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Avaliação: funções,
categorias e critérios
Ponto de partida
>> Refletindo
Lembre-se: a sua reflexão é individual! Não precisa ser enviada aos tutores.
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Roteiro do conhecimento
É pela avaliação que o professor pode exercer uma postura crítica em relação
ao seu próprio trabalho, bem como realizar os ajustes necessários para que os
alunos vençam os desafios educacionais.
Legenda: O processo de avaliação é praticamente naturalizado, embora seja uma construção cultural.
Imagem: 123RF (2014).
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Refletindo
A avaliação não ocorre somente de maneira formal: avaliar ris-
cos, pesar prós e contras ou realizar avaliações em frações de
segundos são ferramentas para a tomada de decisões. Relem-
bre situações nas quais você agiu – ou deixou de agir! – a partir
das avaliações que realizou. Pense: as avaliações também po-
dem estar incorretas. Isso já ocorreu com você?
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Ao final de uma etapa, ou mesmo no final do ano, as pessoas costumam rea-
lizar uma retrospectiva de suas vivências, conquistas e realizações: esse é um
processo de avaliação – e, como ocorre em toda avaliação, os seus critérios não
são universais. Por exemplo: para algumas pessoas, concluir o ano gozando de
perfeita saúde nem sempre é objeto de avaliação. Para outras, que enfrentam
situações de doenças ou acidentes, esse item terá um peso expressivo para
avaliar sua qualidade de vida. Perceba que esse processo envolve uma práti-
ca de ação – reflexão – ação: as experiências passadas, após um filtro crítico
(avaliação), impulsionam os procedimentos que serão adotados no presente e
no futuro.
Essa abordagem pode ser transposta para a prática docente e é ancorada teo-
ricamente, como você verá a seguir.
Ampliando os horizontes
Para saber mais sobre o processo de avaliação, faça a leitura do
artigo “A Avaliação Educacional”, de Ana Maria Saul (1994).
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Para Rabelo (1998), a avaliação pode ser categorizada de acordo com variáveis
diversas. Confira.
Legenda: As avaliações podem ser classificadas em sete categorias, segundo Rabelo (1998).
Fonte: Elaborada pela autora (2014).
Na prática
Converse com um professor da rede pública e verifique se essas
diferentes instâncias avaliativas encontram-se na prática peda-
gógica dele. Tente descobrir quais delas ocorrem com mais fre-
quência na rotina do educador.
Perceba que uma dada avaliação pode ser classificada em mais de uma cate-
goria: pontual, externa, formal e quantitativa, por exemplo. Tudo dependerá da
estratégia e do planejamento realizados pela instituição e pelos professores.
2.2 Funções
A avaliação, embora tenha como um de seus objetivos verificar a aprendiza-
gem dos alunos, não pode ser reduzida a um simples exame: ela possui dife-
rentes funções, entre as quais se destacam as funções diagnóstica, formativa e
somativa. Essa classificação foi primeiramente definida na década de 1980 por
teóricos liderados por Benjamin Bloom.
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Ampliando os horizontes
Para conhecer mais sobre a Taxonomia de Bloom, leia o artigo
“Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das ade-
quações do instrumento para definição de objetivos instrucio-
nais”. Você terá uma visão revista e atualizada das propostas de
Bloom a partir de pensadores contemporâneos.
Ampliando os horizontes
Conheça como a avaliação pode enriquecer a prática escolar
quando acompanha o uso do portfólio como abordagem para
diagnosticar, formar e somar no processo de ensino-aprendi-
zagem. Assista ao vídeo “Didática Geral: avaliação”, que mos-
tra um case pioneiro sobre o uso de portfólios como método
de avaliação. Trata-se da Escola Municipal de Educação Infantil
Professora Carolina Ribeiro, em São Paulo.
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Figura 4.4 – Funções da avaliação
Legenda: Das funções mais tradicionais, como a classificatória, até as mais emancipadoras, a
avaliação é uma ferramenta que necessita estar presente no planejamento do educador.
Imagem: 123RF (2014).
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Figura 4.5 – Avaliação classificatória
Ampliando os horizontes
Assista ao vídeo “Caminhos e descaminhos da avaliação” e ob-
serve como o processo avaliativo ocorre na prática.
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Quanto mais informações o professor dispuser a respeito do nível de conheci-
mento e das experiências vivenciadas pelos educandos ao planejar seu traba-
lho, maiores serão as chances de obter êxito na ação educativa.
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) endossam essa abordagem:
Ampliando os horizontes
Aassista ao filme “O triunfo, Parte 3 – Avaliação diagnóstica”, e
reflita: Qual a relação da atitude do professor com o conceito
de avaliação diagnóstica?
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2.5 Função formativa
A função formativa é assim denominada porque o processo avaliativo está no
centro do processo de formação. Também é denominada de observação for-
mativa. O modelo de avaliação formativa não é novo. Nova é a ênfase que vem
sendo atribuída a ele, porque transporta para o aprender a centralidade que
era dada ao ensinar e retira a responsabilidade pelo sucesso educacional dos
ombros do professor (exclusivamente), repartindo-a com os educandos. No
entanto, esse modelo de avaliação exige que o professor esteja atento a todas
as etapas e aos momentos do processo de ensino-aprendizagem.
A Lei nº 9394/1996 (LDB), em seu art. 24, inciso V, estabelece, como regra ge-
ral para o Ensino Fundamental e Ensino Médio, que devem ser observados os
seguintes critérios:
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A expressão “avaliação contínua e cumulativa” e a recomendação para prio-
rizar “aspectos qualitativos sobre os quantitativos” representam um forte in-
dicador para que os sistemas educacionais adotem a avaliação formativa do
desempenho dos alunos.
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Segundo Luckesi (2011), a avaliação formativa apresenta também uma dimen-
são diagnóstica e prognóstica, pois se trata de um contínuo refazer que diag-
nostica as características dos alunos e o nível de suas aprendizagens, permi-
tindo que o docente “calibre” suas ações. Por meio dela, o professor percebe
os níveis de aprendizagem de seus alunos. A avaliação deixa de ser um instru-
mento de punição, classificação, reprovação ou aprovação para transformar-
-se em instrumento de autoconhecimento para o aluno e para o professor.
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Elementos da avaliação formativa
Diálogo: o diálogo é parte essencial da avaliação formativa. Ele permite ao
educador compreender a percepção dos alunos sobre a sua aprendizagem e
contribui para deslocar o foco do ensino fundamentado na memorização e
centralizá-lo na aprendizagem significativa. O docente, com uso de diferentes
instrumentos, detecta quais as melhores estratégias para garantir que os ob-
jetivos, previstos no Projeto Político-Pedagógico e desdobrados nos Planos de
Curso e Plano de Trabalho do professor, sejam alcançados.
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Ampliando os horizontes
Leia o artigo de Jussara Maria Lerch Hoffmann “Avaliação me-
diadora, uma relação dialógica na construção do conhecimen-
to”, para aprofundar seus conhecimentos acerca desse tema.
Você também pode conhecer mais sobre o assunto na resposta
fornecida por Cipriano Carlos Luckesi, em 2005, no 4º Seminá-
rio de Educação Profissional do SENAC de Goiás, sobre o uso de
notas e conceitos nos processos de avaliação formativa.
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Mas o que diferencia, então, a função somativa da avaliação realizada por meio
de um exame, no final do curso? A diferença certamente está na metodologia
utilizada. Na função somativa, são realizadas várias avaliações, com emprego
de diversos mecanismos, tanto para averiguar momentos específicos do pro-
cesso de ensino-aprendizagem quanto para mapear as múltiplas competências
que estão sendo trabalhadas. No entanto, a função somativa ainda é utilizada
como subsídio para a classificação, aprovação ou reprovação de educando, de
acordo com o resultado obtido – o que a torna objeto de críticas e ressalvas.
Esse objetivo não é recomendável, conforme preconiza a Lei nº 9394/1996, a
LDB, ao orientar para que os aspectos qualitativos sejam mais valorizados que
os quantitativos na avaliação escolar (BRASIL, 1996).
Na prática
A Escola Cidadã, em Porto Alegre, compreende a avaliação so-
mativa como o resultado das avaliações formativas, denomi-
nando-a sumativa, cuja etimologia remeteria a sumário e não
à soma. A escola orientada por Ciclos da Formação garante ao
aluno o direito à continuidade e ao término de seus estudos,
acompanhando o desenvolvimento da turma. Nessa linha de
pensamento, a avaliação sumativa não é classificatória, mas
diagnóstica do desenvolvimento do aluno e serve para orientar
sua progressão. Saiba mais sobre a experiência da Escola Cida-
dã.
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Embora a avaliação somativa possa servir para classificar, sua função não pode
se esgotar nela, conforme acrescenta o autor:
Refletindo
Considerando as funções diagnóstica e formativa da avaliação,
analise o processo vivenciado nos últimos anos do Ensino Mé-
dio, na escola onde você estudou. Qual era a ênfase predomi-
nante? De que forma isso colaborou para a sua formação?
Ampliando os horizontes
Assista ao vídeo “Avaliação de aprendizagem: formativa ou so-
mativa?” e verifique como duas escolas, com propostas diferen-
tes, aplicam esses dois processos.
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2.7 Critérios de avaliação
Para Luckesi (2005, s/p), critério
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Um exemplo prático da definição de critérios de avaliação pode ser encontra-
do nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências:
Ao analisar o critério explicitado acima, você percebe que ele contempla, além
do comportamento esperado do aluno, o nível de exigência e as funções men-
tais exigidas (descrever, identificar, avaliar, reconhecer, prever).
Legenda: O professor precisa explicitar aos alunos a forma e os critérios pelos quais serão avaliados.
Imagem: 123RF (2014).
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Para que o processo educativo deixe seu sentido unidirecional (o do ensino)
e se construa como uma via de duas mãos (com foco na aprendizagem), os
alunos devem ser informados sobre o que se espera deles ao final de uma uni-
dade ou um período letivo; por isso, é muito importante explicitar a forma e os
critérios pelos quais eles serão avaliados.
É evidente que não se pode separar a avaliação da perspectiva teórica que em-
basa o trabalho do professor: os critérios de avaliação alinham-se com a visão
de mundo, de sociedade e com as concepções de educação e de aprendizagem
trazidas pelo professor.
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O exercício que você deve fazer, como professor, ao elaborar os instrumentos
para coleta de dados para avaliação, é o de esclarecer, em primeiro lugar para
você mesmo, o que efetivamente está querendo verificar no que se refere aos
objetivos de aprendizagem. Assim, você terá informações claras para fornecer
aos alunos e a avaliação poderá ser um momento de aprendizagem e de auto-
conhecimento. Vamos aprofundar esses aspectos na próxima unidade.
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O que aprendemos
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Referências da unidade
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