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Romanos

Destinatário: “vós que estais em Roma” – público teoricamente composto por judeus e pagãos

“...vossa fé é celebrada em todo mundo.” - Qual fé ? A fé cristã? Certamente ela ainda não havia se
espalhado por “todo mundo”.
“Realmente desejo muito ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual (carisma pneumático),
que vos possa confirmar, ou melhor, para me confortar convosco pela fé que nos é comum a vós e a
mim. … Daí meu propósito de levar o evangelho também a vós que estais em Roma”
Questão: Paulo considera que sua audiência já possui a fé, ou ainda precisa ser confirmada com o
“carisma pneumático” do seu “evangelho”?

O que é o “evangelho” de Paulo?


“Na verdade, eu não me envergonho do evangelho: ele é força de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, em primeiro lugar do judeu, mas também do grego. Porque nele a justiça de Deus se
revela de fé para a fé, conforme está escrito: o justo viverá da fé.”

“o justo viverá da fé” é uma frase de Habacuc 2:4 que Paulo tira completamente do contexto e usa
como a pedra fundamental de sua teologia.

Em Rom 1:19 – Paulo afirma que Deus pode ser conhecido através das criaturas, usando uma
linguagem comum a estoicos e platônicos. Em seguida ele condena a idolatria e o sexo “contra a
natureza” (linguagem stoica)

A partir daí ele estabelece a sua doutrina que podemos chamar de “corrupção geral da humanidade”.
Ele basicamente nega a superioridade espiritual dos judeus sobre os gentios, nivelando todos por
baixo ou glorificando os gentios em detrimento dos judeus.
Por um lado, Paulo afirma que a recompensa ou punição divina é dada “para o judeu em primeiro
lugar e também para o grego”. No entanto, o gentio é representado como tendo “a obra da lei
gravada em seus corações”; e o problema é que Paulo não distingue entre lei natural e lei
sobrenatural (que teoricamente seria a lei mosaica). Enquanto o judeu é basicamente representado
como uma espécie de presunçoso e hipócrita que se “gloria na Lei” mas “desonra a Deus pela
transgressão da Lei”.

“o verdadeiro judeu não é aquele que como tal aparece externamente, nem é verdadeira circuncisão
a que é visível na carne: mas é judeu aquele que o é no interior e verdadeira circuncisão é a do
coração”

“Que vantagem há então em ser judeu? E qual a utilidade da circuncisão? Muita e de todos os
pontos de vista. Em primeiro lugar, porque foi a eles que foram confiados os oráculos de Deus”

“E daí? Levamos vantagem? De modo algum. Pois acabamos de provar que todos, tanto judeus
como os gregos, estão debaixo do pecado”

“diante dele [Deus] ninguém será justificado pelas obras da Lei, pois da Lei vem só o conhecimento
do pecado” 780

Em seguida Paulo introduz a noção do sacrifício redentor de Jesus Cristo:


“Agora, porém, independente da Lei, se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e
pelos profetas, justiça de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que creêm –
pois não há diferença, visto que todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus – e são
justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção, realizada em Cristo Jesus: Deus o
expôs como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim
manifestar sua justiça, pelo fato de ter deixado os pecados de outrora sem punição, no tempo da
paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo presente para mostrar-se justo e para
justificar aquele que apela para a fé em Jesus”

“...nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem a prática da Lei”

“...nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue
pelas nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação”

“justificados por seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Pois se quando éramos inimigos formos
reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais agora, uma vez reconciliados, seremos
salvos por sua vida. E não é só. Mas nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por
quem desde agora recebemos a reconciliação”

Em seguida Paulo introduz a noção de Jesus Cristo como uma espécie de “novo Adão”:

“...por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, assim a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram.”

“...assim como pela falta de um só resultou a condenação de todos os homens, do mesmo modo, a
obra de justiça de um só, resultou para todos os homens justificação que traz vida. De modo que,
pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um
só, todos se tornarão justos”

Em seguida Paulo utiliza metáforas de “morte e ressurreição” espiritual conectadas ao batismo:

“...não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos
batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos vida nova.
Porque se nos tornamos uma coisa só com ele por morte semelhante à sua, seremos uma coisa só
com ele também por ressurreição semelhante à sua, sabendo que nosso velho homem foi crucificado
com ele para que fosse destruído este corpo de pecado, e assim não sirvamos mais ao pecado.”

Mais adiante Paulo se dirige especificamente aos judeus e diz que eles não precisam mais cumprir a
Lei:
“...meus irmãos, pelo corpo de Cristo fostes mortos para a Lei, para pertencerdes a outro, àquele que
ressuscitou dentre os mortos, a fim de produzirmos frutos para Deus. Quando estávamos na carne,
as paixões pecaminosas que através da Lei operavam em nossos membros produziram frutos de
morte. Agora, porém, estamos livres da Lei, tendo morrido para o que nos mantinha cativos, e assim
podemos servir em novidade de espírito e não na caducidade da letra”
“Que diremos então? Que a Lei é pecado? De modo algum! Entretanto, eu não conheci o pecado
senão através da Lei, pois eu não teria conhecido a concupiscência se a Lei não tivesse dito: Não
cobiçarás. Mas o pecado, aproveitando da situação, através do preceito gerou em mim toda espécie
de concupiscência: pois, sem a Lei, o pecado está morto.
Outrora eu vivia sem Lei; mas, sobrevindo o preceito, o pecado reviveu e eu morri. Verificou-se
assim que o preceito, dado para a vida, produziu a morte. Pois o pecado aproveitou da ocasião, e,
servindo-se do preceito, me seduziu e por meio dele me matou.”
Paulo apresenta uma doutrina dualista entre a “carne” e o “espírito”
“Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente
não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto. Ora, se faço
o que não quero, reconheço que a Lei é boa. Na realidade, não sou eu mais que pratico a ação, mas
o pecado que habita em mim”

“Comprazo-me na lei de Deus segundo o homem interior, mas percebo outra lei em meus membros,
que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus
membros.
Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus
Cristo Senhor nosso.
Assim, pois, sou eu mesmo que pela razão sirvo à lei de Deus e pela carne à lei do pecado”

“Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da
vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte. De fato – coisa impossível à Lei,
porque enfraquecida pela carne – Deus, enviando o seu próprio Filho em carne semelhante à do
pecado e em vista do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que o preceito da Lei se
cumprisse em nós que não vivemos segundo a carne, mas segundo o espírito”

“...os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o espírito, as
coisas do espírito.”

“Se, porém, Cristo está em vós, o corpo está morto, pelo pecado, mas o Espírito é vida, pela justiça.
E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que
ressuscitou Jesus dentre os mortos dará vida também a vossos corpos mortais, mediante o seu
Espírito que habita em vós”

“Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. … recebestes um espírito
de filhos adotivos, pelo qual clamamos: Abba! Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para
testemunhar que somos filhos de Deus”

A doutrina da metamorfose cósmica:


“Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que
deverá se realizar em nós. Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de Deus.
De fato, a criação foi submetida à vaidade – não por seu querer, mas por vontade daquele que a
submeteu – na esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na
liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de
parto até o presente. E não somente ela. Mas também nós, que temos as primícias do Espírito,
gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo”

A doutrina da predestinação em Romanos 8:28

Cosmologia e sotereologia de Paulo:


“Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o
presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem as profundezas, nem qualquer outra
criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor”

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