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Oferenda a Iemanjá

No tempo que o povo Egbá vivia às margens do rio Yemoja existia a prática de ofertar ao rio
uma parte da colheita daquele ano, eles acreditavam que assim o rio ficaria calmo e não teriam
cheias que destruíssem a vila. Por questões de lutas territoriais, o povoado migrou para as
margens do Rio Ògún, tornando-o a nova morada de Yemanjá.

No seu culto original, esta orixá é associada aos rios, maternidade, regente da pesca, colheita e
plantio de inhame. Há estudos mais elaborados sobre os itãs sendo interpretados pelo
histórico político-cultural da época que nos revela uma Iemanjá muito diferente do que
estamos acostumados, seria uma divindade movida pelo ódio aos seus inimigos, à fúria das
águas e um ciúme possessivo; o que tornou Iemanjá esta figura maternal, carinhosa e receptiva
(a grande mãe) foi a união da figura dela a diversos outras Orixás e divindades de outras
religiões, além do sincretismo da mesma com várias “Nossas Senhoras” e até a Virgem Maria.

Pra nós, Iemanjá nada mais é do que uma energia parte de Deus, sincretizada na figura desta
Orixá e de Nossa Senhora. Sua vibração de forma bem generalizada seria de uma energia
maternal ou de família, o conceito de porto seguro e lar. Tanto no aspecto de ser a energia que
conforta tirando todas as mazelas e inseguranças, quanto a que renova, direcionando e
gerando energia. Na Umbanda ainda ligamos muito a própria figura do mar, neste mesmo
conceito de renovação e ciclos rápidos. Seu campo sagrado é a água do mar, mas logicamente
nem toda água salgada é sagrada. Um mar que já foi invadido pela comercialização, poluição,
grande circulação de pessoas... não consegue mais manter tal energia, sendo assim é preciso
escolher bem o local para fazermos a oferenda, e por se tratar de um campo santo, é nosso
dever ter todo o respeito e preservação com o ecossistema e energia do local (já que uma coisa
é ligada a outra).

Como fazer oferenda sem agredir o campo sagrado?

Na hora de ofertar para Iemanjá, devemos ter a consciência do que pode ser prejudicial aos
seres vivos que fazem parte daquele sistema. Desta forma, materiais como vidros, plásticos,
isopor, devem ser evitados. Para isso, escolhemos materiais naturais para nossa oferenda. Se
for oferecer alguma bebida você pode utilizar a quenga de coco, fazer um copo de bambu ou
até a casca de alguma fruta (maracujá, melão, abacaxi); no lugar de prato - folha de bananeira,
trançado de palha de coco, casca de melancia, mamão, folha de mamona, imbaúba; quanto ao
perfume e champanhe, em último caso derrame o líquido e descarte a embalagem no lixo,
você pode borrifar um pouco do perfume e do champanhe nas flores e ofertar para Iemanjá.

Preservemos a casa de Iemanjá, o seu ponto de força, sagrado e divino!

O que e por que ofertar?

Flores – Por quê? Sinônimo de devoção, fé e amor pela Orixá. As flores têm importância para
nós porque representam a conclusão de um ciclo vital da planta, pois são elas que dão início
aos frutos. Ela transborda energia de transformação.
Como? Dê preferência a elas, são orgânicas e servem de alimento para os peixes (Palmas
brancas, rosas brancas, angélica, crisântemos, colônia e orquídea brancas). Você pode levar as
flores para energizá-las e usar como banho ou “decoração” no ambiente. Também pode ofertá-
las como fechamento de ciclos, despachando-as no mar.

Perfume de alfazema – Por quê? O perfume de alfazema é um dos elementos mais utilizados
na Umbanda por sua versatilidade, deve ser ofertado no intuito de afastar as más energias,
purificar e energizar.

Como? No intuito de purificação e limpeza, é recomendado que a pessoa passe nela mesma
(inclusive nos chácras) e despeje o mínimo possível no mar. Pra energizar as flores que irão
retornar ao lar, o ideal é que borrife um pouco do perfume para fazer a assepsia das mesmas.

Champanhe – Por quê? O champanhe é uma bebida associada à prosperidade, riqueza. Apesar
de não existir esta bebida no passado, ela é ofertada para Iemanjá nos pedidos de fartura.
Lembrando que isto não deve ser feito pensando na fartura e riqueza material.

Como? Coloque em um copo biodegradável para fazer a oferta na areia ou passe no corpo. Ou
dê 3 golinhos se sentir que deve.

Comidas – Por quê? As comidas concentram uma grande quantidade de energia, já que
acumulou desde a compra dos materiais, a feitura, e o próprio processo de ofertar.
Geralmente são utilizadas para os pedidos de novas bênçãos e novos rumos. É preciso se
atentar na responsabilidade do preparo deste tipo de oferenda.

Como? Você pode ofertar arroz branco com mel ou manjar, colocar na folha de bananeira e ao
fim, consumir.

Velas – Por quê? Quando um filho da Umbanda acende uma vela ele abre em sua mente as
portas do subconsciente, decide trabalhar os seus poderes mentais acesos pela chama da vela.
A vela transborda a nossa fogueira interna, liga-nos a nossos ancestrais e aos nossos guias.
Quando um fiel acende a vela, a energia emitida pelo seu corpo e pela chama do fogo vibra de
maneira intensa, estabelecendo uma conexão muito forte com a entidade que deseja.

Como? Velas azuis ou brancas. Devemos vigiar a vela para que não cause incêndio e lembrar de
recolher a parafina ou levar pra ela terminar de queimar no terreiro.

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