas. Se
o selecionador identificar qualquer uma das situações adversas citadas acima, o
mesmo deve procurar uma empresa especializada em correntes, desta maneira
receberá orientações quanto ao melhor material a ser utilizado, lubrificação e
manutenção. (ACA, 2006, p.138).

2.2. Determinando o fator de serviço

Geralmente a potência requerida é fornecida, porém o pico de potência depende


do tipo de trabalho que o equipamento realiza, desta maneira o fator de serviço corrige
a diferença entre a potência requerida e a potência máxima ou de pico que o
equipamento eventualmente pode ter. Na tabela 1 pode-se verificar o fator de serviço
mais adequado para cada tipo de carregamento e tipo de fonte de energia utilizada.
(Catalogo DID, 2012, p.8).
22

Tabela 1 - Fatores de serviço para correntes de rolos

Fonte – (ACA, 2006, p.139)

Com o fator de serviço determinado, será encontrada a potência efetiva de


trabalho, que será a potência requerida multiplicando o fator de serviço encontrado.
Por exemplo, uma máquina que tenha uma potência requerida de 10 KW, e um fator
de serviço igual a 1,5, a potência efetiva será: (Catalogo DID, 2012, p.8).

Potência efetiva = 10 KW x 1,5 (fator de serviço) = 15 KW

Esta potência será utilizada para próxima etapa no processo de seleção.

2.3 Determinando o passo, ou número da corrente

A norma ASME B29.1 classifica as correntes de acordo com seu passo, e sua
capacidade de trabalho. O passo é a medida mais importante de uma corrente, a
norma padronizou todas as dimensões das correntes em função de seu passo, a fim
de facilitar a padronização, e processo produtivo. Por exemplo o diâmetro do rolo
corresponde a aproximadamente 62,5% do passo de uma corrente pertencente a esta
norma, já na medida correspondente a espessura da placa, se tem uma proporção de
12,5% do passo desta corrente. (ACA, 2006, p.135).

Durante muito tempo engenheiros e estudiosos do assunto desenvolveram um


gráfico de seleção rápida, levando em consideração a potência efetiva (potência
requerida x fator de serviço), e a velocidade da roda dentada menor. O passo, ou
23

número da corrente estará contido na área do gráfico onde estiver o ponto de


intersecção “Potencia (KW) x Rotação (rpm)”. Abaixo tem-se o gráfico de seleção
rápida:(Catalogo DID, 2012, p.9).

Figura 9 - Gráfico de seleção rápida

Fonte catálogo DID 2012 p.9

Caso a seleção de uma corrente com uma fileira de dentes não satisfaça as
exigências do projeto, é necessário selecionar uma corrente com múltiplas fileiras.
Devido a um carregamento não-uniforme entre as fileiras, deve-se multiplicar a
24

potência efetiva pelo fator contido na tabela abaixo de acordo com o número de fileiras
desejado:

Figura 10- Tabela fator de fileira

Fonte - (ACA, 2006, P.141)

2.4 Numero de dentes roda dentada motriz e movida

Fabricantes de correntes disponibilizam nos catálogos de produtos gráficos de


seleção contendo uma sugestão de número de dentes para a engrenagem menor na
mesma área onde d o ponto de intersecção mencionado acima, logo fica mais simples
determinar esta quantidade. Nesta pesquisa observou-se métodos diferentes de
seleção da quantidade de dentes da roda dentada menor ou motriz, porém todos os
autores pesquisados concordam que não se deve dimensionar uma roda motriz com
menos de 12 dentes. Pode-se observar em Projeto Mecânico de Elementos de
Máquinas (2006), publicação da LTC, um gráfico, no qual associa um percentual da
variação de velocidade linear, e o número de dentes de uma roda dentada. Para o
autor uma transmissão suave não pode ter uma variação de velocidade linear maior
que 2%, desta maneira o número mínimo de dentes a ser selecionado seria no mínimo
16 dentes. A roda dentada deve ter no máximo 120 dentes e soma de dentes entre a
roda dentada maior e menor não deve ser inferior a 50 dentes. (RAMOS DE SOUZA
CRUZ, 2008, p.57).
25

Figura 11 - Gráfico Variação velocidade x Número de dentes roda dentada

Fonte -– (Collins, 2006,p.640)

Número de dentes roda dentada movida

O número de dentes da roda dentada maior ou movida pode ser calculado com a
equação abaixo:

𝑵𝟏. 𝒏𝟏
𝑵𝟐 =
𝒏𝟐
Onde:
N2 = número de dentes da roda dentada maior
n1 = velocidade angular da roda dentada menor
n2 = velocidade angular da roda dentada menor

As razões de velocidade não podem ser maiores que 7:1, admitindo-se no máximo
10:1, se a razão de velocidade de projeto exceder o limite proposto, uma transmissão
de redução dupla (2 estágios) deve ser adotada. (COLLINS, 2006, p.641).
26

Após esta etapa, deve-se calcular a velocidade linear da corrente, para isso:

𝒑. 𝑵𝒏
𝒗= 𝒇𝒕/𝒎𝒊𝒏
𝟏𝟐
Onde:
p = passo em polegadas
N = número de dentes da roda dentada
N = velocidade angular da roda dentada em rpm

Multiplicando o resultado por 0,00508, a unidade é convertida para m/s.

A velocidade linear da corrente v, não deve ser maior que 9000 ft/min (45,7 m/s),
porém a faixa mais utilizada encontra-se entre 2000-3000 ft/min (10,2-15,2 m/s).
(COLLINS, 2006, p.641).

2.5 Comprimento L da corrente

O comprimento da corrente deverá ter um número inteiro de passos, e de


preferência um número par de elos, desta forma não será necessário componente de
junção de corrente, como emenda e redução. (COLLINS, 2006, p.642).

𝑁2 + 𝑁1 (𝑁2 − 𝑁1)2
𝐿=( ) + 2𝐶 +
2 4𝜋 2 𝐶

L = Comprimento da corrente em número de elos ou passos


N2 = número de dentes da roda dentada maior
N1 = número de dentes da roda dentada maior
C = Distância entre centros das engrenagens em passos

2.6 Vida útil e desgaste

Correntes de Rolos tem falha mais frequente por excesso de uso (fadiga) do
que por ruptura nas placas, isso quando corretamente dimensionadas. Para Budynas
& Nisbett ( 2011), a falha real se deve ao desgaste que ocorre na área de articulação
27

entre buchas e pinos, ou fadiga na superfície dos roletes. Para Rexnord (2014), pode-
se verificar o desgaste de uma corrente quando o alongamento excessivo, oriundo do
atrito da área de contato entre pino e bucha, impedem o engrenamento da roda
dentada com a corrente; se este desgaste atinge valores máximos, a corrente começa
a encavalar na roda dentada, quando isso ocorre a corrente é considerada desgastada
e deve ser substituída.
Para Collins (2006), em transmissões de baixas velocidades predomina-se
falha devido fadiga das placas de ligação, enquanto para altas velocidades a falha
ocorre por fadiga das buchas e pinos. A velocidade máxima visando uma vida útil mais
duradoura seria em torno de 9000 ft/min (45,7 m/s), sendo a velocidade ideal de
trabalho 2500 fit/min (12,7 m/s).
28

3 RODAS DENTADAS

A transmissão se torna completa ao utilizar junto a corrente sua respectiva roda


dentada, logo tão importante quanto selecionar a corrente de forma correta, também
se faz necessário uma seleção ótima da roda dentada. abaixo desenho demonstrando
as principais medidas da mesma:

Figura 12 - Roda dentada

Fonte - (REXNORD, 2014, p.30)

Diâmetro primitivo (Dp):

É o diâmetro referente a circunferência que passa pelo centro dos pinos da


corrente, quando a mesma envolve a roda dentada. (REXNORD, 2014, p.30)

𝒑
𝑫𝒑 =
𝟏𝟖𝟎
𝒔𝒆𝒏 𝒛

Onde:
29

p = passo
z = Número de dentes da roda dentada

Diâmetro raiz (Dr):

Medida correspondente ao diâmetro primitivo (Dp) subtraído do diâmetro do rolo


da corrente. (REXNORD, 2014, p.30).

𝑫𝒓 = 𝑫𝒑 − 𝒅(𝒓𝒐𝒍𝒐)

Quando o número de dentes for par

𝟗𝟎
𝑫𝒓 = 𝑫𝒑 𝑪𝒐𝒔 − 𝒅(𝒓𝒐𝒍𝒐)
𝒛

Quando o número de dentes for impar

Diâmetro externo (De):

𝑫𝒆 = 𝑫𝒑 + 𝟏, 𝟐𝟓𝒑 − 𝒅(𝒓𝒐𝒍𝒐)

Diâmetro máximo do cubo (Dh):

Diâmetro de grande importância para o dimensionamento da roda dentada, visto


que no momento em que as placas da corrente abraçam a roda dentada, as mesmas
não podem ter contato com o cubo, pois desta forma não haveria o engrenamento.
(Catalogo DID, 2012, p.34)

𝟏𝟖𝟎°
𝑫𝒉 = 𝒑 (𝒄𝒐𝒕 − 𝟏) − 𝟎, 𝟕𝟔
𝒛
30

3.1 Tipos de rodas dentadas

Rodas dentadas, conforme o próprio nome já diz, são discos, geralmente


fabricados de aço carbono, com dentes simétricos em todo seu contorno. Estes dentes
atuam entre as placas da corrente, e os roletes se apoiam no vão de cada dente,
abraçando a roda formando um ângulo de contato de 120°. (REXNORD, 2014, p.15).

Figura 13- Interação corrente x Roda


dentada

Fonte - (REXNORD, 2014, p.7)

Figura 14- Arco de contato

Fonte - (REXNORD, 2014, p.14)


31

A norma ASME B29.1 define as dimensões, tolerâncias e perfil do dente para as


correntes de rolos. Para ASME B29.1 existem quatro tipos de rodas dentadas padrão:

 Tipo A – Coroa dentada sem cubo


 Tipo B – Coroa dentada com cubo unilateral
 Tipo C – Coroa dentada com cubo bilateral
 Tipo D – Corola dentada com cubo soldado unilateral

Figura 15- Tipos de rodas dentadas

Fonte - (ACA, 2006, P.86)

3.2 Rodas dentadas para correntes de passo longo

Rodas dentadas para correntes de passo longo podem ser de duas formas, uma
é a single-cut, e a outra é a double-cut, o que diferenciam as duas é o passo, e
consequentemente o perfil do dente. As correntes de passo longo obedecem uma
relação com as correntes simples. Por exemplo, a corrente ASA 40, tem passo de ½’,
já a corrente ASA 2040, tem o dobro do passo da ASA 40, porém tem exatamente o
mesmo diâmetro de rolo da asa 40. Desta forma pode-se utilizar uma roda dentada
do tipo double-cut para trabalhar com a corrente de passo longo, neste caso, cada elo
32

de passo longo envolve 2 dentes da roda double-cut, que nada mais é que uma
engrenagem padrão ASA 40. No caso de o projetista optar pelo tipo single cut, o perfil
da roda dentada será alongado, assim cada elo envolverá um dente apenas. (ACA,
2006, p.91).
Figura 16- Roda dentada Single-Cut

Fonte - (ACA, 2006, P.92)

Figura 17- Roda Double-Cut

Fonte - (ACA, 2006, P.92)


33

3.3 Rodas dentadas para correntes de engenharia

Este tipo de roda dentada tem o mesmo nível de individualidade que uma
corrente de engenharia. São rodas que não seguem um padrão internacional para
produção em lote, mas atende as medidas de sua corrente, visto que a corrente varia
muito de uma aplicação para outra.(ACA, 2006, p.92).

Figura 18- Roda dentada para corrente de engenharia

Fonte - (ACA, 2006, P.112)

Embora não esteja inserida na ASME, o perfil do dente deste tipo de roda
dentada deve atender algumas especificações dimensionais, as quais estão contidas
na ASME B29-1. O formato adequado do dente, bem como as equações para cálculo
das dimensões principais estão contidos na figura abaixo: (ACA, 2006, p.112).
34
Figura 19-Formato de dente roda dentada de engenharia

Fonte- (ACA, 2006, P.113)


35

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo proposto tinha como objetivo conhecer mais detalhadamente os


elementos de maquinas correntes de transmissão e as rodas dentadas. No capitulo
um foi possível verificar os tipos de correntes e suas principais aplicações, seguido
das vantagens de se utilizar as correntes ao invés de correias para transmitir força.
Estudo o qual justifica o primeiro objetivo, que pretendia conhecer os tipos e vantagens
de correntes, objetivo este cumprido, visto vários autores demonstrarem aspectos de
rendimento, vida útil, e outros fatores que podem levar numa escolha mais racional do
método a ser utilizado para transmitir torque em um projeto.
No capítulo 2 tinha como objetivo mostrar um passo a passo na seleção de
corrente baseado em uma potência requerida e uma rotação, ou relação de
transmissão. Objetivo cumprido, nesta parte do trabalho se vê de forma detalhada as
fases para selecionar uma corrente de rolos segundo a norma especifica, e também
a seleção das rodas dentadas para compor os componentes necessários para
transmissão. Foram apresentados gráficos, tabelas, e todas as formulas necessárias
para chegar-se a um resultado satisfatório e confiável. No fim do capítulo foi
apresentado uma seção sobre vida útil e desgaste de uma corrente, quais os
componentes mais frágeis, e como se ter uma durabilidade maior.
No capítulo 3 já se tem uma abordagem do elemento de máquina roda dentada,
conteúdo de pesquisa bibliográfica para justificar o objetivo 3 deste trabalho, que visa
detalhar as rodas dentadas em seus tipos e dimensões, objetivo cumprido, neste
capítulo mostram as principais rodas dentadas existentes, suas partes, cálculos para
dimensionamento e como as correntes interagem com as mesmas.
De maneira geral o estudo conseguiu ser efetivo em seus objetivos, visto que o
assunto em questão é muito vasto, e abordá-lo de maneira completa demandaria
muitos capítulos longos, abrangendo outros aspectos não estudados neste trabalho.
Porém o que foi discutido é suficiente para iniciar um entendimento prático para se
trabalhar com correntes. Para estudos futuros, pode-se se aprofundar na fabricação
de correntes, vendo tratamento térmico e até mesmo processos pós tratamento para
aumento de resistência mecânica e corrosiva, como jateamento por granalha de ferro
nos componentes.
36
37

5 REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de normas tecnicas. (2009). NBR 6390/1995


Correntes de transmissão, de precisão, de rolos e com passo curto e rodas dentadas
correspondentes. Rio de Janeiro: ABNT – BR.

Association, American Chain. (2006). Standard Handbook of Chains - Chains for


Power Transmission. Boca Raton: Taylor & Francis Group

Budynas, R. G., & Nisbett, J. (2011). Elementos de Maquinas de Shigley. São Paulo:
Bookman.

Collins, J. A. (2006). Projeto Mecânico de Elementos de Máquinas. LTC.

Cruz, A. J. (2008). Elementos de Máquinas.

HITTIG, A. (1986). Manual de engenharia industrial. SÃO PAULO: Global editora e


distribuidora LTDA.
38

Rexnord. (24 de Abril de 2014). Catalogo Correntes Rexnord. Fonte: Rexnord.com:


http://www.rexnord.com.br/catproduto/correntes/
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APÊNDICES
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APÊNDICE A
Nome do Apêndice
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ANEXOS
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ANEXO A
Título do Anexo

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