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RESUMO

A utilização de biodigestores para o tratamento dos dejetos bovinos tem sido


incentivado por se tratar de um mecanismo de desenvolvimento limpo que alia
rentabilidade financeira ao desenvolvimento sustentável, uma vez que, além de
promover o tratamento correto dos resíduos agropecuários, produz biogás, uma
fonte energética alternativa. Entretanto, o biogás gerado na fermentação contém
sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás altamente tóxico e corrosivo, além de CO 2, que
reduz o poder calorifico do biogás, além de outros resíduos, sendo necessário a
utilização de filtros para a remoção dos contaminantes, evitando assim, a
danificação de equipamentos e o aumento dos custos com a manutenção e
substituição dos mesmos. Diante do exposto, o presente trabalho objetivou o
desenvolvimento de um estudo que fundamenta na transformação do processo de
enriquecimento de biogás, retirada de contaminantes e concentração de metano, em
um processo barato a partir da inserção de tecnologias de purificação ao alcance de
todos agropecuaristas. Para tanto, três sistemas de filtragem foram escolhidos para
efetuação de testes, a fim de comprovar suas respectivas eficiências e seus custos
benefícios. O primeiro sistema de filtragem consiste na inserção de FeCl 3 junto aos
dejetos na caixa de entrada, filtragem do biogás em um sistema de aspersão, em
uma solução de água – hidróxido de cálcio a 15%, seguido de filtragem por carvão
vegetal. O segundo sistema de filtragem trata-se da filtragem do biogás em um
sistema de aspersão, em uma solução de água – hidróxido de cálcio a 15%, seguido
de filtragem por carvão vegetal. O terceiro e último sistema de filtragem baseia-se na
adição de 4% de oxigênio no biogás, seguido de filtragem por uma solução de água
– mono-etanolamina a 10%, seguido de filtragem por carvão vegetal. Para a
produção do biogás será utilizado um biodigestor do tipo tubular “plug-flow”,
implantado na Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus de Ciências
Agrarias em Petrolina-PE, sendo que o biogás será utilizado como combustível para
alimentar um conjunto motogerador na geração de energia elétrica.

PALAVRAS-CHAVE: Meio-Ambiente; Sustentabilidade; Digestão Anaeróbia; Biogás;


Sistemas de Filtragem; Geração de Energia.

ABSTRACT
The use of anaerobic digesters for the treatment of cattle manure has been
encouraged because it is a clean development mechanism combining financial
profitability of sustainable development, since, in addition to promoting the proper
treatment of agricultural waste produces biogas, an energy source Alternatively.
However, the biogas generated during fermentation contains hydrogen sulfide (H2S),
a highly toxic and corrosive gas, and CO2, which reduces the calorific value of the
biogas, and other waste, necessitating the use of filters for removing contaminants ,
thus avoiding damage to equipment and increased maintenance costs and
replacement. Given the above, the present work was the development of a study
based on the transformation of biogas enrichment process, removal of contaminants
and methane concentration in a cheap from the inserting purification technologies
available to all ranchers. To this end, three filtration systems were chosen for
effecting tests to prove their efficiency and their cost benefits. The first filter system
consists in inserting with FeCl3 to the manure in the mailbox, filtering the biogas in a
sprinkler system in a water solution - calcium hydroxide to 15%, followed by filtering
charcoal. The second filtering system it is filtering the biogas in a sprinkler system in
a water solution - calcium hydroxide to 15%, followed by filtering charcoal. The third
and final filtration system is based on the addition of 4% oxygen in the biogas,
followed by filtering a solution of water - mono-ethanolamine and 10%, followed by
filtering charcoal. For the production of biogas will be used in a tubular digester "plug
flow", implemented at the Federal University of São Francisco Valley, Campus of
Agricultural Sciences in Petrolina-PE, and the biogas is used as fuel to power a set
Construction: the generation of electricity.

KEYWORDS: Environment; Sustainability; Anaerobic Digestion; Biogas; Filtration


Systems; Power Generation.

1. INTRODUÇÃO
Durante a evolução humana a energia sempre foi reconhecida como um dos
pilares do desenvolvimento. Atualmente o mundo se encontra em franca procura de
novas formas de energia, uma vez que as fontes convencionais são não renováveis
e altamente poluidoras, contribuindo de forma significativa para as emissões de
gases de efeito estufa.
O Protocolo de Kyoto vem em busca de melhorias no clima do planeta, desta
forma, os países desenvolvidos devem reduzir suas emissões de gases efeito
estufa, podendo promover estas reduções fora do seu território. Para isso, podem
desenvolver a alternativa do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, e esta
alternativa implica em assumir responsabilidade para reduzir as emissões de
poluentes e promover o desenvolvimento sustentável. São mecanismos de
investimentos pelos quais os países desenvolvidos têm metas de redução e
emissão, e aplicação de recursos financeiros em projetos que venham reduzir a
emissão de gases do efeito estufa. (GRZYBOWSKI 2005).
Acompanhando uma tendência mundial e especificações estabelecidas no
protocolo de Kyoto ratificado em 1997 foram criadas políticas para pesquisa,
desenvolvimento e incentivo de tecnologias que utilizam formas alternativas de
energia como: eólica, solar, hidráulica, biocombustível, biomassa, biogás e etc. O
agravamento das condições climáticas no planeta nas ultimas décadas, evidenciou a
necessidade de promover um desenvolvimento de forma sustentável.
O surgimento do mercado do crédito de carbono, a partir do Protocolo de
Kyoto, implantou limites de emissão dos gases efeito estufa para os países
industrializados. O acordo assinado em 1997 prevê a redução da emissão de gases
que produzem o efeito estufa, foi estipulada uma redução média de 5,2% para os
anos de 2008 até 2012, com base da emissão do ano de 1990. Os créditos de
carbono são certificados que autorizam empresas de países desenvolvidos o direito
de poluir, mas estas devem pagar por projetos (MDL) em países em
desenvolvimento GRZYBOWSKI (2005).
Tendo em vista o desenvolvimento de fontes limpas de energia o biogás
tornou-se uma das melhores alternativas pra tais fins. Sabendo que a matéria prima
para sua obtenção são dejetos que iriam poluir o meio–ambiente e que com
processos de digestão anaeróbica geram energia e biofertilizante, privando assim o
planeta de mais poluição.
Segundo SALOMON (2007), o processo de digestão anaeróbia apresenta-se
como uma interessante opção de tratamento de resíduos aplicada ao setor rural, nas
propriedades com criações de animais em confinamento. Como por exemplo,
bovinocultura, suinocultura, avicultura e etc.
O biogás consiste da fermentação de matéria orgânica e, é de cerca de 60%
de metano, 35% de dióxido de carbono e 5% de uma mistura de hidrogênio,
nitrogênio, amônia, ácido sulfídrico, monóxido de carbono, aminas voláteis e
oxigênio. (WEREKO-BROBBY; HAGEN, 2000).
Um dos grandes empecilhos para o uso em massa do biogás esta em sua
composição que além do metano, sua principal fonte de energia, apresenta os
demais componentes descritos acima que agem de forma a reduzir o seu potencial
energético, como o gás carbônico, e contaminantes, como o sulfeto de hidrogênio,
que é toxico e corrosivo. A partir disso em seu uso como combustível é necessário a
realização de um processo de purificação para a redução dos contaminantes antes
do processo de combustão.
A inserção de tecnologias de digestão anaeróbica está em alta, o Brasil deu
início a aplicação dessa tecnologia apenas nas últimas décadas, e principalmente
em regiões de alta produção agropecuária, como a região Centro-Oeste (34,6%) e
Norte (20,1%), maiores rebanhos bovinos do país, e as regiões Sul (47%) e Sudeste
(18%), maiores rebanhos suínos (IBGE, Censo Agropecuário 2010).
Segundo BECK (2007) as tecnologias mais sofisticadas de tratamento de
dejetos, como por exemplo, a separação de fases, tratamentos biológicos (lagoas
anaeróbias, e estabilizadoras), estão fora do alcance da grande maioria dos
produtores, visto seu custo de aquisição. Tendo em vista esses fatores, e a baixa
produção na agropecuária por causa do clima semiárido, a região Nordeste acaba
sendo privada, em parte, de investimentos em relação às demais regiões do país.
Desta forma uma implantação com uma baixa produção de biofertilizante e
principalmente biogás seria possível desde que, todo o processo, envolvendo
materiais, mão-de-obra e instalação fosse barateado, o que tornaria essa uma
solução viável, inserindo assim essa região castigada pela seca e miséria, no
contexto das novas tecnologias.

2. IMPACTOS DOS DEJETOS AO MEIO


O meio ambiente, tem se reconstruído e se reorientado desde tempos
remotos, como a Era Glacial, porém a ação humana tem mudado esse percurso,
enquanto a Terra levava de mil a centenas de milhares de anos para se recompor, o
ser humano está destruindo em séculos, desde a Revolução Industrial, na qual se
procurou uma busca incessante de recursos para produção em massa, sendo a
energia um dos aspectos fundamentais para esse crescimento, e também para a
poluição do meio.
A poluição ambiental tornou-se assunto de interesse público em todas as
partes do mundo. Não apenas os países desenvolvidos vêm sendo afetados pelos
problemas ambientais, mas também as nações em desenvolvimento começam a
sofrer os graves impactos decorrentes da poluição (BRAILE & CAVALCANTI, 1993).
A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera oscilou entre 200 e
280 ppm durante 400 mil anos. Já a partir da Revolução Industrial, seguida do
aumento de riqueza e do crescimento populacional do planeta, esse valor se elevou
rapidamente, estando a 392 ppm, sendo o limite considerado seguro de 350 ppm.
Caso a concentração de CO2 se estabilize em 450 ppm, a chance é de 60% de
manter a elevação da temperatura em 2ºC (NASA/Eath Policy Institute).
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) criou uma
estimativa do que pode acontecer no planeta caso a temperatura aumente ainda
mais, como atualmente ela está em torno de 0,8ºC acima da média, caso aumente
2ºC os impactos irão acelerar gradativamente, a 3ºC, ocorrerá o derretimento de
geleiras, recifes de corais começarão a desaparecer, a 4ºC, escassez de água,
queda na produtividade agrícola, a 5ºC, derretimento das calotas polares,
desaparecimento de várias cidades litorâneas, a 6ºC, extinção de espécies,
tempestades constantes, aumento das áreas desérticas, desaparecimento da
Floresta Amazônica, ondas de calor.
Os principais causadores desse processo são principalmente as nações mais
desenvolvidas, sendo a China a maior poluidora atualmente, as poluições são
decorrentes da queima de combustíveis, desmatamento, produção industrial,
poluição por dejetos em geral, que lançam gases de efeito estufa em uma carga
gigantesca na atmosfera, e a redução das florestas destrói o redutor natural de CO2
do ar, as plantas. Dentre esses fatores, a geração de dejetos e produção de energia
é algo que é estritamente necessário para a vida humana, porém com consciência,
por isso a procura por novas tecnologias que venham a solucionar ou reduzir o
problema é prioridade para cientistas e todo o planeta atualmente, e há algumas
décadas, o tratamento de dejetos, e a geração de energia a partir dele é um dos
grandes focos de pesquisa, isso pela grande carga de biomassa produzida no
planeta, e seu poder energético.
A biomassa é definida como toda matéria orgânica de origem animal e
vegetal, formada pelo processo de fotossíntese, que ocorre na presença da luz. Ao
contrário da energia dos combustíveis fósseis, a biomassa é renovável e pouco
contribui para o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera terrestre, ou melhor, a
maior parte do CO2 liberado durante o uso da biomassa, é absorvida novamente no
processo de fotossíntese para formação da mesma (SOUZA et al., 2004).
Dentre as atividades agropecuárias desenvolvidas pelos seres humanos, a
bovinocultura, a suinocultura e a avicultura, quando manejadas em regime de
confinamento e semi-confinamento, são capazes de produzir dejetos e ou resíduos
que podem interferir na integridade do meio ambiente (COLEN, 2009).
O aumento da demanda por produtos de origem animal tem provocado a
exploração intensiva de animais que são agrupados em grande número, produzindo
grande quantidade de dejetos em pequenas áreas, gerando problemas tanto para
seu tratamento e disposição, quanto de poluição ambiental (VIEIRA, 1991; CAMPOS
et al.,2003). Conforme Paula Jr e Moraes (2004) os resíduos da agropecuária se
constituem de dejetos (urina e fezes), material usado nas camas dos animais, água
de limpeza de instalações, restos de animais (pelos, penas, células mortas), etc.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) mostram
que o rebanho brasileiro, nos anos 2006 a 2007, era constituído de 1.406.163.415
animais, sendo que deste 80,75% eram animais de pequeno porte como as aves de
corte e postura, codornas e coelhos; 14,86% eram animais de grande porte como
bovinos, equinos e bubalinos e 4,38% eram de médio porte como os suínos.
Das alternativas existentes para o manejo de dejetos, o seu tratamento em
muitos casos apresenta-se como única alternativa para viabilizar ambientalmente a
atividade. Esta prática via de regra não é muito bem aceita pelos produtores
sofrendo resistência para sua aplicação. Os motivos para isto se devem,
primeiramente ao fato do dejeto animal sempre ter sido visto pelo homem como um
fertilizante do solo, tornando o tratamento desnecessário e em segundo lugar, pela
necessidade da aplicação de recursos financeiros, nem sempre desejável pelo
responsável pela atividade.
O lançamento direto de esterco de bovinos, sem o devido tratamento, ao meio
ambiente acarreta um grande impacto ambiental nas propriedades rurais uma vez
que quando estes resíduos entram em rios e lagos, ocasionando a morte de peixes
e microrganismos, devido à redução do teor de oxigênio dissolvido na água,
disseminação de patógenos e contaminação das águas potáveis com amônia,
nitratos e outros elementos tóxicos. As contaminações não estão restritas apenas a
rios e lagos, atingindo também outras fontes naturais como os lençóis freáticos e o
próprio solo.
A quantidade de dejetos produzidos varia com o peso vivo dos animais, já a
água ingerida vai influenciar a produção de urina, variando a quantidade de dejetos
líquidos.

Tabela 01 - Produção diária de resíduos líquidos e estercos de diversos animais.


Resíduo Umidade Suíno Gado de Gado de Frango de Ovinos
Corte Leite Corte
Liquido % dia (função 5,1 4,6 9,4 6,6 3,6
do peso vivo)
Sólido Kg.animal/dia 2,3 – 2,5 10 – 15 10 – 15 0,12 – 0,18 0,5 – 0,9
Fonte: KONZEN,1980; OLIVEIRA , 1993; adaptado por SOLOMON 2007.

Tabela 02 - Quantidade de rejeitos, para produção de 1 m3 de biogás.


Matéria Prima Quantidade (kg/m³ de biogás)
Esterco fresco de bovinos 25
Esterco seco de galinhas 2,3
Resíduo seco de vegetais 2,5
Esterco seco de suíno 2,86
Fonte: CASTONÓN, 2002 citado por SALOMON, 2007.

Tabela 3 – Indicadores de conversão em metano, para diferentes fontes de resíduos orgânicos.


Resíduo Orgânico Unidade Indicadores Fonte
Resíduo de ETE´s m³ CH4.kg-1 DBO5 0,03 VIEIRA et al., 2002
Dejetos de bovinos m³ CH4.kg-1 0,04 CASTANÓN, 2002
Dejetos de suínos m³CH4.kg-1 0,35 CASTANÓN, 2002
Pauletti (2004) também descreve a quantidade de dejetos produzidos por dia
por bovinos com peso de 453 kg, sendo 23,5 kg de esterco e 9,1 kg de urina. Relata,
inclusive, a distribuição dos minerais consumidos por vacas em lactação: 10% é
retido pelo animal e 90% sai na forma de urina e fezes; 25% do nitrogênio é retido,
18% sai pelas fezes e 57% sai pela urina.
Tabela 04 - Forma de excreção dos nutrientes ingeridos, por bovinos (% do total excretado).
Materiais Estrume Sólido Fezes + Urina Chorume
pH 7,0 a 7,5 6,8 a 7,5 7,0 a 7,5
MS (%) 45 a 70 12 a 15 10 a 15
N (Kg/m³) 12 a 25 4,5 a 6 1,5 a 2,5
P2O5 (Kg/m³) 8 a 12 2,1 a 2,6 0,6 a 1,5
K2O (Kg/m³) 8 a 15 2,8 a 4,5 1,5 a 3
Fonte: KONZEN & ALVARENGA, 2007.
O emprego de tecnologia para o tratamento dos dejetos é possível e
desejável, uma vez que contribui para preservação do meio ambiente, viabiliza os
modernos sistemas de produção e otimiza a relação entre custo benefício do
empreendimento. As modernas técnicas de produção agropecuária têm permitido
um contínuo aumento na eficiência produtiva de alimentos e de insumos. Países que
dispõem de melhor tecnologia conseguem reduzir a área, o número de animais e a
quantidade de mão-de-obra necessária à produção agrícola. Da mesma forma, o
uso racional dos insumos e o correto manejo dos resíduos permitem otimizar os
sistemas produtivos de maneira a se obter convívio harmonioso entre o homem e o,
meio ambiente (HARDOIM e GONÇALVES,2003).
Verifica-se que é extremamente necessário promover a reciclagem dos
resíduos, visando minimizar os problemas ambientais ocasionados pelos mesmos.
Um dos métodos de reciclagem é o tratamento biológico anaeróbio, onde os dejetos
são estabilizados e produzem biogás e biofertilizante.

3. DIGESTÃO ANAÉROBICA

O processo de utilização de dejetos como fonte energia e biofertilizante, não é


relativamente recente. Em 1776 Alexandre Volta, pesquisador italiano, constatou a
existência do gás metano incorporado ao chamado "gás dos pântanos", como
resultado da decomposição de restos vegetais em ambientes confinados.
Pela literatura existente, o primeiro biodigestor posto em funcionamento
regular na Índia foi no início deste século em Bombaim. Em 1950, Patel instalou,
ainda na Índia, o primeiro Biodigestor de sistema contínuo. Na década de 60, Fry,
um fazendeiro, desenvolveu pesquisas com biodigestores da África do Sul.
(SGANZERLA, 1983, p. 8)
O Primeiro tipo de Biodigestor a batelada – recebe uma carga de biomassa e
só é esvaziado após a total conversão da biomassa em biofertilizante e biogás - foi,
segundo Seixas et al (1980, p. 6-7), "posto em funcionamento regular em Bombaim,
em 1900. Durante e depois da Segunda Grande Guerra, alemães e italianos, entre
os povos mais atingidos pela devastação da guerra, desenvolveram técnicas para
obter biogás de dejetos e restos de culturas"
Os chineses interessaram-se pelos biodigestores por questões militares
geradas pela segunda guerra. Mas, atualmente por questão da alta taxa
populacional do país que, por motivos sociais mantém uma agricultura familiar, a fim
de evitar uma evasão em massa do campo para a cidade, utilizando o biofertilizante
neste modelo de agricultura.
Destes dois países nasceram dois dos principais modelos de biodigestores, o
indiano e o chinês. O modelo Chinês consiste de um modelo mais barato pra
atender as famílias e o modelo indiano visa à obtenção de energia sendo assim
muito mais caro.
Atualmente, o modelo de biodigestor mais difundido no Brasil é aquele feito
de manta de PVC, de menor custo de implantação, fácil instalação, em relação aos
modelos antigos, alta capacidade de retenção de resíduos, eficiência no
aproveitamento de biogás e redução da carga poluente, com a vantagem de poder
ser utilizado tanto em pequenas, quanto em grandes propriedades e projetos
agroindustriais.
Os sistemas de tratamento anaeróbios são mais apropriados como uma
primeira etapa no tratamento de efluentes com elevadas concentrações de matéria
orgânica, como por exemplo, é o caso específico dos efluentes de confinamentos de
vacas leiteiras. A remoção de DBO é satisfatória, ocorre sem gasto de energia
elétrica e com a utilização de reduzidas áreas de implantação (VON SPERLING,
1998).
Tabela 05 – Produção de Biogás a partir de resíduos pecuários
Espécie pecuária Unidade referência Produção especifica Produção diária
de biogás
(m³/animal/dia)
(m³/kg SV)
Porca reprodutora 0,45 0,866
em ciclo fechado
Suínos Porca reprodutora 0,45 0,933
em criação de leitões
Porco em exploração 0,45 0,799
de engorda
Vaca leiteira com 0,28 0,980
600 kg de peso
Bovinos Bezerro até 150 kg 0,28 0,294
de peso
Bovino engorda 0,28 0,292
entre 120 a 520 kg
de peso
Galinha poedeira em 0,46 – 0,77 0,010 – 0,017
baterias (2 kg)
Galináceos Frango engorda (até 0,13 – 0,26 0,001 – 0,002
1,5 kg)
Cavalo adulto com 0,28 1,225
Equídeos 400 a 500 kg de
peso
Fonte: SANTOS, 2000.

O processo da biodigestão anaeróbica envolve reações bioquímicas


realizadas em basicamente três estágios (hidrólise, fermentação acidogênica e
metanogênica), por diversos tipos de bactérias, na ausência de oxigênio. O grupo de
bactérias fundamental nesse processo é o grupo de bactérias metanogênicas, que
atuam na última etapa, formando o metano (CH 4) (LUCAS JUNIOR, 1994).
A temperatura também é um fator de grande influência ao processo. A
temperatura ótima, ou seja, aonde o crescimento é máximo, é de 30 a 35 ºC na faixa
mesofílica e de 50 a 55 ºC na faixa termofílica, apesar da formação de metano
ocorrer em uma faixa bastante ampla de 0 a 97 ºC (CHERNICHARO, 1997). Além da
temperatura, fatores como pressão, DBO, teor de sólidos, origem dos dejetos e
nutrientes, segundo LETTINGA et al., (1996), em ordem decrescente de importância
é necessário o fornecimento de nitrogênio, enxofre, fósforo, ferro, cobalto, níquel,
molibdênio, riboflavina e vitamina B12, para garantir sua eficiência.
Um dos subprodutos da digestão anaeróbica, o biofertilizante, constituindo
principalmente de água (entre 90 e 95%), contendo de 5 a 10% de matéria seca, o
que corresponde a 1,5 a 4% de nitrogênio (N), 1 a 5% de fosfato (P 205) e 0,5 a 3%
de potássio (K20) de acordo com a matéria a que lhe deu origem. Trata-se de um
adubo orgânico inodoro, isento de agentes causadores de doenças e pragas às
plantas e contribui no reestabelecimento do teor de húmus no solo, melhorando as
propriedades químicas, físicas e biológicas deste.
Ao passar pelo biodigestor, segundo KUNZ et al. (2005) o efluente perde
carbono na forma de metano e CO 2 (diminuição na relação C/N da matéria
orgânica), o que melhora as condições do material para fins agrícolas em função do
aumento da mineralização de alguns nutrientes.
Segundo MEDEIROS & LOPES (2006), os biofertilizantes possuem
compostos bioativos, resultantes da biodigestão de compostos orgânicos de origem
animal e vegetal. Em seu conteúdo são encontradas células vivas ou latentes de
microrganismos de metabolismo aeróbico, anaeróbico e fermentação (bactérias,
leveduras, algas e fungos filamentosos) e também metabólitos e quelatos
organominerais em solutos aquoso.

4. BIOGÁS

4.1. Formação do Biogás

A formação do biogás é comum na natureza. Assim, ele pode ser encontrado


em pântanos, lamas escuras, locais onde a celulose sofre naturalmente
decomposição. O biogás é um produto resultante da fermentação, na ausência do
oxigénio, de dejetos animais, resíduos vegetais e de lixo orgânico industrial ou
residencial, em condições adequadas de humidade e temperatura.
A produção do biogás, a partir da biomassa, começa a se processar por volta
de 20 dias, aumentando até chegar ao máximo na terceira semana e
consequentemente diminuindo lentamente durante o período de fermentação e, para
não ocupar o biodigestor nas fases de produção mínima, que pode atrapalhar o bom
andamento de todo o processo, é viável programá-lo para um período de produção
de 5 a 6 semanas (ARRUDA et al., 2002).
A produção inicial do biogás contém muito dióxido de carbono (CO 2), sendo
totalmente inviável sua imediata utilização, devendo ser eliminado através da válvula
de escape, esvaziando dessa forma o gasômetro até a metade e, a partir de então,
pode-se utilizar normalmente o biogás. Para uma melhor produção de biogás com
maior teor de metano, o substrato utilizado deve apresentar uma relação
carbono/nitrogênio (C/N) em torno de 20 a 30/1, ou seja, 20 a 30 vezes mais
carbono do que nitrogênio. Com excesso de carbono, ocorrido em resíduos com
muito material celulósico, o biogás terá em sua mistura alta concentração de dióxido
de carbono (CO2) e pouco metano (CH4). O mesmo pode ocorrer se a matéria-prima
tiver em sua composição muita urina e sangue (COMASTRI FILHO, 1981).
A conversão anaeróbia de substratos orgânicos, desde a hidrólise até a
produção do biogás, é realizada por bactérias quimioheterotróficas não
metanogênicas e bactérias metanogênicas. A conversão anaeróbia envolve
processos metabólicos complexos, que ocorrem em etapas sequenciais e
simbióticas, dependendo ainda da atividade de quatro grupos de microrganismos
distintos: bactérias hidrolíticas, acidogênicas, acetogênicas e metanogênicas
(AQUINO; CHERNICHARO, 2005).
A maioria dos microrganismos acidogênicos fermenta monossacarídeos,
aminoácidos e ácidos graxos oriundos da hidrólise da matéria orgânica complexa,
produzindo consequentemente ácidos graxos de cadeia curta como ácido acético,
propiônico e butírico; alcoóis como o etanol; cetonas como a acetona; dióxido de
carbono e hidrogênio (DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).
Segundo Aquino; Chernicharo (2005), os microrganismos fermentativos são
os primeiros a atuar na etapa sistemática de degradação do substrato e são os que
mais se beneficiam da energia. Portanto, bactérias acidogênicas possuem um tempo
mínimo de geração (aproximadamente 30 minutos) e as mais elevadas taxas de
crescimento microbiano, ou seja, se multiplica rapidamente em pouco tempo. Dessa
forma, a etapa acidogênica só será insatisfatória se o material a ser degradado não
for corretamente hidrolisado. Porém, segundo Comastri Filho (1981), entre todas as
fases, a metanogênica é a mais sensível e exigente, requerendo vários cuidados
para que se processe adequadamente, liberando dessa forma uma boa produção de
biogás.
Figura 01 – Reação Anaeróbica da Produção de Metano.

Fonte: adaptado de LETTINGA, 1985.

4.2. Fatores Essenciais na Produção do Biogás

4.2.1. Concentração de Nutrientes

Os principais nutrientes são os orgânicos, principalmente o carbono, o


nitrogênio e elementos traços em baixíssima concentração. Deve existir uma relação
carbono/nitrogênio (C/N) coerente conforme as normas de produção do biogás, onde
a mesma deve ser mantida entre 20:1 e 30:1, ou seja, concentração 20 de carbono
para 1 de nitrogênio, sendo que o excesso de nitrogênio pode levar a má formação
do biogás, podendo ter como produto final compostos nitrogenados como a amônia (
NH3).
4.2.2. pH

Alterações do pH no interior do biodigestor podem afetar drasticamente as


bactérias envolvidas no processo. A média do valor do mesmo varia entre 6,0 a 8,0,
tendo o pH 7,0 como ponto ótimo. Isso ocorre naturalmente quando o processo se
dá em condições normais.

4.2.3. Teor de Água

A quantidade de água utilizada deve estar ao redor de 90% do peso do


conteúdo total de biomassa, depende do tipo dessa biomassa. A diluição deve estar
em torno de 1:1 a 1:2, ou seja, uma quantidade de água para a outra de substrato.
Tanto o excesso quanto a falta da água são prejudiciais para o sistema, onde a falta
pode provocar entupimento na tubulação e o excesso pode atrapalhar o processo da
hidrólise, pois é exigida uma elevada carga de biomassa para que a mesma se
processe adequadamente.

4.2.4. Tempo de Retenção

O tempo de retenção pode variar de reação para reação. Normalmente leva


de 30 a 45 dias, porém em algumas situações é possível a existência do biogás logo
na primeira semana 31 de retenção hidráulica, isso é claro, em proporções menores.
Em sistemas de biodigestores contínuos é mais comum observar essa variação.

4.2.5. Temperatura

A temperatura é um dos principais parâmetros, sendo que o desenvolvimento


das bactérias metanogênicas e a consequente produção de biogás devem-se em
grande parte à temperatura usada no processo, sendo que a temperatura ótima vai
depender do grupo de bactérias com que se pretende trabalhar, ou seja, se as
mesmas forem termofílicas, mesofílicas ou psicrofílicas e também das condições
locais.
4.2.6. Substâncias Tóxicas

O excesso de qualquer nutriente pode ser tóxico ao sistema. É necessário um


cuidado extremo com o uso de desinfetantes, antibióticos e bactericidas nas
instalações onde são criados os animais, pois estes podem contaminar o esterco,
retardando o processo e em muitas vezes tornando-se fatal para as bactérias que
estão envolvidas no processo biológico da formação do biogás, em outras palavras é
melhor evitar o uso dos mesmos em tais ambientes. Não é recomendado colocar
fertilizantes fosfatados, sob condições de ausência de ar pressurizado, pois esse
material pode produzir fosfina, tóxico e cujo contato é letal.

4.2.7. Concentração de Sólidos Voláteis

É necessário ter total conhecimento da quantidade de sólidos voláteis da


biomassa, pois eles que serão fermentados para produzir o biogás. Quanto maior a
concentração de sólidos voláteis de uma biomassa, maior será a produção de
biogás. Comastri Filho (1981) recomenda um mínimo de 120 g de sólidos voláteis
por Kg de matéria seca, lembrando que o teor de sólidos voláteis do esterco bovino
varia em torno de 80 a 85%.

4.3. Potencial Energético do Biogás

O principal componente do biogás é o metano representando cerca de 50 a


80% na composição do total de mistura, como já foi referido anteriormente. O
metano é um gás incolor, altamente combustível, queimado com chama azul lilás,
sem deixar fuligem e com um mínimo de poluição.
Tendo em conta a proveniência do biogás, este vai apresentar diferentes
composições, essencialmente no que se refere a percentagens de CH 4, CO2 e de
impurezas. Atualmente, a proveniência de biogás é considerada apenas de duas
fontes distintas: Biogás de aterro; Biogás de digestão.
Tabela 06 – Composição de biogás de diferentes fontes.
Gases Biogás de Aterro Biogás de Digestão
CH4 (%) 35 – 65 53 – 70
CO2 (%) 15 – 50 30 – 47
H2S (ppm) 0 - 100 0 – 1000
Fonte: PERSSON et all, 2006.

Tabela 07 – Composição de biogás proveniente de resíduos orgânicos.


Gases Quantidade
CH4 (%) 40 - 75
CO2 (%) 25 - 40
N2 (%) 0,5 - 2,5

O2 (%) 0,1 - 1

H2S 0,1 - 0,5

NH3 0,1 - 0,5

CO 0 - 0,1

H 1- 3
Fonte: (Castanon, 2002).

O poder calorífico do biogás é variável estando na faixa de 22.500 a 25.000


kJ/m³, admitindo o metano com cerca de 35.800 kJ/m³. Isto significa um
aproveitamento de 6,25 a 10 kWh/m³ (Jordão et al., 1995). Porém sua potência é
demonstrada quando tratado, chegando a ser 60% do poder calorífico do gás
natural.
O metano é um gás leve e de menor densidade, ao contrário do propano e do
butano, fazendo com que ocupe um volume maior e dificulte sua liquefação,
dificultando o transporte e armazenamento.

Tabela 08 – PCI de diferentes gases.


Gás PCI (kcal/m³) PCI (kj/m³)
Metano 8.500 35.558
Propano 22.000 92.109
Butano 28.000 117.230
Gás Natural 7.600 31.819
Biometano 5.500 24,027
Fonte: CASTANON, 2002.

Tabela 09 – Equivalência energética entre 1 m³ de biogás e outras fontes energéticas.


Fonte Faixa Fonte Faixa
Gasolina (L) 0,61 – 0,70 Álcool (L) 0,80
Querosene(L) 0,58 – 0,62 Carvão Mineral (kg) 0,74
Óleo Diesel(L) 0,55 Lenha (kg) 3,50
GLP(kg) 0,48 – 1,43 Eletricidade (kWh) 1,25-1,43
Fonte: Adaptado de POMPERMAYER, 2000.

Em 1995 um relatório de origem Sueca acerca de combustíveis alternativos


classificou o biogás como sendo o menos poluente, seguidamente do metanol e do
etanol. Diferentes métodos de classificação ambiental deram ao biogás cerca de
75% em relação ao diesel e 50% em relação à gasolina, a menos, no que respeita a
poluentes. Em nível de toxicidade, o biogás apresenta valores de cerca de 70%
abaixo dos combustíveis comuns, a potencial formação de ozônio é reduzida de
entre 60% a 80% e a formação de ácidos reduzida em cerca de 50%.
O biogás é um gás corrosivo, exigindo cuidados especiais com os materiais
empregados nos equipamentos utilizados. Esta característica é consequência da
presença de sulfeto de hidrogênio (ácido sulfídrico – H 2S). As substâncias que
contem enxofre, usualmente consideradas poluentes do ar podem ser classificadas
da seguinte forma: SO2, SO3, H2S, sulfatos.
A partir dos dados apresentados, é visto que a digestão anaeróbica pode ser
vista sim, como uma fonte geradora de energia, sendo então necessário um estudo
detalhado a respeito de como utilizar de forma viável, a energia oriunda dos dejetos,
de forma que seja benéfica tanto ambientalmente, quanto financeiramente, para isso
o tratamento dos dejetos, e principalmente o processo de purificação do biogás deve
ser aprofundado, a modo que se encontre uma solução de baixo custo, para assim
utilizá-lo.

5. ENRIQUECIMENTO DO BIOGÁS

A presença de substâncias no biogás, como água e dióxido de carbono (CO 2),


acabam por prejudicar a queima do mesmo, por serem substâncias não
combustíveis, reduzindo assim a eficiência do biogás. Além destes, outros
contaminantes podem estar presentes como o sulfeto de hidrogênio (H 2S), que pode
acarretar corrosão precoce, diminuindo tanto o rendimento, quanto a vida útil do
motor utilizado, a umidade, nitrogênio, oxigênio, entre outros.
Em geral, a produção de H 2S em sistemas anaeróbios tratando água
residuária é um processo considerado indesejado, dado que sua produção causa
uma série de problemas, como toxicidade (O’FLAHERTY; COLLERAN, 2000),
corrosão (VINCKE et al., 2001), emissão de compostos odorantes (LENS et al.,
2001), aumento da DQO no efluente líquido, bem como reduz a qualidade e a
quantidade de biogás (LENS et al., 1998).
As substâncias mais prejudiciais, como já citadas acima, CO 2, a umidade e o
H2S, e também as outras, devem ser retiradas do biogás, para que o mesmo possa
ser utilizado como combustível, tanto em motores, turbina a gás, microturbinas,
caldeiras. Além dos contaminantes, fatores como a vazão do biogás, pode acarretar
uma redução no seu potencial energético. O nível de CO 2 afeta diretamente no
poder calorífico do biogás, para cada 10% de CO2 na mistura gasosa, este
corresponde aproximadamente a 3.600 kJ/m³ a menos no seu poder calorífico,
sendo o poder calorífico médio do biogás em torno de 19.800 kJ/m³.
Atualmente existem diversos processos de purificação do biogás, para sua
utilização como fonte energética, sendo que cada uma conta com uma eficiência
específica para retirada de certas substâncias, sendo assim empregada cada
técnica devidamente para cada processo a que se destina o biogás como fonte de
geração de energia.

5.1. Purificação por Membrana

Um processo recente, no qual utiliza o princípio de que alguns componentes


do biogás podem ser transportados através de uma membrana fina (<1mm)
enquanto outros ficam retidos. O transporte acontece pela diferença de pressão
parcial e pela impermeabilidade da membrana. Para biogás com alto nível de
metano, a permeabilidade deve ser elevada. Uma membrana sólida feita de
polímeros de acetato-celulose é em torno de 20 e 60 vezes mais permeável ao CO 2
e H2S, respectivamente, do que para o CH4, com pressão de 20 a 40 bar.
Rautenbach et al., (1987) projetou uma planta piloto para remover o CO 2 do
biogás usando a técnica de separação por membranas. Desta forma foi
demonstrado que as membranas de acetato-celulose são mais permeáveis ao CO 2,
O2 e H2S. A melhor separação ocorreu a uma temperatura de 25°C e uma pressão
de 5,50 bar. O fluxo de gás que atravessa a membrana aumenta proporcionalmente
com a diferença de pressão parcial. Assim, quanto maior a diferença de pressão,
menor é a área requerida da membrana. Entretanto, a pressão máxima que a
membrana pode suportar deve ser levada em consideração, (Glub et all,1991).

Figura 02 – Filtragem de Membrana.

Fonte: Medal membrane systems for Biogas/Landfill gas, Air Liquide.

5.2. Absorção Física

O processo de absorção físico/química é feito a partir da lavagem do gás


com água pressurizada, sendo bastante eficiente e usada também para baixas
produções de biogás, pela facilidade do processo e seu baixo custo, que envolve a
água pressurizada como absorvente, e necessita de pouca infraestrutura.
O biogás é comprimido e alimentado no sentido ascendente no leito de uma
coluna de absorção e água pressurizada é pulverizada em sentido contrário ao
biogás, do topo. O processo de absorção é contra corrente. Assim o CO 2 e o H2S
são dissolvidos na água sendo coletados no fundo da torre de absorção. A água
pode ser recirculada para a primeira lavagem do biogás na torre. Sendo este um dos
métodos mais simples de lavagem do biogás.
Bhattacharya et al., (1988), desenvolveram um sistema de lavagem de gás
onde se obteve 100% de metano puro, mas depende de fatores como: dimensões
da torre de lavagem, pressão de gás, composição de biogás, vazão e pureza da
água utilizada.
Khapre (1989) projetou um tipo contínuo de lavador contra corrente com uma
taxa de fluxo do gás de 1,8 m³/h em 0,48 bar de pressão e taxas de entrada de água
de 0,465 m³/h. Reduziu-se continuamente CO2 de 30% na entrada a 2% na saída
em volume.
Dubey (2000) fez um experimento com três lavadores da água com os
seguintes diâmetros: 150 milímetros (altura: 1.5 m), 100 milímetros (altura: 10 m) e
75 milímetros (altura: 10 m) para absorver o CO 2 (37-41%) no biogás. Encontrou que
a absorção do CO2 foi influenciada pelas taxas de fluxo do gás e da água e pelos
diâmetros diferentes dos lavadores.
O método de remoção de CO2 a partir de lavadores com água é bastante
conhecido em plantas de biogás com na Suécia, França e EUA. Os resultados
mostram que de 5-10% de CO2 permanece após a lavagem (Wellinger et al., 1999).

Figura 03 – Lavagem do Biogás com Água Pressurizada.


Fonte: www.flotech.com/biogas.htm

5.3. Absorção Química

A absorção química envolve a formação de ligações químicas reversíveis


entre o soluto e o solvente. A regeneração do solvente envolve consequentemente a
quebra destas ligações e corresponde a uma entrada de energia relativamente
elevada. Solventes químicos geralmente empregados são soluções aquosas de
aminas ou soluções de sais alcalinos como hidróxidos de sódio, cálcio ou potássio.
Biswas et al., (1977) relatou que ao atravessar uma solução aquosa a 10% de
mono-etanolamina (MEA), reduziu-se o teor de CO2 do biogás de 40 a 0,5-1,0%
em volume. A solução de MEA pode ser regenerada completamente fervendo-a por
5 minutos assim podendo ser usada outra vez.
Savery & Cruzon (1972), sugeriu que três reagentes (NaOH, o KOH e o
Ca(OH)2) podem ser usados em lavadores de biogás. A absorção de CO2 na
solução alcalina é feita por agitação. Isso cria uma turbulência necessária para dar o
tempo de contato entre o líquido e o gás. Outro fator importante para a eficiência de
absorção é concentração da solução.
A remoção de CO2 utilizando carbonato de potássio (K 2CO3) é o processo
mais utilizado para a remoção industrial de CO 2. Tal processo consiste basicamente
na introdução do gás na base da coluna de absorção enquanto a solução
absorvedora, de 20 a 30 % em peso de K 2CO3 é injetada no topo da coluna. A
temperatura de operação é em torno de 110º C tanto para absorção com para a
regeneração. A reação inversa na coluna de regeneração resulta na liberação de
CO2 para atmosfera. A simples redução da pressão ao passar da coluna de
absorção para a de regeneração libera parte do CO 2, o restante é retirado através da
injeção de vapor no fundo da coluna de regeneração. Esta solução apresenta efeitos
corrosivos sendo, portanto necessário selecionar inibidores de corrosão para se
poder construir as colunas de aço carbono.
A absorção química do H2S pode ser feita com soluções de sais de ferro, tais
como o cloreto de ferro. Este método é altamente eficaz na redução de altos níveis
de H2S. Os produtos formados são precipitados insolúveis. FeCl3 pode ser
diretamente adicionado no digestor. Estes métodos de remoção de H2S são mais
apropriados digestores anaeróbio de pequeno porte, mas todos os outros processos
são economicamente viáveis em plantas de grande escala. Por este método a
concentração final de H2S chega em torno de 10 ppm.
LAR e XIUJIN (2009) estudaram em escala laboratorial a remoção de H 2S de
biogás de água residuária de laticínio, utilizando como reagente o FeCl 3, concluindo
que altas concentrações de H2S na forma de FeS podem ser removidas totalmente
do biogás, utilizando-se o FeCl3 em digestor anaeróbio operado em batelada.

5.3.1. Absorção Química por Oxidação

Uma pequena quantidade de oxigênio (2-6%) é introduzida no sistema de


biogás usando compressor. Em consequência, o sulfeto no biogás é oxidado em
enxofre reduzindo a concentração do H 2S. A reação que ocorre é a apresentada na
seguinte equação:

2H2S + O2 = 2S + 2H2O

Este processo tem um baixo custo de investimento e operação e é


relativamente simples. Não são necessários produtos químicos nem equipamentos
especiais. Dependendo da temperatura, do tempo de reação e local onde o ar é
adicionado, a concentração do H 2S é reduzida em até 95%, menos do que 50 ppm.
Entretanto deve-se ficar atento a quantidade de ar no biogás, que pode ser explosivo
em uma escala de 6 - 12%, dependendo da quantidade de metano no biogás
(Wellinger et al., 1999).

5.4. Adsorção sobre Superfície de Contato

O processo de adsorção envolve transferência do soluto do gás à superfície


de um material sólido, onde concentram principalmente em consequência das forças
Van der Walls. Os adsorventes comerciais são geralmente sólidos granular com uma
área de superfície grande por a unidade de volume. Dependendo do adsorvente
utilizado no processo pode-se remover seletivamente ou simultaneamente o CO 2,
H2S, umidade e outras impurezas do biogás. A purificação do biogás pode também
ser realizada usando alguns adsorventes como sílica, alumina, carvão ativado ou
silicatos (Wise, 1981). Estes materiais de adsorção são utilizados como filtros
moleculares de alta pressão.
O sistema consiste de quatro colunas de adsorção. Durante o processo de
adsorção, o biogás é injetado pela base das colunas de adsorção. Na coluna de
adsorção, o CO2, O2 e N2 são retidos, fazendo com que à saída das colunas, o gás
contenha mais de 97% CH4.
O processo de operação é efetuado da seguinte forma:
Antes da coluna de adsorção estar completamente saturada com impurezas,
a fase de adsorção é parada e é passada para outra coluna de adsorção que já
tenha sido regenerada, para se assegurar um funcionamento contínuo. A
regeneração das colunas de adsorção é efetuada através da sua despressurização
até à pressão atmosférica e posteriormente até muito próximo do vácuo.
O gás libertado pelas colunas de adsorção nesta fase contêm grandes
quantidades de CH4, o qual vai ser reciclado, passando novamente para o biogás a
purificar. Antes de se passar novamente à fase de adsorção, cada coluna, é
novamente pressurizada até à pressão de adsorção.
Este processo possui uma boa capacidade de remoção de umidade, projeto
simples e fácil de operar. Mas é um processo caro com requerimentos de alta queda
de pressão.
Figura 04 – Processo de Adsorção por Carvão Ativado
Fonte: Eindhoven University of Technology, 2008

OSORIO e TORRES (2009) Investigaram a eficiência de purificação do biogás


com lavagem em água seguido de carvão ativado, para ser usado como
biocombustível para veículos, e concluíram que, a partir da filtragem, o efluente
apresentou uma concentração de H 2S menor que 1 ppm e zero ou indetectáveis
valores foram obtidos para até 58 elementos-traço analisados.

5.5. Purificação por Criogenização

O método criogênico de purificação do biogás envolve a separação dos


componentes do gás por condensação e destilação fracionária a baixas
temperaturas. Este processo tem a vantagem de recuperar o componente puro em
forma de líquido e transportá-lo convencionalmente. Mas possui duas desvantagens:
alto custo de investimento e operação e baixa eficiência térmica devido a variação
de fluxo. Neste processo o biogás é comprimido a aproximadamente 80 bar. O
compressor utilizado é de múltiplos estágios com “intercooling”. O biogás é
refrigerado por chillers e trocadores de calor acima de -45°C, condensado o CO 2 que
é removido e separado, além de outros contaminantes que são também
condensados, como o H2S, logo após o CH4, e por último o N2. Posteriormente o
CO2 é processado para recuperar o metano que é reciclado para a entrada de gás.
O metano, já condensado, é estocado em estado líquido. Neste processo consegue-
se obter 97% de metano puro (Hagen et al., 2001).

Tabela 10 – Temperaturas de condensação à pressão atmosférica, para os diferentes


constituintes do biogás.
Composto Temperatura de Condensação (ºC)
CO2 - 78,5
CH4 - 161
N2 - 196
Fonte: Adaptado de Benjaminsson 2006
Figura 05 – Processo de Purificação por Criogenização.

Fonte: www.scandinaviangts.com

Tabela 11 – Perda de Metano (CH4) em processos de purificação.


Membrana Água Pressurizada Superfície de Contato Criogenização
Perca CH4 (%) 12 2-8 3 - 23 < 0,5
Fonte: (Biogas as a vehicle fuel,Scandinavian GTS)

5.6. Opções Baratas de Purificação

Segundo MACHADO (2010), diante das opções de remoção do ácido


sulfídrico, o método mais indicado está atrelado aos custos de instalação, facilidade
de obtenção, manutenção e operação, além dos resultados obtidos com a aplicação
dos métodos. Nesta ótica, tanto o arame liso recozido nº 06 quanto o hidróxido de
cálcio destacam-se, principalmente no que diz respeito ao custo e facilidade de
obtenção.
O uso de arame liso recozido nº 06 como enchimento de filtros para remoção
do H2S do biogás, é visto como uma alternativa bastante interessante, pelo fato de
ser um produto facilmente encontrado comercialmente e de custo relativamente
baixo. O óxido de ferro, em contato com o H 2S, reage e transforma-se em sulfeto de
ferro, conforme a equação.
Fe203+ H2O + 3H2S => Fe2S3 + 4 H20
Este processo torna-se ainda mais interessante pela possibilidade de
regeneração do arame, utilizando-se água e oxigênio, o que possibilita o uso mais
prolongado do recheio do filtro, reduzindo-se o custo de manutenção. A reação de
regeneração é indicada pela equação abaixo.
2Fe2S3 + 302 + 2H2 => 2Fe203 + 2H20+ 6S
Outro componente facilmente encontrado no mercado, e que possui
capacidade de reagir com H 2S, é o óxido de cálcio (CaO), também conhecido como
cal. Sua reação com o H2S, resulta em sulfeto de cálcio e água.
CaO + H2S => CaS ↓+ H2O
O sulfeto de cálcio pode ser oxidado a sulfato de cálcio e usado para diversos
fins agrícola, tais como:
• Fornecer cálcio na subsuperfície do solo quando os teores deste estão baixo, visto
que a solubilidade do CaSO4 é maior que a do CaCO3, então o sulfato pode ir a
maior profundidade, que o carbonato não vai.
• Neutralizar o alumínio, que é um elemento toxico para a maioria das plantas. O
sulfato reage com o Al, resultando no sulfato correspondente, e o precipita.
• Fornecer o enxofre como um nutriente essencial para os vegetais, e umas de suas
fontes é o CaSO4.
Como se observou, o CaSO4 tem muitas utilidades, mas não exatamente a
correção do pH do solo.
MACHADO (2010) a partir de testes com purificação de biogás, utilizando 3
tipos de filtragem, solução água – hidróxido de cálcio a 20% seguido de carvão
vegetal, arame liso recozido seguido de carvão vegetal, e os dois processos
anteriores juntos. Verificou que o tratamento com hidróxido de cálcio foi o que
apresentou maior remoção de H2S, cerca de 53%.

Tabela 12 - Técnicas de remoção de impureza do biogás


Impurezas Descrição Geral Detalhes
Adsorção Sílica gel
Peneira Molecular
Alumina
Etileno Glicol
Água Absorção Temperatura (-6,7 ºC)
Selexo
Refrigeração Resfriamento a 2 ºC
Adsorção Carvão ativado
Óleo leve
Absorção Etileno glicol
Selexol
Temperatura entre
Hidrocarbonetos¹ (-6,7 e – 33,9 ºC)
Combinação Refrigeração com etileno
glicol
e adsorção em carvão
ativado
Absorção Solventes orgânicos
Selexol
Flúor
Rectisol
Soluções de sais alcalinos
Potássio quente
CO2 e H2S Potássio quente inibido
Alcanolaminas
Mono, di – tri – etanol amina
Deglicolamina
Ucarsol-CR
Peneira molecular
Adsorção Carvão ativado
Separação por membrana Membrana de fibra oca
Siloxina² Adsorção Carvão ativado
Fonte: ¹ALVES, 2000.; ²CAPSTONE, 2001.

6. UTILIZAÇÃO DO BIOGÁS EM MOTORES

O biogás pode ser utilizado como combustível alternativo em motores de


combustão internos acoplados a geradores de energia elétrica instalados em áreas
rurais. Os motores a gás funcionam segundo os mesmos princípios dos motores
ciclo Diesel e ciclo Otto com apenas algumas modificações no sistema de
alimentação, ignição e na taxa de compressão (ZAREH, 1998 e SOUZA, 2004).
O gás natural, assim como o biogás, não podem ser utilizados em motores
ciclo Diesel em condições normais, uma vez que, em decorrência da sua ignição por
compressão, a combustão ocorre de forma espontânea devido à alta pressão a que
fica submetido o ar na câmara de combustão, onde o combustível Diesel é injetado.
Desta forma, se um motor Diesel for alimentado apenas por gás natural, não haverá
combustão, porque o gás natural suporta a elevada taxa de compressão sem entrar
em combustão, pois apresenta um elevado índice de octanas.
Segundo ZAREH, (1998) e SOUZA, (2004) os motores a gás, de ignição por
centelha, possuem uma eficiência volumétrica menor que o equivalente motor com
combustível de petróleo, pelo fato da adição de gás reduzir o volume de ar aspirado.
Contudo, a menor eficiência volumétrica é, geralmente, compensada pelo fato de
que os motores a gás conseguem funcionar com taxas de compressão elevadas, de
12-13:1. Isto é possível porque o poder antidetonante do gás está ligado ao número
de metano, ou seja, quanto maior a quantidade de metano maior será a resistência à
detonação.
GANESAN, (1994) diz que o aumento de pressão na câmara de combustão
de um motor produz um pico de pressão localizado próximo ao ponto morto superior
e isto se reflete em uma maior pressão agindo no pistão na fase de expansão dos
gases queimados, aumentando assim a potência do motor.
Entretanto, uma taxa muito elevada no aumento de pressão pode levar o
motor a funcionar de forma áspera e, portanto, é necessário ser levado em
consideração no projeto de um motor, um compromisso entre o desempenho e o
conforto, relatam GANESAN (1994), OBERT (1971) e TAYLOR (1971).
Para obter-se um melhor rendimento térmico, os motores devem ser
projetados de acordo com cada combustível. Isso se deve, pois o ponto de ignição é
adiantado para que o pico de pressão, que varia de acordo com a taxa de
compressão e com os índices de octanas e cetano do combustível utilizado, coincida
com a melhor condição de aproveitamento da bielamanivela. Neste momento, há um
acréscimo significativo na pressão, porém este valor é limitado pelo poder
antidetonante característico de cada combustível. Dessa forma cabe utilizar os
combustíveis de maneira a aproveitar toda energia por ele disponibilizada, a partir da
taxa de compressão.
O índice de octanas é um índice empírico que mede a capacidade de uma
mistura estequiométrica de um combustível com o ar, e de suportar a pressões
elevadas sem entrar em combustão espontânea. Já o índice de cetano é um índice
empírico que mede a facilidade de um combustível comburir espontaneamente na
presença de ar, quando submetido à pressão elevada (GIACOSA, 1986).
O sistema de admissão e exaustão do motor possuem dimensionamento e
configurações geométricas diferenciadas, com a finalidade de atender os objetivos
do projeto, tais como: curva de potência, curva de torque e curva do consumo
específico de combustível, pois a geometria do conduto de admissão está
relacionada à energia cinética do fluido, que por sua vez, possui uma influência no
rendimento volumétrico do motor. A energia cinética da massa de ar que entra no
cilindro possui uma correlação com o comprimento e a área da seção transversal do
conduto (SODRÉ, et al 2008).
SODRÉ et al (2008), estudando os efeitos do comprimento do conduto de
admissão na performance de um motor de combustão interna, concluíram que, para
os maiores comprimentos o motor desenvolveu um melhor torque e melhor potência
média efetiva em baixas rotação, por outro lado, o conduto de menor comprimento
resultou em melhor torque e potência em altas rotações. Os autores afirmam que
esses resultados explicam a tendência atual de diversas montadoras de adotar
coletores de geometria variável que permitem a variação do comprimento dos dutos
de admissão conforme a rotação do motor. Esse recurso permite um rendimento
volumétrico ideal em todas as faixas de utilização.
Segundo MUÑOS et el., (2000), em ensaios realizados com motor Honda 270
cm³, alimentado com biogás bruto e mantidos o ponto de ignição e a taxa de
compressão da gasolina, as curvas de torque e potência tiveram um decréscimo de
50% em relação ao combustível original.
HUANG e CROOKES, (1998) simularam biogás injetando metano e gás
carbônico em proporções diferentes em um motor de ciclo Otto, e os autores
definiram como sendo a melhor taxa de compressão a de 13:1, por atender a todas
as misturas. Para uma taxa de 15:1 em algumas composições, ainda houve
detonação. Entretanto, conforme ORTIZ-CAÑAVATE et al. (1981), a taxa de
compressão não pode exceder a 12:1, pois a composição do biogás não é
constante, e isto pode levar à detonação em alguns momentos. Já o ponto de
ignição deve ser avançado, pois a velocidade de combustão do biogás é mais lenta.
SOUZA (2004), avaliando o desempenho de um motor ciclo Otto, utilizando
biogás como combustível, concluíram que a maior potência do motor utilizado para o
biogás foi obtida quando utilizou-se a taxa de compressão 12,5:1, mesclador de
gases longo e ponto de ignição adiantado em 45°, pois nestas condições obteve-se
a potência máxima de 100% superior ao original. O ponto de ignição e a taxa de
compressão com os melhores resultados obtidos para o biogás também são os
mesmos utilizados com o GNV. As Figuras a seguir representam em gráficos os
resultados encontrados por SOUZA (2004).
Figura 06 – Variação do torque do motor antes e após a conversão.

Fonte: SOUZA (2004)

Figura 07 – Variação da potência do motor antes e após a conversão.


Fonte: SOUZA (2004).

6.1. Utilização do Biogás em Conjunto Motogerador

Com o avanço dos estudos para adaptação de motores de combustão interna


para uso de biogás como combustível, a geração de energia elétrica a partir da
energia mecânica do motor, vem sendo a cada vez mais utilizada, com o uso de
conjunto motogeradores, pois esses possuem uma maior eficiência de conversão
elétrica do que turbinas a gás, além de que os motogeradores formados a partir de
motores de combustão interna tem um preço relativamente menor do que
motogeradores vendidos comercialmente.
O consumo de biogás de um conjunto motogerador é aproximadamente
0,646m³.cv-1, considerando que 1 kWh equivale a 0,7355cv, temos um consumo de
0,4751 m³.kWh-1. Para AISSE e OBLADEN (1982) citado por COLDEBELLA et al.,
(2006) o consumo de biogás em motores de combustão interna é de 0,45 m³.HP.h-1.
Segundo SILVEIRA (1994), sistemas de cogeração, utilizando motor de
combustão interna, podem aproveitar de 50 a 70% da energia do combustível, na
forma de calor, e de 23 a 30% na forma de eletricidade. De maneira contrária,
SANTOS (2000) afirma que 1 m³ de biogás é equivalente a 6,5 kWh de energia
elétrica e que a eficiência dos sistemas de cogeração varia entre 30 e 38%, ou seja,
2,0 – 2,5 kWh, condizendo com os resultados encontrados por COLDEBELLA et al. ,
(2006) que foram de 32,3% de eficiência e 2,1 kWh.
O poder calorífico inferior do biogás é de 6,5 kWh.m-3 e a eficiência de
conversão do biogás em energia elétrica com grupos geradores (motores ciclo Otto)
é de aproximadamente 25% (CCE, 2000). A equivalência energética entre o biogás
altamente purificado e a eletricidade é de 1 m³.1,43kW-1 (SORDI , 2004).
COLDEBELLA et al. (2006), avaliando a viabilidade técnica e econômica da
utilização de biogás de dejetos de bovinocultura e de suinocultura, concluiu que as
eficiências dos processos foram 11,7 % na produção de energia elétrica, no conjunto
motobomba utilizado para irrigação, e de 4,14% no conjunto motogerador, ambos
acionados com o biogás da fermentação anaeróbia dos dejetos de bovinocultura.
Para o biogás dos dejetos de suinocultura, os valores foram 14,5% para o conjunto
motobomba utilizado para irrigação e 10,3 no conjunto motogerador.
THOMAS e DELVAL (1987) estudaram as características do biogás obtido a
partir da digestão anaeróbia de resíduos vegetais e dejetos animais, como
combustíveis em sistemas microgeradores numa suinocultura com 3.000 matrizes
em Taiwan. O estudo baseou-se em duas alternativas de microcogeração: a primeira
utilizando o sistema TOTEM; a segunda alternativa usando o sistema Duvant-
Crepelle, que utiliza motor diesel-gás com capacidades de produção elétrica entre
196 a 894 kW. O balanço energético foi realizado considerando o biogás com poder
calorífico inferior de 23.020 kJ.m-³.

Tabela 13 – Balanço energético para o Sistema Totem.


Porcentagem CH 4 62 74
PCI (kJ.Nm -3) 22.600 29.031
Consumo introduzido (kW) 8,33 6,51
Energia introduzida (KW) 52,2 52,5
Energia mecânica (kW) 15,2 12,6
Rendimento do motor (%) 29 24
Potência elétrica (kW) 13,8 11,5
Calor recuperado (kW) 36,8 37,2
Rendimento global (%) 97 93
Fonte: ANGONESE et al.,(2006)

Tabela 14 – Balanço energético de Sistemas Duvant-Crepelle.


Tipo de Motor 4VJG 5VJG
Versão (1) (2) (1) (2)
Consumo de gás (m 3 .h -1) 80,8 153,1 101,0 191,4
Energia introduzida (KW) 583,5 1.065,2 729,5 1.331,6
Energia mecânica (kW) 216,3 397,8 271,0 494,6
Rendimento do motor (%) 37,1 37,4 37,2 37,2
Potência elétrica (kW) 196 368 248 460
Calor recuperado (kW) 249,4 454,9 311,7 568,6
Rendimento global (%) 76,4 77,3 76,7 77,3
Fonte: ANGONESE et al.,(2006); (1) Aspirado; (2) Sobrealimentado.

Segundo LEMOS et al., (2008) a energia gerada (por meio do biodigestor)


pelos dejetos de um rebanho de mil suínos, foi estipulada em 2,5 kWh, em média - o
suficiente para atender à demanda de uma escola ou três casas, conforme estudos
do Centro de Pesquisas em Energias Alternativas e Renováveis (CPEAR).

7. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A


PARTIR DE BIOGÁS

Segundo o CENBIO (2001), de uma forma geral, a produção de energia elétrica


a partir de biogás apresenta as seguintes vantagens:

• Para a sociedade:
􀀹 Geração de empregos e eliminação ou redução de subempregos;
􀀹 Geração descentralizada e próxima aos pontos de carga, a partir de uma fonte
renovável que vem sendo tratada como resíduo; e
􀀹 Colaboração para a viabilidade econômica do saneamento básico.
• Para as prefeituras:
􀀹 Possibilidade de receita extra, proveniente da energia gerada com biogás e
vendida às concessionárias;
􀀹 Contribuição para a viabilidade econômica do tratamento do lixo;
􀀹 Menor rejeição social das instalações de saneamento, uma vez que elas passam
a ser gerenciadas de forma melhor, representando um exemplo a ser seguido;
• Para as estações de tratamento de esgotos, gerenciadoras de aterros e
outras:
􀀹 Redução na quantidade de eletricidade comprada da concessionária;
􀀹 Possibilidade eventual de venda de eletricidade à rede; e
􀀹 Possibilidade de uso de processos de cogeração, ou seja, a geração de
eletricidade tem como subproduto calor, a ser usado no tratamento do esgoto, ou
mesmo, ser vendido a terceiros.
• Para o meio ambiente:
􀀹 Redução das emissões de metano para a atmosfera, pois este é um importante
gás de efeito estufa. O seu potencial de aquecimento global é muito maior que o de
CO2;
􀀹 Redução do consumo de combustíveis fósseis, principais responsáveis pelo efeito
estufa;
􀀹 Redução na geração de odor para as vizinhanças, de chorume e de contaminação
do lençol freático; e
􀀹 Melhoria nas condições dos lixões, que representam mais de 70% da condição de
disposição nacional do lixo.

Os Principais Empecilhos Existentes são:

• Tecnológicos:
􀀹 Limpeza do gás; e
􀀹 Necessidade de planta de demonstração no país.
• Econômicos:
􀀹 Investimento elevado, dependendo da fonte de biogás;
􀀹 A análise econômica convencional, desconsidera benefícios ambientais (emissões
de metano – saneamento).

8. OBJETIVOS:

8.1. Geral: Transformar o processo de enriquecimento de biogás, retirada de


contaminantes e concentração de metano, em um processo barato a partir da
inserção de tecnologias de purificação ao alcance de todas as categorias sociais,
principalmente as mais fragilizadas.

8.2. Específicos:
- Analisar a eficiência do biodigestor, quanto ao seu nível de produção de
metano, a partir de resíduos bovinos de leite;
- Testar a eficiência dos processos de purificação, utilizando equipamentos de
baixo custo;
- Avaliar o biogás já enriquecido, a partir de seu poder calorífico e
concentração de metano, além de seu rendimento na produção de energia;
- Comparar o rendimento do biogás no motor de combustão interna, em
relação ao biogás enriquecido a partir de processos mais caros, e com outros tipos
de combustíveis.

9. MATERIAL E MÉTODOS

O processo experimental, para testes de sistemas de filtragem baratos será


realizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São
Francisco – UNIVASF, localizado no munícipio de Petrolina – PE, onde já existe uma
criação intensiva de vacas leiteiras da raça Holandesa, estimado em 35 animais. O
biodigestor a ser implantado é do modelo tubular “plug-flow”, com alimentação
contínua, e produção em torno de 40 m³/dia de biogás, com o intuito do tratamento
de resíduos, geração de energia e redução dos gases de efeito estufa.
A montagem do sistema é especificamente para testes, onde será testada a
eficiência do biodigestor, para uma baixa produção de dejetos, os componentes do
biogás, e a eficiência dos sistemas de purificação com materiais de baixo custo.
Serão quatro sistemas de tratamento do biogás, cada um com tempo de teste de um
mês:

1º Sistema de Filtragem – Inserção de FeCl3 junto aos dejetos na caixa de


entrada, filtragem do biogás em um sistema de aspersão, em uma solução de
água – hidróxido de cálcio a 15%, seguido de filtragem por carvão vegetal;

2º Sistema de Filtragem – Filtragem do biogás em um sistema de aspersão,


em uma solução de água – hidróxido de cálcio a 15%, seguido de filtragem
por carvão vegetal;

3º Sistema de Filtragem – Adição de 4% de oxigênio no biogás, seguido de


filtragem por uma solução de água – mono-etanolamina a 10%, seguido de
filtragem por carvão vegetal;

4º Sistema de Filtragem – Utilização do biogás sem processo de filtragem.

9.1. Montagem dos Sistemas de Filtragem


9.1.1. Filtro de Aspersão

O filtro de aspersão será composto por duas colunas de 1,5 m de altura e 100
mm de diâmetro, sendo ambas de PVC, onde o biogás terá entrada na parte inferior
da coluna em um volume de 1,8 m³/h, a 0,4 bar, alimentado por um compressor
bifásico, com potencia de 250 watts, enquanto a água com taxa de entrada de 0,5
m³/h, alimentada por uma bomba d`água, a água em sentido descendente será
levada a outra coluna, onde será filtrada, para retirada do CO 2, por meio de agitação,
e o produto da reação entre Ca(OH)2 e H2S, o CaS, que se sedimentará, e oxidado
formando CaSO4, para utilização como fertilizante agrícola.

9.1.2. Filtro Solução Água – Mono-Etanolamina

Utilizando um tambor plástico, de 50L, com conteúdo de 30L de água e 10%


de mono-etanolamina, no qual com entrada e saída para o biogás. Com a saturação
da solução ela deve ser trocada.

9.1.3. Filtro de Carvão Vegetal

Utilizando um tambor plástico de 50L, contendo 5 Kg de carvão vegetal, com


entrada e saída para o biogás.

9.2. Sistema de Transporte de Biogás

O biogás será transportado em todo sistema, por tubulações de PVC,


mangueiras de fibra, além de válvulas, registros.

9.3. Moto Gerador

Logo após a filtragem do biogás, será direcionado ao motogerador, o gerador


escolhido tem capacidade para manter uma residência com uma autonomia de 6
horas com 3,5 litros de gasolina. Sendo a produção do biodigestor cerca de 40 m³
por dia, ou seja, 24 litros de gasolina, em média, este gerador assim atende a
capacidade do digestor anaeróbico em questão. Será adaptado o sistema de
compressão do motor, de 8,5:1 para 12,5:1, a sistema de injeção de ar, com injetor
de gases longo, sua potência a gasolina é de 2,5 hp/3600rpm e a tenção gerada de
220 volts. A energia produzida será então utilizada no próprio campus, nas
imediações do curral, e no mesmo, para refrigeração, e funcionamento de máquinas.

Figura 08 – Sistema de Produção de Biogás.

9.4.

Análise de Dados

Os gases coletados serão analisados no Laboratório de Química, Campus


Juazeiro, da UNIVASF, e analisados por cromatografia gasosa, e a partir de reações
quantitativas e qualitativas, de amostras de gás, dejetos, gás filtrado, e dejetos
tratados.

10. CRONOGRAMA

Meses 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º


Planejamento do Projeto X
Aquisição de Material X
Construção da Estrutura X
Coleta de Resíduos X X X X X
1º Tratamento X
2º Tratamento X
3º Tratamento X
4º Tratamento X
Coleta de Dados X X X X X
Análise de Dados X X X X
Relatório Final X
Divulgação de Resultados X

11. LISTA DE ABREVIAÇÕES

MS – Matéria Sólida
ppm – partes por milhão
GEE – Gases de Efeito Estufa
DBO – Demanda Biológica de Oxigênio

12. REFERÊNCIAS

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