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Ato de designação:
Portaria nº 376/2018 - publicada no Diário Eletrônico do Tribunal de Contas do Estado
do Paraná nº 1829, de 22 de maio de 2018. Portaria nº 673/2018 - publicada no Diário
Eletrônico do Tribunal de Contas do Estado do Paraná nº 1910, de 18 de setembro de
2018.
Entidade auditada:
Entidade CNPJ REPRESENTANTE CPF
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
2. MOTIVAÇÃO ............................................................................................................ 5
3. OBJETIVOS E ESCOPO.......................................................................................... 7
4. METODOLOGIA ....................................................................................................... 9
7. ACHADOS .............................................................................................................. 18
8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 59
2. MOTIVAÇÃO
1 NOHARA, Irene Patrícia. Fundamentos do Direito Público. São Paulo: Atlas, 2016, p. 165.
2 SALOMÃO FILHO, Calixto. Regulação da Atividade Econômica: princípios e fundamentos
jurídicos. 2 ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 54.
5
8. No Brasil, entretanto, tal atividade não se demonstrou satisfatória na
experiência recente, pois não houve o adequado planejamento para a
concessão de obras de infraestrutura, sobretudo aquelas relacionadas à
prestação de serviços públicos, resultando em diversos problemas graves,
gerando inúmeras renegociações contratuais e diversas falhas regulatórias.3
10. Outro ponto que deve contribuir para que a atividade da Agência
paranaense seja especialmente diligente, tem relação com a sequência em que
se consolidou as desestatizações e a criação de aparato regulatório. O caso do
Estado do Paraná é bastante sintomático, na medida em que a estruturação da
Agência e as delegações de serviços ou mesmo criação de marcos regulatórios
foram materializados em momentos distintos, sendo a estrutura regulatória
criada muito tempo após os demais eventos referidos. Em algumas situações,
como aquela que se refere à concessão de trechos rodoviários, a AGEPAR
passou a agir somente após o transcurso de mais da metade do tempo
contratual.
3 MACHADO, Raphael Amorim; GOMIDE, Alexandre de Ávila; PIRES, Roberto Rocha Coelho.
Reconfigurações da Ação Estatal na Política de Infraestrutura no Período Recente: avanços e
limites. Texto para Discussão. Rio de Janeiro: IPEA, 2017
6
Poder Executivo nos setores regulados.4 É na esteira dessa finalidade
institucional das agências reguladoras que ganha importância a sua
independência, mediante a adoção de alguns mecanismos que serão
abordados abaixo, atuando efetivamente e garantindo, em tese, redução de
custos e o aperfeiçoamento da qualidade dos serviços regulados.5
3. OBJETIVOS E ESCOPO
com Agências Reguladoras. In.: SALGADO, Lúcia Helena; MOTTA, Ronaldo Seroa da. Marcos
Regulatórios no Brasil: o que foi feito e o que falta fazer. Rio de Janeiro: IPEA, 2005.
6 ZYMLER, Benjamin; ALMEIDA, Guilherme Henrique De La. O Controle Externo das
15. É preciso ressaltar, desde logo, que houve casos em que se buscou
corrigir falhas acerca do cumprimento da legislação de regência da instituição,
ao mesmo tempo em que a finalidade específica se consubstanciou em
recomendar boas práticas para o exercício da atividade regulatória.
i. autonomia financeira;
v. autonomia técnica;
4. METODOLOGIA
5. QUESTÕES DE AUDITORIA
i. Autonomia financeira
10
• A entidade possui política de gestão de riscos e de
avaliação de aderência ao seu arranjo institucional?
v. Autonomia técnica
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Quadro 1 - Representatividade da Taxa de Regulação no total arrecadado
Tipos de
Receita 2016 2017 1º semestre de 2018
(R$)
Receita
12.181.351,26 81,38 % 25.766.002,82 91,70 % 18.103.856,46 92,75 %
Tributária
Receita
2.768.112,28 18,49 % 2.318.309,63 8,25 % 945.196,24 4,84 %
Patrimonial
Receita de
- - - - 468.933,99 2,40 %
Serviços
Outras Rec.
19.207,17 0,13 % 12.413,87 0,04 % 1.363,65 0,01 %
Correntes
Receita de
- - - - - -
Capital
12
31. Sendo a Receita Tributária exclusivamente constituída do pagamento da
Taxa de Regulação, aduz-se à necessidade da Agência em gerir, com o grau
máximo de segurança e confiabilidade, o cumprimento dessa obrigação
perante todos os entes regulados.
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Gráfico 2 - Evolução Receitas x Despesas ( R$)
Execução do 2018
Orçamento 2013 2014 2015 2016 2017 (1º
(em R$) semestre)
Empenhos
5.099.292,99 4.308.809,44 3.950.021,21 7.536.565,75 8.716.684,37 5.649.911,85
emitidos
Liquidações
4.626.982,60 3.611.974,46 3.218.527,90 6.852.214,50 7.677.369,71 3.974.189,99
feitas
Variação % 90,74 83,83 81,48 90,92 88,08 70,34
Fonte: SIAF - SIA007
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Gráfico 3 – Empenhado x Liquidado (R$)
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Gráfico 4 – Principais grupos de despesas (R$)
16
Gráfico 5 – Gastos com pessoal (R$)
10 Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30%
(trinta por cento) da arrecadação da União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do
pagamento das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às contribuições de
intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que vierem a ser criadas até a
referida data.
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7. ACHADOS
Condição ➢ A AGEPAR não possui sistema informatizado de gestão controle financeiro para
recebimento da Receita Tributária (Taxa de Regulação).
➢ Conforme entrevista e observação in loco com a Gerência do Setor Financeiro,
os controles para o recebimento da referida taxa são manuais e realizados em
planilha de Excel. Portanto, passíveis de erro humano e inadequados para o
funcionamento da Agência Reguladora em virtude da fragilidade na segurança
da informação, carente de confidencialidade, integralidade e disponibilidade.
➢ Identificou-se o caso do setor de transporte intermunicipal de passageiros da
Região Metropolitana de Curitiba, em que diversas empresas de ônibus
entendem que a regulação é competência da Coordenação da Região
Metropolitana de Curitiba (COMEC). Atualmente tramita na 2ª Vara de Fazenda
Pública de Curitiba o processo nº 0001021-27.2013.8.16.0004 contra 17
empresas de ônibus que se recusam ao pagamento da Taxa de Regulação. Em
razão dessa situação, a AGEPAR, em outubro de 2017, atualizou os valores
devidos por 15 (quinze) empresas, resultando, à época, na soma de R$
8.735.040,98 (oito milhões setecentos e trinta e cinco mil, quarenta reais e
noventa e oito centavos). No mesmo ano, em novembro, a Agência considerou
mais 9 (nove) empresas inadimplentes e, após atualização das quantias
devidas, calculou mais um montante de R$ 2.277.717,25 (dois milhões,
duzentos e setenta e sete mil, setecentos e dezessete reais e vinte e cinco
centavos). Tais valores não foram ainda inscritos em dívida ativa por força de
liminar concedida na 1ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba sob o nº 0000353-
80.2018.8.16.0004. Portanto, a despeito do relato, essa situação relacionada à
ação judicial, por si só, não se consubstancia em achado, indicando, apenas, a
necessidade de se controlar de maneira confiável e adequada a receita da
Agência, até mesmo para que esses valores não sejam perdidos por equívocos
do sistema deficiente de controle das receitas.
➢ Outra situação a ser destacada se refere ao recebimento de multas aplicadas
em autos de infração pela Agência no exercício de suas inspeções. Algumas
concessionárias de rodovias recolhem a Taxa de Regulação, mas não
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consideram os autos de infração, pois embora reconheçam a atividade
regulatória da Agência, sustentam que a fiscalização cabe ao DER
(Departamento de Estradas e Rodagem). Tramita na 3ª Vara Federal de
Curitiba o processo nº 5049476-26.2017.4.04.7000 contra a Rodonorte
Concessionária de Rodovias Integradas S.A. para o pagamento das multas
decorrentes de autos de infração. Considerando a existência de ação judicial,
não há materialização de inadimplência, tal qual a situação relatada
anteriormente.
Evidências ➢ Formulário de registro de entrevista com a Gerência Financeira;
➢ Planilhas de Excel utilizadas como ferramenta de controle pela unidade
financeira;
➢ Formulário de registro de entrevista com diretores da Associação Metrocard;
➢ Formulário de registro de entrevista com diretores da Concessionária CCR
Rodonorte;
➢ Processo Judicial nº 0000353-80.2018.8.16.0004 (não pagamento da TR);
➢ Processo Judicial nº 5049476-26.2017.4.04.7000 (não pagamento de multas);
➢ Relatório de inadimplentes disponibilizado pelo responsável financeiro da
Agência;
➢ Verificação in loco pelos integrantes da equipe.
Critério e Fonte ➢ Fonte do critério: Resolução n. º 003, de 20 de fevereiro de 2018 - Regimento
do Critério Interno da AGEPAR
➢ Critério: Art. 8º. No cumprimento de seus objetivos e no âmbito de sua
competência, cabem à AGEPAR, as seguintes atribuições:
(...)
XVIII - arrecadar e aplicar suas receitas;
Art. 104. Compete à Gerência Econômica e Financeira:
(...)
II - operacionalizar a cobrança e arrecadação da Taxa de Regulação, os valores
decorrentes de convênios e as multas;
XIV - acompanhar as receitas das empresas de serviços públicos delegados,
declaradas nos balancetes mensais e balanços anuais, comparando-as com a
arrecadação correspondente à taxa de regulação realizada em igual período
XV - analisar as informações prestadas pelas empresas de serviços públicos
delegados, no que se refere à Taxa de Regulação, sua base de cálculo e
respectivo recolhimento.
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duodécimos, pelas entidades reguladas a que se refere o inciso II do art. 2º
desta Lei, como receita privativa da AGÊNCIA, mediante aplicação da alíquota
de 0,5% (cinco décimos por cento), da Receita Operacional Bruta – ROB, do
concessionário e/ou permissionário.
Art. 35. A TR/AGEPAR, a que se refere o art. 34 desta Lei, será devida pelas
entidades reguladas a partir da data de publicação desta Lei, devendo ser
recolhida diretamente à AGÊNCIA na forma em que dispuser a regulamentação
desta Lei.
§ 1º. O não recolhimento da taxa no prazo fixado implicará em multa de 2%
(dois por cento) e juros moratórios de 1% (um por cento) a cada trinta dias de
atraso calculados pro rata die, sobre o valor principal atualizado
monetariamente, na forma da legislação em vigor, a contar do dia seguinte ao
do vencimento.
§ 2º. Independentemente do estabelecido no § 1º deste artigo, a taxa não
recolhida pelo devedor será inscrita em Dívida Ativa da AGEPAR, após
esgotado o devido processo legal, onde se assegure a ampla defesa e o
contraditório.
Causa ➢ Não identificada.
Efeito ➢ Perda potencial de receita pela decadência;
➢ Possibilidade de configuração de ato de improbidade administrativa, nos termos
do artigo 10, X, da Lei 8.429/92;
➢ A ausência de segurança e confiabilidade do controle das receitas arrecadas
por meio da Taxa de Regulação pode dificultar a cobrança e o cálculo dos
créditos, podendo gerar cobranças equivocadas a menor ou maior, provocando
novas judicializações desnecessárias, o que pode aumentar os custos de
transação;
➢ Estímulo à inadimplência.
Comentários do ➢ A presente Matriz de Achados foi encaminhada ao gestor para manifestação,
gestor por meio do Sistema Gerenciador de Acompanhamento – SGA. Após decorrido
o prazo, não houve manifestação.
➢ Diante de tal situação, foi realizada comunicação via correio eletrônico para
alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
Análise da ➢ Em face da ausência de manifestação do gestor, mantém-se, na íntegra, as
equipe considerações sobre o achado.
Conclusão ➢ A falha não foi sanada.
Recomendação ➢ Adotar e desenvolver sistema informatizado seguro, dotado de
confidencialidade, integralidade e disponibilidade para controle e gestão da
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Taxa de Regulação, base de toda a arrecadação da Agência,
➢ Adotar as medidas legais cabíveis para promover a cobrança das
concessionárias inadimplentes.
Benefícios ➢ Permitir que a unidade financeira/contábil reduza o tempo de trabalho
esperados despendido em atividades de cunho meramente operacional e passe a atuar
mais no assessoramento à alta direção mediante análises e estudos voltados
para a tomada de decisões;
➢ Maior segurança na gestão da Taxa de Regulação e, consequentemente, maior
eficácia na arrecadação da Receita Tributária.
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Lei 18532/2015, art. 34 - O Poder Executivo poderá utilizar os recursos de Superávit Financeiro
apurados nos balanços das Unidades da Administração Indireta, dos Fundos e das Universidades e
Faculdades Estaduais do Poder Executivo, para atender programas prioritários de Governo.
Decreto 2879/2015, art. 39. Do Superávit Financeiro das Unidades da Administração Indireta, dos Fundos
e das Instituições de Ensino Superior, apurado nos balanços e transferido ao Tesouro Geral do Estado,
será devolvido ao Órgão ou Unidade Orçamentária de origem até o limite 20% (vinte por cento).
Art. 49. A edição das demais normas complementares necessárias ao cumprimento do disposto neste
Decreto compete: (...) II – ao Secretário de Estado da Fazenda, nas demais hipóteses
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SEFA que o cumprimento da solicitação feita pela Secretaria da Fazenda seria
entendido como renúncia de receita por parte da AGEPAR e acarretaria
responsabilidades legais de seus gestores.
➢ Essa disputa entre a AGEPAR e a SEFA não está restrito à questão da posse e
utilização do superávit orçamentário e financeiro. Durante os trabalhos
desenvolvidos pela equipe de fiscalização da 2ª Inspetoria de Controle Externo
do Tribunal de Contas do Estado do Paraná ao longo do exercício de 2016, foi
constatada a situação, recorrente a exercícios anteriores, em que eram
utilizadas suplementações de receita para o pagamento da folha de pessoal da
Agência. O valor orçado, no início do ano, era composto por montante suficiente
para o pagamento de somente 4 (quatro) meses de despesas com pessoal.
Além disso, verificou-se também dificuldade por parte da AGEPAR para o
pagamento de outros tipos de despesa, incluindo aí diárias de viagens de
diretores. Após a verificação da situação, constatou-se que a Agência não
exercia “suas prerrogativas relacionadas à utilização de suas receitas” devido a
interferências originadas pela SEFA, tais como retenções e liberações de cotas
orçamentárias.
➢ A AGEPAR depende da SEFA quanto à liberação de cotas para sua execução
orçamentária, sem prejuízo da existência de disputas relacionadas para a
manutenção, em sua conta bancária, dos superávits obtidos ao final de cada
exercício frente à recorrência de solicitações da SEFA em requerer a
transferência desses valores. Na mais recente tentativa feita pela SEFA, a
AGEPAR respondeu mediante o Ofício nº 218/2018/GAB, de 04/09/2018, em
que reafirma seus argumentos ao não recolhimento do superávit.
Evidências ➢ Formulário de registro de entrevista com o gerente financeiro;
➢ Relatórios orçamentários do SIAF referentes à AGEPAR – exercícios 2013 a 1º
semetre de 2018;
➢ Troca de ofícios entre AGEPAR e SEFA constantes nos Protocolos de n.º
13.998.276-2, 14.081.672-8 e 14.071.899-8.
Critério e Fonte ➢ Fonte do critério: Lei Complementar nº 94 de 23 de julho de 2002.
do Critério ➢ Critério: Art. 1º. A natureza de autarquia especial conferida à AGÊNCIA
REGULADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DELEGADOS DE INFRA-
ESTRUTURA DO PARANÁ é caracterizada por independência decisória,
autonomia administrativa e autonomia financeira, mandato fixo e estabilidade de
seus dirigentes.
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Infraestrutura do Paraná - AGEPAR, criada pela Lei Complementar nº 94, de 23
julho de 2002, é uma entidade autárquica, sob regime especial, dotada de
personalidade jurídica de direito público, vinculada ao Governador do Estado do
Paraná e orçamentariamente à Casa Civil.
(...)
§ 4º A autonomia de gestão orçamentária, financeira, técnica, funcional,
administrativa e de poder de polícia, que caracteriza o regime especial da
AGEPAR, consiste na capacidade, de acordo com as atribuições fixadas nos
artigos 6º e 7º do Regulamento da AGEPAR, para:
a) em relação à gestão orçamentária e financeira: elaborar a proposta e
executar o orçamento, gerir a receita, a despesa e os recursos adicionais;
(...)
Art. 7º. Compete à AGEPAR, respeitados os planos e políticas instituídos pelo
poder concedente:
(...)
XVIII - elaborar proposta orçamentária, a ser incluída no orçamento geral do
Poder Executivo Estadual;
(...)
Art. 104. Compete a Gerência Econômica e Financeira:
(...)
XII – efetuar depósitos e controlar saldos bancários;
XIII - providenciar as liberações orçamentárias junto à Secretaria de Estado do
Planejamento e Coordenação Geral, visando suprir as necessidades da
AGEPAR.
Causa ➢ Entendimento da Secretaria da Fazenda a respeito da autonomia financeira da
AGEPAR, buscando aplicar a Resolução SEFA nº 196, de 04 de março de 2016
12.
12 Art 1º Estabelecer o percentual de 80% (oitenta por cento) do Superávit Financeiro apurado nos
balanços das Unidades da Administração Indireta dos Fundos e das Instituições de Ensino Superior a ser
recolhido a conta do Tesouro Geral do Estado, até 05 de abril de 2016, para atender programas
prioritários do Poder Executivo
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alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
Análise da ➢ Em face da ausência de manifestação do gestor, mantém-se, na íntegra, as
equipe considerações sobre o achado.
Conclusão ➢ A falha não foi sanada.
Recomendação ➢ Não recolher ou efetuar qualquer tipo de repasse de recursos arrecadados
mediante a Taxa de Regulação, a qualquer tempo, para os cofres do
Executivo;
➢ Editar resolução própria vinculando a conduta dos gestores representantes da
entidade ao atendimento da recomendação anterior.
Benefícios ➢ Maior autonomia financeira à Agência, permitindo o desenvolvimento de suas
esperados atividades regulatórias de maneira mais adequada.
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capacidade deliberativa.
➢ Além dos itens referentes à autonomia decisória, verifica-se que a lei de criação
em seu art. 17, §3º, permite uma recondução para os diretores da AGEPAR e
um período de quarentena de seis meses contados da data de desligamento do
cargo, quando o diretor permanece impedido de prestar qualquer tipo de serviço
nas entidades reguladas ou na Administração Pública Estadual em qualquer
dos setores regulados pela AGÊNCIA, art. 19.
Efeito ➢ Como a Lei Complementar 94/2002 não especifica o que se entende por
elevado conceito no campo de especialidade dos cargos, e também não há a
definição dos requisitos técnicos para cada cargo, a comprovação objetiva da
aptidão do candidato ao cargo fica prejudicada. A subjetividade dos critérios
possibilita a indicação de diretores que não possuem os conhecimentos
imprescindíveis para o exercício de cargo de natureza técnica e abre espaço
para indicações meramente políticas.
➢ A ausência de disciplina sobre a substituição de diretores durante seus
impedimentos ou afastamentos legais ou, ainda, no período de vacância que
anteceder a nomeação de novo diretor pode causar perda da capacidade
deliberativa da Agência, pois é exigido o quórum mínimo de três diretores para
a realização das reuniões do Conselho Diretor (Resolução nº 3/2018, art.60).
➢ A demora do Executivo para indicar nomes para a Diretoria também pode
causar a paralisia decisória da Agência.
➢ O curto período estabelecido para a quarentena dos Diretores aumenta a
possibilidade de captura desses profissionais pelo setor regulado.
➢ A existência do instituto da recondução pode incentivar os dirigentes a aceitar
as pressões do governo no intuito de permanecer no cargo.
<https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24F0A728E014F0B1
05A8057B9>.
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Recomendação ➢ Definir, através do Regimento Interno, os requisitos técnicos mínimos
necessários para o exercício de cada cargo de diretoria, em atendimento ao
art. 25, §1º do Decreto n. 7.765/2017;
➢ Disciplinar, através do Regimento Interno, os critérios para a substituição de
diretores em atendimento ao art. 14 da Lei Complementar n. 94/2002, a fim de
evitar situação de descontinuidade das condições de decisão da Agência;
➢ Verificar junto ao Poder Executivo, legitimado a submeter a matéria à
apreciação do Poder Legislativo, a possibilidade de adaptar a lei da entidade
às melhores práticas de governança regulatória, avaliando a conveniência e
oportunidade de:
o Estabelecer prazo máximo para a indicação, arguição e aprovação
pela Assembleia Legislativa e nomeação de pretendentes aos cargos
de diretores;
o Estender o período de quarentena para um ano, tendo por parâmetro
as melhores práticas internacionais adotadas como critério;
o Cancelar a possibilidade de recondução e reavaliar a adequação e a
compatibilidade do período de mandato dos dirigentes para a
obtenção de resultados efetivos em uma gestão
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tomada de decisões e no desenvolvimento de uma estrutura de governança
regulatória.
➢ De acordo com as informações prestadas, não foi desenvolvido trabalho capaz
de identificar os riscos a que a entidade está exposta, os níveis toleráveis de
ocorrências negativas, bem como os recursos e responsabilidades de agentes
para tratamento das ocorrências.
➢ Considerando que a literatura conceitua risco como a possibilidade de
ocorrência de um evento que venha a ter impacto no cumprimento dos
objetivos, algumas ocorrências negativas podem se efetivar a partir das
situações descritas em outros achados deste relatório.
➢ Em um rol meramente exemplificativo, são identificáveis determinadas
situações negativas que se encontram em estado de iminente ocorrência ou
que já se concretizaram no passado, mas que podem ser repetidas caso não
seja providenciado o tratamento adequado:
o Insuficiência de recursos humanos e financeiros;
o Ingerências externas nas atividades da entidade;
o Ausência de planejamento estratégico e operacional;
o Ausência de alimentação de sistemas informatizados;
o Ausência de estabelecimento de normas que definam os
procedimentos mais sensíveis da entidade;
o Desconhecimento de procedimentos pela população atendida;
o Inadimplência de regulados quanto ao pagamento da taxa de
regulação;
o Conflitos de competência com outros entes governamentais.
➢ Embora tais eventos sejam de conhecimento tácito da Administração por se
encontrarem em estado de efetiva ou iminente realização, a entidade carece de
um registro formal de riscos ou documento que, a partir da relação mapeada,
classifique os fatores, níveis de impacto e probabilidade, assim como eventuais
medidas de controle.
➢ Além da carência de gestão de riscos organizacionais, inexiste código de
conduta para o tratamento de fatores negativos de integridade a que a entidade
está exposta, como uso indevido de informações privilegiadas dos setores
regulados, bem como conflito de interesses em relação a matérias em
discussão que podem decididas por agentes motivados por interesses distintos
daqueles da regulação.
•
Embora as melhores práticas de governança e de gestão de riscos tenham sido
desenvolvidas para as corporações empresariais, as ferramentas de controle
passaram a ser absorvidas pelas organizações públicas como resposta à
chamada de eficiência e modernização do serviço público.
29
(...)
A introdução da gestão de riscos, e a garantia de sua contínua eficácia requerem
comprometimento forte e sustentado a ser assumido pela administração da
organização, bem como um planejamento rigoroso e estratégico para obter-se
esse comprometimento em todos os níveis. Convém que a administração:
30
proposta de trabalho.
31
reuniões técnicas periódicas.
➢ Conforme observado, o tratamento dado aos estudos de regulação varia de
acordo o setor, sem que exista um processo contínuo de coleta, organização e
de tratamento de dados, de forma a possibilitar a formação de conhecimento
institucional para embasar estudos prospectivos das propostas de regulação.
➢ Com isso, a produção de conhecimento de cada setor regulado não provém de
um processo sistemático de análise que permita subsidiar as tomadas de
decisões com potencial de influir sobre os direitos ou obrigações dos usuários e
regulados a partir de informações que considerem eventuais custos/benefícios
delas decorrentes.
32
Fonte do critério: Referencial comparativo às melhores práticas institucionais no
ambiente regulatório – art. 4º, Resolução Normativa ANEEL n. 798/2017;
Critério: Resolução Normativa ANEEL n. 798/2017:
Art. 4º A AIR deverá ser apresentada em forma de relatório específico – Relatório
de AIR, e conterá, no mínimo, informações relativas aos seguintes aspectos:
I – sumário executivo, utilizando linguagem simples e acessível ao público em
geral;
II – identificação do problema regulatório que se quer solucionar, apresentando
suas causas e extensão;
III – identificação dos atores ou grupos afetados pelo problema regulatório
identificado;
IV – identificação da base legal que ampara a ação da Agência no tema tratado;
V – justificativas para a possível necessidade de intervenção da Agência;
VI – objetivos pretendidos com a intervenção da Agência;
VII – descrição das possíveis alternativas para o enfrentamento do problema
regulatório identificado, considerando a opção de não ação e, sempre que
possível, alternativas que não ensejam ato regulamentar;
VIII – exposição dos possíveis impactos das alternativas identificadas;
IX – comparação das alternativas consideradas, apontando, justificadamente, a
alternativa ou a combinação de alternativas que se mostra mais adequada para
alcançar os objetivos pretendidos;
X – identificação de formas de acompanhamento e fiscalização dos resultados
decorrentes do novo ato normativo;
XI – identificação de eventuais alterações ou revogações de regulamentos em
vigor em função da edição do novo ato normativo;
XII – considerações referentes às informações, contribuições e manifestações
recebidas para a elaboração da AIR em eventuais processos de participação
pública ou outros processos de recebimento de subsídios de interessados no tema
sob análise; e
XIII – prazo para início da vigência das alterações propostas.
Efeito ➢ Reduzida compreensão dos efeitos da ação regulatória sobre cada setor;
➢ Tomada de decisões a partir de informações limitadas, sem considerar os
custos e impactos das alternativas disponíveis.
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➢ Diante de tal situação, foi realizada comunicação via correio eletrônico para
alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
Critério e Fonte Fonte do critério: Art. 7º, inciso III, da Lei Complementar nº 94/2002
do Critério
Critério: Art. 7º. No cumprimento de seus objetivos e no âmbito de sua
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competência, cabem à AGÊNCIA as seguintes atribuições:
III - realizar audiências públicas periódicas precedidas de ampla divulgação, com
objetivo de imprimir publicidade à avaliação da atuação da AGÊNCIA e da
qualidade dos serviços prestados pelas entidades reguladas;
(...)
(...)
35
ambiente regulatório
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Comentários do ➢ A presente Matriz de Achados foi encaminhada ao gestor para manifestação,
gestor por meio do Sistema Gerenciador de Acompanhamento – SGA. Após decorrido
o prazo, não houve manifestação.
➢ Diante de tal situação, foi realizada comunicação via correio eletrônico para
alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
Recomendação ➢ Realizar audiências públicas, no mínimo, para as situações previstas em sua lei
de criação, ou seja, sempre que o processo decisório implicar na afetação de
direitos dos agentes econômicos dos setores regulados ou dos usuários, bem
como para dar publicidade à avaliação da atuação da Agência e da qualidade
dos serviços prestados pelas entidades reguladas;
➢ Regulamentar a operacionalização das audiências e consultas públicas,
definindo:
o a relação mínima de documentos que deverão ser disponibilizados antes e
após a realização das audiências/consultas públicas, bem como o prazo
máximo para que isso aconteça, incluindo o prazo máximo para
disponibilização dos relatórios de análise das contribuições recebidas;
o a antecedência mínima com que será dada a publicidade para realização
das audiências/consultas públicas; e
o o prazo mínimo para recebimento das contribuições.
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situações quanto à estrutura/organização da função:
o No organograma da AGEPAR, a Ouvidoria encontra-se no nível de
execução, subordinada funcionalmente à Diretoria de Relações
Institucionais e Ouvidoria;
o O cargo de Ouvidor é ocupado por um agente com cargo em comissão,
nomeado pelo Governador; sem mandato legalmente definido;
o Inexiste regulamentação quanto à indicação e nomeação do Ouvidor e
quanto aos critérios para a sua escolha;
o Inexiste de normatização da organização e do funcionamento da ouvidoria.
38
mencionadas no inciso I, e, com base nelas, apontar falhas e sugerir melhorias na
prestação de serviços públicos.
Art. 15. O relatório de gestão de que trata o inciso II do caput do art. 14 deverá
indicar, ao menos:
I - o número de manifestações recebidas no ano anterior;
II - os motivos das manifestações;
III - a análise dos pontos recorrentes; e
IV - as providências adotadas pela administração pública nas soluções
apresentadas.
Parágrafo único. O relatório de gestão será:
I - encaminhado à autoridade máxima do órgão a que pertence a unidade de
ouvidoria; e
II - disponibilizado integralmente na internet.
Art. 16. A ouvidoria encaminhará a decisão administrativa final ao usuário,
observado o prazo de trinta dias, prorrogável de forma justificada uma única vez,
por igual período.
Parágrafo único. Observado o prazo previsto no caput, a ouvidoria poderá solicitar
informações e esclarecimentos diretamente a agentes públicos do órgão ou
entidade a que se vincula, e as solicitações devem ser respondidas no prazo de
vinte dias, prorrogável de forma justificada uma única vez, por igual período.
Art. 17. Atos normativos específicos de cada Poder e esfera de Governo disporão
sobre a organização e o funcionamento de suas ouvidorias.
14 Menezes, Ronald do Amaral. Ouvidorias públicas federais: análise dos elementos que
contribuem para a promoção da gestão social. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/td_2088.pdf>
39
análise da autonomia no âmbito das ouvidorias públicas envolve a consideração de
aspectos políticos e técnicos.
Em relação à autonomia política, o primeiro e mais importante elemento diz
respeito
à escolha do ouvidor. Os mecanismos mais adequados para a escolha de um
ouvidor autônomo são, sem dúvida, aqueles nos quais o processo se dá de forma
independente do dirigente máximo do órgão ou entidade a que se vincula, e que
tais mecanismos estejam pautados em critérios técnicos.
(...)
Outro importante elemento que se relaciona com a autonomia política do ouvidor é
o instituto do mandato – um poderoso instrumento que, de acordo com Lyra (2009),
permite que o ouvidor exerça suas atribuições com um mínimo de independência e
credibilidade. Assim, defende-se que os titulares das ouvidorias detenham mandato
certo, afastada, portanto a possibilidade de exoneração ad nutum.
(...)
A subordinação hierárquica é um importante elemento relacionado à autonomia
política das ouvidorias públicas. Nesse contexto, os modelos baseados em não
subordinação ou em subordinação ao dirigente máximo dos respectivos órgãos e
entidades contribuem para uma maior autonomia.”
Comentários ➢ A presente Matriz de Achados foi encaminhada ao gestor para manifestação, por
do gestor meio do Sistema Gerenciador de Acompanhamento – SGA. Após decorrido o
prazo, não houve manifestação.
➢ Diante de tal situação, foi realizada comunicação via correio eletrônico para
alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
Condição ➢ A Entidade não possui documento que materialize formalmente uma política de
comunicação institucional. Embora tenha sido elaborado um plano de
41
assessoria de imprensa, o projeto ainda aguarda aprovação para ser
implantado;
➢ O principal canal de informação consiste no próprio sítio eletrônico que não
dispõe de mecanismo de avaliação da acessibilidade, relevância e qualidade
dos conteúdos divulgados. Embora a página forneça o número de acesso
realizado para determinadas pesquisas, esses dados não são considerados
para avaliar que tipo de informação o usuário necessita quando da elaboração
de produtos de divulgação;
➢ A entidade não dispõe de Carta de Serviços ao Usuário. O conteúdo mais
dedicado ao esclarecimento das funções e serviços prestados pela entidade é a
compilação de perguntas frequentes – FAQ. Contudo, considerando a resposta
à pergunta n.º 6: “A AGEPAR tem poucos meses de existência.”, é razoável
deduzir que a última revisão ocorreu em período remoto, o que demonstra que
não foram consideradas novas demandas para o instrumento de comunicação
que merece dinamicidade e permanente atualização.
➢ A publicação das atas do conselho contava com mais de três meses de atraso,
conforme consulta realizada em 17 de agosto de 2018 ao sitio eletrônico da
entidade, considerando que a última ata divulgada referia-se à reunião
extraordinária realizada em 02 de maio de 2018;
➢ Além da publicação intempestiva, na mesma data de consulta, verificou-se que
determinadas atas sobre reuniões realizadas em exercícios anteriores não
estavam disponíveis na página da entidade. São elas: RCDr n. 02/2014, RCDr
04/2015 e RCDr 05/2015.
➢ A identificação de determinadas atas divulgadas não coincide com a numeração
prevista no calendário. A reunião ordinária do Conselho Diretor ocorrida no dia
24 de abril de 2018, por exemplo, recebeu a identificação numérica 012/2018
no próprio documento e no portal de transparência, enquanto que no calendário
de eventos é identificada como reunião do Conselho Diretor 07/2018;
➢ Verificou-se a repetição de identificação de atas de reuniões realizadas em
datas e com conteúdos diferentes. As atas com a mesma identificação “RCDr
003/2013”, por exemplo, cujos registros são utilizados para as reuniões
realizadas em 04/02/2013 e em 28/02/2013 tratam de assuntos distintos.
Critério e Fonte Fonte do critério: Art. 98, I, VI, XII, do Regimento Interno da AGEPAR -
do Critério Resolução n.º 003, de 20 de fevereiro de 2018
Critério: Art. 98. Compete à Gerência de Relações Institucionais:
I - a elaboração do Plano de Relações Institucionais, submetendo-o à aprovação
do Conselho Diretor e coordenando sua implantação;
42
(...)
VI - manter atualizado o registro das divulgações efetuadas pela AGEPAR e das
notícias publicadas na imprensa de interesse da AGEPAR;
(...)
XII - coordenar as atividades de comunicação integrada da AGEPAR com seus
diversos públicos valendo-se para isto dos vários instrumentos e canais de
comunicação, entre eles jornais, revistas, boletins, sites (inclusive o site oficial da
AGEPAR), seminários, encontros, reuniões etc.;
44
Homologa a primeira revisão tarifária periódica da SANEPAR;
➢ Processo da Resolução Homologatória n. 002 de 25 de maio de 2015 –
Homologa o reajuste das tarifas das Linhas do Sistema de Transporte Coletivo
Rodoviário Intermunicipal de Passageiros de característica Metropolitana do
Interior do Estado do Paraná;
➢ Processo da Resolução Homologatória n. 005, de 29 de agosto de 2017 -
Homologa a minuta do Quinto Termo Aditivo ao Contrato de Concessão nº
076/97 - DER/PR - Concessionária ECOVIA Caminho do Mar S/A;
➢ Processo da Resolução Homologatória n. 006 de 23 de setembro de 2015 -
Homologa a minuta do Quinto Termo Aditivo ao Contrato de Concessão nº
071/97 - DER/PR - Empresa Concessionária de Rodovias do Norte S.A. -
ECONORTE (Prot. 14.648.154 0) - Revisão Lote 1- Processo Digitalizado;
➢ Processo Administrativo Sancionador - Autos de Infração nº 001/2017,
002/2017, 003/2017.
O sentido material da norma veda que agentes com vínculo precário realizem
atividades permanentes e finalísticas reservadas exclusivamente a servidores
efetivos admitidos por concurso público.
A regulação compreende a condução de processos administrativos decorrentes de
sua atividade fiscalizatória e de controle. Tanto a fiscalização como a emissão de
pareceres técnicos pressupõem a existência de autonomia e imparcialidade dos
emissores dos atos que respaldam as decisões do conselho deliberativo. Por se
tratar de atividade finalística, não pode ser atribuída a agentes estranhos à carreira
sem vínculo efetivo com a entidade, uma vez que é característica desses cargos a
instabilidade e dependência funcional.
A característica de transitoriedade do cargo em comissão e da cessão funcional
opõe-se à natureza de tipicidade estatal da atividade regulatória, por ser
desprovida da imparcialidade necessária para a execução da função. Eventuais
pressões políticas internas ou econômicas externas, inerentes do próprio ambiente
de regulação, são capazes de suprimir a autonimia funcional esperado dos
agentes que seriam responsáveis por emitir pareceres técnicos.
A referida autonomia deve ser resguardada a ponto de conferir a segurança
necessária para que o agente, inclusive, sinta-se amparado para emitir uma
opinião contrária a eventuais interesses de gestores públicos, em casos em que o
ato que é preparado for ilegítimo.
45
Nesse sentido, o provimento de cargos por agentes com vínculo precário com a
entidade deve restringir-se às funções de direção, chefia e assessoramento, sem
que esses assumam a função de emissão de pareceres técnico-jurídicos, que são
atribuições funcionais exclusivas de ocupantes de cargos efetivos .
Causa ➢ Desde a criação da AGEPAR até o exercício de 2018, a entidade não havia
realizado nenhum concurso público para o preenchimento dos seus cargos
efetivos. Com isso, todas as atividades da entidade foram realizadas por
agentes ocupantes de cargos em comissão e/ou cedidos de outras entidades,
inclusive as manifestações técnicas emitidas em processo de fiscalização,
homologação de reajuste e revisões tarifárias.
Efeito ➢ Elevação dos riscos inerentes à perda de autonomia técnica, pelo fato do
agente nomeado para exercer cargo em comissão, que possui vínculo precário
com a entidade, se encontrar permanentemente sujeito à exoneração sumária e
desmotivada pela autoridade nomeante. Tal situação favorece que esses
agentes possam ser constrangidos a emitir pareceres tendentes à inclinação
econômica e política encomendada por agentes externos com forte poder de
influência sobre a entidade.
➢ Intensificação da aparência de continuidade da política executada pelo Poder
Concedente com a inserção de seus próprios agentes na agência reguladora
para a emissão de manifestações técnicas em entidade que deveria manter
uma relação de credibilidade apartada do titular da concessão.
47
Viapar).
Critério e Fonte Fonte do critério: Art. 37, II, da Constituição Federal de 1988
do Critério
Critério: Art. 37, II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;
48
fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais
acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área
de competência legal do órgão ou entidade.
§ 1.º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes,
informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção
de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto de execução
indireta.
Não obstante as citadas normas anteriores sejam suficientes para verificar que
ocorre delegação fiscalizatória a agentes privados, orientações adotadas dentro da
própria Administração Estadual, com inegável aspecto relacionado ao caso
concreto, são capazes de motivar a adequação da situação encontrada.
É reconhecido o entendimento que certos atos materiais que precedem ou
sucedem os atos de polícia possam ser delegados a particulares. É exemplo de
ato material preparatório a contratação de empresas privadas para a instalação de
equipamentos de medição de velocidade (“pardais”) que constatam um fato
objetivo (excesso de velocidade) que configure uma infração de trânsito. A
terceirização também pode ser admitida para a prática de atos sucessivos ao ato
administrativo, como, por exemplo, a contratação de serviço de demolição de
obras irregulares depois de exaurido o ato de fiscalização pelo agente público.
A diferença entre as hipóteses de admissibilidade citadas e a situação encontrada
na AGEPAR é perceptível pelo grau de verificação realizado, que naqueles casos
é descritivo e nesse é analítico. Enquanto que os exemplos citados de atos
materiais acessórios caracterizam-se pela automaticidade e ausência de valoração
circunstancial, os serviços executados pela Engefoto configuram atividades que
vão além de uma mera verificação de um fato ao exigirem uma apreciação e
interpretação das condições à luz de um parâmetro, com o objetivo de emitir um
juízo de adequabilidade sobre o fiscalizado.
Confome descrito na condição, pelo Relatório emitido pela contratada, são
realizados comentários críticos sobre o grau de atendimento dos programas,
inclusive, com conclusões acerca das medidas de correção necessárias (pág. 11).
O caráter avaliativo, através de um juízo de valor sobre o fiscalizado, demonstra
que não se trata de mero ato material acessório do poder de polícia. O exercício
de valoração circunstancial coloca a empresa contratada na condição de efetivo
fiscal encarregado de expor seu próprio entendimento sobre o desempenho dos
concessionários.
Causa ➢ Desde a criação da AGEPAR até o exercício de 2018, a entidade não havia
realizado nenhum concurso público para o preenchimento dos seus cargos
efetivos. Com isso, inspeções e estudos técnicos de engenharia voltados ao
acompanhamento do desempenho dos concessionários foram realizados pela
empresa contratada Engefoto - Engenharia e Aerolevantamentos S.A.
51
contratos.
Evidências ➢ Resoluções Normativas editadas pelo Conselho Diretor - não foi identificado ato
com conteúdo voltado ao estabelecimento de metas e indicadores de qualidade
dos serviços regulados;
➢ Formulário de registro de entrevista realizada com Diretor e Gerente de
Fiscalização e Qualidade dos Serviços.
52
institucionais no ambiente regulatório também assume importância na identificação
do estado desejável do que “deveria ser”. Agências reguladoras que
reconhecidamente adotam práticas desejáveis servem de referência sobre os
métodos de monitoramento e sistema de indicadores.
A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio
Grande do Sul (AGERGS), por exemplo, padronizou os indicadores e a
metodologia de apuração dos dados do setor de saneamento, por meio da Nota
Técnica n. 01/2013-DQ/AGERGS. O documento estabeleceu que os dados e
indicadores, apurados mensalmente e por meio de procedimentos auditáveis,
devem ser enviados ao ente regulador trimestralmente através de sistema
informatizado disponibilizado pela AGERGS, de acordo com formatação definida
pela unidade responsável pela fiscalização.
A base de dados formada possibilita a realização de estudos com uma avaliação
global das informações recebidas para a posterior propositura de metas a serem
aplicadas aos indicadores monitorados.
A metodologia adotada pela AGERGS exemplifica uma metodologia favorável ao
acompanhamento mais eficaz sobre a qualidade dos serviços. Com a
disponibilidade de indicadores dentro de um sistema informatizado a partir de
informações enviadas pelos agentes concessionários, permite-se que o regulador
realize o cruzamento de informações e a criação de malhas para a identificação de
riscos relacionados a baixa performance ou descumprimento de metas de
qualidades, para os quais as fiscalizações in loco são reservadas.
53
Comentários do ➢ A presente Matriz de Achados foi encaminhada ao gestor para manifestação,
gestor por meio do Sistema Gerenciador de Acompanhamento – SGA. Após decorrido
o prazo, não houve manifestação.
➢ Diante de tal situação, foi realizada comunicação via correio eletrônico para
alertar o gestor sobre a ausência de suas considerações sobre os Achados
apontados. Contudo, o contato não foi respondido.
54
concessionárias dos demais setores.
➢ Não há uniformidade no formato para coleta, armazenamento e tratamento das
informações relativas aos aspectos econômico financeiros dos serviços públicos
delegados, o que impossibilita que a AGEPAR construa suas próprias matrizes
de dados para a realização de simulações de cenários econômico-financeiros.
➢ Atrelada à indisponibilidade de informações organizadas em planos de contas e
de um sistema adequado ao processamento e monitoramento da regulação
econômica, a inexistência de pessoal para avaliação preparatória de cálculos
tarifários compromete o desempenho da entidade em análises que deveriam
respaldar os processos de reequilíbrio econômico financeiro.
55
de competência da AGEPAR como se segue:
I - São competências de âmbito geral:
(...)
e) deliberar sobre proposta de metodologia a ser utilizada na fixação, revisão,
ajuste e homologação de tarifas;
f) deliberar sobre propostas de regulação econômica, sistemáticas e metodologias
que visem estabelecer parâmetros regulatórios relativos aos serviços, cálculos de
custos, certificações e planos de investimento atuais e futuros;
(...)
q) deliberar sobre proposta de homologação de alterações ou atualizações no
plano de contas padronizadas e o formato das informações gerenciais das
empresas de serviços públicos delegados;
(...)
Art. 100. Compete à Gerência de Regulação Econômica e Financeira: I -
desenvolver metodologias e estudos relativos às tarifas dos serviços públicos
delegados, sugerindo e subsidiando a elaboração de normas e regulamentos;
(...)
III - desenvolver modelos de controle do equilíbrio econômico-financeiro, buscando
a modicidade das tarifas e o justo retorno dos investimentos;
IV - acompanhar a evolução de índices econômicos;
(...)
VII - estabelecer planos de contas para os diversos setores regulados e propor o
respectivo aperfeiçoamento;
VIII - coletar, armazenar e tratar dados relativos aos aspectos econômico
financeiros dos serviços públicos delegados, a fim de subsidiar a regulação de tais
serviços;
(...)
XIII - examinar, periódica e sistematicamente, a consistência e a fidedignidade das
informações dos delegatários de serviços, em relação aos custos dos serviços e à
demanda de usuários;
(...)
XVI - interpretar os indicadores de desempenho econômico-financeiros e
contábeis, bem como analisar a adequação dos dados contábeis apresentados;
56
sua fixação, reajuste e revisão;
(...)
VIII - plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e certificação;
Causa ➢ Desde a criação da AGEPAR até o exercício de 2018, a entidade não havia
realizado nenhum concurso público para o preenchimento dos seus cargos
efetivos. Com isso, a atividade de avaliação de cálculos em processos de
reajuste e revisões tarifárias concentrou-se no ocupante da Gerência de
Regulação Econômica e Financeira.
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Efeito ➢ A ausência de um sistema de controle do equilíbrio econômico-financeiro das
concessões que permita a coleta, o armazenamento e o tratamento dos dados
econômico-financeiros favorece a unilateralidade da fonte de informações e
dependência avaliativa da Agência.
➢ Considerando os fluxos de informação restritos e pouco dinâmicos, eleva-se o
risco de assimetria de informação. Com isso, possibilita-se que as decisões
tomadas pelo corpo deliberativo sejam precedidas de instruções superficiais e
sem metodologia de análise, o que, indiretamente, subordina o trabalho às
informações fornecidas pelo Poder Concedente ou pelos próprios regulados.
58
8. CONCLUSÃO
59
finalísticas, em substituição aos agentes comissionados e cedidos que hoje
representam a totalidade do quadro de agentes.
55. Não obstante a limitação imposta pela lei de caráter nacional, os órgãos
e autoridades responsáveis pelo controle da despesa total com pessoal do
Poder Executivo Estadual, cientes da necessidade de estruturação da Agência
com pessoal próprio com vínculo permanente, podem ser motivados a avaliar a
conveniência e oportunidade de providenciar o cumprimento dos limites a fim
de abrir espaço para a futura adequação estrutural da AGEPAR.
60
homologatórios meramente formais, incapazes de atender a diretriz de estímulo
à eficiência, produtividade e competitividade dos serviços públicos regulados.
9. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
62
b) Adotar as medidas legais cabíveis para promover a cobrança das
concessionárias inadimplentes;
63
estabelecendo formalmente um compromisso de toda Organização com a
proposta de trabalho;
64
o) Após a posse dos servidores efetivos aprovados em concurso público,
reservar a esses agentes o cargo de ouvidor. (Lei Complementar nº94/2002,
art. 41-A, III, §1º);
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