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São Paulo – O escritor angolano José Eduardo Agualusa é tido como o predileto
da presidente brasileira, Dilma Rousseff. Em seu livro Milagrário Pessoal (2010),
ele faz uma crítica às palavras fracas, muitas das quais lotam o vocabulário
corporativo.
Mas isso pouco acontece. As gírias que repetimos no trabalho, mostra o escritor,
pouco contribuem para a comunicação e não merecem a inclusão oficial em
nosso vocabulário. Veja o que ele diz neste trecho do livro: “Entre as palavras
recém-nascidas, a taxa de mortalidade é elevada. Muitas padecem de graves
defeitos congênitos. São frágeis, mal respiram, não resistem ao duro processo
da seleção natural”.
“A comunicação ruim é uma praga nas empresas”, afirma Edison Rosa, consultor
de comunicação, de São Paulo. De acordo com ele, muitos profissionais acham
que usar jargão o tempo todo transmite a ideia de domínio da área e impressiona
os colegas. “O problema é que, muitas vezes, a mensagem é simplesmente
ininteligível ou pedante”, diz o consultor.
Uma pesquisa feita no LinkedIn, rede social com mais de 135 milhões de
usuários — 6 milhões só no Brasil —, mostra que palavras como “inovador” e
“criativo” aparecem em mais de 3.000 perfis.
O mais grave, ela ressalta, é que a maioria dos profissionais não admite que
precisa melhorar. “Muitos ficam constrangidos de frequentar cursos porque
ocupam altos cargos”, diz Maria Clara.
A Fundação Fisk, por exemplo, oferece o curso Português sem Tropeços desde
o segundo semestre de 2008 e atualmente atende mais de 5.000 alunos em todo
o país. Dos matriculados, 70% vêm de empresas, principalmente das áreas
financeira e comercial, e a maioria é composta por gestores.
De acordo com Elvio, embora a cobrança pelo segundo idioma seja alta no
mercado, o profissional não pode descuidar da própria língua. “Quem não tem o
domínio do português com certeza será malvisto”, afirma. “Há deficiências
graves em concordância verbal e nominal e referentes à nova ortografia.”