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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO DO ESTADO

Curso: DIREITO ADMINISTRATIVO I


Professor: Marcos Augusto Perez

SEMINÁRIO 7: Organização e Descentralização Administrativa. Fundações Governamentais.


Empresas Estatais. Descentralização por Colaboração: Parcerias.

NOME DO ALUNO: ...........................................................................................


NÚMERO USP: ...............................................................................................
TURMA: ................................

Leia os textos obrigatórios da semana e responda às questões abaixo descritas:

1) Quais artigos da Constituição Federal fundamentam a criação de empresas estatais?

O Art. 37. XIX da CF define que somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação. Os artigos 71, inciso II e 165, parágrafo 5º, possuem referências a criação de estatais,
porém é o Art. 173 que legisla com maior profundidade o tema, definindo a função e a forma
de atuação das estatais.

2) Quais são os requisitos para a criação de uma empresa estatal? É possível que uma
empresa estatal constitua uma subsidiária? Explique.

Conforme o Art. 173. da CF, exploração direta de atividade econômica pelo Estado
só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo. As empresas públicas, em princípio, formam-se com capital exclusivo da
entidade política a que se vinculam, ou seja, capital exclusivo da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município. As empresas públicas são dotadas de patrimônio próprio, sob sua
gestão, que não se confunde com o patrimônio da Administração direta a que se vincula. Sua
criação deve ocorrer com lei que estabelecerá o estatuto jurídico da empresa. A contratação
deve ocorrer por meio de concurso público e as compras deverão seguir o regime de licitação.
Empresas subsidiárias são aquelas cujo controle e gestão das atividades são atribuídos à
empresa pública ou a sociedade de economia mista diretamente criadas pelo Estados, portanto
por definição uma subsidiária para existir deve ser constituída por uma estatal. As estatais
possuem plena capacidade para constituir empresas subsidiárias
3) Quais são as modalidades de empresas estatais, no atual ordenamento jurídico
brasileiro? Justifique a resposta e explique a diferença entre essas modalidades.

Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro compõem a Administração Indireta, no


direito positivo brasileiro, as autarquias, as fundações instituídas pelo Poder Público, as
sociedades de economia mista, as empresas públicas e os consórcios públicos. Tecnicamente
falando, dever-se-iam incluir as empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, constituídas ou não com participação acionária do Estado.
A autarquia é pessoa jurídica de direito público, o que significa praticamente as
mesmas prerrogativas e sujeições da Administração Direta; o seu regime jurídico pouco difere
do estabelecido para esta, aparecendo, perante terceiros, como a própria Administração
Pública
A fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio, total
ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público ou
privado, o seu regime jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo, por isso mesmo, chamada
de autarquia fundacional.
O consórcio público é pessoa jurídica de direito público ou privado criada por dois
ou mais entes federativos (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) para a gestão
associada de serviços públicos prevista no artigo 247 da Constituição.
A sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, em que há
conjugação de capital público e privado, participação do Poder Público na gestão e
organização sob forma de sociedade anônima, com as derrogações estabelecidas pelo direito
público e pela própria lei das S.A. (Lei n" 6.404, de 15-12-26); executa atividades econômicas,
algumas delas próprias da iniciativa privada e outras assumidas pelo Estado como serviços
públicos.
A empresa pública é pessoa jurídica de direito privado com capital inteiramente
público e organização sob qualquer das formas admitidas em direito.
A empresa sob controle acionário do Estado é pessoa jurídica de direita privado, que
presta atividade econômica (pública ou privada), mas a que falta um dos requisitos essenciais
para que seja considerada empresa pública ou sociedade de economia mista; em geral, presta
serviços públicos comerciais e industriais do Estado, atuando, em muitos casos, como empresa
concessionária de serviços públicos,

4) A União ou uma sociedade de economia mista sob o controle da União poderiam


participar de forma minoritária do capital de uma empresa privada, sem, portanto,
que possua controle acionário desta empresa privada?

O Decreto 5.563/05, que regulamenta a Lei 10.973/2004, que dispõe sobre incentivos
à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo prevê o seu art. 5º que
a União poderá participar de forma minoritária em empresas privadas que tenham por objeto
o desenvolvimento de projetos científicos e tecnológicos.
Para garantir que a exploração das atividades não fugirá aos interesses coletivos
visados naquela dada situação, pode o Estado negociar a celebração de um acordo de
acionistas ou a instituição de uma golden share para garantir a sua influência sobre
determinados assuntos, desde que não contrarie o disposto no Art.37 da CF.
5) Como se dá, de forma geral, o controle da Administração Direta sobre empresas
estatais? Pode-se dizer que é um controle meramente de resultados?

Os Art. 49, inciso X, e o Art. 70 da CF definem o controle estatal da Administração


Direta, abrangendo o interno, pelo Poder Executivo, e o externo, pelo Poder Legislativo, com
o auxílio do Tribunal de Contas. Pelo Art. 71 da Cf esse controle compreende a apreciação,
para fins de registro, da legalidade dos atos de pessoal, a qualquer título, na Administração
Direta e Indireta, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como
a apreciação dos atos de concessão de aposentadoria, reforma ou pensão; além da realização
de inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, inclusive quando requeridas pela Câmara dos Deputados, Senado Federal e por
iniciativa de comissão técnica ou de inquérito nas unidades administrativas das referidas
entidades. Portanto vai muito além de um mero controle de resultados.

6) Nos termos da Lei 13.303/2016, quais as normas de transparência e de boa


governança corporativa a que devem se subordinar as empresas estatais?

A Lei 13.303/16 possui clara normatização a respeito da transparência e boa


governança em seu Art.8, sendo esses os requisitos mínimos a serem seguidos:

I - elaboração de carta anual, subscrita pelos membros do Conselho de Administração, com a


explicitação dos compromissos de consecução de objetivos de políticas públicas pela empresa
pública, pela sociedade de economia mista e por suas subsidiárias, em atendimento ao interesse
coletivo ou ao imperativo de segurança nacional que justificou a autorização para suas
respectivas criações, com definição clara dos recursos a serem empregados para esse fim, bem
como dos impactos econômico-financeiros da consecução desses objetivos, mensuráveis por
meio de indicadores objetivos;

II - adequação de seu estatuto social à autorização legislativa de sua criação;

III - divulgação tempestiva e atualizada de informações relevantes, em especial as relativas a


atividades desenvolvidas, estrutura de controle, fatores de risco, dados econômico-financeiros,
comentários dos administradores sobre o desempenho, políticas e práticas de governança
corporativa e descrição da composição e da remuneração da administração;

IV - elaboração e divulgação de política de divulgação de informações, em conformidade com a


legislação em vigor e com as melhores práticas;

V - elaboração de política de distribuição de dividendos, à luz do interesse público que justificou


a criação da empresa pública ou da sociedade de economia mista;

VI - divulgação, em nota explicativa às demonstrações financeiras, dos dados operacionais e


financeiros das atividades relacionadas à consecução dos fins de interesse coletivo ou de
segurança nacional;

VII - elaboração e divulgação da política de transações com partes relacionadas, em


conformidade com os requisitos de competitividade, conformidade, transparência, equidade e
comutatividade, que deverá ser revista, no mínimo, anualmente e aprovada pelo Conselho de
Administração;

VIII - ampla divulgação, ao público em geral, de carta anual de governança corporativa, que
consolide em um único documento escrito, em linguagem clara e direta, as informações de que
trata o inciso III;

IX - divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade.


7) Diferencie o regime jurídico aplicável às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos e às empresas estatais que realizam atividade econômica em sentido estrito.

O art.173 em seu capitulo 1º, inciso II, a lei que estabelecer o estatuto jurídico da
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens e serviços, deverá dispor sobre
sua sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quantos aos direitos
e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
Constituição de 1988 impõe, de modo explícito, que as empresas públicas
exploradoras de atividades econômicas observem as mesmas normas que informam as
atividades das empresas do setor privado
Segundo Odete Medauar, empresas estatais prestadoras de serviços públicos, embora
com personalidade jurídica privada, podem usufruir de prerrogativas estatais. Pela atividade
desenvolvida não poderiam ser regidas somente peio direito privado; por isso, norteiam-se,
em grande parte por normas do direito público.

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