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ÌGBÁ ÀJÈ SÀLÙGÀ

Òrìsà de suma importância para todos os seres humanos, relacionados com


comercio, o dinheiro, status na sociedade, e o poder. Ditado do povo Yoruba:
"Se você quiser ter a riqueza próxima a você, deve cultuar ÀJÈ" Como cultuar,
assentar e apostilas próprias deste Òrìsa

ÈDÙN ÀRÀ
"Pedras de raios"

Èdún Àrá (pedras de raios), elementos este de origens verdadeiras, formas de


saber se um èdùn àrá é verdadeira, coloca-se uma talisa de mariwo em cima
dela, caso a talisa de mariwo não ficar girando não é èdùn àrá verdadeiro, e/ou,
coloca-se um imã junto da mesma para verificar seu magnetismo, caso não
aconteça também não é verdadeira. Este Elemento é utilizado no
assentamento dos Òrìsà Sango e Yànsán, bem como, em seus Bara òrìsà. Da
forma montada na foto, também é utilizado na feitura e raspagem de Yawo, o
mesmo é colocado sentado no Ápèrè, e com seus Lèsé ( pès ) sobre os okuta (
èdùn àrá ), e após os èjé dos animais sacrificados serem colocados em seu òrí
e nos Igba òrìsa, são colocados dentro desta gamela sobre os okuta, bem
como, as penas dos animais, e este fundamento servirá dentro do Ile Òrìsà
para sempre e para todos yawo que ali sejam feitos.

PEDRAS DE CEVÁ
Cultuadas para trazer riqueza

São cultuadas são feitos assentamentos para pessoas que tenham comércios,
industrias, e poder aquisitivos, para que seus negócios cresçam sempre e
deixem suas vidas equilibradas, e nunca deixando faltar principalmente
dinheiro, os bons clientes, e fartura em seus negócios.
BÀRÀ IFÁ ATI ÀJÈ IFÀ

Estes elementos são de suma importância para que a pessoa tenha segurança
e conhecimento dentro do jogo de mèrìndìlògún, trás ajuda e a certeza de
estarmos praticando e cultuando os seguimentos de Ifá. Ensinamentos nos
assentamentos e apostilas completas de como assenta-los e trata-los.

Ọtùn – Uma Bilha com Água Sagrada


Não posso falar de outra, senão que da minha própria tradição!
No Terreiro da Casa Grande, a palavra ọtùn ou ìṣà omi, designa genericamente
qualquer recipiente de barro que armazene água de algum recipiente sagrado,
ou seja, o Igbá Òrìṣà. Temos o costume de denominar tais recipientes apenas
pelo nome de bilha.
Em minha tradição, não usamos apenas um tipo de ọtùn, ou seja, dependendo
do Òrìṣà utilizamos os tradicionais vasos de barro, de bojo largo e gargalo sem
alças; para alguns apenas com uma alça, para outros duas alças; enquanto
alguns exigem três alças. Ainda existem aqueles Òrìṣà que preferem as
moringas, e outros as garrafas de barro de pescoço longo. Além daqueles que
não fazem questão de nenhum desses tipos de bilhas, e sim um robusto pote
de barro.
Seja qual for o tipo de ọtùn, no Terreiro da Casa Grande não utilizamos este de
louça ou porcelana, nem mesmo nos Igbá Òrìṣà Funfun. Outro detalhe
importante é o fato deste ser de barro apenas cozido e sem qualquer tipo de
verniz ou material impermeabilizante.
Em meu conhecimento e entendimento, o ọtùn representa o “corpo do iniciado”,
assim sendo, este recipiente não pode ficar sem água e muito menos retê-la;
tem que haver a evaporação da água através do barro, simbolizando a
transpiração do corpo. A renovação dessa água se faz necessária, mas nunca
deve ser trocada e muito menos desprezada, ou seja, tem que ser utilizada de
alguma forma.
Outro detalhe muito importante é estar tampada, não somente para a
prevenção de criadouros de mosquito; pois seu significado vai muito além do
entendimento de algumas pessoas. “Toda bilha tem a sua tampa” ...
A bilha é tão importante quanto o próprio Assentamento do Orixá, pois esta
acompanha o indivíduo, desde o seu batismo nas águas e irá lhe acompanhar
até a última cerimônia, ou seja, este mesmo ọtùn estará presente nos ritos
fúnebres, depois de ser esvaziado, e ora deitado ou ora emborcado.
Em particular, tenho o hábito de usar a água da bilha para inúmeros fins. A
utilizo para fazer banho de folhas, dar uma canecada para a pessoa que esteja
aflita beber, banhar-se e tantas outras coisas...
Jọọwọọ Òrìṣà Jọọwọọ,
sọ ìṣà omi rẹ kalẹọ,
kí èmi lè n mu.
Jọọwọọ Òrìṣà Jọọwọọ,
sọ ìṣà omi rẹ kalẹọ,
kí èmi lè n wẹọ.
A água que descansam nas bilhas, e as bilhas que repousam aos Pés dos
Orixás são sagradas e devem ser tratadas com respeito.
Àṣẹ nyáãnlè – Refere-se ao preparo ritualístico das vísceras, as entranhas,
os intestinos, os órgãos internos dos animais quadrúpedes sacrificados as
inúmeras Divindades de nosso Panteão Religioso.

A palavra em questão, deriva de forma contraída da frase Àṣẹ (ọ)kàn yáãle,


que significa “O poder do espirito, rapidamente o torna poderoso”. Trata-se de
uma metáfora, da qual está fundamentada em um provérbio Ioruba que diz:
Òrìṣà bíí ikùn kò sí, ojoojúmọọn ló n gba ẹbọ; que sua tradução nos levam ao
seguinte entendimento: “Não existe Divindade com uma sorte semelhante ao
estomago, do qual recebe oferendas todos os dias”.

Depois do “sangue derramado”, as vísceras são as partes mais importantes a


serem ofertadas as Divindades, sobre tudo a buchada como é popularmente
denominada. Embora seja um rito preparatório, demorado e dificultoso, pois
consiste em retirar os detritos fecais no interior de todo o trato gastrointestinal,
virá-las ao avesso e lavadas em água corrente, para depois serem ferventadas,
cozidas e refogadas em temperos específicos.

Em minha humilde opinião, a buchada não poderá em hipótese alguma deixar


de ser preparada e oferecida ao Òrìṣà que recebeu a oferta de quadrupede. O
Àṣẹ nyáãnlè fortalecerá “aquele que ofereceu o animal e impedir as perigosas
consequências relacionadas aos ritos do sacrifício. De suma importância
mencionar que em algumas linhagens tradicionais, esse tipo rito preparatório é
vedado aos homens, independentemente de sua Divindade Tutelar.

Hoje em dia, poucos são os Terreiros de Candomblé, que se dão ao trabalho


de preparar a buchada. Na maioria deles, observa-se depositarem a buchada
inteira, ou seja, totalmente suja regado com azeite de dendê no sopé da árvore,
onde está acomodada Ìyámi Òṣòròngà.

Quando não, depositada em sacos de lixo, deixando assim, para que o


coletores de lixo a levem para o seu local de destino, ou melhor, no lixão do
município.
Outros, preferem serem mais “supostamente religiosos” e despacharem nas
matas, rios e lagoas. Enquanto outros “sem nenhuma religiosidade” optam em
depositar as buchadas em terrenos baldios e bocas de lobo.

Muito tenho questionado, Qual seria o motivo de não preparar uma buchada?
Seria a falta de tempo do corpo sacerdotal feminino do Terreiro? Talvez a falta
de conhecimento do dirigente de um Terreiro? Só nos resta apenas a última
pergunta: Seria preguiça religiosa ou má vontade?

Sabemos que depois do sangue derramado, os miúdos e as vísceras, são as


partes de maior importância a serem ofertados as divindades; as vísceras dos
animais quadrupedes são objetos de um elaborado rito preparatório, demorado
e dificultoso, que consiste em esvaziar e vira-las ao avesso.

Este procedimento, como mencionado anteriormente fortalece aquele que


ofereceu o animal e impede as perigosas conseqüências ligadas aos ritos do
sacrifício.
Este rito preparatório é vedado aos homens, com riscos de expor sua saúde ao
perigo eminente das Grande Mães.
Em último plano, está a carne dos animais que serão distribuídos entre a
comunidade do terreiro.

ẸẸ̀ tù – A Pólvora

Considerada èwọọ – um tabu, aquilo que é proibido ou um ato proibido entre a


maioria dos iniciados e consagrados aos Àwọn Òrìṣà Funfun, ou
genericamente falando, aos Filhos de Òṣàlá.

Existem Ọmọ Ọbàtálá que não manipulam essa substância de maneira alguma,
muito menos atearem fogo para queimá-la. Alguns chegam a ter pavor até
mesmo dos fogos de artifícios e principalmente da fumaça desprendida da
queima dessa substância.

Quando pergunto aos mesmos, o porquê da pólvora ser um èwọọ entre os


Filhos de Òṣàlá a maioria não sabem responder, não tem embasamento para
explicar algo plausível e sensato sobre o assunto.
Então eu questiono: O tabu realmente está presente na pólvora clássica
explosiva, ou em um de seus componentes, ou seja, no salitre, nitrato de
potássio, no carvão ou no enxofre? Lembrando que uma grande parte dos
Filhos de Òṣàlá não manuseiam a pólvora, mas lidam com a queima de carvão
e enxofre, principalmente em certos tipos de defumação.

Importante ressaltar que as substâncias kán-ún-gidi – potássio, òbu otóyò -


salitre, èédú – carvão, imí ọjọọ dúdú – enxofre preto e imí ọjọọ pupa – enxofre
vermelho, são amplamente utilizados na Medicina Tradicional Ioruba. Então,
isso me leva a outro questionamento: Poderia ser as referidas substâncias
interditos de determinados Odú – Signos de Ifá e não dos Òrìṣà Funfun
propriamente dito?

Ainda temos que levar em consideração que a pólvora foi uma invenção
acidental dos chineses, e que somente entre o Século X e XII ela foi
aperfeiçoada e usada para disparar artefatos sólidos, onde a partir desse
período deu-se início a sua comercialização pelo mundo afora.

Não tenho a intenção alguma de quebrar paradigmas ou qualquer conceitos,


regras e normas pré-estabelecida, mas sim fazer uma profunda reflexão acerca
de alguns costumes infundados de nossa religião.

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