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Aryanne Rocha Política Externa Brasileira II André Luiz Reis da Silva

Octavio Amorim Neto - De Dutra a Lula: A condução e os determinantes da política externa


brasileira

Octavio Amorim Neto faz um apanhado geral das principais teorias que condicionam o
estudo dos determinantes da política externa para adiante dirigir o foco para a analise da PE
brasileira no período de 1946-08 a luz do modelo que o autor escolhe para ser aplicado. Assim,
primeiramente o autor sublinha a importância do nexo interno-externo, isto é, fatores políticos
domésticos e internacionais, como importante marca da analise da política externa brasileira.
Nesse sentido, no esforço de caracterização da política internacional, Amorim começa
distinguindo as abordagens sistêmicas - a saber, as correntes do neorrealismo (realismo
estrutural) e o liberalismo - e atentando para suas principais diferenças. O neorrealismo (de Waltz)
é marcado pelo papel do Estado como ator unitário, pelas mudanças na balança de poder, em
que, o Estado age em resposta a desequilíbrios de poder, relegando a segundo plano, dessa
forma, os condicionamentos domésticos (instituições e regimes políticos, por exemplo). Ha,
portanto, uma separação entre Estado e sociedade e entre os níveis domestico e internacional.
Amorim logo atenta para o fato de que, como Fearon, não ha incompatibilidade entre o
neorrealismo e uma analise que enfatiza a política domestica da PE.
Essa discussão em torno da teoria neorrealista serve para frisar que a política domestica pode
integrar uma explicação da política externa.
Nessa perspectiva, para a teoria liberal de Moravcsik, o comportamento estatal não
responde somente alterações de relações sistêmicas, ele é influenciado também por atores
sociais (grupos sociais e indivíduos que interagem e agem coletivamente. Outros dois aspectos
dessa teoria que importam saber é que (a) o Estado (ou instituições políticas) representa um
subconjunto da sociedade domestica a partir do qual os governantes definem as preferencias
estatais para agir na política mundial e (b) ha uma interdependência decisória entre as
preferencias dos diversos Estados que integram o SI.
Decorre dessa teoria que toda PE é determinada por preferencias domesticas e externas e pela
interação entre dois níveis: Estado e sociedade e níveis internacional e domésticos.
Allison e Putnam somam-se ao debate, na linha argumentativa proposta por Amorim: de
que a analise da PE se da a partir da integração dos níveis domésticos e internacional.
Allison destaca tres modelos de tomada de decisões de PE, ou seja, (a) proveniente de uma
escolha racional por parte do Estado, consequente de cálculos de maximização de utilidade
(custos e benefícios das opções), (b) decorrente de um modelo organizacional burocrático, em
que os poderes sao fracionados e o padrão decisório é marcado pela flexibilidade limitada e pela
mudança incremental, ou (c) representa decisões como resultados de disputas políticas entre os
jogadores - plano pessoal nesse caso é essencial. Todos os modelos propostos por Allison
sofreram criticas, e o autor assinala alguns pontos: a critica de Krasner e de Bendor e Hammond.
Krasner enfatiza que o ambiente burocrático (segundo modelo de Allison) é influenciado pelo
presidente e suas escolhas de personnel, Para Bender e Hammond importa a (a)
interdependência da PE, isto é, o componente estratégico de que um Estado pode levar em conta
as alternativas que podem ser adotadas por outros e (b) o numero extremamente alto de
alternativas a mão dos tomadores de decisões de PE.
No que tange aos estudos de Putnam, os tomadores de decisões dosam pressões
domesticas e internacionais, em que importa, assim, as preferencias pessoais dos lideres. É uma
teoria mais flexível, cujo principal modelo é o de ratificação, em que ha incentivos e influencias
dos lideres e bases políticos dos países em questão.
Assim, após as devidas exposições, Amorim foca no impacto dos atributos de instituições
domesticas e de governos sobre a PE a fim de estudar o caso brasileiro, isto é, a relação entre
regimes policio (democráticos vs autoritários), o papel do poder legislativo e os sistemas de
governo na PE. Dentro da lógica de sistemas de governos, Amorim expõe as posições dos
analistas acerca dos impactos dos governos de coalizão no comportamento internacional dos
Estados. Haveria uma dimensão pacifica ou agressiva/ conflituosa-cooperativa dos
comportamentos, advindos da natureza dos condicionamentos políticos. As analises feitas por
Kaarbo e Beasley não permitem concluir que as coalizões tem um padrão estável de ação
internacional. É possível perceber que os gabinetes de coalizão estão relacionados a ações mais
extremadas na área de PE, ou seja, oscilam entre os extremos da cooperação e do conflito. Na
ultima seção do capitulo, Amorim oferece o modelo multicausal dos determinantes da PE para o
estudo de caso brasileiro. Nesse modelo ele busca integrar os níveis internacional e domestico de
analise da PE, em que propriedades relacionais e interdependência, em conjunto com atributos de
regimes, lideres, governos e legislaturas e burocracias diplomática e militar influenciam a
orientação geral da PE.

Comentário Crítico

Amorim Neto abre margens para uma análise mais elaborada da PE, pois não enfatiza demais
somente um aspecto como determinante da PE, como por exemplo a teoria neo-realista, que frisa
os fatores sistêmicos e internacionais e não considera tanto as forças domésticas. Haja vista, que
empiricamente as teorias apresentadas por ele não dão conta da explicação dos eventos, ele é
inova ao propor um modelo multicausal, se propondo a identificar variáveis determinantes na
condução da PE brasileira, notando importantes aspectos brasileiros - presidencialismo de
coalizão, atuação do poder executivo e legislativo etc - nessa linha investigativa.

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