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Alunos aprendem mais

quando se sentem seguros e


constroem laços com
professores
Congresso da Associação Americana de Pesquisas Educacionais, em Toronto, reafirmou que emoção é
crucial para o aprendizado
15/04/2019 - 04:30 / Atualizado em 15/04/2019 - 08:07

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Alunos aprendem mais quando se sentem seguros e constroem relações de


confiança e respeito com os professores. Emoção e aprendizagem, portanto,
precisam ser consideradas no processo educativo. Essas foram as principais
conclusões de uma das mais concorridas mesas do congresso da Associação
Americana de Pesquisas Educacionais (Aera, na sigla em inglês), em Toronto,
no Canadá. As afirmações podem soar óbvias, mas reafirmá-las, a partir de
novas e robustas evidências, é importante num contexto em que políticas
públicas educacionais em diversos países tendem a separar essas duas
dimensões, colocando o aprendizado de disciplinas tradicionais como mais
importante do que o bem-estar dos alunos.

Para Linda Darling-Hammond, a evidência dos estudos precisa ser melhor


entendida por escolas e formuladores de políticas públicas. “Sabemos, pela
maneira como o cérebro funciona, que para o aprendizado ocorrer de forma
efetiva precisamos nos sentir seguros e conectados. Aprendemos muito mais
quando vivenciamos emoções positivas do que negativas. Isso tem
implicações para o que fazemos nas escolas.” Para ela, as evidências da
neurociência, da pedagogia e da psicologia indicam que, no processo
educativo, é fundamental olhar para a criança e o adolescente em todas as
dimensões.

Como a principal interação com adultos na escola acontece com os


professores, a relação que esses dois atores constroem é essencial tanto para
o sucesso acadêmico quanto ao longo da vida. Numa revisão de 46 estudos
publicados em revistas científicas, o australiano Daniel Quin identificou que
relações positivas com os professores estavam associadas a melhores notas e
a menos faltas, evasão, suspensões.

Professores se beneficiam também, destaca a jornalista Sarah Sparks num


artigo em que cita um estudo publicado no “Jornal Europeu de Psicologia da
Educação”. A pesquisa mostrou que a qualidade da relação dos professores
com os alunos era o fator que mais impactava no estresse ou satisfação dos
docentes.

Estudos no Brasil têm destacado a importância da relação entre jovens e


professores, que não deve ser confundida com vínculos de amizade ou
professores que passam a mão na cabeça dos alunos. No livro “Juventudes na
Escola, Sentidos e Buscas: Por Que Frequentam”, Miriam Abramovay, Mary
Garcia Castro e Julio Jacobo Waiselfisz identificaram que as principais
características valorizadas pelos estudantes brasileiros em relação aos
professores são dar boas aulas, dialogar e responder dúvidas e questões,
sempre com respeito.

Desenvolver a empatia nos professores e alunos precisa estar entre as


prioridades até mesmo daqueles que estão preocupados só com o
desempenho acadêmico. Para isso acontecer, é preciso não apenas boa
vontade e formação, mas apoio às escolas para que possam desenvolver um
bom clima.

Num estudo sobre as características dos diretores mais associadas ao


desempenho dos alunos, Elaine Allensworth (Universidade de Chicago) e
James Sebastian (Universidade de Missouri) assim resumem a importância
de construir um ambiente seguro e baseado em relações de respeito:
“Evidências sobre a ciência da aprendizagem sugerem que relacionamentos,
emoções e interações sociais são centrais para o processo educacional.
Líderes ansiosos para melhorar ganhos de aprendizagem em suas escolas
devem considerar fortemente o quanto eles estão trabalhando para melhorar
a sensação de segurança e bem-estar dos alunos”.

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