Você está na página 1de 3

Título: Unidade 01

Autor: Walsir Edson Rodrigues Júnior

ENTIDADES FAMILIARES

A presente unidade irá trabalhar as várias entidades familiares reconhecidas pelo


ordenamento jurídico brasileiro (casamento, união estável, família monoparental, família
homoafetiva, família anaparental.....).

O conceito e a extensão da família sofreram várias alterações ao longo da história. Em


Roma, o poder do pater familias era exercido sobre os filhos, a mulher e os escravos de maneira
absoluta, pois tinha o “poder de vida e de morte, de emancipação e de repúdio”1 sobre aquelas
pessoas. Era ao mesmo tempo juiz, sacerdote e administrador, ou seja, o senhor absoluto do lar.

Contemporaneamente, não existe mais a figura do pater famílias como detentor do poder
absoluto, como única voz a ser ouvida no ambiente familiar. A família não é mais encarada como
uma unidade de produção, estruturada apenas para atender a fins econômicos, políticos,
religiosos e culturais, como outrora. Nesse sentido, a família deixou de ser objeto de proteção
autônoma – colocada como uma realidade baseada em si mesma – e tornou-se funcional, ou seja,
instrumento de promoção e desenvolvimento dos seus membros, realçando a dignidade da
pessoa humana em suas relações.2 É a pessoa que deve ser protegida e colocada no centro do
ordenamento jurídico.3

Na família o indivíduo vivencia boa parte das suas experiências e desenvolve aspectos
psicológicos, sociais e políticos. Não é à toa que essa instituição é reconhecida e protegida pelo
Estado. De certo, “a despeito das críticas e das vicissitudes que, em alguns períodos da história, e
ainda recentemente, lhe têm posto à prova os alicerces, a família subsiste, e é considerada em
todos os países e em todos os sistemas legislativos como instituição necessária [...]”.4

1
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito de família: direito matrimonial. Campinas: Bookseller, 2001. p. 59.
2
TEPEDINO, Gustavo. A disciplina civil-constitucional das relações familiares. In: TEPEDINO, Gustavo. Temas de
Direito Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 352.
3
Para essa mudança, Paulo Luiz Netto Lôbo utiliza a expressão REPERSONALIZAÇÃO. LÔBO, Paulo Luiz Netto. A
repersonalização das famílias. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, v.6, n.24, p.151, jun.-jul. 2004.
4
ESPÍNOLA, Eduardo. A família no direito civil brasileiro. Campinas: Bookseller, 2001. p. 15-16.

PUC Minas Virtual • 1


Com o reconhecimento de outras formas de constituição de família para além do
casamento, como a união estável e a família monoparental, é possível concluir que a família
reconhecida e amparada pelo legislador constituinte é a formada pelo vínculo afetivo. É a affectio
o principal elemento comum em todos os novos núcleos familiares.5

Por isso, o casamento e as demais entidades familiares só podem ser fundados na


comunhão de vida afetiva entre os seus membros.

Com a Carta de 1988, tornou-se possível extrair vários princípios constitucionais, implícitos
ou explícitos, que passaram a ser fontes das decisões judiciais, tais como: o da pluralidade de
entidades familiares, da família funcionalizada, da liberdade, da igualdade, entre outros.6

A análise desses princípios constitucionais determina a adoção de novos parâmetros no


trato das questões familiares. Tais princípios devem ser utilizados não apenas como critério de
interpretação, mas também como normas (já que as normas se dividem em princípios e regras)
geradoras de direitos e deveres nas relações familiares, tendo em vista que são dotados de
imperatividade e, conseqüentemente, de coerção.

É nesse contexto que o estudo do novo Direito de Família deve ser feito.

Diante do exposto, o objetivo desta unidade é trabalhar os elementos caracterizadores da


entidade familiar. Além disso, identificar as várias entidades familiares existentes. O conteúdo da
unidade encontra-se nas obras indicadas na bibliografia.

Bons estudos!

Referências bibliográficas

ESPÍNOLA, Eduardo. A família no direito civil brasileiro. Campinas: Bookseller, 2001.

LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das famílias. Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, v.6, n.24, p.151, jun.-jul. 2004.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus
clausus. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del
Rey, 2002.

MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito de família: direito matrimonial. Campinas: Bookseller,
2001.

5
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus clausus. In: Anais do III
Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, 2002. p. 96-98. PEREIRA, Sumaya
Saady Morhy. Direitos e deveres nas relações familiares – uma abordagem a partir da eficácia direta dos direitos fun-
damentais. In: PEREIRA, Tânia da Silva; PEREIRA, Rodrigo da Cunha. A ética da convivência familiar e sua efetivi-
dade no cotidiano dos tribunais. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 520-521.
6
É com base nessa hermenêutica constitucional que é possível tratar de temas novos em Direito de Família tais como:
filiação socioafetiva, união homoafetiva, autonomia privada na dissolução da sociedade conjugal, entre outros.

PUC Minas Virtual • 2


PEREIRA, Sumaya Saady Morhy. Direitos e deveres nas relações familiares – uma abordagem a
partir da eficácia direta dos direitos fundamentais. In: PEREIRA, Tânia da Silva; PEREIRA,
Rodrigo da Cunha. A ética da convivência familiar e sua efetividade no cotidiano dos tribunais. Rio
de Janeiro: Forense, 2006.

TEPEDINO, Gustavo. A disciplina civil-constitucional das relações familiares. In: TEPEDINO,


Gustavo. Temas de Direito Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.

PUC Minas Virtual • 3

Você também pode gostar