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ID EN TIDA D E
Para além do virtual também é possível esconder-se na fabricação de uma falsa imagem, a qual, por sua
vez, nos impedirá de sermos amados e conhecidos naquilo que somos. O relacionar-se é uma realidade que
nos caracteriza como humanos; e à medida que nos relacionamos com mais qualidade, mais gente nos
tornamos. Quem se relaciona, envolve-se: Ama e é amado, decepciona-se e faz decepcionar, perde e
ganha. Enfim, está sujeito às contrariedades que compõem o envolver-se, mas nem por isso tem o direito
de fugir por medo de sofrer. É fácil e conveniente evitar o relacionamento com os outros, principalmente
se nos causam problemas. Contudo, se fizermos isso, estaremos nos esquivando das respostas exigidas
pela vida; dessa forma, trilharemos um caminho que desembocará na angústia e na solidão.
É no relacionar-se que somos moldados e nos tornamos melhores; por isso, fugir da convivência com
outros é eliminar da vida a possibilidade de crescer. Para que adquiramos a devida maturidade, nosso
amor não pode ser superficial, fazendo-nos desistir daqueles que não compreendemos e que não nos
agradam. Quem ama não desiste do outro, mas acredita nele, mesmo sem o compreender em plenitude.
Amar é doar-se, é assumir o outro com suas consequências e circunstâncias, independentemente das
dificuldades contidas nessa opção.
Leia mais:
Não existe vida sem envolvimento e, consequentemente, sem os conflitos próprios da relação. A vida é
movimento, e para entender alguém é preciso ter a delicadeza para compreender as transformações que
acompanham essa pessoa. Cada pessoa é dinâmica, é movimento. Ninguém conversa com a mesma pessoa
duas vezes, pois, a cada minuto novas experiências operam no ser uma constante transformação, fazendo
com que a pessoa de hoje não seja a mesma amanhã. Para construir sólidos relacionamentos, é necessário
estar disposto a descobrir novamente o outro a cada dia.
Quem ama tem a ternura necessária para não exigir que o outro seja o mesmo todos os dias, pois deposita
em suas mãos a liberdade de se construir a cada segundo, buscando compreender suas cotidianas
transformações e ampliando, assim, a maneira de enxergá-lo e assimilá-lo. Amar é redescobrir a quem se
ama todos os dias, permitindo que o ser se renove como as águas de um riacho, pois ninguém mergulha no
mesmo riacho duas vezes em virtude do constante movimento das águas.
Alguém é sempre mais do que possamos definir ou conceituar, e assim precisa estar livre para se revelar
no que é, sem ser encarcerado em exigências infantis.
Nossos relacionamentos, em todos os níveis e graus, serão libertadores e gerarão vida à medida que
tivermos a delicadeza para enfrentar cada um em sua realidade, acolhendo a sua verdade e amando
verdadeiramente o que encontrarmos. Assim, descobriremos, no concreto da vida, a linguagem que nos
fará ser presença e acompanhar o outro com mais qualidade e inteireza, deixando-nos a possibilidade de
assim também sermos encontrados e acompanhados.
(htt //f
Padre Adriano Zandoná
Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e
Teologia, tem quatro livros (https://goo.gl/zwvJk6) publicados pela Editora Canção Nova e
participação em dois CDs de oração e apresenta o programa “Pra ser Feliz”
(https://tv.cancaonova.com/programa/pra-ser-feliz/)na TV Canção Nova.