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Gentium
"Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais, para que não te
sejam uma cilada. Ao contrário, derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e os
seus postes sagrados: Não adorarás outro Deus. Pois Iahweh tem por nome Zeloso: é um
Deus zeloso."
"Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno
cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será
omitido um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado."
(Mt 5, 17-18)
"A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito
Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no
rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura
(cfr. Mc. 16,15). Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o
sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da
unidade de todo o gênero humano, pretende ela, na sequência dos
anteriores Concílios, pôr de manifesto com maior insistência, aos fiéis e a
todo o mundo, a sua natureza e missão universal.".
Comentário
Nosso Senhor Jesus Cristo nunca se declarou como a luz dos povos (lumen
gentium), mas sim como a luz do mundo (lux mundi):
"Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas tem a
luz da vida".
Muito pelo contrário, como o próprio Deus ensina através das Sagradas
Escrituras, eles permanecem nas trevas porque "todos os deuses dos povos
são demônios" (omnes dii gentium daemonia).
Por fim, cabe destacar ainda que a ideia de que a função da Igreja seria
promover a "unidade de todo gênero humano" corresponde a uma
concepção errônea que obscurece o caráter sobrenatural da missão
eclesiástica: pois se a Igreja pode ser comparada a um "instrumento", este
não deve ser outro que o instrumento divino da salvação das almas e do
combate aos demônios.
"Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa,
católica e apostólica; depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a
Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos
demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a
para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim. 3,5). Esta
Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade,
subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos
Bispos em união com ele, embora, fora da sua comunidade, se
encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais,
por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a
unidade católica.".
Comentário
"Entrai pela porta estreita: pois larga é a porta e espaçoso é o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ele. Mas estreita é a
porta e apertado é o caminho que conduz à vida: e poucos são os que o
encontram!
Cuidado com os falsos profetas que chegam até vós vestidos como ovelhas,
mas por dentro são lobos: pelos seus frutos os conhecereis.".
Como se vê, Jesus claramente indica que existe apenas uma única "porta
estreita" - um único caminho - para se alcançar a vida eterna, e ao mesmo
tempo nos previne a respeito dos falsos profetas que podem nos desviar
deste "caminho apertado", para o largo e espaçoso caminho da perdição.
Ora, o que seria mais "largo e espaçoso" do que o conjunto das religiões
humanas, repletas de falsos profetas, múltiplas contradições e
antagonismos?
Com efeito, a própria razão nos evidencia que teorias contraditórias não
podem ser simultaneamente verdadeiras. E portanto, como as diversas
religiões apresentam teorias contraditórias entre si, é simplesmente
impossível que todas sejam verdadeiras.
"Creia em mim, mulher, pois chega a hora em que nem neste monte e nem
em Jerusalém adorarás ao Pai. Vocês [os pagãos] adoram o que não
conhecem: nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos
judeus. Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores do
Pai o adorarão em espírito e verdade. Pois Deus é Espírito: e aqueles que o
adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.".
Portanto, das palavras de Jesus Cristo fica claro que a "porta estreita" não
pode se encontrar no "largo e espaçoso" caminho das religiões pagãs e nem
mesmo na religião dos judeus de ondem vem a salvação. A porta estreita é
o próprio Cristo: o Messias esperado pelos profetas de Israel, inseparável da
Igreja fundada por Ele mesmo com o objetivo explícito de preservar e
propagar a sua doutrina, auxiliada pelo Espírito Santo para permanecer fiel a
essa mesma revelação.
Comentário
Além disso, logo no início afirma-se que "os baptizados, pela regeneração e
pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual,
sacerdócio santo": o que, por sua vez, se não é um erro explícito,
certamente é capaz de induzir ou justificar o erro, na medida em que o
batismo, embora seja o sacramento que nos incorpora à Igreja e,
consequentemente, nos permite a participação no único sacerdócio de
Cristo, não nos consagra de forma alguma à dignidade do "sacerdócio
santo".
Para sanar qualquer dúvida, eis ainda o que diz Pio XII:
"O divino Redentor estabeleceu, com efeito, o seu reino sob fundamentos da
ordem sagrada, que é reflexo da hierarquia celeste. Somente aos apóstolos
e àqueles que, depois deles, receberam dos seus sucessores a imposição das
mãos, é conferido o poder sacerdotal em virtude do qual, como representam
diante do povo que lhes foi confiado a pessoa de Jesus Cristo, assim
representam o povo diante de Deus. Esse sacerdócio não vem transmitido
nem por herança, nem por descendência carnal, nem resulta da emanação
da comunidade cristã ou de delegação popular. Antes de representar o povo,
perante Deus, o sacerdote representa o divino Redentor, e porque Jesus
Cristo é a cabeça daquele corpo do qual os cristãos são membros, ele
representa Deus junto do povo.".
Comentário
Eis mais um erro gravíssimo da Lumen Gentium: a ideia de que "a totalidade
dos fiéis... não pode enganar-se na fé".
Por outro lado, deve-se considerar que os fiéis comuns realmente não
podem ser enganados em matéria de fé e costumes sob uma única
condição: permanecendo fiéis aos ensinamentos da hierarquia eclesiástica
que é divinamente protegida e auxiliada pelo Espírito Santo.
"A Igreja vê-se ainda unida, por muitos títulos, com os baptizados
que têm o nome de cristãos, embora não professem integralmente a
fé ou não guardem a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro.
Muitos há, com efeito, que têm e prezam a Sagrada Escritura como norma
de fé e de vida, manifestam sincero zelo religioso, crêem de coração em
Deus Pai omnipotente e em Cristo, Filho de Deus Salvador, são marcados
pelo Baptismo que os une a Cristo e reconhecem e recebem mesmo
outros sacramentos nas suas próprias igrejas ou comunidades
eclesiásticas. Muitos de entre eles têm mesmo um episcopado, celebram a
sagrada Eucaristia e cultivam a devoção para com a Virgem Mãe de Deus.
Acrescenta-se a isto a comunhão de orações e outros bens espirituais; mais
ainda, existe uma certa união verdadeira no Espírito Santo, o qual
neles actua com os dons e graças do Seu poder santificador,
chegando a fortalecer alguns deles até ao martírio. Deste modo, o
Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a prática efectiva
em vista de que todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam
pacificamente num só rebanho sob um só pastor. Para alcançar este fim, não
deixa nossa mãe a Igreja de orar, esperar e agir, e exorta os seus filhos a
que se purifiquem e renovem, para que o sinal de Cristo brilhe mais
claramente no seu rosto.".
Comentário
A) - "A Igreja vê-se ainda unida, por muitos títulos, com os baptizados que
têm o nome de cristãos, embora não professem integralmente a fé ou não
guardem a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro".
Não. Nós católicos não nos vemos unidos com os batizados que "não
professam integralmente a fé" ou "não guardam a unidade de comunhão
com o sucessor de Pedro". De fato, nem sequer o título de "cristãos" nós
atribuímos a essas pessoas que, bem intencionadas ou não, encontram-se
objetivamente desintegradas do corpo místico de Cristo.
Com efeito, qualquer fiel sabe que a atitude de não professar integralmente
a fé é justamente o pecado de heresia pelo qual uma pessoa
obstinadamente nega ou distorce alguma verdade contida na doutrina cristã.
E além disso, sabe ainda que a aceitação integral dessa doutrina é a
condição fundamental para permanecer unido a Jesus Cristo, como Ele
mesmo disse: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente
meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". Ora,
os heréticos não permanecem fiéis à palavra de Cristo, e portanto não
podem realmente conhecer a verdade de sua doutrina.
De forma semelhante, também não nos vemos unidos com aqueles que "não
guardam a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro", como afirma a
Lumen Gentium, porque nisso consiste o pecado de cisma: a atitude
daqueles que "não querem se submeter ao soberano pontífice e recusam a
comunhão com os membros da Igreja a ele submetidos", como diz Santo
Tomás de Aquino. Na verdade, assim como Cristo enviou o Espírito Santo
para que os apóstolos permanecessem na unidade e integralidade da
doutrina revelada, o próprio Filho de Deus também estabeleceu como
característica essencial de sua Igreja a perfeição da unidade governamental,
o que se vê claramente na última ceia:
"Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que
o mundo creia que tu me enviastes. Eu lhes dei a glória que me deste para
que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam
perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os
amaste como amaste a mim.".
Contra o primeiro deve-se dizer que, em um ser humano adulto, não basta o
sacramento do batismo para configurar absolutamente a união com Cristo.
Além disso é preciso ainda duas condições: que o indivíduo creia e professe
integralmente a doutrina cristã, e que esteja submisso aos Pastores
legítimos da Igreja. Ora, como já afirmamos, os heréticos pecam
mortalmente contra a doutrina cristã na medida em que professam um
dogma pervertido, enquanto os cismáticos pecam contra a caridade fraterna
na medida em que corrompem a unidade governamental da Igreja ou
volutariamente se desvinculam da mesma. Portanto, não podem estar
realmente unidos a Cristo.
Tal ensinamento é reforçado por Pio XII na encíclica Mystici Corporis Christi:
C) - “... mais ainda, existe uma certa união verdadeira no Espírito Santo, o
qual neles actua com os dons e graças do Seu poder santificador, chegando
a fortalecer alguns deles até ao martírio.".
Comentário
Quando pensamos que a coisa não pode piorar, eis que os heresiarcas da
Lumen Gentium se superam: além dos heréticos e cismáticos, também os
judeus, os mulçumanos e os ateus precisam ser reconhecidos como estando
"orientados para o povo de Deus".
Por outro lado, muito menos aqueles que "não chegaram ainda ao
conhecimento explícito de Deus", isto é, os ateus, podem "levar uma vida
reta" com o “auxílio da graça”: pois o ateísmo é um pecado mortal contra o
Espírito Santo que, sendo o Espírito da Verdade, não pode habitar e nem
infundir a vida da graça na alma daqueles que obstinadamente negam a
existência da própria Verdade Suprema.
Comentário
Como se vê acima, afirma-se que São Pedro teria sido colocado "à frente dos
outros Apóstolos" para ser o “princípio e fundamento perpétuo e visível da
unidade de fé e comunhão”, e para que o episcopado permaneça “uno e
indiviso”. No entanto, embora isso possa ser considerado como correto,
oculta-se o verdadeiro poder de São Pedro e dos seus sucessores que
consiste essencialmente no primado absoluto de jurisdição sobre toda a
Igreja, inclusive sobre os bispos, quer tomados individualmente ou em
conjunto.
Por sua vez, a verdadeira doutrina da Igreja Católica claramente ensina que
a sociedade divinamente fundada por Jesus Cristo possui uma estrutura
essencialmente monárquica na qual o próprio Cristo reina como único
mestre, sumo sacerdote e senhor absoluto de todos os cristãos. E por isso
mesmo, sendo a Igreja Militante a parte visível desta sociedade, quis o
próprio Cristo que ela refletisse essa mesma estrutura monárquica, na qual
o sucessor de Pedro exclusivamente reina como chefe e pastor supremo de
todos os fiéis.
Ambos esses erros podem ser respondidos pelo que o papa Pio XII ensinou
em sua encíclica Ad Apostolorum Principis:
Mais ainda:
"Isso posto, deriva que os bispos não nomeados nem confirmados pela
Santa Sé, e até escolhidos e consagrados contra suas disposições explícitas,
não podem gozar de nenhum poder de magistério nem de jurisdição; pois a
jurisdição vem aos bispos unicamente através do romano pontífice...".
O próprio papa Pio XII reforça que tal ensinamento já havia sido explicitado
na Mystici Corporis Christi:
"Os bispos... no que diz respeito à sua diocese, são verdadeiros pastores
que guiam e regem em nome de Cristo o rebanho a eles confiado. Ao fazer
isso, não são completamente independentes, pois estão submetidos à
autoridade do romano pontífice, mesmo gozando do poder ordinário de
jurisdição, que lhes é comunicado diretamente pelo próprio sumo pontífice".
Lumen Gentium, nº22 - A heresia da colegialidade (3): sobre o
governo da Igreja
"Porém, o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união
com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, entendido com sua cabeça,
permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores
quer fiéis. Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de vigário de
Cristo e pastor de toda a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder
que pode sempre exercer livremente. A Ordem dos Bispos, que sucede ao
colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na
qual o corpo apostólico se continua perpetuamente, é também juntamente
com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do
supremo e pleno poder sobre toda a Igreja, poder este que não se pode
exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice.".
Como ensina o papa Leão XIII em sua encíclica Satis Cognitum, embora a
autoridade de Pedro e seus sucessores seja plenária e universal, ela não
deve ser considerada como a única autoridade. Pois assim como Cristo
estabeleceu Pedro enquanto portador das "chaves do Reino Céus", também
constituiu os outros apóstolos como membros da ordem episcopal
responsável pelo governo da Igreja Militante. Consequentemente, assim
como a autoridade de São Pedro é perpetuada no romano pontífice, também
os bispos herdam a autoridade dos apóstolos.
E mais:
Conclusão
De forma geral, observamos como esse documento herege promulgado pelo
heresiarca Paulo VI está repleto de erros que comprometem a ortodoxia
católica. A seguir, eis um resumo do que foi considerado:
2 – Lumen Gentium nº8 comete uma clara heresia ao fazer uma distinção
entre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica, dizendo que a primeira
“subsiste” na segunda.
4 – Lumen Gentium nº12 afirma que “a totalidade dos fiéis... não pode
enganar-se na fé”.
Ortodoxia católica: muitos fiéis podem ser enganados em matéria de fé, seja
caindo na infidelidade, na heresia ou na apostasia. Na verdade apenas o
Romano Pontífice possui realmente o carisma da infalibilidade em matéria de
fé e moral quando volutariamente exerce a sua autoridade apostólica sobre
todos os fiéis, enquanto guardião e mestre da doutrina cristã. Além disso, ao
mesmo tempo o carisma da infalibilidade em matéria de fé e moral também
se encontra no consenso universal e constante do magistério ordinário da
Igreja, ou seja, no ensinamento dos bispos do mundo inteiro em comunhão
com o Romano Pontífice.
9 – Lumen Gentium nº16 afirma que “aqueles que ainda não receberam o
Evangelho”, isto é, judeus, mulçumanos, ateus e pagãos de forma geral,
estariam “orientados para o povo de Deus”.
13 – Lumen Gentium nº22 afirma que a ordem dos bispos também seria
“sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja”.
Ortodoxia católica: “... a autoridade do Romano Pontífice é suprema,
universal, independente; a dos bispos é limitada e dependente.” – Papa Leão
XII, encíclica Satis Cognitum.