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Farmacoterapia da Hipertensão

arterial
Profa. Dra. Fernanda P. Carvalho Ribeiro
2 – Sistema Cardiovascular -
Farmacoterapia
Definição
• Hipertensão arterial (HA) é condição clínica
multifatorial caracterizada por elevação
sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou
90 mmHg.
FATORES DE
RISCO

OBESIDADE INTOLERÂNCIA
DISLIPIDEMIA DIABETE
ABDOMINAL À GLICOSE
QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADULTOS
Crise hipertensiva (PA > 180/120 mmHg)

LESÃO DE ÓRGÃOS-
ALVO
EMERGÊNCIA
HIPERTENSIVA
ELEVAÇÃO EXTREMA
DA PA
CRISE HIPERTENSIVA

ELEVAÇÃO
URGÊNCIA ACENTUADA DA PA
HIPERTENSIVA SEM LESÃO DE
ÓRGÃOS ALVO
FISIOPATOLOGIA

HIPERTENSÃO HIPERTENSÃO
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
Fisiopatologia
Alta morbidade e incidência na população

A hipertensão é uma desordem heterogênea resultante de uma causa


específica (Hipertensão secundária) ou de etiologia desconhecida
(Hipertensão primária).

Hipertensão ecundária: falência renal crônica, síndrome de Cushing,


apneia obstrutiva do sono, hipertireoidismo, feocromocitoma,
aldosteronismo primário,

secundária causada por drogas: corticoesteróides (prednisona),


estrógenos (contraceptivos orais), AINEs (inibidores da COX2),
anfetamínicos, sibutramina, nicotina.

DROGAS DE ABUSO: cocaína, anfetaminas.


Múltiplos fatores podem acarretar em hipertensão
primária

Anormalidades envolvendo o sistema renina-


angiotensina-aldosterona

Distúrbios no SNC, fibras nervosas autonômicas,


receptores adrenérgicos

Deficiência na síntese de subst. Vasodilatadoras


no endotélio vascular (prostaciclina) ou excesso
de subst. Vasoconstritoras (angiotensina II)

Consumo elevado de Na+

Fatores genéticos
Manifestações Clínicas
• A hipertensão primária não complicada é inicialmente
assintomática.

• Progresso da hipertensão apresenta danos ao órgãos:


Olhos Cérebro

AVC,
Demência

Coração Rins

Doença
Renal
Crônica
Manifestações Clínicas-Hipertensão
secundária
• Feocromocitoma podem apresentar cefaleias,
sudorese, taquicardia, palpitações e hipotensão
ortostática.
• Aldosteronismo primário, pode-se verificar a presença
de sintomas hipopotassêmicos com cãibras musculares
e fraqueza.
• Síndrome de Cushing podem apresentar ganho de
peso, poliúria, edema, irregularidades menstruais nas
mulheres, acne recorrente ou fraqueza muscular, além
das manifestações clássicas (face de lua cheia, corcova
de búfalo e hirsutismo).
Diagnóstico
A elevação da PA pode constituir o único sinal de hipertensão primária no
exame físico. O diagnóstico deve ser baseado na média de duas ou mais
aferições realizadas em duas ou mais consultas.

Ocorrem sinais de lesão dos órgãos-alvo, principalmente nos olhos, cérebro,


coração, rins e vasos sanguíneos periféricos.

Exames laboratoriais: ureia/creatinina sérica, painel lipídico em jejum,


glicemia em jejum, eletrólitos séricos (sódio e potássio), exame de urina,
razão entre albumina e creatinina e taxa de filtração glomerular estimada

Exames laboratoriais para o diagnóstico de hipertensão secundária:


norepinefrina plasmática e níveis urinários de metanefrinas para o
feocromocitoma, níveis plasmáticos e urinários de aldosterona para o
aldosteronismo primário, atividade da renina plasmática
Objetivos do tratamento

PA inferior a 140/90 mmHg para a maioria dos pacientes,

PA abaixo de 140/80 mmHg para pacientes com diabetes melito

PA abaixo de 130/80 mmHg para pacientes com DRC que apresentam


albuminúria persistente (excreção urinária de albumina > 30 mg por 24
horas).
Terapia não
farmacologica

Abandono do
tabagismo

Consumo moderado
de álcool

Dieta e atividade
física aeróbica
regular;

Restrição de sódio na
dieta

Perda de peso
Terapia farmacológica da HA
Quadro 2. Agentes anti-hipertensivos de primeira linha
IECA´s podem reduzir a TFG
BRAs
Diferentemente dos inibidores da ECA, os BRA não bloqueiam a
degradação da bradicinina. Embora isso possa explicar a
ausência de tosse como efeito colateral, pode haver
consequências negativas, visto que parte do efeito anti-
hipertensivo dos inibidores da ECA pode ser devido aos níveis
elevados de bradicinina;

Assim como os IECAs os BRAs também são contra-indicados na


gravidez;
Quadro 2. Agentes anti-hipertensivos de primeira linha
Bloqueadores de canais de cálcio
Os BCC causam relaxamento dos músculos
cardíaco e liso ao bloquear os canais de cálcio
sensíveis à voltagem, reduzindo, assim, a
entrada de cálcio extracelular para o interior das
células. Isso leva à vasodilatação e a uma
redução correspondente da PA.
DIURÉTICOS
*mobilizam o
sódio e a água
das paredes
arteriolares, com
diminuição da
resistência
vascular e da PA.
Poupadores
de K+:
associados a
tiazídicos ou
Mais potentes depra
alça
induzir a diurese,
preferidos na DRC.
Furosemida
Antagonistas de
aldosterona: tb
são poupadores
de K+
Quadro 3. Outros Agentes anti-hipertensivos comuns
Beta bloqueadores

• Os β-bloqueadores são considerados apenas agentes


de primeira linha apropriados para o tratamento de
indicações absolutas específicas (p. ex., pós-infarto do
miocárdio [IM], doença arterial coronariana

• Mecanismo de ação: diminuição do débito cardíaco


por meio de efeitos cronotrópicos e inotrópicos
negativos sobre o coração e inibição da liberação de
renina pelos rins.
Beta bloqueadores

• O atenolol, o betaxolol, o bisoprolol e o metoprolol


são cardiosseletivos quando administrados em baixas
doses e ligam-se com mais intensidade aos
receptores β1 do que aos receptores β2.

• Podem ser mais seguros do que os β-bloqueadores


não seletivos em pacientes com asma, doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), diabetes melito
e arteriopatia periférica (AP).

• A cardiosseletividade é um fenômeno dependente da


dose, com perda do efeito em doses mais elevadas.
Bloqueadores de receptores α1

• A prazosina, a terazosina e a doxazosina :


vasodilatação.

• Pode ocorrer o fenômeno de primeira dose,


caracterizado por hipotensão ortostática, o paciente
deve tomar a primeira dose (e o primeiro aumento
subsequente da dose) ao deitar.

• Pode ocorrer retenção de sódio e de água; são mais


efetivos quando administrados com um diurético para
manter a eficácia anti-hipertensiva
Inibidor direto da renina

• O alisquireno bloqueia o SRAA em seu ponto de ativação,


com consequente redução da atividade da renina
plasmática e da PA.

• As reduções da PA são comparáveis àquelas produzidas


por inibidor da ECA, BRA ou BCC.

• Não deve ser utilizado em combinação com um inibidor


da ECA ou um BRA, devido ao maior risco de efeitos
adversos, sem redução adicional dos eventos CV.
Agonistas α2 centrais

• A clonidina, o guanabenzo, a guanfacina e a metildopa


reduzem a PA principalmente por meio da estimulação
dos receptores α2-adrenérgicos no cérebro

• A estimulação dos receptores α2 pré-sinápticos


perifericamente pode contribuir para a redução do tônus
simpático. Como consequência, pode ocorrer diminuição
da frequência cardíaca, do débito cardíaco, da resistência
periférica total, da atividade da renina plasmática e dos
reflexos barorreceptores.
Reserpina

• A reserpina causa depleção da norepinefrina das


terminações nervosas simpáticas e bloqueia o transporte
da norepinefrina até os grânulos de armazenamento.

• Quando o nervo é estimulado, uma quantidade de


norepinefrina menor do que o habitual é liberada na
sinapse. Isso diminui o tônus simpático, reduzindo a
resistência vascular periférica e a PA.
vasodilatadores

• A hidralazina e o minoxidil causam relaxamento direto do


músculo liso arteriolar. A ativação compensatória dos
reflexos barorreceptores resulta em aumento do efluxo
simpático do centro vasomotor, com consequente
aumento da frequência cardíaca, do débito cardíaco e da
liberação de renina.
• Em consequência, a eficácia hipotensora dos vasos
dilatadores diretos diminui com o passar do tempo, a não
ser que o paciente também esteja tomando um inibidor
simpático e um diurético.

• O minoxidil também causa hipertricose reversível na face,


nos braços, nas costas e no tórax.
Figura 1. Algoritmo para tratamento da Hipertensão arterial
Mecanismos Fisiológicos de controle da
pressão
• Pressão = Débito Cardíaco (DC) x Resistência Periférica (RP)

Débito cardíaco influencia a pressão sistólica (maior importância


clínica)

Resistência periférica influencia a pressão diastólica

• Todos os fatores fisiológicos que influenciarem estas duas


variáveis poderão alterar a pressão arterial
Estudo de caso 01
Paciente do sexo feminino, A.V.J, 56 anos, trabalhadora rural,
natural e procedente de Coração de Maria, com antecedente de
hipertensão arterial mal controlada, obesa. Comparece à
unidade de saúde com queixas de cefaléia intensa e mal estar
geral. Ao exame clínico apresentava PA 180/120. Foram obtidos
os seguintes resultados dos exames laboratoriais: Glicemia: 250
mg/dL (70-99 mg/dL), Colesterol: 280 mg/dL (<190 mg/dL),
Triglicérides: 350 mg/dL (<150 mg/dL), HDL: 28 mg/dL (>40
mg/dL).
Medicamentos em uso: losartana 1 comprimido de 50mg 2x dia
(recentemente não consegue retirar o medicamento no posto e
tem comprado o de 100mg que parte ao meio) - furosemida
40mg 2x dia (uso irregular) - uso regular de diclofenaco sódico
50mg para dores lombares - uso de paracetamol para dor de
cabeça.

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