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SOU ALGUÉM

nada tendo

POEMAS
João Batista Santos Abreu

SOU ALGUÉM
nada tendo

POEMAS
Prefácio
Caros leitores, amigos e amigas, este livro aborda, em poemas livres,
temas diversos da vida, que nos ajudam a libertar desta sociedade
normativa e consumista, que tende a escravizar o ser humano e aponta
a uma outra sociedade, onde aconteça uma verdadeira libertação.
Na vida queiramos ser livres e autênticos, apostados num futuro de
paz e de amor. Isso sucederá se quebrarmos os elos que nos prendem a
esta sociedade mortal e passageira. Só pela elevação do espírito, a
realizar pela cultura e religiosidade assumida, o ser humano adquirirá
aquele patamar de liberdade, que o colocará na antecâmara da
felicidade total.
Bem-haja as pessoas, que estando neste mundo, sabem que seu
destino final está na eternidade. O dia de hoje é passageiro; o futuro
seja um eterno presente e que seja feliz.
É chegada a hora de olhar, não só para os bens materiais, mas também
para as coisas de Deus. Com os olhos materiais vemos a terra, suas
belezas e seus horrores. Com os olhos da alma sintamos a Alegria, a
Paz e a Felicidade eternas.
Sou alguém nada tendo A ciência estuda a matéria
E tendo pouco sou A filosofia é a ponte existente
É o que estou sentindo Para o entendimento do imaterial
No tempo que existo E a invisibilidade do espírito

Dos anos já vividos O mundo para além da matéria


Ficaram experiências Está cheio de seres espirituais
Ganhos de sabedoria Que os olhos materiais não veem
Vontade de comunicar Mas é sentido qual brisa

Nada tendo cresço Não têm alguma forma física


Na entrega aos outros Tocam-nos e falam de serenidade
Construindo pontes São seres livres da matéria
E espalhando afetos Desconhecem espaço e tempo

Tendo cresço no egoísmo Falam-nos de uma outra vida


Penso em mim e recuso Imortal e mais harmoniosa
Doar-me aos outros Orbitam uma Existência criadora
Fecho-me e perco a vida Energia eternamente renovadora

Mil vezes prefiro É para esse mundo do além


Ser do que ter Que eu estou caminhando
Sendo eu cresço Mundo que a ciência desconhece
Tendo pouco sou Mas para o qual caminho

Sou alguém nada tendo O bem que esteja pensando


Porque sou livre As palavras que vá escrevendo
E tendo pouco sou Não estou sentindo ser dono
Se me fecho aos outros É algo demais para mim

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A cruz da vida
Está colada ao corpo
A criança quer os pais juntos E à minha alma
Quer sentir-se amada e segura Aceite ou rejeitada
Quer ter o carinho da mãe Faz parte de mim
E o abraço acolhedor do pai Tal como de você

A criança quer ver seus pais Toda a nossa vida


Lado a lado todos os dias Tem pontos viragem
Dialogando e não discutindo Os anos passam
Preferem o beijo ao grito Velozes por nós
Modificam o corpo
A criança tem direito a ser feliz Vivifiquem a alma
A crescer em família de paz
Sofre se os progenitores se As estações da vida
separam Tempestades e acalmias
Escolham o perdão ao egoísmo Indiferenças e injustiças
Gozos e sofrimentos
Pais separados, filhos instáveis Estão na vida
Não condenam o egoísmo dos pais Não os receie
Mas ficam tristes de coração
Pois querem-se amados em família Fugir à vida
Escapar à cruz
Pais juntos no dom da vida É perda de tempo
Juntos no crescimento dos filhos Pura tontice
Juntos em família por toda a vida Só no trabalho
Assim querem os filhos seus pais A realização pessoal

A criança para crescer bem e Chegado meu fim


saudável Meu rosto sorria
E ser adulto responsável e Ao tempo vivido
equilibrado À obra feita
Necessita de muito amor e paz No descanso merecido
E da presença amiga de seus pais À cruz que floriu

9 10
A fé do povo
Move montanhas
Insistente a pedir
Sabe agradecer

Quando em aflição
Suplica ajuda
Gente dada
Sofre sem chorar

Direto na cobrança
Diz na cara
De sua justiça
Aquilo que sente

A degradação física do corpo A fé do povo


Quando aceite e assumida Carece de purificação
É oportunidade única da pessoa Dar razão
Crescer na espiritualidade Às suas emoções

É tempo de agarrar esta vida Expurgar a fé A força do povo


Que inexoravelmente se esvai Das muitas crendices É a sua crença
E tudo fazer para deixar nela E seus fantasmas Em dias melhores
A marca da nossa passagem Nada católicos Subjugado, não dominado

Quando tudo parece perdido A razão do povo É muito invocado


Não entremos em desespero Na fé esclarecida O poder do poder
Há Vida para além desta vida Supera a indiferença Acéfalo na chefia
E Deus está do nosso lado Dos vazios intelectuais Alérgico à injustiça

O aparente fim da vida A fé do povo Povo meu querido


É início de algo maior Livre de espartilhos Do teu lado esteja
Abramos mente e coração Seja a impulsionadora És dono de sabedoria
Ao grande valor da vida Do mundo humanizado Avesso aos oportunistas

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A história do filho pródigo
É lição não aprendida
Por tantos jovens e não só A ignorância é conveniente
Que ao longo dos tempos Desculpa fácil e aceite
Querem viver sem regras Na sociedade estandardizada
Gastarem o que não ganharam Na fuga ao esforço contínuo
E assim gozarem a vida Em que a preguiça é louvada
Satisfazendo apetites corporais E o trabalho assaz desvalorizado
Com as poupanças doutros
Exigimos qualidade de vida
De vícios em vícios esgotam Direito humano universal
O dinheiro e o alegre viver Tão preocupados que estamos
Vão-se os amigos de ocasião Com os quereres do corpo
Fica a tristeza da solidão Esquecendo que o poder da decisão
Esfomeado e sem comida alguma É da vontade residente na mente
Obriga-se à procura de trabalho
Ou ao risco de ser ladrão A ignorância não justificada
Trabalho honesto é duro As atitudes irresponsáveis tomadas
Mas caminho de conversão O não sei ou o não sabia
Talvez seja desculpa conveniente
Parabéns a quem ousa mudar Mas é reveladora do pouco esforço
Uma vida tão desgraçada Em cumprir as nossas obrigações
E arrependido sabe regressar
Humilde à casa do Pai Na vida pessoa que se preze
O trabalho é percebido Procura com afinco o conhecimento
Necessidade básica do homem Prepara-se para ser ativa e útil
Dá pão e equilíbrio emocional À família e à comunidade
O respeito da comunidade é ganho No esforço combate a ignorância
E seu fruto, missão cumprida Em nada conveniente à sua vida

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À mão está
Uma folha em branco
De um branco imaculado
E eu a olhar

A lágrima não tem cor Escrevo


Raça, idade ou odor Desenho
Lágrima natural ou forçada Pinto
No rosto ou íntima Ou deixo-a em branco

Lágrimas de tristeza Tento pensar


De dor ou nervosismo Não vejo nada
Lágrimas de chantagem Uma folha em branco
De raiva ou impotência Estou sem ideias

Lágrimas de riso Inércia


Em sadio convívio Preguiça
Lágrimas de alegria Deixa correr
Da felicidade encontrada E a folha em branco

Lágrimas de amor sincero Folha limpa


Das profundezas do coração Cor imaculada
Lágrimas de gratidão Luminosa
Da vida reencontrada Teu branco é belo

Lágrimas sem corrimento Estás disponível


De coração sangrante A ser preenchida
Feridas pungentes abertas Te quero assim
Da maior ingratidão Para meu prazer

Lágrimas por silêncios Permanece branca Serás só minha


Do amor quebrado Guardada Dar-me-ei a ti
Lágrimas de comoção Quando inspirado Porei meu coração
Dos apertos na vida Te vou usar No teu branco

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A minha casa
Sim, a minha casa
Pode ter telhas de vidro
E a luz de Deus a encha
A máscara é adereço
Da ocultação da verdade Sim, a minha casa
Disfarce desadaptado Tenha as portas abertas
À realidade que somos Para que o amigo não espere
E o inimigo seja acolhido
Quem tiver a coragem
De retirar a máscara A minha casa tenha
E pôr sua vida a nu Janelas sem tapamento
Verá a pessoa que é Por elas penetrem a brisa
Ou qualquer outra criatura
São tantas as máscaras
A distorcerem a verdade Sim, a minha casa
Dos negócios fraudulentos Tenha chão de terra
Aos comportamentos aviltantes Sentado coma e dialogue
De joelhos ore na intimidade
Sabendo não ser perfeito E deitado na terra adormeça
Rejeito ter uma máscara Acompanhado pelo Senhor
Eu só tenho uma cara
Em todos os dias do ano Outro dia Deus me dará
Cumpra minhas obrigações
O disfarce não encubra Meus dias sejam oração
A mensagem do meu rosto
Esteja alegre ou triste Não me preocupe com a casa
Transpareça minha alma Um dia tudo para trás deixarei
Mundo, amigos, familiares
Tenhamos a coragem
De retirar as máscaras Só pretendo o amor de Deus
Da nossa tacanhez E a caridade por bem meu
Sejamos francos e leais Quando desta vida partir

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A minha recompensa
Está na alegria
Da criança que diz
Estou muito feliz
De abraço apertado

Minha alma rejubila


De gozo interior
Quando alguém sente
Que o livro escrito
A minha liberdade Foi feito para si
Deve ser condicionada
Pela liberdade doutrem Meu ser medita
Quando me é dito
Não tenho o direito Não deixes de semear
De ofender outra pessoa Um pedido e uma ordem
Em nome da liberdade De pessoa muito sábia

Liberdade responsável Quanto escreva seja oração


Criticando as ações Humilde e penetrante
E não seus executantes Caminho na descoberta
Da verdade suprema
O humor faça sorrir Deus, Pai e Amor
O triste e o acrítico
Sem ofender alguém Noto os olhos brilhar
Das pessoas que falam
Se atingir a crença Do livro que escrevi
Mais íntima da pessoa Fico feliz sem vaidade
O humor fica sem graça Por quebrar a indiferença

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A missão está em mim
E não fora de mim

Só conhecerei minha missão


Quando estiver evangelizado

A minha vocação está A oração do Pai-nosso


Em deixar-me evangelizar É elo e é ponte
É programa de vida
Quando me abro ao Evangelho Unindo Deus e o Homem
Deus transforma meu ser
Jesus nos ensinou
A missão está comigo Primeiro a agradecer
Essa a minha vocação E depois a pedir
O que agrade a Deus
Se a água cai no copo
Ela acaba por transbordar O reino de Deus
Venha até nós
Se me encher de Deus Uns seres ínfimos
Acontece evangelização E grandes pecadores

O corpo não me detendo A Sua vontade


O espírito entra em missão Seja feita na terra
Como é nos céus
Teresa de Lisieux amou tanto Obedecido e amado
Fez da sua vida grande missão
Peçamos-Lhe o pão
Foi missionária no convento De que necessitamos
Elevada a padroeira das missões E o Seu perdão
Para nossas ofensas
A missão antes de ser longínqua
É vida de Deus em nós Vivamos nesta terra
Irmãos em Seu amor
A minha missão está Por Ele protegidos
Onde quer que eu esteja Caminhemos para o Pai

21 22
A redescoberta do Senhor
É o bem maior da vida
Tesouro a ser guardado
Bem fundo na nossa alma
Uma revolução no modo de ser
E de estar neste mundo
Vivência pessoal e comunitária

A perfeição Penso que em qualquer religião


Sim, a perfeição Desde a mais tenra idade
Tenho-a por inatingível As crianças são iniciadas a conhecer
Porque eu reconheço As personagens da religião dos pais
Que não sou perfeito E por celebrações iniciáticas
A se integrarem progressivamente
Eu procuro-a Na comunidade dos crentes
Luto por ela
Quero possuí-la Na religião católica romana
Desejo disfrutá-la As crianças cedo são batizadas
Segue-se uma catequese da fé
Ela caminha diante mim Quando atingem o uso da razão
Tento me aproximar Recebem a primeira comunhão
Ela persiste em escapar O maná do céu para os homens
Está um degrau à minha frente Deus encarnado alimento de Vida E na escuridão surge a luz
A dúvida da fé se desvanece
Sou forçado a reconhecer Os anos da adolescência e juventude A esperança substitui o desnorte
Que apesar do esforço despendido Tempos que fazem tremerem os alicerces As razões de viver se redescobrem
Só por mim Da fé transmitida pelos pais A intimidade com Deus se
Só por mim Aceite e quase nunca questionada restabelece
Não atingirei a perfeição Mas que na idade pré-adulta O amor assume o centro da vida
Tudo e Deus também é posto em causa E tenho Deus por Senhor
Mas não vou desistir de lutar E a frieza na fé pode acontecer
A perfeição me atrai A aparente ausência de Deus
E os obstáculos da vida A religiosidade da fé se mantém A prova do deserto espiritual
Não me podem parar Oculta nas incertezas da vida São desafios no aperfeiçoamento
Que a busca da descoberta De quem procura o Senhor
Sei que no último degrau Das razões do existir e do viver Deus sorri àqueles que O buscam
Ou no topo da montanha Clarificadas no pensamento esclarecido Na profundidade do seu ser
O Pai aguarda a chegada Amadurecidas na procura de respostas E O reconhecem e aceitam por
De quem na vida se esforçou Levam à redescoberta do Senhor Senhor

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A santidade envolve seguir Jesus
Na escuta e prática da Palavra
Na vivência pessoal da Eucaristia
Na perseverança da fé professada A ser feliz
Quem não aspira
A santidade só se concretiza Tal desejo
No espaço temporal da vida Está enraizado
Em esforço continuado de Na alma humana
crescimento
Na intimidade e comunhão com A felicidade
Deus É caminho
É meta
A santidade iniciada no Batismo Sonho realizado
Só irá atingir a sua plenitude Final feliz
Na morte quando vencida com
Jesus Caminho a construir
Aí sim veremos Deus face a face De “insignificâncias”
Coisas banais
A santidade consegue-se nesta Procura persistente
vida Da paz interior
No grau da nossa disponibilidade
Em permitir que Deus modele Meta a cortar
A nossa vontade e o nosso agir No esforço diário
De bem-fazer
No céu o Poder e Glória é Deus Vida partilhada
Não agimos mais sobre a Alma a sorrir
santidade
Atingimos a Graça em plenitude Sonho realizado
Só a intercessão na comunhão com Caminho encontrado
Deus Abraço-irmão
Na própria mão
O reconhecimento da santidade A felicidade
pessoal
Levado a cabo pela Igreja de Final feliz
Cristo De uma vida
Só por vontade divina acontece Doada em amor
Como testemunho de uma vida Felicidade eterna
modelar Recompensa merecida

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A terra é bela
Uma boa casa
Para se habitar
Mas o vírus do mal A testemunha dá testemunho
Vai-a definhando Do que perceciona ter visto
Só o antibiótico do amor E guardou na sua memória
A pode salvar Imagens que se vão esvanecendo
Com o decorrer do tempo
Tenham os humanos Realidades para o observador
Alguma inteligência Dúvidas para quem avalia
Para entenderem
Que a saída O testemunho da testemunha
Destas loucuras É a verdade que o cérebro
É sua autodestruição Conseguiu captar e fixar
Acontecimento exterior a si
Antes dos humanos Que a testemunha tida idónea
Existia harmonia Tem por verdade absoluta
Nesta terra bela E o avaliador como hipótese
Com os humanos
O vírus da maldade Falar de convicções é complexo
Do poder e da ganância E de religiosidade é suspeito
Criaram as guerras Acredito e sou testemunha
Mataram criaturas De quanto Jesus, Filho de Deus
Revolveram a terra Ensinou, fez, viveu e sofreu
Criaram o caos Os discípulos contaram e escreveram
E com suas vidas testemunharam
Sem amor a paz
Não existe nesta terra Peço aos humanos Meu testemunho é convincente
A vida é impossível Que tenham juízo Quando minha vida é exemplo
A beleza da cor Mudem de rumo Minhas palavras sejam profundas
Irá desaparecer O tempo escasseia As minhas ações tenham coerência
E só restarão Salvem a terra Com provas dadas na vida
Ocres matizados A nossa casa-mãe Então, meu testemunho será aceite
De morte na terra O tempo urge E serei testemunha credível

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A ti, Maria
Queira entregar
Um ramo florido
Das belas virtudes
Colhidas no jardim
Da terra trabalhada
Dada pelo Senhor
Da minha vida


Humildade
Franqueza
Castidade
Prontidão
Caridade A vida é difícil
Modéstia Muitas vezes dura
Sinceridade Outras tão ingrata
Perseverança Mas só seguindo
Solicitude O caminho da cruz
Esperança Ao céu chegarei
Sabedoria
Paciência Olhando para Ti
Mansidão Ó Jesus crucificado
Alegria Eu posso entender
Compõem o ramo A quanto obriga
O caminho do amor
A ti, Maria Que a Deus conduz
Rogo que aceites
Esta minha oferta Jesus fortalece-me
Às virtudes murchas Que diante da cruz
Com teu perfume Não fuja ao amor
As reavives no perdão Não me envergonhe
E acolhe meu ser De assumir também
Em teu coração A minha cruz

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A vida que tenho não é minha A vida tem seu curso
Não sou o Senhor da vida Que não determino
Apenas seu usufruto me pertence Só o posso reorientar
E prestarei contas de seu uso Usando minha liberdade

A vida tem duas faces As surpresas da vida


A exterior visível e material Que não entenda
A interior pessoal e íntima Aceite esperançado
Coordenadora da própria vida Ser para meu bem

A vida exterior sensorial Os meus projetos


Perceciona uma realidade recriada Deixem de ser meus
Multiforme de singular beleza As adversidades da vida
Que toca todos os sentidos Fazem-nos crescer

A vida interior é pessoal Em Sua sabedoria


A alma que nos foi dada Deus vai moldando
Induz-nos ao crescimento Ao longo dos anos
E aperfeiçoamento espiritual Sua obra com ternura

Alma que nos mantem vivos Tudo o mais aprenda


Que discerne o bem do mal Meu caminhar trémulo
Nos auxilia nas escolhas Seja abandono confiante
No rumo a dar à vida A Deus meu Senhor

A alma da gente é a vida O que irá suceder


Que nos une ao Criador Só o futuro dirá
E à sua semelhança Dando tudo de mim
É eterna em sua existência Deus o resto fará

31 32
Ai Europa dos prazeres
Escrava do vil metal
Subjugada aos materialismos
E interesses dos poderes
Que esqueces tua fundação
Assente na matriz cristã
E desprezas os valores
Estás velha e decrépita
A viúva de Serepta
Da farinha e do azeite As tuas raízes cristãs
Que restava para si Te deram força e vitalidade
E para seu filho E abrindo-te ao mundo
Para última refeição Floresceste e frutificaste
Antes de morrerem Hoje fechas as portas
E a pedido do profeta A quantos veem em ti
Acreditando em Deus Uma fuga à miséria
Foi alimento para Eliseu Um espaço de liberdade
E a promessa se cumpriu
Até que chovesse Sob a tua copa, ó Europa
Não faltou farinha A liberdade mantém a forma
Nem azeite na almotolia Mas o conteúdo se esvai
As raízes estão secando
A viúva pobre do Templo A árvore está definhando
Só deitou uma moeda Tua fé não tem chama
Na caixa de esmolas Tens a alma corrompida
Deu tudo quanto tinha Ó Europa, sai desta letargia
Aquela pequena moeda
Valeu mais para Deus Busca tuas raízes cristãs
Que maiores quantias O dinheiro não cegue teu olhar
Dos senhores ricos Não te feches numa redoma
Enquanto a viúva O conhecimento é para repartir
Deu o que precisava A fortuna a partilhar sabiamente
Para seu sustento Cria relacionamentos de paz
Os ricos deram trocos Não explores antes colabora
Para sua autopromoção Na globalização faz harmonia

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Amo-te Senhor meu Deus
Quero crescer dia-a-dia
Vivendo no Teu amor

Os prazeres do mundo
Que a sociedade oferece
Não satisfazem minha alma

Ai! Mãe A malvadez e as hipocrisias


A vida é dura As loucuras do presente
Desgasta E os labirintos do futuro
É cansativa
Dói A dignidade acorrentada
Matura o ser A escravização das pessoas
Da existência E as amnésias do poder

Teu olhar Neste mundo de escuridão


Meu conforto Uma luz brilha ao fundo
Tua vida És tu Senhor a esperança
Um testemunho
Tua fé Esta sociedade hedonista
Minha esperança Imediatista nos prazeres
Na vida Será riscada da história

Teu sorriso Esta civilização acabará


Ternura serena Com estrondo e em ruinas
Seja alento Outra nova se erguerá
Na caminhada
Vontade tenaz Desconheço seus contornos
De sorrir Mas acredito que a paz
À vida Há de habitar a terra

Tua bondade Um dia homem e natureza


Atraia Acertarão seus interesses
Meu coração Para a sobrevivência conjunta
Bom saber
Ter na vida Hoje só está restando
Tua amizade Saber que no dia-a-dia
Tua compaixão Deus quer estar comigo

35 36
Anjo de Deus
Meu protetor
E meu guia
Guarda meu ser
Como coisa tua

Anjo de Deus
Anjo da guarda
Servidor de Deus As coisas que desejo
Conduz meus passos Para a minha vida
Até nosso Senhor Muitas das vezes não são
O melhor para mim
Anjo de Deus Nem conformes à vontade
Meu defensor De Deus meu Senhor
Luta comigo
Vence o mal Se quero ser feliz
Guarda minha alma Tenho de acertar minha vida
Com a missão desenhada
Anjo de Deus Por Deus para mim
Meu guardador Que humildemente cumprirei
Conduz meu ser Dando-Lhe a minha liberdade
Nesta vida
Até nosso Senhor Deus me sabe modelar
Talhando minha vida
Anjo de Deus De modo que eu cumpra
Toma em mão A minha missão na Terra
Meu coração Produzindo frutos de paz
Mantém-no puro E caridade no amor
Para nosso Senhor
Não é o que eu quero
Anjo de Deus Mas o que Deus quer
Boa companhia Que deve estar presente
Andas comigo Em todos os meus atos
Noite e dia Aprenda a escutar Deus
Sempre amigo E aja no Seu amor

37 38
As pequenas coisas bem-feitas
Fazem grandes as pessoas
Na exigência contínua
As emoções não se quantificam E na disciplina perseverante
O que nos vai na alma O ser humano cresce
Só é visível nas ações Como ser comunitário
Mas as lutas e os sofrimentos
Ficam com quem os vive O trabalho persistente
Amassado no amor
Só Deus conhece o íntimo Dá prazer à pessoa
De quem O ama ou O rejeita Deixa de ser castigo
Na bondade e na misericórdia Um bem a desenvolver
A todos se dá em amor É razão de viver
Aguardando o gesto de
aproximação O trabalho é vital
Para a sobrevivência
Tenho medidas de comprimento E dignidade pessoal
De largura, altura ou profundidade Quem o rejeita
Calculo volumes e anoto pesos Desestrutura sua vida
Sentimentos e emoções a perceber Deambula sem norte
O amor é mensurável na doação
O trabalho é energia
Se a pessoa vive de amor Que faz movimentar
Suas ações serão de paz A vida para diante
Se ódio lhe enche o coração A pessoa se organiza
Terá viver egoísta e ganancioso Age racionalmente
E atos de esperteza e malícia E procura o belo

Muito para além dos números Para se ser gente A grandeza das pessoas
Há uma pessoa com sensibilidade Honrada e respeitável Está em fazer bem
Aguardando que a escutem de Exige-se trabalho As pequenas coisas
verdade Coerência de vida Com ternura e amor
A vida requer partilha de afetos Domínio das emoções Vencendo os vícios
E a pessoa reclama por dignidade Abertura de coração Com garra e trabalho

39 40
Batamos palmas a Deus
Com mestria o universo criou
Fez os céus e a terra
E de beleza a encheu

Batam palmas a Deus Batamos palmas a Deus


A quem tudo devo Pelo Sol que nos ofereceu
A minha existência Sua luz e calor nos alegram
O ser livre que sou A lua luzeiro na escuridão
Tudo Ele me ofereceu
Batamos palmas a Deus
Batam palmas a Deus Que a terra ornamentou
Pelas belezas criadas Com plantas e belas flores
Pelas cores e seus tons Animais e aves no céu
Pelas florestas e pelos mares
Por tudo contínuo obrigado Batamos palmas a Deus
Que os mares encheu
Batam palmas a Deus De seres marinhos
Por sua Criação E de beleza singular
Pelo amor infindo
Semeado em cada coração Batamos palmas a Deus Batamos palmas a Deus
Muito obrigado, Senhor Que no topo da criação Que no Filho nos redimiu
Homem e mulher colocou Retirando-nos à morte
Batam palmas a Deus Acima das outras criaturas E em Seu Reino nos acolhe
Quis-nos anjos na terra
Seus adoradores e servos Batamos palmas a Deus Batamos palmas a Deus
Maior dita não existe Que a nós humanos criou Que nos retirou às trevas
Comungar do Seu amor À Sua imagem e semelhança E por seu infinito amor
Seres racionais e espirituais Nos resguarda em seu coração
Batam palmas a Deus
Por todas as criaturas Batamos palmas a Deus Batamos palmas a Deus
Ele nos quer em seu Reino Que nos quis seus filhos Cantemos a sua Glória
E na Sua doce companhia Adoradores como anjos Poder e infinita Bondade
Viver eternamente felizes Em Seu Reino de amor Com os anjos de Deus

41 42
Bendita és mãe
Abençoado seja eu
És joia lapidada
De todas a mais bela
Soubeste ser obediente
E deixar-te modelar
Belo coração de mãe Segundo a vontade
É o teu, ó Maria De teu Senhor
Tão terno e amoroso
Para com teus filhos Saiba eu também
Acolher em mim
Solicitude maior As palavras do coração
Que a tua não há Que Deus coloca
Teu coração é de oiro Na alma humana
A todos queres abraçar Meus olhos se abram Na intimidade cultivada
À realidade divina Eu cante a beleza
Coração maternal de Maria E a grandeza de alma
A todos estendes a mão Sou joia tosca Que te une a Deus
Tua palavra é doce Que está no mundo
Teu sorriso bondade Para ser trabalhada É só um pouquinho
Sob tua proteção Dessa união com Deus
Quero cantar, ó mãe Te confio meu ser Desse amor tão grande
Teu amor infindo Toma-me como teu Que eu preciso de ti
Meu coração pulse E à tua maneira Para que possa sorrir
Sintonizado com o teu Abre-me à vida Já nesta vida
E aquela joia tosca E um dia possa entrar
Orando implore Na Graça divina No céu de mão dada
Um pouco de amor E sob teu olhar Com a bendita mãe
Que há nesse coração Ganhará brilho Que Deus me deu
Aberto à doação
Não peço pouco eu sei Amo-te, ó mãe
E com a escrita Um pouco de ternura Cuida deste filho
Cante o amor Carinho e afetividade Joia tosca
A ternura e o perdão E eu rejuvenescerei Desejosa de ser
De tão belo coração Minha alma apática Pelo Amor lapidada

43 44
Cada instante na vida
Seja um hino à poesia
Que está dentro de mim
Ou envolve meu ser

De olhos abertos vejo beleza Chego a duvidar de mim


De olhos cerrados penetro E não são poucas vezes
Bem na minha intimidade Por isso fico perplexo
Que escapa às leis físicas Se alguém só tem certezas

Sentado à beira-rio Ser humilde não fica mal


Vendo a água a deslizar Reconhecer as ignorâncias
Minha alma se eleva Do nosso pouco saber
E meu ser se relaxa É uma prova de grandeza

Na turba ou na solidão Se temos alguma inteligência


No amor apaixonado É para discernir na vida
Ou na dor da traição Os caminhos alternativos
Em tudo há poesia Que conduzam à felicidade

Do voo da andorinha De quem tudo julga saber


À beleza do céu estrelado Tenha pena e compaixão
O que mais me satisfaz Quem duvida de seus saberes
É a poesia do sorriso Está iniciado no conhecimento

Quem vence a indiferença As aprendizagens são contínuas


Quem degela as frias relações Se fazem ao longo da vida
Quem nos faz acreditar na vida… Quando reconhecer nada saber
Um sorriso cândido e caloroso Verdadeiramente começo a viver

45 46
Conhece-te a ti mesmo
Penetra no teu interior
Combater o orgulho No mais íntimo de ti
É dura batalha Onde a verdade é verdade
De todos os dias A hipocrisia não existe
E da vida inteira A pessoa não está moldada
Tudo é nu e autêntico
O orgulho percorre Sem preconceitos nem artifícios
Todas as nossas veias
A ambição pessoal Conhece-te a ti mesmo
Só nos autodestrói E depois por ti decide
Da pessoa que desejas ser
O orgulhoso se eleva Se construtora no mundo
Se julga o maior Se destruidora na vida
A vida lhe mostrará Se depressiva e amorfa
O seu fracasso Se gentil ou instigadora
A decisão é tua
Combata o orgulho
Com a humildade Nem tudo é mar de rosas
Seja afável com todos Ou um vale de lágrimas
E simples na vida Há momentos de rir
E tempos de chorar
O orgulho é doença Dias para sofrer
Que corrói a alma E dias para acreditar
A humildade é cura Que grande bem na vida
Que aponta ao amor É ter paz e saber amar

47 48
De mim pecador
Faz um santo
De facho na mão, Senhora Vinde ao meu peito
Alumias o caminho a seguir Encher meu coração
A todos os teus filhos De Vosso amor
Modela meu viver
Seguindo o facho de luz Na humildade
Caminhamos seguros até Jesus Para que eu cresça
Sejamos justos ou pecadores Na santidade

Teu sim de aceitação de Mãe O mundo atrai


De Jesus e de Mãe nossa Os sentidos humanos
Estamos a teu cuidado Mas a beleza maior
Está em Deus
Teu povo confia em ti Que os acenos do mundo
O teu coração de Mãe Não me desviem
Quebre as nossas resistências Do cerne da vida
Estar e permanecer
Avança de facho erguido No Senhor Deus
E de olhos postos no céu
Teu povo te seguirá Esta vida terrena
É mera passagem
És Mulher da nossa raça Tempo de prova
Conheces os caminhos de Deus E de amor também
Leva-nos a teu Senhor Agradando a Deus
Amando os irmãos
E nós teus filhos adotivos E toda a Criação
Nos comprometamos na vida Se caminha firme
A seguir teus passos Rumo ao céu

49 50
“Deixai as criancinhas
E não as impeçais Deixa-te conduzir pelo Espírito
De vir a Mim Ele guiará teus passos
Delas é o reino dos céus” E resguardará tua vida
Deste mundo nada inocente
As crianças na sua inocência Muita coisa acontecerá
São puras de coração Fora dos teus projetos
Almas sem mácula Sem quase nada entenderes
Sem maldades nem rancores Farás coisas nunca sonhadas
Melhor do que havias desejado
O reino dos céus é Porque deixaste o Espírito
Dos pequeninos e humildes Conduzir a tua vida
E ai daquelas criaturas
Que lhes roubem a inocência Deixa-te levar pelo Espírito
Encherás de amor teu coração
Ai de nós os crescidos Farás mais que o projetado
Senão tivermos um coração Pois o Espírito de amor
Parecido ao da criança Por ti fará grandes coisas
Não entraremos no céu Tua vida ficará simples
Não verás inimigos mas pessoas
Sejamos gente de paz Receberás mais do que desejaste
Construtora do mundo novo O Espírito preencherá tua vida
Na razão e na fé vividas Tua alma cantará as maravilhas
Queiramos ter coração de criança Que o Espírito fez em ti

51 52
Deus ama-te
Independentemente da tua vontade
Ainda que o não queiras
Deus ama-te
Deus está entre nós
Ainda não foras concebido Na vida do dia-a-dia
E Deus já tinha uma missão Nos silêncios e nos gemidos
Só para ti Na oração de ação de graças
Para toda a tua vida Na súplica mais pungente
Ser seu colaborador direto Na escuta da brisa suave
Ser instrumento de amor Até nos barulhos ensurdecedores
Ter um coração dócil
Ajudar toda a humanidade Deus está entre nós
A caminhar para Deus No sorriso dos inocentes
Nos gritos dos aflitos
Independentemente do teu estado Nos marginais desprezados
De todas as tuas limitações Nos ventos, nos mares, nos fogos
Intelectuais ou psicomotores Nas tempestades e nas acalmias
Das tuas indiferenças ou crenças Nos céus e na imensidade
Das tuas objeções ou pecados
Deus quer o teu amor Deus está entre nós
Para chegar ao coração Nas belezas do Universo
De toda a humanidade Nas florestas e nos campos
Nas montanhas e nos vales
Deus ama-te Nas vozes dos animais
E pede o teu melhor Nos sussurros das plantas
Para todos salvar No ondular das ondas

Deus ama-te Deus está entre nós


E espera o teu contributo A querer ficar connosco
Na mente e no coração
Quem ama A encher-nos do Seu amor
Merece ser amado Assim nós o queiramos
Diz sim a Deus Deus não é alguém distante
E serás feliz E quer permanecer em nós

53 54
Deus fez o Homem
À Sua imagem e semelhança

A criatura humana
Não é cópia de Deus
Nem é ser divino
Recebeu de Deus o espírito
À Sua imagem e semelhança
E um corpo mortal
Que Deus não tem
Por que Ser-espírito

Deus fê-lo racional Deus minha única esperança


Livre e não-robótico Tudo o mais é perecível
Ordenou sua multiplicação Só Ele é o Senhor
Que dominasse a Terra Da vida e da morte
E todas as suas criaturas A única saída possível
De vencer a mortalidade
O Homem não é Deus
Das escolhas que faz Quero humanizar este mundo
Muitas são contrárias Dele não sendo escravo
À vontade do Criador Quero ser ator criativo
Daí esta terra que temos Do embelezamento da Terra
Não estar tão bela Portador de alegria e esperança
Quanto Deus o desejaria Crente numa vida eternizada

O desejo do conhecimento O horizonte finito desta vida


A vontade de ser Deus Não me desvie do enfoque
Afastou-o de seu Criador Da eternidade ser prioridade
Abriu os olhos humanos Enquanto no corpo amealhe
À sensualidade corporal Quanto mais o Homem Boas obras para apresentar
E à mortalidade do corpo No espírito fizer o Bem Ao supremo Juiz da vida
Mais se aproxima de Deus
O conhecimento conquistado Se escolher o mal Nesse instante para mim decisivo
Deu humanidade ao Homem Afastando-se de Deus As boas ações praticadas
Fê-lo sentir o mundo Põe em causa seu futuro Pesem mais que o mal feito
E agir sobre ele A harmonia na terra Ó Juiz supremo usa de misericórdia
Com o bem que faz E sua presença definitiva Para com este servo pecador
Ou o mal que pratica No reino de Deus E na vossa Bondade o acolhe

55 56
Deus não quer violência
Entre as suas criaturas
Seu reinado é de amor
Deus não desiste de nós Paz, alegria, fraternidade
Suas criaturas diletas
Faz pena ver no mundo
Assim como um pai Que se tem por civilizado
Ou mãe que seja mãe As enormes atrocidades
Não desistem dos filhos Que a besta humana faz
Porque o amor os une
Ainda mais o Criador Indivíduos, grupos, nações
No Seu infinito amor Espezinhando, trucidando
Nos deixará sem apoio Corpos e almas sem dó
À deriva na vida Comportamentos selváticos

Ainda que O rejeitemos Onde está a racionalidade


E desistamos do Seu amor Que a raça humana diz ter
Ele não nos abandonará Quando olho os animais
E pacientemente ficará Vejo ações menos cruentas
Aguardando a aceitação
Da sua presença em nós Observo maior entreajuda
Nos bichos do reino animal
Doentes, saudáveis, tristes Maior comiseração entre si
Abandonados, sós, desesperados E equilíbrio nas suas ações
Deus sempre será refúgio
Onde nos sentiremos seguros As carnificinas humanas
São atos de bestialidade
Deus nunca desiste de nós Que destoam da harmonia
Não desistamos nós d`Ele Dada por Deus à Criação

57 58
Deus olha o mundo com amor
O olhar humano é diferente
Prevalecem os individualismos

A visão humana perceciona


A vida material envolvente
Seus olhos são físicos

Deus é ser imaterial


Penetra a alma humana
Conhece seus pensamentos Dignidade, dignidade
Quem te respeita
Para ver como Deus O usurário detesta-te
Me conheça primeiro O egoísta esquece-te
No íntimo profundo O avaro despreza-te

Lá descubra Deus Dignidade, dignidade


Na sua intimidade Raridade no jogo político
E interaja com Ele Na volúpia não entras
Na prepotência também não
E a minha visão do mundo
Ficará um pouquinho mais O vigarista não te conhece
Parecida à de Deus Mas quem te honra
Não triunfa no mundo
A criatura será amada Mas será respeitado
E de coração transformado E sua memória recordada
A vida será abraçada
Ser honrado é ter palavra
Deus-amor esteja em nós Ela emana da alma simples
Para que este mundo seja Destruam quanto de material tenha
A casa de paz desejada A dignidade de ser humano não

59 60
Dispensar Deus da vida Dúvidas quem as não tem
É a maior loucura E na questão existencial
Que alguém pode cometer O impulso da procura
Das respostas convenientes
A religiosidade é inata Que minha inteligência recusa
À existência humana
Presente na sua alma Estou em crescimento
Na procura da verdade
O que nos diferencia Sendo incógnita o futuro
Das outras criaturas é Pela razão e pelo sentimento
A fala e a racionalidade Vou até a meu Criador

Apagar Deus do mundo A descoberta de mim próprio


É desejar o impossível As razões do meu existir
Ele é o Senhor das criaturas Tudo me diz que Alguém
Interfere e conduz meus passos
A matéria só por si Para um Ser transcendente
Sem intervenção superior
Nada de novo cria Estou convicto da existência
Na minha vida de um Criador
Quem tudo engendrou A quem chamo Deus e Senhor
Criou e deu vida Que me puxa para o Bem
Não foi o Homem E que me ajuda contra o Mal

O Homem ser-criador Muitos dizem-se ateus


De si e do Universo Que o sejam por convicção
Só em alucinações E não por fuga às questões
Nucleares da vida humana
Tenha coragem de assumir Ou comodidade conveniente
A pequenez e os limites
E a grandeza do meu ser Talvez esteja em contracorrente
Com o pensamento dominante
Não é vergonha ter Deus Estou de passagem na terra
Por Senhor e condutor Não faça nela minha morada
Da minha existência Aspiro a uma eternidade feliz

61 62
É meu grande desejo
Que todos conheçam a Deus
Possam viver em paz
E aspirar à Felicidade
É inadmissível e imoral Só possível quando as pessoas
Um por cento das pessoas Aceitam de livre vontade
Deterem metade da riqueza Seguir o caminho do Bem
Produzida no mundo
É ultrajante tal desigualdade Não será caminhada fácil
Os pobres reclamam justiça Serão muitos os obstáculos
Grandes escolhos e desânimos
Falar dos direitos humanos Difamações, maldades e zombarias
Da igualdade de oportunidades Tudo a vencer na perseverança
Da dignidade do ser humano Da fé que vencerá a negritude
Vivendo uns em palácios Das solidões e dos sofrimentos
Outros em tubos de esgoto
Não tem qualquer sentido Na caminhada desta vida
Da aparente ausência de Deus
Alguns de mesa farta À mais sentida comoção
Bons cuidados de saúde Das lágrimas de alegria
Educação personalizada À dor mais profunda
Outros remexendo o lixo Deus segura nossa mão
Para não sucumbirem de fome E nos aconchega a seu peito
Vivendo como ratazanas
Deus a todos tem no coração
Este mundo é muito ingrato Outro tanto o faça também
Enquanto uns gastam fortunas Dê o máximo de mim
Em aperfeiçoamentos estéticos Seja o testemunho do Seu amor
Outros não terem recursos A todos faça entender
Para a compra de vacinas Sem Ele nós nada somos
Evitando uma morte prematura Com Ele não há impossíveis

Este mundo esvaziado de valores E no final da caminhada


Egoísta e alérgico ao sacrifício À Vida iremos sorrir
Centralizado nos prazeres Felizes por termos alcançado
hedonistas A meta a mais desejada
Materialista e sem alma Eternamente gratos e felizes
Está cavando a sua sepultura Por estar sempre a seu lado
A indignidade o exterminará Definitivamente no seu Reino

63 64
É Natal, criaturas de Deus É tão fácil exigir dos outros
Jesus nasceu em Belém O que não se sabe
Nos céus cantam os anjos Ou não se pode
“Glória a Deus nas alturas Ou não se quer fazer
E paz na terra
Aos homens de boa vontade” Exija a outrem
Aquilo que eu faço
E na terra percorre E sei que ele pode fazer
Uma aragem de paz Assim tenha essa vontade
Os homens silenciam as armas
Deixam-se embalar Seja exigente comigo
No cântico dos anjos Se na vida tenciono
Recordando suas infâncias Algo de positivo fazer
E alegrar minha vida
As crianças de outrora cresceram
Nem sempre de forma acertada Eu sei ser mais fácil
Transformaram o amor em ódio Em tudo culpar os outos
O ódio em vingança e morte E desculpar os meus erros
E a paz do presépio Meus fracassos e minha preguiça
Em paz dos seus interesses
Seja exemplo a seguir
É Natal, criaturas de Deus Testemunho que convença
Alegremo-nos com os anjos É bem mais fácil acusar
Imitemos a solicitude dos pastores Que estender a mão
Procuremos com afinco o Senhor
Com os magos anunciemos ao Precisa-se de gente
mundo Honesta e generosa
Que a paz de Deus é a paz do Trabalhadora e de paz
amor Para mudar o mundo

65 66
Estar arrependido
Implica conversão
Mudança de vida
Em Fátima senti pulsar
O coração de Portugal Belas palavras nada dizem
Nas crianças orantes Se não forem confirmadas
Na simplicidade e no amor Por ações e obras
Sob a proteção do anjo Porque as palavras voam
Deste país privilegiado Mas o testemunho fica
Aceder ao pedido da Senhora
“Ó Jesus, é por vosso amor Arrependimento sem mudança
E pela conversão dos pecadores” Sob a guarda do seu anjo De atitudes e comportamentos
Que a chama da fé E da proteção de Maria Sem conversão do ser
Do amor envolvente de Deus Esta nação avança É nulo e mentiroso
A impelir cada criança Este país caminha
A fazer sacrifícios Porque este povo reza Fazer a gestão da vida
Por quantos vivem no material E confiante luta No engano de outrem
Se enchem deste mundo Por seu futuro de paz Para proveito próprio
Sem horizontes de infinito Não tem credibilidade
Este é o caminho Nem merece compaixão
À mesma hora do dia Que erguerá Portugal
Na mais alta cidade do país Entre as nações da terra Arrependimento sim
A elite do poder Com coração
Comemorava o dia de Portugal Sem Deus na vida pessoal Com alma
Entre aplausos e apupos Nem na vida comunitária Com vontade firme
Entre austeridade e projetos Este país será riscado De mudar a vida
Agraciando feitos humanos Da face da terra Passando do egocentrismo
Descrentes em seu futuro À vivência fraterna
Pois remetem seus sucessos
À razão da força Pela destruição do egoísmo Esse sim é arrependimento
Pela paz e concórdia Que transforma a pessoa
Na cova de Iria Pelo trabalho e interajuda De modo radical
Vi a força do povo Este país terá futuro Passando das trevas à luz
Da terra de Santa Maria Com Maria, com Deus De um peso social
Que seu poder lhe vem E com as crianças desta nação A pessoa válida à comunidade
Da união com o Criador Portugal fará história Da reprovação à vitalidade

67 68
Estás tramado
Se escolheste os prazeres
Que o mundo te dá
E neles te deleitas

Os risos largos
As gargalhadas sonoras
O culto corporal
A farta gastronomia
A preguiça enfadonha
Enchem tua vida Estou no mundo mas não lhe pertenço
Tenho pena Daí pouco entender do que acontece
Mas do que observo não gosto de ver
A vida por ti escolhida Elites de iluminados cheios de poder
Leva-te a um beco-sem-saída Explorar sem pudor a maioria das pessoas
Teu futuro é a mortalidade Usando falácias e promessas enganosas
O esquecimento Para acumular fortunas de papel
O fim-da-linha Em cofres virtuais sem algum controlo
Tenho pena
E o povo sofredor sendo espoliado
Não estás tramado Da sua dignidade e silenciado penando
Se escolheste teu Criador Escravatura camuflada por salário
Se procuraste a verdade Insuficiente à própria existência
A imortalidade do teu ser Elites criadoras de falsas necessidades
Não ficando pela terra Bens indispensáveis à felicidade do ego
Mas apostando nos encantos Civilização da cultura do bem-estar
De uma vida casta Legitimada sob a capa democrática
Unida ao teu Senhor
Optando pela eternidade Ó povo de bem desperta dessa letargia
Em detrimento do presente Corta as amarras que te escravizam
Escolhe em liberdade quem te dirija
Fico contente por ti Não substituas uma elite por outra elite
Aceita minha alegria O ser humano tem direito a ser livre
Deus te protegerá Ponha fim a todas as escravaturas
Nele vencerás a morte Do poder, do dinheiro, do culto do corpo
Parabéns Da ideologia e das culturas opressivas

69 70
Estou zangada com Deus
Que me levou o marido
Há seis anos dizia
E a senhora já de idade
Convictamente insistia
Estou zangada com Deus

E eu pensei no meu íntimo Eu gosto da perfeição


Que a fé daquela senhora Embora esteja consciente
Era muito débil ou interesseira Ser meta inatingível
Só Deus é o Senhor de Tudo Mas dela não me dispenso
Seja da vida ou da morte Pois tenho por obrigação
E quem crê aceita Sua vontade De a tornar possível

O marido não é propriedade da É pelo trabalho perseverante


esposa Na aposta de um mundo melhor
Nem o marido tem a posse da Interagindo com a natureza
esposa Criando momentos de interiorização
Os filhos não são propriedade dos Na existência que sou
pais Eu alegre meu coração
Nem os pais escravos dos filhos
Todos somos propriedade de Deus Toda a obra criada
A quem devemos reconhecer por Deve ser aperfeiçoada
Senhor Haja mais vontade que cansaço
O Criador tudo fez belo
Deus não atende os nossos Mas sua obra é inacabada
caprichos Se aceitarmos o que é Para que eu faça minha parte
Ele nos quer livres e felizes incompreensível
De nada vale a nossa revolta Ao nosso entendimento humano Por não ser perfeito
O nosso egoísmo ou as nossas As zangas com Deus são Não enjeite o esforço
zangas inexistentes Deste mundo embelezar
Deus sabe o que mais nos convém E na fé estaremos crescendo Pois devo minha alma acertar
Na humildade aprendamos a A morte só pode ser entendível Pelo querer de meu Criador
obedecer Se integrada na plenitude da Vida E amando serei feliz

71 72
Eu já me questionei Eu quero viver
Sobre a existência de Deus Eu quero entender
Das coisas que vejo O porquê da vida
Do físico que perceciono O porquê de tudo
Do espírito que pressinto Da minha existência
Da minha fragilidade
Na razão tentei perceber Do que fiz e não quis
A existência que sou Do não desejado e feito
O caminho que prossigo Do sonho interrompido
E sempre que me aparto Dos horizontes desconhecidos
De um Ser superior e criador Do impensável amado
Me deparo com um vazio Dos dias rápidos e cheios
Dos vazios da alma
Da beleza intangível
A hipótese é uma probabilidade Dos odores putrefactos
Não é explicação científica Dos ódios e das guerras
Da mais pequena partícula Das fomes e das indignidades
À energia que tudo move Das solidões forçadas
Do hipotético “Big-Bang” inicial Dos amores rejeitados
Ao antes da sua existência De tantos individualismos
Neste mundo globalizado
De tudo uma conclusão tirei
Toda e qualquer obra Eu quero encontrar
Teve um autor por criador As respostas certas Meu ser não aceita
Na criação do Universo creio Aos desejos da vida A morte como ponto final
Ter estado a mão de Deus Entender os porquês Mas um salto de qualidade
Em todas as belezas criadas Do que sou e me envolve Na vida que hoje tenho
Perceber as razões Desconheço as cores do futuro
O autor de toda a Criação Perante a grandeza de Deus Porque é assim Experiência não vivenciada
A quem eu chamo Deus Ninguém permanece indiferente E não doutro modo Mas é minha convicção
Na minha procura da Verdade Ou se aceita ou se rejeita Ver além do efémero Ser em outra dimensão
Só n`Ele encontro a saída Seu Poder e sua Glória Da minha matéria Mais livre e mais bela
Para esta minha existência Prefiro Sua infinita misericórdia Da alma que tenho Se no tempo for vivida
Por tal O aceito por Senhor Ao rigor da Sua justiça Da existência que sou Com amor, paz e fraternidade

73 74
Faz o bem
E não te preocupes
Deus cuidará de ti

A viúva de Serepta
Acreditou na palavra
Do profeta Eliseu
Cozinhou a última farinha
E gastou o último azeite
Era quanto tinha para comer
Para si e para seu filho
Gerado, nascido, criado
Por ter acreditado Finado mas não acabado
Na palavra do profeta Destinado ao futuro
Durante o tempo da seca Um definitivo presente
Nem a farinha acabou
Nem a almotolia se esgotou Por maior beleza
Grandeza ou longevidade
Deus cuida do generoso Qualquer existência material
Dando a quem pouco basta Tem seu fim de vida
E esvazia de bens
O tesouro do avarento O ser humano tem
Uma alma imaterial
As aves do céu Coisa que as estrelas
Não semeiam nem plantam Nem outras texturas possuem
E colhem o alimento
Demos graças ao Criador
Os lírios do campo Que elevou o Homem
Não tecem nem fiam Acima da matéria
E revestem-se de beleza E o fez eterno

Quanto não está reservado Como tal não bastasse


Para aqueles que se doam Nos tomou por filhos
Confiam no Senhor Participantes do Reino
E vivem no Amor E do Seu ilimitado amor

75 76
Gosto logo quero
Quero logo compro
Compro para consumo
Útil e saudável não importa
Gozar a vida
Silhueta no ginásio Expressão em voga
Bem perfumada e vistosa Nos dias que correm
A concorrência invejosa Usada por gente
Do que tenha e outrem não Sobretudo jovem
Importante é consumir Amante da boémia
Ser rainha da doçura
Gozar a vida
O dinheiro é para circular Expressão verbal
Eu o centro da atração Antónima de trabalho
Os outros são os outros Da não responsabilidade
Satisfação de meus desejos Ausência de compromisso
Aparência bem cuidada Sem regras no viver
Ter vida boa e doce
Gozar a vida
E o domínio da vontade Escolha querida
Construído sobre nãos De gente preguiçosa
Aos apetites e caprichos pessoais De vida noturna
Feito sobre sacrifícios De longas manhãs
Modeladores da personalidade E vida cansada
Tempero do carater
Procuro e não enxergo Gozar a vida
Fá-la o egoísta
Não faça o que quero Aquele que vive
Mas o que deva Pendurado no outro
Não o que gostaria De vícios múltiplos
Mas o que for possível Mentindo sem pejo
Não a minha vontade
Mas a vontade do Criador Gozar a vida
Escolha sensual
Seja este meu jeito de ser De prazer fácil
E de estar na vida Gente mundana
Fazer o que devo A breve trecho
E não o que quero Gozada pela vida

77 78
Há momentos na vida
Em que é importantíssimo
Parar para pensar

Pensar nas coisas da vida


Nos nossos progenitores
Na família e nos amigos
Na caminhada feita
Naqueles instantes decisivos
Das escolhas assumidas

Todos já tivemos alegrias


E vivemos tristezas
Há dias cinzentos Já sentimos a solidão
Outros de tons negros E o sabor da incompreensão
Alguns são radiosos
Outos melancólicos Já chorei, já ri
Muita luta interior
Temos dias vibrantes Queixumes de abandono
Apaixonados talvez Serenidade e paz
Outros, cepas hibernadas
Sonhando fruto outonal Negativo é a desistência
De lutar pela vida
Na vida semeia-se Positivo é concretizar
Planta-se, cuida-se Na vida nossos sonhos
Espera-se o fruto
Sempre tão distante Parar para pensar
Também o presente
Quem semeia não colhe Instante breve e transitório
O fruto que aguarda Entre passado e futuro
Outros o colherão Tempo de recarregar energia
Importante é semear Para a vida que continua

Sejamos jornaleiros Parar para pensar


Trabalhadores incansáveis Um futuro assertivo
Uns servos humildes Na caminhada a concluir
Do Senhor da Vida Até ao encontro do Pai

79 80
Humanizar o ser humano
Para uma sociedade melhor
Mais participativa e pacífica
Uns pós de magia não bastam
Só com uma educação cívica
De muito longo prazo
Dará resultados positivos

Mudar a mente humana


É extremamente difícil
A carga genética recebida
O meio ambiente envolvente
Os hábitos alimentares singulares
E as práticas culturais presentes
Condicionam o futuro da pessoa

O desenvolvimento da fala
E do pensamento racional
Elevou os humanos a um patamar
Superior aos outros animais
A sua inteligência mais desenvolvida
E uma forte organização comunitária
São fatores básicos de supremacia

Se o ser humano é superior


Há pessoas de coração bom Aos demais seres vivos
Que desejam o bem dos outros Deixe de ser uma besta
Sempre prontas a colaborar Humanize seus comportamentos
Para uma sociedade melhor O altruísmo triunfe do egocentrismo
A partilha, a interajuda, a ternura
Há pessoas de coração mau Superem a sua irracionalidade
Que se alegram com o mal alheio
Rejubilam ao destroçar vidas Humanizar-se é tarefa árdua
Em espalhar a destruição Exige um coração forte
Voluntarioso e perseverante
Há pessoas sem coração Todas as aprendizagens da vida
Insensíveis às dores alheias Sejam profícuas ao seu crescimento
São egoístas para amar Para que nas suas múltiplas facetas
E fechadas a um carinho O ser humano seja pessoa respeitada

81 82
Humildade e sabedoria
Andam de mãos dadas
E segue na vida
Discreto e feliz
Quem as possui

Humildade cultivada
Na luta ao orgulho
De quem na vida
Pouco sabe valer
E a sabedoria lhe vem
Da sua pequenez
Do seu reconhecimento
De Alguém superior
Que aponta um caminho
De exigência e amor Humildade, sabedoria, paz
Rumo à felicidade No justo são frutos amadurecidos

Ser pessoa humilde O humilde não se eleva


Não é nada fácil Nem se arroga dos conhecimentos
É muito exigente Adquiridos ao longo de seus dias
É preciso lutar Pois reconhece sua insignificância
Uma vida inteira E se contenta em seu viver

Para se ser sábio O sábio ama a humildade


Há que ser humilde Pois reconhece que sua sabedoria
E saber-se ignorante Não é pertença sua
É o primeiro passo E quanto sabe não é mais
No caminho da sabedoria Que uma benesse do seu Criador

Humildade e sabedoria A paz é bem superior


Cultivam-se na exigência De quem é humilde e sábio
Em pequenos passos Serenidade e confiança na vida
Perseverantes na confiança De quem ama a verdade
Que Deus é o Senhor E possui coração de criança

83 84
Humildade, humildade,
humidade
Palavra simples de dizer
Mas profunda no viver

Flor na vida
De um caminho difícil
De quem deseja crescer
Na sabedoria da vida

Flor que o sábio colhe


Quando se abre à vida

Flor que todo o cristão


Em seu crescimento espiritual
Não pode deixar de cultivar Inocência é flor
No coração sem maldade
Flor que o santo abraça De quem passa os dias
Quando interage com Deus Sorrindo à vida

Flor que tantos admiram Humildade é tesouro


Mas poucos se esforçam por ter De quem busca na vida
A liberdade de ser
Humildade, humildade, humildade E se sente pequeno
Sem ti o ser humano
Julga-se muito importante Simplicidade é fruto
Mas nada é como pessoa De um grande coração
De quem não se revê
Pobre de quem não é humilde No artificial da vida
E não queira combater o orgulho
Sua alma está corroída Amor, amor verdadeiro
E a sabedoria ausente Só o possui na vida
De tão mesquinho viver Quem não vive para si
Mas se doa aos outros
Cresça na humildade
Dando luta ao orgulho Felicidade e paz
Procure a sabedoria Para quem na vida
De quem se abre Aprendeu a obedecer
Ao amor divino E não se quer Senhor

85 86
Já vivi o suficiente
Para entender a diferença
E a distância que vai
Da teoria à prática
Nas múltiplas vertentes
Que envolvem a vida

Deseja-se um estatuto
Já não tenho lágrimas Um modus vivendo
Para expressar a tristeza Que não sendo milionário
Que me vai na alma Não se fixa à pobreza
Nesta fase da vida Pede-se saúde e paz
E uma vida tranquila
Estar em solidão interior
Junto daqueles que amei De preferência um emprego
É triste, é duro, é cruel A um trabalho duro
Sentir o seu afastamento Não se é parco a pedir
Deseja-se um amor-perfeito
Resta-me a consolação Mas príncipes ou princesas
Dos inocentes e a esperança Só na fantasia dos sonhos
No Criador e meu Deus
Que me fará sair deste fosso Não há vidas perfeitas
Do sonho à realidade
Desculpem-me se não sorrio A dureza da vida
Mas a tristeza que esmaga Bela se partilhada
Meu ser neste momento Dolorosa se solitária
É cruz que há de florir Impossível sem esperança

87 88
Jesus fica comigo
A quem mais recorrer Maio lindo
Só Tu és eterno Mês das mães
E tão próximo de mim Mês das flores
Mês de Maria
Sou criança Mês da Mãe
Meus pais gostam de mim
Brinco com os amigos Maio florido
Jesus fica comigo Mês da cor
Só contigo aquela conversa Da Rosa minha mãe
Que enche minha alma E daquela Mãe
E me faz feliz A Rosa mística

Sou jovem A Mãe do céu


E a vida à minha frente A mais bela
Sonhos e projetos se misturam A mais santa
Jesus fica comigo A mais pura
As amizades e os bulícios A Mãe das mães
Não são a resposta
Aos anseios de felicidade Sorri à mãe
Minha progenitora
Sou adulto Que em ti acreditou
A sede de fazer coisas Sorri aos filhos
A conquista de poder Que desconhecem a mãe
Os amigos do dinheiro Sou doente
Me afastaram de Ti Agora não valho nada Em maio
Jesus fica comigo Um fardo que se rejeita Meu coração vibre
E reencontre a Vida Tido inútil à sociedade Por ter em ti
Jesus fica comigo Maria, a Mãe
Sou idoso Tens em cada doente Que amo
Terminaram as ilusões Um amigo do peito
Não sou produtivo Mãe solícita Para ti, Maria
Sou peso no orçamento Jesus fica comigo Mãe afável Volva meu olhar
Jesus fica comigo Este mundo é breve Mãe ternura Em tuas mãos
Para Ti sou pessoa A felicidade é Contigo Mãe ouvinte A minha vida
Irmão-amigo no amor Fica comigo, Senhor Dos meus ais O meu coração

89 90
Meu coração está alegre e triste
Tal estou sentindo
Alegro-me na esperança
Maria, ó Mãe querida Que a minha materialidade
És tão divina Não termina comigo
E és tão humana
Estou alegre porque acredito
De todas as criaturas és Que Deus não quer minha morte
A mais terna e humilde Se sou Sua imagem e semelhança
A mais pura e santa Por Seu poder também eu
Não serei refém da morte
À Rainha dos céus e da terra A ressurreição é benesse
Anjos e santos de Deus De Deus à sua criatura
Prestam vassalagem solícita
Estou triste quando vejo
Maria, foste a eleita Tanta maldade e injustiça
Para mãe do Filho de Deus Sendo criatura humana Do Homem sem Deus
Esposa amada do Espírito Santo Tão cheia és da Graça O mundo está um caos
Que até os anjos te obedecem Porque o pecado está presente
Ave, filha predileta do Pai Em tanto coração humano
Cheia de graça e santidade Maria, somos teus filhos adotivos Que só o Menino que vem
Não esqueças teus filhos sofridos Quando nos enchemos de Deus Na humildade do presépio
Neste vale de lágrimas sorrimos Será a luz transformadora
Ave, Maria, templo de Deus Da mente e do coração
Por ti vêm as graças Ave, ó cheia de Deus De quantos O aceitam
Que alindam o nosso viver Acolhe-me em teu coração
E estarei no amor de Deus Só Ele o libertador
Ave, Maria, distribuidora dos Desta humanidade pecadora
favores Maria, luz dos pecadores Que teima na autossuficiência
E das mercês à humanidade Quando entenderem teu amor Na exploração e na prepotência
Coredentora da salvação humana Eles chorarão seus pecados E não vê no Presépio as lições
Para na vida vencer o pecado
És tão próxima de Deus Ave, Maria, Mãe de todos E os genes da felicidade
E tão grande intercessora Impregna no coração humano
Que o impossível é possível Um pouco do amor de Deus Vem, menino Jesus vem
Salvar quem em Ti espera
Mãe do puro amor Ó Mãe, por vossa maternidade Libertar os homens de boa vontade
Quem calcorrear teus caminhos Quebra o duro coração humano Derrubar todos os egoísmos
Rápido e seguro chega a Deus E dele nasça perdão e paz E a soberba dos poderosos

91 92
Meu linfoma foi bênção
Que me levou a agir
A tomar decisões radicais
A sentir minha impotência
Perante a morte provável

O desapego aos bens materiais


As promessas e os compromissos
O desinteresse das coisas terrenas
Estar consciente que Deus
Me tinha em suas mãos Meu pensamento é meu
Seu pensamento é seu
A evolução do meu pensamento Você desconhece o meu
Explanado nos temas escritos E eu não sei ler o seu
Fui percecionando que algo Seu pensamento lhe pertence
Iria acontecer e escapava Não o consigo descodificar
Ao meu controlo pessoal A menos que você o revele
E ainda assim não sei
Aceitei o meu linfoma Se é verdadeiro ou falso
Como sendo parte da vida Só comparando o pensamento
E do medo fiz promessa Com a coerência da sua vida
De publicar meus escritos Posso avaliar da sua credibilidade
Sem medo das críticas
Pelas obras que haja praticado
Os que me queiram atingir Pelo franquear do meu pensamento
Lembrem-se que meu pensamento Pelo rasgar da minha alma
É espírito e não matéria Me darei um pouco a conhecer
Não tema os poderes humanos É abrindo o meu eu profundo
Não recuse o amor de Deus Sem temer alguma reprovação
Que você pode fixar meu olhar
Meu linfoma foi processo E na janela da minha alma entrar
Que muito me fez crescer E toda a contradição desmascarar
A morte será libertação Entender o pensamento é obra
Do peso material do corpo Suas lógicas e suas dialéticas
E entrada na imortalidade Seus segredos e seus automatismos

93 94
Meus olhos vejam
Para além do horizonte
Para além da matéria
Que sustém meu corpo
E das belezas naturais

Meus olhos vejam


O bom e o belo
Das coisas visíveis
E possam sentir
A existência do invisível

Meus ouvidos oiçam


Palavras de verdade
Meus olhos físicos Acordes de esperança
Veem tanta beleza Canções de paz e bem
E tristes misérias Melodias de puro amor
Veem o que gosto
E o que detesto Meus ouvidos se fechem
Aos cânticos de sereias
Veem rostos serenos Às notas desarmónicas
E gente desfigurada De uma vida egoísta
Veem natureza cuidada De disfarces e maldades
E terras mortas
Minha boca proclame
Mas os olhos da alma Sem temor nem hesitações
Veem outos horizontes Que o Criador é o Senhor
Compaixão, amor, ternura Do céu e da terra
Veem todas as criaturas Do belo e da perfeição
Amadas por seu Criador
Meu olfato atraia Meus pés caminhem
Veem além do finito Os odores de Deus Para os prados verdejantes
E da vida rotineira Uma vida simples e casta Firmes atravessem o deserto
Veem gente aguardando Uma alma modelada Da vida e seus escolhos
Uma eternidade feliz Pelo Mestre e Senhor Confiando no Senhor

95 96
Minha alma cante a vida
E todas as maravilhas
Que Deus operou em mim Minha alma chora silenciosa
Tudo o que sou Com as misérias humanas
Só a Ele o devo Quem ama se entristece
Preparou meu caminho Com as mentiras, as falsidades
Indicou a direção As fomes, as guerras, os genocídios
Caminhou comigo Corrupções, explorações, injustiças
Desviou os pedregulhos E atropelos à dignidade humana
No cansaço me amparou
Me incentivou a prosseguir Se eu fico triste
Pela estrada da vida Quanto mais o Criador
Rumando à perfeição De todas as belezas
Inatingível por mim Que criou o ser humano
Mas tudo é possível Com Seu grande amor
Se apoiado por Jesus Para o ter por companhia
E Sua mãe Maria No Reino dos céus
A caminhada fica leve
A alegria vence a dor Se meu Senhor é triste
A recompensa suporta Que fazer para O consolar
As dificuldades da vida Senão me disponibilizar
E o desejo de perfeição E com a vida testemunhar
Se alcança e se realiza Seu amor pela humanidade
No abraço terno do Pai Ser sinal de contradição
Que o bom filho aguarda Neste mundo vesgo a Deus

97 98
Minha visão do mundo
Foi mudando com a idade
Se entrei nele a chorar
Com o tempo me adaptei
Ao que a vida me dava
E assim fui crescendo
Minha vida é única Numa família de paz
Ninguém viverá por mim
Meu caminho é único Ninguém para o tempo
Ninguém caminhará por mim Os anos foram passando
Mui velozes por mim
Sou único e irrepetível Fui forçado a decidir
O que faça será feito Do sim à minha vocação
O que eu não fizer Ninguém consegue fugir
Outrem não fará Às opções da vida
Oportunidade perdida
De ser gente A vida e o tempo
De ser pessoa Dão-nos oportunidades
Para o nosso crescimento
Caminhe sem esmorecer E nossa realização pessoal
O caminho a percorrer Aproveitemos nosso tempo
Nesta vida única Para viver em plenitude
Que tenho a viver A vida a nós oferecida
E alegremente prossiga
Cantando a vida inteira Nosso tempo se esgotará
Louvores a meu Criador A agilidade e a saúde
Se vão degradando
Uma vida única O nosso tempo se vai
Um caminho pessoal É chegada a partida
A dita de cada um Sem lágrimas e sem revolta
Para chegar a Deus Do mundo saia a sorrir

99 100
Muitas pessoas são atrativas
Bonitas e bem-falantes
De mensagens sem conteúdo
Qual fachada vistosa
Do prédio da avenida
Bonito de ver e desejar Muitas vidas são uma mentira
Da boca saem lindas palavras
Entrado no seu interior Que o coração não sente
A desilusão se instala E contrárias ao que pensam
Tão belo por fora
Por dentro tão vazio São pessoas de largos sorrisos
Mal cuidado e desalinhado Que se fazem de simpáticas
Que chega a meter dó Dizem e prometem fazer coisas
Mas nem uma é para cumprir
Se a primeira impressão conta
Não conheço uma pessoa São insensíveis e egoístas
Pelas palavras que diz Nulidades no amor e materialistas
Mas pela coerência da vida São imediatistas e frias
Onde a palavra frutifica Aproveitadoras do alheio
Com frutos apetecíveis
São pessoas sem palavra
Se a mente e o coração Sem compromissos nem dignidade
Na pessoa estão em sintonia Boas atrizes no fingimento
Os frutos do bem aparecerão À espreita de presa incauta
E será grande prazer
Ter pessoa honesta Quem não cumpre o prometido
Nas relações de amizade Não merece o respeito dos pares
A partilha, a compaixão ou a amizade
É bom ter em quem confiar Da comunidade que a rodeia
Ninguém é ilha isolada
A vida na comunidade é vital Sejamos francos e coerentes
À resolução dos mal-entendidos Precisam-se pessoas de palavra
De pessoas honestas e obreiras Amigas do amigo e do inimigo
O mundo está precisando Honestas, verdadeiras e trabalhadoras

101 102
Na Igreja de Cristo
Não há estatutos
Mas múltiplos serviços
Balizados pelo amor

Mundo presta atenção Todo o trabalhador


Se queres ter paz Tem direito a receber
Deixa que em teu coração Um salário justo
A semente do amor Para viver condignamente
Que Deus lá colocou
Germine e cresça O serviço na Igreja
Dê frutos de amor Deve ser gratuito
E alimente tua vida Pelo princípio credível
Do espiritual ser imaterial
O egoísmo e a ganância
O ódio e a vingança Quem está ao serviço
Não destruam o amor Do povo de Deus
Que Deus semeou Tem direito ao sustento
No coração humano Não sendo um fardo

O mundo não tem futuro Um servidor não seja


Sem amor no coração Um aforrador irracional
Aprenda o ser humano Paute a sua ação
A se desfazer dos males Pela caridade fraterna
Que asfixiam a sociedade
A figura do pastor
Mundo presta atenção Fica vazio de sentido
A ciência e a técnica Se o dinheiro tem primazia
Não resolvem tudo Sobre o cuidado do rebanho
Para além do visível
Há uma força maior Na Igreja de Cristo
Deus criador e seu amor O que una os crentes
Se aceite na vida Seja o amor oblativo
O mundo terá paz Não o poder do dinheiro

103 104
Na vida que vivo
Na vida humor Sou único e irrepetível
Rostos sorridentes Ninguém me substituirá
Pensamento positivo Faça o Bem ou o Mal
Alegria no trabalho Tudo me será reportado
Vida alegre
Pensar em frente O meu sorriso será meu
Contrariedade a vencer A minha vida será minha
Oportunidade ganha O meu amor será meu
Depressão longe A minha tristeza será minha
Vida a viver O tempo que desperdicei
Usufruir da beleza Não será recompensado
Dada à pessoa O amor que não dei
Rir do caricato Foi amor perdido
Vencer o stress Do mal que eu fiz
Amar o sorriso Receberei seu retorno
O bem que pratiquei
Pensamento forte Será tido em conta
Faz forte a gente As pedras que atirei
Estender a mão Ser-me-ão lançadas
Bater palmas Os abraços de paz
Pés a caminhar Ser-me-ão devolvidos
Abraço de criança O amor que dei
Coisas singelas Me será retribuído
Formas peculiares Da alegria que espalhei
Mudar o mundo Colherei sorrisos de gratidão
Transformar vidas
Acreditar na força Procurarei fazer na vida
Presente na pessoa O que me está destinado
De fazer o bem Viverei meus dias
De amar a vida Percorrendo um caminho
De viver no Amor Que só eu caminharei

105 106
Nada deve ser imposto
Para não ser rejeitado

Comportamentos tidos assertivos


Devem ser argumentados
E na vivência demonstrados
Para convencer o interlocutor
A mudar suas atitudes
Fazendo opções razoáveis
Facilitadoras de aprendizagens

A vida deve ser assente Nada tenho de meu


No esforço e no trabalho E o que aparento ter
Proporcionador de uma vida Ainda que tenha comprovativo
Que se deseja equilibrada Também não é meu
Aceite pela comunidade A não ser seu uso
Construtora de uma sociedade
Mais justa, humana e feliz Não nasci por vontade própria
Na vida estou-me esforçando
Hoje educar em liberdade Por fazer o melhor possível
Para a responsabilidade pessoal Tenho uma vontade condicionada
É alavanca pró-crescimento Pelas envolvências que não controlo
Individual, social e comunitário
Durante uma vida inteira Nasci sem nada ter
Sempre em evolução contínua Partirei tudo deixando
Para ser sustentável no tempo Tudo quanto tenha usado
Ficará para os vindouros
Educar-se em liberdade Não rejeite o esforço Permaneça minha marca
Compromete cada pessoa O trabalho diário
A agir de modo harmónico As surpresas da vida Nada tenho de meu
Com a existência criada Tudo são oportunidades Nem poder nem riquezas
Daí ser minha convicção Colocadas em nosso caminho Saiba sorrir à vida
Que a aceitação da vida Para o crescimento pessoal Semeando paz e amor
Ser condição de felicidade E para o bem da comunidade Alegrando-me em Deus

107 108
Não avalio uma pessoa
Por aquilo que ela diz
Mas pelo que ela faz

Há tanta gente falsa


Tão incoerentes na vida
Sem palavra nem vergonha

Com a razão ausente Não deixes de semear…


E sem coração presente São palavras sábias
Pessoa fria e agressiva De quem cultiva a humildade
E no encontro com Deus
Há vidas mentirosas Na permanência no Seu amor
De proceder hipócrita Preenche a sua vida
Senhoras de coisa alguma
Quando eu reconheço
Há pessoas impossíveis Os meus próprios limites
Tão possuídas do mal As ilusões do mundo
Ignorá-las é opção A minha degradação física
Só me resta apelar
Há pessoas na vida Ao eterno do Criador
De discursos persuasivos
Mas tão traiçoeiras Então nesta minha existência
Aposte naquele caminho
Há gente perigosa De humildade e na confiança
Qual planta carnívora Que o Senhor dá
Sua beleza é morte A quem O quer seguir
A sabedoria na Terra
A vida me ensinou As pessoas verdadeiras
A distinguir as pessoas Estão sendo raridade O meu horizonte de vida
Pelos frutos que dão Nesta sociedade apressada É minha esperança e convicção
Se na vida optar
É bom poder confiar O individualismo e o egocentrismo Por fazer o bem
Numa pessoa honesta Descaracterizam as pessoas Ser acolhido na eternidade
Sem algum fingimento Criaturas do Amor divino No abraço misericordioso do Pai

109 110
Não fiques triste nem desanimes
Se teus conterrâneos
Se teus vizinhos
Se teus amigos
Ou familiares próximos
Não te compreendem
Nem te apoiem
Ou te desvalorizem

Entre os conhecidos
Somos mais um entre iguais
E nada mais que isso
Não aceitam que alguém
Se distinga nalgum talento
Revelado pelo trabalho
E se eleve acima deles

Conhecem os familiares
A escola que frequentou
Colegas de brincadeiras
O ambiente de crescimento
Não faço o que quero E ei-los ultrapassados
Procuro fazer o que devo Por quem pensavam conhecer
Penso ser a escolha certa Que os de fora respeitam
Do agir em meu viver E se alegram por seus talentos
Que soube e quis desenvolver Não fiques triste
Eu não sou perfeito Nem te deixes abater
Mas esforço-me por tal Cada pessoa na vida Prossegue teu caminho
Embora o espírito queira Tem um caminho a percorrer Não te superiorizes
O corpo reage lento Mais ou menos longo Aproxima-te das pessoas
Diferenciado mas semelhante Só és diferente na obra
Os fracassos não se justificam Que se resume no essencial Como pessoa és parecido
Os sucessos não se aplaudem A dar o melhor de si Àqueles que te rodeiam
Na humildade caminhe Para o mundo ser mais belo Que lutam pelo pão
Aperfeiçoando meu Ser E o ser humano mais feliz Pela felicidade e pela paz

111 112
Não me preocupe se na vida
Tenha a inocência da criança
Não me apraz sofrer A despreocupação do viver
Recordo com saudade A simplicidade e a alegria
Os tempos que corria De quem desconhece a maldade
Saltava, brincava, ria No corpo não tenha vícios
Céu e terra eram belos Nem ódio exista no coração

Na entrada da juventude Já preocupado fique


Um safanão na vida Se na vida não tenha sonhos
Me chamou à realidade E desista de lutar
Os tons cor-de-rosa Por um mundo mais justo
Tomaram outras cores Mais verdadeiro e mais leal
Sem mentiras e falcatruas
Os cinzentos e os negros Sem solidariedade e amor
Os verdes esperançosos
Os amarelos e os laranjas Com emoção e inteligência
Os vermelhos ardentes Abrace um mundo renovado
E os azuis infinitos No valor da pessoa humana
E cheio de fé avance
Da agilidade infantil Na construção do mundo novo
À competição juvenil Onde o Criador e as criaturas
Da maturidade adulta Partilhem a beleza da vida
Ao caminhar arrastado
Que um dia chegará Desejo ardentemente um mundo
Em contínua e profícua renovação
Ao longo da nossa vida Onde o excluído seja integrado
Quando o físico ceder O rico e o pobre se entreajudem
A vontade de viver O faminto e o saciado partilhem
Se imponha a nós O pão, a fraternidade, a paz e a vida
Até abraçarmos o além E a criança possa sorrir

113 114
Não se ama forçado
O amor é ato livre
Da vontade e do coração

Quem ama dá-se


Tudo faz pelo amado
Querendo sua felicidade

O amor enriquece a pessoa


Que o pratica e empobrece
Quem dele se aproveita

O amor é força centrifugadora


Não centraliza em si
O objeto do seu amor

O amor da pessoa egoísta


Não tem raiz, não frutifica
Murcha, seca, morre
Não sou produto do acaso
No coração da pessoa interesseira Sei que existo
Não há espaço para o amor Disso estou consciente
Só para o objeto do prazer Não creio minha existência
Ser uma perceção
O amor verdadeiro não é fogacho De qualquer realidade
Entre criaturas que se querem
É cultivado no respeito mútuo O que faço aqui
O ser que sou
O amor recíproco entre criaturas Donde tenha surgido
Está na génese da harmonia Ou para onde vou
Da paz, do bem, da felicidade Forjador de respostas
Escavador de razões
O auge da beleza do amor
Realiza-se na intimidade Tudo o que sou
Entre a criatura e seu Criador Vontade de Alguém criador
Sabendo quanto baste
Não se ama forçado E pouco entendendo
O amor é ato livre Alegre na vida siga
Assim Deus o quer Atraído por meu Criador

115 116
Não te arrependas de fazer o
bem
Me dizia uma pessoa sénior
Por tomar conta de uma criança
Que à mãe pouco ou nada dizia
E o Estado ao confiar a guarda
Tinha uma poupança de milhares
Largas dezenas de milhares de
euros

Dei muito de mim e recebi amor


Sem alguma recompensa
pecuniária
Desgastei-me física e
psiquicamente Não tenha medo
Observei e senti a criança a Nem me envergonhe
crescer De professar minha fé
Feliz e desenvolta sem traumas de Em Jesus Cristo
monta
De sorriso rasgado e de meigos Ele é o Amigo
gestos Em quem confio
Eis o prémio de meus trabalhos Pois está presente
Nada arrependido do bem feito Na minha vida

Dando estou recebendo É um amigo fiel


Amando sou amado Não é efémero
A criança na sua inocência Nem só temporal
Sabe quem a protege Como os demais
Quem permanece a seu lado
E retribui todo o amor que lhe é Ainda que o rejeite
dado Ele continua amigo
Em um sorriso De alma e de coração
Em um abraço Por que meu Deus

117 118
Nasce o sol
No horizonte distante
Vem dar vida
Às criaturas
E a mim também
Vem alegrar meu viver
Não vivo para somar anos
Pois tenho por maior proveito Do sol as plantas
Viver meus dias com intensidade Retiram a energia
Concretizar objetivos sérios Que na fotossíntese
Sentir a felicidade possível Lhes dá a vida
Nos rostos dos viventes
Com quem partilho a vida Do sol absorva
A energia da vida
Viver oito, oitenta ou mais anos E à sua luz
Sabendo no dia-a-dia sorrir à vida Viva em paz
É objetivo deveras interessante Até seu ocaso
A quem ama e deseja ser amado
Pois somar anos aos anos Pôr-do-sol
É próprio daquelas pessoas À beira-mar
Que vivem por viver Maravilha sem igual

Viver só para somar anos Vem a noite


É para gente pobre de espírito Tempo de repouso
Escrava de egoísmos e vícios Fica a esperança
Partilhe com as outras criaturas Doutro dia chegar
A alegria, o espaço e o tempo E ver o sol nascer
Da vida que desejo harmónica No horizonte distante
Independentemente da sua duração Para tudo revitalizar

119 120
Ninguém é tão pobre
“Nem só de pão Que nada possa dar
Vive o homem Para melhorar este mundo
Mas de toda a Palavra Tão adornado por fora
Que sai da boca de Deus” Mas de interior triste

Palavras sábias e intemporais As aparências pouco valem


Marcantes na história humana Temos um cérebro
Resposta ao questionamento E um coração a pulsar
Da religiosidade que temos Não estou só no mundo
Muita gente o habita
O pão é alimento base
Na alimentação humana Ao triste dê sorrisos
Tal como a linguagem Ao desalentado ânimo
Na interação comunitária Ao inimigo a mão
Ao pobre o alimento
O pão é para a subsistência Ao desesperado atenção
Do corpo humano
A Palavra de Deus Ninguém é tão rico
É alimento da alma Para repelir ajuda
Rejeitar um abraço
Alimentar o corpo sim Fugir a um sorriso
Mas a Palavra de Deus Ou encolher sua mão
É a única resposta
À fome do espírito O mundo está à deriva
As pessoas sem norte
A Palavra de Deus Sem a Palavra de Deus Na vida também está
Eleva além da matéria A negritude na vida O Senhor do universo
A pessoa que somos O vazio da esperança Aceite Seu amor
Abrindo-nos ao Criador A tristeza da alma
Com Ele a timoneiro
A procura de Deus A Palavra de Deus A vida acalmará
É a opção acertada É força e é vida Guiados na Sua luz
De quem aspira viver Que a todos aponta Seguros na Sua fé
A felicidade eterna Uma eternidade feliz Se ruma ao infinito

121 122
No nascer e no morrer
Todos iguais
Ninguém nasce ensinado No tempo de viver
Expressão simples e sábia Todos diferentes
Feita na observação
De que as aprendizagens É utópico pensar
São cruciais ao crescer Todos diferentes
Da pessoa humana Todos iguais
Na dignidade sim
A formação do individuo
Se faz em crescendo Seres humanos
Durante toda a vida Tão diferentes na cultura
No início por imitação Na religião
Depois usando a inteligência Nas vontades
E fortalecendo a vontade E no esforço de viver
Tão dados
Formação exterior a mim E tão mesquinhos
Conhecimentos com interesse Tão respeitadores
Que despertem meu ser E tão guerreiros
Para outras realidades Por favor, ó Pai
Outras formas de ver Mas as crianças Se possível
Que captem minha atenção Flores deste mundo Erradica a insensatez
Não têm culpa alguma Do ser humano
Importante é a autoformação Da cor
Que utilizando a vontade Da raça Aprenda o ser humano
Energia interna pessoal Da religião A viver na paz
Produtora do autoconhecimento Da pobreza Alegre o sofrimento
Geradora de novos saberes Da exploração desumana Creia na verdade
Úteis a si e às outras pessoas Da loucura dos crescidos Afaste a mentira
E exulte no amor
A força da autoformação Vencer a preguiça pela vontade Por favor, ó Pai Na partilha da vida
Enraizada na vontade Ser a chave do conhecimento Se possível Sem discriminação alguma
Sacia a fome do saber Na autoformação crio as sinergias Faz o coração humano Para que o tempo a nós oferecido
Âmago da nossa existência Do meu próprio conhecimento Um pouco mais sensível Seja de paz no coração
Enquanto a formação E me projeta para além E a mente humana E na Terra
É exterior ao nosso ser Do corpo que me limita Um pouco mais sagaz Toda a criatura seja irmã

123 124
O autor da vida é o Senhor
Nostalgia dos tempos de criança E não a criatura humana
Que brincava despreocupado
Na segurança dos caminhos O Homem tem a vontade
Nos arredores da minha casa De ser criador da vida
Sem cuidar do alimento E com os avanços tecnológicos
Da roupa ou do sapato Obteve resultados impensáveis
Há poucas décadas atrás
Nostalgia da adolescência
Vivida em casas de formação A manipulação dos genes
Tempos ricos em descobertas A fertilização in vítreo
Da natureza e do mundo Os ventres de aluguer
Na beleza e na novidade Os úteros desumanizados
Sem perda da inocência Previsíveis já no horizonte
O apuramento da raça
Nostalgia da juventude A regeneração de órgãos
Dos sonhos e das utopias A clonagem de humanos
Que o luto cedo abalou Tudo parece possível
Recusei viver do passado
Superei esse momento A ciência avança rápida
Fixando a vida no futuro Não criando a vida
Da matéria inorgânica
Senti o casamento por via Inicia as suas pesquisas
Da minha realização pessoal Partindo de matéria viva
Caminho duro e partilhado Células, cromossomas, genomas
Tempo de semear e pouco colher
Plataforma de outros objetivos Seleciona e manipula
Do amor conjugal à caridade A vida já existente
Atuando sobre a evolução
Quero viver sonhos de paz E desenvolvimento das espécies
Deixando uma marca duradoura Mas o Senhor da vida
Da minha estadia nesta terra Do seu início e do seu fim
Não se vive de nostalgias É o Senhor do Universo
Mas de doações permanentes E creio que o Homem
Que preencham a vida humana Jamais se autocriará

125 126
O computador invadiu esta
sociedade
Também criou os seus escravos
Mas potenciou em grau quase
infinito
A comunicação e o avanço
tecnológico

A informática e a robotização
Dos setores produtivos da
economia
Transformaram a sociedade
hodierna O dinheiro é cadeado
Criando um mundo globalizado Que aprisiona o Homem
Lhe cerceia a liberdade
Os prós e os contras destas De ter outros sonhos
invenções Além dos bens materiais
Também têm as suas fragilidades
Se o esforço braçal diminui O dinheiro é lixo
A dependência da máquina E a ambição de possuí-lo
aumentou A sociedade aparentemente Não liberta o Homem
evoluiu Afunda-o na miséria
Os robots dispensaram mão-de- Embora demasiado dependente da Destruindo sua vida
obra energia
E a falta de trabalho disparou E os poucos vínculos afetivos O dinheiro escraviza
Aumentou a produção de bens existentes Quem não o usa bem
Mas reduziu a sua especificidade Empurram as pessoas para a Só quem faz a aposta
solidão Na sua dimensão espiritual
As pessoas comunicam-se à Se liberta do seu jugo
distância O balanço entre ganhos e perdas
Em linguagem mais É uma interrogação permanente O dinheiro é do mundo
estandardizada Que o computador sirva para Não o levarei comigo
Substitui-se a pessoa pelo construir Quando meus olhos fechar
computador Uma sociedade mais justa e Na outra vida do Além
O ser humano ficou mais solitário fraterna A moeda é o amor

127 128
O eu é compromisso meu
Por cada ato praticado
Em todo o momento da vida
Retire prazer e felicidade
E na alegria e na paz viva

O tu é alguém diferente
Bom para julgar e acusar
E inocentar minhas falhas O Evangelho fala de um escriba
Parceiro útil mas descartável Que se abeirou de Jesus
Réu da minha irresponsabilidade E O questionou sobre o primeiro
De todos os mandamentos
O ele é a posição neutral E Jesus respondeu abertamente
É o não comprometimento
Com o eu pessoa que sou “O Senhor, nosso Deus
Não assumo, não julgo, não ajo É o único Senhor
Acomodação ao pensamento Amarás o Senhor, teu Deus
dominante Com todo o teu coração
Com toda a tua alma
O nós é uma identidade Com todo o teu entendimento
É trabalho em equipa E com todas as tuas forças
Colaboração e interajuda O segundo mandamento
Ação conjunta em movimento Amarás o teu próximo
Esbatimento da individualidade Como a ti mesmo”

O vós é um grupo definido Eis o programa de vida


Que se nos opõe e concorre Caminho para a Felicidade
No território ocupado pelo nós Que Jesus deseja respeitado
É rival a vencer e a neutralizar Amar a Deus acima de tudo
Sujeito da nossa incompetência Amar o próximo em quem está Deus

O eles é um grupo amorfo Programa de vida perfeito


Conjunto de pessoas indefinido Em Deus superando limitações
A quem atribuímos obrigações Dando o máximo de nós
Deveres que não assumimos Vivendo a realidade diária
Multidão sem voz nem governo Aspirando às coisas do Alto

129 130
Ó mãezinha do céu
Toma conta de mim
Que sou pequenino
E tenho tanto medo

Quero ser todo teu


Defende-me dos perigos
Mãezinha cuida de mim
O jovem rico do Evangelho Como sendo coisa tua
Bom cumpridor da Lei
Desejava ser perfeito Nesta vida tão difícil
O que até é louvável Cobre-me com teu manto
Mas havia um senão Ensina-me a rezar
Embora rico de sonhos A teu filho Jesus
Desprender-se de seus bens
Era um grande problema Ó mãezinha do céu
Atrai-me para Jesus
Aquele jovem rico vivia Eu quero estar contigo
Refém dos bens materiais Para sempre no céu
Que coartavam sua liberdade
De pensamento e de ação Melhor mãe não conheço
O acomodamento e a renúncia Tão meiga e tão amiga
Ao seu bem-estar material A morte não nos separa
Lhe impediram a libertação Antes nos aproxima
E de sentir o infinito
Ó mãezinha do céu
O jovem rico do Evangelho Contigo não tenho medo
Não teve coragem suficiente Cuidas tão bem de mim
De abandonar os seus bens Que me conduzes a Deus
Optando pela vida cómoda
E perdeu a oportunidade Só queres minha felicidade
De ser uma pessoa feliz Ó mãezinha do coração
Ao não trocar suas amarras Melhor mãe não quero
Pela plenitude da Vida Em teus braços descanse

131 132
O magnificat é hino de louvor
A oração mais bela da criatura
Para com o seu Senhor
É o grito da intimidade da alma
Da maior de todas as criaturas
A mais pura e a mais bela
Que o mundo já conheceu
Nem outra jamais surgirá
O mundo precisa de santos
O cântico do magnificat Homens, mulheres e crianças
Revela a grandeza da alma Que levam a vida a sério
Mais simples e mais humilde Sendo construtores de paz
Quem o compôs foi Deus
Quem o proclamou foi Maria Este mundo das facilidades
Grande intimidade com o Senhor Egocêntrico e relaxista
Idêntica sintonia no serviço Do progresso continuado
Sob o véu da comunhão no Amor Está exausto, agonizante

“Minha alma glorifica ao Senhor Uma nova ordem surgirá


O meu espírito exulta de alegria Da necessária sobrevivência
Em Deus meu Salvador Pela ausência de moral
Porque olhou para sua pobre serva E das alterações do clima
Desde agora todas as gerações
Me proclamarão bem-aventurada Um dia e talvez breve
Porque realizou em mim A hodierna exploração humana
maravilhas aquele E atropelos à dignidade pessoal
Que é poderoso e cujo nome é Inexoravelmente terá seu fim
Santo…”
Acredito que o ser humano
Contigo Maria, minha Mãe Cuidará do seu sustento
Aprenda a rezar o Magnificat E libertará o seu espírito
Mergulhe o mais possível Da maledicência e individualismos
Na intimidade Trinitária
Viva com alegria meus dias Criará comunidades fraternas
Humildemente e na fé Que além do sustento do corpo
Na esperança e na caridade Alimentará o espírito de paz
Me deixe modelar pelo Senhor E no amor saberá viver

133 134
O que foi feito
Está feito

Não se altera o passado


Bem ou mal
Está feito
Quando muito no presente
Se pode mitigar
O que foi feito

O presente é instante
Para direcionar o passado
No futuro a acontecer
O ser humano tem de ser verdadeiro
No que sucederá E deixar de inventar coisas sem nexo
Retenha do passado Ou ser personagem ficcionada
O bem a manter Só para agradar a alguém
E o mal a contrariar
Não lhe podem pedir impossíveis
No futuro ao de leve Ou impor seja o que for
Posso intervir Que lhe destrua a sua identidade
Dar-lhe esperança Pois é único e irrepetível
Razões de viver
Vida realizada O político, o empresário, o religioso
Tenha presente o ser humano
O tempo passa ligeiro Na sua diversidade e na sua riqueza
Envelheço Pois tem liberdade e tem dignidade
Rejuvenesço
A noite passada O ser humano tal como entendo
Amanhã outro dia Não é máquina nem é número
Cheio de luz É criação do amor de Deus
E vontade de viver Merecedor do respeito de seus pares

135 136
O zelo das coisas de Deus
Brota de um coração puro
Desapegado dos bens materiais
Aberto a um serviço humilde
Sem marca de autoritarismo
Avesso ao pedestal dos poderes Ódio no coração
Não o quero
Só um espírito liberto Não quero ter
Do orgulho e dos egoísmos Minha vida corroída
Da riqueza e das opulências Pela inveja
Está disponível para amar Pela vingança
Todas as criaturas existentes Pela maledicência
E aceitar o seu Criador
Quero a Luz
O poder corrosivo do dinheiro Entrando em mim
É transversal a toda a sociedade Enchendo minha alma
A que nem a Igreja escapa Quero o sorriso
Saiba ela escutar o Senhor A serenidade
“Dai a César o que é de César A mansidão
E a Deus o que é de Deus” E o bem-fazer

Admiro Francisco de Assis Não quero a intriga


Que se despojou das riquezas Mas a interajuda
Abraçou a vida de pobreza Não quero em mim
Amou Deus nas criaturas O ódio que mata
Seu coração simples e humilde Quero estar na vida
Cativou os homens para Deus Com um coração de amor

137 138
Os anos passam por nós
Como o vento que sibila
Na sua caminhada apressada
Para sítios mais quentes
Ou a torrente do riacho
Que finta as duras pedras
Do seu leito rochoso

Os anos passam por nós


E nos vamos adaptando
Orar é uma necessidade Às mudanças do tempo
Está-nos na alma Que a vida contém

Os laços que unem Se faz Sol ficamos alegres


Criatura e Criador Se faz chuva melancólicos
São tão profundos Se nevoeiro às apalpadelas
Que nenhuma das partes Se anoitece descansemos
Os consegue quebrar Se venta nos resguardamos
Se troveja nos encolhemos
Laços que a criatura Na oração bocal Pensando no raio fulminante
De modo algum extingue A criatura fala com Deus Que nos pode retirar a vida
Porque está na sua génese Na meditação a criatura
E o Criador não o faz Entra em si e escuta Com o rouxinol cantemos
Porque é todo amor A Palavra de Deus Com a borboleta voemos
E ama a Sua obra Na oração mental Com a formiga aprendamos
A criatura e o Criador Que o trabalho faz bem
A oração é elo que une Têm diálogos de amor Ao corpo e à mente Os anos passam por nós
A criatura ao Criador Criam afetos mútuos Tal como a abelha faz Aprendamos a libertar-nos
E como é belo Partilham vida e amores Se atarefando na produção Das degradações físicas
Quando a criatura E desejam ardentemente Do mel para seu sustento E apostemos com serenidade
Se dirige ao seu Criador Permanecer em união E da cera que o armazena No crescimento espiritual
Lhe implora proteção Pois a distância entristece Também nós trabalhemos Nas coisas imperecíveis
Lhe agradece a vida A presença é felicidade No crescimento espiritual Que o físico não contamina
Se sujeita a seu Senhor E o amor amado basta Que nos aproxima de Deus Na eternidade pós-vida

139 140
Os dias de provação
São dias abençoados

As tormentas na vida
A exclusão e o abandono
Das pessoas mais chegadas
A dor da solidão
A inexistente consolação
De uma réstia de esperança
É vazio na alma
Tudo parece perdido

Bem longe ao fundo


No vale da tristeza
Uma luz vai surgindo
Que nos chama à vida
Os caminhos de Deus O vazio da alma
São insondáveis e amorosos Se preenche de amor
Cada um com seu caminho E a vida tremida
Todos diferentes e parecidos Ganha novo fulgor
Cheios de pedregulhos A tristeza se vai
De troços inebriantes Ressurge a alegria
De sensações reconfortantes O desalento desaparece
Onde reinava a negritude
Os caminhos de Deus Resplandece a luz
São percursos planeados
Para nossa felicidade Os dias de provação
Que muitos rejeitam Oportunidades de avanço
Optando por percursos Todos os contratempos
Apetecíveis à natureza Ensejos de mudança
Laterais ao amor divino São dias abençoados

Quem prefere o mundo Os dias de provação


Seus prazeres e desmandos Seja tempo de reflexão
Terminará na desilusão E os imprevistos na vida
Quem persevera e percorre Oportunidades ganhas
O caminho de Deus E tenho por certo
Terá à sua espera Que os dias de provação
O abraço do Pai bondoso São dias abençoados

141 142
Parar para pensar
Os silêncios também falam É necessidade básica
Mais profundos que as palavras Do ser humano
Momentos de interioridade Saber onde se está
Emanações da alma A direção a tomar
O caminho a trilhar
Um pôr-do-sol no mar Refletir sobre a vida
Indiscritível em palavras Que uso dar-lhe
Momentos de interiorização As opções a fazer
Da beleza criada Os comportamentos a mudar
Decisões a implementar
Uma praia deserta
A imensidão do mar Parando nesta pressa
O quebrar das ondas De viver ou sobreviver
Ausência da palavra Quebra-se a monotonia
Olha-se o chão
A alegria inocente A cor do céu
Alguém que finou O vizinho do lado
A dor da partida Que caminha connosco
O vazio da palavra Troca-se um sorriso
Estende-se a mão
O céu estrelado E juntos a prosseguir
A bela lua cheia A aventura da vida
A luz do relâmpago
Fala o sentimento Pensar para retificar
O que está errado
O terno olhar Ou menos correto
O gesto carinhoso Devia estar presente
O silêncio saboreado No programa de vida
Dispensam a palavra De cada ser humano
E as nossas atitudes
Há momentos na vida Não seriam as mesmas
Sem palavras a dizer Muitos erros evitados
Vivamos esses momentos Uma vida disciplinada
Em silêncio e com serenidade Alegre, feliz e partilhada

143 144
Pecador me reconheço
Diante de Deus
E perante vós irmãos

Minhas indiferenças e desamores


Minhas teimosias e desobediências “Permanecei em mim e
Orgulhos e egoísmos Eu permanecerei em Vós…
Devaneios e omissões E dareis muito fruto”
Enfim, meus pecados
De tudo peço perdão Palavras sábias de Jesus
Simples na forma verbal
Só perdoando serei perdoado Mas profundas no conteúdo
Só amando serei amado Convite à nossa fidelidade
A viver no Seu amor
Reconhecendo meus pecados
Não me fragilizo A cepa da videira é Jesus
Deus me liberta Permanecendo unido a Ele
E me acolhe amorosamente Nutridos da Sua seiva
Os frutos da alma viçosa
E Deus que tudo vê Serão muitos e saborosos
E conhece meus pensamentos
Não tenha qualquer vergonha Só Jesus tem aquele amor
De Lhe abrir meu coração Que preenche a vida inteira
Seu amor é Bem superior De quantos n´Ele permanecem
Aos medos e respeitos humanos Jesus não se apartará
Só caminhando em Igreja De quem O ama na Verdade
Reconhecendo meus pecados Na comunhão dos santos
Serei luz diante Deus E aos que buscam Deus Quem permanece em Jesus
E por Sua vontade De todo o coração É Sua testemunha na Terra
Serei testemunho para vós E O amam na verdade E dá testemunho do Seu amor
E vós de igual jeito Chegarão a ver Deus Na sua vida transparece
Sereis exemplo para mim No resplendor da sua Glória A vida do seu Senhor

145 146
Quando o amor é tão grande
Que enche as medidas do coração
Posso perder tudo na vida Ele sai fora do peito
Mas por favor, Senhor E espalha-se pelo mundo
Tudo faça para não perder Chega ao próximo e à Criação
A dignidade de ser humano Vence todas as barreiras
É perseverante, caloroso e suave
A fome, a miséria, a opressão Amor em crescimento sem fronteiras
A exploração e toda a violência
Seja física, mental ou moral Não nos aconteça o oposto
Não destrua a dignidade humana De trancar em nós esse amor
Que por culpa nossa não floresça
Ainda que os direitos humanos A semente do amor resseque
Sejam vilmente espezinhados E o vazio se apodere da alma
Mantenha firme meu propósito A chama da alegria se apague
De abraçar e amar a verdade Nosso olhar triste e amarelecido
Destrua a essência da vida
Podem-me armar ciladas
Atentar contra a própria vida Devemos viver para a felicidade
Procurar a minha destruição Fazendo feliz todo o mundo
Eu defenda minha dignidade E toda a criação cante connosco
Em uníssono um hino à vida
Muito pode o ser humano Juntemos nossa alegria às aves do céu
Mas não controlar o pensamento Aos sussurros e rangeres da floresta
Nele a liberdade e a dignidade Rebolemos no campo entre flores
Que o Criador deu à criatura Abracemos a vida recebida do Senhor

147 148
Quando penso e escrevo
Se bem ou se mal
O juízo é do leitor
Que não mudará as escolhas
Feitas na minha vida
Quando o dinheiro é poder Amadurecidas pelos anos
Quem o tem tudo compra Nas vivências havidas
Pois não quero recriar
Manda no político Factos vividos por outem
Faz a guerra
E decide a paz Escrevo com coração
Segundo seu interesse Mas de mente desperta
Quero ser eu próprio
Manda no voto E não um sósia de mim
E silencia o povo
Pelo medo de perder Isto vem a propósito
O pouco que tem De três simples palavras
Desculpe, obrigado, por favor
Manda na economia Que definem a personalidade
Manipula a finança O caracter de um ser humano
Inflaciona ações O modo de ser e estar na vida
Detém o mercado Não fica mal agradecer
Quem não pede desculpa A quem nos faz bem
Manda na família Do dano causado a outrem E um simples obrigado
Faz sua gestão Quem não pronuncia um obrigado Diz muito de uma pessoa
Desune seus membros Pela amabilidade recebida
Dita sua vida Quem não pede por favor O pedir por favor
Se ajuda alheia precisa É sinal de boa educação
Garante instabilidade Tem-se por superior Fica bem a quem reconhece
Nas empresas E os outros por seus escravos De sozinho pouco fazer
Nas pessoas
Na sociedade Pedir desculpa das asneiras Pedir desculpa pelo dano
É sinal de arrependimento Agradecer uma amabilidade
Quando o dinheiro é poder Não humilha mas eleva Pedir ajuda por favor
Seu detentor é senhor Quem sabe que errou Só engrandece essa pessoa

149 150
Quem é o maior
No reino dos céus
Questionaram Jesus
E de nós de certo modo
Também assim pensamos

Eis a resposta de Jesus


“Se alguém quiser ser
O primeiro, há de ser
O último de todos
E o servo de todos”

É que o reino dos céus


É para quem deseja ser
Pequenino e casto
Manso e obediente
Quem cala consente Cordeiro sem mácula
Diz o ditado popular
Mas será que aceitou Nos céus só um Senhor
Ou quis evitar confrontos Os demais são servos
Que nada resolvem Os orgulhosos não entram
Naquele reino de paz
É óbvio que toda a moeda De amor e unidade
Tem sempre duas faces
Uns enfrentam os obstáculos Os senhores dos interesses
Outros vão na onda Da ostentação e da arrogância
Uns são realistas e práticos Não participarão do reino
Outros abstraem-se e sonham Que será dos servos
E dos puros de coração
Calar-se e consentir são
Duas posições bem diferentes No banquete dos céus
Calam-se nas decisões tomadas Os humildes serão elevados
Sendo o contraditório inútil Os orgulhosos serão rejeitados
Consentem quando convictos Os puros verão a Deus
Das lições que a vida trará E participarão na festa

151 152
Quem procura a Verdade
Na razão encontrará
O Ser de Deus
Quem me dera ser inocente
Desconhecer as maldades Os porquês da vida
E traições do coração O nascer e o morrer
Ver e amar o belo As razões do existir
De toda a obra criada As explicações e as incertezas
As dúvidas existenciais
Quem me dera desconhecer Os percursos desconhecidos
Os genocídios e outras matanças Os negros do caminho
Tantas mortes provocadas Os claros transcendentais
Os atropelos aos direitos Adensam nosso viver
Que as criaturas merecem
As poucas certezas
Ninguém é dono de si São experiências passadas
Muito menos dos outros O futuro é uma incógnita
Se os humanos aprendessem Que podemos influenciar
A dignificar a vida E no presente haja esforço
O mundo seria outro Para entender a vida

Renovar sem beliscar a beleza Quem procura a Verdade


Deste mundo e da vida Perceber os porquês
Aspiração maior dos humanos Da nossa existência
Em contraponto da cultura Encontrará a resposta
Da morte, da guerra, da destruição A todas as questões
Na equação simples
Sem um amor oblativo De um lado Deus-Criador Quem procura Deus
Compassivo e não possessivo Do outro a Sua criatura Há de O encontrar
Longe dos egoísmos pessoais E na raiz dessa equação Na Obra criada
O mundo novo desejado Esteja o amor recíproco
Não terá o seu lugar Na dialética da razão
Deus Ser-amor Chegará ao coração
Só o coração repleto Sempre a aguardar E na vontade perseverante
Do amor do Criador A resposta amorosa Descobrirá Deus
Pode amar o belo Da Sua criatura Sua presença ativa
Só esse amor renova Saiba o Homem E Seu amor infindo
A beleza da nossa vida Abrir-se a esse amor Por Sua criatura

153 154
Quem se tem por forte
E muito senhor de si
Infalível em suas ações
Pessoa muito responsável
Para com seus pares
Que bem se cuide
Quando menos aguardar
Sua balofa sabedoria
O ponha a descoberto
Nas suas incoerências
E a imagem construída
Desapareça com esfumaça

Embora seres limitados


Sejamos verdadeiros
Pautemos a vida Quero agradecer e louvar
Pela franqueza sincera A Deus pela fidelidade
E responsabilidade assumida E testemunho daquelas pessoas
Não prometamos utopias Que são perseverantes e coerentes
Somos frágeis por natureza Com o estado de vida assumido
Recordo a convicção Resistentes aos apelos do mundo
De Pedro o apóstolo E às fraquezas da natureza
Das juras ao Mestre
Que brevemente renegou Só quem domina seus egos
Por três vezes sucessivas Se deixa conduzir por Deus
Possui aquela força invisível
Fica bem ao Homem Que tudo suporta por amor
Cultivar a humildade Seus objetivos são transcendentais
Ser leal e autêntico Na fé e na esperança caminha
Ser afável e prestável Ao encontro de Deus-Pai
Respeitar cada criatura
Como se fora sua Feliz de quem partilhar
O amor opera maravilhas Com pessoas desta estirpe
É bom viver em paz Algum tempo da sua vida
Na alegria e na amizade São ícones de tolerância
Para que tal aconteça Estou grato e reconhecido
Sejamos gente de palavra Por tais testemunhos de vida
E na vida possamos sorrir Deus os proteja e recompense

155 156
Quero ser fazedor de paz
Essa seja a minha vontade
E meu pensamento me diz
Ser o modo mais assertado
De alguém estar na vida

Para que tal se realize


Não conheço fórmula melhor
Que a oração do Pai-nosso
Onde o ser humano reconhece
Sua dependência de Deus

Pai-nosso que estás nos céus


Santificado seja Teu nome
Venha a nós Teu reino
De paz e de alegria
De fraternidade e de amor

Quero meu coração criança Tua vontade seja feita


Onde corra sangue bom Nos céus e na terra
Limpo de qualquer maldade O pão de cada dia
Despoluído daqueles ódios Te pedimos por mercê
Que envenenam a vida Para nosso sustento

Quero em meu sangue Perdoai nossos pecados


Uma brisa de serenidade Assim como perdoamos
A leveza do bem-fazer A quem nos ofender
A partilha de um sorriso Não caiamos na tentação
Que só o amor me dá De ceder ao Mal

Quero sentir a paz na vida Belo e completo programa Só na paz de Deus


Quero ser bom odor na terra De ser fazedor de paz Se constrói a harmonia
Não fique preso à matéria Tendo Deus por Pai Troquemos a verborreia
Para elevar minha alma Aceitemos ser irmãos E os ódios inúteis
Ao encontro de meu Criador Fraternos no viver Pelo abraço fraterno

157 158
Ressurreição é Vitória
Da vida sobre a morte
Se com Jesus morrer
“Recebestes de graça Com Ele ressuscitarei
Dai de graça” Para a vida eterna

Modo de ser e estar Tal como S. Paulo digo


Que agrada a Deus Serei o mais desgraçado
E diz tudo da pessoa De todos os viventes
Que tal atitude possui Se a ressurreição uma farsa
Antes não tivesse nascido
Os dons que recebemos
Todos os nossos talentos Acredito que a morte
Ferramenta para a vida Não termina com a vida
De graça nos foram dados Apenas a metamorfoseia
Adquire novo estádio
O mínimo de gratidão Uma vida transcendental
Obriga-nos a dar renda
Aos talentos recebidos Ressurreição é resposta
Vencendo as preguiças Aos medos e às limitações
Desta existência temporal
Os dons recebidos A morte não é o fim
Exigem muito trabalho Antes início da eternidade
A serem rentabilizados
Ganho e proveito comum Pobre de mim coitado
Se descuido meu viver
Tudo quanto recebemos A morte não assuste
Não é nossa pertença Fixe meu olhar em Jesus
É riqueza da comunidade Glorificado na ressurreição
Para que se aperfeiçoe
Se seguir os passos
Dando de graça cumprimos De Jesus meu Senhor
A vontade do Senhor Com certeza serei feliz
E a alegria da partilha Morrendo para o mundo
É o prémio a receber Caminho para a Felicidade

159 160
S. José, S. José
Esposo amado
Pai de coração
Foste justo
Homem, Homem
Foste grande
Nas pequenas coisas
Trabalhador sem igual

Centraste tua vida


O teu mundo
No menino Jesus
Na esposa Virgem
Obediente a Deus
Te deste todo
A cuidar dos teus
Rezo mais quando escrevo Para felicidade nossa
Porque entro em mim
E no silêncio profundo Ganhaste o pão Obrigado, S. José
Sintonizo meu Deus Com teu trabalho Solicito amigo
Foste competente Confiamos a ti
Então o diálogo flui Por que humilde Esta nossa vida
A energia corre Obrigado, S. José Tão próximo de Jesus
Vou sentindo Deus Pelo teu testemunho Nossos rogos escutai
E entendendo a vida Puro de coração Teus pedidos ouvidos
Amante de Deus Por Filho tão bom
Envolto em Amor
Caminho para o Senhor Sob teu cuidado S. José, S. José
Se tropeço e caio Viveu o Salvador Posso imaginar
Ele me estende Sua mão Do mundo inteiro Tuas dúvidas
Privaste com Jesus A fé imensa
Se me sinto perdido Filho de Deus Da tua alma
Faço silêncio e capto E com Maria Sê o conselheiro
A energia da Vida Tua esposa dileta Amigo paternal
Que Deus me oferece Nossa mãe querida Protetor e modelo

161 162
Sabedoria não é ciência
Ou conhecimentos acumulados Saiba eu saborear a vida
Experiências de factos vividos Em todas as suas dimensões
Golpe de sorte ou azar
De pessoa estudada ou sortuda Eu sei quão difícil é aceitar
As dores desta existência
Sabedoria está na pessoa O quanto custam as mentiras
Que adquiriu saberes As invejas, os malquereres
Em múltiplas vivências Os obstáculos que nos provam
É arquivo e é ação Mas também estou ciente
Solicitude em movimento Da existência doutra dimensão
Para além da limitativa matéria
A pessoa sábia E me faz caminhar adiante
É humilde Que das fraquezas retira força
É discreta Transforma inveja em caridade
É prudente Reverte o sofrimento em amor
É serena
É pessoa aberta Queira saborear essa vida
Conhecedora da sua finitude De paz, harmonia, amor fraterno
Consciente de seus limites De bens não perecíveis
Que a tumba não cala
Antes de existir E nos eterniza na vida
Já tudo existia
Que apreende a Vida Saiba eu saborear a vida
Na sua vitalidade E quanto de bom meu Senhor
E força transformadora Colocou à minha disposição
Deste mundo criado Tanta beleza
E reconhece a existência Tanto amor
De um Ser criador Tanto perdão
Que lhe é superior
E que Tudo criou Obrigado, meu Senhor

163 164
Se o Homem pensasse
Na sua dignidade
E na sua grandeza
Na beleza envolvente
Na sua complexidade
E na riqueza da vida
Certamente que mudaria
Seu modo de ser e estar
Neste mundo apaixonante
Santíssima Trindade Em contínua transformação
Pai, Filho e Espírito Santo
Três pessoas distintas Se o Homem pensasse
Em um só Deus Na sua dignidade
O rumo dado à vida
Pai omnipotente e omnipresente Mudaria em 360º
Criador com Jesus do Universo A vivência de cada dia
Em unidade com o Espírito Santo Enraizada no passado
E a projetar no futuro
Jesus face visível de Deus Teria outro sentido
Testemunha do Pai e do Espírito E humildemente reconheceria
Deus e Homem entre nós Sua pequenez e sua grandeza

Espírito Santo amor de Deus Se o Homem pensasse


Vivificador e renovador Na sua dignidade
incansável Facilmente reconheceria
Presença do Pai e de Jesus na Que sujeitar-se ao Criador
Terra Não é perda mas ganho
Pois só n`Ele encontrará
Santíssima Trindade A liberdade, a felicidade e a paz
Mistério de unidade e amor Que não são pertença humana
Que a inteligência humana Mas que é desejo profundo
Jamais conseguirá explicar De todo o coração humano

165 166
Se tens coragem
Não vás na onda
Ou nos acenos
Do mundo envolvente

Sê tu mesmo
Toma e assume
Tuas próprias escolhas
E segue teu caminho
Se Tudo recebi de graça
Enfrenta as ondas De graça devo dar
Do fácil e do mundano Os talentos recebidos
Com coragem avança Tenho de os fazer render
Indiferente às críticas De contrário serei egoísta
Um falhado na vida
Só tens uma vida
Vive-a em pleno Tenha a coragem
Aprende a construir De vencer meus medos
Recusa a destruição Os temores da crítica
Ou o dedo apontador
Talvez fiques só E proclame aos homens
Mas a tua vida O amor de Deus
É tua e só tua
Não cedas às ondas Se me calo ai de mim
Falhada é a missão
Faz a tua caminhada Que me fora destinada
Auxilia quem puderes E perco minha vida
Cresce no Amor Faça render os dons
E vencerás o Tempo Que Deus me deu

167 168
Sem Ti nada sou
Uma nulidade total
Um vazio existencial
É quanto resta
Sem Tua presença
Mas contigo, ó Jesus
Alimento do meu ser
Pão do céu, pão de amor
Sinto-me fortificado
Revestido com Tua Graça
Fico humilde e pequenino

Sem Ti tenho medo Só Deus me pode valer


De viver neste mundo Esta a minha lição da vida
Egoísta e intriguista Tudo quanto diga que tenha
Receba a Palavra e o Pão Ou o pouco que sou
Sinta a Sua força Me liga umbilicalmente
Abrace o Seu amor A Quem me criou
Seja homem de fé Que no Hoje me cria
E de ação perseverante E eu vou recriando
Seja ovelha dócil Tentando estar sintonizado
Atenta e obediente Ao amor e à vontade daquele
À voz do Pastor A quem chamo de Senhor

Sem Ti sou ninguém O Homem pode atenuar


Viverei à deriva Minhas dores e tormentos
E pequenos contratempos Com medicamentos e amor
Abalarão minhas certezas Permanecendo a meu lado
Deambularei na vida Mas no íntimo eu sei
Sem norte nem caminho Só Deus me pode valer
Sombra de mim mesmo Que estou dependente d`Ele
Nesse momento reflita E nos momentos de dor
Pare, escute e olhe Solidão e dúvidas existenciais
Deus está passando Me está consolando e animando
Siga-O corajosamente A caminhar para Ele sem temor

169 170
Só o amor vencerá
As maleitas deste mundo
O ódio no coração
Os egoísmos pessoais
O poder do dinheiro Só posso agradecer a Deus
A desumana corrupção A vida que me deu
E cultivou com tanto enlevo
Só o amor é solução
Para um mundo novo Tanta coisa não entendida
De paz e de fraternidade Ao tempo que aconteceu
Que sare as feridas Mas que hoje compreendo
Individuais e coletivas E agradeço os cuidados
Deste mundo convulsivo Que o Senhor de todos
Pôs no meu cultivo
Só o amor poderá aglutinar
As boas-vontades dos humanos Dou graças a Deus
Na convivência mundial Por tudo quanto fez por mim
Sem explorações ou prepotências Lhe agradeça permanecendo
Onde a riqueza do mundo Humildemente fiel à sua Lei
Sejam as pessoas em si E sendo testemunho de Seu amor
Nesta humanidade desorientada
Só no amor a união
Mais íntima e mais bela Nada diga
Entre criatura e Criador Faça silêncio
Só no amor a vitória E lá no meu íntimo agradeça
Do Bem sobre o Mal A Bondade tida comigo
E o futuro desta Terra Por Deus meu Senhor

171 172
Só tenho um amigo
Amigo de total confiança
Sempre a meu lado
Nas horas boas ou más
Meu amigo é Jesus
O Filho de Deus Altíssimo

Tenho algumas pessoas


De palavra e honradas
Com quem posso contar
São pessoas de confiança
Merecedoras do meu respeito
Recatadas, humildes e solícitas

Amigos chamados da onça


Que carregam seus vícios Só um coração de paz
Frequentadores de bares Sabe fazer a paz
E de locais de divertimento Que a criança quer
Dispenso essas amizades E o mundo deseja
Que se esgotam no dinheiro
Longe para muito longe
Para além do senhor Jesus Ódios e vinganças fúteis
Só a amizade da família Egoísmos e ganâncias inúteis
E nem de todos seus membros O dinheiro feito de sangue
Pode ser tida em conta
Naqueles momentos de aflição Deus é consolo e vida
A precisar de uma mão amiga Amacia todo o coração duro
Não mais guerra nem desamor
Ganha-se o respeito alheio Que a criança durma serena
Pela coerência de vida
Que cada pessoa cultive Dá Senhor um coração de paz
Sentir-se parte da família O ser humano tal o deseje
Das suas relações chegadas Que todos reconheçam em Vós
É sinal de pessoa de bem O Deus da Paz e do Amor

173 174
Sou aquela criança
Tímida, envergonhada
De poucas falas
Uma criança vulgar
Que pouco a pouco
Se vai libertando
Sonhos todos têm De seus medos
Cada um à sua medida Sem voluntarismos
Realizáveis ou não Receosa, na defensiva
É muito bom sonhar Ávida de conhecimento
Do mundo exterior
Uns são multicolores
Outros puras utopias Sou aquele jovem Quando ainda jovem
Lugares-comuns ou desejos Muito cedo forçado Recordo um retiro
Os sonhos marcam vidas A assumir responsabilidades E a oração partilhada
Que cresce na vida Na capela da casa
Eu gosto de sonhar Que fala consigo Os jovens prometiam
Mas é minha vontade Procura respostas Bem focados no eu…
Ter os pés no chão Encontra soluções Olhando o crucificado
Sentir a realidade Mantém-se firme De sentimentos baralhados
E com prudência Fiz a minha oração
A crueza da vida Segue em frente Faça-se a Tua vontade
Fala de trabalho Rumo ao futuro E não meu desejo
Esforço e sacrifício
Tempo e perseverança Sou aquele adulto Meus colegas de retiro
Que sente ser chamado Olharam pró intruso
Quero meus sonhos A abraçar a vocação Que afrontou seus egos
Possíveis e atingíveis Do casamento cristão Na vida se quero
Assentes na realidade Não por sua escolha A máxima perfeição
Concretizáveis na vida Mas por vontade divina Confie meu futuro
Os meus projetos À vontade de Deus
Com muito trabalho As minhas ambições Sem negar o passado
Na vida se alcança A minha vontade Viva meu presente
Bens maiores e reais A minha escrita Crente num futuro
Do que foram sonhados Cedem ao dever De Felicidade eterna

175 176
Sou um autodidata
Meu português é básico
Tudo quanto escrevi
É produto da perseverança
Mais que talento é
Trabalho, organização, sacrifício
Sou o que sou Nada de valor se obtém
Sou de breve existência Na vida sem custo algum
Nesta bela Terra
De tenda montada Minha escrita é resultado
Da necessidade de comunicar
Observando aprendo Sentimentos e conhecimentos
A evitar os erros Adquiridos ao longo da vida
Que outros cometeram Ter coragem de se abrir
Em seus egoísmos De se sujeitar às críticas
Exige uma vontade forte
Estou de passagem E determinada de arriscar
Atrai-me o Além
Se o corpo fraqueja Dizem que temos um destino
A alma persevera Mas para todos é igual
Tão só obter um final feliz
Sou o que sou Dependente de cada pessoa
Porque o desejei Acatar a vontade do Criador
E para tal trabalhei Ainda que nada entendamos
Confiando e amando Das razões que Deus tem
É a nossa eterna felicidade
Não sou perfeito eu sei
Estou limitado agora Quando sonhamos e realizamos Sem querer ser conselheiro
Mas acredito no dia Algo por nós desejado Tenho por bem empregada
Da minha libertação A alegria vê-se no rosto Toda a luta e os cansaços
Quanto maior o esforço Na concretização dos sonhos
Por mim nada sou Os sacrifícios e as contrariedades Quando sintonizados com Deus
Mas um dia partirei Para concretizar os objetivos Pois a colheita sonhada
E de olhar no Além Tão meticulosamente cuidados Será abundante e de qualidade
Encontrarei a Paz Maior a satisfação pessoal E alegrará meu coração

177 178
Sou único e irrepetível
Não tenha medo da vida
E cada dia avance alegre Tenho aprendido muito
Amando a minha cruz Com a candura das crianças
Guiado pela voz de Deus Sua simplicidade e franqueza
Caminhe sereno para Ele Ávidas de novas descobertas
Confiante no Seu amor
E os acenos do mundo Tenho aprendido muito
Não mudem meu objetivo Com pessoas de cabelo branco
De ir ter com o Pai Prontas a darem sabedoria
Quanto o mundo possa dar A quem as queira escutar
Sejam insignificâncias para mim
O frio, a fome, a maledicência Tenho aprendido com os jovens
Não me façam vacilar Na irreverência e na imaturidade
Pois Deus cuidará de mim Próprias de quem quer viver
E a todos quantos optarem Tentando fazer coisas inovando
Por seguirem o Criador
Tenho aprendido com as pessoas
Esta vida é uma peregrinação Cheias de belas palavras
E no término a Luz Ditas com muita emoção
Que enche a eternidade Mas contrárias a seus atos
Caminhe seguindo Jesus
A Palavra de Deus encarnada Tenho aprendido comigo
E contemplarei a Felicidade A questionar a minha vida
reservada A procurar certezas duvidando
Aos que optam na vida pelo Bem Só em Deus encontro a solução

179 180
Teremos nós coragem
De professar nossa fé
Tal como fez Pedro
Diante dos homens
Dizendo ser Jesus
O filho de Deus-vivo

Muitos cristãos morreram


Afirmando sua fé
Com o sangue vertido
Não renegaram Jesus
O filho de Deus-vivo
Ter sorte na vida E por prémio foi o céu
É ter fé, acreditar
É viver cada dia Também muitos cristãos
Como se fora o último Preferiram esta vida
É abraçar a paz Quando a dura provação
Vivendo na partilha Lhes bateu à porta
A beleza da vida Vivendo mais uns anos
É cantar o amor E perdendo a vida eterna
Ansiado pela alma
É perdoando sem medida Ontem como hoje
E ser mendigo do perdão Nossa fé em Jesus
É ter o pão diário É posta à prova
E o abraço do irmão Tal como Pedro fez
É ter amor no coração Professemos nossa fé
E serenidade na alma Em Jesus nosso Senhor

181 182
Todos somos filhos de Deus
Crentes, agnósticos, indiferentes
Ou desconhecedores da verdade
Todos possam entender Todos somos suas criaturas
Que se desejam felizes Todos filhos do mesmo Criador
Têm de aceitar Deus
Como Senhor de suas vidas Deus ama o ser humano
Para tanto somente basta Mais que um pai seu filho
Abraçar a sua própria missão Quere-lo feliz a seu lado
Mas respeita sua liberdade
Deus que é amor Não força sua escolha
A todos quer consigo
Dói-Lhe e fica triste Uns optam por viver com o Pai
Com a nossa separação Ficarem ligados ao Criador
Pena é que tantas pessoas Na segurança da sua casa
Prefiram as trevas à Luz Outros preferem viver a vida
Malbaratando os dons recebidos
Deus omnipresente cria-nos
À Sua imagem e semelhança Deus ama os justos e acolhe
E só quer o nosso bem Na misericórdia os desertores
Permitamos que a nossa alma Queiramos ou não aceitar
Seja modelada por tal Mestre Todos somos filhos de Deus
E seremos santos em Deus Amá-lo ou não é nossa escolha

183 184
Transferidor
Objeto interessante
Transferidor com régua
Penso no meu viver
E no viver doutras gentes

Esta vida Triângulo pessoal da felicidade


Segmento de reta Assente na paz e no amor
Sobre matéria e espírito Respeitando toda a vida
Vista de ângulos diferentes Reverenciando a Criação
Segundo a cultura Dignificando toda a criatura
Experiências e interesses pessoais
A criatura humana realiza-se
Apontado ao ângulo reto Na harmonia com a natureza
Elevo na vertical meu viver E na intimidade com o Criador
Mas não esqueço a dimensão
horizontal Se a criatura humana
Prefiro a abertura angular obtusa Se afasta do Criador
Que me leva ao próximo E aposta na sua matéria
À acutângula que me esmaga Degrada-se em seu egoísmo
Cria conflitos com a natureza
A partilha enriquece o ser humano E abandona o Seu criador
O egoísmo destrói Fecha-se sobre si próprio
A dignidade da pessoa Não vê beleza na natureza
Nem perdão amoroso
Ó transferidor No coração do Senhor
Quantos ângulos
Quantas opções de vida A felicidade está a um passo
Umas tão belas De quem se abandona ao Criador
Outras tão míopes e Só vê beleza nas criaturas
confrangedoras
O triângulo pessoal da felicidade
Prefiro dar-me No meu jeito de ser e estar
A fechar-me Não é capricho nem ficção
Prefiro ser pessoa É conclusão e é convicção
A escravizar-me com bens Só em Deus serei feliz

185 186
Um momento de oração
Sofrido e resignado
Aceitação serena
Da vontade de Deus

Momentos de oração
Ao pé da sepultura
Onde os restos mortais
Pela primeira vez juntos
Um corpo sem espírito Jaziam meus pais
É tão só um cadáver
Onde habitou um espírito Nem por um momento
Me consegui concentrar
Corpo que merece respeito Na oração comunitária
Pertença de uma pessoa Que os crentes faziam
Que já não existe nele Naquele dia no cemitério

Esses restos mortais Estava todo absorto


Já não são uma pessoa No facto de meus pais
Aí não mora o espírito Descansarem juntos
No sono eterno
A pessoa está no espírito
Libertou-se da materialidade Não me lembro sequer
Não da sua identidade De rezar um Pai-nosso
Mas gravei no coração
Como espírito a pessoa A promessa de tudo fazer
Eterniza sua identidade Para não os envergonhar
Superando as leis da física
Foi um momento de oração
Viverá a sua eternidade Feito na intimidade
Deus queira com Ele Que marcou minha vida
E seja feliz eternamente Saiba cumprir tal promessa

187 188
Uma nova vida a gerar
Mais que programada
Deve ser desejada Vai tudo bem contigo
E ainda que imprevista Questionou uma senhora
Não pode ser menos amada Na casa dos setenta
Respondi-lhe pausadamente
Após a gestação no ventre Vai indo, vai indo
Espera o novo ser um mundo Ela lembrou-se do pai
De descoberta, de crescimento Que cheguei a conhecer
De alegrias, de sofrimentos Ditou que seu pai
De sonhos e desapontamentos Dizia coisa semelhante
E acrescentou que na vida
Se as dores do corpo apoquentam Nem tudo é bom
As dores da alma dilaceram Nem tudo é mau
Atingem o ser profundo É de se aguentar
A pessoa na intimidade Para se descansar
Dores invisíveis que consomem Só junto de Deus
Eu repliquei então
Na vida tudo é suportável Que no céu há trabalho
Se houver um amor superior Mas ela acrescentou
A orientar a vida humana Que junto de Deus
Cada dia será oportunidade Os afazeres da pessoa
Para crescer e maturar a vida São suaves e amorosos

189 190
Vem Espírito Santo
Encher os corações humanos
Da graça da Vossa Paz
Do fogo do Vosso Amor

Vem Espírito Santo Você quer ir para o céu


Renova a Terra inteira É a hora da sua decisão
Toca o coração humano Não vá pela autoestrada
E este se abra à Luz Das facilidades e dos prazeres
Escolha o caminho estreito
Vem Espírito Santo Do sacrifício e do desprendimento
Apaga todo o mal Não seja escravo do dinheiro
És a força transformadora Renuncie ao materialismo
Que tranquiliza nosso coração Impregnado nesta sociedade
Abrace o seu espiritual
Vem Espírito Santo Que está dentro de si
Sê chama e luz Confie em seu Criador
Que acalme e oriente Que lenta e seguramente
Nossos passos para Deus Lhe retira as dúvidas
Na razão alimenta a sua fé
Vem Espírito Santo Fá-lo viver na alegria
Purifica toda a criatura Discernir o bem do mal
Inflama amor ardente Dá-lhe coragem e alento
Santifica nossa alma O poder da perseverança
Amor para distribuir
Vem Espírito Santo A intimidade na oração
Vivifica e nos dá alento Até à presença de Deus
Coragem e mansidão Você é chegado ao céu
Na peregrinação para o Pai Bem-aventurado eternamente

191 192
A família acontece
Se unida por afetos
Mais que laços de sangue

Duas pessoas unidas


De sexo diferente
Formam um casal
Se iguais no sexo
Temos um par

Uma família se constrói


Ao redor de um projeto
De vida partilhada
Dois olhando em frente
Um ponto comum do horizonte

Com paixão ou amor


Amizade aprofundada
Sonhos de felicidade
Prolongados na prole
Seus rebentos amados

A família aconteça
Abençoada nos filhos
Na ternura do casal

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