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ESTUDO PARA DESENVOLVIMENTO DE ESTAÇÃO DE TRABALHO

FUNCIONAL

SILVA, Gabriel Valença (1);


FREITAS, Suelen Souza Silva (2);
BASTOS, Ramsés da Silva (3);
ZAGO, José Eduardo (4);
FERNANDES, João Candido (5)

(1) IESB/PREVE, Bacharel em Design


bielvs@hotmail.com
(2) IESB/PREVE, Bacharel em Design
Sussu_freitas@hotmail.com
(3) UNESP-IESB/PREVE, Mestre em Design
ramsesbastos@uol.com.br
(4) IESB/PREVE, Mestre em Design
zagomail@hotmail.com
(5) UNESP, Professor Doutor/Titular
jcandido@feb.unesp.br

RESUMO

Exercer atividade em mobiliário inadequado proporciona postura incorreta e pode resultar em lesões
musculoesqueléticas. Na profissão de manicure/pedicure há carência de mobiliário que favoreça
condições ergonômicas adequadas para o desenvolvimento da atividade. A presente pesquisa objetiva
favorecer a inovação dos produtos existentes e utilizados pelos profissionais da área acrescentando, por
meio de estudos da ergonomia, favorecendo o estudo de estação de trabalho funcional que possibilite
melhoras nas condições de execução desta atividade, contribuindo conjuntamente com a saúde do
profissional. Após avaliação de 30 sujeitos de pesquisa observou-se que uma porcentagem importante
dos pesquisados queixam-se de dores principalmente nas costas, ombros e pescoço, devido má postura
durante o exercício da profissão. Por fim, postula-se que um posto de trabalho que obedeça as regras
ergonômicas possibilitará melhoras na postura dos usuários e conseqüentemente na sua saúde e
qualidade de vida, propiciando vida útil profissional prolongada.
ABSTRACT

Exercise activity in inappropriate furniture and delivers poor posture can result in musculoskeletal injuries.
In the profession of manicure / pedicure there is a lack of furniture that encourages appropriate ergonomic
conditions for the development of the activity. This research aims to encourage innovation and existing
products used by professionals adding, through studies of ergonomics, favoring the study of functional
workstation that enables improvements in the conditions of this activity, together contributing to the health
professional. After review of 30 research subjects was observed that a significant percentage of
respondents complain of pains especially in the back, shoulders and neck due to bad posture while
practicing the profession. Finally, it is postulated that a job that meets the rules allow ergonomic
improvements in the attitude of users and consequently on their health and quality of life, providing
professional long life.

1. INTRODUÇÃO

O homem tem necessidades para executar as atividades do seu dia-a-dia, e para isso utiliza do
seu raciocínio para desenvolver um equipamento que o ajude. É assim desde a era das
cavernas, com as pedras polidas, até os dias de hoje.
Proporcionar ao trabalhador boas condições para executar suas atividades é muito importante,
pois melhora a qualidade do ambiente de trabalho e o profissional conseqüentemente trabalha
com saúde e rende mais.
Condições aparentemente simples, como a qualidade microambiente e postura correta do
trabalhador é capaz de gerar grande melhoria em sua vida, porém com posturas incorretas
durante horas consecutivas de trabalho, o profissional acaba lesionando músculos, nervos e/ou
tendões, que, dependendo da lesão, pode ser irreversível.
Este projeto tem como objetivo o estudo da ergonomia para melhorar as condições de
prestação de serviços de manicures/pedicures e, por conseguinte, desenvolver um posto de
trabalho funcional para o exercício desta atividade agregando qualidade de vida aos seus
usuários.

2. PESQUISA

2.1 Literatura

Segundo Santana (1996), a ergonomia tem como uma de suas pretensões a proteção da saúde
dos trabalhadores, gerando uma melhoria na qualidade de vida, além da melhoria da produção
e da produtividade.
Há necessidade de se pensar no ambiente de trabalho de manicures/pedicures e qualquer
outro profissional que utilize uma estação de trabalho. Para isso é de suma importância
estabelecer uma parceria com a ergonomia, que trará diretrizes para o desenvolvimento, não
somente do móvel, mas também do ambiente como um todo. Segundo Hubault (2004), a
“missão da ergonomia é aprofundar a compreensão da relação entre o que o homem vive no
trabalho e pelo seu trabalho, o que ele faz com que a empresa compreende disso, o que ela faz
disto, ainda mais, o que ela espera disto, o que ela quer fazer disto” [...]. Com isso ele destaca
que o interesse do ergonomista é a relação do homem e da empresa, do homem e da técnica,
do homem e seu ambiente.
Para Ettinger (1964), é possível melhorar a produtividade por meio de elementos associados à
interação do ambiente de trabalho com o usuário, como a agradabilidade, ou seja, a sensação e
conforto que esse pode provocar no usuário.
2.1.1 Aspectos históricos

O hábito de fazer as unhas surgiu no Brasil apenas na década de 20, copiado dos hábitos
franceses. Porém, estima-se que a origem desse costume vem de muito antes dessa época. Há
manuscritos da dinastia chinesa, datados de aproximadamente três mil anos a. C. Foi apenas
na década de 50 que a profissão de manicure tornou-se popular, aparecendo, as primeiras lojas
especializadas em materiais para esses profissionais e outros instrumentos passaram a ser
encontrados em drogarias e outras lojas. Atualmente o serviço tornou-se um hábito, acessível a
todos e não voltado apenas para o público feminino, mas também ao público masculino.

2.2 Ergonomia no trabalho

Olhar um projeto com olhar de um ergonomista é antever sua utilização, considerando,


principalmente, fatores antropométricos. (VILLAROUCO, 2004).
Segundo Santana (1996), a ergonomia se dirige a proteção da saúde dos trabalhadores,
gerando melhoria na qualidade de vida, e melhoria da produção e da produtividade.

2.3 Funções da ergonomia no ambiente de trabalho

A função da ergonomia no trabalho é apresentar propostas a fim de proporcionar uma maneira


melhor, mais segura e saudável de trabalhar, com isso, reduzir os riscos e custos humanos de
trabalho. É preciso considerar fatores físicos, cognitivos, sociais, ambientais e organizacionais.
Os custos humanos representam mortes, mutilações, lesões, doenças e outras conseqüências
decorrentes do trabalho. Com preocupação no usuário e obviamente na produtividade é que a
ergonomia torna-se fundamental no trabalho, pois com ela é possível proporcionar uma
adequabilidade do ambiente de trabalho com a tarefa que ali será desenvolvida, gerando a
sensação de conforto no usuário que trabalha de forma agradável. (ETTINGER, 1964).
Hoje, para que uma empresa (ou profissional liberal) consiga manter-se no mercado de forma
competitiva, é necessário incrementar o desempenho, e isso a ergonomia auxilia, preocupando-
se com o ambiente de trabalho e sua relação com a funcionalidade.

2.4 Interferência da ergonomia na produtividade

Não é possível dissociar produtividade e ergonomia, pois para que se alcance a primeira é
necessário que haja um planejamento das áreas de trabalho de forma a minimizar esforços,
respeitando as limitações e capacidades de cada pessoa.
Para Villarouco (2004) apesar de não existir um método rigoroso e rápido de medir o aumento
da produtividade ocasionado por mudanças nos espaços de trabalho, algumas empresas já
constatam diferenças numéricas dessas transformações, como o caso da AlmocoProduction,
nos Estados Unidos, que constatou logo depois da transferência da equipe do setor de
pesquisa e desenvolvimento para instalações adequadas a realização das atividades, uma
redução de 30% no tempo de descoberta e desenvolvimento de novos produtos (WAH, 1998).

2.5 Itens de avaliação da área de trabalho

2.5.1 Área horizontal

Analisando a área horizontal de trabalho, os materiais e todos os equipamentos e ferramentas


que são utilizados para a atividade devem estar situados dentro das áreas como recomendado
na figura 1, logo abaixo:
Figura 1. Alcances de superfície de trabalho. (Paccola, 2007)

Em que 1 representa a área visual de trabalho, 2 é o espaço que representa atividade leves
como pegar objetos e 3 representa a área de atividades não frequentes, utilizada somente
quando a área 2 estiver totalmente preenchida.

2.5.2 Altura de trabalho

A atividade também deve ser analisada de acordo com a altura que o trabalho é executado. Ele
é classificado a partir da altura do cotovelo de acordo com a figura 2 abaixo:

Figura 2. Altura para superfície de trabalho. (Paccola 2007)

Se o trabalho incluir diferentes necessidades de alturas será determinada a altura cuja tarefa
tenha maior demanda

2.5.3 Distância visual

Também se deve avaliar a distância visual em que o trabalho é executado. Ela deve ser
proporcional ao tamanho do objeto de trabalho, conforme indicado na figura 3.
a b c d
Figura 3. Distância visual do trabalho. (Paccola, 2007)

a) Grande demanda visual (ex: montagem de peças pequenas); b) Alguma demanda visual (ex:
costura, desenho); c) Demanda visual normal (ex: leitura, operações de torno mecânico); d)
Pequena demanda visual (ex: embalamento).

2.5.4 Repetitividade

Ao analisar uma atividade (isolada) de um trabalho pode-se determinar se ela é repetitiva por
meio da duração média do tempo de duração da atividade (ciclo). A avaliação é feita somente
nos trabalhos em que a tarefa é continuamente repetida basicamente da mesma forma. Os
ciclos que ultrapassam 10 minutos são considerados de relativa repetitividade.

2.6 Norma regulamentadora

No Brasil existe a Norma Regulamentadora NR17, instituída pelo Ministério do Trabalho e


Previdência Social a portaria n. 3.751 em 23/11/90, que “visa estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente”.
Em relação ao do posto de trabalho, deve ser todo pensado e planejado especialmente para a
posição sentada e para um trabalho manual as mesas ou bancadas devem oferecer ao
trabalhador boas condições de postura, desenvolvimento e visualização da atividade.
Em relação ao assento do trabalhador, deve atender aos requisitos mínimos de conforto como:
 Ter altura ajustável à altura do trabalhador; Material que sofra pouco ou nenhuma
conformação na base do assento; Borda frontal arredondada para conforto da perna;
Encosto com formato adaptado, de forma a acomodar melhor e proteger a região lombar
das costas.
Quando o trabalho é realizado na posição sentada, poderá ser exigido suporte para os pés que
se adapte ao comprimento da perna do trabalhador.
Há outros fatores que podem influenciar e proporcionar ao trabalhador, melhores condições
para exercer suas atividades. São eles: iluminação, condições ambientais, ruídos e
temperatura. Este projeto atem-se apenas a questão mobiliária e de iluminação. Para o posto
de trabalho de uma manicure deve haver uma iluminação geral ou suplementar, uma vez que
se trata de uma atividade de alta precisão.

2.7 Iluminação - NBR 5413

Esta norma estabelece os valores de iluminação artificial em interiores, onde se realizem


atividade de comércio, indústria, ensino, esporte e outras. Dentro dessa mesma norma existem
três classes de tarefas visuais. A atividade de manicure/ pedicure encaixa-se na classe B:
Iluminação geral para área de trabalho.
As medidas de iluminância, que são realizadas com o auxílio de um fotômetro (figura 4), são
denominadas de luxímetros.

Figura 4. Luxímetro

Na norma não existe uma avaliação específica para o trabalho de manicure/ pedicure, mas
podem-se adotar como base os valores de luminância indicados para salas de operação em
hospitais por se tratar de uma atividade de alta precisão. Para esta atividade são indicados os
valores de 300-500-750 lux (unidade de medida de um luxímetro). Dentre esses valores, o mais
alto é o mais indicado para o desenvolvimento das tarefas pertinentes a profissão de manicure.

2.8 Trabalho na posição sentada

O trabalho de uma manicure/pedicure é desenvolvido inteiramente na posição sentada. Permite


que as pernas fiquem livres, melhorando a mobilidade desses membros, o que proporciona
uma sensação de conforto maior com o passar do tempo de trabalho, pois o assento permite
que a pessoa possa mudar de posição com frequência, postergando o aparecimento da fadiga.
Segundo Itiro Iida(2005), a postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos
fatigante que a postura ereta.
Existem três posturas possíveis para o corpo: deitado, sentado ou em pé (figura 5).

Figura 5. Espeços de trabalho recomendado para algumas posturas típicas. (Itiro Iida, 2005)
Cada pessoa tem uma necessidade de ter um espaço pessoal no trabalho. Seja para guardar
objetos pessoais, materiais de trabalho ou mesmo apenas colocar um adorno que deixe o local
com uma marca pessoal. Tudo isso cria um espaço psicológico que faz com que o trabalhador
sinta-se seguro e a vontade. Quando o trabalho é realizado sobre uma mesa, deve-se
considerar a altura dessa superfície de trabalho. A mesa deve ser regulada seguindo a altura
poplítea da pessoa, ou altura do cotovelo na posição sentada, depois de ajustada a altura da
cadeira. Essa regulagem da mesa pode variar de 54 a 74 cm de altura. O espaço entre o
assento e a mesa deve ser de no mínimo 20 cm. Com uma mesa regulável a altura da cadeira
pode variar de 37 a 53cm conforme figura 6.

Figura 6. Dimensões recomendadas para alturas de mesas, cadeiras e apoio para os pés. (Itiro
Iida, 2005)

A área superficial de trabalho sobre a mesa é obtida girando-se os antebraços em torno dos
cotovelos com os braços caídos normalmente ao lado do tronco. (IIDA, 2005).
Sendo assim o raio de trabalho varia de 35 cm a 45 cm, em que a interseção dos raios gera
uma área ótima para o trabalho com as duas mãos. Essa área é de aproximadamente 30 cm
conforme figura 7.

Figura 7. Área de alcance ótimo e máximo da superfície de trabalho. (Itiro Iida, 2005)

Tarefas que exigem maior precisão devem ser executadas dentro dessa área ótima de
interseção, em que o acompanhamento visual deve ser de 20 a 40 cm de distância focal.
2.9 Suporte para o corpo

Quando o corpo está na posição sentada, todo o peso do tronco, acima da bacia, é transferido
para o assento. Nesta posição o que fica em contato com o assento é um estrutura óssea,
formada por dois ossos com forma arredondada chamados tuberosidades isquiáticas (figura 8).

Figura 8. Tuberosidade Isquiática - Estrutura Óssea da Bacia. (Itiro Iida, 2005)


Para melhor suportar o peso do corpo nessa região, até recentemente, recomendava-se o
assento duro, pois acentos macios não proporcionam o equilíbrio adequado para o peso do
corpo. Porém os estofados muito duros provocam uma concentração me pressão maior na
região da Tuberosidade Isquiática, o que ocasiona dores e desconforto na região das nádegas.
Por esse motivo o ideal é encontrar um estofado que seja intermediário a essas duas situações.
Um bom assento é composto de uma base rígida com uma leve camada de estofamento, o que
reduz a pressão na região glútea. Esse estofamento deve ter de 2 a 3 cm, proporcionando
conforto e estabilidade ao corpo.
Deve-se estar atento também ao material que irá revestir esse assento, pois ele deve possuir
características antiderrapantes e possuir a capacidade de dissipar o calor e suor do corpo.

2.10 Posto de trabalho

Segundo Itiro Iida (2005), o posto de trabalho é uma unidade produtiva envolvendo um homem
e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda.
Existem dois tipos de enfoque de análise do posto de trabalho: O sistema taylorista tem como
princípio a economia dos movimentos, já o sistema ergonômico é baseado na interação entre
homem e o sistema, analisando a biomecânica da postura.
Este projeto tem como foco a análise ergonômica do posto de trabalho. Sendo assim, este deve
reduzir as exigências biomecânicas, fazendo com que o trabalhador fique em uma postura
correta e confortável. No sistema ergonômico, os equipamentos e materiais devem ser
adaptados às características do trabalhador, de acordo com as necessidades do trabalho, a fim
de reduzir os esforço muscular na posição estática e o estresse geral. Dessa forma pode-se
garantir produtividade no trabalho, segurança e satisfação do trabalhador.
A maior dificuldade para projetar um posto de trabalho é a grande variabilidade de dimensões
antropométricas da população. Com isso torna-se difícil projetar com os dimensionamentos
adequados para que o posto de trabalho não provoque lesões musculoesqueléticas no corpo e
permita ao trabalhador ficar em uma postura adequada e ter boa produtividade.
Estudos de biomecânica mostram que o tempo máximo que o corpo aguenta manter-se em
uma postura incorreta é de 1 a 5 minutos, no máximo. Depois desse tempo começam a
aparecer às dores.
Iida (2005) disponibiliza que para desenvolver um posto de trabalho novo ou um redesenho de
um já existente, deve-se pensar em diversos pontos como: análise da atividade, arranjo físico
do posto de trabalho, dimensionamentos do posto de trabalho, construção e testes do modelo e
ajustes individuais.

3. PROBLEMATIZAÇÃO

3.1 Identificação dos problemas

Deficiências constatadas através de análises de profissionais em atividade:


 Postura inadequada (posição da coluna); Deficiência de uma reeducação da postura);
Inadequação das medidas segundo o padrão brasileiro de altura; Inadequação da altura
das cadeiras de pedicure; Inadequação da largura do assento das cadeiras de pedicure;
Inadequação da altura do encosto das cadeiras de pedicure; Deficiência em apoio para
os braços da profissional; Posição incorreta para os pés da profissional; Espaço
inadequado para os movimentos do profissional de manicure nas mesas desenvolvidas
para esta atividade; Inadequação das alturas das mesas em relação às cadeiras de
manicure; Esforço desnecessário da profissional para alcançar seus materiais durante a
atividade.

3.2 Análise dos problemas funcionais

Postura inadequada: Pode-se facilmente perceber a posição inadequada em que o


profissional executa a atividade de pedicure. Deficiência de uma reeducação de postura:.
Muitos problemas causados pela má postura poderiam ser evitados se todos recebessem as
devidas informações sobre como pequenos cuidados como com a postura, podem melhorar o
trabalho e gerar uma melhoria de vida. Inadequação das medidas segundo o padrão
brasileiro de altura: O padrão não se adequa ao tipo físico da maioria das pessoas,
independente do gênero. Inadequação da altura das cadeiras de pedicure: A maioria das
cadeiras para pedicure são baixas. Inadequação da largura do assento das cadeiras de
pedicure: A grande maioria das cadeiras para manicures e principalmente para pedicures
possuem o assento estreito. Inadequação da altura do encosto das cadeiras de pedicure:
Acompanhando as demais medidas da cadeira, o encosto também apresenta tamanho
incompatível ao que seria ideal (muito baixo). Deficiência em apoio para os braços da
profissional: A longa jornada de trabalho com os músculos dos braços permanentemente
tensionados podem causar, com o passar do tempo, problemas como a tendinite. Posição
incorreta para os pés da profissional: Para que se possa ter um bom retorno venoso é
necessário que os joelhos estejam formando um ângulo de 90 graus, porém isso não é o
suficiente. A manicure passa grande parte do seu dia sentada, sendo assim, deve-se pensar
também na questão da circulação nos membros inferiores. Espaço inadequado para os
movimentos do profissional de manicure nas mesas desenvolvidas para esta atividade:
As mesas de manicure normalmente apresentam um espaço bastante limitado para executar as
devidas atividades. Inadequação das alturas das mesas em relação às cadeiras de
manicure: O ideal é que os braços fiquem em um ângulo de 90 graus com a coluna ereta.
Esforço desnecessário da profissional para alcançar seus materiais durante a atividade:
Materiais de uso frequente no chão ou em um suporte baixo ao seu lado.
4. MÉTODO DE ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO

A importância de fazer uma análise do posto de trabalho de qualquer que seja a atividade
desenvolvida é poder identificar quais fatores estão lesando, de alguma forma, o trabalhador e
de que forma pode-se intervir para melhorar o desenvolvimento da atividade.
Para cada necessidade e atividade adota-se um método mais adequado. O foco deste trabalho
é fazer uma análise voltada para a questão postural do posto de trabalho da manicure/pedicure,
por esse motivo, segue abaixo alguns dos métodos que podem ser aplicados nessa situação. O
estudo baseia-se em analisar e estudar as condições organizacionais do trabalho e os
movimentos corporais necessários para executar uma determinada tarefa.
4.1 Método RULA
Desenvolvido pelo Dr. Nigel Corllet e pelo Dr. Lynn MCAtawney, o método RULA (Avaliação
Rápida Limb Superior) é uma primeira análise que tem o objetivo de investigar a exposição dos
trabalhadores a fatores que indicam algum risco musculoesquelético como contração muscular
estática, de repetição e de força no trabalho, a fim de medir o nível de exposição dos membros
superiores a esses fatores. A aplicação do método é indicada quando há necessidade de
determinar os fatores que contribuem para o risco de saúde associado à tarefa executada.
O RULA não considera fatores ambientais de trabalho e características individuais como idade,
resistência física, estatura e histórico de saúde (esses dados poderão ser analisados por meio
de outros métodos como o Protocolo de Corllet e o EWA).
A avaliação inicia-se por meio de uma observação do trabalho durante seus vários ciclos (cada
atividade desenvolvida) do trabalho para destacar as posturas mais representativas,
destacando o tempo de permanência de cada uma delas. Deve-se observar qual postura ocorre
com maior frequência, em que momento ocorre o maior valor de carga e avaliar as diferentes
posturas executadas durante o trabalho. Considerando os fatores de risco, pode-se avaliar o
posto de trabalho de uma forma total.
Para a aplicação do RULA devem-se seguir todas as etapas e escolher a imagem que melhor
reflete a posição de trabalho. Nesse método, analisam-se braços, pulsos, pescoço e tronco.
Com esse método é possível analisar de forma rápida os riscos e os danos que a atividade
pode causar nos membros superiores e identificar que tipo de esforço muscular está
relacionado com a postura, principalmente em tarefas repetitivas.
4.2 Método EWA
O método EWA (Ergonomics Workplace Analysis – Análise Ergonômica do Local de Trabalho)
tem como alvo principal de análise a movimentação física que algumas atividades requerem.
Esse método é utilizado para uma análise mais detalhada, após terem sidos constatados
problemas ergonômicos utilizando métodos menos aprofundados como o RULA.
Na análise ergonômica deve ser feita uma descrição cuidadosa das tarefas exercidas no posto
de trabalho, para que se possa constatar se esta atividade é prejudicial ou não para a saúde do
profissional. Na análise objetiva, ao avaliar uma atividade, ela é classificada em vários fatores,
em uma escala de 1 a 5, em que o valor 1 é dado quando a atividade mais se aproxima da
condição ótima de trabalho, ou geralmente aceitável. Os valores 4 e 5 indicam uma condição de
trabalho distante da condição ideal, podendo eventualmente causar danos a saúde do
trabalhador, sendo assim, necessitam de uma atenção especial.
Juntamente com a avaliação que o analista faz das atividades do posto de trabalho, é feito uma
entrevista com o próprio trabalhador (análise subjetiva), em que o analista anota a avaliação
subjetiva do trabalhador em relação aos 14 fatores relacionados.
5. RESULTADOS

Para obter uma amostra de dados foram entrevistados 30 sujeitos, alunos e profissionais de um
curso técnico de formação de manicures, com idade entre18 e 52 anos.
Os gráficos 1, 2 e 3 representam as sensações e níveis de desconforto nas regiões do corpo
mais afetadas pelo desenvolvimento da atividade de manicure/ pedicure.

Pescoço
Confortável Pouco Confortável
Pouco Desconfortável Desconfortável
Muito Desconfortável
10% 7%

20%
50% 13%

Gráfico 1. Intensidade de dores na região do pescoço

No gráfico 1 nota-se que 60% dos sujeitos de pesquisa sentiram desconforto no pescoço em
nível alarmante.

Costas Superior Costas Inferior


Confortável Pouco Confortável Confortável Pouco Confortável
Pouco Desconfortável Desconfortável Pouco Desconfortável Desconfortável
Muito Desconfortável Muito Desconfortável
7% 3% 3% 14%
17%
13%
36% 50%
37% 20%

Gráfico 2. Intensidade de dores na região das costas

O gráfico 2 também mostra que a intensidade de dores na região das costas em níveis
importantes ultrapassam os 50%.
Ombro Direito Ombro Esquerdo
Confortável Pouco Confortável Confotável Pouco Confortável
Pouco Desconfortável Desconfortável Pouco Desconfortável Desconfortável
Muito Desconfortável 23% 23%
23% 3% 13%
34% 20%
17%

44%

Gráfico 3. Intensidade de dores na região dos ombros

Os níveis de desconforto importantes também foram identificados na região dos ombros dos
sujeitos de pesquisa, conforme mostrado no gráfico 3.

6. CONCLUSÃO

Conclui-se que a atenção aos preceitos da ergonomia para a atividade de manicure/pedicure


agrega qualidade de vida a seus usuários e que é importante que se desenvolva um posto de
trabalho funcional que atenda com maior rigor as indicações disponibilizadas pelos estudos que
a ergonomia oferece. Este trabalho não tem o escopo de ser terminativo na questão em que se
propõe, mas oferece um estudo ostensivo a outros projetos.

7. REFERÊNCIAS

ETTINGER, K. Direção e Produtividade. Direção, Organização e Administração de Empresas.


Manual de Ensino 1. 1. ed. São Paulo: IBRASA, 1964.

HUBAULT, F. Do que a ergonomia pode fazer análise? In: DANIELLOU, F. (Coord.). A ergonomia em
busca de seus princípios: debates epistemológicos. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. p. 105-140

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.

PACCOLA, S. A. O. Revisão de Metodologias de Avaliação ergonômica aplicadas a carteira


escolar: uma abordagem analítica comparativa. Bauru: Mestrado, 2007.

SANTANA, A. M. C. A abordagem ergonômica como proposta para melhoria do trabalho e


produtividade em serviços de alimentação. Florianópolis: Mestrado – Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção/UFSC, 1996.

VILLAROUCO, V. O que é um ambiente ergonomicamente adequado? Anais do X ENTAC - X


Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. ANTAC, São Paulo, 2004

WAH, L. Escritório eficaz. HSM Management. v. 1, n. 10. 1998.

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