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ENTIDADES FAMILIARES
Contemporaneamente, não existe mais a figura do pater famílias como detentor do poder
absoluto, como única voz a ser ouvida no ambiente familiar. A família não é mais encarada como
uma unidade de produção, estruturada apenas para atender a fins econômicos, políticos,
religiosos e culturais, como outrora. Nesse sentido, a família deixou de ser objeto de proteção
autônoma – colocada como uma realidade baseada em si mesma – e tornou-se funcional, ou seja,
instrumento de promoção e desenvolvimento dos seus membros, realçando a dignidade da
pessoa humana em suas relações.2 É a pessoa que deve ser protegida e colocada no centro do
ordenamento jurídico.3
Na família o indivíduo vivencia boa parte das suas experiências e desenvolve aspectos
psicológicos, sociais e políticos. Não é à toa que essa instituição é reconhecida e protegida pelo
Estado. De certo, “a despeito das críticas e das vicissitudes que, em alguns períodos da história, e
ainda recentemente, lhe têm posto à prova os alicerces, a família subsiste, e é considerada em
todos os países e em todos os sistemas legislativos como instituição necessária [...]”.4
1
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito de família: direito matrimonial. Campinas: Bookseller, 2001. p. 59.
2
TEPEDINO, Gustavo. A disciplina civil-constitucional das relações familiares. In: TEPEDINO, Gustavo. Temas de
Direito Civil. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 352.
3
Para essa mudança, Paulo Luiz Netto Lôbo utiliza a expressão REPERSONALIZAÇÃO. LÔBO, Paulo Luiz Netto. A
repersonalização das famílias. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, v.6, n.24, p.151, jun.-jul. 2004.
4
ESPÍNOLA, Eduardo. A família no direito civil brasileiro. Campinas: Bookseller, 2001. p. 15-16.
Com a Carta de 1988, tornou-se possível extrair vários princípios constitucionais, implícitos
ou explícitos, que passaram a ser fontes das decisões judiciais, tais como: o da pluralidade de
entidades familiares, da família funcionalizada, da liberdade, da igualdade, entre outros.6
É nesse contexto que o estudo do novo Direito de Família deve ser feito.
Bons estudos!
Referências bibliográficas
LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das famílias. Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, v.6, n.24, p.151, jun.-jul. 2004.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus
clausus. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del
Rey, 2002.
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito de família: direito matrimonial. Campinas: Bookseller,
2001.
5
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus clausus. In: Anais do III
Congresso Brasileiro de Direito de Família. Belo Horizonte: IBDFAM/Del Rey, 2002. p. 96-98. PEREIRA, Sumaya
Saady Morhy. Direitos e deveres nas relações familiares – uma abordagem a partir da eficácia direta dos direitos fun-
damentais. In: PEREIRA, Tânia da Silva; PEREIRA, Rodrigo da Cunha. A ética da convivência familiar e sua efetivi-
dade no cotidiano dos tribunais. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 520-521.
6
É com base nessa hermenêutica constitucional que é possível tratar de temas novos em Direito de Família tais como:
filiação socioafetiva, união homoafetiva, autonomia privada na dissolução da sociedade conjugal, entre outros.