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10 de Janeiro de 2018
lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal
seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou
agente descrito nos arts.1422 e1444 daConstituição Federall, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
Infelizmente, o rol dos crimes hediondos está entre aqueles assuntos que devem
ser memorizados. Em prova, dificilmente será questionado se um crime X é o não
hediondo. No entanto, é possível que a banca pergunte a respeito de prazos de
prisão temporária ou de progressão de regime na hipótese de determinado delito,
diferenciados em crimes hediondos.
Agora, imagine a seguinte situação: Tício, agindo com vontade de matar por
motivo torpe – logo, qualificado -, dispara tiros contra Mévio. No entanto, por erro
na execução, atinge Caio, que vem a falecer. Pergunto: o fato de Tício atingir
pessoa diversa da pretendida afasta a hediondez do crime? E se Tício confundisse
as vítimas, e, ao invés de atirar em seu inimigo, matasse o seu irmão gêmeo? Nas
duas hipóteses, o homicídio será hediondo. Isso porque, tanto na hipótese de
“aberratio ictus” (CP, art. 73) quanto na de “erro sobre a pessoa” (CP, art. 20, § 3º),
leva-se em consideração a vítima pretendida, e não a efetivamente atingida. Logo,
se o homicídio foi praticado por motivo torpe (ou presente outra qualificadora), ele
será hediondo, ainda que o agente não mate a vítima desejada, mas pessoa diversa.
Perceba que o que a Lei 8.072/90 veda, em seu art. 2º, II, é a fiança, e não a
liberdade provisória. Portanto, é possível que o acusado por um crime hediondo
aguarde o desfecho da ação penal solto. O que não é possível, no entanto, é que a
liberdade seja condicionada ao pagamento de fiança, por expressa vedação legal,
mas o juiz não está impedido de impor outra das medidas cautelares do art. 319 do
CPP.
No art. 2º, § 1º, a Lei 8.072/90 afirma que o condenado por crime hediondo
iniciará o cumprimento da pena necessariamente em regime fechado, pouco
importando o “quantum” de pena fixado. Todavia, o STF, ao julgar o HC
111.840/ES, declarou, em controle difuso, a inconstitucionalidade do dispositivo, e
entendeu que o condenado por crime hediondo pode iniciar o cumprimento da
pena em regime diverso (aberto ou semiaberto). Significa dizer que o dispositivo
permanece em pleno vigor, mas tem sido afastado pelos Tribunais Superiores. O
STJ tem seguido o entendimento, como é possível constatar no HC 306.352/SP,
publicado no dia 24 de fevereiro de 2015.
A Lei 8.072/90, em seu art. 2º, § 3º, transmite a ideia de que, proferida a sentença
condenatória, ainda que não tenha ocorrido o trânsito em julgado, o acusado
deverá, em regra, ser preso, ainda que recorra da decisão – “Em caso de sentença
condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em
liberdade.”. Entretanto, o fato de estar sendo acusado por um crime de maior
gravidade não retira do réu garantias constitucionais a todos garantidas, como a
presunção de inocência ou de não culpabilidade. Portanto, se o acusado
permaneceu solto até a sentença condenatória, só será possível a decretação da
prisão preventiva se presentes os requisitos do art. 312 do CPP, senão, ele deverá
permanecer solto, não podendo o juiz vincular o conhecimento do recurso ao
recolhimento à prisão.