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DESENVOLVIMENTO

2.3 Tratos culturais para o cultivo da cana-de-açúcar

Após a etapa do plantio, é necessário que a cultura seja amplamente


monitorada e receba os cuidados necessários para a promoção do seu perfeito
desenvolvimento, visando a geração de uma produção maximizada e com um índice
de perdas minimizado. Para que isso aconteça conforme planejado, os profissionais
responsáveis pelo monitoramento e cuidado das culturas devem entrar com o
processo de tratamento cultural das espécies vegetais, onde serão trabalhados a
nutrição mineral das culturas e o processo de irrigação das mesmas.
No processo de nutrição mineral, trabalha-se a adubação do solo, que pode
ser realizada com dois objetivos distintos: o primeiro, que tem como foco principal
recuperar a fertilidade do solo onde a cultura está alocada (denominada adubação
de restituição ou recuperação da fertilidade), onde realiza-se uma análise do solo e,
posteriormente, cálculos que tem como objetivo elevar o teor dos principais
nutrientes das plantas. Já o segundo objetivo visa repor todos os nutrientes que
foram extraídos ou exportados pelos cultivos (denominada adubação de
manutenção da fertilidade).
Quanto à sua origem, os adubos podem ser classificado da seguinte maneira:
 orgânicos;
 naturais;
 químicos.
Quanto à sua composição, os adubos podem ser classificados da seguinte
maneira:
 nitrogenados;
 fosfatados;
 potássicos;
 mistos.
A adubação também pode ser classificada de acordo com a origem e
composição dos adubos utilizados que, nesse caso, recebe a mesma classificação
dos adubos. Mas a adubação também é classificada em função da época de
aplicação do adubo: adubação de fundação e adubação de cobertura. A adubação
de fundação deve ser feita no fundo do sulco ou da cova, antes ou
concomitantemente ao plantio. A adubação de cobertura deve ser feita na época em
que a cultura mais necessita do nutriente. A mesma tem como finalidade completar o
restante dos níveis de nutrientes ou até mesmo adicionar nutrientes que não foram
colocados na fundação.
A adubação da cana-de-açúcar, assim como de outras culturas utilizadas
como produto exploração comercial, tem como objetivo evitar que a produtividade
seja atingida pela deficiência de um dos nutrientes essenciais ao bom crescimento e
desenvolvimento das plantas. No que tange à época de aplicação dos adubos,
normalmente realiza-se uma adubação de fundação (antes ou por ocasião do
plantio) e outra de cobertura, entre 60 e 90 dias após o plantio.
Na adubação de fundação geralmente se coloca apenas o adubo fosfatado e
o restante do adubo ou elementos químicos requeridos (potássio e nitrogênio) é
colocado em adubação de cobertura. Entretanto, devido ao aumento do valor da
mão de obra utilizada para a realização do procedimento, já se recomenda também
a aplicação do potássio em fundação e, em algumas circunstâncias, pode-se colocar
até o nitrogênio na fundação. De acordo com Casagrande (1991) a ordem de
absorção dos minerais pela cana-de-açúcar, geralmente é: K > N > Ca > Mg > P > S,
sendo que em alguns tipos de solo as ordens de absorção do K e do N, P e do S
podem ser invertidas. Os micronutrientes mais absorvidos são: Fe > Zn > Mn > B ≥
Cu.
Rodrigues (1995) evidencia que o pico de absorção da maioria dos nutrientes,
em cana-planta, acontece a partir dos nove meses após o plantio. Para cana-soca,
esse pico ocorre a partir dos seis meses após o corte.
Outro aspecto que deve ser mencionado nos tratos culturais para o cultivo da
cana-de-açúcar é o processo de irrigação. A cultura submetida a um déficit hídrico
tem seu crescimento alterado em diversos aspectos. As principais alterações
analisadas são a redução do tamanho da área foliar e da produtividade da cultura.
Segundo Kramer (1983), o déficit hídrico de uma cultura pode ser causado tanto
pela perda excessiva como pela pequena absorção de água, ou ainda, pela
associação desses dois fatores. O último tem um papel predominante no
crescimento da cultura.
O período crítico da cana-de-açúcar, ou seja, aquele em que há maior
exigência de água por parte da planta, corresponde ao período máximo de
crescimento vegetativo, o que ocorre nos primeiros oito meses de vida. A
necessidade hídrica da cana-de-açúcar, segundo Doorenbos e Kassan (1979), é de
1500 a 2500mm por ciclo vegetativo. A precipitação nas áreas canavieiras do Brasil
varia de 1.100 até mais de 1.500 mm anual. Entretanto, é necessário que a
distribuição seja de tal forma que haja água com abundância no período de
crescimento vegetativo e um período seco durante a maturação, o que proporciona
maior acúmulo de sacarose. Para Doorenbos e Kassan (1979), produções em áreas
irrigadas em torno de 100 a 150 t/ha demandam de 1.500 a 2.000 mm por ciclo de
365 dias.

REFERÊNCIAS

CASAGRANDE, S. A. Tópicos de Morfologia e Fisiologia da Cana-de-Açúcar.


Jaboticabal: FUNEP, 1991. 157 p.

DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Yiels Response to Water. Rome: FAO, 1979.


306 p. (Irrigation and Drainage Paper, 33) – Tradução livre.

KRAMER, P. J. Water Relations of Plants. New York: Academic Press, 1983. 489
p. – Tradução livre.

RODRIGUES, J. D. Fisiologia da Cana-de-Açúcar. Botucatu: Instituto de


Biociências, 1995. 69 p.

SILVA, João Paulo Nunes da. Noções da cultura da cana-de-açúcar. Santa Maria:
Universidade Federal de Santa Maria, 2012. 105 p.

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