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Prezado(a) Professor(a)

É com satisfação que fazemos chegar às suas mãos os Cadernos do Professor, organizados
nas mesmas áreas do conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza
e Ciências Humanas – do Referencial Curricular elaborado pela Secretaria de Estado da
Educação para os anos finais do ensino fundamental e ensino médio.
Esses Cadernos do Professor são acompanhados de Cadernos do Aluno para serem
utilizados em sala de aula. Formados por atividades de todos os componentes do currículo,
os Cadernos do Aluno são organizados por séries: um para as 5ª e 6ª séries e outro para as
7ª e 8ª séries do ensino fundamental, um terceiro caderno para os alunos do 1º ano e outro
ainda para os 2º e 3º anos do ensino médio.
As atividades presentes nos Cadernos do Professor e Cadernos do Aluno consistem em
exemplos de como o Referencial Curricular pode ser implementado em aulas que – acreditamos
– possam ser motivadoras e atraentes para nossos alunos.
A organização dos currículos pelas escolas a partir de um referencial deverá assegurar o
desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e um conjunto mínimo de conteúdos
em cada ano letivo dos anos finais do ensino fundamental e médio, na rede estadual de ensino.
A escola é autônoma para construir seu currículo a partir dessa base comum e para escolher o
método de ensino, numa livre opção didático-metodológica, mas não tem o direito de deixar
de desenvolver essas habilidades e competências cognitivas e abordar esses conteúdos com
seus alunos.
Como o Referencial Curricular deverá estar em constante evolução e aperfeiçoamento a
partir da prática, coloca-se, para a Secretaria de Estado da Educação, o desafio de desenvolver,
a partir de agora, e encaminhar permanentemente para as escolas novas atividades didáticas
como essas, se os professores e professoras assim o desejarem e solicitarem.
Dessa maneira, a equipe da Secretaria de Estado da Educação espera estar contribuindo
com o seu trabalho em sala de aula e também contar com a sua participação para construirmos
uma Boa Escola para Todos.

Mariza Abreu
Secretária de Estado da Educação
Sumário

Língua Portuguesa e Literatura

09 Ler, escrever e resolver problemas em


Língua Portuguesa e Literatura
13 Ensino fundamental 5ª e 6ª séries
31 Ensino fundamental 7ª e 8ª séries
47 Ensino médio 1º ano
65 Ensino médio 2º e 3º anos

Língua Estrangeira Moderna:


Espanhol e Inglês
89 Ler, escrever e resolver problemas em
Língua Adicional: Espanhol e Inglês

Espanhol

95 Ensino fundamental 5ª e 6ª séries


107 Ensino fundamental 7ª e 8ª séries
117 Ensino médio 1º ano
129 Ensino médio 2º e 3º anos

Inglês

139 Ensino fundamental 5ª e 6ª séries


149 Ensino fundamental 7ª e 8ª séries
159 Ensino médio 1º ano
167 Ensino médio 2º e 3º anos
Ana Mariza Ribeiro Filipouski
Diana Maria Marchi
Luciene Juliano Simões
Ler, escrever e resolver problemas
em Língua Portuguesa e Literatura 99

Professor, truir sentidos nas interações com os outros.


É talvez o recurso de que mais nos valemos
Nas unidades didáticas que seguem, pro- para compreender a realidade social que nos
pomos um conjunto de textos e tarefas com o cerca. A linguagem e, portanto, a língua por-
objetivo de proporcionar a você a concretiza- tuguesa, não codifica conteúdos prontos: ao
ção, no trabalho com seus alunos, de aulas falar, ouvir, ler e escrever estamos o tempo
de Língua Portuguesa e Literatura voltadas todo nos constituindo, constituindo a um só
ao uso da língua em interações efetivas, nas tempo o que somos e o que sabemos.
quais todos possam participar, assumir-se Por todas essas razões, aprendemos portu-
diante dos demais como autores e, assim, guês na escola: quanto mais capazes formos
aprender. O foco privilegiado é o incremento de usar nossa língua, maior será a possibili-
das competências de ler, escrever e resolver dade de ocupar um lugar singular, refletido
problemas. Por isso, é importante entender e significativo na sociedade. Compete à es-
o modo como essas três competências são cola formar produtores de diferentes textos,
entendidas nas unidades, bem como o papel habilitando-os a constituir e comunicar suas
da disciplina de Língua Portuguesa e Literatu- ideias, informar a respeito de seus interesses,
ra em seu desenvolvimento: afinal, por que apresentar pontos de vista, reclamar, utilizar a
aprendemos Língua Portuguesa e Literatura língua para se colocar frente ao mundo como
na escola? sujeitos.
A cultura letrada, sabemos, é extrema- Para isso, o ensino do português precisa
mente valorizada na organização da so- desenvolver práticas que deixem clara uma
ciedade contemporânea. Para favorecer o concepção de linguagem como discurso,
exercício da cidadania, é preciso dar acesso uma visão dinâmica de língua. É essa visão
às diferentes práticas de leitura e de escrita dinâmica que privilegiamos aqui.
que fundamentam a vida social nas esferas Concebida como discurso, a língua não é
públicas, estabelecendo relações significa- um objeto em si, não é um repertório de es-
tivas entre essas práticas e a vida cotidiana truturas abstratas, nem de formas concretas,
dos alunos. Ao mesmo tempo, as práticas de consagradas e, portanto, acabadas. Com
leitura e escrita que compõem o patrimônio base nisso, ensinar Língua Portuguesa e Li-
cultural constituem um conjunto que pode teratura não significa reduzi-las ao domínio
proporcionar aos alunos a ampliação do co- de regras gramaticais ou ao estudo de pe-
nhecimento de si mesmos e do mundo, bem ríodos literários, nem a um conjunto de ex-
como o aprofundamento dos recursos de que pressões corretas, que se pretende perpetuar,
dispõem para sentirem, para se emociona- ou, ainda, a um elemento de comunicação e
rem, para encontrarem modos prazerosos de expressão. Ao contrário, supõe a apresenta-
levar a vida. ção de um conjunto integrado de tarefas de
Esses dois princípios – da cidadania e da leitura e produção de textos orais e escritos,
fruição – motivam o trabalho com a lingua- que abrangem um repertório de tópicos para
gem na escola. O português, trabalhado reflexão sobre os recursos da língua e servem
nessa perspectiva, é muito mais do que um a propósitos previamente definidos pelo pro-
conjunto de regras e palavras, ou um código fessor. Desse modo, o objeto de ensino é o
a ser conhecido como algo distante do sujei- trabalho sobre a linguagem, e a aprendiza-
to. É, acima de tudo, um recurso para cons- gem se concretiza em novas formas de par-
ticipação no mundo social, decorrentes da focalizados na unidade?
experiência com práticas de letramento. Ao Assim, a partir da seleção de textos, as
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10 eleger temas e gêneros próximos do cotidia- unidades são desenvolvidas. Estas resultam
no dos jovens, pretendemos que eles tomem em propostas de trabalho integrado de lei-
os conteúdos como seus, pois reconhecem tura, escrita e resolução de problemas. Ao
neles recursos valiosos para articular sua in- mesmo tempo, a relação entre as unidades,
teração com os outros. de forma progressiva, não decorre de distri-
Por tudo isso, você notará, ao exami- buição mecânica de conteúdos preestabele-
nar as quatro unidades didáticas de Língua cidos e apresentados em lista. Ao contrário,
Portuguesa e Literatura aqui apresentadas, os conteúdos servem à ampliação das com-
que a progressão entre elas é produzida petências, são apresentados no contexto em
fundamentalmente com base nas práticas que se revelam significativos para o uso da
de linguagem que podem ser relevantes língua e não são tratados exaustivamente a
para os alunos, conforme seu universo po- cada vez, nem de uma só vez.
tencial de relações sociais, conflitos e inte- A ideia é que esse modo de organização
resses. das unidades permita que se realize um ciclo
Para o planejamento das unidades, per- entendido como fundamental nos Parâmetros
guntamo-nos: que temáticas são fundamen- Curriculares Nacionais e retomado nos Refe-
tais para a vida social de alunos de 5ª e 6ª, renciais Curriculares do Estado do Rio Gran-
de 7ª e 8ª do ensino fundamental, 1º, 2º e de do Sul: “uso–reflexão–uso”. Nas unidades
3º anos do ensino médio? A partir da dis- didáticas que propomos, o trabalho de sala
cussão dessas temáticas, refletimos sobre os de aula inicia-se pelo uso que o aluno já
modos como são tratadas pelos jovens, o pode fazer dos recursos de sua língua, faz
que nos remete aos gêneros de discurso que refletir sobre eles e, ao final, retorna ao uso,
integram as esferas de ação pela linguagem desta vez mais autoral, porque marcado pela
ligadas a suas vivências. Dito de outro modo, reflexão realizada em sala de aula.
torna-se possível estabelecer ligações entre Nessa concepção de língua e de organi-
práticas sociais, temáticas e gêneros do dis- zação da aprendizagem escolar está contex-
curso a partir de perguntas, como: que gê- tualizado nosso entendimento das competên-
neros viabilizam o tratamento das temáticas cias de ler, escrever e resolver problemas.
importantes para a formação do aluno? Em Ler, aqui, refere-se a entender o lido, esta-
que situações de interação eles aparecem? belecer relações com o contexto, com outros
Em que contextos? Essas indagações permi- textos, posicionar-se diante de textos orais, es-
tem que se estabeleçam progressões entre critos, visuais ou multimodais. A variedade de
gêneros para o trabalho com os alunos ao materiais, hoje disponíveis através dos meios
longo das etapas escolares. eletrônicos, fundamenta a importância da ora-
Fizemos, então, a seleção dos textos e to- lidade nas aulas de leitura, valorizando desde
mamos as decisões relacionadas aos focos textos multimodais, como os da televisão, do
do plano de estudos: que competências es- cinema, da canção, da internet, até os mais
tão envolvidas na leitura, escrita e resolução concentradamente verbais, como os do rádio,
de problemas no âmbito desses textos con- dos poemas gravados em áudio, passando
cretos, considerando as interações que po- pelo registro de falas de que se pode dispor
derão suscitar em sala de aula? Que con- para discussão, trabalho interpretativo e aná-
teúdos estão envolvidos, ou seja, os textos lise. Leitura é interação, diálogo entre sujeitos
viabilizam um trabalho rico e significativo históricos, autor e leitor. Nesse sentido, apesar
de questões disciplinares? Que conteúdos dos limites da prática escolar, é preciso resgatar
são importantes para a leitura e produção características das práticas sociais de leitura, ou
do gênero? Dentre os que são viabilizados seja, os modos de ler textos literários, de jor-
pela leitura e escrita dos textos, quais serão nais, de HQ, de manuais, de receitas, etc. Na
vida, ler supõe uma atividade responsiva que de se dão a conhecer pela linguagem, e exi-
revela, nos termos de Bakhtin (2003), a quali- gem uma tarefa de compreensão ao mesmo
dade da leitura feita: a resposta de um leitor a tempo solidário e solitário para o qual todos 1111
um texto pode ser dada recomendando-o a al- os alunos devem ser preparados, de modo a
guém, retomando-o em uma conversa, apren- poderem fruir a literatura de forma criativa,
dendo algo que não sabia e precisava saber, prazerosa, realizando a leitura literária como
debatendo, escrevendo novo texto, buscando uma das formas de vivência da cultura.
na biblioteca outro título publicado pelo mes- Escrever é também competência a ser
mo autor, etc. construída por meio do ensino de Língua
Para valorizar a atividade responsiva dos Portuguesa e da Literatura, que pressupõe a
alunos, há ritos de leitura em sala de aula produção de textos orais ou escritos de modo
que são de natureza didática, já que os es- autoral, usando com proficiência os recursos
tudantes se definem como leitores em for- da língua. Aprende-se a escrever escreven-
mação. Ao planejar as tarefas, é preciso su- do e participando de interações relevantes
por quais seriam as necessidades da turma, em torno do texto produzido. Ao escrever, os
atualizar conhecimentos prévios necessários alunos registram a sua palavra, falam de si,
à leitura do texto, preparar o terreno para a de seus interesses, de sua história, daquilo
abordagem que lhe interessa. Os ritos po- que conhecem, ou seja, dão conteúdo aos
dem passar pela paráfrase de conteúdos ex- seus escritos. Também aqui há ritos didáti-
plícitos e implícitos, por resposta a questões cos. Três deles merecem destaque: a busca
significativas formuladas, pelo isolamento de ­conteúdos para a escrita, a escrita coletiva
de certas propriedades do texto para discus- e a reescrita. Em cada projeto de produção
são, como as características do suporte, a textual, a aula e as tarefas extraclasses são
contribuição da escolha de palavras, a ne- oportunidades para ensinar que as ideias
cessidade do apelo a dicionários e outros não surgem do nada e não estão prontas an-
textos de esclarecimento, o reconhecimento tes de se constituir o texto, por isso envolvem
da intertextualidade, de características es- trabalho até se tornarem significativas e so-
tilísticas importantes, etc. Nada disso, en- cialmente relevantes.
tretanto, tem um fim em si mesmo, mas se Para tanto, a realização de tarefas de
articula para favorecer a aprendizagem de produção de texto junto com os alunos, no
que esses repertórios revelam uma posição quadro-negro, ou a projeção do processo de
de autor carregada de valores, que caberá escrita (com o computador ou com o retro-
ao leitor aceitar ou não. projetor) pode ser muito produtiva. Por meio
Entre as tarefas de ler, a leitura literária dela, é possível refletir em voz alta e dizer das
ocupa um espaço privilegiado na disciplina, muitas opções diante das quais cada produtor
o que justifica a denominação Língua Portu- se coloca ao compor enunciados, além de co-
guesa e Literatura nas séries finais do ensino mentar os efeitos das escolhas feitas. Professor
fundamental e no ensino médio nos Referen- e alunos, ao procederem assim, contribuem
ciais Curriculares do Estado do Rio Grande para as escolhas da escrita. Ao realizarem
do Sul. Na sala de aula, por meio de textos essas atividades, os principais tópicos de gra-
curtos, ou de forma extensiva, por meio de mática a serem trabalhados surgem em con-
contratos de leitura, extraclasse, a leitura li- texto e adquirem significado especial por se
terária tem como objetivo formar repertório e tornarem instrumento de qualificação comu-
desenvolver o senso estético/crítico. Interessa nicativa, em vez de serem conteúdos distantes
explorar a forma como a ficção se relaciona da necessidade de uso. Compete ao professor
com a realidade, pois um texto literário nun- prover oportunidades para essa interação. Por
ca é apenas Literatura, é também Sociologia, isso, é central o planejamento de tarefas de
História, Psicologia e, portanto, Arte. Esses escrita que sejam destinadas sempre a um lei-
diferentes níveis de representação da realida- tor concreto.
Por ser prática social, um texto tem o pro- de aula, problema de exercício e favorecer a
pósito de dialogar. A sala de aula é um espaço construção de estratégias de solução de pro-
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12 de encontro social e a escola é um contexto blemas por parte dos alunos. Daí a importância
vivo onde a escrita do aluno pode encontrar de instrumentalizá-los para inferir informações
leitores. Outro aspecto a ser considerado é o ou sentidos, estabelecer relações entre textos,
fato de o professor se constituir como leitor apropriar-se de diferentes gêneros e utilizá-los
privilegiado dos textos dos alunos. A escrita é de forma competente nas situações sociais em
também uma rica fonte de conhecimento de que eles se fazem necessários.
um aluno por seu professor: quantas propos- Para isso, é preciso partir dos conheci-
tas de produção textual interessantes podem mentos já disponíveis aos alunos em variadas
ser feitas com base nisso? O que se conhe- ­situações e propor desafios que possibilitem
ce sobre a história de vida, as práticas de verificar o que já sabem e o que ainda preci-
letramento, as inserções na vida pública que sam aprender para aprimorar competências
constituem as identidades dos alunos? Dispor leitoras e produtoras de textos. É também
dessas informações não é irrelevante, espe- necessário orientá-los em relação aos ape-
cialmente quando o objetivo é contribuir para los que o mundo contemporâneo apresenta,
a educação linguística dos estudantes. É pre- quanto aos suportes de leitura e produção de
ciso, no entanto, fazer perguntas como quem texto, a partir dos quais são construídas redes
quer saber e não como quem quer apenas de significados.
levar ao exercício mecânico de escrever. Em Enfim, as unidades que seguem foram
consequência, a produção textual é planeja- concebidas de modo a proporcionar a seus
da para desencadear atividades responsivas alunos o desenvolvimento de competências
interessadas, que se dirijam ao autor e invis- e habilidades que lhes possibilitem aprender
tam na eficácia comunicativa do que produ- por si mesmos, julgar, apreciar ou fruir textos,
ziu, e não à sua gramática. participando, assim, do mundo da cultura por
À medida que ler e escrever explicitam uma meio da valorização das práticas sociais de
visão dinâmica de linguagem em ação, ao se leitura e escrita.
tornarem autores de seu texto e de sua leitura,
os alunos constroem estratégias para aprender Referências
a aprender a língua, dominam procedimen-
tos e utilizam a leitura e a escrita para instru- BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Mar-
mentalizar respostas adequadas em situações tins Fontes, 2003.
diferentes e aprofundar o desenvolvimento da FARACO, C. A. Português: língua e cultura. Português:
competência para interagir, ou seja, para re- ensino médio, volume único. Livro do professor. Curitiba:
solver problemas. Ao produzir textos e ler Base, 2003.
de maneira aberta e sugestiva, os alunos agem FILIPOUSKI, A. M. Para que ler literatura na escola?
In: FILIPOUSKI, A. M.; MARCHI, D.; SCHÄFFER, N.
e se esforçam para elaborar respostas e dar (Org.). Teorias e fazeres na escola em mudança. Porto
sentido ao conhecimento construído, envolven- Alegre: Editora da UFRGS, 2005. p. 223-228.
do-se em outra atividade que também corres- MARCHI, D. A literatura e o leitor. In: NEVES, I.; SOU-
ponde à resolução de problemas. ZA, J.; SCHÄFFER, N.; GUEDES, P.; KLÜSENER, R.
Assim, ensinar a resolver problemas em (orgs.) Ler e escrever: compromisso de todas as áreas.
Língua Portuguesa e Literatura supõe colocar Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998. p.157-163.
ênfase no ensino de procedimentos, como diz POZO, J. I. (Org.). A solução de problemas: aprender
Pozo (1998), sem perder de vista a importân- a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: Art-
med, 1998.
cia de conhecimentos específicos nem de ati- SIMÕES, L. Texto e interação na aula de língua ma-
tudes pessoais necessárias para isso. É papel terna. In: PEREIRA, N. et alii (Org.). Ler e escrever:
do professor que atua com essa preocupação compromisso no ensino médio. Porto Alegre: Editora
desenvolver critérios para diferenciar, na sala da UFRGS, 2008. p. 195-204.
Ensino Fundamental
5a e 6a séries

Ana Mariza Ribeiro Filipouski


Diana Maria Marchi
Luciene Juliano Simões
Tem coisa de guri e tem coisa de guria: será?
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Esta unidade concentra-se em dois gêneros: de leitura importante.
a história em quadrinhos e a resenha. A ideia A seleção das histórias procura atender ao
é que os alunos possam realizar leituras de um tratamento da temática proposta: as diferenças
gênero muito presente no cotidiano de leito- e semelhanças entre os alunos dessa faixa etá-
res dessa faixa etária em meios letrados, cujo ria e o modo como se relacionam os guris e
acesso a jornais, revistas, gibis e até mesmo as gurias em grupos de crianças e pré-adoles-
coletâneas de tiras e quadrinhos torna as HQ centes.
leituras favoritas. Os quadrinhos permitem a Para trabalhar a escrita, a unidade parte da
superação da leitura fragmentária e pouco leitura do quadrinho e sugere a produção no
inferencial, pois facilitam o entendimento do gênero resenha, que também será explorado
sentido global dos textos, graças ao apoio do ponto de vista da leitura. A resenha dos
dos desenhos e da sequência quadro a qua- quadrinhos lidos servirá para o desenvolvimen-
dro. O reconhecimento de elementos do hu- to de uma competência importante para toda
mor, tão presentes na maior parte das tiras a trajetória escolar: escrever sobre uma obra
e histórias em quadrinhos, mesmo aquelas lida, refletir sobre uma leitura feita e expressar
produzidas para crianças, também será en- seu ponto de vista. A resenha caracteriza-se
fatizado. A razão para isso é que a leitura do por apresentar outra obra, informando sobre
humor quase sempre envolve a habilidade de alguns de seus elementos centrais, contextuali-
inferir, de ir além do que está explicitamente zando-a e mostrando a posição do autor, que
dito em um texto: essa é uma competência tem em mente um interlocutor bem definido.

Objetivos
Ao final da unidade, os alunos terão vivenciado oportunidades de desenvolver as compe-
tências de:
• Ler: distinguir informações explícitas e implícitas em um texto; relacionar a parte e o todo
para a leitura global de uma história; reconhecer a ironia e o humor presentes em histó-
rias sobre episódios do cotidiano; perceber as relações entre expressões nominais para a
formação de cadeias referenciais em um texto, isto é, neste caso, o emprego de descrições
ou nomes próprios e, na retomada, de pronomes para fazer referência a um mesmo per-
sonagem em uma narrativa ou relato.
• Escrever: produzir resenhas: textos voltados à apresentação de uma obra para um
leitor concreto; produzir textos curtos, de tipo descritivo; construir cadeias referenciais
coesivas em um texto, isto é, referir-se ao mesmo objeto de modo consistente (especial-
mente a personagens envolvidas em uma narrativa ou relato), para que o leitor possa
reconhecer sempre a que se refere um pronome ou expressão nominal que esteja ligado
a um antecedente no texto.
• Resolver problemas: identificar episódios e relacioná-los ao significado global de
uma história, reapresentando-a em suas linhas gerais; reconhecer o contexto como fato
relevante para a interpretação da narrativa, transferindo o aprendido para novas situa-
ções; a partir da leitura e da revisão do próprio texto, construir conhecimentos sobre a
função dos nomes e dos pronomes para dar coesão a um texto; perceber que a leitura
de histórias ficcionais serve à reflexão sobre a relação com os outros.
principalmente a função dos personagens.
coesão textual: uso de recursos lin- • Identificar os efeitos de sentido dos diferen-
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16 guísticos para criar e indicar os laços que tes registros linguísticos, associando-os às
tornam os vários segmentos do texto li- identidades do locutor e do interlocutor.
gados, articulados, encadeados. • Identificar os efeitos do humor e da ironia
cadeia referencial: conjunto de ele- em variados gêneros do discurso.
mentos que, em um mesmo texto, refe-
rem-se à mesma entidade – pessoa ou
coisa. Forma-se pela substituição, ao
Conteúdos
longo do texto, de um primeiro elemento
• História em quadrinhos: circulação social
nominal (por exemplo, uma menina) por
e funções; modos de organização, com-
outros elementos nominais (por exemplo,
ponentes e natureza narrativa.
a menina, ela, aquela meni-
• Resenha: circulação social na mídia e na
na, Ana Luiza, a sapeca, etc.),
internet, funções; modos de organização
pelo uso de elipse ou pela
e componentes estruturais e linguísticos.
repetição. A cadeia referencial
• Estudo dos pronomes: emprego para a
dará ­coesão ao texto se for pos-
coesão textual; a variação linguística no
sível estabelecer ligações entre
emprego dos pronomes e seus valores.
os vários itens que se referem à
mesma pessoa ou coisa.
Duração prevista: 12 aulas

Recursos necessários: dicionários, ca-


derno para anotações e escrita de textos,
material para a montagem de um mural ou
Habilidades acesso à internet em laboratório de informá-
tica; acervo de livros ou revistas de histórias
• Identificar a ideia central de um texto curto. em quadrinhos.
• Estabelecer relação entre imagem e texto.
• Fazer inferências a partir da integração de
texto verbal e não verbal. A Turma da Mônica
• Identificar a informação implícita em um (Aulas 1, 2 e 3)
texto.
• Buscar informações em um texto. Estas aulas realizam uma primeira aproxi-
• Relacionar uma informação do texto com mação ao tema da unidade e aos gêneros a
outras informações de contexto ou ofereci- serem trabalhados. Concentram-se na produ-
das por outro texto. ção oral, leitura e produção de texto escrito.
• Identificar a finalidade em diferentes gêne- Algumas tiras são trabalhadas do ponto de
ros do discurso que tratam da mesma te- vista da leitura, tomadas como provocação
mática. para um primeiro debate e para uma produ-
• Identificar efeitos de sentido no emprego ção, em que o aluno fará uma resenha bre-
de recursos gráficos, ou seja, interpretar ve. As seguintes habilidades devem orientar a
os modos como o uso de recursos grá- avaliação do ensino e das aprendizagens: ler
ficos em um texto de quadrinhos contri- globalmente uma tira e reconhecer os elemen-
buem, em um contexto particular, para tos de humor; distinguir informações explícitas
construir o sentido. e implícitas em um texto; estabelecer relações
• Identificar o conflito gerador de um enredo entre um interlocutor concreto e a seleção dos
e os elementos que constroem a narrativa, elementos para a apresentação de uma tira;
estabelecer relações entre imagens e texto e zer referência a esse tipo de quadrinho ao lon-
identificar efeitos de sentido do uso de recur- go da unidade. As três perguntas direcionam
sos gráficos em um texto de quadrinhos. a leitura e colocam o aluno em uma situação 1717
compatível com a leitura diária de tiras (nor-
Preparação para a leitura malmente feita quando se lê jornal): são textos
leves, para divertir, que tratam de questões do
A atividade de preparação para a leitura cotidiano e podem servir para pensar na vida.
possibilita uma conversa sobre a experiência Outra função é privilegiar uma leitura global
que os alunos têm com quadrinhos e gibis, dos textos. Não focalize aspectos pontuais:
identificando elementos de contexto importan- isso será feito na seção Estudo do texto.
tes para o desenvolvimento da tarefa de leitu- Depois de lidas as tiras, discuta oralmente
ra proposta não apenas nestas aulas, mas em as respostas dos alunos. A provocação sobre
toda a unidade. “quem é amigo de quem” tenta estabelecer
A dinâmica de trabalho sugerida para esta uma conexão entre as histórias e o tema da
tarefa tem três partes: unidade: todos os quatro personagens são ami-
1) Converse com a turma sobre as pergun- gos, mas há maneiras específicas de se relacio-
tas que vêm antes da ilustração no Caderno narem. Estimule os alunos a pensarem nisso,
do Aluno. Durante a discussão, vá anotando estabelecendo ligações com o tema transversal
as séries de histórias em quadrinhos que os abordado: as relações entre guris e gurias.
alunos mencionarem. Deixe essas informa-
ções em lugar visível por todos.
2) Em seguida, peça que os alunos, em Professor, a tarefa propõe a leitura si-
duplas, façam um levantamento do que sa- lenciosa, que é a maneira como geral-
bem sobre as histórias da Turma da Mônica mente lemos em nossa vida cotidiana. Se
e anotem essas informações, de modo a tra- seus alunos vivem em contextos sociais
zer resultados já amadurecidos para o grupo. em que se lê pouco, ter a possibilidade de
Na discussão, anote tudo o que sabem sobre ler silenciosamente torna-se ainda mais
esses quatro personagens (isso vai ser útil na importante para que eles se tornem lei-
quarta aula da unidade). tores cada vez mais autônomos. Assim,
3) Por fim, instrua os alunos para a ativi- a leitura silenciosa é enfatizada em toda
dade final, em duplas: eles vão contar, oral- a unidade, reservando a leitura oral ape-
mente, uma história em quadrinhos um para nas para gêneros que se prestam a isso
o outro (somente em casos em que observar (por exemplo, o poema e o texto teatral).
que não leem histórias em quadrinhos, dê à Lembre-se de que, em situações avaliati-
dupla a opção de contarem um episódio de vas, os alunos não contarão com o apoio
desenho animado). Discuta no final, com toda da leitura oral. Mais importante ainda: se
a turma: o que nos leva a lembrar uma histó- não aprenderem a ler silenciosamente, ja-
ria em quadrinhos (ou um desenho animado): mais lerão como se lê a maioria dos tex-
o desenho, o enredo, a graça? O quê? tos que circulam no mundo, inclusive os
quadrinhos. A desejada avaliação
da qualidade da leitura do aluno
Leitura silenciosa deve ser feita por meio de tarefas:
o aluno consegue cumpri-las? Se
Chame a atenção dos alunos para as per-
conseguir, soube ler. Conquistá-los
guntas que vêm antes das quatro tirinhas, no
para a leitura atenta vai requerer
Caderno do Aluno. Depois, enfatize a palavra
grande energia, mas é fundamen-
“tira”, que está no glossário. Cada historinha
tal e valerá a pena!
é uma tira, e esta palavra será usada para fa-
Para favorecer que os alunos construam uma história pessoal de leitura, é muito importante
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18 que eles tenham diferentes oportunidades de ler HQ. Caso seus alunos tenham pouca fami-
liaridade com o gênero ou você tenha condições de ampliar esta unidade, possibilite que:
• todos se associem à biblioteca escolar e possam ter acesso a um acervo de HQ, a
partir do qual poderão executar contratos de leitura;
• uma aula, pelo menos, seja dedicada à leitura silenciosa de gibis da Mônica e outros
gibis. Nesse caso, anote os títulos lidos em um diário de classe;
• iniciem a organização de uma caixa de gibis para leitura em sala de aula, reunindo-os a
partir de empréstimos dos alunos, campanhas, doações, etc. Estimule a gestão
dos empréstimos pelos próprios alunos.
Esta é uma oportunidade de valorizar a leitura extensiva, ou seja, aquela que o
aluno fará a partir da escola e por toda a vida, constituindo-se em leitor que lê
porque atribui valor à fruição do texto e também porque compreende que, ao ler,
está sempre refletindo a respeito de si mesmo e de sua relação com o mundo.

Note que na última tira, Mônica aparece priado, em cima de cada tirinha (eles aprovei-
com seu coelho Sansão: talvez seja neces- tarão esse título para a produção de texto).
sário você chamar atenção dos alunos para Em seguida, nas questões 3 a 5, chame
isso. Caso não conheçam as histórias da a atenção para o uso de sinais gráficos ao
série, eles não saberão que a personagem longo de todas as tiras. Estimule-os a encon-
adora esse bichinho de pelúcia e não se se- trarem outros sinais de mesmo tipo que não
para dele. Além disso, é também importante tenham sido discutidos. Certifique-se, neste
chamar atenção para um dos usos que Mô- momento, de que sua turma conhece a fun-
nica faz do coelho: bater nos amigos Ceboli- ção dos balões nas histórias em quadrinhos.
nha e Cascão. O coelho é uma arma! Caso perceba que essa informação é nova,
faça com que a anotem: os balões indicam
a fala ou o pensamento do personagem. Tal-
Estudo do texto vez alguns sejam leitores assíduos do gêne-
ro. Nesse caso, saberão que há muitos tipos
Essa seção explora as características das ti- de balão. Deixe que expressem seus conhe-
ras. Nas perguntas número 1 e 2, você verá cimentos, mas enfatize os tipos assinalados,
que há uma lacuna depois da palavra “tira”. A mais frequentes na composição de HQ.
ideia é que cada aluno escolha uma tira para
responder a essas perguntas: eles poderão es- Professor, para dinamizar, caso tenha
colher, de acordo com sua preferência, ou você instituído a caixa de gibis na classe ou os
pode estabelecer a divisão da turma em quatro,
alunos tenham acesso a gibis na biblio-
cada grupo com uma tira apenas. Em seguida,
teca da escola, realize uma gincana re-
podem trabalhar em duplas ou individualmen-
lâmpago de 10 a 15 minutos, na qual,
te, compartilhando ao final as respostas.
Na discussão das respostas, desenhe colu- em duplas, eles possam escolher um gibi
nas numeradas no quadro-negro, uma para e contar os sinais gráficos que acharem
cada tira. Vá colocando os títulos sugeridos nesse tempo. Com o resultado, pode-
para cada uma e a descrição concisa do que rão fazer um quadro – cartaz ou painel
torna a tira engraçada. Faça uma votação: para expor na sala de aula.
qual será o título eleito para cada tira? Peça
que transcrevam o título eleito no espaço apro-
Para ir um pouco mais além final, cada grupo faz a leitura oral de sua
versão da tira.
Observe que nessa seção, no Caderno do Nos mesmos grupos, remeta às questões 1919
Aluno, há uma série de informações interes- seguintes. Socialize as respostas e sugira que
santes, mas não imprescindíveis. É uma leitu- anotem as ideias novas que aparecerem.
ra que permite o enriquecimento cultural do
aluno, além de remeter a questões relativas Produção de texto
à autoria das histórias em quadrinhos e ao
vocabulário a elas ligado. Acrescente alguns As indicações para a produção de texto
autores brasileiros citados à caixa de gibis. no Caderno do Aluno procuram simular a
Desafie os alunos a lerem alguns textos des- ­situação de interação em que escrevemos re-
ses autores e depois peça que contem para senhas: apresentar um texto e tomar posição
os demais o que leram. sobre o que acreditamos serem suas qualida-
des e defeitos. A palavra resenha não precisa
Leitura silenciosa ser utilizada nesse momento, pois não é isso
o que importa. Certifique-se, somente, de que
Encaminhe os alunos para a leitura das o aluno entende a tarefa e de que ele tem em
imagens que compõem a tira. Observe que mente um interlocutor definido, alguém que
nela não há texto verbal. Os personagens não conhece a tira. Você, que conhece seus
crescem e os garotos passam a se interessar alunos, poderá dar sugestões sobre esse in-
pela Mônica. Depois de lida, enfatize essa terlocutor, instruindo-os a escreverem como se
mudança, centrando-se em uma discussão estivessem apresentando a tira para um co-
das transformações das relações entre guris e lega, de outra turma ou ausente, ou amigo.
gurias ao longo do tempo. Que idade os alu- Alerte-os para a utilidade das perguntas que
nos supõem que os personagens têm no final orientam a produção.
da tira? A atividade vai ser retomada nas aulas No final da atividade, recolha os textos.
seguintes, para a discussão da série Turma da
Mônica Jovem. Novamente, oportunize a fo-
calização da leitura nas perguntas feitas e per- Professor, é provável que os alunos,
mita que os alunos se divirtam com a história: na passagem das informações contidas
isso é fundamental na leitura de ­quadrinhos. na imagem para o texto escrito, tenham
necessidade de cumprir a tarefa primei-
Estudo do texto ramente por meio da narrativa. Se isso
acontecer em sua turma, acrescente uma
A proposta para estudo da tira pressupõe outra etapa na atividade, propondo que
que a primeira pergunta seja respondida indi- escrevam uma narrativa prévia. Depois,
vidualmente: chame a atenção para o fato de em duplas cada aluno lerá a narrativa do
que, nos balões de histórias em quadrinhos, a outro e, de posse da tira original e do texto
linguagem é bem cotidiana e os alunos devem escrito, simularão um programa de tele-
escrever do modo como aqueles personagens visão ou rádio onde farão – oralmente
falariam em seu dia a dia, valendo-se de sua – a propaganda da tira (talvez anun-
experiência de vida. Circule entre eles e aju- ciando a compra do próprio gibi ou a
de-os a elaborar as falas. aula onde ela está sendo estudada).
Depois, reúna-os em grupos de quatro Só então, proponha a resenha escrita,
e peça que comparem suas respostas e, indicando o destino que será dado ao
em cada grupo, escolham quais serão as texto, por exemplo, um mural.
quatro falas a serem lidas em voz alta. No
Você vai poder avaliar, por meio desses diferentes registros linguísticos, associando-os
pequenos textos, o que seus alunos já sabem, às identidades do locutor e do interlocutor.
20
20 realizando um diagnóstico que deverá servir
para antecipar os elementos que precisarão Para começar a conversa
ser enfatizados no trabalho com a escrita de
resenhas, mais adiante. Eles também servi- Dê tempo para que os alunos leiam as tiras
rão aos alunos nas aulas finais da unidade e silenciosamente e completem o quadro. Não
na preparação do Painel dos quadrinhos. alongue a atividade: o objetivo aqui é somen-
Faça uma avaliação dos textos com base te levantar as principais características dos
nas perguntas que aparecem no Caderno personagens de Mauricio de Sousa, facilitan-
do Aluno. Caso falte alguma informação im- do a leitura da resenha que virá e antecipan-
portante, chame a atenção com anotações. do elementos que aparecerão nas histórias da
Anote aspectos referentes à fluência do texto: Turma da Mônica Jovem, nas aulas seguintes.
o aluno escreveu de modo adequado a seu Leia as resenhas e a história em quadri-
interlocutor (um colega ou amigo)? O texto nhos que as segue (Dia de escola) no Cader-
é coeso e se detém aos detalhes importantes no do Aluno: a leitura vai permitir que você
da história? Chame a atenção para o que saiba que aspectos dos personagens serão
estiver faltando. Se você desejar fazer algu- relevantes mais adiante, chamando a aten-
ma indicação quanto a questões gramaticais, ção dos alunos para eles.
não seja exaustivo. Escolha algumas ques-
tões essenciais apenas e assinale-as. O texto Turma da Mônica Jovem
deve ser devolvido logo depois da leitura de
resenhas, nas aulas 4 e 5. Não dê uma nota Preparação para a leitura
para o texto; se você achar importante ava-
liar este trabalho com a atribuição de pontos, O Caderno do Aluno oferece, para exa-
faça-o apenas com relação ao cumprimento me e discussão, uma reprodução da capa da
ou não da tarefa. edição número 1 da nova série de Mauricio:
a Turma da Mônica Jovem. O objetivo é ex-
plorar esse suporte.
Como serei amanhã? Quando se pega um livro para ler, inúme-
(Aulas 4 e 5) ros são os efeitos para o direcionamento da
leitura decorrentes das informações trazidas
Nestas aulas, os alunos leem tirinhas da pelo formato global do livro, de sua capa
Turma da Mônica, duas resenhas e traba- e de outros textos de apoio. Pode-se inferir
lham com seus elementos de estruturação. uma série de coisas a partir desses elemen-
Fazem comparações entre as séries Turma tos, gerando expectativas no leitor e atitudes
da Mônica (crianças) e Turma da Mônica de leitura que variam conforme as informa-
Jovem e entre dois gêneros de texto – qua- ções do suporte.
drinhos e resenha. As seguintes habilidades
são trabalhadas e devem orientar a avalia- suporte ou portador refere-se
ção do ensino e das aprendizagens: relacio- a livro, jornal, revista, fita cassete
nar a parte e o todo para a leitura global; ou CD, quer dizer, artefatos gráficos,
buscar informações em um texto; relacionar magnéticos ou informatizados nos
uma informação do texto com outras infor- quais os textos são publicados (PCN,
mações de contexto ou oferecidas por outro p. 22).
texto; identificar a finalidade em diferentes
gêneros do discurso que tratam da mesma
temática; identificar os efeitos de sentido dos
É muito importante que você possa trazer que essa frase faz uma seleção de público
pelo menos um gibi da série para a aula, pois leitor clara: a revista está falando com os
o exemplar poderá passar de mão em mão, leitores da Mônica que, sabendo quem são 2121
oportunizando o manuseio pelos alunos. os membros da turma, poderão inclusive
Conforme sugerem as perguntas feitas reconhecê-los nas ilustrações. Pergunte aos
no Caderno do Aluno, essa capa é um tex- alunos: onde estão “eles” nas ilustrações
to: sua leitura deve ser trabalhada. Pode- da capa? Que características dos dese-
mos dizer que é um paratexto, em função nhos permitem esse reconhecimento? Ex-
de sua relação com os textos que esta- plore esse aspecto da capa. Mais adiante,
rão no livro. Por isso, quando discutir a por questões de tempo e de espaço nestes
resenha e, mais adiante, a história sele- Cadernos, apenas trechos que envolvem
cionada, retorne a elementos antecipados a Mônica e o Cebolinha aparecem, e a
e atualizados a partir da leitura da capa. Magali e o Cascão vão aparecer apenas
Essa é a função da pergunta de número 4 aqui nesta capa e em outras pequenas ilus-
sugerida na tarefa de preparação para a trações. Chame a atenção para cada um
leitura. dos quatro personagens da turma e discuta
Realize a tarefa em partes: primeiro, os seu novo aspecto visual: suas característi-
alunos retomam o quadro de característi- cas combinam com as antecipações que os
cas dos personagens para responder à per- alunos fizeram? Anote as respostas dos alu-
gunta 1; depois, devem ler a capa. Discuta nos para a questão número 4 no quadro-
no grande grupo as perguntas 1 e 2 de- negro: depois de lerem as resenhas, eles
pois da leitura. Chame a atenção dos alu- poderão comparar suas expectativas com
nos para os vários elementos da capa: as o relato sobre as novas histórias da Mônica
ilustrações, as informações da publicação oferecido pelos textos.
(autor, editores, etc.), os títulos e outras in- A esta altura da unidade, caso ainda não
formações. Passe então à pergunta 3. Note existam, acrescente mangás à caixa de gibis.

Nosso emprego do termo paratexto refere-se a um conjunto de textos de apoio


que acompanham grande parte das edições que circulam socialmente. São exemplos
de paratexto o que se apresenta na capa, na quarta capa, nas orelhas, em encartes,
nas páginas finais de um livro, quando são incluídas notas biográficas sobre autor, ilus-
trador, tradutor, ou até mesmo pequenas listas de outros livros de possível interesse, às
vezes acompanhadas de breves resenhas. São também textos de apoio importantes os
prefácios e posfácios. Não se esqueça de trabalhar esses textos em sala de aula: você
estará mediando a descoberta, pelo aluno, de que esses textos localizam a obra em um
contexto, dirigindo sua leitura de diversas maneiras.
Quanto ao suporte, observe que os quadrinhos circulam em jornal, gibi (ou revista
em quadrinhos) e livro. Cada um desses portadores afeta a leitura e a constituição do
gênero: no jornal, por suas características, em geral, as HQ aparecem na forma de
tiras, oportunizando leitura rápida; usualmente estão nos cadernos de variedades e
entretenimento. As revistas em quadrinhos oportunizam a publicação de histórias mais
longas em um suporte bem adequado para a leitura por crianças – são leves, fáceis
de levar. Por fim, o livro retextualiza os quadrinhos, pois eles aí aparecem na forma de
coletâneas e ganham uma característica de texto para permanecer, o que não é típico
dos outros suportes. Além disso, no livro, oportuniza-se uma leitura mais longa.
Se for possível realizar ações interdiscipli- Leitura silenciosa
nares em sua escola, esta é uma oportuni-
22
22 Para este trabalho, selecionamos duas das
dade interessante de trabalhar em parceria
muitas resenhas publicadas em 2008, acer-
com Artes Visuais, por meio de um concur-
ca da nova criação de Mauricio de Sousa:
so de mangás. Realize a 1ª etapa na turma
e a 2ª etapa interturmas. O resultado será a Turma da Mônica Jovem. O lançamento
exposto em um painel na escola, dessa nova série de HQ deu lugar a uma
na biblioteca ou outra opção. grande circulação de resenhas e apresenta-
Os alunos costumam desenhar ções das histórias, pois a primeira edição foi
espontaneamente, de modo anunciada muito antes de ser publicada e,
que a ação do concurso favo- inicialmente, foi lançada apenas para leitores
recerá o reconhecimento de uma especializados. Só depois disso é que apare-
prática que lhes dá prazer. ceu nas bancas e na internet (dentro do site
da editora que distribui as histórias, a Panini).

mangá: é a palavra japonesa usa-


da para falar de histórias contadas a
partir de sequências de desenhos, ou
histórias em quadrinhos. No mundo
ocidental, passou a ser a palavra usa-
da para referir as histórias em qua-
drinhos desenhadas pelos japoneses,
com um estilo bem específico, e, mais
adiante, histórias desenhadas nesse
estilo por qualquer autor. O traço dos
mangás tem algumas características
bem reconhecíveis, como o modo de
desenhar os olhos e os cabelos, de
expressar, pelo desenho, o susto, a
decepção, a tristeza, etc. Além disso,
as temáticas e a constituição dos per-
sonagens seguem certo padrão, com
histórias envolvendo adolescentes em
lutas heróicas, entre outras. Uma das
características de revistas de mangás
é que seguem a direção de leitura da
escrita japonesa: de trás para
frente, com a primeira história
começando na última pági-
na do gibi. O estilo mangá
também se tornou muito po-
pular nos chamados animes,
ou desenhos animados japo-
neses, nos videogames, no
cinema, etc.
Feita a pré-leitura, ancorada na leitura Depois, organize a tarefa proposta no
da capa, os alunos passarão à leitura das Caderno do Aluno, de modo que os alunos
resenhas da série Turma da Mônica Jovem. discutam e façam anotações em pequenos 2323
Certifique-se de que compreendem a tarefa grupos primeiro e depois socializem suas
que aparece antes da história, a qual tem por conclusões no grande grupo.
objetivo dirigir a atenção do aluno para uma Observe que, para a resposta das pergun-
finalidade de leitura compatível com o gêne- tas 1 e 2, o cabeçalho da página da internet
ro do discurso sob estudo: ficar sabendo que de onde vêm as resenhas foi reproduzido no
existe um gibi novo e procurar ler esse gibi Caderno do Aluno e permite que eles infiram
ou não, dependendo da avaliação do autor o endereço da página: www.saposvoadores.
da resenha. A tarefa permitirá, também, que net. Depois, se desejar, forneça o endereço
você verifique a qualidade da leitura dos alu- completo de onde foram retiradas as rese-
nos, sem necessitar da leitura oral. Observe nhas escritas por Ricardo Tayra (www.sapos-
voadores.net/2008/08/monica-cebolinha-e-
que, conforme as resenhas, a edição de nú-
toda-turma-viram.html).
mero 0 é melhor do que a de número 1: a
nota é mais alta e, no texto, há mais comen-
tários elogiosos. Professor, caso disponha de labo-
ratório de informática e internet na
Talvez a leitura das duas resenhas fique escola, leve os alunos para fazerem
longa demais. Isso depende da turma, de estas tarefas de leitura diretamente
sua capacidade de concentração e expe- na página. Antes disso, é impor-
riência com a leitura. Uma outra possibi- tante que você revise o conteúdo
lidade de trabalho é dividir a turma em geral da página. Os sites ele-
dois grupos: o grupo 0 e o grupo 1. Cada trônicos são dinâmicos, mudam
grupo lerá uma das resenhas – a da his- ­muito e poderão ter conteúdos inadequa-
tória número 0 e a da história número 1. dos à faixa etária de seus alunos.
Dê como tarefa de cada grupo encontrar
a resposta das seguintes perguntas:
• Qual o assunto da história da Mônica
Jovem comentada?
• Vocês acham que iriam gostar da histó-
A pergunta 3 está ligada às expectativas
ria lida?
de leitura levantadas na tarefa feita com a
• O autor recomenda a história? Por quê?
capa. Estabeleça, junto com os alunos, uma
Em seguida, os grupos compar-
relação entre o que ficou anotado no quadro
tilharão a leitura. Você também
e o relato que aparece na resenha.
pode instruir os alunos a mistu-
Antes de os alunos responderem à pergun-
rarem os grupos, ou pedir que re-
ta de número 4, peça que leiam o quadro que
sumam do texto a recomendação
antecede as resenhas no Caderno do Aluno.
para o grande grupo.
Discuta com eles: vocês viram semelhanças
entre as resenhas lidas e as conversas que
temos sobre programas de TV, jogos, leituras,
etc.? Recomende que sublinhem passagens
Estudo do texto do texto. Quando estiverem prontos, discuta
as respostas. Os alunos deverão notar que
Ao iniciar o estudo do texto, retome as apenas os elementos descritos nas alternati-
perguntas que foram propostas antes da lei- vas (c) e (d) não estão presentes nos textos:
tura das resenhas e discuta as respostas dos os textos selecionam as partes da história que
alunos. são resumidas e intercalam esses resumos
com opiniões e comentários; portanto, não referenciais em um texto, reconhecem a fun-
são textos que recontam as histórias do início ção desse recurso na leitura, generalizam e
24
24 ao fim. o utilizam de modo eficaz na própria escrita.
As perguntas do estudo do texto enfati-
zam a estrutura da resenha, e estabelecem Leitura silenciosa
uma relação entre características gerais do
gênero e o modo como ganham sentido
nestas resenhas específicas. Peça que os No Caderno do Aluno, são reproduzidos
alunos respondam, individualmente ou em dois trechos da primeira história da edição
nº1 da Turma da Mônica Jovem. Observe
duplas, por escrito. Depois, discuta suas
que, diferentemente das outras leituras, não
respostas, colocando as contribuições no
está prevista a Preparação para a leitura,
quadro. No final, extraia das respostas dos
nem o Estudo do texto, já que a leitura da
alunos alguns elementos gerais da constitui-
capa e as resenhas anteciparam muitas infor-
ção da resenha: mações. A função da leitura aqui é compa-
1) os elementos de localização do texto rar os fragmentos com as informações dadas
lido – em que revista, gibi ou livro pode ser nas resenhas.
encontrado; Esta leitura poderá ser indicada como ati-
2) os elementos essenciais para a apre- vidade extraclasse, uma vez que os alunos es-
sentação da história – os personagens, o tarão plenamente motivados para conhecer
enredo e o centro do desequilíbrio que faz a a história da Turma da Mônica Jovem! Esteja
história avançar (aqui é importante chamar atento para disponibilizar alguns exemplares
a atenção dos alunos para não recontarem da Turma da Mônica Jovem na caixa de leitu-
a história inteira em detalhes; isso acabaria ra, a fim de oportunizar leitura extensiva.
com a curiosidade do leitor);
3) o fato de que os elementos da história Linguagem
apresentados são aqueles necessários para
a crítica positiva ou negativa a ser feita; Nos três primeiros exercícios sobre os
4) a avaliação da história, que culmina quadrinhos, note que há um contraste: às
com sua recomendação ou não. vezes, os pronomes retomam um nome que
Para terminar, chame a atenção dos alu- foi explicitamente mencionado em um balão
nos para o quadro sobre o gênero resenha anterior – é o caso da retomada de Cascão
presente no Caderno do Aluno, p. 32. exemplificada na página 24 do Caderno do
Aluno; nas outras vezes, Mônica e Maria
usam o pronome “ele” para falar de um per-
Dia de escola sonagem que está presente na forma de um
(Aulas 6 e 7) desenho. Note que Mônica se dirige ao leitor
e fala de seu pai, que está deitado logo atrás,
Nestas aulas, as histórias da Tuma da Mô- e Maria se dirige ao leitor e fala do irmão,
nica Jovem serão oferecidas para leitura, de que está sentado ao lado dela, no desenho.
modo que os alunos possam compará-las às Os alunos não terão dificuldade em respon-
resenhas. Além disso, os textos lidos anterior- der às perguntas, mas cabe a você chamar a
mente (histórias em quadrinhos e resenhas) atenção para essa diferença: explique que,
são explorados para o estudo da função de ao falar do Cascão, Mônica não poderia
substituição de nomes por pronomes e elip- usar diretamente o pronome “ele”, porque
ses. Os alunos estudam as relações entre ele- o Cascão não estava participando da cena
mentos nominais para a formação de cadeias desenhada.
mas refere-se a um personagem do dese-
Professor, realize o trabalho proposto nho. Já em textos narrativos que não têm os
acerca dos pronomes, mas certifique-se desenhos, e são compostos apenas pela lin- 2525
de não tornar seu estudo pura memoriza- guagem verbal, os pronomes devem ter an-
ção de termos e um exercício mecânico tecedentes; devem substituir uma expressão
de classificação. A palavra “pronome” nominal, geralmente utilizada anteriormente.
deve ser utilizada por você para fazer re- Hoje sabemos que, na aprendizagem da es-
ferência a qualquer item da classe dos crita, o escritor inexperiente não se dá conta
pronomes em todas as oportunidades, disso: ele, às vezes, usa pronomes sem co-
mas não precisa ser decorada pelos alu- locar em seu texto o elemento antecedente.
nos. O estudo proposto também chama a Observe que, para quem escreve, o significa-
atenção para frases com o que a gramá- do do pronome é conhecido, mas o autor do
tica chama de sujeito oculto ou elipse de texto precisa se dar conta de que esse signifi-
sujeito. Novamente, não são os ter- cado não é conhecido para quem lê o texto.
mos que estão sob estudo, mas sua Nas atividades propostas, os alunos po-
função para substituir, na posição dem ver as funções dos pronomes e contras-
de sujeito, um elemento nominal tá-las, buscando interpretar corretamente os
conhecido. Ou seja, o conteúdo textos.
disciplinar é o emprego dos pro-
nomes e da elipse na função de Professor, temas de casa podem ser
retomada, contribuindo para a úteis para fixação do uso de prono-
coesão textual. mes. Proponha tarefas diversificadas
que assegurem as aprendizagem, de
acordo com a necessidade de seus
alunos.
Trazendo o conhecimento para o cotidia-
no dos alunos, lembre-os de que, nas nossas
conversas, muitas vezes usamos os pronomes
de terceira pessoa para falar de uma pessoa Nas perguntas de leitura, além dos prono-
ou coisa que não foi mencionada no discur- mes retos em posição de sujeito, também se
so. Nesses casos, é o contexto que vai forne- solicita que os alunos interpretem outros ca-
cer a referência do pronome: o pronome, de sos de pronomes (oblíquos, possessivos, re-
certa forma, aponta para algo que está fora tos, usados depois de uma preposição). Isso
do texto verbal. Isso também pode aconte- deve auxiliá-los a perceber a relação entre
cer em uma história em quadrinhos, porque esses itens e seus antecedentes para a leitura
às vezes o pronome não substitui um nome, de um texto. De qualquer modo, não enfati-

Professor, uma das diferenças entre fala e escrita implicada nas tarefas é que, no
português falado no Brasil, cada vez se usa menos a elipse de sujeito. Quando fala-
mos, preenchemos essa posição com pronomes na imensa maioria dos casos. Já na
escrita, usamos mais a elipse, o que dá uma sensação de “repetição” quando le-
mos textos que usam pronomes demais. Não esqueça: seus alunos talvez não leiam
muito, por isso, eles vão tender a preencher sempre a posição de sujeito com um
pronome, pois vão seguir a regra de sua fala. Antes de considerar isso um erro, é
preciso ensinar essa diferença e oferecer bastante leitura, para que o aluno
vá aprendendo a diferença. Ajude seus alunos a interpretarem corretamente as
elipses e depois usá-las em sua escrita.
ze as diferentes formas e funções sintáticas. Preparação para a leitura
Para a produção dos alunos, a ideia é dar
26
26 ênfase apenas à posição de sujeito, para que A discussão proposta encaminha o con-
se concentrem em cada função de uma vez. texto da maioria das histórias da série Lulu-
zinha: a forte identificação das crianças com
Produção de texto amigos do mesmo gênero, e a formação de
grupos fechados em virtude disso. Discuta as
Após o estudo dos pronomes, é solicitada questões propostas. Talvez você já queira in-
uma pequena produção de texto, tendo como troduzir as expressões “clube da Luluzinha” e
modelo as fichas de personagens (Magali e “clube do Bolinha”, que serão comentadas
Cascão, no Caderno do Aluno) trabalhadas depois da leitura do texto.
na seção anterior. O objetivo é levá-los a uti-
lizar o aprendido em uma nova situação, ou Leitura silenciosa
seja, não precisam repetir as expressões no-
minais, mas não devem tampouco usar pro- Deixe que os alunos leiam a história toda
nomes que não se refiram a nada dentro do de uma só vez e depois retome a pergunta fei-
texto. Ao longo da produção, auxilie-os a se ta antes do texto. Ao discutir a resposta, você
darem conta disso. pode assinalar, junto com os alunos, quantas
No final desta aula, peça que os alunos coincidências levam os meninos a acharem
façam, como tarefa para casa, a leitura de que Luluzinha tem uma força descomunal.
gibis e escolham uma história para ser usa-
da mais adiante no Painel de quadrinhos. A
tarefa a ser solicitada é a de que leiam histó- Enriqueça o contexto da leitura com
rias em quadrinhos e escolham uma história mais informações sobre as histórias da
que julguem excelente ou horrível. Essa his- Lulu e do Bolinha, pelo uso da internet.
tória deve ser trazida na penúltima aula da O endereço www.devir.com.br/HQ/luluzi-
unidade. Se você não puder contar com a nha.php é uma fonte adequada para isso.
leitura em casa, providencie que ela possa Os textos desse site anunciam a publica-
ser realizada na biblioteca. O objetivo é que ção da série em livro pela Editora Devir. Se
não estejam no ambiente de sala de aula e sua escola tiver os livros da série na biblio-
possam sentir-se livres para pegar o que qui- teca, você poderá trazê-los para a sala.
serem para ler. Também, caso tenha adotado a ideia da
caixa de gibis, abasteça-a com gibis anti-
gos, pedindo colaboração de seus colegas
Clube do Bolinha e e de familiares dos alunos. Outra
­clube da Luluzinha boa ideia é trazer para a turma
os gibis da Luluzinha jovem, pu-
(Aulas 8, 9 e 10)
blicados pela Ediouro. O memo
trabalho de comparação feito
Nestas aulas é proposta a produção de com a Turma da Mônica poderá
uma resenha de história em quadrinhos mais ser feito com a Luluzinha.
longa, voltada à apresentação de uma obra
a um leitor concreto. As habilidades traba-
lhadas são as seguintes: ler um texto tendo Estudo do texto
como propósito sua revisão e aperfeiçoa-
mento e, no plano do emprego de novos A pergunta 1 chama a atenção dos alunos
recursos linguísticos, construir cadeias refe- para o contexto da história: se eles não co-
renciais coesivas em um texto. nhecem a série Luluzinha, não saberão que
essa história é apenas uma entre um mar de como uma história apenas sobre crianças pe-
histórias sobre a verdadeira rixa que existe quenas. Isso será útil para seu posicionamen-
entre guris e gurias na série. to nas resenhas. 27
27
As perguntas de 2 a 5 procuram ao mes-
mo tempo proporcionar uma leitura local
mais detalhada da história e estimular os alu-
Produção de texto
nos a produzirem inferências, desdobrando
alguns dos elementos de humor das histórias. Novamente, aqui, é fundamental que
A pergunta 5 envolve uma contextualiza- todas as etapas propostas no Caderno do
ção da história, tanto no conjunto da série Aluno sejam cumpridas, especialmente a de
Luluzinha como em sua época: chama a revisão e reescrita.
atenção dos alunos para o lugar que ocupa- A entrega dos textos para o professor tem
ria a formação de um clube com guris e gu- como objetivo possibilitar que você prepare
rias convivendo juntos. Será que esse efeito o fechamento da tarefa: examine os textos
“histórico” permanece? É uma pergunta que dos alunos e destaque alguns aspectos para
interessa até a nós professores; afinal, fomos a ­realização de reescrita coletiva de tre-
crianças há anos e, cada década, desde a chos. Para tanto, use o mesmo instrumento
época da Lulu e do Bolinha, vem alterando de avaliação que oferecemos no Caderno
muito as relações entre os gêneros. do Aluno. Os itens em que um maior nú-
mero de alunos precisar de ajuda merecem
atenção. Use o quadro ou utilize um retro-
Professor, as perguntas de estudo do projetor. Vá refazendo os trechos seleciona-
texto têm várias funções. Não trabalhe dos junto com os alunos, apontando qual
com a tarefa como se fosse um questio- o problema de escrita focalizado e discu-
nário a ser feito em bloco! Varie a orga- tindo como pode ser solucionado. Chame
nização da turma, de modo a estimular a a atenção dos alunos para a relação entre
discussão e a socialização dos resultados. o trecho a ser reescrito e os critérios, de 1
Nas perguntas 1 e 5, os alunos precisarão a 9, que aparecem no Quadro de critérios
mais de você para elaborarem respostas para avaliação e revisão das resenhas no
relevantes. Para tanto, será mais produti- Caderno do Aluno. Enquanto você trabalha
vo trabalhar com um debate aberto, no no quadro-negro ou nas lâminas, com ca-
qual você vai ajudando com intervenções netas de diferentes cores, os alunos devem
e perguntas. Nas demais, eles poderão fazer anotações. Depois disso, devolva os
trabalhar em duplas ou em trios. Ano- textos para as duplas e peça que refaçam
tarão suas respostas e depois poderão o trabalho e o entreguem novamente para
compartilhar seus achados com os você, ao final.
colegas. Uma boa maneira de abor- Você poderá devolver os textos aos alu-
dar a pergunta número 6 é levantar nos com uma nota: nesse caso, os critérios
exemplos de conflitos entre guris e do Quadro devem ser levados em conta.
gurias nas diferentes fases da vida. Chame a atenção dos alunos para o fato de
que esses critérios serão usados para ava-
liação na resenha final do Painel de qua-
drinhos. A nota da resenha final deve ser
Por fim, a pergunta 6 procura ampliar o aquela com maior peso na avaliação desta
horizonte de leitura da história, de modo que unidade de trabalho.
os alunos possam ler esta HQ como uma Note que, devido às características des-
alegoria, isto é, como uma representação te gênero do discurso, a produção das re-
das relações entre homens e mulheres, e não senhas também será uma oportunidade de
avaliar a leitura dos alunos: no trabalho em ajuda. Durante todas as etapas de realiza-
duplas destas aulas e no trabalho individual ção dos textos, circule entre as classes e vá
28
28 do Painel de quadrinhos a ser feito a seguir, auxiliando os alunos. Mantenha-se aten-
os itens 1, 2 e 3 da ficha de critérios para to ao progresso do trabalho e estimule-os
avaliação e revisão exigem uma boa leitura a fazerem perguntas. Você poderá parar a
da história em quadrinhos que fundamen- atividade toda vez que surgir uma dúvida
ta o texto escrito. Se você achar necessário, relevante: a dúvida de um aluno é muitas
poderá acrescentar um item de avaliação vezes a dúvida de muitos. Chame a aten-
mais claro nesse sentido, por exemplo, “A ção da turma para a pergunta do colega e
resenha demonstra que a história lida foi informe que ela deve ser uma preocupação
compreendida”. de todos. Responda, então, à pergunta, re-
gistrando suas dicas no quadro.

Painel de quadrinhos Revisão final e


(Aulas 11 e 12)
montagem do painel
Nestas aulas, os alunos escrevem uma
resenha individual. Essa resenha comporá A avaliação e a revisão dos textos são eta-
um Painel de quadrinhos da turma. Os alu- pas diferentes, pois são, de fato, duas exigên-
nos deverão mobilizar todas as competências cias distintas de seu trabalho neste momento
trabalhadas na unidade para realizarem uma da unidade. A avaliação deve estar baseada
tarefa concreta de interlocução pela escrita, nos aspectos de escrita que foram trabalha-
ampliando seu horizonte de leitura. dos, incidindo sobre a aprendizagem. A revi-
são deve apontar todos os aperfeiçoamentos
necessários, a seu ver, para que o texto seja
Planejamento e publicado: todos os escritores que publicam
escrita do texto textos contam com o trabalho de revisores,
por que deveria ser diferente com seus alu-
Novamente, estimule os alunos a, indi- nos? Assim, a versão publicada das resenhas
vidualmente, realizarem todas as etapas será um pouco diferente da versão final en-
previstas no Caderno do Aluno. A primeira tregue pelos alunos, pois a versão publica-
reescrita deve ser feita em aula, com sua da foi conferida e alterada por um revisor
(o professor). A avaliação da aprendizagem
Professor, esta resenha vai ser seu ins- deve ser realizada sobre a versão entregue
trumento de avaliação final na unidade. pelo aluno depois da última reescrita feita, e
Utilize o quadro de critérios disponibiliza- muitos pontos alterados na revisão final não
do aos alunos, pontuando cada item. Se serão necessariamente motivo de “desconto
você julgar pertinente e possível, depois na nota final”. Lembre-se: a ideia é que a
dessas aulas, faça outra devolução dos nota final se concentre nos critérios de ava-
textos e peça mais uma reescrita a par- liação estabelecidos por você e comunicados
tir de sua primeira leitura dos textos. aos alunos. Aos poucos, você poderá desen-
Essa segunda reescrita pode ser feita volver projetos nos quais o papel de revisor
em casa. Nesse caso, a versão final seja cumprido pelos próprios alunos, que
será a que for entregue mais adiante; serão completamente responsáveis pelos tex-
esta é que será pontuada para a nota tos. Entretanto, é muito importante que supe-
final. Antes de publicar as resenhas rem a ideia de que um texto nasce perfeito:
no painel, revise-as você mesmo. ele precisa ser trabalhado continuamente e
com capricho!
Referências
ABREU, Cathia. A longa história dos quadrinhos. Panini/Planet Manga, 2008. 29
29
­Ciência Hoje das Crianças, 11 maio 2007. Disponível ______. Você sabia? Turma da Mônica. São Paulo:
em: cienciahoje.uol.com.br/91054. Acesso em: 18 Globo, 2003.
jul. 2008. STANLEY, John; TRIPP, Irving. Luluzinha: menina não
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coe- entra?! São Paulo: Devir, 2006.
rência. São Paulo: Parábola, 2005. ______;______. Luluzinha. São Paulo: Abril, n. 182,
FÁVERO, Leonor L. Coesão e coerência textuais. São ago. 1989.
Paulo: Ática, 1991. ZIRALDO. Maluquinho por futebol: as histórias mais
SOUSA, Maurício. As melhores tiras do Cebolinha. malucas sobre a maior paixão do Brasil. São Paulo:
São Paulo: Panini/Mauricio de Sousa Produções, Globo, 2006.
2008. v. 1. ______. Coisas de menina: histórias que revelam o
______. Turma da Mônica Jovem. Edição de Lança- que é ser menina maluquinha. São Paulo: Globo,
mento, n. 1. São Paulo: Mauricio de Sousa Editora/ 2008.

Este caderno teve a colaboração de Alexandre Nell, Simone Soares e Bibiana Cardoso.
Anotações
30
30
Ensino Fundamental
7a e 8a séries

Ana Mariza Ribeiro Filipouski


Diana Maria Marchi
Luciene Juliano Simões
Eu e os outros
Nesta unidade, parte-se da temática Eu e dade cotidiana disponível para a maioria dos 3333
os outros. A proposta conduz o aluno a dis- alunos: a audição de canções.
cutir questões de identidade a partir de suas A nota biográfica é um gênero interes-
preferências musicais, estabelecendo rela- sante de ser trabalhado do ponto de vista
ções entre sua história de vida e a música que da leitura e da produção de textos, pois une
ouve. Para isso, a unidade propõe o estudo procedimentos narrativos a uma habilidade
de dois gêneros do discurso, a canção e a importante para construir a competência de
nota biográfica. Nesse sentido, os músicos e escrita, já que é necessário selecionar os fa-
os grupos que se formam em torno do gosto tos, relatando-os a partir do eixo de reflexão
por gêneros musicais são observados em seu a que estamos nos propondo. Afinal, nunca
papel de “outros” com relação aos quais, por será possível contar tudo o que aconteceu: é
meio de identificações de diferentes tipos, o preciso, para falar de nossa biografia, traba-
aluno pode pensar sobre si mesmo. lhar sobre nossas vivências, transformando-
A canção, como gênero de texto que une as em experiência acessível ao leitor. Enfim,
linguagem verbal e musical, é, sem dúvida, as biografias, como expressões da memória,
referência para os jovens brasileiros. Não são fronteiras entre fato e interpretação. Es-
há como refletir sobre a cultura da juventu- crever sobre si mesmo para se apresentar aos
de sem, em algum momento, pensar sobre outros é certamente um exercício formativo
os gêneros musicais que escutam, as can- importante para o aluno.
ções que cantam e que são transformadas
em grandes sucessos de cultura popular e de Habilidades
cultura de massa. Além disso, os jovens en-
contram na música uma forma de expressão • Assumir atitude investigativa, privilegiando
e um modo de organização social: formam a contextualização do assunto, de modo a
grupos, ou tribos, a partir dos gostos por mú- acrescentar outras informações às do sen-
sica, tocam, participam de bandas e assim so comum.
por diante. Ao mesmo tempo, a canção tem • Comparar dados sobre a realidade social
sido um gênero importante na cultura bra- apresentados em textos informativos.
sileira de um modo geral, e muitos autores • Relacionar elementos textuais verbais e
debruçaram-se sobre ela como fenômeno não verbais na leitura, reconhecendo o
artístico e literário. Por meio da leitura de le- sentido global dos textos.
tras de canção, procura-se oportunizar uma • Realizar inferências a partir de pistas lin-
reflexão sobre isso, qualificando uma ativi- guísticas e culturais presentes em um texto.

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, terão vivenciado oportunidades de desenvolver as cope-
tências de:
• Ler: obter informações relevantes na leitura de textos informativos; ler textos poéticos e
relacionar seus sentidos a elementos da vida cotidiana e do entorno sociocultural; fazer
inferências a partir da leitura contextualizada de textos ficcionais e não ficcionais.
• Escrever: produzir textos de relato, no gênero autobiográfico.
• Resolver problemas: delimitar um problema levantado durante a leitura e localizar
as fontes de informação pertinentes para resolvê-lo; realizar análises de textos de diferen-
tes tipos, relacionados tematicamente, estabelecendo conexões relevantes; lançar mão
de obras artísticas para refletir sobre si mesmo.
• Reconhecer e utilizar o efeito de sentido de-
corrente da escolha de uma determinada Essa música é 10!
34
34 palavra ou expressão e da exploração de (Aulas 1 e 2)
recursos linguísticos específicos, bem como
do emprego da pontuação e da segmenta- Estas aulas apresentam atividades integra-
ção de um texto em frases e períodos. das que antecipam o trabalho com a canção
• Reconhecer, na obra poética, a liberdade a ser realizado na unidade, concentrando-se
do autor no uso da linguagem e a liberda- na produção oral, leitura e produção de texto
de do leitor na interpretação. escrito. Os alunos vão identificar o tema de
• Explorar a potencialidade da linguagem um texto e estabelecer relações entre ele e os
literária como atribuidora de novos sig- subtemas que o compõem; fazer inferências
nificados por meio da criação de novas a partir das escolhas lexicais feitas na com-
associações. posição de um poema; relacionar um texto a
informações de contexto; reconhecer elemen-
Conteúdos tos de intertextualidade; reconhecer recursos
melódicos em um texto poético (ritmo, rima,
• Canção: circulação social e funções, co- etc.); identificar pistas textuais que permitam
nexões com aspectos socioculturais per- estabelecer identidades de locutor e de inter-
ceptíveis nas temáticas das letras e nos locutor; refletir sobre as funções das lingua-
gêneros musicais de que se valem, estra- gens artístico-literárias.
tégias de composição e sua relação com
a poesia.
• Nota biográfica: circulação social e fun-
Para começar a conversa
ções, modos de estruturação, recursos lin-
A discussão oral proposta nesta seção tem
guísticos que lhe são típicos, procedimentos
o objetivo de levantar conhecimentos prévios
de seleção temática para sua produção.
dos alunos e elementos de contexto impor-
• Frase e período: funções no texto e sua es-
tantes para o desenvolvimento da tarefa de
truturação, a noção de período complexo.
leitura. A dinâmica do trabalho supõe que os
• Pontuação: emprego de vírgula, ponto fi-
alunos, em pequenos grupos, conversem e
nal e dois-pontos na escrita de períodos
façam anotações, de modo a trazer resulta-
simples e complexos.
dos já amadurecidos para o debate em gran-
• Variação linguística: emprego de léxico
de grupo.
coloquial em letras de canções.
Esteja atento, pois talvez os alunos te-
• Linguagem literária.
nham dúvidas relativas à expressão “gê-
nero musical”: converse sobre a pergunta
Duração prevista: 12 aulas
antes da tarefa em pequenos grupos. O
rigor com relação ao termo “gênero” não
Recursos necessários: gramáticas e di-
importa aqui (também as palavras “estilo”
cionários; caderno para anotações; materiais
e “tipo” poderão aparecer), o que importa
diversos para produção da caixa de canções
é dar exemplos bem cotidianos – samba,
e memórias: caixa, revistas e outros materiais
rock, pagode, rap, etc. – e chamar a aten-
para recorte e colagem, tesoura, cola, lápis
ção para características da música, como
de cor, canetas coloridas, tinta, fitas de cetim,
ritmo, melodia, instrumentos utilizados em
adesivos, etc.; laboratório de informática com
sua execução, temáticas, funções, rela-
acesso à internet, aparelho para reprodução
ções com outras linguagens (verbal, cêni-
de canções em áudio.
ca, etc.) e assim por diante, que tornam
algumas músicas parecidas entre si. Lem-
bre-se de que essas classificações não são Preparação para a leitura
rígidas, nem na música nem na linguagem
verbal, mas a sensibilização para elas permi- A tarefa breve de leitura e anotação de 3535
te que o leitor aprofunde seu conhecimento e informações valoriza a figura do compositor
ultrapasse a leitura de senso comum. da canção como dado importante em sua
É importante que, para cada pergunta, to- contextualização e apreciação. Um elemento
das as contribuições sejam registradas. Utilize biográfico sobre Arnaldo Antunes que não
o quadro-negro para socializar os resultados aparece no Caderno do Aluno é que ele
ou peça o auxílio de um ou dois alunos para integrou, com Marisa Monte e Carlinhos
secretariar, copiando no papel, para uso fu- Brown, o trio chamado “Os Tribalistas”. As
turo, o que for anotado. canções dos Tribalistas alcançaram grande

Professor, para favorecer que os alunos


Professor, o relato e o registro solicita- construam uma história pessoal de leitu-
dos nesta tarefa envolvem conhecimentos, ra, é muito importante que eles tenham
vivências e reflexões que serão retomados diferentes oportunidades de ler e ouvir
ao longo de toda a unidade. Examine o canções ou poemas. Caso seus alunos
restante das aulas antes de realizar esta tenham pouca familiaridade com o gêne-
discussão, procurando mediar, por meio ro ou você tenha condições de ampliar
de perguntas, citações e provocações, o esta unidade, estimule que:
surgimento de contribuições dos alunos - todos se associem à biblioteca escolar
que possam servir de contexto, principal- e possam ter acesso a um acervo va-
mente, às atividades a serem feitas: a lei- riado de compositores e poetas. Peça
tura e discussão da canção Não vou à bibliotecária que coloque à dispo-
me adaptar, a comparação dos re- sição da turma CDs, livros de poesia
sultados da pesquisa veiculada pelo sobre o tema da unidade, livros sobre
Jornal Folha de São Paulo com o e com letras de músicas, histórias da
perfil de sua turma de alunos e a MPB, biografias de compositores e po-
tarefa final de escrita de notas au- etas, etc. e motive-os a, a partir deles,
tobiográficas relacionadas à es- estabelecerem contratos de leitura.
colha de uma canção. - a turma organize uma caixa de can-
ções para leitura em sala de aula, reu-
nindo-as a partir da colaboração dos
alunos. Favoreça consulta à caixa, por
exemplo, disponibilizando-a aos alu-
nos que finalizam tarefas antes.
Esta é a oportunidade de valorizar a leitu-
Se for possível, estabeleça parceria ra que o aluno fará a partir da esco-
com a disciplina de Música e invista no la e por toda a vida, constituindo-
reconhecimento das preferências se em leitor que lê porque atribui
dos alunos. Será interessante que valor à fruição do texto e também
você também revele suas prefe- porque compreende que, ao ler,
rências musicais e as justifique, está sempre refletindo a respeito
auxiliando na ampliação do reper- de si mesmo e de sua relação
tório dos alunos. com o mundo.
popularidade, inclusive entre crianças (por vez para responder apenas às perguntas que
exemplo, Velha infância, composta pelo trio). aparecem antes da letra; discuta as respostas
36
36
Se você tiver recursos para isso, toque canções dadas. Depois, passe para o estudo do texto,
de Arnaldo Antunes para a classe ouvir. Se realizando as demais tarefas a partir de nova
seus alunos conhecem o cantor e compositor, leitura. No Estudo do texto, será mais produ-
estimule sua participação – eles poderão tivo o trabalho em duplas, com a realização
contar o que sabem e cantar o que conhecem. de registro por escrito.

Leitura oral ou Professor, talvez seja oportuno apro-


audição de canção veitar para fazer levantamento das gí-
rias contemporâneas que correspondem
A leitura oral é pertinente no trabalho com a “me toquei” na questão 4 do Estudo
este texto exatamente porque as letras de do texto. Eles poderão fazer cartazes e
canções são textos verbais fronteiriços: são apresentarão: a gíria, a estimativa da
registrados por escrito, mas circulam oral- época em que começaram a utilizá-la (ou
mente e, em geral, sua recepção se dá pela a ouvi-la); a frase, situação ou contexto
audição. Note que a atividade de ler aqui im- em que foi empregada (e por quem) e
plica explorar os recursos rítmicos e melódi- apresentá-los aos colegas. Depois,
cos do texto. Do ponto de vista do aluno que com auxílio de um dicionário, desco-
lê, é importante que realize leitura expressiva, brirão como se pode dizer o mesmo
pois o objetivo não é fazer uma leitura corri- utilizando outros registros de lingua-
da, que não respeita a dinâmica do texto. Do gem: “dar-se conta”, etc. até o mais
ponto de vista do aluno que escuta, convém formal possível, como “perceber”,
que esteja atento a essas características, que “observar”. Em que situação essa
serão discutidas depois da audição. última forma seria a utilizada?
Caso possa executar a canção em áudio,
a leitura em voz alta pelos alunos será des-
necessária e você poderá partir da escuta da
canção para a resposta às perguntas feitas e
A situação esperada nesta tarefa é aquela
a discussão.
em que o recurso de áudio esteja disponível
e os alunos possam escutar a canção – mú-
Leitura silenciosa sica e letra. É seu papel batalhar por isso!
e estudo do texto A maneira mais simples é ter um aparelho
de reprodução de CDs e a canção em disco.
Para realizar as tarefas propostas nessas Outro modo bastante acessível é a execução
duas seções, será preciso que o aluno retor- pelo computador, diretamente na internet ou
ne à letra da canção e a leia silenciosamen- por download para gravação em disco. Mais
te, a não ser que a conheça muito bem e, um recurso consiste nos aparelhos de MP3
por exemplo, saiba cantá-la de cor. Nesse e afins: mesmo que haja movimentação e
caso, as perguntas anteriores ao texto pode- barulho na turma e isso implique que vários
rão ser respondidas até mesmo sem a leitura; alunos tragam seus aparelhos e os compar-
já as questões de Estudo do texto, não. Rea- tilhem, a dinâmica estará justificada no en-
lize cada uma das tarefas separadamente: o riquecimento importantíssimo que escutar a
questionamento feito na seção Leitura silen- canção oportuniza. Nesses casos de uso da
ciosa tem objetivos diferentes dos apresenta- tecnologia digital contemporânea, todo cui-
dos no Estudo do texto. Assim, organize a tur- dado é pouco com as questões de pirataria.
ma de modo a realizar a leitura do texto uma Certifique-se de que são sites de acesso livre
e de que os alunos não estão baixando can-
ções de modo não autorizado.
Elabore um texto sobre o tema da pro-
Por fim, há o recurso do rádio: não se des- 37
37
dução e leve para a aula, juntan-
carta um contato com rádios locais para exe-
do-se aos alunos na leitura
cutar a canção por encomenda. Uma manei-
em voz alta. Que músicas
ra interessante de ouvi-la seria a participação
fizeram e fazem a sua cabe-
do professor de Música, ou de um aluno que
ça? Que diferenças há entre
toque um instrumento musical e conheça
a sua geração e a dos alu-
a canção. Mas não esqueça: a adoção de
nos?
qualquer alternativa demandará mais tempo
do que o previsto para o desenvolvimento da
unidade.
Professor, encomende a preparação,
A canção Não vou me adaptar é um
em casa, da tarefa que ocupará a aula
ska, ritmo precursor do reggae jamaica-
chamada Antologia de canções. Estabe-
no. O objetivo aqui é conversar sobre as
leça o prazo e dê as seguintes instruções:
semelhanças entre canções e dar-se conta
- cada aluno terá que escolher uma mú-
de que as músicas de que gostamos, em
sica: sua canção favorita ou que é/foi
geral, têm algo em comum. Alguns alu-
importante por alguma razão;
nos, entretanto, gostam muito de música
- a canção vai fazer parte da antologia
e podem até conhecer subgêneros como
da turma e vai compor a “Caixa”, que
o ska ou outros gêneros contemporâneos,
será o projeto final da unidade;
que se misturam e criam toda a riqueza do
- na aula dedicada à “Antologia”,
universo musical de jovens e adolescentes.
cada aluno apresentará oralmen-
Aproveite a contribuição deles!
te sua canção e os motivos que o
Se houver tempo, interesse e disponibi-
levaram a escolhê-la;
lidade, apresente em aula o DVD
- ele deverá trazer a letra ou letra
dos Tribalistas ou dos Titãs.
e música, caso seja possível a
Para explorar o mesmo contexto
audição das canções.
a partir de outra canção, você
também pode utilizar a Sapato
36, de Raul Seixas, que pode ser
encontrada no YouTube.
Coloque no quadro, antes de iniciar a ati-
vidade, os apontamentos sobre gostos musi-
Produção de texto cais da turma já registrados anteriormente e
enriqueça o quadro de informações com o
Nesta produção, cada aluno aproveitará que for aparecendo conforme os alunos vão
toda a discussão para criar seu texto e tam- procedendo à leitura. Recolha os textos. Eles
bém terá oportunidade de refletir sobre o permitirão que você avalie o que precisa ser
problema levantado. Nas atividades de pro- trabalhado pelos alunos para que sejam ca-
dução escrita, é importantíssimo preservar o pazes de produzir o texto final e participar do
papel da interlocução: todas as tarefas de- projeto da “Caixa”. Utilize-os para montar o
vem prever os leitores pretendidos, que de- quadro de percentuais que será colocado
vem ser concretos sempre que possível. Por no quadro-negro nas aulas de leitura que se-
isso, a leitura prévia dos textos é tão impor- guem, para a comparação entre a turma e o
tante. perfil estatístico dos jovens brasileiros.
utilizada pelo jornal. Coloque os percentuais
Os jovens e a música que você calculou no quadro-negro e conver-
38
38
(Aulas 3, 4 e 5) se um pouco com os alunos sobre seu sig-
nificado. Que gêneros musicais apareceram?
Estas aulas trabalham a leitura, a revisão Que gêneros ficaram ausentes?
da produção textual e a reflexão linguística. O
texto privilegiado é uma reportagem de jornal.
Propõe-se que reflitam sobre a segmentação Leitura silenciosa 1 e 2
das informações em frases ou organizadas em
um único período complexo; os mecanismos de Professor, note que, nos dois casos,
coordenação de orações; o uso da pontuação propõe-se a leitura silenciosa no Caderno
no período. Os alunos terão oportunidade de do Aluno. Esse procedimento é de grande
comparar dados interpretativos da realidade importância, pois é a maneira predomi-
social; relacionar elementos textuais verbais e nante de ler na vida dos leitores ativos.
não verbais na leitura de textos jornalísticos, re- Se seus alunos vivem em contextos sociais
conhecendo o sentido global de um texto. em que se lê pouco, como aprenderão
a ler do modo como se lê nos contextos
Preparação para a leitura em que se lê muito, se jamais o fizerem
na escola? Assim, a leitura silenciosa é
A atividade de preparação para a leitura enfatizada em toda a unidade, e em toda
procura recuperar conhecimentos prévios ou a vida escolar, reservando a leitura oral
até mesmo oferecê-los aos alunos. É impos- apenas para gêneros que se prestam a
sível compreender o texto que segue sem sa- isso (por exemplo, as letras de canções,
ber o que significam números em percentuais. o poema, o texto teatral, entre outros).
Além disso, é bom que possam tornar concre- Lembre-se de que, em situações avalia-
to o procedimento estatístico envolvido: daí a tivas, seus alunos não contarão com o
proposta de, considerando a turma como uni- apoio da leitura oral. Mais importante
verso, ver o que acontece ali em termos per- ainda: se não aprenderem a ler silencio-
centuais. Outro objetivo da atividade é pre- samente, jamais lerão como se lê a maio-
parar o contexto necessário para que possam ria dos textos que circulam no mundo.
fazer comparações entre grupos diferentes de A desejada avaliação da qualidade
pessoas ao lerem o texto, aproximando os da- da leitura do aluno deve ser feita por
dos do texto jornalístico e os dados da turma, meio das tarefas: o aluno consegue
além de servir para que entendam as diferen- cumpri-las? Se consegue, soube ler.
ças de resultados entre os grupos da amostra Conquistá-los para a leitura atenta
vai requerer grande energia, mas é
fundamental e valerá a pena!
Será muito bom se você puder desen-
volver esta atividade em conjunto com o
professor de Matemática. As formas para
essa contribuição poderão ser
muitas, sendo a mais interessan- A tarefa com os textos sobre as escolhas
te a docência compartilhada. Se musicais do jovem brasileiro e sobre forró é
isso for possível, engaje o pro- dividida em duas partes de forma a viabili-
fessor de Matemática na discus- zar a leitura da página do jornal como um
são sobre seus gostos musicais. todo: como vai andando pela página o
olhar de alguém que pega o jornal nas
mãos para ler? As tarefas propostas são
planejadas para chamar a atenção para es- Realize a Leitura silenciosa 2 antes de en-
sas estratégias de leitura e permitir que os trar no Estudo do texto; cada bloco de per-
alunos se valham das informações de con- guntas dirige a atenção do aluno para um 3939
texto e de textos não verbais, muito impor- aspecto diferente da leitura. Note que, na re-
tantes na leitura do jornal. Ao ler jornais, o portagem, a dança aparece como a grande
leitor não dirige sua atenção apenas ao tex- razão dos jovens para frequentarem os bailes
to verbal: os demais textos que lhe servem de forró; dançar parece ser até mais impor-
de apoio, o modo como tudo se distribui na tante do que paquerar. Discuta como isso vai
página, etc. dão suporte para a realização aparecendo no texto – a resposta à pergunta
de uma leitura global que lhe permita, por feita antes do texto tenta chamar a atenção
exemplo, saber o suficiente para selecio- do aluno para sua leitura global e para a se-
nar apenas alguns dos textos para leitura leção do elemento que justifica a presença
mais atenta ou inteirar-se do que o jornal desse texto na reportagem: explicar o percen-
contém em uma determinada edição, mes- tual de 25% de escolha do forró. Isso não é
mo que não disponha de tempo para ler dito explicitamente, precisando ser compre-
tudo. Essa leitura de contexto dá direções, endido por meio de inferências.
até mesmo para o leitor que se decida a
ler uma matéria inteira, pois ele já iniciará Estudo do texto
a leitura corrida do texto verbal com uma
série de informações de contexto retiradas Realize os blocos de perguntas separada-
da leitura global da página. A vivência des- mente; peça aos alunos que tomem notas de
sas estratégias de leitura, ligadas a gêneros suas respostas e organize a classe de modo
do discurso e seus suportes específicos, faz que possam trocar ideias sobre o que leem.
parte dos conteúdos de ensino de leitura e Na pergunta 6, retome, ao discutir a resposta
deve ser enfatizada sempre que possível, o dos alunos, a conversa que tiveram sobre a
que será favorecido pelo manuseio do texto foto de pés e pernas que aparece no topo
em seu suporte. da reportagem. Na pergunta 7, mostre que
essa questão da temperatura é usada para
No final da primeira parte da tarefa, é fechar o texto, mencionando os ventiladores.
feita uma pergunta sobre os cadernos de A pergunta sobre a palavra “consenso” serve
jornais dominicais. Para respondê-la, os de estudo de vocabulário: passe a utilizar a
alunos precisam ter contato com jornais e palavra sempre que possível. Note que, para
manuseá-los. Traga jornais completos, de
dias úteis e de sábado e domingo, peça Professor, um dos elementos mais for-
que os alunos relatem que cadernos lá temente correlacionados a bons índices
encontram. Se não for possível, mostre de leitura em diversos tipos de avalia-
um caderno regular, como o de notícias ção é a riqueza do vocabulário do lei-
sobre o Brasil ou o de esportes, e cader- tor. As tarefas de leitura são importantes
nos especiais, como os de cultura e varie- para oportunizar sua aquisição de modo
dades, que saem em fins de semana, ou contextualizado: sempre que possí-
os destinados à faixa etária dos alu- vel, discuta as palavras novas e faça
nos. Após, discuta as decisões edi- provocações posteriores que tenham
toriais: por que tais cadernos saem sentido em um discurso e que permi-
nos fins de semana? Problematize tam a consolidação das aquisições.
também a questão do público su- É difícil aprender palavras olhando
posto pela linha editorial do jornal. listas e decorando: é no uso que as
aprendizagens se fortalecem!
produzir o projeto final da “Caixa”, os alunos • a noção de período, especialmente o perío-
terão de negociar e tomar decisões conjun- do complexo;
40
40 tas; esta será uma boa oportunidade de reto- • a coordenação;
mar o emprego da palavra “consenso” com • o emprego de sinais de pontuação para
sentido e em contexto. marcar as fronteiras entre esses tipos de seg-
mento.
Linguagem É claro que a formação de períodos por
subordinação também está relacionada a
Nesta seção, a proposta é realizar um estudo esse universo de tópicos, mas, neste momen-
contextualizado de quatro tópicos de gramática to, a tarefa permite que se focalize a coorde-
da língua escrita, que estão interligados: nação ao chamar atenção para casos desse
• as noções de frase e de oração; mecanismo que aparecem no texto.

Professor, não reduza a aula em exposição das definições de tudo isso a partir da gramá-
tica. Esta não é uma aula sobre os nomes frase, oração, período e orações coordenadas.
Tampouco é uma aula de análise sintática interna e externa. A abordagem aqui busca sen-
sibilizar o aluno para as relações desses segmentos com os sentidos do texto e mostra que
muitas vezes as decisões são do autor, que faz escolhas significativas. Aqui vai ponto? Aqui
vai vírgula? Cabe aqui um nexo para juntar as frases? Aqui vai dois-pontos? Trabalhe sobre
os textos lidos e sobre os escritos pelos alunos. Retome, junto com os alunos, alguns trechos
e faça-os refletir sobre como segmentar as unidades de sentido percebidas nos textos produ-
zidos por eles: como fica melhor organizar isso?
Há algumas regras básicas:
1) Não unir, pelo uso de vírgula e conjunções como “e” ou até “e daí”, frases que não fun-
cionam como uma série, pois não estão no mesmo nível ou agrupamento semântico. Procure
mostrar aos alunos essa diferença. Selecione frases de seus textos que podem fazer parte de
uma coordenação e frases que têm funções independentes e devem ser separadas por ponto.
Coloque os dois grupos de frases no quadro e discuta com eles a diferença.
2) Não separar com ponto final fragmentos que não têm um sentido independente. Note que
neste texto da Folha de São Paulo há vários segmentos sem verbo explícito que estão sepa-
rados por ponto final (por exemplo, “No teto, bandeirinhas de São João”). Logo, a regra de
procurar o verbo para garantir a correção do uso do ponto não é tão ­esclarecedora: “um
verbo por frase separada por ponto” é um princípio que não conta toda a história. O uso
do ponto para separar frases nominais, adverbais, etc. é bem frequente na escrita brasileira
contemporânea; nossos grandes cronistas, por exemplo, usam muito esse recurso. O que im-
porta é que o aluno reconheça que o segmento funciona independentemente no contexto
em que ocorre, daí a importância de ir e voltar aos textos todo o tempo.
Você vai usar os termos técnicos com naturalidade, mas os próprios alunos devem, aci-
ma de tudo, aumentar sua capacidade de refletir sobre os usos desses elementos em
sua escrita.
Ao final, para sistematizar o aprendido em relação aos tópicos discutidos, publique um
cartaz com os conceitos e exemplos e mantenha-o exposto na classe, possibilitando a
consulta sempre que for necessário.
Revisão de texto • caso você julgue que todos os alunos pre-
cisam de seu apoio constante para a reali-
Divida a classe em trios e proponha a re- zação da tarefa, realize a revisão proposta 4141
visão dos seus próprios textos com relação coletivamente, colocando trechos de textos
a problemas de segmentação. Você terá um no quadro e fazendo as divisões e agrupa-
papel importante na organização deste tra- mentos passo a passo junto com a turma.
balho, pois só você conhece os alunos da
classe, o modo como escrevem e o quanto
conhecem das convenções da escrita. Lem- Antologia de canções
bre-se de lançar mão de estratégias como as (Aula 6)
seguintes:
• pense na divisão da turma em trios: você
Nesta aula, os alunos fazem uma apre-
acha que é mais produtivo colocar alunos
sentação da canção que escolheram para
que já têm uma capacidade de reflexão
compor a antologia da turma. As atividades
maior junto com os que ainda não têm
se propõem a desenvolver as habilidades de
para que troquem e se apoiem? Ou será
expressar-se oralmente, compartilhar e tornar
melhor agrupá-los de forma a juntar os
públicos, pelo uso da linguagem oral, conhe-
alunos que precisam mais de você em um
cimentos próprios, e ler para estabelecer cone-
ou mais grupos entre os quais você vai cir-
xões entre textos artísticos e vivências pessoais.
cular, ajudando?
• devolva os textos com comentários e pis-
tas; se você tem alunos que ainda escre- Produção oral
vem blocos de orações – sem parágrafos
e sem divisão em frases –, talvez seja mais Organize a classe de modo a garantir o
produtivo devolver seus textos com bilhe- respeito mútuo: esses momentos são impor-
tes e dicas. Mostre ao aluno por onde tantes para o estabelecimento de relações
começar sua revisão; por exemplo, você produtivas entre os alunos e para a apren-
pode oferecer a ele uma leitura de um dos dizagem de comportamentos no uso oral da
parágrafos, indicando o número de fatos, língua em situações públicas. Se necessário,
eventos, descrições ou ideias ali expressas, combine antes de começar a tarefa quais
e pedir que ele separe cada um/uma em serão as regras para seu funcionamento.
uma frase independente. O emprego de Quanto tempo terão? Que comentários e
blocos de orações é uma fase bem geral, intervenções serão julgados pertinentes? Ao
pela qual todos passam na aprendizagem final, recolha as letras das canções para re-
das convenções da escrita. Não se esque- distribuir no dia em que forem começar a
ça de que houve um momento da história escrever os textos autobiográficos que acom-
humana na qual os textos escritos não ti- panharão a canção no projeto da “Caixa”.
nham pontuação!
Professor, este é um bom momento
Importante! A adequação da tarefa para realizar uma avaliação. Não jul-
proposta à realidade de sua turma pode- gue a qualidade da seleção dos alu-
rá alterar a duração prevista inicialmente. nos; expressar-se é um direito e deve
Não hesite, faça o que for necessário para ser assegurado. Entretanto, a parti-
o melhor rendimento do grupo, pois é pre- cipação nesta atividade precisa ser
ciso assegurar condições para a constru- valorizada, pois está ligada à capa-
ção de aprendizagens significativas! cidade do aluno para trabalhar em
conjunto e realizar projetos.
Vida em canção A tarefa de contextualização, de reto-
42
42 (Aulas 7, 8 e 9) mada de conhecimentos prévios, de con-
tato com a obra do compositor e com
Nestas aulas, a unidade aproxima os gê- informações sobre ele pode ser muito
neros canção e autobiografia, oferecendo enriquecida. Uma das formas de fazê-la
para leitura uma canção de temática auto- é trazer outras canções de Chico Buar-
biográfica e uma nota autobiográfica, que que para simples apreciação, se você ti-
tem um tom ficcional, escrita pelo mesmo ver acesso a aparelho de áudio e discos,
autor. Os alunos poderão desenvolver a ati- reservando a discussão mais aprofunda-
tude investigativa, privilegiando a contextu- da para a canção selecionada. Outra é
alização de um assunto de modo a acres- a pesquisa sobre o autor na internet –
centar outras informações às do senso co- há inúmeras fontes para isso, e
mum; compreender os efeitos do tratamento cada aluno pode se responsabi-
de uma mesma temática por textos de dife- lizar por trazer um dado sobre o
rentes gêneros; ­realizar inferências a partir compositor. A audição de can-
de pistas linguísticas e culturais presentes ções também está disponível
em um texto; reconhecer o efeito de sentido na internet.
decorrente da escolha de uma determinada
palavra ou expressão e da exploração de
recursos linguísticos específicos; reconhe-
cer, na obra poética, a liberdade do autor
no uso da linguagem e a liberdade do leitor Leitura oral ou
na interpretação; reconhecer elementos da audição de canção
biografia do autor na composição poética;
apreciar como a linguagem literária atribui
novos significados à realidade por meio da Professor, novamente esta atividade
criação de novas associações. pode ser enriquecida pela presença do
material em áudio. Você verá que as
Preparação para a leitura referências feitas a músicos na letra en-
contram analogias com as produções
A preparação para a leitura parte da capa musicais desses artistas. Ela está gravada
do disco Paratodos. Chame a atenção dos nos discos Paratodos e Chico ao vivo. Há
alunos para a variedade de tipos que apa- também alguns recursos na internet, con-
recem nas fotos: são pessoas que podem forme acessos feitos em agosto de 2008:
ser vistas como representativas de diferentes - a música pode ser ouvida, em uma ver-
idades, regiões do Brasil, culturas, etc. Esta são ao vivo, no site oficial do compositor:
capa é eloquente do ponto de vista da temá- www.chicobuarque.com.br;
tica Eu e os outros. Até mesmo a escolha da - há também um vídeo disponível no site
foto de frente e de perfil, numerada, evoca www.youtube.com (o link é www.you-
a constituição do sujeito como membro de tube.com/watch?v=BF03rcdA8Y4).
uma estrutura pública, em sua relação com Esta é uma versão interessante por-
instâncias oficiais, além de flagrar o artista que aparecem vários artistas, como
como pessoa comum. Tudo isso pode ser Tom Jobim e Caymmi, citados na
bem explorado na discussão. letra.
Organize a classe de modo bem dinâmi- das palavras que a turma precisa procurar. O
co: os alunos ouvirão a canção e cada um mesmo vale para as demais tarefas: assegu-
anotará dois elementos autobiográficos que re-se de que os alunos troquem ideias sobre 4343
encontrarem ali. Depois, no quadro, liste o a canção e tomem notas. Discuta as respos-
que encontraram. A partir da lista, discuta a tas dadas. Não se esqueça de que esta letra
canção: de que se trata? Por que se chama de canção é cheia de alusões, ambiguidades
Paratodos? Quem são todos? Volte aos ele- e sutilezas: não faça um fechamento; as re-
mentos da capa depois da leitura da canção: lações estabelecidas pelos alunos devem ser
a capa adquire novos sentidos depois do trabalhadas por meio do retorno ao texto e
contato com essa letra? da busca de consensos.

Estudo do texto Leitura silenciosa


Na primeira leitura, o objetivo é tão so-
mente a percepção das coincidências temá-
Professor, são muitos os nomes que
ticas entre os dois textos: a discussão das in-
aparecem nessa canção, alguns mais
fluências de outros, importantes personagens
conhecidos, outros menos. A decisão de
da cultura brasileira, na formação do autor, a
recuperar informações enciclopédicas e
natureza autobiográfica dos textos e o desta-
culturais sobre cada um desses nomes
que de Tom Jobim. Se alguns dos alunos per-
será sua. É claro que sempre vem bem
cebem uma dessas características, mas não
uma discussão daquilo que os alunos já
as outras, valha-se da troca entre eles para
sabem – nessa ocasião, alguns pode-
chegar a esses três aspectos: não importa
rão aprender o que não sabem e outros
aqui saber exatamente quem é Oscar, quem
aprenderão que seus conhecimentos têm
é Tom Jobim. Importa reconhecer a função
um valor sócio-histórico reconhecível.
do texto e empreender, a partir da leitura glo-
Você pode querer montar a coluna dos
bal, associações com o trabalho em curso na
nomes conhecidos e dos desconhecidos,
unidade.
para propor atividades. Por exemplo,
os alunos podem entrevistar adultos,
na escola e em casa, ou pesquisar Estudo do texto
sobre os nomes desconhecidos. O
importante aqui é aproveitar esses Neste grupo de tarefas sobre o texto, aí
nomes para levá-los ao entendi- sim é valorizada a compreensão de passa-
mento global da referência a es- gens mais específicas e o trabalho de refle-
ses artistas na canção! xão sobre as associações importantes para a
leitura, seja com elementos de contexto, seja
entre os elementos dos textos. Discuta o va-
lor referencial de certas redes de palavras;
por exemplo, as relações entre as palavras
Possibilite a discussão global da canção e e expressões “projeto”, “geometria descriti-
as tarefas de Estudo do texto em momentos va”, “topografia”, “arquitetura” e “canudo”.
separados. O estudo de vocabulário propos- Explore a estrutura da palavra “anteprojeto”
to no início deve ser dinâmico, de modo a para a interpretação, com seu ­prefixo /­ante-­/.
não tomar tempo demais e a viabilizar uma Essas palavras vão marcando a passagem do
leitura atenta de passagens da canção. autor pelo curso universitário de Arquitetura
Distribua dicionários e divida as tarefas, e explicam o papel das referências a Oscar
depois de fazer, no quadro, um levantamento Niemeyer.
Linguagem Leitura silenciosa
44 As tarefas de reflexão linguística retomam o
e estudo do texto
44
estudo do vocabulário e da estrutura de pe-
Retome a leitura do texto e conduza, em
ríodos já feitos anteriormente, consolidando o
grande grupo, uma exploração compreensiva
trabalho com os recursos linguísticos. É preciso
a partir das questões propostas no Caderno
sempre retornar aos tópicos tratados diante de
do Aluno. É importante que os alunos obser-
novos textos, de modo que os alunos perce-
vem que se trata de um texto apoiado na me-
bam as recorrências, construindo conhecimen-
mória pessoal do autor (daí ser autobiográ-
to sobre o que é de funcionamento estrutural
fico), construído com uma intenção literária.
da língua e perpassa os textos de modo geral.
Destaque a frase “O poeta nasceu de treze”
Esse é um trabalho contínuo: não se aprende
e mostre como o autor exerce liberdade de
a estruturar textos conforme as convenções da
escolha, realizando associação entre nascer
escrita de uma só vez.
(de sete meses/ de nove meses/ de treze) e
referindo a si mesmo como outro (O poeta
Caixa da canção – nasceu – 3ª pessoa). Isso mostra o uso inova-
caixa da memória dor de uma expressão do cotidiano e também
(Aulas 10, 11 e 12) o caráter literário do texto. Por esse motivo,
é possível dizer que ele possui uma função
Nestas três aulas, os alunos vão redigir mais que utilitária, onde interessa não ape-
uma autobiografia e iniciar a montagem de nas o que se diz, mas principalmente como
antologia com as canções acompanhadas dos se diz. Outro exemplo importante diz respeito
textos autobiográficos que comporão um livro- à liberdade de criação de palavras, mostrada
caixa. As habilidades a serem desenvolvidas no próprio título – O fraseador, termo não en-
são as seguintes: escrever notas autobiográ- contrado no dicionário, mas facilmente com-
ficas; revisar e reescrever textos; identificar o preensível no contexto.
leitor pretendido em produções de texto; apre- Na sequência, discuta os elementos carac-
ciar como a linguagem literária atribui novos terísticos da nota autobiográfica encontrados
significados à realidade por meio da criação no texto, instrumentalizando o aluno para a
de novas associações e reconhecer o efeito de escrita posterior:
sentido decorrente do emprego da pontuação
na produção do próprio texto.
Uma nota biográfica contém:
Preparação
para a leitura • Fatos do passado e avaliações sobre
eles.
Traga para a sala de aula algum dos livros- • Relações entre as experiências vividas
caixa da trilogia de Manuel de Barros Memó- e as decisões do sujeito, ou seja, rela-
rias inventadas. Se não for possível, reporte-se ções entre passado e presente, ou entre
às informações do Caderno do Aluno e explo- o passado e o futuro que o seguiu.
re-as, apresentando a caixa como uma ideia • Comentários sobre pessoas que in-
para suporte da antologia da turma. Diga que, fluenciaram a história do sujeito.
mais tarde, voltarão a conversar sobre isso. • Sentimentos e características da perso-
A seguir, ofereça informações de contexto nalidade do sujeito.
para a leitura de um fragmento do livro que • Registro em primeira ou em terceira
inspira o projeto. Discuta as tarefas com os pessoa.
alunos e peça que façam a leitura das infor-
mações sobre o autor contidas no quadro.
Produção de texto utilizá-los para posteriores releituras dos pró-
prios textos.
Novamente aqui, é fundamental que as 45
45
etapas propostas no Caderno do Aluno sejam Planejamento da
cumpridas, especialmente a de revisão e re-
escrita. Coloque no quadro os elementos ca-
caixa da memória
racterizadores do texto autobiográfico e deixe
Sugira aos alunos a confecção de um
essa informação à vista, enquanto os alunos
livro-caixa semelhante ao de Manuel de
se ocupam de planejar e redigir seu texto.
Barros para guardar a canção e o texto pro-
duzido a partir dela. Planeje sua execução,
Revisão e finalização proponha que recolham materiais, folheiem
do texto revistas, encontrem ilustrações, escolham
papéis, imagens ou outros recursos. Trace,
Além da leitura dos textos pelos colegas, juntamente com a turma, uma estratégia de
para posterior reescrita das notas autobio- trabalho: uma equipe de voluntários fará
gráficas, você pode querer recolhê-los e pe- isso? Toda a turma fará, em momento poste-
dir que os alunos realizem outras alterações, rior? Cada aluno terá sua tarefa e depois o
antes de darem a forma final a suas páginas professor reunirá tudo? A própria discussão
e montarem a caixa. Nesse caso, use o mes- disso, o registro das decisões e a montagem
mo instrumento de avaliação do texto que de um cronograma são atividades plenas de
oferecemos no Caderno do Aluno, de modo aprendizagem e demandarão tempo para
que a turma repasse aqueles critérios e possa sua realização.

Organização do sarau

Uma atividade para reforçar a natureza dialógica da escrita poderá ser a realização de
um sarau de lançamento da Caixa de Memórias em um evento da comunidade escolar
ou no final do ano letivo. Nele, os autores apresentarão as canções escolhidas e a leitura
de suas notas autobiográficas, contextualizando a escolha das canções.

Procedimentos de organização
1. Divida a turma em grupos, a partir das escolhas temáticas ou autores.
2. Sugira que escolham uma forma criativa de apresentar as canções, entremeadas com
alguma reflexão produzida.
3. Se desejarem, poderão organizar uma forma atual de apresentação das canções,
transformando seu ritmo, dramatizando, etc. Também é possível criar uma coreografia
para mostrá-las ou acompanhar a apresentação com um instrumento musical.
4. A turma poderá ainda pensar em um cenário para as apresentações, de modo a tornar
o evento uma atividade relevante de socialização com a comunidade escolar, através
de convite a outras turmas e aos familiares. Nesse caso, se possível, conviria
escolher um espaço diferente da sala de aula.
5. Na ocasião, dê destaque à Caixa de Memórias, cujo conteúdo será objeto
desse sarau.
6. Você poderá ainda destacar alunos que atuarão como mestres de cerimô-
nias, introduzindo as participações artísticas.
Referências
46
46 ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e intera- NEVES, Maria Helena Moura. Que gramática estudar
ção. São Paulo: Parábola, 2003. na escola? Norma e uso na língua portuguesa. São
BARROS, Manoel. Memórias inventadas: a infância. Paulo: Contexto, 2003.
São Paulo: Planeta, 2003. ______. Gramática de usos do Português. São Paulo:
cliquemusic.uol.com.br Ed. da UNESP, 2000.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do PROENÇA FILHO, Domício. A linguagem literária.
português contemporâneo. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: São Paulo: Ática, 1986. Excertos disponíveis em:
Nova Fronteira, 2001. www.ufrgs.br/proin/versao_1/textos/linguagem.doc.
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Acesso em: 18 ago. 2008.
Versão 1.0.5a. Instituto Antônio Houaiss; Objetiva, Projeto Araribá: Português. Obra coletiva de respon-
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escrita: apresentação de um procedimento. In: SCH- ROJO, Roxane (Org.). A prática de linguagem na
NEWLY, B.; DOLZ J. Gêneros orais e escritos na esco- sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo: EDUC;
la. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 95-128. Campinas: Mercado de Letras, 2000.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio SILVA, Fernando de Barros e. Chico Buarque. São
século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Paulo: Publifolha, 2004. (Coleção Folha Explica)
rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. SOARES, Magda. Português: uma proposta para o
Folha de São Paulo, Caderno Especial 1 – Jovem sé- letramento. São Paulo: Moderna, 2002. Livros 7 e 8.
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FRANCHI, Carlos. Criatividade e gramática. In: rial, 2004.
FRANCHI, C.; NEGRÃO, E.; MÜLLER, A. L. Mas o TINHORÃO, Jose Ramos. História social da música
que é mesmo “Gramática”? São Paulo: Parábola, popular brasileira. São Paulo: Editora 34, 1998.
2006. www.chicobuarque.com.br.
HOLLANDA, C. B. Tantas palavras. São Paulo: www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp.
Companhia das Letras, 2006. www.youtube.com.br.

Este caderno teve a colaboração de Alexandre Nell, Ricardo Ribeiro e William Kirsch.
Ensino Médio
10 ano

Ana Mariza Ribeiro Filipouski


Diana Maria Marchi
Luciene Juliano Simões
Zoom: olhe de perto
e invente seu cotidiano 49
49
Nesta unidade, a temática privilegiada é nidade de compreender melhor o mundo em
o cotidiano e sua interpretação. A proposta que vivem, qualificando uma atividade coti-
provoca o aluno a olhar de perto o seu dia diana: a leitura de jornais e revistas.
a dia, tentar compreendê-lo e recriá-lo, esta- As leituras e a produção textual são acom-
belecendo relações entre sua vida e o texto panhadas de várias provocações para que os
literário. Para isso, a unidade propõe o estu- alunos pensem no uso da língua portuguesa
do do gênero crônica, focalizado como um como recurso para a constituição dos textos
texto narrativo que dá lugar à reflexão sobre que leem e dos que produzem. Do mesmo
os significados de vivências corriqueiras. Do modo, instrumentalizam para a leitura literária
ponto de vista literário, faz-se o estudo das e para a reflexão sobre a crônica, seus modos
características da crônica e a leitura de au- de constituição e suas especificidades.
tores importantes na história desse gênero no
Brasil, para ampliar o repertório dos alunos e Habilidades
qualificá-los como leitores.
A crônica, como gênero híbrido, que tran- • Relacionar informações constantes do texto
sita entre a linguagem jornalística e a literária, com conhecimentos prévios, identificando
está presente em periódicos e é de fácil leitura, situações de humor, opiniões e valores im-
oferecendo excelentes oportunidades de refle- plícitos.
xão a respeito da língua e de produção de • Identificar e utilizar produtivamente conhe-
texto. Os alunos escreverão crônicas, transfor- cimentos contextuais e situacionais que per-
mando em temas e reinventando o que lhes mitam a construção da imagem de locutor/
acontece diariamente: as relações com seus produtor e interlocutor/leitor.
pares, sua inserção no mundo escolar, sua • Analisar mudanças na imagem de locutor/
história. Essa produção, além de favorecer a produtor e interlocutor/leitor em função da
manifestação pessoal, constitui-se em oportu- substituição de índices situacionais.

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, terão vivenciado oportunidades de desenvolver as com-
petência de:
• Ler: ler textos literários e relacionar seus sentidos a elementos da vida cotidiana e a ele-
mentos do contexto sociocultural; reconhecer as características típicas de uma narrativa
ficcional (a crônica); reconhecer a relação entre os recursos lexicais empregados na crô-
nica e esse gênero do discurso; reconhecer a relação entre a pessoa do discurso utilizada
para narrar e o ponto de vista narrativo.
• Escrever: produzir textos narrativos acerca de temas do cotidiano, apropriando-se de
características do gênero crônica e utilizando-as de forma competente; revisar e reescre-
ver o próprio texto, com especial atenção ao emprego dos seguintes recursos: escolhas
lexicais, tempos verbais, pessoa do discurso.
• Resolver problemas: avaliar a propriedade da incorporação de dados da realidade
na construção do universo ficcional; construir generalizações sobre o emprego de tempos
verbais na narrativa, a partir da leitura e da reflexão sobre os recursos utilizados em um
texto; utilizar os conhecimentos construídos ao longo da unidade em novas situações de
leitura e de escrita.
• Reconhecer características da crônica como tificar índices contextuais e situacionais que
narrativa de ficção. permitam a construção da imagem de locutor
50
50 • Incorporar ao seu repertório recursos para e de interlocutor; reconhecer e incorporar ao
a produção escrita. seu repertório recursos lexicais.
• Reconhecer e utilizar produtivamente os
contrastes entre tempos verbais para obter Para começar a conversa
efeitos semânticos na construção de um
texto. Leia com os alunos a apresentação da
unidade e as questões motivadoras do tra-
Conteúdos: balho. Dê algum tempo para responderem
e encaminhe uma conversa em tom explora-
• Crônica: circulação social e funções, co- tório, de modo a resgatar suas leituras pré-
nexões com aspectos socioculturais per- vias, enumerando os aspectos que lembra-
ceptíveis em suas temáticas. rem a respeito do gênero crônica.
• Cronistas da literatura brasileira: Artur da
Távola, Carlos Drummond de Andrade,
Clarice Lispector, Fernando Sabino, Lou- Quais são os lugares onde costumam
renço Diaféria, Luiz Fernando Verissimo, ser publicadas crônicas? (suporte)
Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Vi- Quem costuma narrar as crônicas? O
nicius de Moraes. narrador conta o que aconteceu com ele
• Tempos verbais: valores e uso do presente, (1ª pessoa) ou narra histórias de outros (3ª
do pretérito perfeito, do pretérito imperfei- pessoa)? (narrador)
to na narrativa. As crônicas são fáceis de ler? Por quê?
• Léxico coloquial na língua escrita: rela- Quando você pensa em crônica, que ima-
ções com o gênero do discurso “crônica”. gem lhe vem à mente? De um texto muito
longo e cansativo, difícil ou não? (código)
Duração prevista: 12 aulas Onde o cronista procura o assunto?
Apresenta fatos históricos, distantes no tem-
Recursos necessários: dicionários; jor- po? (assunto/contexto)
nais, revistas e livros que contenham crô- A que tempo ela se refere?
nicas; retroprojetor, lâminas ou plásticos e (tempo)
canetas para retroprojetor. A quem uma crônica se des-
tina normalmente? Isso costuma
ficar claro no texto? (leitor)
Pensar e agir
no cotidiano
(Aulas 1, 2 e 3)
Professor, não cobre conceitos ou
Nestas aulas, faz-se uma primeira apro- definições, apenas auxilie-os a re-
ximação ao gênero crônica com base no re- lembrar o que já viram, leram e/
pertório já construído pelos alunos, tendo em ou estudaram a respeito do gêne-
vista reconhecer o que sabem da natureza da ro. Faça perguntas para chamar a
crônica. As habilidades desenvolvidas são as atenção sobre aspectos que po-
seguintes: relacionar informações constantes dem observar, mas restrinja-se a
do texto com conhecimentos prévios; inferir anotar o que disserem.
opiniões e valores implícitos nos textos; iden-
51
51
CRÔNICA
CARACTERÍSTICAS AUTORES

CÓDIGO
FINALIDADES/
SUPORTE
TIPOS
NARRADOR

CONTEXTO

ETC.

Oriente a discussão por meio das ques- Preparação para a leitura


tões sugeridas no quadro da página 44, de
modo a assegurar comentários relativos ao A atividade inicial tem o propósito de con-
suporte (jornal e revistas, daí ser chamada textualizar a crônica a ser lida no universo
de “gênero jornalístico”, ou livro, quando de inquietações dos alunos, permitindo que a
tende a permanecer no tempo e é conheci- primeira leitura do texto seja relacionada aos
da como crônica literária), ao tipo de nar- modos como os jovens da turma encaram os
rador (predominantemente 1ª pessoa), ao mesmos temas de que trata o autor. Dê al-
código (a língua cotidiana, de base colo- gum tempo para se inteirarem das perguntas
quial), ao assunto (trata de temas do dia a e depois passe a trabalhar no grande gru-
dia, atuais), ao contexto e ao tempo a que po. Dedique especial atenção aos contras-
se referem (predominantemente o presente, tes entre ficar e namorar: faça o registro das
compartilhado por produtor e leitor), ao lei- conclusões dos alunos no quadro, listando
tor (o homem comum, supostamente leitor as características que oferecem para cada
de jornal). Anote também autores mencio- modo de se relacionarem. Mantenha essa lis-
nados. ta em lugar visível durante o estudo do texto.
Construa um esquema a partir das lem-
branças referidas e peça que os alunos o
copiem em seus cadernos. Recorra a ele du- Leitura silenciosa
rante todas as aulas dedicadas ao estudo
da crônica, complementando ou reformu- Peça que os alunos leiam silenciosamente o
lando o que for necessário. Para isso, será texto, apropriando-se dele para discutirem as
muito interessante que o mantenha exposto perguntas que o antecedem. Essas perguntas
na sala durante o desenvolvimento de toda dirigem a atenção para uma finalidade com-
a unidade e que vá acrescentando detalhes patível com a leitura social das crônicas: parar
decorrentes das aprendizagens que forem para pensar na própria vida a partir de um tex-
construídas. Use papel cartaz ou outro e to leve e bem humorado. A ideia é que leiam,
copie-o ou peça o auxílio de um aluno vo- relacionem o lido com as suas experiências,
luntário. observando os argumentos usados pelo autor.
Estudo do texto
Professor, note que a tarefa, no Ca- As perguntas desta seção devem ser res-
52
52 derno do Aluno, propõe a leitura si- pondidas individualmente após uma segunda
lenciosa, que é a maneira como geral- leitura da crônica. O objetivo é levar os alunos
mente lemos em nossa vida cotidiana. a identificarem as características deste gênero
Se os alunos vivem em contextos sociais do discurso, realizando conexões entre o texto
em que se lê pouco, ter a possibilidade e a discussão inicial sobre crônica. Faça a so-
de ler silenciosamente é ainda mais im- cialização das respostas individuais e oriente
portante para que ele se torne um leitor a observação dos elementos constitutivos da
cada vez mais autônomo. A leitura oral crônica, mas não realize uma análise exaus-
pode ser focalizada em gêneros dis- tiva nestas primeiras aulas, pois o estudo da
cursivos como poemas, peças teatrais, crônica como gênero vai ocupar mais tempo
canções, gêneros nos quais isso é es- ao longo da unidade. Estabeleça uma relação
perado. Lembre-se de que, durante ava- entre três pontos: as inquietações dos alunos,
liações externas, eles não contarão com o tratamento de questões cotidianas em crô-
o apoio da leitura oral. Mais importante nicas e a crônica como gênero privilegiado
ainda: se não aprenderem a ler silencio- para esse tratamento. Identifique e aproveite,
samente, jamais lerão a maioria dos tex- nessa ocasião, as anotações do esquema ela-
tos que circulam no mundo. A avaliação borado na primeira aula, complementando-o
deve ser feita pela tarefa: o aluno com as respostas dos alunos.
conseguiu cumpri-la? Se conse-
guiu, soube ler. No ensino médio,
os alunos já devem ter condições Linguagem
de se concentrar em um texto
O trabalho de reflexão linguística procura
e ­realizar uma leitura corrida e
chamar a atenção da turma para o uso de
global; contribua para tornar
palavras no texto. Distribua a atividade 1 en-
isso uma atividade frequente!
tre grupos de alunos, de modo que cada um
fique responsável por procurar as palavras
destacadas no dicionário, explicar o motivo
das escolhas lexicais no âmbito da frase e
depois relacioná-las com a ideia central do
texto, verificando a ­funcionalidade de sua
Nas tarefas de leitura propostas, há ênfa- escolha pelo autor. A discussão proposta no
se sobre as habilidades de construir, por meio enunciado da tarefa 1 chama a atenção do
de inferências e de sensibilidade para as es- aluno para isso, ao dizer que ele deve rela-
colhas linguísticas, uma leitura contextualiza- cionar o significado da palavra à frase e ao
da do texto. Qual a posição do locutor? De texto. Ao dar início a essa atividade em sala
que modo estão expressos seus valores e opi- de aula, oriente seus alunos a primeiro pro-
niões? O que está suposto, a partir do que curarem os sentidos possíveis para cada pa-
está escrito, sobre o interlocutor? Que valores lavra no dicionário, depois voltarem à frase
perpassam o texto de modo geral, sendo ex- em que a palavra ocorre e, se necessário,
pressos explícita ou implicitamente? Essa é a à passagem do texto em que a frase ocor-
razão pela qual se enfatiza as diferenças entre re. Esse modo de proceder favorece que os
“ficar” e “namorar”, apoiando o aluno no re- alunos encontrem a resposta da questão,
conhecimento de temática relevante em sua porque muitas das palavras terão diferentes
vida na crônica lida. sentidos, e é preciso que eles reconheçam o
sentido da palavra naquele contexto.
da pelas palavras que está a qualidade estilís-
Professor, faça uma consulta prévia ao
tica da crônica; ou seja, o texto não é rebus-
dicionário sobre cada uma das palavras
cado, nem do ponto de vista do vocabulário 5353
sublinhadas no exercício 1; as palavras são
nem da sintaxe. É apenas um texto atento, que
as seguintes: abobalhados, aflição, bando-
leira, chita, estouvado, grilo, lucidez, parru- colhe o vocabulário das pessoas comuns para
da, solidão e sozinho. Você logo verá que arranjá-lo de maneira significativa e trabalha-
as palavras assumem sentidos particula- da, alcançando valor poético a partir da lin-
res no texto. Alguns desses sentidos serão guagem coloquial.
acessíveis aos alunos, como o de “chita”
(ao ler que este é o nome de um tecido e
reconhecer que a palavra está relacionada No final da atividade, organize com
os alunos um banco de palavras: quais
a uma saia). Outros exigirão reflexão. Na
são interessantes, engraçadas,
letra (a), é importante o aluno notar que é a
­expressivas? Essa pode ser uma
proteção que está sendo qualificada como atividade contínua, ao longo de
parruda e bandoleira. O que é isto: “pro- toda a unidade, com o objetivo
teção parruda” e “proteção bandoleira”? de ampliar o vocabulário e ex-
Na letra (b), espera-se que o aluno perceba plorar suas possibilidades.
que ficar bobo pela lucidez do amor é algo
intrigante, afinal, o sentido mais evidente
da palavra lucidez está relacionado à inte-
ligência. Ajude o aluno a explorar os vários
sentidos da palavra “lucidez”, sua relação Para favorecer que os alunos construam
com luz, com brilho. Outro exemplo: na le- uma história pessoal de leitura, é muito im-
tra (c), ao consultar o dicionário, o aluno portante que eles tenham diferentes oportu-
verá que muitos elementos da definição de nidades de ler crônicas. Oportunize que:
“sozinho” aparecem também na definição • todos se associem à biblioteca escolar e
de “solidão”, mas qual é a diferença, afi- possam ter acesso a um acervo variado
nal? Na frase e no texto, estar sozinho de cronistas. Peça à bibliotecária que co-
não é o mesmo que sentir solidão. Na loque à disposição da turma livros, revis-
letra (d), a palavra “grilo” é usada tas e jornais que contenham crônicas e
como gíria, palavra de uso informal. inclua cronistas nas sugestões de contra-
É muito importante que os alunos se tos de leitura;
deem conta de que as palavras po- • iniciem a organização de uma caixa de
dem adquirir sentidos particulares crônicas para leitura em sala de aula,
que dão ao texto um tom e um sen- reunindo-as a partir de colaboração dos
tido global.
alunos. Favoreça consulta à caixa, por
exemplo, disponibilizando-a aos alunos
que finalizam tarefas antes e estimule que
a gestão dos empréstimos seja feita pelos
Socialize os achados em grande grupo e próprios alunos.
encaminhe-os para, individualmente, respon- Esta é oportunidade de valorizar a leitura
derem às questões de 2 a 6. extensiva, que o aluno fará a partir da escola
Ao final, discuta as repostas dos alunos e e por toda a vida, constituindo-se em leitor
ajude-os a perceberem que mesmo os termos que lê porque atribui valor à fruição do texto
que não conhecem são bem cotidianos, em e também porque compreende que, ao ler,
alguns contextos históricos e geográficos. In- está sempre refletindo a respeito de si mes-
sista, também, para que percebam que é na mo e de sua relação com o mundo.
riqueza de detalhes e na concretude viabiliza-
Não é fundamental que os alunos registrem
O cotidiano suas conclusões, pois algumas questões serão
54
54 visto com humor retomadas na seção de estudo do texto. Essa
(Aula 4) retomada é que será fundamental: assegure-
se de que ocorra! No Caderno do Aluno, apa-
Nesta aula, faz-se a leitura crítica de uma rece apenas uma informação a respeito da ci-
crônica humorística tendo em vista exercitar dade francesa de Saint-Tropez e uma pergunta
habilidades de localizar informações no texto, que provocará inferência: o que deve ser uma
interpretar informações implícitas e reconhe- calça saint-tropez? Por que motivo você ima-
cer efeitos de sentido decorrentes da escolha gina que ela é chamada assim?
de uma determinada palavra ou expressão.

Professor, nas tarefas de leitura dessa crô-


nica, são explorados elementos que cons- calça saint-tropez: modelo de
troem a interlocução entre períodos históri- calça bem justo, especialmente no
cos distintos, no que diz respeito a costumes quadril, e de cós bem baixo, dei-
e valores sociais. Auxilie o aluno a reco- xando ver o umbigo.
nhecer, ao longo da discussão de suas
respostas, os índices que constroem o
locutor, o interlocutor e seu contexto
histórico-social. A partir disso, esta-
Leitura silenciosa
beleça com a turma os pontos de
O texto introdutório que aparece no Ca-
contato com o leitor contemporâ-
derno do Aluno orienta a leitura para a ob-
neo, que viabilizam a leitura produ-
servação do humor e do tema da unidade: a
tiva da crônica ainda hoje.
crônica e as coisas do cotidiano.
Depois da leitura, permita que conversem
um pouco sobre o texto lido, trazendo para
Preparação para a leitura a turma outros elementos de interesse pre-
sentes, como, por exemplo, o impacto possí-
Novamente, a tarefa de preparação para vel da atitude da moça (trocar de roupa, na
a leitura do texto privilegia a aproximação entrada do cinema, mesmo para os padrões
entre o dia a dia do aluno e a temática de atuais, é uma atitude atrevida!). Chame a
que vai tratar a crônica. Encaminhe uma con- atenção dos alunos para a palavra “altivez”
versa em que sejam apresentadas algumas e sua intensificação pelo seguimento “que só
questões como as que seguem: Você acha vendo”. O que isso sinaliza sobre a moça?
que a roupa das pessoas expressa o jeito de- Os alunos concordam com a avaliação de
las? Há roupas que só podem ser usadas em que a mocinha foi altiva?
determinados lugares? Que roupas? Onde?
Se você fosse ao cinema, que roupa não usa- Estudo do texto
ria? Você já foi barrado no cinema? Qual
foi a razão disso? Há alguma roupa proibida Forme cinco ou dez grupos, de acordo
no cinema? Esses conhecimentos prévios são com o tamanho da turma. Distribua as ta-
importantes para o reconhecimento, quando refas propostas no Caderno do Aluno, auxi-
da leitura da crônica, de marcas sociocultu- liando-os a apropriarem-se das característi-
rais bem evidentes nos sentidos do texto, que cas do texto. Oriente o desenvolvimento de
pertencem a uma época distinta daquela em cada questão, circule pela sala enquanto tra-
que vivem os alunos. balham. Depois, abra a discussão em gran-
de grupo. Solicite que tomem nota em seu venciaram e que suscita uma reflexão inte-
caderno, de modo a terem respostas bem ressante sobre suas vidas, seu cotidiano, sua
desenvolvidas a respeito de cada item e lo- realidade social. 55
55
calizem no texto os trechos relevantes para
respondê-las.
O objetivo da tarefa é auxiliar os alunos Túnel do tempo
na interpretação de informações implícitas (Aulas 5 e 6)
ao texto: a contradição entre a proibição
de “entrar assim no cinema” e a sensuali- Estas aulas trabalham com o emprego dos
dade das referências, filtradas pelo olhar tempos verbais, ou seja, com os valores que
dos homens; a localização do episódio em podem adquirir os tempos verbais em diferen-
um tempo diferente do nosso, no qual esse tes usos da língua portuguesa e suas funções.
tipo de calça não era admitido em um lugar São desenvolvidas as habilidades de reconhe-
cer e usar produtivamente os contrastes entre
público, e as pessoas, mesmo jovens, eram
tempos verbais para obter efeitos semânticos
tratadas por “senhora” e “senhor”. Dirigem, na construção de um texto de tipo narrativo.
ainda, o olhar do leitor para os efeitos de
humor na construção da crônica, com pia-
das e comentários entre parênteses e um uso Linguagem
de palavras bem particular (“exuberância” é
um exemplo). Esta crônica é da década de No início da aula, reserve uns minutos
1960. Você pode oferecer essa informação para a socialização da tarefa extraclasse, in-
de contexto quando for realizar a discussão dicando que os registros poderão vir a ser
das respostas dos alunos, investigando o que crônicas, já que agiram como se fizessem um
mais na crônica eles podem localizar que zoom em sua vida cotidiana. Estimule-os a
seja compatível com a época em que o texto continuarem observando o dia a dia e infor-
foi escrito. É também ocasião para atualizar me-os de que, nas aulas finais da unidade,
as informações que ela apresenta, indican- suas anotações serão trabalhadas de modo a
do, por exemplo, que ainda hoje existem situ- se tornarem efetivamente uma crônica.
ações que exigem adequação das roupas ao Sugira, ainda, que pensem em se apro-
espaço a ser frequentado. Por esse motivo, priar dos estudos de linguagem que vem sen-
não é recomendável vestir-se de qualquer jei- do feitos para qualificar seus textos.
to para ir ao trabalho, à escola, a um casa-
mento ou à praia, por exemplo.
Na socialização, retome a relação do texto Uma parceria com a disciplina de Artes
com o cotidiano e o modo humorístico de regis- Visuais poderá viabilizar a construção de
trá-lo, próprio da crônica e escolha do cronista. um projeto de fotografia com a finalidade
de ilustrar o processo de aproximação de
Produção de texto um fato do cotidiano – um zoom. Com a
facilidade de recursos existentes até mes-
Esta primeira produção deve ser feita ex- mo em telefones celulares, essa alternati-
traclasse e tem o propósito de servir de em- va com certeza motivará a partici- pação
brião para a posterior redação de uma crô- dos jovens, mas precisa ser pla-
nica pelo aluno (prevista para a 10ª aula). nejada conjuntamente. Nesse
A ideia é que selecionem um tema de seu caso, a fotografia deflagrará a
interesse e registrem suas primeiras percep- produção da primeira versão
ções no papel, enfim, que façam o relato de do texto, que será realizada em
um fato de que foram testemunhas e/ou vi- aula.
Os objetivos desta seção são dois: levar o dos alunos. Oriente-os a voltarem ao texto
aluno a refletir sobre os usos do português e sempre que for necessário. O registro da res-
56
56
habilitá-lo a usar esses recursos. O trabalho posta, a cada uma das questões discutidas,
não se concentra na memorização de enun- é importante para a elaboração do trabalho
ciados gerais e exaustivos: não se apresen- que começaram a construir extraclasse.
tam um tempo verbal, seu nome e todas as
funções que pode ter, conforme o procedi-
mento tradicional de descrição gramatical. Elabore um cartaz com o paradigma
Pelo contrário, apenas três tempos verbais verbal completo e o exponha em sala de
são explorados na discussão – o presente, aula. É uma oportunidade de mostrar
o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito aos alunos a parcialidade do enfo-
do indicativo. Esses três tempos são funda- que estudado, deixando claro
mentais como recurso para a composição o que já aprenderam e o que
de crônicas e, de modo geral, para relatos e ainda é necessário aprender.
narrações. É claro que outros tempos verbais O mesmo pode ser feito com
são importantes nesses tipos de texto, como relação aos contrastes entre dis-
o mais-que-perfeito, composto e simples, curso direto e indireto.
certos empregos do futuro, do modo subjun-
tivo, etc. A ideia aqui é estabelecer um re-
corte que seja útil e que permita aos alunos
entenderem que as relações entre os tempos Na crônica de Sérgio Porto, o autor se
verbais são importantes, sem realizar um es- vale predominantemente de três tempos para
tudo exaustivo. construir a sucessão dos eventos da narrativa:
Organize a aula de modo que cada uma o pretérito perfeito, o pretérito imperfeito e o
das questões relativas à crônica Ter ou não ter presente. Note que o aparecimento do pre-
namorado, que constam no Caderno do Alu- térito perfeito, logo no início, contextualiza
no, sejam amplamente discutidas. Resolva-as toda a crônica como a narração de um fato
em conjunto, com a turma, pedindo o auxílio passado e terminado. Em seguida, o ­texto

Professor, os tempos escolhidos para estudo não são abordados em todas as suas
funções. Tanto esses tempos como a descrição que se fará deles parte dos textos lidos
e devem se tornar critério de observação dos que serão lidos posteriormente e dos que
forem produzidos pelos alunos. A abordagem não pressupõe quadros exaustivos de todas
as funções dos tempos verbais nem concentra o trabalho na nomenclatura. Evidentemen-
te, os alunos devem reconhecer formas do presente e as distinções morfológicas entre os
verbos no pretérito. Se ainda não o fazem, será seu papel introduzir esse reconhecimento,
para fins de discussão produtiva do significado dos mesmos. Encontrar os verbos neste ou
naquele tempo e sublinhá-los no texto é um tipo de procedimento que não costuma gerar
um aprendizado significativo e consolidado, porque não pode ser associado a nenhum
conhecimento de ordem discursiva. Contudo, se esse reconhecimento da forma ver-
bal estiver associado a seu uso para a leitura e para a escrita, o aluno poderá lançar
mão dele para dar sentido ao aprendido. As perguntas propostas procuram conduzir
a um processo de resolução de problemas, para só então chegar à síntese das
descrições do emprego de cada tempo, circunscrita aos usos encontrados em
textos concretos. Tudo isso contribui para contextualizar a reflexão sobre a língua,
de forma que os alunos possam dar sentido ao estudo do seu funcionamento.
lança mão do presente, e aí aparece uma Nos diálogos, o presente torna-se um
característica interessante desse tipo de texto: modo de narrar, de fazer avançar os fatos. A
a sucessão de tempos permite dar dinami- inserção de diálogos, em discurso direto, “leva” 5757
cidade à narração, estabelecendo contrastes o leitor para o momento do evento narrado; faz
de sentido entre a abordagem de eventos, com que se tenha, ao ler o texto, a sensação
todos referentes a um ponto no passado. de estar lá, junto com o narrador. Observe que
Para reforçar esta característica, aborde há passagens em que as falas dos personagens
outras crônicas a partir da mesma perspec- são narradas em discurso indireto, o que po-
tiva, assegurando que os alunos percebam a deria, do ponto de vista do recurso gramatical,
relação entre os tempos verbais e os modos ter acontecido em todo o texto. Entretanto, o
de ver os fatos do passado. autor opta por lançar mão dos diálogos, em
O uso do presente no primeiro parágra- discurso direto, dando muito sabor ao texto.
fo cumpre duas funções: a primeira é a de Quanto aos dois tempos do pretérito, seu
avaliar o filme, enquanto a segunda é a de uso no texto é bastante regular. O pretérito
debater com o leitor a constituição da pró- perfeito narra as ações acabadas dos per-
pria crônica. No debate com o leitor, o autor sonagens, especialmente da mocinha. Há
faz considerações sobre o que “vem” ou “não vários exemplos disso. Já o pretérito imper-
vem” ao caso na crônica. Na avaliação, si- feito aparece para descrever estados, que
naliza que o filme, que talvez nem esteja mais não são pontuais por excelência (como é o
passando (e no tempo de leitura em sua sala caso do umbigo de fora, ou do comprimen-
de aula de fato já não está mais em cartaz), to da calça); refere também eventos com
“é ruim”: seja lá em que circunstância for vis- duração que funcionam como contexto
to, a má qualidade estará lá. O mesmo vale para eventos pontuais (“Enquanto rasgava
para o uso do presente com referência aos o bilhete, o porteiro comentou...”). Essas três
mágicos: são chatos, no filme e em qual- funções são muito importantes para a escrita
quer circunstância. Esse mesmo significado de textos de tipo narrativo.
do presente, que assinala a permanência no Observe que há o emprego do pretérito im-
tempo de algo que faz parte da circunstância perfeito na passagem de falas para o discurso
narrada, também surge mais adiante, quase indireto. Além disso, há um emprego no qual
ao final da crônica, quando aparece a ex- a função é a mesma da forma “entraria”: “Por
plicação de que o cinema Pax não permite mim a senhora entrava”. Este último caso, nova-
certos trajes porque é dos padres. Note que o mente, só será discutido se os alunos solicitarem.
cinema não era dos padres apenas naquele
dia: ser dos padres é quase uma característi- Professor, há tempos verbais que não
ca permanente daquele cinema. são abordados nas aulas (“deixou que
a dita escorresse saia abaixo” e “o ge-
Professor, nem todos esses casos de rente tinha dado ordem...”): o foco das
emprego do presente aparecem nas aulas está nos usos dos três tempos
perguntas feitas ao aluno,pois não se que são descritos na síntese final do
trata de um estudo exaustivo dos usos Caderno do Aluno. Se você dese-
dos tempos verbais. Entretanto, caso jar prosseguir com o estudo dos
os alunos chamem atenção para es- verbos, encontrará um bom trata-
sas passagens do texto, será impor- mento desses usos na gramática
tante que não as confundam com o de Celso Cunha e Lindley Cintra,
uso do presente nos diálogos. indicada nas referências.
Peça que, agora individualmente, respon- também as outras funções do presente e peça
dam às questões referentes à crônica Ter ou que encontrem exemplos desses usos em seu
58
58 não ter namorado, e, depois, realize a discus- dia a dia. Chame a atenção para que per-
são das respostas dos alunos, esclarecendo cebam que os usos estão representados nas
todas as eventuais dúvidas. crônicas que lerão ao longo desta unidade.
No texto, que se constitui em uma crônica
filosófica (em que o autor reflete a partir de Tarefa extraclasse: recomende a leitu-
um fato), na qual não há eventos narrados, ra das crônicas apresentadas na Pequena
o presente predomina. É o tempo verbal uti- antologia de cronistas brasileiros, no Ca-
lizado na crônica em toda a sua extensão, derno do Aluno, e peça que marquem,
até que o imperativo passe a ser utilizado a numerando de 1 a 3, aquelas de que mais
partir da frase “Ponha a saia mais leve...” (a gostaram. Elas serão trabalhadas nas
única exceção está bem no início do texto: próximas aulas por grupos formados, na
“...alguém que tirou férias...”). É por isso que medida do possível, respeitando as prefe-
a tarefa sugere que o texto se divide em duas rências dos seus leitores. É também muito
partes: na primeira, há o presente; na segun- importante que você conheça todas elas
da, a partir de “Ponha a saia mais leve...”, o antecipadamente, a fim de poder auxiliá-
imperativo. Observe que, nessa parte final, a los no trabalho que executarão.
crônica tem alguns enunciados nos quais o
autor dirige-se diretamente aos leitores, fa-
zendo recomendações. É por isso que nessas A crônica brasileira
passagens, lança mão do modo imperativo. (Aulas 7 e 8)

Professor, um bom trabalho sobre o Nestas aulas, é oportunizada a ampliação


uso do imperativo a ser feito é compará- do repertório de leitura dos alunos com cro-
lo com o uso corrente que tem na fala nistas brasileiros, organizando alternativas
gaúcha: não dizemos “acorde”, dize- que possibilitem fazer inferências, estabelecer
mos “acorda”; não dizemos “enfeite- relações entre textos e identificar tema, bem
se”, dizemos “te enfeita”, e assim como efeitos de humor nos textos lidos.
por diante. Os casos de imperativo
da crônica poderiam viabilizar esse Preparação e releitura
trabalho. Não o detalhamos por
questões de tempo e foco. Reporte-se ao Caderno do Aluno e retome
as crônicas ali existentes: de Fernando Sabino,
Como nasce uma história; de Lourenço Dia-
féria, Herói. Morto. Nós.; de Paulo Mendes
Campos, O médico e o monstro; de Carlos
Discuta as funções do presente que apare- Drummond de Andrade, Recalcitrante; de Vi-
cem na crônica: são funções relacionadas a nicius de Moraes, O exercício da crônica; de
hábitos e características tidas como inerentes Clarice Lispector, Medo da eternidade; de Luis
às coisas, expressando enunciados gerais e Fernando Veríssimo, O analista de Bagé; de
descritivos. As alternativas que estão na ques- Rubem Braga, Recado ao senhor do 903.
tão 4 desta tarefa são uma descrição bem Na sequência, constitua grupos com até
direta de funções do tempo verbal presente quatro alunos, compondo-os, na medida do
do indicativo em português. Nesta crônica, possível, pela escolha prévia da crônica, con-
a função do presente é aquela expressa na forme leitura extraclasse realizada. Vá forman-
alternativa (b). Depois de discutir esta carac- do os grupos à medida que quatro alunos ele-
terística da crônica com os alunos, discuta gem um mesmo autor. Dependendo do total
de alunos na classe, destine uma crônica por destina-se à leitura diária ou semanal e trata
grupo ou dois grupos para cada uma. Enca- de acontecimentos cotidianos. Nesse caso, o
minhe-os para a releitura do texto atribuído leitor é urbano e, em princípio, um leitor de 5959
ao grupo. jornal ou de revista. A preocupação com ele
faz com que, dentre os assuntos tratados, o
Estudo do gênero crônica cronista dê maior atenção à vida da cidade,
ao mundo contemporâneo, aos pequenos
Oriente os grupos a lerem criticamente as acontecimentos do dia a dia, comuns nas
crônicas, apoiados nas definições dadas por metrópoles. Durante as intervenções, esteja
dois excertos que constam no Caderno do Alu- atento para verificar se os alunos identifica-
no. O objetivo dessa atividade é possibilitar que ram esses elementos na crônica escolhida e,
estabeleçam relações entre os excertos e as crô- se não o fizeram, ajude-os a perceberem.
nicas lidas, apresentando-as a partir dos aspec- Após as exposições dos grupos ou du-
tos que já estudaram sobre o gênero e veem rante suas apresentações (considere a ade-
reforçados aqui. quação do momento para acrescentar essas
Retome o esquema organizado na primeira informações ou otimize observações feitas
aula, esclareça dúvidas que ainda persistirem, através do relato por algum grupo), mos-
agregue outros aspectos que tenham observado tre que a crônica se distingue no jornal por
durante as aulas e diga que ele será documen- não buscar exatidão da informação. Dife-
to para a sistematização dos relatos dos grupos. rentemente da notícia, que procura relatar
Disponibilize lâminas e canetas para retroproje- os fatos que acontecem, a crônica os anali-
tor para os grupos registrarem suas conclusões e sa, dá-lhes um colorido emocional, destaca
fazerem a apresentação na próxima aula. uma situação comum vista a partir de um
ângulo singular. Por isso, ela é considerada
um gênero híbrido, mistura de jornalismo
Crônica: gênero e literatura, ou ainda – como diz Joaquim
que olha de perto e Ferreira dos Santos, ao organizar um pano-
rama das cem melhores crônicas brasileiras
reinventa o cotidiano – “um gênero de calças curtas”, anunciando
(Aula 9) que sua próxima estação é a internet – pro-
blematize: por que a “próxima estação” da
Esta aula oportuniza a socialização dos crônica seria a internet?
achados relativos ao cruzamento das crôni- Retome o fato de todas as crônicas lidas
cas com os excertos, caracterizando a crônica terem migrado de periódicos para livro, as-
como gênero literário. Possibilita que os alunos segurando sua durabilidade no tempo. Esse
façam inferências a partir de textos mais com- deslocamento, do jornal para o livro, im-
plexos e estabeleçam relações entre eles. plicou criteriosa seleção, pois a crônica se
desvincula de seu suporte primeiro, ligado
Socialização das leituras ao cotidiano e ao consumo imediato, e se
torna parte de um livro, investindo em per-
Feita a análise, proponha que, em grande manência como texto literário. Mas não é
grupo, todos comuniquem suas descobertas, a simples mudança de suporte que tem o
utilizando retroprojetor. poder de transformar crônicas jornalísticas
Oriente as intervenções a fim de carac- em crônicas literárias. É literário o texto que
terizar a crônica como narrativa literária. apresenta uma preocupação estética, pro-
Aproveitando os relatos dos grupos, observe vocando prazer e conhecimento por sua
que ela pode tratar dos mais diversos temas. forma, conteúdo e organização, e, como
Normalmente publicada em jornal ou revista, expressão humana, é um meio privilegiado
de comunicação, pois explora todas as po- Autoavaliação
tencialidades da linguagem.
60
60 Por fim, com o auxílio dos alunos e reto- A autoavaliação tem como objetivo criar
mando outra vez o esquema, sistematize no uma oportunidade de reflexão sobre o que
quadro os mais importantes elementos ca- foi aprendido. Desta forma, o aluno poderá
racterizadores da crônica, ressaltando que dar-se conta dos objetivos da unidade, do que
eles serão úteis para a produção textual que aprendeu, do que precisará reforçar e do que
irão desenvolver nas próximas aulas: ainda gostaria de aprender. Espera-se criar
• é, em geral, curta, objetiva e pessoal; uma oportunidade para a reflexão crítica so-
• trata de problemas do cotidiano, isto é, bre as práticas de participação e aprendiza-
assuntos comuns, do dia a dia; gem em sala de aula.
• o narrador pode ser do tipo observador
(3ª pessoa) ou personagem (1ª pessoa);
• apresenta pessoas comuns como persona-
Crônicas nossas:
gens, caracterizadas em traços rápidos; um zoom sobre
• tem como objetivo divertir o leitor e/ou o cotidiano de cada um
levá-lo a refletir criticamente sobre a vida (Aulas 10, 11 e 12)
e o comportamento humano;
• emprega geralmente a linguagem colo-
quial, próxima do leitor, e dá a ela novo Estas aulas fazem o fechamento da uni-
significado, transformando-a em lingua- dade, mobilizando as aprendizagens para a
gem literária. escrita de crônicas pela turma. A competên-
cia mais importante exercitada é a resolução
de problemas, quando os conhecimentos
­construídos ao longo da unidade deverão ser
linguagem literária: a linguagem lite- utilizados em uma nova situação.
rária (ou poética) explora o sentido conota-
tivo das palavras, em um contínuo trabalho Professor, a partir da discussão dessas
de criar ou alterar o significado dicionari- produções, durante o processo e na ava-
zado. A escolha, a seleção e organização liação final, questione-se, junto com seus
das palavras são feitas de maneira particu- alunos, sobre suas aprendizagens, tendo
lar, voltadas para o próprio texto. como foco as seguintes habilidades e com-
conotativo: na linguagem humana, uma petências:
mesma palavra pode ter seu significado • produzir textos narrativos acerca de te-
ampliado, remetendo a conceitos inusita- mas do cotidiano, apropriando-se de
dos por meio de associações, dependen- características do gênero crônica e uti-
do de sua colocação em uma frase (opos- lizando-as de forma competente;
to a “sentido literal ou denotativo”). • revisar e reescrever o próprio texto, com
narrador observador: em 3ª pes- especial atenção ao emprego dos se-
soa, apresenta domínio total do nar- guintes recursos para a construção
rado, daí ser conhecido como da crônica: escolhas lexicais, tem-
­narrador-repórter. pos verbais, pessoa do discurso;
narrador personagem: é • usar produtivamente marcas con-
pelo ponto de vista dele que textuais e situacionais que permi-
conhecemos o que se passa tam a construção da imagem de
no texto. Fala geralmente em locutor/produtor e de interlocu-
1ª pessoa. tor/leitor.
Planejamento, produção • Primeira avaliação e
e revisão do texto reescrita das crônicas
61
61
Recolha as produções dos alunos e rea-
Retome com os alunos as anotações rea- lize uma rodada de reescrita. Ao devolver
lizadas extraclasse e dedique uma aula para os textos, não faça uma revisão exaustiva,
a discussão e planejamento das crônicas. As mas dirija-se ao aluno com solicitações
outras aulas ficarão para a tarefa de escrever, específicas sobre elementos que devem
reescrever e revisar. É possível que alguns dos ser revistos e refeitos com vistas à ultima
alunos não fiquem satisfeitos com o que te- entrega do texto, na forma de produção
nham feito e queiram retomar o projeto, par- final. Alerte os alunos para o fato de
tindo de outra inquietação ou ideia que tive- que a avaliação final incidirá sobre esta
ram desde lá. Permita que o façam, mas exija versão final e discuta com a turma os
que planejem o texto mesmo assim. critérios que serão utilizados para o es-
Observe que, no Caderno do Aluno, há tabelecimento da nota ou do conceito
uma proposta de planejamento da crônica em a ser obtido. Você poderá tomar os dois
duplas, a partir de um roteiro que retoma os as- blocos de perguntas sugeridas no Cader-
pectos mais importantes estudados na unidade. no do Aluno tanto para formular suas ob-
O objetivo é que exista uma preparação coo- servações e solicitações de reescrita como
perativa, na qual cada aluno possa contribuir para montar uma grade de avaliação
para qualificar o texto do colega, avaliando-o dos textos. Nesta grade, procure não ser
a partir das aprendizagens construídas. exaustivo, mas concentre a avaliação
Ao longo dessas aulas, circule entre as duplas, em elementos de estrutura, conteúdo e
observe como trabalham, faça comentários, não uso dos recursos linguísticos que sejam
se restrinja a apontar erros relativos ao uso da relevantes para a escrita do texto em
norma escrita culta. Seu papel é apoiar os alu- questão. Ou seja, caso você queira acres-
nos para que aperfeiçoem os textos, qualifican- centar critérios, além daqueles sugeridos
do os relatos e tornando concretas e atraentes as no Caderno do Aluno, não esqueça de que
abordagens do cotidiano feitas por escrito. Ou estão escrevendo crônicas sobre seu coti-
seja, é muito importante que seus comentários diano dirigidas à comunidade escolar.
dialoguem com os alunos, que estejam apoia-
dos nos conteúdos dos textos, lançando novos • Revisão final e avaliação
entendimentos e desafios possíveis. As pergun- das crônicas
tas que aparecem no Caderno do Aluno para
fins de revisão do texto devem ser retomadas por
Ao final, recolha as produções dos alunos
você em seus comentários e intervenções. Além
e efetue, primeiro, a avaliação e, depois, a
disso, você pode também dar sugestões e fazer
revisão dos textos.
perguntas do seguinte tipo:
• como seu ponto de vista sobre a história se
• Publicação das crônicas
expressa no modo como seu narrador está
aparecendo no texto? É muito importante que você promova a
• torne o personagem X mais importante e co- publicação e a leitura dos textos dos alunos,
nhecido, mostrando seu jeito de ser ao leitor; que poderá ser por meio da:
• use as palavras tais e tais, além de palavras • organização de um painel de crônicas,
relacionadas a elas ou consulte o dicionário. ou confecção de um mural. Você pode co-
• talvez você encontre palavras que substitu- lar um envelope no mural e convidar os
am bem as palavras tal e tal, isso dará mais leitores a depositarem ali seus comentá-
cor a seu texto, e assim por diante. rios;
• publicação das crônicas em um blog da
turma. Esse tipo de texto eletrônico tam- Caso você tenha realizado a parceria
62 bém permite que se abra um espaço para sugerida na p. 49, organize o painel ou
62
os comentários do leitor. o blog conjuntamente com Artes Visuais.

Blog
Professor, a avaliação e a revisão dos
textos, aparecem separadas, pois são • Escolher um grupo de voluntários que te-
de fato duas exigências distintas de seu nha familiaridade com a linguagem da
trabalho neste momento da unidade. A internet. O grupo/o professor criará o
avaliação deve estar baseada nos as- ambiente do blog e publicará os traba-
pectos de escrita que foram trabalhados, lhos da classe.
incidindo sobre a aprendizagem. A revi- • Localizar um provedor que hospede gra-
são deve apontar todos os aperfeiçoa- tuitamente o blog.
mentos necessários, a seu ver, para que • Digitar os textos, em casa ou no labora-
o texto seja publicado: mesmo os gran- tório de informática da escola, e repassá-
des cronistas lidos nesta unidade tiveram los em CD ou por e-mail ao grupo coor-
seus textos revisados antes da publica- denador.
ção, por que deveria ser diferente com • Divulgar o endereço do blog a todos os
seus alunos? Assim, a versão publicada alunos da classe, que poderão acessá-
das crônicas será um pouco diferente da lo quando quiserem e até publicar novos
versão final, pois a versão publicada foi textos relacionados ao tema.
conferida e alterada por um revisor (o • Fazer a divulgação do blog em car-
professor). A avaliação da aprendiza- tazes, informando o endereço e
convidando os demais alunos da
gem deve ser realizada sobre a versão
escola para visitá-lo, deixar co-
final, e muitos pontos alterados na re-
mentários, opiniões, críticas, etc.
visão final não serão necessariamente
• Repassar o endereço do blog
motivo de “desconto na nota final”: para amigos e parentes.
lembre-se, a ideia é que nota final se
concentre nos critérios de avaliação
estabelecidos por você e comunica-
dos aos alunos.

Referências
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ta) com Carlos Drummond de Andrade. Caros amigos, 1995.
São Paulo. n. 29, p. 12-15, ago. 1999. BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo:
ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias & não- Círculo do Livro, 1977.
notícias faz-se a crônica. Rio de Janeiro: José Olympio, CAMPOS, Paulo Mendes. O anjo bêbado. Rio de Ja-
1975. neiro: Sabiá, 1969.
ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação. CANDIDO, Antonio. Prefácio. Para gostar de ler: crôni-
São Paulo: Parábola, 2003. cas. São Paulo: Ática 1982. v. 1.
ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas. São Paulo: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do
Ática, 1994. português contemporâneo. 3.ed. rev. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001. mo “gramática”? São Paulo: Parábola, 2006.
DIAFERIA, Lourenço. Folha de São Paulo, São Paulo, LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de
01 set. 1977. Janeiro: Rocco, 1999.
63
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Versão 1.0.5a. Instituto Antônio Houaiss/ Objetiva, Paulo: Círculo do Livro, 1988.
2002. NEVES, M. H. M. Que gramática estudar na escola?
DOLZ et al. Sequências didáticas para o oral e a escri- Norma e uso na língua portuguesa. São Paulo: Con-
ta: apresentação de um procedimento. In: SCHNEWLY, texto, 2003.
B.; DOLZ J. Gêneros orais e escritos na escola. Campi- NEVES, Maria Helena Moura. Gramática de usos do
nas: Mercado de Letras, 2004. português. São Paulo: Ed. da UNESP, 2000.
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Curitiba: Base, 2003. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962.
FERRAZ, Geraldo Galvão. A escrita de uma crônica. SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1992.
Língua Portuguesa, ano 2, n. 20, jun. 2007, p. 38. SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Janeiro: Ed. do Autor, 1965.
século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3.ed. SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melho-
rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. res crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
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CHI, C.; NEGRÃO E.; MÜLLER, A. L. Mas o que é mes- Porto Alegre: L&PM, s.d.

Este caderno teve a colaboração de Alexandre Nell e William Kirsch.


Anotações
64
64
Ensino Médio
2o e 3o anos

Ana Mariza Ribeiro Filipouski


Diana Maria Marchi
Luciene Juliano Simões
O lugar social da arte
67
67
Nesta unidade, a temática é o lugar da arte ções acerca dos temas tratados. Nesse gênero,
em nossas vidas. Para desenvolvê-la, será dado o ­usuário da língua recorre à linguagem refe-
destaque à poesia e ao grafite, este último con- rencial, pois apresenta argumentos como se
siderado como tema polêmico por excelência: é fossem a expressão da verdade, mas também
uma forma de arte? O gênero do discurso que busca convencer por meio de outros recursos
serve de eixo à unidade é o texto de opinião, enunciativos, através dos quais expressam suas
objeto de leitura, produção de textos e resolução particularidades, paixões, sentimentos e pontos
de problemas de expressão. É um gênero funda- de vista. Os textos recorrem a diferentes marcas
mental nas trocas sociais públicas e seu estudo linguísticas que põem em destaque o papel au-
possibilitará aos alunos o aprofundamento da toral de quem os produz.
capacidade de argumentar. Para apoiar a produção de textos de opinião,
O estudo do poema na unidade visa a enri- o grafite aqui comparece por ser um aspecto
quecer a experiência estética dos alunos, habili- da cultura juvenil, potencialmente significativo
tando-os a fruir literatura, construir repertório de como eixo temático e de leituras que possibili-
leitura e valorizar o contexto de produção das tem interações de fato argumentativas nas prá-
obras, além de ampliar a capacidade pessoal ticas de leitura em sala de aula. Espera-se que
de expressar emoções. As habilidades e compe- os alunos do ensino médio possam vivenciar
tências desenvolvidas nas aulas que se dedicam experiências de persuasão mútua, de exercício
à lírica de Ferreira Gullar se ligam às demais, já da controvérsia em torno de diferentes interpre-
que possibilitam interações com o tema da uni- tações da realidade.
dade, retomado nos textos de opinião: o lugar Através da leitura e da produção, bem como
social da arte, seja a literária, seja a arte urbana da reflexão sobre aspectos da linguagem, instru-
contemporânea. mentais para a eficácia argumentativa, pretende-
O texto de opinião é construído com o ob- se aprofundar a competência de uso desse gêne-
jetivo de persuadir, mobilizando seus leitores a ro e, em consequência, criar condições para que
uma atividade permanente de julgar argumen- os alunos participem de modo mais maduro de
tos e contrastá-los com suas próprias convic- situações que envolvam a persuasão.

Objetivos
Os alunos, ao longo da unidade, terão vivenciado oportunidades de desenvolver as
competências de:
• Ler: interagir de forma crítica e lúdica com textos em variados suportes e sistemas de lin-
guagem (oral, imagético, escrito, etc.), compreendendo a multiplicidade de linguagens
decorrentes das diferentes esferas das atividades sociais, que produzem textos literários,
informativos, midiáticos, etc.
• Escrever: escrever textos de opinião, interagindo a partir de um contexto público com-
plexo, no qual não apenas os interlocutores próximos, presentes na escola, são relevan-
tes, mas também as vozes sociais presentes no debate sobre o tema da unidade; lançar
mão de recursos linguísticos que sinalizem os pontos de vista apresentados em uma
argumentação, compondo o texto com eficácia e a partir de um ponto de vista singular.
• Resolver problemas: refletir sobre os usos da linguagem nos textos e sobre os fato-
res que concorrem para a sua variação, seja a linguística, a textual ou a pragmática,
tornando-se aptos a aplicar o aprendido em novas situações.
Habilidades Duração prevista: 12 aulas

68
68 • Reconhecer posições distintas entre duas Recursos necessários: gramáticas e di-
ou mais opiniões relativas ao mesmo fato cionários; caderno para anotações; labora-
ou tema. tório de informática com acesso à internet,
• Identificar a tese de um texto e estabelecer imagens da produção artesanal e artística lo-
relação entre ela e os argumentos utiliza- cal, objetos de artesanato, de arte e imagens
dos para sustentá-la, bem como a relação de produções dos alunos da escola; projetor
entre argumentos de natureza interpretati- de imagens (retroprojetor ou datashow).
va e dados da realidade na composição
de um texto de opinião.
• Desenvolver a atitude investigativa, privile-
O que é arte? Pra
giando a contextualização do assunto, de que serve a arte?
modo a acrescentar outras informações às (Aula 1)
do senso comum.
• Reconhecer diferentes formas de tratar Esta aula busca levantar conhecimentos pré-
uma informação em textos de mesmo vios a respeito do tema da unidade e exercitar o
tema pertencentes a diferentes gêneros. texto de opinião. Verifica as habilidades de sele-
• Perceber o efeito de sentido decorrente da cionar argumentos relacionados ao tópico pro-
escolha de uma determinada palavra ou ex- posto e contrastá-los com outros argumentos.
pressão e da exploração de recursos linguís-
ticos específicos, em especial na literatura.
• Reconhecer, na obra poética, a liberdade
Para começar a conversa
do autor no uso da linguagem e a liberda-
Para levantar conhecimentos prévios dos
de do leitor na interpretação, apreciando
alunos, projete a imagem do poema-mon-
a linguagem literária como atribuidora de
tagem Clichetes, de Philadelpho Menezes.
novos significados à realidade por meio
da criação de associações inéditas. Dê algum tempo para leitura e um cochicho,
• Selecionar e utilizar argumentos pertinen- sem a sua interferência. Depois, abra a dis-
tes à defesa de um ponto de vista, relacio- cussão, utilizando os elementos presentes no
nando-os a dados da realidade que lhes Caderno do Aluno.
sirvam de apoio.
• Utilizar recursos linguísticos para construir Professor, favoreça que, ao ob-
relações lógicas e dialógicas em um texto servar a imagem, os alunos se
de opinião. coloquem na posição dos espec-
tadores de arte em geral, isto é,
Conteúdos: se interroguem a respeito do que
veem, sem a intervenção de um
• Texto de opinião: circulação social e fun- mediador.
ções, modos de organização, componen-
tes e estratégias de composição.
• Processos de subordinação e de modaliza-
ção: enunciador e fato enunciado. De modo informal, abra a discussão, ou-
• Nexos: introdução de exemplos e de sínteses. vindo o que os alunos têm a dizer. Anote no
• Linguagem literária e estudo do poema. quadro as ideias mais importantes e acres-
• Ferreira Gullar e a lírica brasileira contem- cente perguntas que auxiliem a observação
porânea. das questões que intitulam esta aula: O que
é arte? Pra que serve a arte?
Refira que, para a maior parte das pessoas, pho Menezes provoca em quem lê/vê o seu
arte é só aquilo que está nos museus (concei- poema-montagem?). Note: mais do que dar
to tradicional, em que o artista é alguém que opiniões, espera-se que argumentem em fa- 6969
se distigue dos demais). Para outros, arte tem vor delas, retomando algumas posições que
a ver com o modo extraordinário de mostrar apareceram no debate.
as coisas ordinárias, do cotidiano. Indique Feito isso, peça que leiam os textos para
que a forma como a arte se relaciona com a turma em voz alta para debate e depois os
o contexto em que foi produzida provoca no recolha para serem devolvidos mais adiante.
espectador um olhar diferente daquele que Ao longo da unidade, aproveite o que ob-
ele costuma atribuir aos objetos do dia a dia. servar nesta primeira produção e estabeleça
Contraste a imagem do poema-montagem relações entre as competências e habilidades
com a caixa de chicletes Adams. demonstradas inicialmente e o que está sen-
Apresente o excerto de Ferreira Gullar, no do ensinado, indicando aos alunos o que já
Caderno do Aluno (p. 7), e volte a proble- sabem e o que ainda precisam aprender.
matizar as imagens a partir do que o autor
sustenta.
Os alunos não precisam concordar com Cabe no poema
ele, mas deverão considerar o que ele pensa (Aulas 2, 3 e 4)
a respeito da arte entre as hipóteses que for-
mularão na produção textual a ser solicitada
adiante. Estas aulas destacam a poesia como gênero
literário, problematizam o conceito e apresentam
Produção de texto o poeta Ferreira Gullar. Possibilitam reconhecer
recursos próprios do fazer poético do autor, exer-
Após as interações orais, proponha que citam procedimentos de leitura (saber o sentido
retomem o texto apresentado no Caderno de uma palavra ou expressão por meio da cons-
do Aluno e elaborem um texto breve, dirigi- trução de inferências e perceber a intenção do
do a um colega, deixando clara sua posição autor do texto), além de oportunizar a relação
quanto ao que é arte e sua função (Você con- entre textos (reconhecer diferentes formas de tra-
corda que isso é arte? Se é, qual a sua fun- tar uma informação em função das condições
ção? Só divertir ou enfeitar? O que Philadel- em que o texto foi produzido).

Professor, para favorecer que os alunos construam uma história pessoal de leitura, é
muito importante que eles tenham diferentes oportunidades de ler poemas. Possibilite que:
• todos se associem à biblioteca escolar e possam ter acesso a um acervo variado de
poetas, especialmente os concretistas. Peça à bibliotecária que coloque à disposição da
turma livros, revistas e jornais que contenham poemas;
• iniciem a organização de uma caixa de poemas para leitura em sala de aula, reunin-
do-os a partir da colaboração dos alunos. Favoreça consulta à caixa, por exemplo,
disponibilizando-a aos alunos que finalizam tarefas antes e estimule que a gestão dos
empréstimos seja feita pelos próprios alunos.
• estabeleça contrato de leitura lendo uma obra de Ferreira Gullar ou de outro poeta
que apreciem, relatando-a ao grande grupo de forma criativa.
Esta é uma oportunidade de valorizar a leitura extensiva, que o aluno fará a partir da
escola e por toda a vida, constituindo-se em leitor que lê porque atribui valor à
fruição do texto e também porque compreende que, ao ler, está sempre refletindo
a respeito de si mesmo e de sua relação com o mundo.
Professor, você escolherá o momen- Professor, enquanto os grupos traba-
to de devolver estes textos, mas deverá lham, circule entre eles e motive-os a
70
70
fazê-lo antes que os alunos realizem a exemplificar e desenvolver inferências a
produção final do texto de opinião, que respeito da poesia. Provoque-os a destruir
ocupará as aulas 10, 11 e 12. Ao ava- preconceitos: poesia não é só sentimento,
liar os textos, observe se o aluno apre- coisa melosa e piegas, como muitos pen-
senta o seu ponto de vista e argumenta sam. Poesia é transgressão, é subversão
em favor dele: sua opinião está clara? da língua. Ela pode fugir às normas esta-
Há uma explicação ou justificativa para belecidas conforme o efeito que se quer
sua escolha? A justificativa apresenta- criar. Relembre-os da diferença entre
da é satisfatória ou consistente? Faça um texto em prosa e outro em versos
anotações e sugestões. Se achar con- e problematize a construção de res-
veniente, escolha um texto, e discuta- postas possíveis, de forma a reunirem
o no quadro de modo a possibilitar elementos que permitam inferir que
que todos colaborem com sugestões o poema costuma ser identificado
de reescrita e de aperfeiçoamento por oposição à prosa, por atribuir
do texto. atenção especial ao ritmo na sua
construção.

Preparação para a leitura


prosa: expressão natural da linguagem
Na preparação para a leitura, procure res- escrita ou falada, sem metrificação inten-
gatar os conhecimentos que os alunos já têm cional e não sujeita a ritmos regulares.
sobre o gênero a ser trabalhado, construindo versos: subdivisão de um poema, ge-
um contexto no qual sua história de leitor de ralmente coincidindo com uma linha do
mesmo, que obedece a padrões de mé-
poesia se faça presente. Divida a classe em
trica e de rima, ou prescinde deles, ca-
grupos de até cinco alunos e proponha que
racterizando-se por possuir certa melodia
conversem a respeito da poesia, buscando ou efeitos sonoros, além de apresentar
responder às seguintes questões: O que é unidade de sentido.
poesia? Que poemas cada um conhece e ritmo: ocorrência de uma du-
por que os nomeia assim? Dê algum tempo ração sonora em uma série de
para trocarem ideias, anotarem a síntese das intervalos regulares; na arte li-
discussões e indicarem um relator. terária, especialmente na poesia,
Realize uma rodada de comunicação. é o efeito estético ocasionado pela
Enquanto cada grupo relata, anote no qua- ocorrência de unidades melódicas,
dro o que consideraram para conceituar dispostas em uma sequência con-
poesia, bem como os poemas, poetas ou tínua.
versos de que lembraram como exemplo de
poesia.
Ao final, com base nas anotações do qua- ao diferente grau de complexidade de cada
dro, problematize o conceito apresentado. um. Destaque a importância do ritmo, a pre-
Reporte-se às características da linguagem sença de imagens e também a percepção da
poética, carregada de significados, que per- realidade a partir da subjetividade do eu-lírico.
mite releituras e oferece novas visões aos lei- Sugira que os alunos copiem a síntese feita no
tores, à variedade de poemas conhecidos e quadro.
Poesia ou poema? linguagem poética: se caracteriza
Os dicionários definem poesia como “a pela subjetividade (expressa emoções e
71
71
arte de criar imagens, de sugerir emoções sentimentos), pela polissemia (possui múl-
por meio de uma linguagem que combina tiplos significados), pelo uso de recursos
sons, ritmos e significados”. O poema é sonoros, como o ritmo e a rima, e pela
definido como “obra, em verso ou não, construção de imagens, propondo uma
em que há poesia”. Logo, ao falar em interação subjetiva entre um eu-lírico e
­poema, faz-se referência ao próprio texto seu interlocutor.
e, ao falar em poesia, trata-se de arte, do estratos de significação: os estratos
fazer poético. de significação correspondem, segun-
do o teórico Roman Ingarden (1965), às
diferentes camadas da descrição de um
Leitura oral poema, que partem do mais su-
perficial (o que se pode perceber
Na sequência, apresente um poema de através do olhar e da audição,
Ferreira Gullar. Embora ele esteja presente no por exemplo) e avançam pelo
Caderno do Aluno, procure projetá-lo em uma estudo das palavras, das frases e
parede ou tela, de modo que possa ser visuali- dos sentidos, tornando-se então
zado por todos. Peça que leiam e, em seguida, mais complexos.
instigue-os a falar dos sentidos que o texto evo-
ca. Explore a produção de sentidos possíveis,
favoreça que reconheçam a liberdade do autor
no uso da linguagem e a liberdade do leitor Estudo do texto
na interpretação. A pergunta formulada no Ca-
derno do Aluno tem esse propósito. Peça que, em duplas, leiam novamente o
texto a partir de sua reprodução no Caderno
Professor, ao conduzir esta atividade, explo- do Aluno. Faça então a pergunta: Esse texto
re todos os estratos de significação do poe- é um poema? Por quê?
ma, desafiando os alunos a atribuirem sentidos Ouça as inferências dos alunos, reporte-se
ao lido a partir da descrição do que veem (es- ao que disseram antes e mostre que, partindo
trato gráfico ou visual), do que ouvem (estrato de seis palavras, o poeta cria novos significa-
sonoro), das palavras ou grupos de palavras dos, dá origem a um novo texto.
que estão presentes no texto (estrato morfoló- Sempre valorizando a contribuição das
gico ou lexical), dos significados que podem duplas, informe que, embora tenha sido pro-
inferir (estrato semântico). Os alunos poderão duzido posteriormente ao concretismo, o po-
observar o modo como o texto ocupa a pá- ema, do ponto de vista formal, apresenta al-
gina, que cada linha tem extensão diferente, guns traços que o aproximam do movimento
que há repetição de palavras, o que assegura concretista. O principal deles é a disposição
uma regularidade sonora (por exemplo, a ­visual, que rompe com a segmentação do
repetição de “ar” em mar, marco, barco poema tradicional, em versos e estrofes; em
e arco), que os conjuntos de palavras são segundo lugar, a busca de sonoridades advin-
os mesmos em uma leitura vertical, que das de aliterações (mar, marco) e parano-
a distribuição na página lembra/desenha másias (barco, arco).
uma vela de barco (movimentada pelo Contextualize o movimento concretista, re-
“ar”, sentido/ouvido pela sonoridade do fira que ele acompanha o progresso de uma
poema), que a observação dos substan- civilização tecnológica, responde às exigên-
tivos pode compor uma paisagem, etc. cias de uma sociedade impelida pela rapidez
das transformações e pela necessidade de
uma comunicação objetiva e veloz. As déca- Reporte-se à autoria do poema e observe
das de 1950 e 1960 assistiram ao surgimen- se as duplas foram capazes de utilizar as in-
72
72 to de tendências poéticas caracterizadas por formações da nota biográfica para compre-
inovações formais, maior proximidade com ender melhor a tarefa solicitada no item 3.
outras manifestações artísticas e negação do Faça os alunos perceberem que um artista
verso tradicional. Procurava-se o “poema- é a voz de seu tempo. Ele valoriza o contexto
produto = objeto útil”. histórico de produção e suas palavras podem
servir para refletir ou criticar uma época ou
ainda para propor ruptura com a tradição ou
o senso comum.
movimento concretista: a poesia con-
creta propõe o poema-objeto, em que se contexto histórico de produ-
utilizam múltiplos recursos: o acústico, o ção: é o conjunto de condições
visual, a carga semântica, o espaço ti- que envolvem o comportamen-
pográfico e a disposição geométrica dos to social e as escolhas do artista,
vocábulos na página. Os concretistas per- tendo em vista sua intenção comu-
ceberam uma “crise do verso” que corres- nicativa, ou seja, aquilo que deseja
pondia a uma crise geral do artesanato destacar por meio da produção.
diante da revolução industrial.
aliterações: repetição de fonemas idên-
ticos ou parecidos no início de várias pa- Leitura silenciosa
lavras na mesma frase ou verso, visando e leitura oral
obter efeito estilístico na prosa poética e
na poesia (por exemplo: rápido, o raio ris- Solicite que os alunos leiam silenciosamen-
ca o céu e ribomba). te o poema e depois proponha a leitura oral.
paronomásia: figura de linguagem que A leitura oral é pertinente no trabalho
extrai expressividade da combinação de com este texto especialmente por ser um
palavras que apresentam semelhança fô- ­poema. Do ponto de vista do aluno que lê
nica (e/ou mórfica), mas possuem sentidos em voz alta, será importante que realize uma
diferentes (por exemplo: anda leitura expressiva, respeitando a dinâmica
possuído não só por um sonho, do texto. Do ponto de vista do aluno que
mas pela sanha de viajar). escuta, é importante que esteja atento para
eu-lírico: é o sujeito que fala no o ritmo e as imagens que o texto provoca,
interior do poema, frequentemente que serão discutidas depois da audição do
confundido com o próprio poeta. poema. Note que a atividade de ler em voz
alta aqui implica explorar os recursos rítmi-
cos e melódicos do texto.

Professor, aprender a nomenclatura referente a esses conceitos não é essencial ao


estudo do poema. Interessa que os alunos consigam perceber uma inovação formal,
bem como o uso de recursos expressivos que contextualizam o poema em uma época
de produção específica, isto é, que mostrem que ele tem motivação na vida social. Se
dispuser de recursos, recorra ao site www.portacurtas.com.br, apresente o curta Hi-Fi,
dirigido por Ivan Cardoso, e aprofunde as características aí destacadas.
Essas questões podem mostrar que os
Faça um levantamento escritores (assim como os leitores) estão
­situados no mundo social, com valores, pro- 7373
das obras ou antologias que
jetos políticos, histórias e desejos construídos
contenham poemas de Ferrei-
como forma de agir na vida pública, daí di-
ra Gullar disponíveis na biblio- zer-se que os significados de um poema são
teca da escola, ou outra a que historicamente contextualizados.
os alunos possam ter acesso, e Uma vertente da produção de Ferreira
sugira que, como atividade extra- Gullar, que tematiza os problemas sociais,
classe, cada um escolha e copie, em deixando-os mais evidentes, é a chamada
folha separada, para compor um pai- poesia social. Ela resulta da reação de al-
nel, um poema que seja de seu agrado guns poetas a duas características considera-
e que possa ilustrar um dos aspectos das dominantes entre as tendências literárias
estudados durante o desenvolvimento da época: o excesso de formalismo, que cau-
da unidade. Disponibilize, em um canto sava o distanciamento do público, e a aliena-
da sala, um espaço para exporem suas ção dos movimentos de vanguarda. A poesia
escolhas e estimule a turma a frequen- social busca maior comunicação com o leitor
e propõe o retorno ao verso, o emprego de
tá-lo e a trocar ideias sobre os poemas.
uma linguagem mais simples e uma temáti-
Apresente aos alunos o filme As som-
ca voltada para a realidade social. Para os
bras de Goya (2006), dirigido por Mi- poetas dessa tendência, poesia é veículo de
los Forman (118 minutos, disponível participação política. O poema Não há va-
em DVD), onde se pode observar, no gas é um exemplo de poesia social, pois nele
contexto da Espanha do século XVIII, a o eu-lírico reflete sobre o contexto social, as
finalidade social da arte. condições do dia a dia do povo brasileiro e a
função da poesia.

movimentos de vanguarda: a pa-


Professor, após referir-se à oralida-
lavra vanguarda deriva do francês avant-
de, problematize a presença desse tra-
garde, que significa “o que marcha à
ço no poema Mar azul, anteriormente
frente”. Artística ou politicamen-
lido. Mostre que, apesar de ter uma
te, vanguardas são grupos ou
natureza apoiada no aspecto rítmi-
correntes que apresentam uma
co, esse poema se presta melhor
proposta e/ou uma prática ino-
à visualidade, já que constrói uma
vadoras. As vanguardas acreditam
imagem.
perceber ou compreender, antes
de todos, aquilo que mais tarde
poderá ser do senso comum.
Estudo do texto
Dê tempo para que releiam o poema de
Ferreira Gullar e, em grande grupo, antes de
realizarem a tarefa proposta no Caderno do Professor, uma alternativa para
Aluno, provoque-os a deduzir: Qual seria, dinamizar a tarefa pode ser distri-
na época de produção do poema, o as- buir as questões entre os alunos e
sunto do poeta em uma mesa de bar? O propor uma socialização final, à
que o incomodava? Quais eram suas afli- maneira de um seminário.
ções e desassossegos?
Encaminhe a realização de leitura crítica, para o abstrato, o que motiva a declaração
propondo que formem duplas e examinem o do eu-lírico de que “o poema está fechado”
74
74 poema Não há vagas a partir do roteiro que para aquilo que deveria caber no poema.
consta no Caderno do Aluno. Na última estrofe, a conclusão: por só ter
A leitura crítica permite recuperar o con- espaço para coisas abstratas, ele “não fede
texto de produção: quem escreveu, com que nem cheira”. A crítica recai sobre a poesia
intenção, quem era o interlocutor imaginado que é só sentimento, abstração. O poema
pelo poeta, etc. Essa reflexão fornece ele- mostra, então, que poesia é muito mais que
mentos para os alunos reconhecerem as es- versos e rimas.
colhas feitas pelo poeta entre os discursos cir-
culantes, identificando, por exemplo, os usos
da linguagem coloquial que são apropriados Arte na Onda Jovem
pela linguagem literária. Esses elementos de (Aulas 5, 6 e 7)
contexto devem ressurgir à medida que o ro-
teiro proposto for discutido. Estas aulas introduzem o texto de opinião,
apresentam seus componentes e destacam
Professor, explore o poema de modo algumas estratégias de composição. Tratam
que os alunos apreciem como a lingua- de características contextuais (interlocutores e
gem literária atribui novos significados temática) e composicionais (modos de orga-
à realidade por meio da criação de as- nização e estratégias comunicativas) e discu-
sociações inéditas. Ao falar nele, utilize tem recursos de linguagem ligados ao texto
os termos verso (cada linha do poema) de opinião. Desenvolvem as habilidades de
e estrofe (cada conjunto de linhas de um identificar o tema de um texto e distinguir fato
poema) e explique, se necessário, o de opinião; reconhecer posições distintas en-
que significam. Observe que não são tre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo
analisados todos os estratos de signi- fato ou tema; diferenciar partes principais e
ficação do poema, pois o objetivo da secundárias de um texto e estabelecer rela-
atividade é levar os alunos a realiza- ções entre elas; identificar e utilizar marcas
rem uma leitura crítica que enfoque linguísticas que revelam a interlocução, bem
a vinculação do poema/poeta com como as que constroem a argumentação em
o contexto de produção. textos de opinião.

Preparação para a leitura


Esta atividade contextualiza o artigo que
Na socialização das leituras críticas, orien- será trabalhado a seguir em seu suporte ori-
te os alunos a observarem que o poema está ginal e explora suas características. Para tan-
motivado pela situação de carência da po- to, a atenção dos alunos deve ser dirigida
pulação brasileira, o desemprego sinalizado
pelo título “Não há vagas”, os elementos que
compõem as preocupações da vida cotidia- Se a escola dispõe de laboratório
na (alimentos, luz, gás, telefone), os traba- de informática, opte por realizar a
lhadores (funcionário público, operário). Na leitura da capa na internet, de modo
penúltima estrofe, contrariamente, o eu-lírico que os alunos explorem o conjunto
esclarece, enumerando o que cabe no poe- do site da revista e até mesmo a
ma: homem, mulher e fruta irreais, por serem seção que antecipa as reportagens
“sem estômago”, “de nuvens” e “sem preço”. (www.ondajovem.terra.com.br).
Pode-se dizer que o poema vai do concreto
para os modos de ler uma revista em situa- do autor em seu contexto de produção, uma
ções não escolares. Apresente as ilustrações, vez que o leitor deverá julgar a pertinência dos
as demais informações verbais contidas na argumentos defendidos. Por isso é importante 7575
capa do número da revista em que foi pu- retomar o que foi aprendido antes sobre Fer-
blicado o texto a ser lido mais adiante, bem reira Gullar, a fim de que ele seja visto como
como o título: Onda Jovem. Discuta as ex- voz autorizada ao emitir sua opinião.
pectativas de leitura a partir da identificação
desses elementos. Leve-os a imaginarem a
Professor, esta é uma excelente
experiência de um leitor jovem que tem em
oportunidade para acrescentar à
mãos esta revista ou a lê na internet: ele re-
caixa de leitura obras dos autores
aliza seleções de textos, lê com certa finali-
referidos no texto de Ferreira Gullar
dade, é atraído pelo conjunto da revista, a
e, a partir deles, propor que reali-
partir da capa.
zem leituras extensivas por meio de
contratos de leitura.
Leitura silenciosa

Professor, note que as atividades pro-


põem a leitura silenciosa, que é a ma-
neira como geralmente lemos em nossa Estudo do texto
vida cotidiana. Se seus alunos vivem em A finalidade desta seção é explorar o léxico
contextos sociais em que se lê pouco, ter (em uma atividade a ser realizada em grande
a possibilidade de ler silenciosamente grupo) e a organização do texto (em peque-
torna-se ainda mais importante para que nos grupos), levando os alunos a perceberem
ele venha a ser um leitor autônomo. A lei- as características do texto de opinião.
tura oral pode ser focalizada em gêneros Inicialmente, refira os três termos que apa-
discursivos como poemas, peças teatrais, recem no glossário no Caderno do Aluno
canções, orações, gêneros nos quais isso (Shakespeare, Sófocles, afrescos): já ouvi-
é esperado. Lembre-se de que, durante ram falar em algum deles? Sugira então que,
avaliações externas, ou mesmo em con- individualmente, leiam as questões de 1 a 5
cursos em busca de emprego, eles não e reflitam sobre elas. Em seguida, retome-as
poderão contar com o apoio da leitura em grande grupo. Relacione a temática da
oral. Mais importante ainda: se não revista ao texto (a discussão da capa viabiliza
aprenderem a ler silenciosamente, ja- as inferências necessárias para isso).
mais lerão como se lê a maioria dos Discuta as perguntas sobre o emprego
textos que circulam no mundo. A do advérbio “tacitamente”. O que significa?
qualidade da leitura do aluno deve Enumere com os alunos exemplos de coisas
ser avaliada por meio do cumpri- nas quais acreditamos tacitamente: seria in-
mento das tarefas propostas. Se ele teressante discuti-las se quiséssemos mudar
consegue cumpri-las, demonstra algo em nossas vidas? Esse advérbio é im-
que soube ler o texto. portante não só neste texto. Em muitos textos
de opinião, revelar posições tácitas, para re-
futá-las ou reafirmá-las, é um procedimento
de argumentação.
As perguntas formuladas no Caderno do Reflita com seus alunos sobre a palavra
Aluno têm o objetivo de dirigir a atenção para ­“incomunicabilidade”. Para tanto, faça a de-
a finalidade da leitura. Por ser um texto de composição da palavra com o auxílio dos
opinião, leva em consideração a autoridade alunos, procurando a sua origem. Observe
a formação feita pelo acréscimo de prefi- humano” e estimule os alunos a se posicio-
xo e sufixo (derivação prefixal e sufixal), em narem diante delas.
76
76 tempos diferentes. Antes de proceder a essa
discussão, consulte o dicionário e as gra- Professor, enquanto debatem, vá regis-
máticas, a fim de preparar uma coleção de trando no quadro as marcas linguísticas
palavras que sejam conhecidas dos alunos próprias da argumentação, utilizadas
e possam servir de apoio ao reconheci- por eles. As tarefas propostas no Ca-
mento dos mesmos mecanismos que estão derno do Aluno, na seção Linguagem,
implicados na formação desta palavra. Em trabalham com essas marcas, visíveis
seguida, contextualize a palavra: seu em- na oralidade e também presentes no
prego relativamente às artes pressupõe que texto de opinião. Mostre-as. Você
são linguagens e pertencem ao fenômeno poderá retomar essas anotações ao
da comunicação. Feita a exploração do lé- longo do trabalho com a seção de
xico, proponha que realizem nova leitura do Reflexão Linguística.
texto, agora com objetivos mais definidos.
Peça que se reúnam em pequenos gru- Com o auxílio dos alunos, retome os
pos e realizem a tarefa que aparece no elementos importantes em uma situação
Caderno do Aluno. Enquanto trabalham, de interação pela linguagem: quem diz,
observe a turma. Se tiverem dificuldade, a quem se dirige, o que diz, por meio
oriente-os a examinarem detalhes da cons- de que recursos e em que contexto.
trução do texto. Auxilie-os a identificarem Observe que a comunicação não se reduz
as teses apresentadas: a primeira, que re- ao envio de uma mensagem com ideias e
vela o ponto de vista do autor, diz que “a informações e à compreensão pelo desti-
arte tem uma finalidade”; a segunda, do natário (caso em que predomina a função
senso comum, diz “a arte não serve para informativa, denotativa ou cognitiva da lin-
nada”. Uma vez identificadas as teses, fica guagem), e, mesmo nesses casos, há uma
mais simples para os alunos localizarem interação constante entre locutor e interlo-
no texto os recursos/argumentos utilizados cutor, ambos ativos na construção da inte-
por Ferreira Gullar para defendê-las e/ou ração. São também frequentes as vezes em
refutá-las. Da tese 1, explicação pessoal a que o produtor deseja que o ouvinte/leitor
partir da vivência do autor; exemplos; o aceite o que ele expressa (e não apenas
autor é sensibilizado pela arte; há uma di- compreenda). Relacione essa característica
ferença entre a arte em ação e a arte em si; ao texto lido, demonstrando que pertence a
a arte serve para deixar o mundo mais belo, um gênero que se organiza acima de tudo
mais comovente, mais humano. Da tese 2, por esse propósito: persuadir seu leitor.
há pessoas que não são tocadas pela arte; Em vista disso, diz-se que a língua não é
exemplos; o espectador não é sensibilizado apenas um instrumento de comunicação:
pela arte; a arte não tem uma finalidade ela é ação sobre os interlocutores, utili-
­prática. zada para convencer, persuadir, influenciar
Na discussão em grande grupo, proble- na formação de opinião ou levar a uma de-
matize a pergunta que o texto se propõe a terminada ação do interlocutor. Nesse caso,
responder: Para que serve a arte? Retome a comunicação tem uma finalidade argu-
as ideias de Ferreira Gullar, escrevendo-as mentativa, assim como o texto de Ferreira
no quadro: “ser tocado pela obra de arte”, Gullar. Ao se questionar sobre a finalidade
“capacidade da arte de deslumbrar e co- da arte a partir de sua própria experiência,
mover as pessoas”, “a arte em si não ser- o autor objetiva convencer seus leitores de
ve para nada”, “a arte serve para tornar o que a arte serve para humanizar, embelezar
mundo mais belo, mais comovente e mais e comover.
Preparação ao estudo se em alguns recursos composicionais para
a realização de pequenos exercícios, tarefas
da linguagem de comparação, organização de quadros de 7777
expressões e redação de períodos. O objeti-
Antes do início da reflexão linguística, na
vo é que o aluno estabeleça relações entre
próxima seção, organize, por meio de um
as marcas linguísticas estudadas e o modo
debate oral, uma espécie de coleção de
dialógico como se estrutura o texto de opi-
temas polêmicos (um menu), conforme su-
nião lido, observando como a organização
gerido no Caderno do Aluno. Provavelmente
e o uso dos recursos são tão fundamentais
surgirão temas como futebol, formação de
quanto as informações para a construção de
turmas, música, jogos, TV, relação com a es-
argumentos.
cola e os professores, relações com os adul-
Observe que as atividades de linguagem
tos de modo geral, violência, namoros, sexu-
não pressupõem apenas a resolução indivi-
alidade, etc. O objetivo da lista é enumerar
dual e silenciosa das questões, mas, ao con-
aspectos ligados ao cotidiano sobre os quais
trário, propõem a interação entre os alunos.
os alunos tenham opiniões e estejam acostu-
Permita que conversem, troquem informa-
mados a argumentar, ainda que apenas oral-
ções, auxiliando-se mutuamente.
mente. Você pode lançar mão de perguntas
do seguinte tipo para provocar a discussão:
Que temas você discute com seus cole- Introdução ao diálogo persuasivo
gas e amigos no dia a dia?
Coloque no quadro os termos introdutores
Anote no quadro os tópicos em forma de
do diálogo persuasivo (Confesso que... Admi-
lista e mantenha-a visível durante a realiza-
to que... Sempre me intrigou... Muitas vezes
ção das tarefas, recorrendo a ela para propor
pergunto a mim mesmo/mesma se... Sempre/
aos alunos a produção de períodos. A ideia
Uma vez ou outra, fico surpreso/surpresa/
aqui é que os alunos trabalhem um pouco
questiono se...), listados no Caderno do Alu-
sobre o nível da frase, refletindo sobre sua
no. À medida que os discutir com a turma,
estrutura e possíveis significados. O trabalho,
amplie a lista com outras contribuições. Não
entretanto, precisa adquirir um sentido dis-
deixe de examinar as explicações que estão
cursivo, ou seja, as frases devem formar pe-
no Caderno do Aluno, pormenorizando-as
quenos textos. Para tanto, os tópicos da lista
e exemplificando-as até ficar seguro de que
servirão de contexto: movimentando-se den-
houve compreensão, estágio fundamental
tro de tópicos sobre os quais costumam argu-
para a consolidação da aprendizagem.
mentar, será possível aos alunos estabelece-
Aproveite esta ocasião para estabelecer
rem relações entre as frases e o conjunto de
relações entre as funções dos segmentos
pontos de vista que conhecem sobre o tema.
estudados e os modos como se estruturam
Depois, no momento da discussão das frases
sintaticamente. Mostre que as expressões têm
e períodos produzidos, estimule essa contex-
uma estrutura tal que resultam na formação
tualização, refletindo tanto sobre a correção
de períodos complexos por subordinação:
do que produzirem os alunos a respeito das
a parte expressa pela oração principal esta-
convenções da escrita como sobre os pontos
belece uma relação entre locutor e interlo-
de vista que as frases produzidas revelam.
cutor e, ao mesmo tempo, dá ao conteúdo
da oração subordinada uma interpretação
Linguagem específica. Tome uma mesma oração su-
bordinada e discuta os efeitos da troca da
Esta seção estuda estratégias linguísticas oração principal: o que significa cada uma
utilizadas no texto para construir a argumen- das formas de expressão resultantes? Mostre
tação. O estudo não é exaustivo, concentra- também que fatos e experiências do autor es-
tarão descritos na oração subordinada e que Apresentação de
o resultado dessa descrição e interpretação argumentos e de pontos de vista
78
78 será introduzi-los como tópicos de um diálo-
go persuasivo. Por exemplo:
Em um texto com finalidade argumentati-
• Sempre me intrigou o fato de que as
va, os pontos de vista e os argumentos podem
pessoas tratam os personagens de nove-
ser apresentados diretamente como fatos ou
las como se fossem reais.
explicitamente como opiniões do autor. Essa
• Admito que nunca atuei como técnico
diferença vai ser estabelecida por meio do
de futebol, mas as decisões de Dunga...
uso de diferentes nexos: advérbios, adjun-
• Uma vez ou outra questiono se as pro-
tos adverbiais, conjunções, locuções mais
vas da escola de fato servem para avaliar
ou menos fixas da língua, etc. Outro recurso
meus conhecimentos.
para estabelecer essa diferença é o empre-
• Confesso que me incomoda o fato de
os alunos do colégio, a partir de uma cer- go de períodos complexos: neste caso, a
ta idade, conversarem e interagirem só oração principal vai afirmar a veracidade da
com os membros da sua tribo, deixando subordinada ou explicitar que a subordina-
todos os outros de fora. da expressa uma opinião. Chame atenção
Cada uma dessas frases pode sofrer al- para essa diferença: às vezes é conveniente
terações na oração principal, e o resultado atenuar uma afirmação ao argumentar, pois
será avaliado pelo modo como dão início ao sua asserção direta poderia causar descon-
debate do tema expresso pela subordinada. fiança, intimidar o interlocutor ou até mes-
Conforme a proposta da tarefa, os alunos mo contradizer os argumentos que a sus-
discutirão esses empregos. No texto de Fer- tentam, que não são fortes e inequívocos o
reira Gullar, há vários casos, que vão cons- suficiente. Além disso, ao afirmar algo dire-
truindo uma espécie de conversa com o leitor, tamente em um texto, muitas vezes é preciso
até o fechamento com o emprego de “se me estabelecer nexos entre a afirmação feita e
perguntam [...] respondo [...]”. Feita a discus- o que estava sendo dito antes. Discuta es-
são, construirão seus próprios ­períodos, uti- ses mecanismos com os alunos por meio da
lizando as expressões listadas para introduzir interpretação do texto, nas tarefas que se-
debates sobre os tópicos que aparecem na guem no Caderno do Aluno 1 e 2.
lista que você colocou no quadro. Essas tarefas envolvem as duas seguintes
Escritos os períodos, em duplas ou indivi- afirmações:
dualmente, solicite aos alunos que leiam em a) A arte em si não serve para nada.
voz alta e provoque discussão para se certi- b) A arte é tacitamente necessária.
ficar de que todos compreenderam o proce- No primeiro caso (a), Gullar apresenta a
dimento. afirmação como expressão da verdade e a
utiliza no curso da argumentação – releia o
texto: a afirmação de que a arte em si não
serve para nada se articula com o que vinha
sendo dito e com a função da arte que será
Professor, se julgar necessário, vá estabelecida em seguida (nesse sentido, é
ao quadro e discuta também ques- importante aqui o emprego de “em si”, por-
tões de ortografia, uso de pontua- que logo depois Gullar dirá que, no fim, a
ção e estrutura dos períodos de arte serve para alguma coisa, não em si,
modo geral. mas em sua relação com um contexto social
e cultural).
No segundo caso (b), Gullar faz a afirma-
ção logo no início do texto, mas não como
expressão da verdade: ele diz que a arte ser Professor, o ideal nesta tarefa é que os
necessária é uma dedução sua, que é algo alunos possam utilizar dicionários em edi- 79
79
que lhe parece ser verdadeiro. ções completas, como o Dicionário Hou-
A discussão feita aqui, então, trata dessa aiss e o Dicionário Aurélio. As edições
diferença: de um lado, a afirmação direta de escolares, resumidas, por vezes não ofe-
pontos de vista, como se fossem fatos, ver- recem verbetes mais complexos nos quais
dades; de outro, a afirmação de pontos de apareçam locuções e empregos dessas
vista explicitando que são opiniões, posições locuções em exemplos. Examine o mate-
do autor. Os dois modos de expressão têm rial disponível antes da consulta pelos alu-
funções importantes na construção de textos nos e certifique-se de que há informações
argumentativos. Chame a atenção de seu em- úteis para que possam realizar o trabalho.
prego neste texto, incrementando a sensibili- É muito importante que os alunos apren-
dade para os mecanismos na leitura do texto. dam que, ao escrever, não temos todos os
Em seguida, para que façam o que é pe- recursos na cabeça e recorremos ao
dido na tarefa 3, ofereça o dicionário como dicionário para encontrar palavras
material de consulta para que os alunos, em equivalentes e, desse modo, enrique-
cer o texto, variando os modos de
duplas, possam ampliar o repertório de ex-
expressão. Se possível utilizem, em
pressões que podem ser usadas para cada
algum momento, as versões eletrô-
uma das seguintes funções:
nicas dos dicionários no laborató-
1) apresentar um argumento ou ponto de
rio de informática.
vista como fato;
2) apresentar um argumento ou ponto de
vista, explicitando que se trata de uma opi-
nião do autor.

Introduzem um argumento ou ponto Introduzem uma afirmação como


de vista como expressão da verdade, ponto de vista do autor, de modo ex-
articulando-o ao que estava sendo dito plícito; suavizam uma informação, ao
anteriormente em um debate, escrito ou apresentá-la como opinião e não como
oral. expressão da verdade.

Na verdade... (Eu) acredito que...


Na realidade... Parece-me que...
De fato... Deduzo que.../Suponho que...
Com efeito... Creio que...
Realmente... Penso que...
Seguramente... Do meu ponto de vista...
Certamente... A meu ver...
É certo que... Em meu julgamento...
Não há dúvida de que... Meu ponto de vista é o de que...
O certo é que... Estou convencido de que...
etc. Até onde posso ver...
etc.
Quando terminarem, promova a sociali-
zação e discussão das expressões encontra- Professor, a discussão proposta solicita
80
80 das e lembradas; produza no quadro uma ao aluno que estabeleça contrastes entre
lista de expressões a partir da contribuição as expressões usadas em diferentes con-
dos alunos e acrescente outras para discus- textos escritos e falados. Esse aspecto da
são. Indique então que concluam o exercí- reflexão tem dois propósitos. O mais evi-
cio individualmente. dente é sensibilizar o aluno para o signifi-
Na tarefa 4 (Caderno do Aluno), discuta as cado da variação linguística, por meio do
novas expressões acrescentadas: que contribui- estabelecimento de associações refletidas
ção fazem para o sentido das frases que inte- sobre expressões linguísticas e as situa-
gram? Que diferenças de sentido há entre elas? ções em que são utilizadas. Além disso, há
Os alunos devem notar, na discussão, o o propósito de possibilitar que recorra ao
contraste implicado no quadro da página 73: conhecimento que já tem sobre expressões
• Na coluna da esquerda, estão expres- que cumprem essas funções argumentati-
sões que reafirmam a verdade do ponto vas em contextos cotidianos, mais colo-
de vista apresentado e oferecem meios de quiais, para aprender as expressões mais
articular essa afirmação ao fluxo do texto. típicas de textos formais, escritos e fala-
Trabalhe sobre o texto de Gullar e mostre dos. A equivalência, no plano do sentido
que a substituição de “na verdade“ teria argumentativo, entre as expressões menos
efeitos de sentido ali, não sendo possí- e mais formais, ajuda a tornar mais clara
vel utilizar qualquer uma das expressões. a função das que são desconhecidas. Não
Quais seriam possíveis utilizar naquele se esqueça de que as formas mais colo-
contexto? Quais diriam algo levemente quiais, o uso de gíria, etc., têm valores es-
diferente naquele contexto? Em que outros pecíficos que podem enriquecer uma
lugares do texto poderiam aparecer? gama de textos, emprestando-lhes
• Na coluna da direita, estão listadas ex- características que sinalizam seu
pressões que revelam a posição do autor contexto, a identidade dos interlo-
sobre o que é afirmado. Que diferenças cutores e assim por diante; não
existem entre elas? Novamente, discuta são expressões erradas, pois têm
com os alunos as semelhanças e as dife- uma finalidade própria.
renças entre os modos de expressão suge-
ridos em termos de sentido. Por exemplo:
Do meu ponto de vista, os jogadores
da seleção brasileira devem ser libera-
pressões por vírgula: ao aparecer no início
dos pelos clubes europeus em todas as
da frase ou intercaladas à frase, as mais lon-
convocações.
gas serão separadas por vírgula e as mais
Suponho que deva ser uma exigência curtas serão separadas opcionalmente:
contratual a liberação de jogadores
Do meu ponto de vista, os jogadores
para participar de jogos da seleção
da seleção devem...
de seu país de origem.
Os jogadores da seleção, do meu
Vá realizando substituições e discuta com os
ponto de vista, devem...
alunos os resultados: quais são as semelhanças
e diferenças de sentido entre as frases? Certamente, a convocação de joga-
Este é um bom momento para fazer uma dores que atuam na Europa...
revisão de questões de escrita. Por exemplo, Certamente a convocação de jogado-
chame a atenção para a separação das ex- res que atuam na Europa...
Na tarefa 5 (Caderno do Aluno), discuta
a produção de frases em voz alta, orientan- Professor, caso ainda não o te-
do os alunos para a clareza e a modalização nha feito, este é um bom momento 81
81
dos argumentos usados, bem como para a para devolver a correção do texto
variedade linguística mais adequada em di- produzido na primeira aula.
ferentes contextos.
Na tarefa 6 (Caderno do Aluno), promova
o fechamento da aula, possibilitando que os
jovens avaliem as frases produzidas a partir Preparação para a leitura
dos critérios estudados.
Nesse fechamento, certifique-se de que o Inicie a aula perguntando a respeito do
aluno: grafite: Você já viu algum? Alguém faz
• percebeu que há muitas maneiras de intro- ou conhece quem faça? O que pensam
duzir os tópicos de seu texto de tal modo a respeito do grafite? Onde ele costuma
que fique expresso que é um diálogo com aparecer? Discuta as perguntas propostas
fins argumentativos; uma a uma e, nas que envolvem a observa-
• estabeleceu uma distinção entre fazer afir- ção de imagens e leitura de pequenos textos,
mações como se fossem expressões da ver- intercale discussão e leitura silenciosa, de
dade e fazer afirmações como expressões modo ágil.
de opiniões e pontos de vista do autor;
• ampliou seu conhecimento de nexos Professor, todos os textos que estão no
­textuais que apresentam uma afirmação Caderno do Aluno foram retirados de sites
como expressão da verdade; ou blogs e utilizam grafia variada para as
• ampliou seu conhecimento de nexos tex- palavras grafite (graffiti, grafitto) e picha-
tuais que explicitam ser uma afirmação a ção (pixação), nem sempre respeitando as
expressão de uma opinião; convenções ortográficas. Caso você tenha
• percebeu que utiliza todos esses recursos tempo para isso, chame a atenção dos
na fala do dia a dia e que há expressões alunos para essa característica dos textos.
mais adequadas a contextos formais e ou- Você pode sugerir que os alunos mante-
tras mais adequadas a contextos informais; nham um registro das ortografias utiliza-
• aumentou sua capacidade de revisar sua das e, depois, pesquisem no dicionário
escrita para estruturar as frases conforme para descobrir que formas estão re-
as convenções de pontuação e de estrutu- gistradas em nossas convenções or-
ração da norma padrão do português. tográficas. Discuta com os alunos,
em seguida, os efeitos do emprego
de formas ortográficas diferentes: o
Arte na rua que motiva esse emprego?
(Aulas 8 e 9)

Estas aulas oportunizam o desenvolvi-


mento da atitude investigativa para produzir
textos de opinião. Possibilitam leituras para A ideia aqui não é explorar os detalhes
enriquecimento de informações e pontos de dos textos, mas oferecer informação e in-
vista sobre o tema a ser discutido por escri- corporá-la imediatamente à discussão oral.
to. As principais habilidades são: identificar a Após a manifestação dos alunos, informe
finalidade e obter informações em textos de que o grafite será tema das próximas aulas.
diferentes gêneros; refletir sobre a função de Indique que será confeccionado um painel
nexos argumentativos. ou blog, conforme sua decisão, e sugira que
iniciem uma coleta de informações para for- produzidos com finalidades diversas, consti-
talecerem os argumentos a respeito do as- tuindo gêneros do discurso diferentes: repor-
82
82 sunto. tagem e texto de opinião. Essa distinção
deve permanecer no plano intuitivo, servindo
Leitura silenciosa de pano de fundo para a consolidação das
aprendizagens sobre o texto de opinião, de
A leitura do texto será realizada por todos natureza argumentativa.
os alunos, obedecendo à mesma dinâmica já
praticada anteriormente. Solicite que leiam e Professor, se dispuser de mais tempo para
respondam à pergunta que antecede o texto. desenvolver esta unidade, problematize de
O objetivo dessa atividade é que os alunos forma mais radical a discussão, investin-
se apropriem de informações sobre um as- do em maior consistência à elaboração
sunto polêmico, que é o grafite. do texto final. Faça os alunos observarem
que coisas são ditas nas ruas em forma de
Estudo do texto grafite; aproxime essas expressões às dos
poetas hoje canônicos (lembrando que es-
Encaminhe-os para responderem, individu- ses também, na sua época, foram sujeitos
almente, às perguntas da seção de estudo do que contestaram a sociedade, rompendo
texto, cujo objetivo é identificar a finalidade com padrões reconhecidos). Encaminhe
e obter informações em um texto polêmico: a discussão para o espaço público, que
Spray cabeça. é oferecido pela cidade e pelo qual
Depois, socialize, em grande grupo, as res- transita o grafite – o que é público?
postas às questões de 1 a 4. Assegure-se de O que é privado? Para quem é pú-
que os alunos fazem anotações do que apa- blico? Para quem é privado? Ou
rece de diferente na discussão. O núcleo da ainda, onde está a juventude no
tarefa aqui é fazer apontamentos que poderão meio disso tudo? E de qual juven-
ser úteis para a escrita dos textos do painel. tude se está falando?

Professor, a variedade de textos ofere-


cidos para leitura é importante porque é
muito difícil escrever bem sobre algo que
A organização da turma para essa ati-
se desconhece: sempre, no trabalho
vidade é fundamental. O trabalho deverá
com a escrita, será necessário com-
ser feito em grupos múltiplos de quatro, as-
binar o repertório de conhecimentos
segurando que cada texto seja lido por um
que os alunos já têm e oportunizar
número igual de alunos e possibilite, na se-
seu enriquecimento. Aí sim será
gunda etapa, a formação de grupos mistos
possível escrever bem.
com representação de todos os textos lidos (a
dinâmica é conhecida como “grupos xadre-
zes”). Na etapa em que todos os alunos do
grupo leem um mesmo texto, enquanto tra-
Novidades sobre grafite: balham, circule entre os grupos e oriente-os
troca de informações a perceberem as estratégias argumentativas
e a lerem criticamente o conteúdo dos textos.
Os textos sugeridos para esta tarefa am- Peça que destaquem fatos, opiniões, ideias,
pliam informações a respeito do assunto, informações apresentadas em cada texto e
fundamentam inferências e possibilitam ultra- ressalte que elas serão utilizadas, primeiro,
passar o senso comum. Informe que foram para a tarefa de troca de informações e, em
seguida, para a escrita de um texto de opi-
nião sobre o tema. O valor artístico e
Concluída essa etapa, reorganize-os em cultural do grafite 83
83
novos grupos representativos das quatro lei- (Aulas 10, 11 e 12)
turas (cada grupo terá alunos originalmente
pertencentes aos grupos 1, 2 , 3 e 4), pos- Estas aulas propõem a elaboração indivi-
sibilitando a troca entre eles das anotações dual de um texto de opinião escrito e a revi-
­realizadas. Estimule-os, então, a comple- são de sua estrutura. As principais habilidades
mentar ou acrescentar às anotações primei- a serem exercitadas são: utilizar a linguagem
ras o que aprenderem do relato dos colegas. para estruturar a experiência e explicar a rea-
Proponha que organizem um quadro com lidade; compreender e fazer uso de informa-
teses/argumentos coletados. Relembre que ções contidas nos textos; selecionar e utilizar
os argumentos colhidos nos textos subsidia- argumentos pertinentes à defesa de um ponto
rão a produção que será organizada e redi- de vista, relacionando-os a dados da realida-
gida nas próximas aulas. Se quiserem saber de que lhes sirvam de apoio.
mais a respeito do assunto, no Caderno do
Aluno, aparecem endereços eletrônicos onde Planejamento e
poderão obter outras informações.
produção de texto
Professor, no Caderno do Aluno, apare- Oriente o trabalho individual e peça que
ce um quadro intitulado Dica. Nele, estão registrem e defendam sua posição a respei-
listados recursos de linguagem que servem to do assunto discutido – o valor artístico e
à estruturação de sequências argumenta- cultural do grafite –, elaborando um texto
tivas em diferentes gêneros textuais. Este de opinião que, depois, será disponibilizado
quadro resumo é assim apresentado por em um blog ou em um painel a ser publicado
não haver sido focalizado especificamen- na forma de mural, conforme sua decisão. É
te na unidade e porque, supostamente, já vital que a situação de interlocução (as con-
vem sendo tópico de estudo durante a for- dições de produção do texto) fique clara e
mação básica. Por exemplo, a formação bem orientada: como produtores, os alunos
de períodos complexos por coordenação, estarão propondo aos demais colegas da
como o uso de conjunções adversativas, escola uma reflexão sobre o tema. Sugira
ou o estabelecimento de contrastes entre que retomem o texto de Ferreira Gullar, A be-
orações por meio de nexos como, no en- leza do humano, nada mais e as anotações
tanto, são fundamentais para a escrita de realizadas durante as aulas. Auxilie-os, uti-
textos de opinião. Caso você constate que lizando o quadro, a elaborarem um roteiro
seus alunos não demonstram competência para a produção, ressaltando os seguintes
no uso desses recursos, planeje seu ensino elementos:
como parte desta unidade ou, de prefe- Interlocutor: ao redigirem o texto, levar em
rência, como foco de uma nova unidade conta o interlocutor, já que a linguagem deve ser
didática que integre tarefas de leitura, adequada ao gênero e ao perfil do leitor;
produção oral e escrita e reflexão so- Ideia principal: pensar em um enun-
bre a língua. Os capítulos 25 a 27 ciado (uma ou mais frases) capaz de expres-
do livro didático de Carlos Alberto sar a ideia principal (a síntese de seu ponto
Faraco (2003) para o ensino mé- de vista) que pretendem defender e anotá-lo;
dio, listados nas referências deste Argumentos: desenvolver os argumen-
caderno, podem fornecer interes- tos um a um, procurando fundamentá-los
santes sugestões. bem, com explicações e exemplos. De pre-
ferência, cada argumento deve aparecer em dade de tempo, encaminhe os alunos para a
parágrafo diferente; montagem e a organização do mural ou do
84
84 Conclusão: pensar na melhor forma blog. Escolha uma das alternativas sugeridas
possível de concluir o texto: retomando o (veja as principais etapas a serem realizadas
que foi exposto, confirmando a ideia princi- abaixo) ou outra, mas assegure que os textos
pal, fazendo uma citação de algum escritor produzidos sejam publicados!
ou autoridade no assunto;
Título: dar ao texto um título que desper- Mural
te a curiosidade do leitor.
• Preparar o mural, fazendo um fundo com
papel craft.
Professor, antes da etapa de mon- • Trazer de casa os textos produzidos na uni-
tagem do blog ou painel, leia os tex- dade, passados a limpo à mão ou digita-
tos e faça devolução coletiva. Trans- dos, com a indicação do nome do autor, e
creva alguns parágrafos no quadro afixar no mural.
(mantenha anonimato) e proponha • Anexar também imagens relacionadas
que sejam melhorados por meio da com os temas abordados.
contribuição de todos. • Dar um título ao mural, como Ponto de
vista, Opinião ou outro.
• Expor o mural em lugar de bastante mo-
vimento na escola, como o pátio ou o
Revisão e reescrita do texto corredor de entrada e saída, tornando-o
visível para a comunidade escolar.
Ao longo dessas aulas, circule, observe
como trabalham, faça comentários. Não se
restrinja a apontar erros relativos ao uso da Blog
norma escrita culta. Seu papel é apoiar os
alunos para que aperfeiçoem os textos, qua- • Escolher um grupo de voluntários que te-
lificando-os e tornando consistentes seus ar- nha familiaridade com a linguagem da
gumentos. Ou seja, é muito importante que internet ou pedir auxílio do professor de
seus comentários dialoguem com os alunos, informática, se houver. O grupo/o profes-
que estejam apoiados nos conteúdos dos tex- sor criará o ambiente do blog e publicará
tos, lançando novos entendimentos e desafios os trabalhos da classe.
possíveis. As perguntas que aparecem no Ca- • Localizar um provedor que hospede gra-
derno do Aluno para fins de revisão do texto tuitamente o blog.
podem ser retomadas por você em seus co- • Digitar os textos, em casa ou no labora-
mentários e intervenções. Faça-os perceberem tório de informática da escola, e repassá-
que a produção textual é um trabalho que su- los em CD ou por e-mail ao grupo coor-
põe reelaboração e melhora, não é dado em denador.
sua versão final desde a primeira tentativa. • Divulgar o endereço do blog a todos os
Depois, cada autor preparará o original alunos da classe, que poderão acessá-lo
que comporá o blog ou painel. quando quiserem e até publicar novos tex-
tos relacionados ao tema.
• Fazer a divulgação do blog em cartazes,
Exposição dos informando o endereço e convidando os
textos de opinião demais alunos da escola para visitá-lo,
deixar comentários, opiniões, críticas, etc.
Considerando a decisão tomada em vir- • Repassar o endereço do blog para amigos
tude das condições da escola e a disponibili- e parentes.
Os alunos poderão ser motivados a construir um painel na parte externa da sala
de aula ou da escola, composto por elementos do grafite, com poemas de Ferreira 85
85
Gullar, recortes de jornais, imagens, gravuras, etc., que serviriam de suporte para os
textos produzidos.

Referências
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2007.

Este caderno teve a colaboração de Bibiana Cardoso e Simone Soares.


Anotações
86
86
Margarete Schlatter
Letícia Soares Bortolini
Graziela Hoerbe Andrighetti
Ler, escrever e resolver problemas
em Língua Adicional: Espanhol e Inglês 89
89

(...) o novo momento na compreensão da vida social não


é exclusivo de uma pessoa. A experiência que possibilita
o discurso novo é social. Uma pessoa ou outra, porém,
se antecipa na explicação da nova percepção da mesma
realidade. Uma das tarefas fundamentais do educador
progressista é, sensível à leitura e à releitura do grupo,
provocá-lo, bem como estimular a generalização da nova
forma de compreensão do contexto (FREIRE, 1996, p. 82-
83)1.

Professor,

Os Cadernos que estamos apresentando social, valores, meio ambiente, organização


aqui têm um duplo objetivo: por um lado, da sociedade, dentre outras. As tarefas suge-
pretendem provocar e estimular o aluno, ao ridas a partir desses textos buscam propiciar,
aprender uma língua adicional, a pensar so- através de experiências (ler, ouvir, falar e es-
bre si mesmo e sobre o seu contexto para que crever) motivadoras e bem-sucedidas com a
possa participar dele e intervir nele a partir língua adicional, a confiança, o autoconhe-
de outras percepções socialmente construí- cimento e a participação do educando em
das de sua realidade; por outro, pretendem uma maior variedade de práticas sociais na
provocar e estimular o professor, ao ensinar língua adicional e na língua portuguesa em
uma língua adicional, a refletir sobre sua sua comunidade e em outras.
aula como oportunidades de participação e Mas como ler e escrever em língua adi-
de circulação em práticas sociais que envol- cional sem, primeiro, ter os conhecimentos
vem leitura e escrita na escola e fora dela. básicos de vocabulário e da gramática da
E o que a língua adicional tem a ver com língua? Entendendo que a aprendizagem é
isso? Entendemos que a aula de língua adi- mais eficaz se o objeto de ensino faz senti-
cional é um lugar privilegiado para promover do para o educando, a proposta aqui é or-
oportunidades de releituras da realidade. É ganizar o currículo em torno de temáticas e
olhando para o outro que podemos conhe- gêneros do discurso e não de vocabulário e
cer a nós próprios, refletir e redimensionar de itens gramaticais. A gramática e o voca-
nossos papéis e nossas ações. Através do dis- bulário da língua adicional são foco de to-
curso do outro, da perspectiva do outro, da das as unidades, mas sempre servindo aos
língua do outro, que nos damos conta do que propósitos de comunicação (compreensão e
nós próprios fazemos e valorizamos. Nessa produção) propostos nas tarefas: o contexto
perspectiva, e entendendo que a escola visa de comunicação, portanto, define e justifica
ao desenvolvimento da cidadania, as uni- a seleção e a prática dos recursos linguísticos
dades aqui propostas são organizadas com de cada unidade. É importante salientar que
base na seleção de textos que circulam na isso significa que a progressão curricular é
sociedade e que tratam de temáticas como feita através de novas temáticas e novos gê-
identidades, diversidade e igualdade, justiça neros de texto (orais e escritos): as habilida-
1
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura. 30. ed. São Paulo: 1996, Paz e Terra.
des e os aspectos linguísticos poderão ser re- ocorrem sempre de forma integrada, e
tomados ao longo do ensino básico todas as não ordenada, no ato de leitura. Ensinar
90
90 vezes que os textos trabalhados justificarem a ler ou formar leitores significa, portanto,
seu uso para a realização das tarefas. Dessa criar oportunidades para a prática de to-
forma, estarão sempre contextualizados e a das essas ações desde as primeiras etapas
serviço de novas práticas de uso da língua escolares.
adicional (e da língua portuguesa). • Escrever: Produzir textos com determina-
Então, o que fazer em sala de aula? Para dos propósitos para determinados interlo-
aprender a usar uma língua em contextos cutores e, assim, poder inserir-se de modo
comunicativos diversos, precisamos ter opor- mais participativo na sociedade. Da mes-
tunidades de vivenciar exatamente isto: usar ma forma que a leitura, a escrita envolve
a língua com propósitos e interlocutores va- codificar letras, sons, imagens, gestos para
riados. Por isso, o trabalho com texto (oral expressar significados possíveis, participar
e escrito) é o foco do ensino aqui proposto da construção de sentidos do texto, usan-
desde a primeira aula. As perguntas sobre os do o conhecimento prévio e o repertório
textos, as instruções das tarefas e a discussão de recursos expressivos das linguagens que
em aula podem ser feitas em português e, ao conhece, selecionar e usar esses recursos,
longo da trajetória do ensino básico, gradati- adequando-os aos propósitos e interlocu-
vamente, podem passar a ser feitas na língua tores pretendidos, e analisar criticamente o
adicional. Cabe a você, professor, fazer as texto construído como atualização de um
pontes necessárias para que, aos poucos, o determinado contexto de produção im-
aluno se sinta confiante para compreender e pregnado de valores sociais. Essas ações
produzir textos orais e escritos na língua que ocorrem sempre de forma integrada, e não
está aprendendo. ordenada, no ato de escrita. Ensinar a es-
Conforme detalhado no documento da crever ou formar autores do seu dizer sig-
área de Linguagens, Códigos e suas Tecnolo- nifica, portanto, criar oportunidades para a
gias: Língua Portuguesa e Literatura e Língua prática de todas essas ações desde as pri-
Estrangeira Moderna, um projeto político e meiras etapas escolares.
pedagógico que vise à educação linguística • Resolver problemas: A resolução de
e a ampliação da participação do educando problemas envolve dois âmbitos comple-
nas práticas sociais pressupõe que o aluno mentares. Em um deles, ao ler e escrever,
deva ter, na escola, oportunidades para: o próprio encontro do sujeito com cada
• Ler: (Re)agir e posicionar-se criticamen- novo texto implica desafios, ou seja, não
te frente a diferentes textos. Ler envolve há lugar para exercícios mecânicos na
combinar letras, sons, imagens, gestos, relação do aluno com o texto: o texto
relacionando-os com significados possí- mesmo é um lugar de resolução de pro-
veis, lançar mão do conhecimento prévio blemas, exigindo do leitor/escritor a in-
para participar da construção dos sen- tegração simultânea de várias práticas
tidos possíveis do texto, agir conforme a complexas. Em um outro âmbito, mobili-
expectativa de leitura criada pelo contexto zar o texto para a expressão de si e para
de comunicação e ser crítico em relação a compreensão da realidade é também
à ideologia implícita, reconhecendo que resolver problemas. As informações, os
qualquer texto atualiza um ponto de vista, sentidos construídos e os pontos de vista
pois tem um autor. Ou seja, para atribuir de cada texto podem ser postos em ação
sentidos possíveis ao texto, o leitor precisa, pelo aluno para lidar com diferentes ativi-
simultaneamente, decodificá-lo, partici- dades pessoais e coletivas de forma mais
par dele, usá-lo e analisá-lo. Essas ações autônoma e responsável.
Com base nos pressupostos acima, você Esperamos que o conjunto de documentos
encontrará, no Caderno do Aluno, no Ca- propostos aqui (Caderno do Aluno, Caderno
derno do Professor e no Referencial Curricu- do Professor, documento da área de Lingua- 9191
lar Língua Estrangeira Moderna (e também gens, Códigos e suas Tecnologias: Língua
Língua Portuguesa e Literatura), sugestões Portuguesa e Literatura e Língua Estrangei-
para a definição de temáticas e de gêneros ra Moderna) seja um estímulo para a reflexão
do discurso relevantes para o contexto dos sobre os objetivos e as práticas de ensino de
alunos no ensino fundamental e no ensino língua adicional na escola e para a busca de
médio, orientações quanto à seleção de con- outros olhares no intuito de compreender me-
teúdos e as habilidades e competências im- lhor o nosso próprio fazer pedagógico e, assim,
plicadas nessa seleção, exemplos de tarefas podermos lançar novos olhares sobre ele e re-
e projetos a serem desenvolvidos e orienta- dimensioná-lo na busca de práticas de ensino
ções para a progressão curricular e para o comprometidas com a produção e a constru-
planejamento de sequências didáticas. Essas ção conjunta do conhecimento.
propostas devem ser vistas como direções
possíveis a serem tomadas e sugestões para Como professor, preciso me mover com
serem adaptadas e (re)contextualizadas na clareza na minha prática. Preciso conhecer
escola em que você atua, para responder e ir as diferentes dimensões que caracterizam a
ao encontro das especificidades e necessida- essência da prática, o que me pode tornar
des desse contexto. mais seguro no meu próprio desempenho
(FREIRE, 1996, p. 68).

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Anotações
94
94
Ensino Fundamental
5a e 6a séries

Margarete Schlatter
Letícia Soares Bortolini
Graziela Hoerbe Andrighetti
Eu e os outros
97
97
Professor,
Partindo do tema “Eu e os outros”, esta Habilidades
unidade tem como objetivo criar oportuni-
dades para discutir e refletir sobre relações • Ativar e usar conhecimentos prévios (conheci-
interpessoais: como expressamos o que senti- mento de mundo, experiência anterior com a
mos, como interpretamos os sentimentos dos leitura de gibis, conhecimento da língua por-
outros e como lidamos com as diferentes for- tuguesa (LP) e da língua adicional (LA)) para
mas de agir e de expressar o que sentimos, ler e para produzir um texto;
com conflitos e com a busca por soluções. • Reconhecer a função social de histórias em
Essas questões são complexas e delicadas. quadrinhos, explicitando a relação entre o
Para tornar a discussão mais leve e diverti- texto e o seu uso nas práticas cotidianas;
da, abordamos o tema através das histórias • Estabelecer relações e fazer inferências a par-
em quadrinhos da Mafalda, a mundialmente tir da relação do texto verbal e não verbal;
­conhecida personagem do argentino Joaquín • Identificar o conflito gerador do enredo e os
Salvador Lavado (Quino). Histórias em qua- elementos que constituem a narrativa em his-
drinhos pertencem ao universo da faixa etária tórias em quadrinhos;
dos alunos e são apreciadas por crianças e • Identificar efeitos de ironia e o humor em his-
adultos, por isso a escolha. Além disso, são tórias em quadrinhos;
relevantes para trabalhar elementos funda- • Compreender e expressar efeitos de senti-
mentais da narrativa de ficção, como a carac- do do uso de recursos gráficos e linguísticos
terização dos personagens e o conflito central (pontuação, letras maiúsculas e minúsculas,
da história, além de elementos do humor e da seleção de palavras, etc.);
ironia, tão frequentes na maioria das tirinhas. • Compreender e posicionar-se em relação ao
Esse gênero do discurso também possibili- tema abordado (relações interpessoais);
ta o trabalho com a língua adicional através • Reconhecer e expressar características pesso-
de textos curtos e da análise de recursos lin- ais;
guísticos de forma contextualizada. • Construir um conflito gerador de enredo e

Objetivos
Os alunos, ao final desta unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação às tirinhas, refletindo sobre o papel dos
recursos utilizados (visuais e linguísticos) para a caracterização dos personagens e dos
sentimentos que expressam em relação ao outro e para estabelecer os conflitos abor-
dados.
• Escrever: Produzir uma história em quadrinhos em que é preciso colocar-se no pa-
pel de um personagem da história, adequando os efeitos visuais e linguísticos para
expressar sentimentos e possíveis conflitos com o outro.
• Resolver problemas: Refletir sobre relacionamentos interpessoais (especialmente
com pais e amigos), sobre diferentes formas de expressar sentimentos e interpretar
sentimentos, sobre conflitos e possíveis soluções.
expressar sentimentos em relação a outros discurso (histórias em quadrinhos) trabalha-
através de uma história em quadrinhos. dos para que, nas aulas seguintes, os alunos
98
98 possam dedicar-se à leitura das tirinhas, e
Conteúdos compreender os temas tratados e a relação
desses com suas vidas.
• História em quadrinhos: circulação social
As primeiras perguntas (1) são um convite
e funções, modos de organização, compo-
para conversar sobre hábitos de leitura de
nentes e natureza narrativa do texto;
gibis, personagens conhecidos e preferidos.
• Efeitos de sentido de recursos gráficos: uso
Essa conversa inicial pode ser feita em gran-
dos balões de histórias em quadrinhos;
de grupo: o importante é que os alunos se
• Recursos linguísticos para descrever pes-
deem conta de que não são iniciantes na
soas: adjetivos de características de perso-
leitura de tirinhas, que podem opinar sobre
nalidade, perguntas e possíveis respostas
os gibis que conhecem, que sabem onde
sobre características comportamentais e de
encontrar tirinhas e que têm um objetivo ao
personalidade;
lerem esses textos.
• Recursos linguísticos para expressar senti-
mentos (me encanta que, me enferma que); O Caderno do Aluno apresenta também
• Expressões para formular respostas curtas um quadro com informações gerais sobre a
(afirmativas e negativas); personagem Mafalda, seus amigos e o autor
• Expressões para expressar concordância ou das tirinhas. Ele deve ser lido individualmen-
discordância. te e em silêncio, para que depois os alunos
completem o quadro da esquerda com as in-
Tempo previsto: 6 aulas formações sobre o autor, sua nacionalidade,
os personagens da história.
Material necessário: Ainda para preparar os alunos para a lei-
Todas as tarefas desta unidade podem ser tura, as tarefas seguintes (2 e 3) tratam de
desenvolvidas no Caderno do Aluno. Para a antever, a partir de ilustrações, algumas das
elaboração do gibi da turma (aulas 5 e 6), os características dos personagens: quais são
alunos vão necessitar de folhas, lápis de cor seus traços marcantes, como são suas atitu-
(ou canetinhas coloridas). Se você tiver aces- des e comportamentos. Começa com uma
so a histórias em quadrinhos em espanhol, pergunta referente a uma característica de
leve para a aula para que os alunos tenham Mafalda trazida pelo texto: tiene una acti-
oportunidade de conhecer mais histórias. tud comprometida ante el mundo. Converse
com o grupo sobre o que eles entendem por
Mafalda essa característica. Pensem juntos em adje-
(Aula 1) tivos que podem caracterizar uma pessoa
assim. Escreva no quadro as ideias da tur-
A primeira aula tem como objetivo prepa- ma. A tarefa destaca a caracterização das
rar o aluno para a leitura das tirinhas. As ta- personagens: quais são seus traços marcan-
refas focalizam a habilidade de ativar e usar tes, como são definidas as suas atitudes e
o conhecimento de mundo, a experiência an- comportamentos. Com base nas expressões
terior com a leitura de gibis, o conhecimento faciais e aparência de cada um dos perso-
da LP e da LA para ler o texto. nagens desenhados, os alunos devem inferir
qual descrição corresponde a cada perso-
Preparação para a leitura nagem. Observe que o nome de Mafalda já
está escrito ao lado da sua descrição.
Todas as tarefas desta seção têm o obje- Antes de as duplas trabalharem sozinhas,
tivo de contextualizar o tema e o gênero do você pode ler junto com a turma a descrição
de Mafalda proposta pelo material, compa- des focalizadas são: estabelecer relações e
rando-a com as possibilidades de adjetivos fazer inferências a partir da relação do texto
que a turma pensou na tarefa anterior. Cha- verbal e não verbal; identificar o conflito ge- 99
99
me a atenção das duplas para a expressão rador do enredo e os elementos que consti-
facial dos desenhos (essa sensibilização aju- tuem a narrativa, os efeitos de ironia e humor
dará na compreensão das histórias que se- em histórias em quadrinho e compreender e
rão lidas). As duplas, ao compararem suas posicionar-se em relação ao tema abordado
respostas com as dos colegas, podem resol- (relações interpessoais).
ver dúvidas referentes à compreensão das
descrições. Você também pode ajudar com Leitura – Mafalda
o vocabulário e propor que pensem em mais e seus amigos
adjetivos para caracterizar os personagens.
Os exercícios que seguem propõem uma Os alunos deverão fazer uma leitura
prática do vocabulário trabalhado a partir rápida, centrada principalmente nas
da reflexão sobre características de perso- ilustrações, para que se deem conta de
nalidade e comportamento comuns e dife- que podem compreender vários aspectos
rentes entre aluno, personagens e amigos. antes de ler o texto em língua adicional. As
perguntas buscam levar o aluno a reconhecer
os personagens Mafalda, sua turma e
Professor, esta aula é fundamental para
seus pais, e retomar o papel dos gestos e
tornar a leitura possível. A ideia aqui é fazer
expressões corporais para a interpretação
o aluno se sentir confiante quanto ao que
dos sentimentos expressos pelos personagens
ele já sabe (sobre tirinhas, sobre a LA, sobre
nas situações que estão vivenciando. Você
a interpretação de ilustrações) e fazer com
também pode perguntar aos alunos se eles
que ele se dê conta de que pode e deve
identificam algum tipo de conflito nas tirinhas
usar esse conhecimento para construir sen-
e o que faz eles acharem que sim (ou que
tido em novos textos. Caso eles não tenham
não).
esse conhecimento prévio, você mesmo e
os alunos que têm essa experiência podem
construir as pontes necessárias para pre- Professor, lembre-se que esta tarefa
parar a leitura. Por exemplo, se alguns não tem como objetivo a fala dos perso-
nunca leram gibis, leve a turma para a nagens – isso será explorado na próxima
biblioteca ou traga tirinhas (de jornal, tarefa! Enfatize que as falas não sejam li-
de revista) em português para a aula, das e que as respostas para as perguntas
para que os alunos troquem ideias tenham como base a leitura das ilustra-
sobre o que gostam de ler, com que ções (das expressões dos personagens).
personagens se identificam, etc. A ideia é auxiliar os alunos a prestarem
atenção nos detalhes das figuras, nos
gestos, no olhar dos personagens e,
a partir daí, nos sentimentos que es-
tão expressando nas tirinhas e no
Bem-me-quer, que pode estar acontecendo na
mal-me-quer história. Essa primeira análise da
linguagem não verbal das tirinhas
(Aula 2)
será fundamental para apoiar a
leitura das falas.
Nesta aula, o objetivo é a leitura das ti-
rinhas e a discussão do tema. As habilida-
As tarefas 2 e 3 propõem a leitura mais e divertidas. Dessa forma, você estará
detalhada de cada tirinha. Sugira que discutindo com os alunos como esse gênero
100
100 trabalhem em duplas para trocar ideias e do discurso se insere no cotidiano das
opiniões em relação ao que leram e, assim, pessoas e com que propósito (por exemplo:
tornar a leitura mais divertida. entreter, criticar, discutir temas).
Na tarefa 2, o aluno é convidado a ler
em silêncio e individualmente cada uma
das tirinhas e depois a conversar com um Professor, é fundamental que não seja
colega sobre o grupo de perguntas que feita uma tradução de todo o texto. Soli-
segue cada tirinha. As perguntas auxiliarão citar que o aluno traduza todas as pala-
as duplas a interpretarem o texto lido ainda vras dará a ele uma noção equivocada
que a totalidade das palavras das falas dos de que precisamos saber todas as pala-
personagens não seja reconhecida. vras para poder interagir com um texto.
Observe que, para a interpretação da Traduzir todo o texto (oralmente ou por
tirinha I, as perguntas exploram a relação escrito) significa dizer que eles nunca po-
entre as expressões faciais das personagens derão fazer a leitura sozinhos. Se você
e aquilo que elas dizem e sentem. achar que a tradução pode auxiliá-los,
Como o significado de “hipocrisia” pode ser focalize apenas palavras ou expressões
desconhecido pelos alunos, a última pergunta chaves para a realização da tarefa.
enfatiza a personagem Susanita, e depois a Oriente-os e auxilie sempre que neces-
compreensão do aluno sobre a palavra. Se sário para que, aos poucos, eles possam
desejar, disponibilize o dicionário monolíngue se sentir mais confortáveis em lidar com
de português para a consulta da turma. essa língua, fazendo valer o que já sa-
A interpretação das tirinhas II e III pode bem sobre texto (em quaisquer línguas) e
exigir maior compreensão das falas dos relacionando o que já conhecem com o
personagens. Indique que, para todas as novo contexto de uso. Estimule-os, dessa
tirinhas, a linguagem não verbal dá pistas forma, a se arriscarem mais, tornando-se
importantes para a inferência do significado autônomos na busca do que é relevante
das palavras não compreendidas. Para para a resolução das tarefas propostas.
esclarecer alguma dúvida dos alunos, Além disso note que as tarefas propõem
depois de respondidas as perguntas, o a leitura silenciosa, que é a maneira
dicionário bilíngue pode ser consultado como geralmente lemos em nossa vida
por eles para verificarem os significados de cotidiana. Se seus alunos vivem em con-
alguma palavra. textos sociais em que se lê pouco, ter a
A tarefa 3 propõe a discussão sobre possibilidade de ler silenciosamente é
o relacionamento de Mafalda com os ainda mais importante para que se tor-
outros personagens. Dessa maneira, os nem leitores autônomos. A leitura oral
alunos poderão confirmar ou ajustar a pode ser utilizada em gêneros discur-
interpretação que fizeram das histórias, sivos, como poemas, peças teatrais,
para que, finalmente, tenham espaço para canções, gêneros nos quais isso é
esperado. A qualidade da leitura
a importante discussão sobre suas próprias
deve ser avaliada através do cum-
relações interpessoais com a família e primento das tarefas propostas. Se
amigos, preparando-os para a produção das o aluno consegue cumprir as ta-
suas próprias histórias no final da unidade. refas, demonstra que soube ler o
A última pergunta propõe a reflexão sobre a texto.
leitura de tirinhas, sua função lúdica, para
quem e por que seriam ou não engraçadas
exemplos já foi trabalhado na interpretação
Diga aí! das tirinhas; entretanto, se houver dúvidas
(Aula 3) sobre palavras usadas, incentive a inferência 101
101
a partir do contexto frasal, ou a utilização
Esta aula concentra-se em alguns do dicionário bilíngue.
aspectos linguísticos que dão sentido aos As tarefas 3 e 4 dão voz ao aluno para
textos analisados e na prática de recursos que complete as frases de acordo com sua
linguísticos para descrever e justificar estados realidade. Você pode, em conjunto com a
de humor. As habilidades focalizadas são: turma, trabalhar no quadro a conjugação
compreender e expressar efeitos de sentido dos verbos que eles forem necessitando
do uso de recursos gráficos e linguísticos para completar as suas frases (3). Observe
(pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, que o quadro à direita (4) serve como
seleção de palavras, etc.); reconhecer e suporte linguístico de exemplos que podem
expressar estados de humor. ser usados para completar as frases.
Converse com os alunos sobre as opções
Estudo do texto listadas, pergunte sobre que outras tarefas
adoram ou que os deixam irritados, e
Os alunos irão explorar detalhadamente complete o quadro. Chame a atenção para
a função desempenhada por alguns recursos os ajustes sintáticos que devem ser feitos
não verbais nas tirinhas (três pontinhos, para completar as frases propostas nesse
formato dos balões, letras maiúsculas e exercício, utilizando, como exemplo a tarefa
em negrito) para que, reconhecendo esses 2. Depois de realizá-lo, você pode escrever
elementos, possam se tornar leitores mais no quadro as frases produzidas por alguns
autônomos e proficientes de histórias em alunos e discutir o sentido de cada uma,
quadrinhos. trabalhando com os ajustes linguísticos
necessários.
Uso da língua
Esta tarefa explora os aspectos linguísticos Professor, o trabalho com os aspectos
presentes nas tirinhas, os quais poderão, linguísticos tem como objetivo fornecer
ao aluno os instrumentos necessários
depois, ser utilizados na produção de
para realizar as tarefas propostas, sem-
texto proposta nesta unidade. As questões pre de forma contextualizada e priori-
propostas referem-se à descrição de estados zando o sentido ao invés de exercícios
de humor a partir de expressões fixas. Para de substituição ou de completar lacunas
auxiliá-los na tarefa 1, escreva no quadro de forma mecânica. Na tarefa 2, ex-
outras expressões que têm um significado plique a conjugação verbal dos verbos
aproximado às trabalhadas na tarefa (me (poner e dar) no passado. A partir
encanta, me fascina, me enferma, me revienta, dos verbos que forem surgindo nas
me enoja, me molesta, me irrita). Comente frases dos alunos, inclua na sua ex-
sobre as sutilezas da diferença de uso entre plicação a conjugação desses ver-
uma expressão e outra. bos. A colocação dos pronomes
Chame a atenção para o fato de que pessoais pode ser explorada nas
as frases (tarefa 2), para terem sentido, frases da tarefa 2, bem como nas
devem ser completadas com suas metades que forem sendo criadas pelos
alunos.
sintaticamente correspondentes. Sugere-se,
no Caderno do Aluno, que o trabalho seja
feito em duplas. O vocabulário utilizado nos
As tarefas que seguem (2 e 3) propõem
Mal-me-quer, a leitura mais detalhada de cada tirinha.
102
102 bem-me-quer Sugira aos alunos que trabalhem em duplas
(Aula 4) para trocar ideias e opiniões em relação ao
que leram e, assim, tornar à leitura mais
divertida. A tarefa 2 pede que reconheçam
Esta aula retoma a prática da leitura o enredo de cada tirinha a partir de duas
iniciada na aula 2. Os alunos estabelecem perguntas. Com base na compreensão de
relações e fazem inferências a partir da relação que Mafalda não responde a pergunta que
do texto verbal e não verbal; identificam o lhe fazem e que acaba distinguindo uma
conflito gerador do enredo e os elementos resposta esperada de uma mais analítica, os
que constituem a narrativa, os efeitos de alunos são convidados a lerem mais duas
ironia e humor em histórias em quadrinhos; tirinhas e a imaginarem qual seria a resposta
compreendem e posicionam-se em relação ao completa de Mafalda.
tema abordado (relações interpessoais). Nas tarefas 3 e 4, o objetivo é aprofundar
a discussão sobre a relação de Mafalda com
Leitura – Mafalda e seus pais os pais através da leitura de duas tirinhas,
retomando alguns pontos já tratados e
As tirinhas propostas no Caderno do Aluno possibilitando a construção do enredo e a
tratam da relação da Mafalda com seus identificação dos conflitos e dos sentimentos
pais: a imagem que ela tem deles e as suas expressos em cada uma delas. As perguntas
expectativas com relação a eles. A tarefa1 d) e e) criam oportunidades para discutir
tem o propósito de orientar o aluno para uma as múltiplas facetas de um relacionamento,
leitura rápida, centrada principalmente nas
ilustrações, para que ele se dê conta de que
pode compreender vários aspectos antes de Professor, insista com os alunos para
ler o texto em LA. As perguntas buscam levar o que não traduzam todo o texto! Orien-
aluno a reconhecer os personagens (Mafalda, te-os e auxilie-os sempre que necessário
seus amigos e seus pais), e a retomar o papel para que, aos poucos, eles possam se
dos gestos e expressões corporais para a sentir mais confortáveis em lidar com a
interpretação dos sentimentos manifestados LA, fazendo valer o que já sabem sobre
pelos personagens nas situações que estão texto (em quaisquer línguas), relacio-
vivenciando. Você também pode perguntar nando o que já conhecem com o novo
aos alunos se eles identificam algum tipo de contexto de uso. Estimule, dessa forma,
conflito nas tirinhas e o que faz eles acharem que eles se arrisquem mais e se tornem
que sim (ou que não). mais autônomos na busca do que é
relevante para a resolução das tarefas
propostas.
Professor, lembre-se que esta ta- Além disso, lembre que as tarefas
refa não tem como objetivo a fala propõem a leitura silenciosa e
dos personagens – isso será explo- que a qualidade da leitura do
rado na próxima tarefa. As respos- aluno deve ser avaliada através
tas para as perguntas devem ter do cumprimento das tarefas
como base somente a leitura das propostas. Se ele consegue
ilustrações (das expressões dos cumprir as tarefas, demonstra
personagens e do entorno). que soube ler o texto.
que revelam como cada um vê as diferentes ou discordância)- os alunos pratiquem a LA.
situações vivenciadas e o que se considera Estimule-os a buscarem outros adjetivos no
ser um bom (ou mau) pai ou mãe. Na última dicionário. Dê as explicações necessárias 103
103
tarefa, em que os alunos são solicitados a para que eles possam realizar a tarefa com
completar um balãozinho com uma possível sucesso: por exemplo, explicando alguma
resposta de Mafalda, as respostas podem expressão, a pronúncia e a entonação das
ser escritas em português, assim como nas expressões.
perguntas anteriores. Quando as respostas
forem retomadas em grande grupo, escreva
como ficaria a fala de Mafalda se fosse dita
A nossa cara!
(Aulas 5 e 6)
em espanhol.

Estas aulas oportunizam aos alunos o uso


Uso da língua do que aprenderam através da produção de
um texto sobre si e sobre o relacionamento
Nesta seção, os alunos poderão praticar o
com os outros. As habilidades focalizadas
uso de recursos linguísticos relativos às des-
incluem: ativar e usar conhecimentos prévios
crições feitas dos personagens (através do
para produzir um texto; construir um conflito
uso de adjetivos), agora em situações mais
gerador de enredo e expressar sentimentos
pessoais, e uma estrutura presente em todas
em relação a outros através de uma história
as tirinhas analisadas: perguntas.
em quadrinhos; expressar efeitos de sentido
Sugira que a tarefa seja feita em duplas
do uso de recursos gráficos e linguísticos
ou em trios e, a partir do apoio lingüístico
(pontuação, letras maiúsculas e minúsculas,
oferecido nos quadros de perguntas – res-
seleção de palavras, etc.).
postas (afirmativas e negativas) e comentá-
rios (expressões para expressar concordância
Produção de texto
Professor, comente com a turma as di- Nesta seção, busca-se relacionar a leitura
ferenças de uso motivadas por razões ge- das tirinhas com a realidade dos alunos e
ográficas (por exemplo, vos é o pronome criar uma oportunidade de eles colocarem
de tratamento informal usado na varieda- em prática o que aprenderam na unidade. As
de do espanhol do Rio da Prata; em loca- tarefas 1, 2 e 3 constituem passos necessários
lidades da Colômbia, como Medellín; em para a construção do texto: caracterizar
países da América Central, como Guate- os personagens, escolher o episódio a ser
mala) e as mudanças na conjugação ver- relatado e revisar o texto a partir da leitura
bal e na tonicidade do verbo do uso do tú e das sugestões de um colega. A revisão é
ou do vos. construída a partir da discussão sobre os
Além disso, lembre-se também de co- efeitos das tirinhas produzidas, colocando
mentar sobre o papel fundamental os alunos na posição de leitores. Aqui você
da entonação usada nas respostas pode retomar as características de histórias
e comentários propostos na tarefa em quadrinho, suas funções sociais, e
(sempre lembrando que a Mafalda também as discussões acerca da forma leve e
usa a variedade de espanhol do Rio divertida na qual as histórias em quadrinhos
da Prata). A expressão callate, por tratam de sentimentos e relações. A proposta
exemplo, pode ser compreendida final é a criação do gibi da turma, com uma
como agressiva, dependendo da coletânea de todas as tirinhas produzidas,
entonação que se use. para ser exposta na biblioteca e lida por
colegas da escola.
os alunos a lerem mais e a se divertirem
Professor, retome com os alunos
com novas histórias. Leve os alunos para o
os recursos linguísticos e visuais utili-
104
104 laboratório de informática e solicite que, em
zados nas tirinhas de Mafalda, lem-
duplas, visitem os sites indicados. Eles podem
brando a relação do texto verbal e
anotar novas informações sobre a turma de
não verbal, o uso de imagens, ges-
Mafalda e selecionar tirinhas que gostaram
tos, expressões, letras, pontuação
para compartilharem com os colegas.
e balões para expressar os senti-
mentos dos personagens. Lembre
também da assinatura do autor. Professor, lembre-se que, antes de
os alunos fazerem tarefas usando
a internet, é importante revisar o
conteúdo geral da página. Os sites
eletrônicos são dinâmicos e mu-
Discuta com os alunos sobre capas dos
dam constantemente, podendo
gibis que conhecem. Essa discussão
apresentar conteúdos inadequa-
os ajudará a pensar sobre como será
dos à faixa etária de seus alunos.
a capa do gibi da turma. Também é
preciso pensar como serão organiza-
das as histórias: por tema, por ordem
alfabética do autor, por tipos de per-
sonagens, etc. Você pode levar alguns Outra possibilidade de ampliar o
gibis para serem analisados em grupos. conhecimento adquirido e relacioná-lo ao
Outra possibilidade é pedir, com uma seu contexto é solicitar que os alunos:
aula de antecedência, que tragam seus 1. tragam para a sala de aula gibis de outros
gibis preferidos, discutindo os pontos personagens, em espanhol, para ler,
acima em grupos e comparando como comparar, discutir os temas tratados;
são apresentados em diferentes gibis. 2. preparem uma entrevista com os alunos
Combine a divisão de tarefas para essa da escola para fazer um levantamento
última tarefa: um grupo pode pensar dos gibis que leem e dos personagens
em desenhos (personagem e preferidos e, com base nos resultados,
cena) para compor a capa do construir gráficos (em espanhol) para
gibi; outro grupo pode ser o serem expostos na biblioteca, junto com o
responsável pelo desenho e gibi da turma.
pintura da capa; outro pela
criação do título (e frases que Autoavaliação
podem aparecer na capa).
Para concluir a unidade, a autoavaliação
proposta cria uma oportunidade de
Para além da sala de aula autorreflexão sobre o que foi aprendido.
Desta forma, o aluno poderá dar-se conta
Esta seção é uma oportunidade de usar dos objetivos da unidade, do que aprendeu,
o conhecimento aprendido para novos do processo de aprendizagem (em grupo,
propósitos: obter mais informações sobre sozinho, fazendo exercícios escritos ou
Mafalda e sua turma e ler mais histórias orais, etc.), do que precisaria reforçar e do
em quadrinho. Retoma-se o conhecimento que ainda gostaria de aprender. Espera-
construído na unidade e amplia-se o uso se também que seja realizada a reflexão
das informações e do que foi aprendido em crítica sobre as práticas de participação e
LA para além da sala de aula, estimulando aprendizagem em sala de aula.
Gêneros do discurso: Tipos relativamente estáveis de textos (orais e escritos), que re-
conhecemos com base na nossa experiência com diferentes textos em determinadas áreas.
105
105
Cada contexto de uso da linguagem (quem fala, com quem, com que objetivo, em que situ-
ação, em que lugar, através de qual suporte, etc.) determina as características do que é dito
e de que forma é dito. Entretanto, há algumas características textuais que podemos
dizer que se repetem em condições semelhantes de produção. Por exemplo, em um
contexto familiar, um texto escrito pela mãe ou pai para os filhos solicitando que
comprem algo no supermercado, em geral, será escrito em um bilhete com uma
linguagem informal; um texto escrito por uma empresa de publicidade para pro-
mover um novo produto para a população pode ter o formato de um panfleto com
recursos visuais e linguísticos para chamar a atenção e persuadir o leitor a comprar.
Anotações
106
106
Ensino Fundamental
7a e 8a séries

Margarete Schlatter
Letícia Soares Bortolini
Graziela Hoerbe Andrighetti
Os outros e eu
109
109
Professor,
Partindo do tema “Os outros e eu”, o obje- rior com canções, conhecimento da língua
tivo desta unidade é oportunizar a discussão portuguesa (LP) e da língua adicional (LA))
sobre a importância do outro para a cons- para ouvir, ler e produzir um texto;
trução da nossa própria identidade, sobre • Estabelecer relação e fazer inferências a par-
como nossas escolhas, preferências e formas tir da integração de texto verbal e não verbal
de agir podem revelar nossas origens e por- (imagens em clipe, fotos, capa de CD);
que é importante manter a identificação com • Localizar informações e palavras-chave
diferentes grupos. A proposta dessa reflexão em um texto;
é feita através de duas canções do cantor • Compreender efeitos de sentido do uso de
Manu Chao, que propiciam, além da con- recursos verbais (seleção de palavras) e não
textualização necessária para o tema e para verbais (imagens do clipe) em um texto;
o estudo de recursos linguísticos, uma forma • Reconhecer as funções sociais de notas
lúdica de trabalhar a língua adicional com biográficas e canções, explicitando a rela-
os alunos. ção entre o texto e o seu uso nas práticas
Os gêneros do discurso “canção”, “clipe” cotidianas;
e “nota biográfica” são parte do cotidiano da • Identificar os efeitos referencial (biografia)
maioria dos jovens e, através da exploração e estético (canção) nos textos e relacioná-
do ritmo, das imagens associadas à canção, los à seleção de vocabulário e de outros
da letra e das informações sobre os músi- recursos linguísticos;
cos, podemos promover tarefas para que os • Compreender e posicionar-se em relação
alunos se posicionem em relação ao tema. ao tema abordado (pertencimento a dife-
A partir de canções que tratam de pertenci- rentes grupos sociais);
mento, espera-se que, ao final da unidade, • Compreender e expressar dados pessoais
os alunos tenham refletido sobre o lugar de e preferências.
onde vêm e como seu comportamento revela
(ou não) o pertencimento a diferentes grupos. Conteúdos
Habilidades • Notas biográficas sobre um cantor: circu-
lação social e funções, modos de organi-
• Ativar e usar conhecimentos prévios (co- zação, componentes e natureza informati-
nhecimento de mundo, experiência ante- va do texto;

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a letras de músicas e a imagens a elas asso-
ciadas, reconhecer os temas das canções e o ponto de vista de quem está falando;
• Escrever: Produzir um cartaz sobre si próprio, descrevendo suas origens e ­influências.
• Resolver problemas: Refletir sobre suas origens e analisar como diferentes escolhas
e comportamentos revelam seu pertencimento a determinados grupos; refletir sobre a
influência do outro na construção da própria identidade.
• Canção: circulação social e funções, mo- para que, nas aulas seguintes, os alunos pos-
dos de organização, componentes e natu- sam dedicar-se à compreensão dos temas
110
110 reza estética do texto; tratados e à relação desses com suas vidas.
• Perguntas sobre dados pessoais: nome, data As perguntas podem ser discutidas em grande
e local de nascimento, origem, preferências, grupo ou em pequenos grupos: o importante
pronomes pessoais e possessivos, pronomes é que os alunos possam se manifestar quanto
interrogativos, formas interrogativas; aos seus hábitos ligados à música (cantores,
• Recursos linguísticos para falar sobre si: bandas e tipos de música preferidos, temas
dados pessoais e preferências. abordados nas letras) e ativar conhecimentos
prévios sobre músicas em espanhol e sobre o
Tempo previsto: 6 aulas cantor Manu Chao. Converse com eles sobre
o que já sabem e encaminhe para a próxima
Materiais necessários: tarefa, na qual eles aprenderão mais sobre
o cantor.
• Equipamento para reprodução de áudio e
Aproveite para apresentar os países cuja
vídeo.
língua oficial é o espanhol através dos mapas
• Áudio (músicas): “Clandestino” – CD:
da América Latina e da Espanha (com suas
Manu Chao, Clandestino, Virgin: 1998;
regiões enfatizadas em cores diferentes).
“Me gustas tú” – CD: Manu Chao, Pró-
Caso a turma não conheça nenhum can-
xima estación... Esperanza, Chewaka-Vir-
tor ou banda do mundo hispânico, você pode
gin: 2001.
listar alguns que, nos últimos anos, estiveram
• Vídeo (clipe): “Clandestino” – Manu
na mídia brasileira, e apontar seus países de
Chao, disponível no site br.youtube.com/
origem. Por exemplo, Shakira (colombiana,
watch?v=Btx2eiQ2gKs
canta em espanhol e em inglês), RBD (ou Re-
belde: grupo mexicano, famosos pela novela
“Rebelde”; canta em espanhol, inglês e al-
Quem são gumas regravações em português) e Daddy
Yankee (cantor porto-riquenho precursor do
esses caras? estilo musical reggaeton, canta em espanhol
(Aula 1) e em inglês). Em seguida, pergunte aos alu-
nos se conhecem o cantor Manu Chao. Se
Esta aula prepara o aluno para trabalhar algum aluno conhecer o cantor, permita que
com as músicas Me gustas tú e Clandestino informações sobre suas origens e estilo musi-
(ouvir e entender os temas das canções). As cal sejam antecipadas.
tarefas focalizam as habilidades de ativar o
conhecimento de mundo e a experiência an-
terior com canções, a leitura de breves bio-
Leitura: Manu Chao –
grafias para conhecer quem canta e por que cantor de muitos mundos
esse conhecimento é relevante para a com-
preensão. Nessa tarefa, é proposta a leitura da bio-
grafia de Manu Chao. Antes de ler o texto,
estimule os alunos a inferir informações so-
Preparação para a bre o cantor a partir da observação da capa
compreensão oral de CDs e a refletir sobre o gênero biografia.
e a leitura Essa primeira parte da tarefa pode ser discu-
tida em grande grupo. Incentive-os a identi-
As tarefas desta seção contextualizam as ficarem, no mapa da Espanha, as regiões de
músicas que serão trabalhadas na unidade origem dos pais de Manu Chao; essa pode
ser uma oportunidade para comentar sobre (nome, data e local de nascimento, origem,
as línguas faladas na Espanha. músicas que gosta, etc.). Os recursos linguís-
A leitura da biografia tem como objetivo ticos abrangem o vocabulário e as estruturas 111
111
contextualizar o cantor e sua carreira. Peça relevantes para perguntar e responder sobre
aos alunos que façam uma leitura silenciosa esses assuntos (datas, línguas, pronomes pes-
e individual dos textos no Caderno do Aluno, soais e possessivos, pronomes interrogativos
procurando as informações solicitadas para e formas interrogativas).
responderem às perguntas e completarem o
quadro. As respostas podem ser depois con- Uso da língua
firmadas no grande grupo. Chame a atenção
para a forma como lemos biografias cotidia-
O objetivo desta seção é praticar o uso de
namente, buscando as informações que nos
recursos linguísticos relativos a informações
interessam.
pessoais e preferências, através de perguntas
e respostas. A tarefa 1 promove a construção
das perguntas e a tarefa 2, a prática. Peça
Professor, o objetivo desta tarefa de
aos alunos que trabalhem em grupos na ela-
leitura é selecionar as informações re-
boração de perguntas e auxilie-os, destacan-
levantes para responder às perguntas e
do o suporte linguístico dado pelo quadro,
completar o quadro, para que os alu-
esclarecendo as dúvidas. Você também pode
nos se familiarizem com as origens e o
listar no quadro, com a ajuda da turma, al-
estilo do cantor. Não é necessário que
eles entendam todas as palavras e as in-
formações. Orientar o aluno para uma Professor, o trabalho com os aspectos
leitura rápida, centrada principalmente linguísticos tem como objetivo fornecer
na busca de informações, é propor- ao aluno os instrumentos necessários
cionar a prática de uma forma de para realizar as tarefas propostas, sem-
leitura muito usada no cotidiano, pre de forma contextualizada e priori-
por exemplo, quando passamos os zando o sentido ao invés de exercícios
olhos em manchetes de jornal para de substituição ou de completar lacunas
selecionar o que queremos ler, ou de forma mecânica. No quadro, você
ao procurar um número de telefo- pode construir alguns esquemas com o
ne em um guia ou alguma infor- auxílio dos alunos, para explicar ou re-
mação específica em um texto. tomar os pronomes pessoais, possessi-
vos, pronomes interrogativos ou outras
estruturas que forem necessárias para as
tarefas propostas. Lembre-se, no entan-
to, que o mais importante nesta seção
é o uso das perguntas para que eles se
Diz com quem andas, conheçam mais. De nada adiantam lon-
e te direi quem és! gas explicações se o aluno não tiver
(Aula 2) a oportunidade de entender o que
pode dizer e as funções que pode
desempenhar ao usar o vocabulá-
Nesta aula, são trabalhados alguns aspec- rio e as estruturas focalizadas. Os
tos linguísticos com vistas à elaboração de aspectos praticados aqui podem
um mural com informações sobre a turma. ser usados na tarefa de produção
As habilidades focalizadas são: compreender de texto, mais adiante.
e expressar dados pessoais e preferências
guns verbos que podem ser necessários para cidadão do mundo (misturando ritmos, nar-
fazerem as perguntas. rações e canto), seus gostos e suas dúvidas
112
112 A verificação das respostas pode ser fei- frente às possibilidades que a vida lhe dá.
ta em grande grupo e, nesse momento, você As perguntas a, b e c são respondidas
pode chamar a atenção para a conjugação com base na audição da música. Toque os
dos verbos utilizados. minutos iniciais da música e converse com
A tarefa 2 propõe a prática das estruturas o grupo sobre o estilo da música. Se parece
estudadas através de entrevistas com cole- com algo que eles ouvem? Toque novamente
gas. Nela, cada aluno entrevista dois colegas o trecho inicial (4 primeiras estrofes) e peça
e responde a entrevistas também. Depois da que anotem algumas das coisas que Manu
tarefa realizada, você pode fazer um levan- diz gostar na segunda estrofe. As perguntas d
tamento de quais são as línguas faladas pe- a f são respondidas com base na audição e
na leitura da letra da música. Não traduza os
los alunos na turma, as suas origens, gênero
versos. Caso seja necessário, explique que a
musical preferido, etc., e conversar com a
primeira estrofe é aparentemente falada por
turma sobre isso.
uma mulher que não identificamos e, em se-
guida, parece que locutores de rádio dizem
as horas. Estimule os alunos a acompanha-
O que dizem rem atentamente a música e a letra, dando
esses caras? sentido aos versos, de acordo com o que já
(Aulas 3 e 4) sabem sobre a biografia do cantor, o ritmo
da música e o que entendem da letra.
Depois da tarefa realizada, você pode
Estas aulas têm como objetivo a compre- fazer um levantamento das respostas dadas
ensão das canções Me gustas tú e Clandes- pelos alunos, retomando, por exemplo, a
tino e a discussão dos temas abordados com lista proposta na pergunta b e comparando
com o que o cantor diz na letra da música.
os colegas. As habilidades focalizadas são:
Muitas das perguntas propõem uma reflexão
ativar o conhecimento prévio para a compre-
acerca de interpretações e possíveis relações
ensão oral e a leitura; estabelecer relações e
na canção. Dessa forma, não há uma única
fazer inferências a partir da relação do tex- resposta correta! Os países mencionados na
to verbal (letra da música) e não verbal (rit- canção também podem ser encontrados no
mo da música, imagens do clipe); localizar mapa disponibilizado no Caderno do Aluno
informações e palavras-chave em um texto; na primeira aula.
compreender efeitos de sentido do uso de re-
cursos verbais e não verbais; reconhecer as
funções sociais de canções, explicitando a re- Estudo do texto
lação entre o texto e o seu uso nas práticas
cotidianas; compreender e posicionar-se em O objetivo desta tarefa é aprofundar a in-
relação ao tema abordado (pertencimento a terpretação do texto através da análise dos
diferentes grupos sociais). recursos linguísticos usados e da sua rela-
ção com o sentido dos versos e estrofes. A
primeira tarefa estimula a reflexão sobre as
Compreensão oral razões que levam o autor a trocar de língua
Música I – “Me gustas tú” no meio da música. Mais uma vez, não há
uma única resposta correta! Estimule a refle-
Nesta tarefa, é estudado o trecho inicial xão sobre a língua escolhida e sua relação
da música “Me gustas tú”, de Manu Chao, com o que está sendo dito e as origens do
na qual o autor expressa sua situação de autor. As perguntas seguintes visam a chamar
estudada: a situação de deixar o país de
Professor, é fundamental que não seja origem e ir viver em outro país. Estimule os
feita uma tradução de todo o texto. Soli- alunos a refletirem sobre as razões que le- 113
113
citar que o aluno traduza as palavras dará vam uma pessoa a deixar a sua terra na-
a ele uma noção equivocada de que pre- tal e sobre suas próprias origens. A discus-
cisamos conhecer todas as palavras para são pode ser feita em grande grupo ou em
poder interagir com um texto. Traduzir todo pequenos grupos. Essa discussão inicial é
o texto (oralmente ou por escrito) significa fundamental para a tarefa de interpretação
dizer que eles nunca poderão fazer a leitu- da música “Clandestino”, em que o tema é
ra sozinhos. Se você achar que a tradução expandido para a compreensão de como o
pode auxiliá-los, focalize apenas palavras autor circunscreve o sentido de clandestini-
ou expressões chaves para a realização dade.
da tarefa. Sua função é de auxiliá-los, aos
poucos, a se sentirem mais confortáveis em
lidar com a LA, a fazer valer o que já
Música II – “Clandestino”
sabem sobre texto (em quaisquer lín-
Para discutir o que a turma entende por
guas) para poderem relacionar o que
“ser clandestino”, você pode escrever no
já conhecem com o novo contexto
quadro algumas palavras que eles relacio-
de uso, a se arriscarem mais, a se
nam ao tema. Em seguida, passe o clipe sem
tornarem mais autônomos na busca
o som, para priorizar a análise da linguagem
do que é relevante para a resolu-
não verbal. Leia as perguntas com os alunos
ção das tarefas propostas.
antes de assistir. Depois, toque um trecho da
música e comentem sobre seu ritmo e estilo.
Siga rodando o clipe para que os alunos pos-
sam selecionar, das palavras que compreen-
a atenção para a sintaxe do verbo gustar e dem, aquelas que se relacionam com o título
para a diferença de significado entre gustar e da música e com a discussão anterior sobre
querer quando usados em relação a pessoas. o que é ser clandestino.
A última pergunta propõe um fechamento à
interpretação da letra da música. Compreensão oral e leitura
Uso da língua O objetivo desta seção é a interpretação
da letra. Peça que os alunos escutem a mú-
Nesta seção, o aluno pratica a estrutura sica para conferir as palavras e versos que
estudada na seção anterior (o verbo gustar). anotaram na tarefa anterior. Você pode ano-
A primeira tarefa (quadro da esquerda) é a tar as palavras relacionadas no quadro.
preparação para a segunda (quadro da di- As perguntas seguintes retomam a conver-
reita), em que o aluno é convidado a reescre- sa sobre o significado de “ser clandestino”,
ver uma estrofe da música. agora com base na letra da música. Nesta
etapa, estimule os alunos a lerem atenta e
Preparação para a silenciosamente a letra, para buscarem no
texto as informações solicitadas. A proposta
compreensão oral é que as perguntas orientem a interpretação,
e a leitura sem a necessidade de fazer a tradução da
letra.
A proposta é a de contextualizar o tema A discussão das respostas pode ser feita
da próxima canção de Manu Chao que será primeiramente entre as duplas e depois reto-
mada no grande grupo. Em seguida, a tarefa plicitando origens e influências para caracte-
3 propõe uma aproximação do tema à reali- rizar de onde vem e a que grupos pertence.
114
114 dade do aluno: às vezes não se precisa estar
em outro país para se sentir “clandestino”! Produção de texto
Que sentimento pode ser esse? A conversa
pode ser feita em grande grupo, ou em pe- As tarefas 1, 2, 3 e 4 constituem passos
quenos grupos. necessários para a construção do cartaz: in-
formações pessoais, informações sobre as
Uso da língua raízes familiares, escolha de uma música que
represente sua maneira de ser, informações
Para concluir o trabalho com a música gerais sobre o cantor(a) ou banda da música
Clandestino, as tarefas desta seção visam a escolhida, fotos e frases que descrevam a for-
salientar algumas estruturas recorrentes na ma como seus amigos o veem. O objetivo é
letra, praticando-as em uma situação mais sistematizar a discussão sobre a importância
pessoal. do outro na construção de nossa identidade
A primeira tarefa faz a distinção entre e sobre os grupos com os quais nos identifi-
versos em que Manu se auto define (“(es- camos.
toy) perdido en el corazón”; “soy una raya Estimule a turma a conversar com os fa-
en el mar”) e aqueles em que o verbo decir miliares para o preenchimento das fichas. Se
é utilizado com sujeito indefinido (“me dicen eles não tiverem como buscar todas as infor-
el clandestino”) e definido (“dice la policia”). mações, podem completar com o que conse-
Como os dois últimos casos podem causar guirem ou souberem.
maior dificuldade na compreensão de quem Incentive os alunos a responderem à tarefa
são os sujeitos e os objetos da frase, as per- 3 em espanhol. Na elaboração dos cartazes
guntas a, b e c tratam dessa análise. em espanhol, lembre os alunos a acrescen-
A tarefa 2 propõe o trabalho com o verbo tarem a frase de como os outros os veem, re-
decir e explicita a possibilidade de parafra- tomando o que fizeram na tarefa 2 da seção
sear os versos em destaque. Você pode ler Uso da língua (música “Clandestino”).
as frases com os alunos e discutir porque se
escolhe falar a frase de uma maneira ou de
outra: há alguma diferença no sentido? Em Retome com os alunos as discussões so-
seguida, estimule-os a construírem suas pró- bre o quanto as imagens e o título esco-
prias frases. Você pode elaborar com eles al- lhidos para uma canção, clipe ou capa
gumas possibilidades no quadro como exem- de CD podem expressar sentimentos e
plo. O dicionário bilíngue pode ser utilizado. ideias dos cantores. Essa discussão aju-
da os alunos na organização e
no layout dos cartazes. Esse
A nossa tribo! debate pode ser proposto no-
(Aulas 5 e 6) vamente após a apresentação
dos cartazes, analisando os
aspectos que contribuíram
Estas aulas oportunizam aos alunos o uso para a leitura dos colegas.
do que aprenderam para produzir um texto
sobre si e sobre suas influências (origens, mú-
sicas, bandas, etc.), construindo um cartaz. O objetivo da tarefa 5 é colocar o aluno
As habilidades focalizadas incluem: ativar e no papel de leitor e analista de texto. Incen-
usar conhecimentos prévios para produzir um tive os grupos a conversarem sobre o que
texto; construir um perfil sobre si mesmo, ex- acharam da apresentação dos colegas, so-
bre o que já sabiam e o que não sabiam a Autoavaliação
respeito deles, e o que os surpreendeu. Você
pode propor uma conversa com todo o gru- Para concluir a unidade, a autoavaliação 115 115
po ao final dessa tarefa, convidando-os a ex- tem como objetivo criar uma oportunidade
por suas análises e reflexões. de autorreflexão sobre o que foi aprendido.
Desta forma, o aluno poderá dar-se conta
Para além da sala de aula dos objetivos, do que aprendeu, do processo
de aprendizagem (em grupo, sozinho, fazen-
Esta seção tem como objetivo criar opor- do exercícios escritos ou orais, etc.), do que
tunidades para ampliar o conhecimento ad- precisaria reforçar e do que ainda gostaria
quirido, aprofundando alguns temas: línguas de aprender. Espera-se também oportunizar
faladas no Brasil e a situação da imigração a reflexão crítica sobre as práticas de partici-
na Espanha. Uma forma de trabalhar a pes- pação e aprendizagem em sala de aula.
Não se esqueça de reservar um espaço
na sua aula para que os alunos façam a sua
Professor, lembre-se que, antes autoavaliação e que possam discuti-las com
de os alunos fazerem tarefas usan- a turma!
do a internet, é importante revisar
o conteúdo geral da página. Os
sites eletrônicos são dinâmicos e Gêneros do discurso: Tipos relativa-
mudam constantemente, podendo mente estáveis de textos (orais e escritos),
apresentar conteúdos inadequa- que reconhecemos com base na nossa
dos à faixa etária de seus alunos. experiência com diferentes textos em de-
terminadas áreas. Cada contexto de uso
da linguagem (quem fala, com quem,
com que objetivo, em que situação, em
que lugar, através de qual suporte, etc.)
quisa feita pelos alunos é pedir que eles re- determina as características do que é dito
latem dados interessantes que encontraram e de que forma é dito. Entretanto, há al-
nos sites visitados. gumas características textuais que pode-
Outra possibilidade de ampliar o conheci- mos dizer que se repetem em condições
mento adquirido e relacioná-lo ao seu con- semelhantes de produção. Por exemplo,
texto é solicitar que, em grupos, os alunos em um contexto familiar, um texto escrito
pesquisem sobre pela mãe ou pai para os filhos, solicitan-
• músicas, cantores e bandas que seus pais do que comprem algo no supermercado,
gostam ou gostavam na sua idade; em geral, será escrito em um bilhete com
• músicas, cantores e bandas que foram su- uma linguagem informal; um texto es-
cesso em diferentes épocas; crito por uma empresa de publi-
• diferentes estilos musicais; cidade para promover um novo
• a história de diferentes bandas. produto para a população pode
Com as informações que pesquisaram, os ter o formato de um panfleto com
alunos construirão murais em espanhol para recursos visuais e linguísticos para
exporem e apresentarem para outras turmas chamar a atenção e persuadir o
e, assim, aprofundar a discussão sobre iden- leitor a comprar.
tidade, influências e pertencimento.
Anotações
116
116
Ensino Médio
1o ano

Margarete Schlatter
Letícia Soares Bortolini
Graziela Hoerbe Andrighetti
Podemos mudar o mundo?
119
119
Professor,
Partindo da temática “Podemos mudar o rior com campanhas publicitárias, conhe-
mundo?”, o objetivo desta unidade é opor- cimento da língua portuguesa (LP) e da lín-
tunizar a reflexão sobre os problemas que gua adicional (LA)) para ler e para produzir
afetam a comunidade e o mundo de hoje e um texto;
discutir formas de buscar soluções coletiva- • Reconhecer a função social de anúncios e
campanhas publicitárias (convencer o leitor
mente. Um dos modos de agir na sociedade
a participar), explicitando a relação entre
em relação a esse tema é fazendo campa- o texto e o seu uso nas práticas cotidianas,
nhas publicitárias para estimular ações con- estabelecendo relações e fazendo inferên-
juntas e conscientizar sobre quem precisa de cias a partir da integração de texto verbal e
ajuda, quem pode ajudar e qual é o lugar não verbal (ilustrações, fotos, etc.);
que ocupa nesse processo. Para estimular • Localizar e compreender informações e
o trabalho coletivo, essa discussão é feita a palavras-chave em um texto;
partir de campanhas publicitárias, um gênero • Compreender e produzir efeitos de sentido
do discurso relevante para promover a leitura do uso de recursos verbais (seleção de pa-
crítica: reconhecer e posicionar-se em rela- lavras, pontuação, etc.) e não verbais (ilus-
ção à função persuasiva do anúncio e sua trações, fotos) em um texto;
credibilidade. Esse gênero também possibili- • Compreender e posicionar-se em relação
ta o trabalho com a língua adicional através aos temas abordados (liderança, campa-
de textos curtos e da análise de recursos lin- nhas, moradia);
• Identificar (na compreensão) e selecionar
guísticos de forma contextualizada. Espera-se
(na produção) os efeitos de persuasão e
que, ao final da unidade, o aluno tenha refle- de credibilidade nos textos e relacioná-los
tido sobre os problemas que a comunidade à seleção de vocabulário e de outros re-
enfrenta e sobre como pode se engajar em cursos linguísticos, explicitando a relação
diferentes causas na busca de soluções. dialógica do texto;
• Expor um problema e propor uma solução.
Habilidades
Conteúdos
• Ativar e usar conhecimentos prévios (co-
nhecimento de mundo, experiência ante- • Campanhas publicitárias para estimular o

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a campanhas publicitárias, reconhecer a
função persuasiva e a credibilidade da campanha, reagindo e posicionando-se em re-
lação a ela.
• Escrever: Produzir uma campanha publicitária, adequando diferentes recursos de per-
suasão a públicos distintos.
• Resolver problemas: Refletir sobre problemas relevantes ao contexto e sobre formas
de solucioná-los, refletir sobre como convencer outras pessoas a se engajar em lutas
coletivas.
trabalho coletivo: circulação social e fun- Preparação para a leitura
ções, modos de organização, componen-
120
120 tes e natureza persuasiva do texto; Antes de ler o texto, é importante ativar os
• Efeitos de sentido de recursos visuais e sua conhecimentos prévios sobre o tema e o gêne-
relação com os recursos gráficos; ro do discurso que será trabalhado. Essas in-
• Uso de recursos linguísticos para expor um formações servirão para contextualizar o texto
problema e para estimular alguém a agir: a ser lido (a função social de textos publicitá-
perguntas, expressões de estímulo, impe- rios – convencer) e preparar o aluno para agir
rativo. como um analista do texto. Caso não tenham
esse conhecimento prévio, cabe a você que
tem essa experiência construir as pontes neces-
Duração prevista: 6 aulas
sárias para preparar a leitura, relacionando o
conhecimento já existente com o novo, redi-
Materiais necessários: mensionando ambos a novos contextos de uso
• Equipamento para reprodução de áudio e da língua.
vídeo. A tarefa 1 levanta a discussão sobre os te-
• Vídeos: mas: atitudes frente a problemas, liderança,
trabalho coletivo. Os quadros servem para in-
NGO “Lead India”, disponível no site http://
formar brevemente o que é uma ONG e qual é
ngopost.org/story.php?title=Lead_India_- a missão da ONG que promove a campanha
Times_of_Indias_search_for_Indias_next_ do vídeo. Discuta com os alunos sobre o que
great_political_leaders-1 fazem as ONGs e como o termo LEAD se rela-
Campanha publicitária: Spot Cambio Climá- ciona com esses objetivos (liderar movimentos
tico, Araceli Ganzalez, disponível em www. e campanhas em prol de causas humanitárias).
youtube.com/watch?v=JZ4zersE54U; A tarefa 2 focaliza a ativação do conheci-
Campanha publicitária: Revolución Ener- mento prévio sobre o gênero campanha publi-
gética, disponível em www.youtube.com/ citária, suas funções, características e eficácia.
watch?v=JGJmbPWjpKM;
• Para a aula 3, se for escolhida a alterna- Professor, promova o debate sobre lide-
tiva da brincadeira para a seção Uso da rança e sobre problemas que podem ser
língua (referente à Campanha Publicitária solucionados coletivamente. Esse debate
II), será necessário elaborar e organizar será útil mais adiante, na produção das
o material para a tarefa 2: sacos (A e B) campanhas. À medida que os alunos dão
contendo problemas e sugestões elabora- suas respostas, anote as contribuições no
das pelo professor (ver instruções da tare- quadro. Faça-os refletirem sobre a utilida-
fa). de e a eficácia de campanhas desse tipo,
trazendo outros exemplos (lixo, dengue,
Quem é responsável? aids, camisinha, câncer de mama) – você
(Aula 1) pode solicitar que os alunos tragam anún-
cios e panfletos para a próxima aula so-
bre campanhas que circulam na comu-
Esta aula tem por finalidade aproximar os nidade, para continuar a discussão. O
alunos do tema e do gênero do discurso: a conhecimento dos alunos sobre o tema
campanha de uma ONG que estimula novas e o gênero do discurso e as relações
lideranças para um mundo sustentável. O de sentido que constroem a partir do
anúncio em vídeo é tomado como provoca- termo “liderança” poderão ser con-
ção para debate sobre o tema e tem a função trastados mais adiante com os do tex-
de preparar o aluno para a leitura do texto to trabalhado.
em espanhol.
Participar é mudar Professor, é fundamental que não
(Aulas 2 e 3) 121
seja feita uma tradução de todo o tex- 121
to. Solicitar que o aluno traduza to-
Nestas aulas, o objetivo é ler um anúncio e das as palavras dará a ele uma noção
assistir a um spot publicitário do Greenpeace equivocada de que precisamos saber
Argentina e trabalhar os recursos linguísticos todas as palavras para poder intera-
para expor problemas e propor soluções, es- gir com um texto. Traduzir todo o tex-
timulando o outro a agir. As habilidades foca- to (oralmente ou por escrito) para os
lizadas são: fazer inferências a partir da rela-
alunos significa dizer a eles que nun-
ção do texto verbal e não verbal; reconhecer
ca poderão fazer a leitura sozinhos.
a função social de anúncios e campanhas pu-
Se você achar que a tradução pode
blicitárias, explicitando a relação entre o texto
auxiliá-los, focalize apenas palavras
e o seu uso nas práticas cotidianas; localizar e
compreender informações e palavras-chave, ou expressões chaves para a realiza-
efeitos de sentido do uso de recursos verbais ção da tarefa. Como professor, sua
e não verbais; identificar os efeitos de persu- função é de auxiliá-los, aos poucos,
asão e de credibilidade nos textos; expor um a se sentirem mais confortáveis em li-
problema e propor uma solução. dar com a LA, a fazer valer o que já
sabem sobre texto (em quaisquer lín-
guas) para poderem relacionar o que
Campanha publicitária I - conhecem com o novo contexto de
Preparação para uso, a se arriscarem mais, a se tor-
leitura e leitura narem mais autônomos na busca do
que é relevante para a resolução das
Após ter construído com os alunos as tarefas propostas.
condições para ler o texto na aula anterior,
Além disso, note que as tarefas
esta seção é dedicada à leitura propria-
propõem a leitura silenciosa, que é a
mente dita e à prática de recursos linguísti-
maneira como geralmente lemos em
cos que compõem um texto publicitário. As
nossa vida cotidiana. Se seus alunos
tarefas têm por objetivo dirigir a atenção do
aluno para a leitura que normalmente faze- vivem em contextos sociais em que se
mos desse gênero do discurso: as pergun- lê pouco, ter a possibilidade de ler
tas referentes à campanha visam a compre- silenciosamente torna-se ainda mais
ensão do objetivo da campanha, da inter- importante para que ele se torne um
locução no texto (quem escreve para quem) leitor autônomo. A leitura oral pode
e das representações dos participantes da ser focalizada em gêneros discursi-
situação de comunicação (o aluno está vos como poemas, peças teatrais,
incluído no público-alvo da campanha?). canções, orações, gêneros nos
Estimule a análise dos recursos verbais e quais isso é esperado. A qualida-
não verbais usados como elementos persu- de da leitura do aluno deve ser
asivos. A partir das palavras que eles já co- avaliada através do cumprimen-
nhecem ou inferem, e com base na busca to das tarefas propostas. Se ele
pelo significado de palavras novas, auxilie consegue cumprir a tarefa, de-
os alunos, através da leitura das imagens, monstra que soube ler o texto.
a compreenderem os argumentos usados
para persuadir o público dessa campanha.
A tarefa também cria a oportunidade para
o uso de dicionários bilíngues, o que pode ambientais (listados). Para completar a lacu-
ser feito em duplas, para que os alunos que na em branco, levante ideias com a turma.
122
122 já sabem usar os dicionários possam auxi- Você pode trabalhar com os alunos na cria-
liar os que não estão familiarizados com ção da primeira frase, escrevendo no quadro
essa prática. as ideias que eles trouxerem e acrescentando
outras. Dentre as construções possíveis está
Estudo do texto o uso do próprio substantivo oferecido pela
tarefa (¿Podés creer que el calentamiento glo-
A tarefa de leitura de campanhas publicitá- bal puede acabar con la vida humana en la
rias poderá ser aprofundada através da com- tierra?) ou de sua forma verbal (¿Podés creer
preensão dos argumentos usados para per- que el mundo está calentándose cada año?).
suadir o público-alvo e da avaliação de sua Esse recurso linguístico poderá ser utilizado
eficácia, considerando outros interlocutores e pelos alunos mais adiante, na produção da
suportes possíveis. Discuta com os alunos sobre sua campanha.
a importância de o autor da campanha pensar
em quem quer atingir para selecionar os recur- Campanha publicitária II –
sos mais adequados para sensibilizar o público Compreensão oral
para a causa. Enfatize o trabalho com recursos
visuais e linguísticos relevantes para a constru- As tarefas propostas nesta seção são de
ção da persuasão (itens a, b e c), estimulando compreensão e análise de um spot publici-
a avaliação do texto quanto ao cumprimento tário de Greenpeace Argentina. A tarefa 1
da sua função social (itens d, e e f). Observe propõe que o spot seja assistido inicialmente
que no Caderno do Aluno, as tarefas estão su- sem som para que, a partir das imagens e
geridas para serem realizadas em grupo! do texto escrito, sejam feitas inferências sobre
o problema ecológico abordado na campa-
Uso da língua nha e seu objetivo. Em seguida (tarefa 2),
apresente o vídeo com som e proponha que,
Nesta seção, os alunos poderão explorar em duplas, os alunos confiram as hipóteses
um aspecto linguístico presente na publicida- às perguntas anteriores com base na fala da
de e usado para atrair a atenção do públi- apresentadora. As perguntas que seguem
co leitor. A tarefa propõe que imaginem que buscam chamar a atenção para os recursos
a frase de impacto da publicidade lida seja visuais e linguísticos relevantes para a cons-
usada em campanhas sobre outros problemas trução da persuasão.

Professor, como as campanhas estudadas nesta unidade utilizam o pronome de


tratamento informal vos, a conjugação verbal enfatizada nas tarefas das seções Uso
da língua é a referente a esse pronome. Aproveite para comentar com a turma sobre
diferenças de uso de pronomes de tratamento motivadas por razões geográficas
(por exemplo, vos é o pronome de tratamento informal usado na variedade do es-
panhol do Rio da Prata; em localidades da Colômbia, como Medellín; em países
da América Central, como Guatemala) e as mudanças na conjugação verbal e na
tonicidade do verbo no uso do tú ou do vos. Você pode mostrar como seriam as
frases se o pronome tú fosse utilizado.
O texto da campanha está transcrito a seguir.
Spot Cambio climático – Araceli Gonzales (30seg.) www.youtube.com/watch?v=JZ4zersE54U
123
123
“El cambio climático nos afecta a todos. Y sólo entre todos podemos evitar que sus consecuen-
cias sean incontrolables. Unite vos también como socio de Greenpeace y ayudanos a detener-
lo. Comunicate con nosotros al cero once cuatro mil cincuenta y cinco cincuenta y cinco. Con
tu donación podés ayudar al Greenpeace a detener el cambio climático. Acordate cero once
cuatro mil cincuenta y cinco cincuenta y cinco.”

Estudo do texto Uso da língua


Nesta seção, o aluno poderá aprofundar Nesta seção, o aluno poderá praticar es-
a compreensão do texto publicitário através sas estruturas de verbos no imperativo, pen-
da análise da estrutura linguística utilizada sando em outras frases que poderiam ser
(imperativo) para estimular a participação do construídas para a publicidade (tarefa 1) e
público na causa. Convide os alunos a refle- aconselhando os colegas a lidarem com
tirem sobre as estratégias de persuasão utili- outros problemas relacionados ao tema e a
zadas no spot para, depois, compará-las às questões pessoais (tarefa 2).
estratégias usadas na campanha em suporte A tarefa 2 também pode ser desenvolvida
escrito. Lembre-se de relacionar os recursos como uma brincadeira (em pequenos grupos
visuais e linguísticos e de promover a reflexão ou com a turma toda). Você coloca as opções
sobre a importância do público-alvo para as (A) e (B) em dois sacos diferentes. Um alu-
escolhas feitas. no tira uma tirinha do saco e lê o problema
em voz alta para outro aluno, que responde
Professor, é fundamental que não seja a partir da sugestão que tirou do outro saco.
feita uma tradução de todo o texto. So- Juntos, eles avaliam se a sugestão faz sentido.
licitar que o aluno traduza as palavras Se não, eles podem dizer o que sugeririam.
dará a ele uma noção equivocada de Caso você se decida pela brincadeira,
que precisamos conhecer todas as pa- você vai precisar montar o seu próprio ma-
lavras para poder interagir com um tex- terial para esta tarefa. Construa problemas
to. Traduzir todo o texto (oralmente ou e sugestões que sejam relevantes para seus
por escrito) significa dizer que eles nun- alunos. Todos os problemas e sugestões de-
ca poderão fazer a leitura sozinhos. Se vem ser cortados em tirinhas e colocados
você achar que a tradução pode auxiliá- nos respectivos sacos.
los, focalize apenas palavras ou expres-
sões chaves para a realização da tarefa.
Sua função é de auxiliá-los, aos poucos, O que é que eu faço?
se sentirem mais confortáveis em li- (Aula 4)
dar com a LA, a fazer valer o que
já sabem sobre texto (em quaisquer Esta aula é uma nova oportunidade de tra-
línguas) para poderem relacionar o balhar com campanhas publicitárias e recursos
que já conhecem com o novo con- linguísticos para propor soluções, estimulando
texto de uso, a se arriscarem mais, o outro a agir. As habilidades focalizadas são:
a se tornarem mais autônomos na estabelecer relações e fazer inferências a partir
busca do que é relevante para a da relação do texto verbal e não verbal; siste-
resolução das tarefas propostas. matizar a função social de anúncios e campa-
nhas publicitárias, explicitando a relação entre
o texto e o seu uso nas práticas cotidianas;
localizar e compreender informações e pala- A seção propõe que as perguntas de cada
vras-chave em um texto; compreender efeitos segmento sejam respondidas em duplas, pos-
124
124 de sentido do uso de recursos verbais e não sibilitando que as inferências e a compreen-
verbais e identificar os efeitos de persuasão e são do texto sejam discutidas com o colega. A
de credibilidade nos textos; expor um proble- análise por partes permite que as hipóteses se-
ma e propor uma solução. jam levantadas antes de assistir ao spot, o que
ajuda no processo de compreensão do que
Campanha Publicitária III – será assistido. O primeiro grupo de perguntas
Compreensão oral se refere à primeira imagem da publicidade
(abaixo). A imagem deve ser congelada para
Nesta seção, a compreensão de cam- que as duplas possam responder.
panhas publicitárias é aprofundada com a
apresentação de outro spot produzido pelo
Greenpeace Argentina para divulgação da
campanha “Revolución Energética”. Analise
com os alunos os objetivos da campanha
publicitária e como a construção do texto
contribui para isso. Como esse texto é mais
longo, a análise é feita por partes e o foco é
o vocabulário sobre o tema.
A tarefa seguinte propõe retomar a prática
contextualizada de estruturas de imperativo.
O texto da campanha está transcrito a seguir. Professor, você pode perguntar ao
grande grupo como as duplas res-
Spot Revolución energética – Araceli ponderam às perguntas, verificando
Gonzáles (1min13) as hipóteses que levantaram e as
www.youtube.com/watch?v=JGJmbPWj justificativas.
pKM&feature=related
“Esta bombita, genera cambio climáti-
co. ¿Cómo? Es simple. Necesita mucho Na sequência, pause o texto após a pri-
más electricidad que la de bajo consumo meira frase (“Esta bombita genera cambio
para producir la misma cantidad de luz. climático. ¿Cómo? Es simple.”) e solicite às
En nuestro país el noventa porciento de duplas que respondam às perguntas sobre o
la energía proviene de la quema de gas, tema e sobre a relação entre as lâmpadas
petroleo y carbón. Estos combustibles incandescentes e a mudança climática.
son los principales emisores de gases
que provocan el calentamiento global.
Más lluvias, más sequías, más inundaci- Professor, alerte os alunos de que a
ón. Y la pérdida del habitat de innúme- continuação do vídeo explicitará a re-
ras especies. En pocas palabras, menos lação existente entre as bombitas e o
electricidad es igual a menos emisiones cambio climático. Mais uma vez, as
de gases que destruyen el clima. Con- hipóteses podem ser comentadas em
tar con una iluminación eficiente es el grande grupo. O vocabulário em es-
primer paso fundamental. Por una elimi- panhol referente às hipóteses pode
nación total de las bombitas incandes- ser escrito no quadro.
centes para el dos mil diez, ayudanos a
detener el cambio climático.”
Em seguida, apresente todo o spot para Estudo do texto
que as hipóteses sobre a relação uso de
“bombitas e o cambio climático” sejam ve- Nesta seção, o aluno poderá aprofundar 125 125
rificadas. Como o texto é longo, a publici- a compreensão do texto publicitário através
dade pode ser assistida mais uma vez para da análise das estratégias de persuasão utili-
que palavras-chave que estão associadas à zadas no spot. Estimule os alunos a opinarem
relação uso de bombitas cambio climático sobre a eficiência da campanha e a propo-
sejam enfocadas e anotadas. As perguntas rem mudanças, considerando as discussões
seguintes enfocam o vocabulário trazido pela prévias sobre a relação entre os recursos vi-
publicidade com relação às consequências suais e linguísticos e a importância do públi-
do aquecimento global e a retomada dos co-alvo para as escolhas feitas.
objetivos da publicidade, levando em conta Como fechamento da seção, proponha
que, a primeira vez que a pergunta foi fei- uma reflexão sobre a economia de energia
ta, ainda se tinham poucos elementos para o no contexto local (em casa, no bairro, na ci-
entendimento de que a campanha (argumen-
dade).
tar contra o uso de lâmpadas incandescen-
tes) primeiro informa o público sobre a rela-
ção existente entre o uso dessas lâmpadas e
Uso da língua
o aquecimento global e, depois, pede ajuda Os alunos terão a oportunidade de revisar
para que a mudança climática seja freada formas de estimular o outro a agir (uso do
(enfatizando a troca do uso de lâmpadas in- imperativo), criando frases para complemen-
candescentes pelas de baixo consumo). Ao tar a publicidade assistida e reforçar o pedi-
longo do vídeo, as imagens acompanham o do de ajuda da campanha para um público-
texto falado pela narradora e compartilham alvo específico. A partir das ações propostas
a tela com ela. No final da publicidade, a para ajudar a deter a mudança climática,
imagem sugere que temos que trocar um tipo auxilie as duplas a pensarem em frases em
de lâmpada por outro; a narradora segura
espanhol, usando estruturas no imperativo
ora um tipo de lâmpada, ora outro. Para que
(afirmativo).
esses aspectos de construção imagética e
textual sejam analisados, o vídeo pode ser
repetido novamente.
Professor, estimule o uso do dicionário
bilíngue para a realização dessa tarefa.
Professor, o vídeo pode ser assis- As frases criadas pelos alunos podem
tido mais vezes até que as duplas ser compartilhadas no grande grupo
tenham conseguido listar as pala- e escritas no quadro. A estrutura de
vras-chave da relação proposta imperativo na forma negativa, que
pela publicidade. A partir do vo- não apareceu nas campanhas, pode
cabulário anotado, você pode ser estudada se utilizada na frase de
ajudar na construção do enten- alguma dupla.
dimento do argumento utilizado
pela publicidade.
concluir, eles podem socializar a sua cam-
Abrace essa causa! panha e se posicionarem criticamente em
126 (Aulas 5 e 6) relação às demais.
126

Nestas aulas, os alunos utilizam o que Professor, nesta seção, todas as etapas
aprenderam na produção de um texto em são de grande importância: a decisão
espanhol que represente a realidade que co- sobre o problema a ser resolvido e
nhecem, construindo uma campanha publi- sobre o público-alvo, o planejamen-
citária. As habilidades incluem: ativar e usar to do texto, a escrita, a revisão do
conhecimentos prévios para produzir um tex- texto e a socialização dos textos. É
to e criar uma proposta de uma campanha; tornando-se um melhor leitor que
produzir efeitos de sentido do uso de recur- os alunos poderão se tornar me-
sos verbais (seleção de palavras, pontuação, lhores escritores e vice-versa.
etc.) e não verbais (ilustrações, fotos) em um
anúncio publicitário, selecionar vocabulário
e outros recursos linguísticos para construir
efeitos de persuasão e de credibilidade em
um determinado público. Para além da sala de aula
Produção de texto Esta seção é uma oportunidade de usar
o conhecimento aprendido em uma nova
Considerando que o desenvolvimento situação de comunicação. Retome o tema
da leitura e da produção escrita está inter- tratado e amplie o uso das informações e
relacionado, a produção escrita pode sis- do que foi aprendido na língua adicional
tematizar o conhecimento sobre o gênero para além da sala de aula, fazendo novas
do discurso focalizado, contribuindo para relações com a vida do aluno.
aperfeiçoar a capacidade leitora crítica. A tarefa 1 propõe que os alunos rela-
Nesse sentido, a tarefa 1 solicita que os cionem as campanhas analisadas com a
alunos, em grupos, construam uma cam- realidade do Brasil e do Rio Grande do
panha com a imagem fornecida, pensando Sul.
no objetivo, no público que querem atingir A tarefa 2 sugere que levem adiante as
e como vão construir o texto. Refletir sobre campanhas propostas e que sensibilizem a
o público-alvo é fundamental, já que é ele comunidade escolar para engajar-se. In-
que vai determinar a seleção dos recursos centive-os a continuar, expondo seus carta-
linguísticos a serem utilizados. Os alunos zes na escola, organizando oportunidades
poderão retomar aqui os recursos linguísti- para a troca de ideias com outros alunos
cos previamente praticados e usá-los para e exercitando a capacidade de liderança,
a construção de sua campanha. Incentive- através da organização de comissões para
os a voltar para as seções Estudo do Texto colocar algumas das campanhas em práti-
e Uso da língua e pensar em frases para a ca na comunidade. Esse trabalho pode ser
campanha. feito em parceria com outras disciplinas.
Após a conclusão da primeira versão A tarefa 3 propõe a busca por mais infor-
do texto, os alunos tomarão a posição de mações sobre a atuação do Greenpeace.
leitores e poderão avaliar o texto do outro Leve os alunos para o laboratório de infor-
grupo a partir dos critérios discutidos e es- mática e solicite que, em duplas, visitem os
tabelecidos pela tarefa no Caderno do Alu- sites indicados em busca das informações
no. Estimule-os a revisar seus textos após listadas. Após, eles podem compartilhar as
receberem as sugestões dos colegas. Para informações com os colegas.
base nos resultados, construirem uma
Professor, lembre-se que, antes de campanha (em espanhol) para aumentar
os alunos fazerem tarefas usando a ou qualificar a participação da comuni- 127
127
internet, é importante revisar o con- dade escolar;
teúdo geral da página. Os sites ele- d) listem problemas que existem na escola
trônicos são dinâmicos e mudam e construam um painel com instruções
constantemente, podendo apre- (em espanhol) sobre formas de partici-
sentar conteúdos inadequados à pação para solucionar esses problemas.
faixa etária de seus alunos. Lembre-se que todos esses projetos podem
ser desenvolvidos com outros professores,
caracterizando um trabalho interdisciplinar.

Outras possibilidades de ampliar o co- Autoavaliação


nhecimento adquirido e relacioná-lo ao
contexto dos alunos é solicitar que eles: Para concluir a unidade, a autoavaliação
a) tragam para a sala de aula exemplos de tem como objetivo criar uma oportunidade
campanhas feitas na comunidade, dis- de reflexão sobre o que foi aprendido. Des-
cutindo e avaliando sua eficácia; ta forma, o aluno poderá dar-se conta dos
b) preparem uma entrevista para um líder objetivos da unidade, do que aprendeu, do
comunitário e/ou escolar e, com base processo de aprendizagem (em grupo, so-
na entrevista realizada, reflitam sobre as zinho, fazendo exercícios escritos ou orais,
razões que o tornaram líder e suas for- etc.), do que precisaria reforçar e do que
mas de atuação na comunidade; ainda gostaria de aprender. Espera-se criar
c) preparem uma entrevista com os alu- uma oportunidade para a reflexão crítica
nos da escola para refletirem sobre sua sobre as práticas de participação e apren-
participação em ações coletivas e, com dizagem em sala de aula.

Gêneros do discurso: Tipos relativamente estáveis de textos (orais e escritos), que


reconhecemos com base na nossa experiência com diferentes textos em determinadas
áreas. Cada contexto de uso da linguagem (quem fala, com quem, com que objetivo, em
que situação, em que lugar, através de qual suporte, etc.) determina as características do
que é dito e de que forma é dito. Entretanto, há algumas características textuais
que podemos dizer que se repetem em condições semelhantes de produção. Por
exemplo, em um contexto familiar, um texto escrito pela mãe ou pai para os fi-
lhos, solicitando que comprem algo no supermercado, em geral, será escrito em
um bilhete com uma linguagem informal; um texto escrito por uma empresa de pu-
blicidade para promover um novo produto para a população pode ter o formato de
um panfleto com recursos visuais e linguísticos para chamar a atenção e persuadir
o leitor a comprar.

Este caderno teve a colaboração de Fábio de Oliveira Vasques e Michele Saraiva Carilo nas
tarefas de preparação para a leitura.
Anotações
128
128
Ensino Médio
2o e 3o anos

Margarete Schlatter
Letícia Soares Bortolini
Graziela Hoerbe Andrighetti
O Brasil no cinema: imagens que viajam
Professor, 131
131

Partindo da temática “O Brasil no cine- nhecimento da língua portuguesa (LP) e


ma: imagens que viajam”, esta unidade tem da língua adicional (LA)) para ler e para
o objetivo de discutir a forma como o Brasil produzir um texto;
é retratado através de filmes brasileiros, seus • Reconhecer a função social de trailers e de
trailers e cartazes. A proposta dessa reflexão cartazes de filmes, explicitando a relação
é feita através de dois trailers e dois cartazes entre o texto e o seu uso nas práticas coti-
de filmes, Tropa de elite e Cidade de Deus, dianas;
que propiciam, além da contextualização ne- • Estabelecer relações e fazer inferências a
cessária para o tema e para o estudo de re- partir da relação do texto verbal e não ver-
cursos linguísticos, uma forma de relacionar a bal;
língua adicional com imagens e cenas de uma • Localizar e compreender informações e
realidade conhecida. Os gêneros discursivos palavras-chave em um texto;
“trailer” e “cartaz” são parte do cotidiano da • Compreender efeitos de sentido do uso
maioria dos jovens: compreender e produzir de recursos verbais (seleção de palavras)
esses textos de forma crítica oportuniza o de- e não verbais (imagens do trailer e de car-
bate sobre as representações que veiculam, tazes);
para quem e com que objetivos. Através de • Compreender e posicionar-se em relação
tarefas que estimulam os alunos a se posi- aos temas abordados (valores, costumes e
cionarem sobre as temáticas abordadas nos comportamentos da sociedade brasileira);
filmes (costumes, valores e comportamentos), • Compreender e expressar características
espera-se que, ao final da unidade, tenham do lugar onde vive e de uma mudança em
refletido sobre os retratos do Brasil que o cine- sua vida para narrar a sua história;
ma mostra no país e no exterior e sobre qual • Produzir um cartaz, usando recursos visu-
retrato de si próprios e do lugar onde moram ais e linguísticos para alcançar o propósito
gostariam de apresentar, e para quem. desejado (divulgar um filme).

Habilidades Conteúdos
• Ativar e usar conhecimentos prévios (co- • Trailer: circulação social e funções, modos
nhecimento de mundo, experiência ante- de organização, componentes e natureza
rior com trailers e cartazes de filmes, co- narrativa do texto;

Objetivos
Os alunos, ao final desta unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a trailers e cartazes de filmes, refletindo so-
bre o papel que desempenham e sobre os recursos utilizados (visuais e linguísticos) para
representar valores, costumes e comportamentos da sociedade brasileira.
• Escrever: Produzir um cartaz para divulgar um filme sobre uma história que querem
contar. Selecionar imagens e texto, adequando os efeitos visuais e linguísticos para um
público específico.
• Resolver problemas: Refletir sobre as representações do Brasil em filmes brasileiros,
sobre formas de construir e interpretar a realidade, sobre conflitos e possíveis soluções.
• Cartaz de filme: circulação social e fun- tos que compõem um trailer, suas funções
ções, modos de organização e natureza (apresentar o filme e atrair o público para as-
132
132 informativa do texto; sistir a ele) e as estratégias usadas para atin-
• Efeitos de sentido de recursos gráficos: aspas, gir esses propósitos.
ordem de apresentação de informações;
• Efeitos de sentido de recursos visuais: sua Professor, lembre-se que este momen-
relação com os recursos gráficos; to é fundamental para a compreensão.
• Recursos linguísticos para opinar sobre um A ideia aqui é fazer o aluno se sentir
filme e narrar o seu enredo: adjetivos posi- confiante quanto ao que ele já sabe
tivos e negativos; verbos no passado, arti- (sobre trailers) e fazer com que ele se
gos definidos e indefinidos; preposição en; dê conta de que pode e deve usar esse
• Recursos linguísticos para caracterizar lu- conhecimento para construir sentido em
gares (adjetivos e superlativo), para narrar novos textos. Caso você veja que eles
(verbos no passado simples) e para falar não têm esse conhecimento prévio, você
sobre ações futuras. e os colegas que têm essa experiência
podem construir as pontes necessárias
Tempo previsto: 6 aulas para a preparação de todos. Por exem-
plo, se alguns não se lembram de ter as-
Material necessário: sistido a trailers, você pode comentar
• Vídeo: sobre filmes que estão sendo anun-
Equipamento para exibição de vídeo. ciados em canais de televisão aberta
• Vídeos: para a próxima semana, pedir que
Trailer do filme Cidade de Deus, reparem em como são esses anún-
disponível em www.br.youtube.com/ cios, perguntar para a turma se al-
watch?v=NmkwG7ux3l0 guém lembra do que foi anuncia-
Trailer do filme Tropa de elite, disponível em do, nome do filme, história, o que
www.youtube.com/watch?v=xDe7hhMMltQ foi mostrado, atores, horário, etc.

Retratos do Brasil
(Aula 1) Compreensão e estudo do
texto
As tarefas desta aula têm o objetivo de
ativar o conhecimento prévio para contextu- As primeiras três tarefas estimulam a aná-
alizar o tema e o gênero do discurso trailers, lise das imagens, efeitos sonoros e texto es-
reconhecer a função social, a organização crito que compõem o trailer. Como nele não
textual e componentes desse gênero, estabe- há narração, a análise desses elementos é
central para a discussão sobre as funções do
lecer relações e fazer inferências a partir da
trailer (divulgar o filme e motivar os especta-
relação do texto verbal e não verbal, compre- dores). Estimule os alunos a compreenderem
ender seus efeitos de sentido e relacionar o a relevância das informações escritas e a dis-
tema com suas vidas. tinguirem fatos de opiniões.
Na tarefa 4, os alunos poderão avaliar se
Trailer I – Preparação para o trailer cumpre sua função e atribuir sentidos
às imagens apresentadas sobre o Brasil, po-
a compreensão de texto sicionando-se. Saliente o papel dos recursos
visuais (gestos, expressões corporais) e o que
As perguntas no Caderno do Aluno são os personagens estão fazendo para a compre-
um convite para conversar sobre os elemen- ensão das informações trazidas pelo trailer.
linguísticos para expressar juízos de valor.
Professor, é fundamental que não seja A tarefa 3 também enfoca o uso dos arti-
feita uma tradução do texto. Solicitar gos definidos e indefinidos. Leia as frases do 133
133
que os alunos traduzam todas as pala- Caderno do Aluno com os alunos e chame a
vras dará a eles uma noção equivocada atenção para a diferença entre as frases em
de que precisam saber todas as palavras que o artigo definido é usado e as que co-
para poder interagir com um texto. Tradu- meçam com um artigo indefinido. Sugira que
zir todo o texto (oralmente ou por escrito) eles produzam em suas frases os dois tipos
significa dizer as eles que nunca poderão de comentários. Essa tarefa visa a ajudá-los
fazer a leitura sozinhos. Se você achar na realização da produção de texto proposta
que a tradução pode auxiliá-los, focali- ao final desta unidade.
ze apenas palavras ou expressões chave
para a realização da tarefa. Oriente-os e
auxilie sempre que necessário para que, Professor, o trabalho com os aspectos
aos poucos, eles possam se sentir mais linguísticos tem como objetivo fornecer ao
confortáveis em lidar com a LA, fazen- aluno os instrumentos necessários para
do valer o que já sabem sobre texto (em realizarem as tarefas propostas, sempre
quaisquer línguas) e relacionando o que de forma contextualizada e priorizando o
já conhecem com o novo contexto de sentido ao invés de exercícios de substitui-
uso. Estimule, dessa forma, que eles se ção ou de completar lacunas de forma
arrisquem mais e se tornem mais autôno- mecânica. Explique o uso dos artigos
mos na busca do que é relevante para a singular masculino e feminino em es-
resolução das tarefas propostas. panhol a partir das frases do trailer.
Além disso, note que as tarefas pro- O artigo neutro lo também pode ser
põem a leitura silenciosa, que é a ma- explorado. Você também pode dis-
neira como geralmente lemos em nossa cutir as diferenças de intensidade
vida cotidiana. Se seus alunos vivem em dos adjetivos.
contextos sociais em que se lê pouco, ter
a possibilidade de ler silenciosamente
torna-se ainda mais importante para que
ele se torne um leitor autônomo. A leitura
oral pode ser focalizada em gêneros do Mais retratos do Brasil
discurso como poemas, peças tea- (Aulas 2 e 3)
trais, canções, orações, gêneros nos
quais isso é esperado. A qualidade
da leitura do aluno deve ser ava- As tarefas destas aulas proporcionam uma
liada através do cumprimento das nova oportunidade de compreensão. As habi-
tarefas propostas. Se ele consegue lidades focalizadas são: ativar o conhecimen-
cumprir as tarefas, demonstra que to prévio para ler e ouvir, localizar e compre-
soube ler o texto. ender informações e palavras-chave em um
texto, estabelecer relações e fazer inferências
a partir do texto verbal e não verbal, compre-
ender os efeitos de sentido do texto e posi-
Uso da língua cionar-se em relação aos temas abordados
(valores, costumes e comportamentos da so-
Nesta seção, os alunos poderão concentrar- ciedade brasileira). Além disso, o aluno terá
se em alguns aspectos linguísticos que dão sen- oportunidade de refletir sobre as informações
tido às frases analisadas, praticando recursos que constroem uma história (filme e trailer).
Trailer II – Preparação As imagens e as palavras que os alunos re-
conhecem pela semelhança com o português
134
para a compreensão são suficientes para permitir a compreensão.
134
As primeiras três tarefas buscam antever as A tarefa 4 solicita ao aluno que compare
informações narradas e o sentido atribuído à os trailers e avalie se eles cumprem sua fun-
narração (por exemplo: o que se pode esperar ção (divulgar o filme).
de um trailer a partir da frase “Crecieron jun- Na tarefa 5, o aluno terá oportunidade de
tos en la ciudad más peligrosa del mundo”) e refletir sobre as informações que constroem
como texto e imagens se conjugam para trazer o enredo do filme. O aluno deve selecionar,
informações sobre o filme. Lembre-se também das informações do quadro (sobre o enredo
que a leitura deve ser feita silenciosamente e dos filmes Cidade de Deus e Tropa de elite),
que não se espera a tradução dos textos para quais são referentes a cada filme e organizar
o português. Ajude sempre que necessário, essas informações. Em seguida, solicite que,
para que os alunos possam responder o que é em duplas, os alunos completem o quadro
solicitado, mas insista que eles não precisam com informações de um filme que conhe-
entender todas as palavras em espanhol para cem, e que participem da brincadeira, ten-
cumprir as tarefas. tando descobrir o filme de outra dupla. O
Na tarefa 4, os alunos são convidados quadro deve ser feito em espanhol: estimule-
a inferirem, com base na análise do trailer os a usarem o dicionário para a busca de
anterior, que tipo de informação as frases es- vocabulário. Essas tarefas podem ajudar os
critas desse trailer veiculam. Confirme com alunos na realização da produção de texto
eles que, em ambos, o texto escrito é muito ao final desta unidade.
semelhante em seu conteúdo. Aproveite para
conversar com a turma sobre as possíveis ra-
zões para que o texto do trailer esteja em es-
Minha vida
panhol e o que isso pode representar para a dá um filme!
divulgação do filme. (Aula 4)

Compreensão e
Nesta aula, os alunos constroem uma si-
estudo do texto nopse de um filme sobre a sua vida (seguindo
Na primeira tarefa, os alunos vão assistir o exemplo do trailer trabalhado) e praticam
ao trailer para conferir a ordem das frases do recursos linguísticos para caracterizar lugares
texto. Em seguida (tarefa 2), podem discutir (adjetivos e superlativo), para narrar (verbos
como texto e imagens se conjugam para trazer no pretérito) e para falar sobre ações futuras.
informações sobre o filme.
Na tarefa 3, os alunos poderão confirmar Uso da língua
suas expectativas e respostas, retomar a fun-
ção de determinados aspectos no trailer (uso O objetivo desta seção é analisar como
de imagens, texto narrado, texto escrito, etc.), é construída a sinopse: as informações que
refletir sobre os elementos que compõem a apresenta e de que forma. Além disso, os
narração de uma história e atribuir sentidos às alunos poderão concentrar-se em aspectos
imagens apresentadas sobre o Brasil, posicio- linguísticos que dão sentido ao texto e na
nando-se. Saliente o papel dos recursos visu- prática desses recursos para formar frases
ais (gestos, expressões corporais) e o que os que podem usar para produzir uma sinopse
personagens estão fazendo para a compreen- de um filme: apresentação dos personagens
são das informações trazidas pelo trailer. Lem- e do conflito e ações principais do filme. Para
bre que não se espera uma tradução do texto. isso, os alunos são convidados a pensar em
suas próprias experiências, construindo frases a organização textual e os componentes desse
que os ajudarão na elaboração da produção gênero, estabelecer relações e fazer inferên-
de texto da unidade (um cartaz). cias a partir da relação do texto verbal e não 135
135
O trabalho com os aspectos linguísticos verbal, compreender seus efeitos de sentido e,
tem como objetivo fornecer ao aluno os ins- desta forma, preparar a produção de texto.
trumentos necessários para realizar as tarefas
propostas, sempre de forma contextualizada Preparação para a leitura
e priorizando o sentido, ao invés de exercí-
cios de substituição ou de completar lacunas As tarefas desta seção proporcionam uma
de forma mecânica. Explique os verbos no nova oportunidade para discussão do tema
passado. Confira se eles conhecem os adje- dessa unidade (representações do Brasil atra-
tivos listados. Se for o caso, sugira o uso do vés de filmes brasileiros) com três cartazes (um
dicionário bilíngue para que busquem o sig- do filme Tropa de elite e dois do filme Cidade
nificado das palavras. Discuta os exemplos de Deus). As habilidades focalizadas são: ati-
do uso do superlativo, dando as explicações var o conhecimento prévio para ler cartazes
necessárias e ilustrando a regra com os adje- de filmes, estabelecer relações e fazer infe-
tivos do quadro. rências a partir do texto verbal e não verbal,
A tarefa final desta seção também faz um compreender os efeitos de sentido do texto
contraponto entre passado e futuro, criando e posicionar-se em relação aos temas abor-
oportunidades para explicitar o uso de voy a. dados (valores, costumes e comportamentos
da sociedade brasileira). As perguntas iniciais
Professor, você pode construir alguns propõem uma conversa em grupos sobre a ex-
quadros com os alunos, para explicar periência que os alunos já tiveram com leitura
ou retomar a conjugação dos verbos e de cartazes de filmes. Essa conversa tem como
realizar conjuntamente algumas frases objetivo ativar o conhecimento prévio dos alu-
propostas nas tarefas. Lembre-se que o nos sobre esse gênero para as próximas tare-
mais importante na tarefa proposta é a fas. Em seguida, os alunos são convidados a
construção do texto (sinopse) para que comparar os gêneros trailer e cartaz de filme
eles apresentem suas tarefas. De nada quanto às diferentes formas de cumprir o pro-
adiantam longas explicações se o alu- pósito de divulgação.
no não tiver a oportunidade de en-
tender o que pode dizer e as funções Leitura
que pode desempenhar ao usar o
vocabulário e as estruturas focali-
Nesta seção, os alunos são convidados a,
zadas. Os aspectos praticados aqui
através da análise de um cartaz e da leitura de
podem ser usados na tarefa de
partes de cartazes, refletir sobre os elementos
produção de texto, mais adiante.
necessários para a construção desse gênero
do discurso para, depois, conferir suas hipó-
teses na leitura do texto completo. A primeira
tarefa trabalha com o cartaz do filme Tropa de
elite , estimulando a comparação dos elemen-
O papel também viaja! tos que constituem trailers e cartazes como
(Aula 5)
textos diferentes para cumprir o mesmo pro-
pósito (divulgação) e a análise do que pode
As tarefas desta aula têm o objetivo de ati- tornar um cartaz eficiente. A segunda tarefa
var o conhecimento prévio sobre o gênero do propõe a complementação das informações
discurso cartazes, reconhecer a função social, de dois cartazes do filme Cidade de Deus,
apresentados de forma incompleta. Com gar onde vivem. As habilidades focalizadas
base na análise dos elementos presentes, os incluem: ativar e usar conhecimentos prévios
136
136 alunos (em grupos) devem escolher um deles para produzir um texto.
para complementá-lo com vistas a cumprir o
propósito de divulgação do filme. Para isso, Produção de texto
devem levar em conta as discussões anteriores
sobre quem são os possíveis espectadores do Esta seção busca retomar as discussões fei-
filme, que cenas devem estar no cartaz, quais tas ao longo da unidade a partir da compre-
informações escritas poderiam ser mostradas ensão dos trailers e cartazes, sua relação com
e em que ordem, etc. Esta tarefa serve como imagens e a reflexão sobre as representações
preparação para a tarefa final de produção que expressam.
de texto. Proponha uma retomada dos aspec- A primeira tarefa retoma a discussão da uni-
tos linguísticos trabalhados anteriormente na dade (representações do Brasil através de fil-
seção Uso da língua, incentivando-os a utili- mes brasileiros) e busca relacionar essas repre-
zarem o que aprenderam na criação dos car- sentações com as realidades dos alunos e com
tazes. as histórias que eles querem contar. Em segui-
Na tarefa 3, os alunos podem comparar da, são discutidos os passos necessários para
suas produções com as versões originais dos a construção do cartaz final em que os alunos
cartazes, avaliando se ambos cumprem a fun- divulgarão um filme que conta uma história
ção de motivar os leitores a assistir ao filme que se passa na cidade onde vivem, definindo
divulgado e que modificações poderiam ser quem serão os possíveis espectadores desse fil-
feitas para torná-los mais eficientes. me, que história será contada, que imagens fa-
rão parte do cartaz, quais informações escritas
serão incluídas e em que ordem. A partir dessa
Nossa história discussão, os grupos podem construir uma pri-
dá um filme! meira versão do cartaz, que será analisada por
(Aulas 6) outro grupo, na tarefa 3. Na posição de prová-
veis espectadores, os colegas poderão opinar e
discutir melhores soluções para as propostas e,
Nesta aula, os alunos utilizam o que apren-
deram e praticaram na aula anterior de forma
mais dirigida para produzir um cartaz em es- Proponha uma retomada dos elementos
panhol para um filme sobre a realidade que constitutivos de um trailer e de um cartaz,
conhecem: pensam em uma história que gos- as informações que eles trouxeram no iní-
tariam de contar, nas imagens que os repre- cio da unidade. Essa discussão os ajudará
sentam, em um conflito gerador de enredo, e a pensar sobre como será o cartaz que vão
expressam através de seu cartaz as discussões produzir. Após a apresentação das propos-
propostas acerca do tema estudado (a re- tas aos colegas, incentive-os a apresentar
presentação da nossa sociedade através dos também para o grande grupo, expondo os
filmes). O objetivo é organizarem um mural comentários que receberam de seus leito-
“Nossas histórias no cinema: imagens que via- res e se mudariam ou não alguns as-
jam” e, dessa forma, colocarem em prática o pectos apontados. Você também
gênero do discurso estudado, sistematizando pode retomar a discussão sobre
sua circulação social e suas funções; os mo- os aspectos linguísticos da unida-
dos de organização, componentes e natureza de através das frases usadas, dis-
informativa. Também podem refletir sobre as cutindo a função delas para a di-
representações que gostariam de apresentar vulgação do filme, por exemplo.
sobre si próprios, suas experiências e o lu-
e sobre pirataria. Retoma-se o conhecimento
Professor, a organização do mural é construído na unidade e amplia-se o uso das
fundamental para a conclusão da uni- informações e do que foi aprendido em LA para 137 137
dade. Dessa forma os alunos poderão além da sala de aula, estimulando os alunos a
exercer a sua criatividade para falar de lerem mais, a produzirem mais textos, a se di-
experiências próprias e do lugar onde vertirem produzindo seus trailers e assistindo aos
vivem para um público específico – a trailers dos colegas, a se conhecerem e se des-
comunidade escolar, incluindo colegas, cobrirem como autores e produtores e críticos
professores, funcionários e pais. Através quanto às representações de valores, ideias e
desse mural, eles podem depois refletir costumes apresentados.
mais uma vez sobre as representações de Para desenvolver as tarefas que propõem
buscas na internet, leve os alunos para o la-
si próprios e do lugar onde vivem e como
boratório de informática e solicite que, em
essas imagens podem alcançar outras
duplas, visitem os sites indicados. Eles podem
pessoas. Se for possível, dê continuação
anotar novas informações sobre os filmes e
a esse trabalho realizando a tarefa de selecionar comentários que achem relevan-
criação dos trailers proposta na seção tes ou que tenham gostado para compartilhar
Para além da sala de aula! É impor- com os colegas.
tante que, ao final da unidade, o alu-
no tenha oportunidade de produzir
textos em espanhol, com vistas a au-
mentar sua confiança e autonomia Professor, lembre-se que, antes de
em usar a LA para expressar suas os alunos fazerem tarefas usando a
ideias, valores e sentimentos. internet, é importante revisar o con-
teúdo geral da página. Os sites ele-
trônicos são dinâmicos e mudam
constantemente, podendo apresen-
tar conteúdos inadequados à faixa
com todo o grupo, retomar características dos etária de seus alunos.
trailers e cartazes estudados. Depois, com base
nas observações e sugestões dos colegas, au-
xilie os grupos na reescrita e nas reformulações
que julgarem importantes para a produção do
cartaz para o mural (Nossas Histórias no Ci-
nema: Imagens que Viajam), que poderá ser Autoavaliação
exposto na escola.
Para concluir a unidade, a autoavaliação
Para além da sala de aula cria uma oportunidade de reflexão sobre o
que foi aprendido. Dessa forma, o aluno po-
Esta seção é uma oportunidade de usar o derá dar-se conta dos objetivos da unidade, do
conhecimento aprendido para novos propósi- que aprendeu, do processo de aprendizagem
tos: produzir um trailer da história que os alunos (em grupo, sozinho, fazendo exercícios escri-
querem contar, ler e escrever comentários sobre tos ou orais, etc.), do que precisaria reforçar e
os filmes discutidos na unidade, obter mais in- do que ainda gostaria de aprender. Espera-se
formações sobre filmes brasileiros no exterior ou também criar uma oportunidade para a refle-
dar sua opinião sobre a forma como o públi- xão crítica sobre as práticas de participação e
co vê os filmes Tropa de elite e Cidade de Deus aprendizagem em sala de aula.
Gêneros do discurso: Tipos relativamente estáveis de textos (orais e escritos), que
reconhecemos com base na nossa experiência com diferentes textos em determinadas
138
138 áreas. Cada contexto de uso da linguagem (quem fala, com quem, com que objetivo, em
que situação, em que lugar, através de qual suporte, etc.) determina as características do
que é dito e de que forma é dito. Entretanto, há algumas características textuais
que podemos dizer que se repetem em condições semelhantes de produção. Por
exemplo, em um contexto familiar, um texto escrito pela mãe ou pai para os fi-
lhos, solicitando que comprem algo no supermercado, em geral, será escrito em
um bilhete com uma linguagem informal; um texto escrito por uma empresa de pu-
blicidade para promover um novo produto para a população pode ter o formato de
um panfleto com recursos visuais e linguísticos para chamar a atenção e persuadir
o leitor a comprar.
Ensino Fundamental
5a e 6a séries

Margarete Schlatter
Graziela Hoerbe Andrighetti
Letícia Soares Bortolini
Eu e os outros
141
141
Professor,
Partindo do tema “Eu e os outros”, esta Habilidades
unidade tem como objetivo criar oportuni-
dades para discutir e refletir sobre relações • Ativar e usar conhecimentos prévios (co-
interpessoais: como expressamos o que senti- nhecimento de mundo, experiência ante-
mos, como interpretamos os sentimentos dos rior com a leitura de gibis, conhecimen-
outros e como lidamos com as diferentes for- tos da língua portuguesa (LP) e da língua
mas de agir e de expressar o que sentimos, adicional (LA) para ler e para produzir um
com conflitos e com a busca por soluções. texto;
Essas questões são complexas e podem • Reconhecer a função social de histórias
ser delicadas. Para tornar a discussão mais em quadrinhos, explicitando a relação en-
leve e divertida, nossa sugestão é abordar tre o texto e o seu uso nas práticas cotidia-
o tema através das histórias em quadrinhos nas;
de Calvin e Hobbes, personagens do norte- • Estabelecer relações e fazer inferências a par-
americano Bill Waterson. tir da relação do texto verbal e não verbal;
Histórias em quadrinhos pertencem ao • Identificar o conflito gerador do enredo e
universo da faixa etária dos alunos e são os elementos que constituem a narrativa
apreciadas por crianças e adultos; por isso em histórias em quadrinhos;
a escolha. Além disso, são relevantes para • Identificar efeitos de ironia e humor em
trabalhar elementos fundamentais da nar- histórias em quadrinhos;
rativa de ficção, como a caracterização dos • Compreender e expressar efeitos de senti-
personagens e o conflito central da história, do do uso de recursos gráficos e linguís-
além de elementos do humor e da ironia, tão ticos (pontuação, letras maiúsculas e mi-
frequentes na maioria das tirinhas. Esse gê- núsculas, seleção de palavras, etc.);
nero do discurso também possibilita o traba- • Compreender e posicionar-se em relação
lho com a língua adicional através de textos ao tema abordado (relações interpessoais);
curtos e da análise de recursos linguísticos de • Reconhecer e expressar características
forma contextualizada. pessoais;

Objetivos
Os alunos, ao final desta unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação às tirinhas, refletindo sobre o papel dos
recursos utilizados (visuais e linguísticos) para a caracterização dos personagens e dos
sentimentos que expressam em relação ao outro e para estabelecer os conflitos aborda-
dos.
• Escrever: Produzir uma história em quadrinhos em que é preciso colocar-se no papel
de um personagem da história, adequando os efeitos visuais e linguísticos para expres-
sar sentimentos e possíveis conflitos com o outro.
• Resolver problemas: Refletir sobre relacionamentos interpessoais (especialmente
com pais e amigos), sobre diferentes formas de expressar e interpretar sentimentos,
sobre conflitos e possíveis soluções.
• Construir um conflito gerador de enredo e de ativar e usar o conhecimento de mundo, a
expressar sentimentos em relação a outros experiência anterior com a leitura de gibis, o
142
142 através de uma história em quadrinhos. conhecimento da LP e da LA para ler o texto.

Conteúdos Preparação para a leitura


• História em quadrinhos: circulação social
e funções, modos de organização, com- As tarefas propostas nesta seção têm o
ponentes e natureza narrativa do texto; objetivo de contextualizar o tema e o gênero
• Efeitos de sentido de recursos gráficos (ba- de discurso (histórias em quadrinhos) traba-
lões de histórias em quadrinhos); lhados para que, nas aulas seguintes, os alu-
• Recursos linguísticos para descrever pes- nos possam se dedicar à leitura das tirinhas,
soas: adjetivos de características de perso- e compreender os temas tratados e a relação
nalidade, perguntas e possíveis respostas desses com suas vidas.
sobre características comportamentais e As primeiras perguntas (1) são um con-
de personalidade; vite para conversar sobre hábitos de leitura
• Verbo to be, auxiliares do e did e modal de gibis, personagens conhecidos e preferi-
would para fazer perguntas sobre outras dos. Essa conversa inicial pode ser feita em
pessoas; grande grupo: o importante é que os alunos
• Expressões para formular respostas curtas se deem conta de que não são iniciantes na
(afirmativas e negativas); leitura de tirinhas, que podem opinar sobre
• Expressões para expressar concordância os gibis que conhecem, que sabem onde en-
ou discordância. contrar tirinhas e que têm um objetivo ao le-
rem esses textos.
Tempo previsto: 6 aulas
Esta tarefa apresenta também dois qua-
Materiais necessários: dros com algumas informações sobre as his-
Para a aula 4, será necessário elaborar e tórias em quadrinhos que vão ler e sobre os
organizar o material: sacos (A e B) contendo personagens principais. Você pode pergun-
perguntas e respostas elaboradas pelo pro- tar aos alunos se eles conhecem tirinhas de
fessor, levando em conta características da Calvin and Hobbes. Converse com eles so-
turma (ver instruções da tarefa). As demais bre algumas informações dos quadros, por
tarefas da unidade podem ser desenvolvidas exemplo: quem criou essas tirinhas? Qual a
no Caderno do Aluno. Para a elaboração do relação de Calvin e Hobbes (através das ilus-
gibi da turma (Aulas 5 e 6), os alunos vão ne- trações e do texto)? Concordam com o que
cessitar de folhas, lápis de cor (ou canetinhas diz o autor sobre diferentes perspectivas de
coloridas). Se você tiver acesso a histórias em ver o mundo?
quadrinhos em inglês, leve para a aula para Ainda para preparar os alunos para a lei-
que os alunos tenham oportunidade de co- tura, as tarefas seguintes tratam de antever,
nhecer mais histórias. a partir de ilustrações, algumas das carac-
terísticas dos personagens: quais são seus
Calvin and Hobbes traços marcantes, como são suas atitudes e
(Aula 1) comportamentos. As tarefas 2 e 3 propõem
um primeiro contato com adjetivos para des-
crever pessoas (um dos objetivos da unida-
Esta aula prepara o aluno para a leitura de) e também um exercício de ativação de
das tirinhas. As tarefas focalizam a habilidade conhecimento prévio dos alunos, já que al-
gumas palavras podem ser associadas com
seus termos equivalentes na LP (intelligent – Bem-me-quer,
inteligente; serious – sério; quiet – quieto; mal-me-quer 143
143
etc.) ou com palavras que já viram (love, (Aulas 2 e 3)
happy). A organização dessas palavras em
características positivas ou negativas tem o
objetivo de relativizar o sentido atribuído a Nestas aulas, o objetivo é a leitura das
elas (por exemplo: quiet pode ser positivo tirinhas e a discussão do tema. As habilida-
des focalizadas são: estabelecer relações e
em um contexto e negativo em outro). Nes-
fazer inferências a partir da relação do texto
te momento, você não precisa se preocupar
verbal e não verbal; identificar o conflito ge-
em praticar a pronúncia das palavras (isso rador do enredo e os elementos que consti-
será feito mais adiante). tuem a narrativa, os efeitos de ironia e humor
Na tarefa 4, os alunos poderão usar os em histórias em quadrinhos e compreender e
adjetivos aprendidos para caracterizar al- posicionar-se em relação ao tema abordado
guns dos personagens que vão encontrar (relações interpessoais).
nas tirinhas. Saliente o papel dos recursos
visuais (gestos, expressões corporais) e o Leitura
que eles estão fazendo para as imagens que
são construídas em relação a cada perso- Oriente os alunos para uma leitura rápi-
nagem. Você pode discutir com os alunos da, centrada principalmente nas ilustrações,
o quanto o que fazemos, o que vestimos, para que se deem conta de que podem com-
como nos comportamos diz de nós mesmos. preender vários aspectos antes de ler o texto
em LA. As perguntas buscam levar o aluno a
reconhecer os personagens Calvin, o insepa-
Professor, esta aula é fundamental para rável amigo Hobbes, Susie Darkins e o pai, e
tornar a leitura possível. A ideia aqui é fa- retomar o papel dos gestos e expressões cor-
zer o aluno se sentir confiante quanto ao
que ele já sabe (sobre tirinhas, sobre a Professor, lembre-se que esta tarefa não
LA, sobre a interpretação de ilustrações) tem como objetivo focalizar a fala dos per-
e fazer com que ele se dê conta de que sonagens – isso será explorado na próxima
pode e deve usar esse conhecimento para tarefa! A ideia aqui é auxiliar os alunos a
construir sentido em novos textos. Caso prestarem atenção nos detalhes das figu-
eles não tenham esse conhecimento pré- ras, nos gestos, no olhar dos personagens
vio, você mesmo e os alunos que têm essa e, a partir daí, nos sentimentos que estão
experiência podem construir as pontes ne- expressando nas tirinhas e no que pode
cessárias para preparar a leitura. Por estar acontecendo na história. Enfatize
exemplo, se alguns nunca leram gibis, que as falas não sejam lidas e que as
leve a turma para a biblioteca ou tra- respostas para as perguntas tenham
ga tirinhas (de jornal, de revista) em como base a leitura das ilustrações
português para a aula, para que os (das expressões dos personagens e
alunos troquem ideias sobre o que do entorno). Essa primeira análise
gostam de ler, com que persona- das tirinhas será fundamental para
gens se identificam, etc. apoiar a leitura das falas.
porais para a interpretação dos sentimentos
expressos por eles nas situações que estão Professor, é fundamental que não seja
144
144 vivenciando. Você também pode perguntar feita uma tradução de todo o texto. Soli-
aos alunos se eles identificam algum tipo de citar que o aluno traduza todas as pala-
conflito nas tirinhas e o que faz eles acharem vras dará a ele uma noção equivocada de
que sim (ou que não). que precisamos saber todas as palavras
As tarefas 2 e 3 propõem a leitura mais para poder interagir com um texto. Tra-
detalhada de cada tirinha. Sugira que traba- duzir todo o texto (oralmente ou por escri-
lhem em duplas para trocar ideias e opiniões to) significa dizer que eles nunca poderão
em relação ao que leram e, assim, tornar a fazer a leitura sozinhos. Se você achar
leitura mais divertida. que a tradução pode auxiliá-los, focali-
A proposta na tarefa 2 é reconhecer o ze apenas palavras ou expressões chaves
enredo de cada tirinha a partir de três op- para a realização da tarefa. Oriente-os e
ções em português. A ideia é que os alunos auxilie sempre que necessário para que,
consigam, a partir das alternativas na LP, re- aos poucos, eles possam se sentir mais
conhecer algumas palavras chaves no texto confortáveis em lidar com essa língua,
que, combinadas com as expressões faciais fazendo valer o que já sabem sobre
dos personagens já discutidas e interpreta- texto (em quaisquer línguas) e rela-
das, poderão orientar a escolha da resposta cionando o que já conhecem com o
mais adequada. Se as opções selecionadas novo contexto de uso. Estimule-os,
pelas duplas forem diferentes, peça para que dessa forma, a se arriscarem mais,
os alunos expliquem que pistas orientaram a tornando-se autônomos na busca
sua interpretação. do que é relevante para a resolu-
A tarefa 3 tem como objetivo aprofundar a ção das tarefas propostas.
leitura, retomando alguns pontos já tratados
(por exemplo, a reação de Calvin às pergun-
tas de Hobbes e a interpretação da postura
corporal de Susie), possibilitando a constru-
ção do enredo e a identificação dos conflitos
Professor, note que as tarefas propõem e dos sentimentos expressos em cada tirinha.
a leitura silenciosa, que é a maneira como A tarefa 4 propõe a reflexão sobre a leitu-
geralmente lemos em nossa vida cotidia- ra de tirinhas, sua função lúdica, para quem
na. Se seus alunos vivem em contextos
e por que seriam ou não engraçadas e di-
sociais em que se lê pouco, ter a possi-
vertidas. Dessa forma, você estará discutindo
bilidade de ler silenciosamente é ainda
com os alunos como esse gênero do discurso
mais importante para que se tornem lei-
se insere no cotidiano das pessoas e com que
tores autônomos. A leitura oral pode ser
utilizada em gêneros discursivos como propósitos (por exemplo: entreter, criticar, dis-
poemas, peças teatrais, canções, gê- cutir temas). Ao mesmo tempo, discutindo o
neros nos quais isso é esperado. A relacionamento de Calvin com os outros per-
qualidade da leitura deve ser ava- sonagens, os alunos poderão confirmar ou
liada através do cumprimento das ajustar a interpretação que fizeram das his-
tarefas propostas. Se o aluno con- tórias, para que, finalmente, tenham espa-
segue cumprir as tarefas, demons- ço para a importante discussão sobre suas
tra que soube ler o texto. próprias relações interpessoais com a família
e amigos, o que é uma preparação para a
produção das suas próprias histórias no final
da unidade.
com essa prática, os alunos conheçam mais
Diga aí! os colegas e outros membros da comunidade
(Aula 4) escolar. No final da tarefa, chame a atenção 145 145
para o verbo utilizado nas perguntas, questio-
Esta aula concentra-se em alguns aspectos nando-os sobre como se forma a interrogati-
linguísticos que dão sentido aos textos ana- va e a resposta com o verbo to be.
lisados e na prática de recursos linguísticos A tarefa 2 retoma as perguntas de Calvin
para descrever pessoas, perguntar e respon- na tirinha I (Who knows? e Who cares?), para
der sobre características de comportamento e ressaltar o significado que elas podem ter em
de personalidade. As habilidades focalizadas diferentes contextos: em quais das situações
são: compreender e expressar efeitos de sen- propostas nos quadros podemos responder
tido do uso de recursos gráficos e linguísticos Who knows? e Who cares?, e o que (quais
(pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, sentimentos) poderíamos querer expressar
com essas respostas.
seleção de palavras, etc.); reconhecer, per-
A tarefa 3 é uma nova oportunidade de o
guntar sobre e expressar características pes-
aluno usar o conhecimento aprendido em re-
soais, concordância ou discordância.
lação às tirinhas de Calvin e Hobbes (persona-
gens e a relação entre eles), à leitura (ativação
Estudo do texto e uso do conhecimento prévio para a leitura de
um novo texto, uso de recursos verbais e não
Os alunos irão explorar detalhadamente verbais), aos adjetivos para descrever pessoas e
a função desempenhada por alguns recur- à elaboração de perguntas. Após o reconheci-
sos não verbais nas tirinhas (três pontinhos, mento e a descrição de Calvin, Susie e Hobbes,
formato dos balões, letras maiúsculas e em estimule a comparação entre os personagens
negrito), para que, reconhecendo esses ele- adolescentes e crianças com base em suas ex-
mentos, possam se tornar leitores mais autô- pressões faciais e posturas corporais.
nomos e proficientes de histórias em quadri- Por fim, discuta o sentido de perguntas ne-
nhos. gativas (mostre que se espera uma resposta
afirmativa), chamando a atenção para o fato
de isso também ser assim na LP. A partir da últi-
Uso da língua ma pergunta (Se você fosse Calvin, o que você
responderia?), você pode estimular um debate
Os alunos utilizarão, nas tarefas propostas, sobre comportamentos e atitudes que se espera
os recursos linguísticos relativos às descrições e que não mais se espera de adolescentes e de
feitas dos personagens (através do uso de ad- adultos.
jetivos), agora em situações mais pessoais, e
uma estrutura presente em todas as tirinhas
analisadas: perguntas. Se julgar interessante, “expectativas
A tarefa 1 pode ser feita em duplas e, a em relação a comportamentos de
partir do apoio linguístico oferecido nos qua- adolescentes” pode ser o tema de
dros de perguntas – respostas (afirmativas e uma próxima unidade. Algumas
negativas) e comentários (expressões para sugestões de textos para essa dis-
expressar concordância ou discordância)–, os cussão estão na seção “Para além
alunos podem praticar a LA. da aula”.
Estimule-os a buscarem outros adjetivos
no dicionário. Dê as explicações necessárias
para que possam desenvolver a tarefa com As tarefas 4 e 5 propõem um trabalho
sucesso: por exemplo, explicando alguma ex- voltado a perguntas e respostas em inglês e
pressão, mostrando a pronúncia e a entona- à função dos verbos auxiliares e modais na
ção das frases e expressões. Possibilite que, construção de perguntas.
Professor, o trabalho com os aspectos Professor, você vai precisar montar o seu
146 linguísticos tem como objetivo fornecer próprio material para esta tarefa. As per-
146
ao aluno os instrumentos necessários guntas e respostas que seguem são alguns
para realizar as tarefas propostas, sempre exemplos. Construa perguntas que sejam
de forma contextualizada e priorizando o relevantes para seus alunos, que sejam
sentido ao invés de exercícios de substi- engraçadas ou que busquem informações
tuição ou de completar lacunas de forma pessoais. Cada pergunta e resposta deve
mecânica. Explique o verbo to be e os ser cortada em tirinhas e colocada no res-
pectivo saco.
verbos auxiliares (do e does), chamando
a atenção para as formas de 3ª pessoa Perguntas
do singular do Presente. Contraste essas Are you romantic?
formas com o auxiliar do Passado (did). Is …. stubborn?
As perguntas e respostas exploradas nesta Is …. punctual?
seção também criam oportunidade para Do you like to dance?
o trabalho com pronomes (Do you like Does …. like to go out?
her/him? / What’s your/her/his name?). What would you do if …. invited you to go
Faça alguns quadros com os alunos, dancing?
para explicar ou retomar os prono- What would you do if your parents didn’t
mes pessoais e possessivos. Explique allow you to go out for a month?
também a frase que indica condição
(Would you still love me if ...?), mas Respostas
I don’t know.
não aprofunde essa estrutura gra- I don’t care.
matical – ela poderá ser objetivo I think so.
de uma próxima unidade. Who knows?
No, she/he is not.
Yeap.
Of course!
Yes, I do.
A tarefa 4 tem como objetivo a prática de I really love it.
perguntas e respostas de uma forma diverti- Sometimes.
da. Proponha aos alunos que se reúnam em Not always.
duplas. Cada dupla receberá dois sacos, um I guess so!
saco contendo perguntas variadas e outro No way!
saco com possíveis respostas a essas pergun- Yes, he/she is.
tas. O aluno A pergunta e o B responde. Eles You bet!
avaliam se a resposta faz sentido, e depois o
aluno B diz como ele responderia essa per-
gunta. Depois eles trocam.
É importante que os alunos tenham oportu-
nidade para, através dessa prática de pergun- A nossa cara!
tas e respostas, conhecer os colegas e divertir- (Aulas 5 e 6)
se com respostas incoerentes ou inadequadas.
Estimule-os a também usar os comentários
que aprenderam anteriormente (Uso da lín- Estas aulas oportunizam aos alunos o uso
gua – tarefa 1). Os aspectos praticados aqui do que aprenderam através da produção de
podem ser usados na tarefa de produção de um texto sobre si e sobre o relacionamento
texto, a seguir. com os outros. As habilidades focalizadas in-
cluem: ativar e usar conhecimentos prévios
Discuta com os alunos sobre capas
para produzir um texto; construir um conflito
gerador de enredo e expressar sentimentos dos gibis que conhecem. Essa discussão
147
147
em relação a outros através de uma história os ajudará a pensar sobre como será a
em quadrinhos; expressar efeitos de sentido capa do gibi da turma. Também é pre-
do uso de recursos gráficos e linguísticos ciso pensar como serão organizadas as
(pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, histórias: por tema, por ordem alfabética
seleção de palavras, etc). do autor, por tipos de personagens, etc.
Você pode levar alguns gibis para serem
Produção de texto analisados em grupos. Outra possibilida-
de é pedir, com uma aula de antecedên-
Nesta seção, buscamos relacionar a lei- cia, que tragam alguns gibis preferidos,
tura das tirinhas I, II e II com a realidade discutindo os pontos acima em grupos
dos alunos e criar uma oportunidade de e comparando como são apresentados
eles colocarem em prática o que aprende- em diferentes gibis. Você pode combi-
ram na unidade. As tarefas 1, 2 e 3 consti- nar com os alunos como as divisões de
tuem passos necessários para a construção tarefas para essa última tarefa serão fei-
do texto: caracterizar os personagens, es- tas: um grupo pode pensar em desenhos
colher o episódio a ser relatado e revisar o (personagem e cena) para com-
texto a partir da leitura e das sugestões de por a capa do gibi; outro grupo
um colega. A revisão é construída a partir pode ser o responsável pelo
da discussão sobre os efeitos das tirinhas desenho e pintura da capa;
produzidas, colocando os alunos na po- outro pela criação do título (e
sição de leitores. Aqui você pode retomar frases que podem aparecer na
com os alunos as características de histó- capa).
rias em quadrinhos, suas funções sociais, e
também as discussões acerca da forma leve
e divertida na qual as histórias em quadri- Para além da sala de aula
nhos tratam de sentimentos e relações. A
proposta final é a criação do gibi da turma, Esta seção é uma oportunidade de usar o
uma coletânea de todas as tirinhas produ- conhecimento aprendido para novos propó-
zidas, para ser exposta na biblioteca e lida sitos: obter mais informações sobre Calvin
por colegas da escola. e sua turma e ler mais histórias em quadri-
nhos. Retoma-se o conhecimento construí-
do na unidade e amplia-se o uso das infor-
Professor, retome com os alunos os re- mações e do que foi aprendido em LA para
cursos linguísticos e visuais utilizados além da sala de aula, estimulando os alunos
nas tirinhas de Calvin e Hobbes, lem- a lerem mais e a se divertirem com novas
brando da relação do texto verbal e histórias. Leve os alunos para o laborató-
não verbal, o uso de imagens, ges- rio de informática e solicite que, em duplas,
tos, expressões, letras, pontuação e eles visitem os sites indicados. Eles podem
balões para expressar os sentimen- anotar novas informações sobre a turma de
tos dos personagens. Lembre tam- Calvin e selecionar tirinhas que gostaram
bém da assinatura do autor. para compartilharem com os colegas.
Outra possibilidade de ampliar o conheci-
mento adquirido e relacioná-lo ao seu con-
texto é solicitar que os alunos:
zer muda entre os alunos e entre diferentes
Professor, lembre-se que, antes de os gerações? Algumas sugestões de sites com
148
148
alunos fazerem tarefas usando a in- textos sobre características e comportamen-
ternet, é importante revisar o conte- tos de adolescentes:
údo geral da página. Os sites ele-
trônicos são dinâmicos e mudam •http://www.psychwww.com/resource/sel-
constantemente, podendo apre- fhelp/adolescence.html
sentar conteúdos inadequados à •http://www.4troubledteens.com/adoles-
faixa etária de seus alunos. cence.html
•http://kidshealth.org/parent/growth/gro-
wing/adolescence.html

1. tragam para a sala de aula gibis de outros Autoavaliação


personagens, em inglês, para ler, compa-
rar, discutir os temas tratados; Para concluir a unidade, a autoavaliação
2. preparem uma entrevista com os alunos tem como objetivo criar uma oportunidade
da escola para fazer um levantamento dos de autorreflexão sobre o que foi aprendido.
gibis que leem e dos personagens preferi- Desta forma, o aluno poderá dar-se conta
dos e, com base nos resultados, construir dos objetivos da unidade, do que aprendeu,
gráficos (em inglês) para serem expostos do processo de aprendizagem (em grupo,
na biblioteca, junto com o gibi da turma. sozinho, fazendo exercícios escritos ou orais,
Outra possibilidade é retomar a tirinha de etc.), do que precisaria reforçar e do que
Calvin adolescente e organizar uma unida- ainda gostaria de aprender. Espera-se tam-
de sobre o tema “características e compor- bém criar uma oportunidade para a reflexão
tamentos dos adolescentes”: as expectativas crítica sobre as práticas de participação e
em relação ao que podem e não podem fa- aprendizagem em sala de aula.

Gêneros do discurso: Tipos relativamente estáveis de textos (orais e escritos), que re-
conhecemos com base na nossa experiência com diferentes textos em determinadas áreas.
Cada contexto de uso da linguagem (quem fala, com quem, com que objetivo, em que situa-
ção, em que lugar, através de qual suporte, etc.) determina as características do que
é dito e de que forma é dito. Entretanto, há algumas características textuais que po-
demos dizer que se repetem em condições semelhantes de produção. Por exemplo,
em um contexto familiar, um texto escrito pela mãe ou pai para os filhos, solicitando
que comprem algo no supermercado, em geral, será escrito em um bilhete com uma
linguagem informal; um texto escrito por uma empresa de publicidade para promover
um novo produto para a população pode ter o formato de um panfleto com recur-
sos visuais e linguísticos para chamar a atenção e persuadir o leitor a comprar.
Ensino Fundamental
7a e 8a séries

Margarete Schlatter
Graziela Hoerbe Andrighetti
Letícia Soares Bortolini
Os outros e eu
Professor, 151
151

Partindo do tema “Os outros e eu”, esta portuguesa (LP) e da língua adicional (LA))
unidade oportuniza a discussão sobre a im- para ouvir, ler e produzir um texto;
portância do outro para a construção da • Estabelecer relação e fazer inferências a
nossa própria identidade, sobre como as es- partir da integração de texto verbal e não
colhas, preferências e formas de agir podem verbal (imagens em clipe, fotos e capa de
revelar nossas origens e porque é importante CD);
manter a identificação com diferentes gru- • Localizar informações e palavras-chave
pos. A proposta dessa reflexão é feita através em um texto;
da música de Jennifer Lopez Jenny from the • Compreender efeitos de sentido do uso
block, que propicia, além da contextualiza- de recursos verbais (seleção de palavras)
ção necessária para o tema e para o estudo e não verbais (imagens do clipe) em um
de recursos linguísticos, uma forma familiar texto;
e lúdica de trabalhar a língua adicional com • Compreender figuras de linguagem pre-
os alunos. sentes em textos poéticos (canção);
Os gêneros do discurso “canção”, “clipe” • Reconhecer as funções sociais de notas
e “nota biográfica” são parte do cotidiano da biográficas e canções, explicitando a rela-
maioria dos jovens e, através da exploração ção entre o texto e o seu uso nas práticas
do ritmo, das imagens associadas à canção, cotidianas;
da letra e das informações sobre os músi- • Identificar os efeitos referencial (biografia)
cos, propomos tarefas para que os alunos e estético (canção) nos textos e relacioná-
se posicionem em relação ao tema. A partir los à seleção de vocabulário e de outros
de canções que tratam de pertencimento, es- recursos linguísticos;
peramos que, ao final da unidade, o aluno • Compreender e posicionar-se em relação
tenha refletido sobre o lugar de onde vem e ao tema abordado (pertencimento a dife-
como seu comportamento revela (ou não) o rentes grupos sociais);
pertencimento a diferentes grupos. • Compreender e expressar dados pessoais
e preferências.
Habilidades
Conteúdos
• Ativar e usar conhecimentos prévios (co-
nhecimento de mundo, experiência ante- • Notas biográficas sobre um cantor: circu-
rior com canções, conhecimento da língua lação social e funções, modos de organi-

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a letras de músicas e a imagens a elas
associadas, reconhecer o tema da canção e o ponto de vista de quem está falando.
• Escrever: Produzir um cartaz sobre si próprio, descrevendo suas origens e influências,
para compor um painel da turma.
• Resolver problemas: Refletir sobre suas origens e analisar como diferentes esco-
lhas e comportamentos revelam seu pertencimento a determinados grupos; refletir
sobre a influência do outro na construção da própria identidade.
zação, componentes e natureza informati- lação desses com suas vidas. As perguntas
va do texto; podem ser discutidas em grande grupo ou
152
152 • Canção: circulação social e funções, mo- em pequenos grupos: o importante é que os
dos de organização, componentes e natu- alunos possam se manifestar quanto aos seus
reza estética do texto; hábitos ligados à música (cantores, bandas e
• Perguntas sobre dados pessoais: nome, tipos de música preferidos, temas abordados
data e local de nascimento, origem, prefe- nas letras) e ativar conhecimentos prévios so-
rências, pronomes pessoais e possessivos, bre Jennifer Lopez. Converse com eles sobre
pronomes interrogativos, forma interroga- o que já sabem e encaminhe para a próxima
tiva com verbo to be e com auxiliar do, tarefa, na qual eles poderão conhecer mais
presente simples; sobre os intérpretes da música.
• Recursos linguísticos para falar sobre si:
dados pessoais e preferências. Leitura: J.Lo e D-Block
Tempo previsto: 6 aulas São apresentados, no Caderno do Aluno,
quatro breves textos com informações bio-
Materiais necessários: gráficas sobre J.Lo e a banda D-Block, que
• Equipamento para a reprodução de áudio contextualizam os músicos e suas carreiras.
e vídeo. Peça aos alunos que façam uma leitura si-
• Áudio (música): Jenny from the block – CD lenciosa e individual dos textos, procurando
Jennifer Lopez, This Is Me... Then, Sony- as informações solicitadas para completa-
BMG: 2002. rem os quadros. As respostas podem ser
• Vídeo (clipe): Jenny from the block, dis- depois confirmadas no grande grupo. Você
ponível no site: www.youtube.com/ pode provocar aqui uma breve discussão
watch?v=HRFmAYh3aRc. sobre a função social desses textos (publica-
dos no site wikipedia e no site dos músicos):
Quem são esses caras? onde foram publicados, para quem foram
(Aula 1)
Professor, o objetivo desta tarefa de lei-
Esta aula prepara o aluno para trabalhar tura é selecionar as informações relevan-
com a música Jenny from the block (ouvir e tes para completar o quadro, para que os
entender o tema da canção). As tarefas foca- alunos se familiarizem com as origens e
lizam as habilidades de ativar o conhecimen- os estilos dos cantores. Não é necessá-
to de mundo e a experiência anterior com rio que eles entendam todas as palavras
canções, a leitura de breves biografias para e todas as informações. Orientar o aluno
conhecer quem canta e por que esse conheci- para uma leitura rápida, centrada princi-
mento é relevante para a compreensão. palmente na busca de informações, é pro-
porcionar a prática de uma forma de
Preparação para leitura muito usada no cotidiano, por
exemplo, quando passamos os olhos
a compreensão
em manchetes de jornal para sele-
oral e a leitura cionar o que queremos ler, ou ao
procurar um número de telefone
As tarefas desta seção contextualizam a em um guia ou alguma informa-
música que será trabalhada para que, nas
ção específica em um texto.
aulas seguintes, os alunos possam dedicar-se
à compreensão dos temas tratados e à re-
escritos, com que propósitos, que infor- as imagens e cenas associadas ao ritmo da
mações devem constar nesses textos. Você música serão confirmadas através da visua-
pode discutir também a forma como lemos lização do seu clipe (tarefa a). As hipóteses 153
153
esses textos cotidianamente: buscando as sobre o tema da letra da música agora po-
informações que nos interessam. dem ser embasadas nas imagens que a re-
presentam (tarefa b). Chame a atenção dos
alunos para o papel das imagens e diferentes
O que dizem contextos mostrados no clipe e, a partir daí,
peça para que eles imaginem do que se trata
esses caras? a letra da música (temas, mensagens). Essas
(Aulas 2 e 3)
tarefas podem ser realizadas com todo o gru-
po ou em pequenos grupos.
As aulas 2 e 3 têm como objetivo compre- A tarefa 3 tem como objetivo compreen-
ender a canção Jenny from the block e dis- der o refrão da música Jenny from the block
cutir o tema com os colegas. As habilidades através da identificação de palavras-chave a
focalizadas são: estabelecer relações e fazer partir de uma tradução livre dos versos. Espe-
inferências a partir da relação do texto verbal ra-se que o aluno pratique aqui a habilidade
(letra da música) e não verbal (ritmo da mú- de, a partir de algumas pistas no texto, infe-
sica, imagens do clipe); localizar informações
e palavras-chave em um texto; compreender
efeitos de sentido do uso de recursos verbais Professor, note que as tarefas pro-
e não verbais; reconhecer as funções sociais põem a leitura silenciosa, que é a ma-
de canções, explicitando a relação entre neira como geralmente lemos em nossa
o texto e o seu uso nas práticas cotidianas; vida cotidiana. Se seus alunos vivem em
compreender e posicionar-se em relação ao contextos sociais em que se lê pouco,
tema abordado (pertencimento a diferentes ter a possibilidade de ler silenciosamen-
grupos sociais). te torna-se ainda mais importante para
que seja um leitor autônomo. A qualida-
Compreensão oral e leitura de da leitura deve ser avaliada através
do cumprimento das tarefas propostas.
A tarefa 1 tem como objetivo provocar a dis- Se ele consegue cumpri-las, demonstra
cussão sobre o significado do título da canção que soube ler o texto. A leitura oral (pro-
Jenny from the block, através da sua contextua- núncia e entonação) poderá ser focali-
lização com o título do CD, This Is Me... Then. zada nesta unidade quando os alunos
Converse com os alunos sobre o papel do tí- cantarem a música.
tulo e das imagens escolhidas para a capa de Além disso é fundamental que não
um CD e o que isso pode dizer sobre os temas seja feita uma tradução literal do
tratados nas suas faixas. Pergunte quais temas refrão. A tradução livre proposta aqui
eles acham que serão abordados na música, tem o objetivo de orientar os alunos a
considerando o título do CD e da música. perceberem que, com base no que
Ainda na tarefa1, toque o CD, para que já sabem, através das discussões
os alunos tenham um primeiro contato com a anteriores sobre as expectativas
música. Essa tarefa explora a primeira impres- baseadas no título da música e nas
são da turma em relação ao que acabaram imagens do clipe, e nas palavras
de ouvir: ritmo, imagens associadas a esse que conseguem relacionar com as
ritmo, possíveis temas abordados. Você pode ideias propostas na legenda, eles
tocar apenas um trecho da música para a re- podem compreender o refrão.
alização dessa tarefa.
Na tarefa 2, as primeiras impressões sobre
rir o sentido do verso e relacioná-lo com a do texto lido ainda que muitas palavras do texto
legenda correspondente em português. Essa não sejam entendidas. É importante lembrá-los
154
154 tarefa propõe uma leitura silenciosa do re- de que o objetivo não é a tradução da letra
frão e da legenda e deve ser feita individu- da música, e sim poder compreender as ideias
almente. Em seguida, converse com o grupo principais, tendo como base o conhecimento
sobre as relações que fizeram entre a letra prévio construído até aqui, através das discus-
do refrão e a legenda e como relacionaram sões acerca da biografia, das imagens do cli-
essas ideias. pe e do refrão. Peça que trabalhem em grupos
Na tarefa 4, através da compreensão mais para resolver a tarefa e conferir suas repostas
detalhada da posição assumida pela autora com as de outros grupos. Você pode perguntar
da música, os alunos têm a oportunidade de como os grupos chegaram às relações entre
se posicionar e refletir como essas questões ideias e estrofes, salientando a importância da
se relacionam com suas vidas. Peça para que construção de relações de sentidos na compre-
discutam em grupos as questões e que apon- ensão (na LP e na LA).
tem, no refrão, as pistas que os levam as suas
conclusões. Para responder à questão d, reco-
Professor, é fundamental que não seja
mendamos que os alunos assistam novamente
ao clipe. Estimule-os a retomar as discussões feita uma tradução de todo o texto. So-
prévias sobre o clipe e as informações da bio- licitar que o aluno traduza as palavras
grafia da cantora, relacionando-as com os dará a ele uma noção equivocada de
versos do refrão. que precisamos conhecer todas as pala-
As perguntas seguintes (e, f, g) aproximam vras para poder interagir com um texto.
o tema da música à realidade do aluno, pro- Traduzir todo o texto (oralmente ou por
pondo que reflitam sobre questões pessoais escrito) significa dizer que eles nunca po-
ligadas à identidade, afiliação e comporta- derão fazer a leitura sozinhos. Se você
mentos de grupos, e lugares que ocupam na
achar que a tradução pode auxiliá-los,
sociedade (como e por que continuam fazen-
do parte deles). Estimule-os a contarem suas focalize apenas palavras ou expressões
histórias através da música, auxiliando-os no chaves para a realização da tarefa. Sua
preenchimento das lacunas do refrão. função é auxiliá-los, aos poucos, a se
sentirem mais confortáveis em lidar com
a LA, a fazer valer o que já sabem so-
Construa com os alunos exem- bre texto (em quaisquer línguas) para
plos para completar os espaços poderem relacionar o que já conhe-
do refrão. Escreva no quadro al- cem com o novo contexto de uso, a
gumas opções que os ajudem. se arriscarem mais, a se tornarem
Você também pode sugerir o
mais autônomos na busca do que
uso do dicionário bilíngue.
é relevante para a resolução das
tarefas propostas.

Estudo do texto
Esta seção propõe a interpretação das ideias
principais de cada estrofe da música. Para isso, A tarefa 2 tem como objetivo propor uma
o aluno é convidado a ler primeiramente as reflexão sobre o tema, relacionando-o com a
frases que resumem cada estrofe, para depois realidade dos alunos. Para responder a algu-
procurar pistas no texto em inglês para relacio- mas das questões, é importante que assistam
nar as ideias principais a cada parte da música. novamente ao vídeo, a fim de compreenderem
Esta tarefa auxilia os alunos na compreensão o ponto de vista expresso na canção e, assim,
poderem posicionar-se. Na última questão construírem um mural da turma, aprofun-
­­(tarefa f), os alunos terão a oportunidade de dando o conhecimento sobre si e sobre os
praticar a oralidade, cantando a música. Você colegas. As habilidades focalizadas incluem: 155
155
pode esclarecer aqui questões de pronúncia e ativar e usar conhecimentos prévios para pro-
de entonação. duzir um texto.
Depois de toda a discussão feita, é impor-
tante retomar a primeira impressão sobre a
música e ver se a compreensão da letra propi- Produção de texto
ciou alguma mudança de opinião nos alunos.
Você pode discutir com eles o que faz uma Esta seção busca retomar as discussões
canção ser considerada boa, fazer (ou não) feitas ao longo da unidade a partir da
sucesso, resistir ao tempo (ritmo, rima, letra, compreensão da letra da canção estudada,
mensagem) – essa discussão pode ser o tema sua relação com imagens, a reflexão sobre a
de uma próxima unidade (veja sugestões na
seção “Para Além da Sala de Aula”)! Professor, o trabalho com os aspectos
linguísticos tem como objetivo fornecer
ao aluno os instrumentos necessários
Diz com quem andas, para realizar as tarefas propostas, sem-
e te direi quem és! pre de forma contextualizada e priori-
(Aula 4) zando o sentido ao invés de exercícios
de substituição ou de completar lacunas
Nesta aula, são trabalhados alguns aspec- de forma mecânica. Explique o verbo to
tos linguísticos com vistas à elaboração de be e o verbo auxiliar do. No quadro,
um mural com informações sobre a turma, você pode construir com os alunos,
abrangendo o vocabulário e as estruturas re- explicações e retomadas de pronomes
levantes para perguntar e responder (datas, pessoais, possessivos, pronomes inter-
línguas, pronomes pessoais e possessivos, rogativos ou outras estruturas que forem
pronomes interrogativos, forma interrogativa necessárias para as tarefas propostas.
com verbo to be e com auxiliar do). As habi-
Lembre-se, no entanto, que o importan-
lidades focalizadas são: compreender e ex-
pressar dados e preferências pessoais. te nesta seção é o uso das perguntas
para que eles se conheçam mais. De
nada adiantam longas explicações se
Uso da língua
o aluno não tiver a oportunidade de
A tarefa1 promove a construção das per- entender o que diz e as funções que
guntas e a tarefa 2, a prática. Peça aos alunos pode desempenhar ao usar o vo-
que trabalhem em grupos na elaboração de cabulário e as estruturas focaliza-
perguntas e auxilie-os, destacando o suporte das. Os aspectos praticados aqui
linguístico dado pelos quadros, e esclarecen- podem ser usados na tarefa de
do as dúvidas. produção de texto proposta nas
próximas aulas.
A nossa tribo!
(Aulas 5 e 6)

Nestas aulas, os alunos produzem textos importância do outro na construção de nossa


sobre si e sobre suas influências (origens, identidade e sobre os grupos com os quais nos
músicas, bandas, etc.), com a finalidade de identificamos. Para isso, proponha que cada
aluno produza um cartaz sobre si mesmo, pesquisem sobre:
explicitando suas influências. No final, peça • músicas, cantores e bandas que seus pais
156
156 que construam um painel da turma de modo gostam ou gostavam na sua idade;
que, através da leitura dos cartazes, possam • músicas, cantores e bandas que foram su-
trocar idéias, refletir sobre os lugares que cesso em diferentes épocas;
ocupam, formar novos grupos e conhecer • diferentes estilos musicais;
novas possibilidades de pertencimento. • a história de diferentes bandas.
A primeira tarefa retoma a discussão do Com as informações que pesquisaram, os
início da unidade sobre preferências musicais, alunos construirão outros murais em inglês,
visando a elaboração do cartaz. A tarefa para expor e apresentar para outras turmas
seguinte integra as habilidades de leitura e, assim, aprofundar a discussão sobre iden-
(trabalhadas ao longo da unidade) e de tidade, influências e pertencimento.
produção, possibilitando a sistematização do
conhecimento aprendido. Auxilie os alunos
no que for necessário para a elaboração dos
Professor, lembre-se que, antes de
cartazes e do mural.
os alunos fazerem tarefas usando a
As perguntas da última tarefa no Caderno
internet, é importante revisar o con-
do Aluno convidam os alunos a se colocarem
teúdo geral da página. Os sites ele-
no lugar de leitores e analistas da produção
trônicos são dinâmicos e mudam
dos colegas. Peça a eles que conversem em
constantemente, podendo apre-
pequenos grupos sobre os cartazes produzi-
sentar conteúdos inadequados à
dos, sobre a leitura que fizeram, e encerre no
grande grupo, perguntando o que aprende- faixa etária de seus alunos.
ram sobre os colegas e sobre como os outros
os veem e por que as perspectivas podem ser
diferentes. Os alunos também poderão salien-
tar a forma como os cartazes foram produzi-
dos, sugerindo mudanças, destacando pontos
interessantes. Autoavaliação
Para além da sala de aula Para concluir, a autoavaliação tem como
objetivo oportunizar a autorreflexão sobre o
Esta seção tem como objetivo criar novas que foi aprendido. Desta forma, o aluno pode-
oportunidades para o uso do conhecimento rá dar-se conta dos objetivos da unidade, do
aprendido. Os alunos são convidados a vi- que aprendeu, do processo de aprendizagem
sitar sites que falam sobre estilos musicais, (em grupo, sozinho, fazendo exercícios escri-
cantores, bandas, ampliando seus conhe- tos ou orais, etc.), do que precisaria reforçar e
cimentos e descobrindo novos grupos e rit- do que ainda gostaria de aprender. Espera-se
mos com os quais podem se identificar. Eles também criar uma oportunidade para a refle-
podem anotar as informações que acharem xão crítica sobre as práticas de participação e
relevantes para, depois, apresentar para a aprendizagem em sala de aula.
turma o que descobriram. Não se esqueça de reservar um espaço
Outra possibilidade de ampliar o conheci- na sua aula para que os alunos façam a sua
mento adquirido e relacioná-lo ao seu con- autoavaliação e que possam discuti-las com
texto é solicitar que, em grupos, os alunos a turma!
Gêneros do discurso: Tipos relativamente estáveis de textos (orais e escritos), que re-
conhecemos com base na nossa experiência com diferentes textos em determinadas áreas. 157
157
Cada contexto de uso da linguagem (quem fala, com quem, com que objetivo, em que situa-
ção, em que lugar, através de qual suporte, etc.) determina as características do que
é dito e de que forma é dito. Entretanto, há algumas características textuais que po-
demos dizer que se repetem em condições semelhantes de produção. Por exemplo,
em um contexto familiar, um texto escrito pela mãe ou pai para os filhos, solicitando
que comprem algo no supermercado, em geral, será escrito em um bilhete com uma
linguagem informal; um texto escrito por uma empresa de publicidade para promover
um novo produto para a população pode ter o formato de um panfleto com recur-
sos visuais e linguísticos para chamar a atenção e persuadir o leitor a comprar.
Anotações
158
158
Ensino Médio
1o ano

Margarete Schlatter
Graziela Hoerbe Andrighetti
Letícia Soares Bortolini
Podemos mudar o mundo?
161
161
Caro professor,
Partindo da temática “Podemos mudar o terior com campanhas publicitárias, co-
mundo?”, o objetivo desta unidade é opor- nhecimento da língua portuguesa (LP) e
tunizar a reflexão sobre os problemas que da língua adicional (LA)) para ler e para
afetam a comunidade e o mundo de hoje e produzir um texto;
discutir formas de buscar soluções coletiva- • Reconhecer a função social de anúncios
mente. Um dos modos de agir na sociedade e campanhas publicitárias (convencer o
em relação a esse tema é fazendo campa- leitor a participar), explicitando a relação
nhas publicitárias para estimular ações con- entre o texto e o seu uso nas práticas coti-
juntas e conscientizar sobre quem precisa de dianas, estabelecendo relações e fazendo
ajuda, quem pode ajudar e qual é o lugar inferências a partir da integração de tex-
que ocupa nesse processo. Para estimular to verbal e não verbal (ilustrações, fotos,
o trabalho coletivo, essa discussão é feita a etc.);
partir de campanhas publicitárias, um gênero • Localizar e compreender informações e
do discurso relevante para promover a leitura palavras-chave em um texto;
crítica: reconhecer e posicionar-se em rela- • Compreender e produzir efeitos de senti-
ção à função persuasiva do anúncio e sua do do uso de recursos verbais (seleção de
credibilidade. Esse gênero também possibili- palavras, pontuação, etc.) e não verbais
ta o trabalho com a língua adicional através (ilustrações, fotos) em um texto;
de textos curtos e da análise de recursos lin- • Compreender e posicionar-se em relação
guísticos de forma contextualizada. Espera-se aos temas abordados (liderança, campa-
que, ao final da unidade, o aluno tenha refle- nhas, moradia);
tido sobre os problemas que a comunidade • Identificar (na compreensão) e selecionar
enfrenta e sobre como pode se engajar em (na produção) os efeitos de persuasão e
diferentes causas na busca de soluções. de credibilidade nos textos e relacioná-los
à seleção de vocabulário e de outros re-
cursos linguísticos, explicitando a relação
Habilidades dialógica do texto;
• Expressar-se sobre experiências vividas,
• Ativar e usar conhecimentos prévios (co- expor um problema e propor uma solu-
nhecimento de mundo, experiência an- ção.

Objetivos
Os alunos, ao final da unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a campanhas publicitárias, reconhecer a fun-
ção persuasiva e a credibilidade da campanha, reagindo e posicionando-se em relação
a ela.
• Escrever: Produzir uma campanha publicitária, adequando diferentes recursos de per-
suasão a públicos distintos.
• Resolver problemas: Refletir sobre problemas relevantes ao contexto e sobre formas
de solucioná-los, refletir sobre como convencer outras pessoas a se engajar em em lutas
­coletivas.
Conteúdos Quem é responsável?
162 • Campanhas publicitárias para estimular o (Aula 1)
162
trabalho coletivo: circulação social e fun-
ções, modos de organização, componen-
tes e natureza persuasiva do texto; Esta aula tem por finalidade aproximar os
• Efeitos de sentido de recursos visuais e sua alunos do tema e do gênero do discurso: a
relação com os recursos gráficos; campanha de uma ONG que estimula novas
• Uso de recursos linguísticos para falar lideranças para um mundo sustentável. O
sobre experiências vividas: when was the anúncio em vídeo é tomado como provoca-
last/first time you..., forma interrogativa no ção para debate sobre o tema e tem a função
passado. de preparar o aluno para a leitura do texto
• Uso de recursos linguísticos para expor um em inglês.
problema e para estimular alguém a agir:
perguntas, expressões de estímulo, impe- Preparação para a leitura
rativo.
Antes de ler o texto, é importante ativar
Tempo previsto: 6 aulas. conhecimentos prévios sobre o tema e o gê-
nero do discurso que será trabalhado. Essas
Materiais necessários: informações servirão para contextualizar o
• Equipamento para reprodução de áudio e texto a ser lido (a função social de textos pu-
vídeo. blicitários – convencer) e preparar o aluno
• Vídeo: ONG “LEAD India”, disponí- para agir como um analista do texto. Caso o
vel no site http://ngopost.org/story. aluno não tenha esse conhecimento prévio,
php?title=Lead_India_-Times_of_Indias_ cabe a você que tem essa experiência cons-
search_for_Indias_next_great_political_le- truir as pontes necessárias para preparar a
aders-1 leitura, relacionando o conhecimento já exis-
• Para desenvolver a seção Uso da Língua, tente com o novo, redimensionando ambos a
se for escolhida a alternativa da brin- novos contextos de uso da língua.
cadeira, será necessário elaborar e or- A tarefa 1 levanta a discussão sobre os te-
ganizar o material para as tarefas 1 e mas: atitudes frente a problemas, liderança,
2: sacos (A e B) contendo perguntas/ trabalho coletivo. Os quadros servem para
problemas e respostas/sugestões ela- informar brevemente o que é uma ONG e
boradas pelo professor (ver instruções qual é a missão da ONG que promove a
da tarefa). campanha do vídeo. Discuta com os alunos

Professor, promova o debate sobre liderança e sobre problemas que podem ser solu-
cionados coletivamente. Ele será útil mais adiante, no momento da produção de suas
próprias campanhas. À medida que derem suas respostas, anote as contribuições no
quadro. Faça-os refletirem sobre a utilidade e a eficácia de campanhas desse tipo,
trazendo outros exemplos (lixo, dengue, aids, camisinha, câncer de mama) – você
pode solicitar que os alunos tragam anúncios e panfletos para a próxima aula sobre
campanhas que circulam na comunidade, para continuar a discussão. O conheci-
mento dos alunos sobre o tema e o gênero do discurso e as relações de sentido
que constroem a partir dos termos “liderança”, “voluntariado” e “casa” poderão
ser contrastados mais adiante com o que será apresentado no texto trabalhado.
sobre o que fazem as ONGs e como o ter-
mo LEAD se relaciona com esses objetivos Professor, é fundamental que não
(liderar movimentos e campanhas em prol de seja feita uma tradução de todo o texto.
163
163
causas humanitárias). Solicitar que o aluno traduza todas as
A tarefa 2 focaliza a ativação do conhe- palavras dará a ele uma noção equivo-
cimento prévio sobre o gênero “campanha cada de que precisamos saber todas as
publicitária”, suas funções, características e palavras para poder interagir com um
eficácia. A tarefa 3 tem como objetivo ativar texto. Traduzir todo o texto (oralmente
o conhecimento prévio sobre o tema tratado ou por escrito) significa dizer que eles
no texto: estimule a comparação das anota- nunca poderão fazer a leitura sozinhos.
ções dos alunos em relação a “voluntariado” Se você achar que a tradução pode
e “casa”, para que possam compartilhar as auxiliá-los, focalize apenas palavras ou
diferentes experiências e realidades que vi- expressões chaves para a realização da
vem ou já viveram como preparação para a tarefa. Como professor, sua função é
leitura na aula seguinte. de auxiliá-los a, aos poucos, se sentirem
mais confortáveis em lidar com a LA, a
fazer valer o que já sabem sobre texto
Participar é mudar (em quaisquer línguas) para poderem
(Aulas 2, 3 e 4) relacionar o que conhecem com o novo
contexto de uso, a se arriscarem mais, a
se tornarem mais autônomos na busca
Estas aulas têm como objetivo ler um do que é relevante para a resolução das
anúncio publicitário publicado por Habit for tarefas propostas. Além disso, note que
Humanity, na revista Newsweek (maio de as tarefas propõem a leitura silenciosa,
2006) e trabalhar os recursos linguísticos que é a maneira como geralmente le-
para falar sobre experiências no passado, mos em nossa vida cotidiana. Se seus
expor problemas e propor soluções, estimu- alunos vivem em contextos sociais em
lando o outro a agir. As habilidades focaliza- que se lê pouco, ter a possibilidade de
das são: estabelecer relação do texto verbal ler silenciosamente torna-se ainda mais
e não verbal; reconhecer a função social de importante para que ele se torne um lei-
anúncios e campanhas publicitárias, explici- tor autônomo. A leitura oral pode ser fo-
tando a relação entre o texto e o seu uso nas calizada em gêneros do discurso, como
práticas cotidianas; localizar e compreender poemas, peças teatrais, canções,
informações e palavras-chave; compreender orações, gêneros, nos quais isso é
efeitos de sentido do uso de recursos verbais esperado. A qualidade da leitura
e não verbais e identificar os efeitos de persu- do aluno deve ser avaliada através
asão e de credibilidade nos textos; expressar do cumprimento das tarefas pro-
experiências no passado; expor um problema postas. Se ele consegue cumprir a
e propor uma solução. tarefa, demonstra que soube ler o
texto.
Leitura – campanha
publicitária
Após ter construído com os alunos as con-
dições para ler o texto na aula anterior, esta compõem um texto publicitário. A atenção
seção será dedicada à leitura propriamente do aluno será dirigida para a leitura que nor-
dita e à prática de recursos linguísticos que malmente fazemos desse gênero do discurso:
as perguntas referentes à campanha visam Uso da língua
à compreensão do objetivo da campanha,
164
164 da interlocução no texto (quem escreve para Os alunos terão oportunidade para pra-
quem) e das representações dos participantes ticar as estruturas estudadas em relação a
da situação de comunicação (o aluno está outros problemas relacionados ao tema e a
incluído no público-alvo da campanha?). questões pessoais. As tarefas 1 e 2 propiciam
Proponha aqui a reflexão sobre o lugar que a prática das seguintes estruturas lingüísticas:
o educando ocupa na sociedade, se está in- a) pergunta com when was the last/first
cluído ou excluído das práticas sociais e cul- time you...;
turais que está analisando. b) verbos no passado;
A tarefa 2 trabalha alguns recursos lin- c) uso do imperativo.
guísticos chave para a compreensão do tex- Nesta etapa, você deve dar as explicações
to. A partir das palavras que eles já conhecem necessárias e auxiliar os alunos a formarem
ou inferem, e com base na busca pelo signi- outras perguntas que interessem. Nas respos-
ficado de palavras novas, auxilie os alunos, tas possíveis, forneça outras opções (núme-
através da leitura das imagens, a compreen- ros para expressar idades, dias da semana,
der os argumentos usados para persuadir o meses do ano), ampliando os recursos apre-
público dessa campanha. A tarefa também sentados nos quadros no Caderno do Aluno.
cria a oportunidade para o uso de dicioná- As tarefas 1 e 2 também podem ser desen-
rios bilíngues, o que pode ser feito em duplas, volvidas como uma brincadeira, em peque-
para que os alunos que já sabem usar os di- nos grupos ou com a turma toda. Para isso,
cionários possam auxiliar os que não estão coloque as opções (A) e (B) em dois sacos
familiarizados com essa prática. diferentes. Um aluno tira uma pergunta (tare-
fa 1) ou um problema (tarefa 2) e lê em voz
Estudo do texto alta para outro aluno, que responde a partir
da resposta (tarefa 1) ou sugestão (tarefa 2)
A tarefa de leitura de campanhas publi- que tirou do outro saco. Juntos, eles avaliam
citárias poderá ser aprofundada, através da se a resposta ou sugestão faz sentido. Caso
compreensão dos argumentos usados para contrário, eles podem dizer como responde-
persuadir o público-alvo e da avaliação de riam ou o que sugeririam.
sua eficácia, considerando outros interlo-
cutores e suportes possíveis. Discuta com Professor, é importante que os alunos
os alunos sobre a importância de o autor tenham um tempo para ler as pergun-
da campanha pensar em quem quer atingir tas/problemas e respostas/sugestões
para selecionar os recursos mais adequados, propostas nos ítens 1 e 2 antes de fa-
buscando sensibilizar o público para a cau- zer as tarefas. Retome com eles algu-
sa. Enfatize o trabalho com recursos visuais mas dessas perguntas (tarefa 1) e pro-
e linguísticos relevantes para a construção blemas (tarefa 2), abrindo espaços para
da persuasão (tarefa 1, letras “a”, “b” e “c”), dúvidas, e incentive-os a criarem as
estimulando a avaliação do texto quanto ao suas próprias perguntas e problemas
cumprimento da sua função social (tarefa1, (para serem colocadas nos sacos)
letras “d”, “e” e “f”). antes de iniciar a brincadeira. Ao
Na tarefa 2, será iniciado o trabalho sobre término da tarefa, você pode voltar
a linguagem, que se concentra no estudo de aos aspectos gramaticais aborda-
funções de algumas estruturas linguísticas: o dos tendo como base os exemplos
uso de perguntas, para chamar a atenção do trazidos pelos alunos durante a
leitor para o tema da campanha, e o uso do brincadeira.
imperativo, para estimular o leitor a agir.
o público-alvo é fundamental, já que é ele
Abrace essa causa! que vai determinar a seleção dos recursos
(Aulas 5 e 6) linguísticos e visuais a serem utilizados. Os 165
165
alunos também poderão retomar aqui os re-
cursos linguísticos previamente praticados e
Nestas aulas, os alunos utilizam o que usá-los para a construção de sua campanha.
aprenderam na produção de um texto em in- Incentive-os a voltar para as seções Estudo
glês que represente a realidade que conhe- do texto e Uso da língua e pensar em fra-
cem, construindo uma campanha publicitária. ses para a campanha. Após a conclusão da
As habilidades incluem: ativar e usar conheci- primeira versão do texto, os alunos tomarão
mentos prévios para produzir um texto e criar a posição de leitores e poderão avaliar seus
uma proposta de uma campanha que visa so- próprios textos a partir dos critérios discutidos
lucionar um problema comunitário; produzir e estabelecidos pela tarefa e, assim, revisá-
efeitos de sentido do uso de recursos verbais los para, na tarefa 2, socializarem as campa-
(seleção de palavras, pontuação, etc.) e não nhas criadas e se posicionarem criticamente
verbais (ilustrações, fotos) em um anúncio em relação a elas.
publicitário; selecionar vocabulário e outros
recursos linguísticos para construir efeitos de Para além da sala de aula
persuasão e de credibilidade em um determi-
nado público. Esta seção é uma oportunidade de usar o
conhecimento aprendido em uma nova situ-
ação de comunicação. Retome o tema tra-
Produção de texto tado e amplie o uso das informações e do
que foi aprendido em língua adicional, para
O objetivo desta seção é, em primeiro fazer novas relações com a vida do aluno. A
lugar, relacionar o texto lido com a realida- tarefa 1 sugere que os alunos levem adiante
de dos alunos. Considerando que o desen- as campanhas propostas e que sensibilizem
volvimento da leitura e da produção escrita a comunidade escolar para engajar-se. In-
está inter-relacionado, a produção escrita centive-os a continuar, expondo seus carta-
pode sistematizar o conhecimento sobre o zes na escola, organizando oportunidades
gênero do discurso focalizado, contribuindo para a troca de ideias com outros alunos
para aperfeiçoar a capacidade leitora críti- e exercitando a capacidade de liderança,
ca. Nesse sentido, a tarefa 1 solicita pensar através da organização de comissões para
em problemas na comunidade. Depois de colocar algumas das campanhas em prática
selecionado um dos problemas, os alunos na comunidade. Esse trabalho pode ser fei-
devem pensar por que, para quem e como to em parceria com outras disciplinas.
será construída a campanha. Refletir sobre A tarefa 2 propõe a busca por mais infor-
mações sobre reciclagem e a tarefa 3 suge-
re ampliar o conhecimento sobre o trabalho
Professor, nesta seção, todas as eta- desenvolvido pela Habitat for Humanity e
pas são de grande importância: a de- LEAD Brasil. Leve os alunos para o laborató-
cisão sobre o problema a ser re- rio de informática e solicite que, em duplas,
solvido e sobre o público-alvo, o visitem os sites indicados em busca das in-
formações listadas. Após, eles podem com-
planejamento do texto, a escrita, a
partilhar as informações com os colegas.
revisão do texto e a socialização
Outras possibilidades de ampliar o conhe-
dos textos. É tornando-se melho- cimento adquirido e relacioná-lo ao contexto
res leitores que os alunos pode- dos alunos são solicitar que eles:
rão se tornar melhores escritores a) tragam para a sala de aula exemplos de
e vice-versa. campanhas feitas na comunidade discu-
tindo e avaliando sua eficácia;
b) preparem uma entrevista para um líder ta forma, o aluno poderá dar-se conta dos
comunitário e/ou escolar e, com base na objetivos da unidade, do que aprendeu, do
166
166 entrevista realizada, reflitam sobre as ra- processo de aprendizagem (em grupo, so-
zões que o tornaram líder e suas formas zinho, fazendo exercícios escritos ou orais,
de atuação na comunidade; etc.), do que precisaria reforçar e do que ain-
c) preparem uma entrevista com os alunos da gostaria de aprender. Espera-se criar uma
da escola para refletir sobre sua participa- oportunidade para a reflexão crítica sobre as
ção em ações coletivas e, com base nos práticas de participação e aprendizagem em
resultados, construir uma campanha (em
sala de aula.
inglês) para aumentar ou qualificar a par-
ticipação da comunidade escolar;
d) listem problemas que existem na escola e Gêneros do discurso: Tipos relativa-
construam um painel com instruções (em mente estáveis de textos (orais e escritos),
inglês) sobre formas de participação para que reconhecemos com base na nossa
solucionar esses problemas. experiência com diferentes textos em de-
Lembre-se que todos esses projetos podem terminadas áreas. Cada contexto de uso
ser desenvolvidos com outros professores, ca- da linguagem (quem fala, com quem,
racterizando um trabalho interdisciplinar. com que objetivo, em que situação, em
que lugar, através de qual suporte, etc.)
determina as características do que é dito
Professor, lembre-se que, antes de
e de que forma é dito. Entretanto, há al-
os alunos fazerem tarefas usando a
gumas características textuais que pode-
internet, é importante revisar o con-
mos dizer que se repetem em condições
teúdo geral da página. Os sites ele-
semelhantes de produção. Por exemplo,
trônicos são dinâmicos e mudam
em um contexto familiar, um texto escrito
constantemente, podendo apresen-
pela mãe ou pai para os filhos, solicitan-
tar conteúdos inadequados à faixa
do que comprem algo no supermercado,
etária de seus alunos.
em geral, será escrito em um bilhete com
uma linguagem informal; um texto es-
crito por uma empresa de publi-
cidade para promover um novo
produto para a população pode
Autoavaliação ter o formato de um panfleto com
recursos visuais e linguísticos para
Para concluir a unidade, a autoavaliação
chamar a atenção e persuadir o
tem como objetivo criar uma oportunidade
leitor a comprar.
de reflexão sobre o que foi aprendido. Des-

Este caderno teve a colaboração de Fábio de Oliveira Vasques e Michele Saraiva Carilo nas
tarefas de preparação para a leitura.
Ensino Médio
2o e 3o anos

Margarete Schlatter
Graziela Hoerbe Andrighetti
Letícia Soares Bortolini
O Brasil no cinema: imagens que viajam
169
169
Professor,
Partindo da temática “O Brasil no cine- Habilidades
ma: imagens que viajam”, esta unidade tem
o objetivo de discutir a forma como o Bra- • Ativar e usar conhecimentos prévios (co-
sil é retratado através de filmes brasileiros, nhecimento de mundo, experiência an-
seus trailers e cartazes. A proposta dessa re- terior com trailers, fichas técnicas e car-
flexão é feita através de dois trailers e dois tazes de filmes, conhecimento da língua
cartazes de filmes, Tropa de elite e Cidade portuguesa (LP) e da língua adicional
de Deus, que propiciam, além da contex- (LA)) para ler e para produzir um texto;
tualização necessária para o tema e para o • Reconhecer a função social de trailers,
estudo de recursos linguísticos, uma forma fichas técnicas e cartazes de filmes, ex-
de relacionar a língua adicional com ima- plicitando a relação entre o texto e o seu
gens e cenas de uma realidade conheci- uso nas práticas cotidianas;
da. Os gêneros discursivos “trailer”, “ficha • Estabelecer relações e fazer inferências a
técnica de um filme” e “cartaz” são parte partir da relação do texto verbal e não
do cotidiano da maioria dos jovens: com- verbal;
preender e produzir esses textos de forma • Localizar e compreender informações e
crítica oportuniza o debate sobre as repre- palavras-chave em um texto;
sentações que veiculam, para quem e com • Compreender efeitos de sentido do uso
que objetivos. Através de tarefas que estimu- de recursos verbais (seleção de palavras)
lam os alunos a se posicionarem sobre as e não verbais (imagens do trailer e de
temáticas abordadas nos filmes (costumes, cartazes);
valores e comportamentos), espera-se que, • Compreender e posicionar-se em relação
ao final da unidade, tenham refletido sobre aos temas abordados (valores, costumes
os retratos do Brasil que o cinema mostra no e comportamentos da sociedade brasilei-
país e no exterior e sobre qual retrato de si ra);
próprios e do lugar onde moram gostariam • Compreender e expressar características
de apresentar, e para quem. do lugar onde vive e de uma mudança

Objetivos
Os alunos, ao final desta unidade, deverão ser capazes de:
• Ler: Posicionar-se criticamente em relação a trailers e cartazes de filmes, refletindo
sobre o papel que desempenham e sobre os recursos utilizados (visuais e linguísticos)
para representar valores, costumes e comportamentos da sociedade brasileira.
• Escrever: Produzir um cartaz para divulgar um filme sobre uma história que querem
contar. Selecionar imagens e texto, adequando os efeitos visuais e linguísticos para um
público específico.
• Resolver problemas: Refletir sobre as representações do Brasil em filmes brasileiros,
sobre formas de construir e interpretar a realidade, sobre conflitos e possíveis soluções.
em sua vida para narrar a sua história; alizar o tema e o gênero do discurso trailers,
• Produzir um cartaz, usando recursos visu- reconhecer a função social, a organização
170
170 ais e linguísticos para alcançar o propó- textual e componentes desse gênero, estabe-
sito desejado (divulgar um filme). lecer relações e fazer inferências a partir da
relação do texto verbal e não verbal, compre-
Conteúdos ender seus efeitos de sentido e relacionar o
tema com suas vidas.
• Trailer: circulação social e funções, modos
de organização, componentes e natureza Trailer I – Preparação para
narrativa do texto; a compreensão de texto
• Ficha técnica de um filme: circulação so-
cial e funções, modos de organização, As perguntas no Caderno do Aluno são um
componentes e natureza informativa do convite para conversar sobre os elementos que
texto; compõem um trailer, suas funções (apresentar
• Cartaz: circulação social e funções, mo- o filme e atrair o público para assisti-lo) e as es-
dos de organização, componentes e natu- tratégias usadas para atingir esses propósitos.
reza informativa do texto;
• Efeitos de sentido de recursos gráficos: as-
pas, ordem de apresentação de informa- Professor, lembre-se que este momen-
ções; to é fundamental para a compreensão. A
• Efeitos de sentido de recursos visuais: rela- ideia aqui é fazer o aluno se sentir con-
ção com os recursos gráficos; fiante quanto ao que ele já sabe (sobre
• Recursos linguísticos para caracterizar lu- trailers) e fazer com que ele se dê conta
gares (adjetivos e superlativo), para definir de que pode e deve usar esse conheci-
lugares e pessoas (orações relativas res- mento para construir sentido em novos
tritivas), para narrar (verbos no passado textos. Caso você veja que eles não têm
simples) e para falar sobre ações futuras esse conhecimento prévio, você e os co-
(futuro com will). legas que têm essa experiência podem
construir as pontes necessárias para a
preparação de todos. Por exemplo, se
Tempo previsto: 6 aulas. alguns não se lembram de ter assistido
a trailers, você pode comentar sobre fil-
Material necessário: mes que estão sendo anunciados
• Equipamento para exibição de vídeo. em canais de televisão aberta para
• Vídeos: a próxima semana, pedir que repa-
Trailer do filme Tropa de Elite, disponível rem em como são esses anúncios,
em http://br.youtube.com/watch?v=cb-rUfB- perguntar para a turma se alguém
TQ1g. lembra do que foi anunciado,
Trailer do filme Cidade de Deus, disponí- nome do filme, história, o que foi
vel em http://es.youtube.com/watch?v=Djh5 mostrado, atores, horário, etc.
tGNj4Qw&feature=related.

Retratos do Brasil Compreensão e


(Aula 1)
estudo do texto
As tarefas desta aula têm o objetivo de A primeira tarefa estimula a análise das
ativar o conhecimento prévio para contextu- imagens e do texto escrito que compõem o
trailer, e como esses recursos desempenham trailer a partir da frase “They grew up toge-
a função de divulgação (que informações ther in the world’s most dangerous city”) e
são relevantes). Desenvolva essa tarefa ini- como texto e imagens se conjugam para tra- 171 171
cial sem som! zer informações sobre o filme.
A tarefa 2 busca antever as informações Na tarefa 3, os alunos poderão confirmar
narradas e o sentido atribuído à narração suas respostas, avaliar se o trailer cumpre sua
(por exemplo: o que se pode esperar de um função e atribuir sentidos às imagens apre-
sentadas sobre o Brasil, posicionando-se.
Saliente o papel dos recursos visuais (gestos,
Professor, é fundamental que não seja expressões corporais) e o que os persona-
feita uma tradução do texto. Solicitar que gens estão fazendo para a compreensão das
os alunos traduzam todas as palavras dará informações trazidas pelo trailer.
a eles uma noção equivocada de que pre-
cisam saber todas as palavras para poder Minha vida
interagir com um texto. Traduzir todo o tex-
to (oralmente ou por escrito) significa dizer
dá um filme!
(Aula 2)
que eles nunca poderão fazer a leitura so-
zinhos. Se você achar que a tradução pode
auxiliá-los, focalize apenas palavras ou ex- Nesta aula, os alunos constroem uma si-
pressões chaves para a realização da tare- nopse de um filme sobre a sua vida (seguindo
fa. Oriente-os e auxilie sempre que neces- o exemplo do trailer trabalhado) e praticam
sário para que, aos poucos, eles possam recursos linguísticos para caracterizar lugares
se sentir mais confortáveis em lidar com (adjetivos e superlativo), para narrar (verbos
a LA, fazendo valer o que já sabem sobre no passado simples) e para falar sobre ações
texto (em quaisquer línguas) e relacionan- futuras (futuro com will).
do o que já conhecem com o novo contex-
to de uso. Estimule, dessa forma, que eles Uso da língua
se arrisquem mais e se tornem mais autô-
nomos na busca do que é relevante para a O objetivo desta seção é analisar como
resolução das tarefas propostas. é construída a sinopse: as informações que
Além disso note que as tarefas propõem a apresenta e de que forma. Além disso, os
leitura silenciosa, que é a maneira como alunos poderão concentrar-se em aspectos
geralmente lemos em nossa vida cotidiana. linguísticos que dão sentido ao texto e na
Se seus alunos vivem em contextos sociais prática desses recursos para formar frases
em que se lê pouco, ter a possibilidade de que podem usar para produzir a sinopse de
ler silenciosamente torna-se ainda mais um filme: apresentação dos personagens e
importante para que ele se torne um leitor do conflito e ações principais do filme. Para
autônomo. A leitura oral pode ser focali- isso, no Caderno do Aluno, eles são convi-
zada em gêneros do discurso, como dados a pensar em suas próprias experiên-
poemas, peças teatrais, canções, cias, construindo frases que os ajudarão na
orações, gêneros nos quais isso é elaboração da produção de texto da uni-
esperado. A qualidade da leitura do dade (um cartaz).
aluno deve ser avaliada através do O trabalho com os aspectos linguísticos
cumprimento das tarefas propostas. tem como objetivo fornecer ao aluno os
Se ele consegue cumprir as tarefas, instrumentos necessários para realizar as
demonstra que soube ler o texto. tarefas propostas, sempre de forma contex-
tualizada e priorizando o sentido, ao invés
de exercícios de substituição ou de comple- vras-chave, estabelecer relações e fazer infe-
tar lacunas de forma mecânica. Explique os rências a partir do texto verbal e não verbal,
172
172 verbos no passado. Confira se eles conhe- compreender os efeitos de sentido do texto e
cem os adjetivos listados. Se for o caso, su- posicionar-se em relação aos temas aborda-
gira o uso do dicionário bilíngue para que dos (valores, costumes e comportamentos da
busquem o significado das palavras. Discu- sociedade brasileira).
ta os exemplos do uso do superlativo, dan-
do as explicações necessárias e ilustrando
a regra com os adjetivos do quadro. Trailer II – compreensão
A tarefa final desta seção também faz um e estudo do texto
contraponto entre passado e futuro, crian-
do oportunidades para explicitar o uso do As primeiras três tarefas retomam a análi-
verbo modal will. se das imagens e do texto escrito que com-
põem o trailer, e como esses recursos de-
Professor, você pode construir alguns sempenham a função de divulgação (que
quadros com os alunos, para explicar ou informações são relevantes). Lembre-se de
retomar os verbos irregulares e regulares e desenvolver essas tarefas iniciais sem som.
realizar conjuntamente algumas frases pro- Lembre-se também que a leitura deve ser
postas nas tarefas. Lembre-se que o mais feita silenciosamente e que não se espera a
importante na tarefa proposta é a constru- tradução dos textos para o português. Ajude
ção do texto (sinopse) para que eles apre- sempre que necessário, para que os alunos
sentem suas realidades. De nada adiantam possam responder o que é solicitado, mas in-
longas explicações, se o aluno não ti- sista que eles não precisam entender todas as
ver a oportunidade de entender o que palavras em inglês para cumprir as tarefas.
pode dizer e as funções que pode Na tarefa 2, discuta com os alunos as in-
desempenhar ao usar o vocabulário formações que compõem a ficha técnica de
e as estruturas focalizadas. Os as- um filme (chamando a atenção para o vo-
pectos praticados aqui podem ser cabulário técnico), onde encontramos esses
usados na tarefade produção de textos, qual é sua função e se eles leem es-
texto, mais adiante. sas fichas, por exemplo, ao selecionar filmes
em locadoras. Peça para que discutam com
os colegas sobre as informações que faltam.
Você também pode levar para a aula reporta-
gens ou outros materiais que contenham in-
formações sobre Cidade de Deus, ajudando-
Mais retratos do Brasil os na realização desta tarefa e auxiliando-
(Aulas 3 e 4) os na busca por informações sobre o filme,
caso eles desconheçam. Essa ficha poderá
As tarefas destas aulas proporcionam uma ser retomada no final da unidade, quando os
nova oportunidade de compreensão. Além alunos pensarem no filme que contará suas
disso, são trabalhados a função das aspas histórias.
(citação) e o uso de recursos linguísticos para A tarefa 3, além de explorar a organiza-
definir lugares e pessoas (orações relativas ção das informações no trailer e a compa-
restritivas). As habilidades focalizadas são: ração dessas com as do trailer anterior, le-
ativar o conhecimento prévio para ler e ouvir, vanta a discussão sobre o uso de aspas em
localizar e compreender informações e pala- citações. Passe o trailer mais de uma vez se
for necessário. Aproveite para discutir com
os alunos os motivos para usar citações de O papel também viaja!
outras pessoas em um texto (explicitar a (Aula 5) 173
173
autoria, conferir autoridade ao que é dito,
eximir-se da autoria) e como as palavras do
As tarefas desta aula têm o objetivo de ati-
outro devem ser marcadas no texto escrito
var o conhecimento prévio sobre o gênero do
(com aspas) e no texto oral (and I quote: ...;
discurso cartazes, reconhecer a função social,
e eu cito: ...). Discuta também a questão
a organização textual e os componentes desse
ética envolvida.
gênero, estabelecer relações e fazer inferên-
A partir da tarefa 4, trabalhe com o trai- cias a partir da relação do texto verbal e não
ler com som. Nesta tarefa, passe somente verbal, compreender seus efeitos de sentido e,
o início do trailer. Em seguida, na tarefa 5, desta forma, preparar a produção de texto.
passe o trailer completo para que os alu-
nos possam responder à primeira pergun-
ta (você pode ajudar chamando a atenção
Preparação para a leitura
para a conjunção but) e, depois, selecionar
As tarefas desta seção proporcionam uma
a alternativa para completar o texto. Após
nova oportunidade para discussão do tema
discutir com eles algumas questões referen- dessa unidade (representações do Brasil atra-
ciais (one man = Buscapé; crime lords = vés de filmes brasileiros) com três cartazes
Cenoura e Zé Pequeno; a war = drug traffic (dois do filme Tropa de elite e um do filme
in Rio de Janeiro), retome as representa- Cidade de Deus). As habilidades focalizadas
ções do Brasil presentes no trailer, compa- são: ativar o conhecimento prévio para ler
rando-as com as discutidas anteriormente cartazes de filmes, estabelecer relações e fa-
(Tropa de elite). zer inferências a partir do texto verbal e não
verbal, compreender os efeitos de sentido do
texto e posicionar-se em relação aos temas
Uso da língua abordados (valores, costumes e compor-
tamentos da sociedade brasileira). As per-
Nesta seção, o aluno terá oportunidade guntas iniciais propõem uma conversa em
de concentrar-se em alguns aspectos linguís- grupos sobre a experiência que os alunos
ticos que dão sentido ao texto analisado, já tiveram com leitura de cartazes de filmes.
praticando esses recursos com os colegas. Essa conversa tem como objetivo ativar o
O foco aqui são definições e descrições de conhecimento prévio dos alunos sobre esse
lugares e pessoas através de orações rela- gênero para as próximas tarefas. Em segui-
tivas restritivas (where, who e that). Na pri- da, os alunos são convidados a comparar
meira tarefa, os alunos poderão combinar as os gêneros trailer e cartaz de filme quanto às
alternativas dos quadros para formar frases diferentes formas de cumprir o propósito de
coerentes (por exemplo: a school where one divulgação.
can meet new friends; a couple who decided
to get divorced; a letter that changed my life, Leitura
etc.). Explique o uso dos pronomes relativos
nessas situações. Nesta seção, os alunos são convidados
A tarefa 2 é uma forma lúdica de continu- a, através da leitura de partes do texto, re-
ar praticando essa estrutura para definir uma fletir sobre os elementos necessários para a
pessoa ou um lugar. Incentive-os a criarem construção de cartazes para, depois, conferir
suas frases e a participarem da brincadeira. suas hipóteses na leitura do texto completo.
A primeira tarefa propõe a complementação bre as representações que gostariam de apre-
das informações e imagens de cartazes (dois sentar sobre si próprios, suas experiências e o
174
174 do filme Tropa de elite e um do filme Cidade lugar onde vivem. As habilidades focalizadas
de Deus) apresentados de forma incompleta. incluem: ativar e usar conhecimentos prévios
Com base na análise dos elementos presen- para produzir um texto.
tes, os alunos (em grupos) devem escolher
um deles para complementá-lo com vistas a Produção de texto
cumprir o propósito de divulgação do filme.
Para isso, devem levar em conta as discus- Esta seção busca retomar as discussões
sões anteriores sobre quem são os possíveis feitas ao longo da unidade a partir da com-
preensão dos trailers e cartazes, sua relação
espectadores do filme, que cenas devem
com imagens e a reflexão sobre as represen-
estar no cartaz, quais informações escritas tações que expressam.
poderiam ser mostradas e em que ordem, A primeira tarefa retoma a discussão da
etc. Esta tarefa serve como preparação para unidade (representações do Brasil através de
a tarefa final de produção de texto. Propo- filmes brasileiros) e busca relacionar essas re-
nha uma retomada dos aspectos linguísticos presentações com as realidades dos alunos e
trabalhados anteriormente na seção Uso da com as histórias que eles querem contar. Em
língua, incentivando-os a utilizarem o que seguida, são discutidos os passos necessários
aprenderam na criação dos cartazes. para a construção do cartaz final em que os
Na tarefa 2, os alunos podem comparar alunos divulgarão um filme que conta uma
suas produções com as versões originais dos história que se passa na cidade onde vivem,
cartazes, avaliando se ambos cumprem a definindo quem serão os possíveis especta-
função de motivar os leitores a assitir ao filme dores desse filme, que história será contada,
divulgado e que modificações poderiam ser que imagens farão parte do cartaz, quais in-
formações escritas serão incluídas e em que
feitas para torná-los mais eficientes.
ordem. A partir dessa discussão, os grupos
podem construir uma primeira versão do car-
taz, que será analisada por outro grupo, na
Nossa história tarefa 3. Na posição de prováveis especta-
dá um filme! dores, os colegas poderão opinar e discutir
melhores soluções para as propostas e, com
(Aula 6) todo o grupo, retomar características dos
trailers e cartazes estudados. Depois, com
Nesta aula, os alunos utilizam o que base nas observações e sugestões dos cole-
aprenderam e praticaram na aula anterior de gas, auxilie os grupos na reescrita e nas re-
forma mais dirigida para produzir um cartaz formulações que julgarem importantes para
em inglês para um filme sobre a realidade a produção do cartaz para o mural (Nossas
que conhecem: pensam em uma história que histórias no cinema: imagens que viajam),
gostariam de contar, nas imagens que os re- que poderá ser exposto na escola.
presentam, em um conflito gerador de enre-
Proponha uma retomada dos elementos
do, e expressam através de seu cartaz as dis-
cussões propostas acerca do tema estudado constitutivos de um trailer e de um cartaz,
(a representação da nossa sociedade através as informações que eles trouxeram no iní-
dos filmes). O objetivo é organizarem um mu- cio da unidade. Essa discussão os ajudará
ral “Nossas histórias no cinema: imagens que a pensar sobre como será o cartaz que vão
viajam” e, dessa forma, colocarem em prática produzir. Após a apresentação das propos-
o gênero de discurso estudado, sistematizan- tas aos colegas, incentive-os a apresentar
do sua circulação social e suas funções; os também para o grande grupo, expondo os
modos de organização, componentes e natu- comentários que receberam de seus leito-
reza informativa. Também podem refletir so- res e se mudariam ou não alguns aspectos
apontados. Você também pode retomar a
Professor, lembre-se que, antes
discussão sobre os aspectos linguísticos da
de os alunos fazerem tarefas usan-
unidade através das frases usadas, discu- 175
175
do a internet, é importante revisar
tindo a função delas para a divulgação do
o conteúdo geral da página. Os
filme, por exemplo. Além disso, você pode
sites eletrônicos são dinâmicos e
estimular a produção da ficha técnica do fil-
mudam constantemente, podendo
me, retomando as informações que devem
apresentar conteúdos inadequa-
constar na apresentação do filme e, desta
dos à faixa etária de seus alunos.
forma, ajudando-os a construir a história do
filme que irão divulgar nos cartazes.

Para além da sala de aula


forma como o público vê os filmes Tropa de
Esta seção é uma oportunidade de usar o elite e Cidade de Deus. Retoma-se o conhe-
conhecimento aprendido para novos propó- cimento construído na unidade e amplia-se o
sitos: produzir um trailer da história que os uso das informações e do que foi aprendido
em LA para além da sala de aula, estimu-
Professor, a organização do mural é lando os alunos a lerem mais, a produzirem
fundamental para a conclusão da uni- mais textos, a se divertirem produzindo seus
dade. Dessa forma os alunos poderão trailers e assistindo aos trailers dos colegas,
exercer a sua criatividade para falar de
experiências próprias e do lugar onde
vivem para um público específico – a Gêneros do discurso: Tipos relativa-
comunidade escolar, incluindo colegas, mente estáveis de textos (orais e escritos),
professores, funcionários e pais. Através que reconhecemos com base na nossa
desse mural, eles podem depois refletir experiência com diferentes textos em de-
mais uma vez sobre as representações terminadas áreas. Cada contexto de uso
de si próprios e do lugar onde vivem e da linguagem (quem fala, com quem,
como essas imagens podem alcançar com que objetivo, em que situação, em
outras pessoas. Se for possível, dê conti- que lugar, através de qual suporte, etc.)
nuação a esse trabalho, realizando a ta- determina as características do que é dito
refa de criação dos trailers proposta na e de que forma é dito. Entretanto, há al-
seção Para além da sala de aula! gumas características textuais que pode-
É importante que, ao final da uni- mos dizer que se repetem em condições
dade, o aluno tenha oportunidade semelhantes de produção. Por exemplo,
de produzir textos em inglês, com em um contexto familiar, um texto escrito
vistas a aumentar sua confiança pela mãe ou pai para os filhos, solicitan-
e autonomia em usar a LA para do que comprem algo no supermercado,
expressar suas ideias, valores e em geral, será escrito em um bilhete com
sentimentos. uma linguagem informal; um texto es-
crito por uma empresa de publi-
cidade para promover um novo
produto para a população pode
ter o formato de um panfleto com
alunos querem contar, ler e escrever comen- recursos visuais e linguísticos para
tários sobre os filmes discutidos na unidade, chamar a atenção e persuadir o
obter mais informações sobre filmes brasilei- leitor a comprar.
ros no exterior ou dar sua opinião sobre a
a se conhecerem e se descobrirem como Autoavaliação
autores e produtores e críticos quanto às re-
176 presentações de valores, ideias e costumes Para concluir a unidade, a autoavaliação
176
apresentados. cria uma oportunidade de reflexão sobre o
Para desenvolver as tarefas que propõem que foi aprendido. Desta forma, o aluno pode-
rá dar-se conta dos objetivos da unidade, do
buscas na internet, leve os alunos para o la-
que aprendeu, do processo de aprendizagem
boratório de informática e solicite que, em (em grupo, sozinho, fazendo exercícios escri-
duplas, visitem os sites indicados. Eles podem tos ou orais, etc.), do que precisaria reforçar e
anotar novas informações sobre os filmes e do que ainda gostaria de aprender. Espera-se
selecionar comentários que achem relevantes também criar uma oportunidade para a refle-
ou que tenham gostado para compartilhar xão crítica sobre as práticas de participação e
com os colegas. aprendizagem em sala de aula.
Anotações
177
177
Anotações
178
178

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