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Ernst Tugendhat

Lições Introdutórias à
Filosofia Analítica da
Linguagem

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À memória de Martin Heidegger

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Sumário

PRIMEIRA PARTE
Lição 1. Questão de método
Lição 2. Um filósofo em busca de um conceito de filosofia
Lição 3. Ontologia e semântica
Lição 4. A semântica formal tem uma questão fundamental?
Lição 5. Consciência e linguagem
Lição 6. Continuação do debate com a filosofia da consciência
Lição 7. Uma concepção prática da filosofia
SEGUNDA PARTE
Lição 8. Reflexões preliminares sobre o método e um sumário da seqüência da investigação
Lição 9. A teoria do significado de Husserl
Lição 10. O colapso da teoria tradicional do significado
Lição 11. Predicados: o primeiro passo no desenvolvimento de uma concepção analítico-
linguística do significado das sentenças. A controvérsia entre nominalistas e conceitualistas
Lição 12. O princípio fundamental da filosofia analítica. Continuação do debate. Predicados e
quase-predicados
Lição 13. O significado de uma expressão e as circunstâncias de seu uso. Discussão com o
comportamentalismo
Lição 14. A regra de emprego da sentença assertórica. O debate com Grice e Searle
Lição 15. Elucidação positiva da regra de uso de sentenças assertóricas nos termos da relação à
verdade
Lição l6. Suplementos
Lição 17. Exemplificação em sentenças com “e” e “ou”
Lição 18. As sentenças gerais. Retomada do problema dos predicados
Lição 19. O modo de emprego dos predicados. Transição aos termos singulares
Lição 20. O que é, para um signo, estar por um objeto? A concepção tradicional
Lição 21. A função dos termos singulares
Lição 22. Russell e Strawson
Lição 23. O que é “identificação”?
Lição 24. Especificação e identificação. Especificação e verdade
Lição 25. O mecanismo de identificação espaço-temporal e a constituição da relação a objetos
Lição 26. Suplementos
Lição 27. Resultados
Lição 28. Os próximos passos

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Prefácio

Na assim chamada filosofia analítica, ou filosofia analítica da linguagem, há pouca reflexão


sobre seus próprios fundamentos, e hoje menos do que antes. A maior parte dos problemas por ela
tratados são problemas herdados, que não são questionados. Em parte isso é devido a uma falta de
consciência histórica. Um modo de filosofar somente pode chegar a ser uma posição filosófica
fundamental mediante seu confronto com concepções anteriores da filosofia. Esta reflexão sobre
fundamentos não é apenas um ato adicional de auto-esclarecimento. É uma condição de uma
habilidade filosófica perceber a tarefa que tem sido sempre a atividade filosófica genuína: o
exame das questões, métodos e conceitos básicos existentes, e o desenvolvimento de novos.
Essas lições têm como objetivo oferecer um estímulo nessa direção. Por meio de um confronto
com a orientação fundamental da filosofia tradicional ao esquema sujeito-objeto, elas procuram
trazer as questões que já existem na filosofia analítica para o contexto de uma questão
fundamental especificamente analítico-lingüística. No que diz respeito ao conteúdo, elas se
movem num campo de investigação que não é novo; e mesmo nesse campo elas dão apenas um
primeiro passo.
O livro está direcionado para três diferentes grupos de leitores. O leitor a quem ele se dirige
diretamente, na forma de lições, é o iniciante em filosofia, para quem ele pode servir como uma
introdução ao modo de pensar filosófico. Ao mesmo tempo ele se dirige, ao menos de uma forma
oblíqua, ao leitor que já é versado na análise lingüística. Acima de tudo, no entanto, ele é dirigido
àqueles que, sendo mais ou menos familiarizados com as concepções tradicionais da filosofia,
não encontram na filosofia analítica uma questão fundamental que possa ser comparada com as
grandes abordagens tradicionais. Este livro procura construir uma ponte para tais leitores,
tentando mostrar que a filosofia analítica contém uma questão fundamental que não apenas pode
ser comparada com as abordagens tradicionais, mas que, na verdade, mostra-se superior a elas.
Este objetivo é uma reflexão sobre meu próprio desenvolvimento, que começou a partir de
Heidegger e me conduziu à filosofia analítica da linguagem. Eu me convenci de que as perguntas
de Heidegger sobre a compreensão do “ser” somente podem adquirir um significado concreto e
realizável no quadro de referência de uma filosofia analítica da linguagem. Muito embora quase
não existam referências a Heidegger nessas lições, eu devo a ele o modo de acesso específico
com o qual abordo os problemas da filosofia analítica. Por essa razão o livro lhe é dedicado.
Esta obra tem sua origem nas palestras que dei em Heidelberg no semestre de verão de 1970.
Muito embora eu tenha reescrito e expandido o texto, pareceu-me adequado manter a forma de
lições.
E.T.
Starnberg, março de 1976.

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Lição 13

O significado de uma expressão e as circunstâncias de seu uso.


Discussão com o comportamentalismo

Se o significado de um signo lingüístico não pode ser compreendido como sendo o de


estar por um objeto, então a concepção que mais prontamente se apresenta é a que diz
que compreender um signo é saber em que circunstâncias ele deve ser usado. No final da
última lição eu tentei mostrar que, no que diz respeito ao uso de predicados, esta
concepção absolutamente não funciona, no entanto também levantei a questão de se esta
concepção poderia, apesar disso, ser correta no caso de todos os proferimentos
independentes, e, portanto, no caso das sentenças assertóricas como um todo. Antes de
rejeitarmos a tese de que o sentido de uma expressão consiste nas circunstâncias de seu
uso, nós devemos submetê-la a um exame mais profundo.
No parágrafo 117 de suas Investigações Filosóficas, Wittgenstein escreve: "Se, por
exemplo, alguém diz que a sentença ... tem significado para ele, então ele deveria se
perguntar em que circunstâncias particulares esta sentença é efetivamente usada." E,
como Wittgenstein afirma em outro lugar, o uso é, assim, ligado com nossas outras
atividades. A modo de explicação, ele apresenta, no começo das Investigações, alguns
exemplos de "linguagens mais primitivas do que a nossa" (§2). Um exemplo, que depois
é elaborado nos parágrafos seguintes, é descrito no §2: "Imaginemos uma linguagem ...
que deve servir para a comunicação entre um construtor A e um ajudante B. A está
construindo com pedras de construção; lá estão cubos, colunas, lajotas e vigas. B tem que
alcançar as pedras para ele, na ordem em que A as necessita. Para esta finalidade, eles
usam uma linguagem constituída das palavras “cubos”, “colunas”, “pilares”, “vigas”. A
profere essas palavras; B traz a pedra que aprendeu a trazer ao ouvir tal e tal chamado."
Wittgenstein acrescenta: "Conceba isso como uma linguagem primitiva completa." Um
pouco depois, lemos: "Podemos também imaginar a totalidade do processo de uso das
palavras no §2 como um desses jogos por meio dos quais as crianças aprendem sua
língua materna. Chamarei esses jogos de ‘jogos de linguagem’... Chamarei também de
‘jogos de linguagem’ o conjunto da linguagem e das atividades com as quais está
interligada" (§7).
A linguagem do §2 é um modelo mais realista de uma linguagem relacionada a uma
situação do que a linguagem de quase-predicados que eu apresentei na última lição; mais
realista porque este jogo de linguagem preenche uma finalidade comunicativa inteligível.
Se a regra de emprego de expressões simplesmente consistisse no fato de todos os
membros da comunidade lingüística proferirem tais e tais expressões, em tais e tais
circunstâncias, isso não teria nenhum significado comunicacional óbvio, e não
poderíamos explicar como tal tipo de linguagem se desenvolveu em uma espécie
biológica, a menos que ela represente (como podemos presumir no caso de uma
linguagem infantil) uma etapa rudimentar de uma linguagem de nível superior. Isso, por
certo, não afeta de nenhuma forma a utilidade da linguagem de quase-predicados como
um modelo de pensamento. Mesmo no caso da linguagem infantil, entretanto, é mais
realístico imaginar sua semântica como sendo enriquecida da seguinte forma: a criança

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não apenas profere um som particular quando uma situação de percepção particular é
dada, mas também quando ela deseja que a situação ocorra; ela aprende a dizer "mamãe"
não apenas quando sua mãe está lá, mas também quando ela gostaria que a mãe
aparecesse. Assim, o quase-predicado é usado tanto de forma quase-indicativa quanto de
forma quase-imperativa-optativa; e o modo de emprego imperativo-optativo visa
claramente a um propósito. O padrão de explicação de tais expressões permanece em
princípio o mesmo, e podemos então também falar de quase-predicados que são usados
tanto indicativa como imperativamente. Em ambos os casos a explicação tem a forma:
"se tais e tais circunstâncias se dão, tal e tal expressão é usada"; a única diferença seria
que em um caso as circunstâncias consistem da situação de percepção, e no outro caso na
situação de necessidade; no primeiro caso, trata-se de estímulos externos, no outro de
estímulos internos, os quais, entretanto, são dirigidos para a produção de estímulos
externos.
Como o próprio Wittgenstein enfatizou, entretanto, dificilmente podemos falar de
"explicação" no caso da linguagem de uma criança na primeira etapa de
desenvolvimento; é mais apropriado falar de "treinamento" (§5). Falar em "explicação"
pressupõe que aquele para quem explicamos uma expressão já compreende as palavras
"correto" e "incorreto". Assim, ele aprende uma regra à qual ele se conforma; ele aprende
o modo de emprego que é correto relativamente a uma norma de ação (Para a existência
de uma norma de ação não é necessário que ela seja capaz de ser formulada. Sua
existência consiste simplesmente nisto: que certas ações podem ser chamadas "corretas" e
outras "incorretas"). Se o modo de emprego não está sendo explicado, então se trata
simplesmente de uma conexão causal, cujo mecanismo pode ser compreendido
exclusivamente em termos de uma teoria comportamentalista da aprendizagem. A criança
aprende, mediante o chamado "condicionamento instrumental", que, em tais
circunstâncias internas ou externas (no ambiente ou no organismo) é possível, por meio
de uma atividade tal e tal - o proferimento de um som particular - produzir um estímulo
positivo ou prevenir um estímulo negativo. O estímulo positivo funciona como uma
assim chamada "recompensa" ou "reforço", que motiva causalmente a resposta
condicionada. No caso do quase-predicado empregado imperativamente, a recompensa
consiste na produção do estímulo associado à impressão; no caso de seu emprego
indicativo ele consiste na reação agradecida dos adultos. Para nossas finalidades, no
entanto, podemos deixar de lado a questão acerca do que é que motiva a associação entre
circunstâncias (internas ou externas) e o uso do signo; na verdade, podemos ignorar junto
com isso a questão de se esta associação é explicada ou produzida causalmente por
condicionamento. Podemos então também ignorar a questão de se podemos falar do
significado de um signo e de sua compreensão, nos casos em que o uso do signo é
aprendido por condicionamento (claramente não podemos, se somente podemos falar de
"significado" e "compreensão" onde podemos também falar de "explicação"; por outro
lado, não deveríamos nos atolar nestas questões verbais: ao contrário, deveríamos deixar
aberta a possibilidade de haver, por exemplo, um conceito de significado mais amplo e
um mais estreito). Podemos desprezar esta distinção - que em outros contextos é
fundamental - porque o ponto importante em nosso contexto não é afetado por ela. Quer a
regra em questão seja uma regra normativa, isto é, uma regra que é seguida pelo usuário
do signo, ou uma regra causal, isto é uma mera regularidade objetiva que pode ser notada
por um observador - então, quer a regra seja da forma "se tais e tais condições se dão esta

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expressão deve ser usada", ou, "se tais e tais condições se dão esta expressão é usada" -
em ambos os casos é uma questão de associação do uso do signo com uma situação
particular de percepção, com circunstâncias ou condições particulares percebidas. Na
medida em que tal regra, quer seja interpretada como normativa ou causal, vincula o uso
do signo a certas circunstâncias (condições), vou chamá-la uma regra condicional. A
questão de se o significado de nossas expressões lingüísticas consiste nas circunstâncias
de seu uso pode então ser formulada assim: as regras de emprego de nossas expressões
lingüísticas devem ser interpretadas, nesse sentido, como regras condicionais?
O jogo de linguagem que Wittgenstein apresenta no §2 é também distinto de uma
linguagem de quase-predicados enriquecida pela forma de emprego quase imperativa na
qual ela leva em consideração o aspecto comunicativo de todas as linguagens - quer
humanas ou animais. Um signo não é apenas usado por alguém; ele é também dirigido a
alguém (ou a mais pessoas). Devemos então distinguir entre falante e ouvinte, ou mais
genericamente, entre o emissor e o(s) receptor(es) do signo. No exemplo de Wittgenstein,
é apenas em relação ao falante que podemos dizer que o signo está associado com as
circunstâncias de seu uso. Por outro lado, em relação ao ouvinte - no exemplo trata-se do
assistente -, se ele compreende ou não o signo, isto é mostrado pelo fato de ele realizar
um determinado ato quando percebe o signo, no entanto a regra do ouvinte é também
uma regra condicional; a única diferença é que agora a condição é o próprio signo; se o
signo é ouvido, tal e tal atividade é realizada. Esta regra também pode ser interpretada
tanto normativa quanto causalmente.
É somente neste modelo que nós temos um modelo realista de uma linguagem
primitiva, pois é apenas nele que uma finalidade intersubjetiva do emprego de signos
torna-se evidente. Na verdade podemos dizer que todas as linguagens primitivas efetivas,
que, em contraste com a linguagem de crianças, não estão em etapas preliminares, mas já
funcionam por si mesmas com propósitos, e todas as linguagens de animais, conformam-
se a este esquema. Assim, toda a teoria comportamentalista da linguagem parte deste
esquema. De acordo com esta concepção, a função do signo é fazer a mediação entre o
estímulo e a resposta e dessa forma tornar possível que um parceiro da comunicação
tenha ou receba o estímulo e outro exiba a resposta apropriada.1 Nesse sentido, no
exemplo de Wittgenstein, A necessita uma pedra de construção particular e, ao invés de
ele mesmo realizar a ação apropriada, realiza uma ação substitutiva, a qual, por sua vez,
provoca um estímulo em B, que faz com que B realize a ação. Assim, o signo faz com
que um parceiro possa atuar para o outro, mas também que um possa perceber para o
outro. Neste último caso enquadram-se, por exemplo, os sinais de aviso ou de alimento:
um parceiro percebe a situação e não responde a ela (ou não é o único a responder), mas,
ao contrário, realiza uma ação que serve como um estímulo substituto para os outros
companheiros, de tal forma que eles possam responder apropriadamente à situação sem
que eles mesmos a percebam.
Podemos chamar de “sinais” os signos que têm este tipo de função comunicativa. Este
vocabulário não é canônico. Existem autores2 que somente chamam de "sinais" signos
deste tipo se o seu emprego, tanto pelo emissor como pelo receptor, não é aprendido mas
sim inato, tal como na linguagem das abelhas. No contexto de nossa investigação, no
entanto, a distinção entre o emprego aprendido e o inato de tais signos não é importante,
particularmente como eu também ignorarei a distinção (muito mais fundamental) entre os
signos deste tipo cujas regras são causais e aqueles cujas regras são normativas, e que

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devemos compreender como sinais convencionais. Muito embora Wittgenstein destaque
que o jogo de linguagem que ele descreve é aprendido por meio de "treinamento",
depreende-se claramente das partes ulteriores das Investigações que ele compreende as
regras como normativas e os signos como convencionais. Uma incerteza mais séria que
diz respeito à interpretação dos jogos de linguagem de Wittgenstein tem a ver com a
questão de se ele pretende contrastá-los, como "linguagens primitivas", com a linguagem
que nós efetivamente falamos, ou se ele pretende que eles sejam compreendidos como
um modelo simples acerca de como até mesmo a nossa linguagem funciona. A tese de
que nossa linguagem é uma linguagem de sinais e que deve ser compreendida a partir do
modelo de respostas condicionadas (somente que de uma forma mais complicada) é
proposta pela teoria comportamentalista da linguagem; podemos deixar aberta a questão
se Wittgenstein sustentou uma visão correspondente, embora com uma interpretação mais
normativa do que causal das regras. De qualquer forma, é esta tese - que nossas
expressões lingüísticas funcionam como sinais ou que suas regras são regras condicionais
- que temos de examinar. É a forma mais geral e mais fundamental da tese que o
significado de uma expressão consiste nas circunstâncias de seu emprego.
Em primeiro lugar, eu gostaria de indicar duas dificuldades fundamentais, que
imediatamente tornam-se aparentes se tentamos interpretar as sentenças de nossa
linguagem como signos-sinais. A primeira é que o significado de um signo-sinal não é o
mesmo para o falante e para o ouvinte. Assim, o teórico comportamentalista da
linguagem Leonard Bloomfield escreve que o "significado" de uma expressão é "a
situação na qual o falante a profere e a reação a qual ela provoca no ouvinte."3 Foram
feitas tentativas para atenuar este fato, apontando-se que todo membro de uma
comunidade lingüística pode, dependendo da situação, assumir tanto o papel do falante
como o do ouvinte, e pode-se ainda dizer que alguém somente compreende a expressão
se conhece ambas as regras condicionais. Mesmo assim, contudo, esta concepção não se
ajusta às sentenças de nossa linguagem. Ou, dizendo isso de forma mais cautelosa: ao
menos não corresponde a nossa compreensão usual dizer que uma sentença não tem um e
o mesmo significado para o falante e o ouvinte.
Revela-se aqui um contraste peculiar entre as duas teorias do significado que discuti
até este momento. A teoria objetivística do significado simplesmente ignorou a função
comunicativa da linguagem; e como ela expressamente não refletiu sobre o fato de que
uma expressão é usada, podia descuidar da relação falante-ouvinte. A partir dessa
posição, o fato de que uma expressão tem apenas um significado para falante e ouvinte
mostra-se inteiramente não-problemático. A concepção comportamentalista, por outro
lado, acertadamente tomou a situação comunicativa como seu ponto de partida, no
entanto sua orientação para a linguagem de sinais levou a uma separação entre o
significado-para-o-falante e o significado-para-o-ouvinte. Uma análise satisfatória do
significado de nossas expressões lingüísticas não pode ignorar nem o aspecto
comunicativo da linguagem nem a identidade do significado para o falante e para o
ouvinte; e por isso teremos que perguntar como esta identidade de significado é
constituída a partir da situação falante-ouvinte. Este é um modo de formular a questão
que é similar à maneira pela qual ela já foi formulada na primeira terça parte do século
XX pelo psicólogo social americano George H. Mead.4 Ao invés de simplesmente tomar
a identidade do significado por dada, como na concepção objetivística, deveríamos, de
acordo com Mead, tomar como nosso ponto de partida a linguagem de sinais,

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biologicamente mais primitiva e teoricamente não-problemática, e perguntar o que
deveria ser adicionado no modo de comportamento para que o falante e o ouvinte sejam
capazes de referir-se a algo idêntico. De acordo com Mead, isto somente é possível se o
falante implicitamente co-realiza a resposta do parceiro, e, da mesma forma, o ouvinte a
ação do falante. Se isto é correto, então um significado idêntico, independente dos papéis
específicos de comunicação do falante e do ouvinte, somente seria constituído pela
divisão do evento de comunicação nos papéis do falante e do ouvinte, tornando-se
explícito para os próprios falante e ouvinte, que cada um, na realização de seu papel, co-
realiza o papel do outro. Esta teoria, que cada um dos parceiros internaliza o papel do
outro, também explica, de acordo com Mead, como é que alguém pode falar consigo
mesmo. A teoria de Mead, no entanto, permaneceu programática. Ele não mostrou como
a co-realização implícita da resposta do parceiro na própria ação de alguém deve ser
concretamente concebida, mas podemos manter sua concepção como uma perspectiva
hipotética para uma análise ulterior.
Apesar desta primeira diferença óbvia entre sentenças e sinais, isto é, que sentenças
têm somente um significado, examinemos a tese de que nossa linguagem é caracterizada
por sinais, em relação àquelas sentenças que constituem nosso principal interesse - as
sentenças predicativas assertóricas - e nos veremos imediatamente confrontados com uma
segunda dificuldade, pois é claro que uma linguagem de sinais não dá espaço para
sentenças assertóricas. Se tentamos aplicar a distinção entre sentenças indicativas e
imperativas, que é essencial para nossa linguagem, no caso de um signo-sinal, podemos
interpretar o sinal tanto como um enunciado que algo é o caso, como um imperativo que
algo deve ser feito; mas precisamente porque ambas as interpretações são possíveis,
ambas estão erradas. Uma dança de abelhas deve ser interpretada como uma informação
de que há mel num determinado lugar ou como um comando para que as outras voem até
lá? Um grito de aviso deve ser interpretado como uma informação que há perigo ou como
um comando para fugir? Tal distinção somente seria significativa se fizesse parte das
regras do jogo de linguagem que o receptor não apenas respondesse com a resposta
apropriada ao estímulo do emissor, mas também que ele tivesse a possibilidade de
responder ao sinal enquanto tal. Embora ainda não sejamos capazes de dizer quais são as
regras de emprego que determinam se uma sentença é assertórica ou imperativa, ao
menos isto está claro: um signo somente pode ser usado assertórica ou imperativamente
se o receptor tem a possibilidade de responder à emissão do signo como sendo uma
emissão assertórica ou imperativa de um signo. A possibilidade de resposta à emissão do
próprio signo está, em nossa linguagem de sentenças, contida no fenômeno de tomar-
uma-posição (Stellungnahme). Numa situação na qual também um sinal poderia ser dado
(por exemplo, o grito de alarme "fogo"), o receptor pode responder à sentença da mesma
forma que ele pode responder ao sinal. Também é possível para ele, contudo, ao invés de
responder, replicar à sentença, assumir uma posição em relação a ela. A forma mais
simples de assumir uma posição é negar, e dependendo da forma como a palavra "não" é
usada, quer dizer, em relação ao que uma posição é assumida, a sentença se mostra como
imperativa ou indicativa.
Pode-se presumir que os dois traços que já numa primeira vista parecem distinguir as
sentenças de nossa linguagem dos sinais, dependem um do outro. Pareceria agora
plausível examinarmos a tomada-de-posição do receptor como aquela resposta do
parceiro que, de acordo com Mead, é implicitamente co-realizada pelo emissor. Nesse

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sentido, a tomada de posição positiva ou negativa do receptor é uma resposta do tipo que
estamos procurando, uma resposta que já está antecipada no uso do signo pelo emissor.
Quando proferimos uma sentença, quer assertórica, quer imperativamente, a entendemos
como algo que pode ser negado. A resposta apropriada do parceiro para uma sentença,
em contraste com a resposta dada a um sinal, não é a realização de uma ação, mas a
afirmação ou a negação da sentença. No caso do imperativo, a realização da ação é
também uma possível resposta, mas esta realização da ação deve ser compreendida como
afirmação, algo essencialmente diferente da mera reação,5 pois ao invés de realizar a
ação, podemos responder com um "não". Na tomada de posição afirmativa ou negativa,
como nas outras tomadas de posição, como no questionamento, na dúvida e outras, as
quais estão fundamentadas na possibilidade de tomada de posição afirmativa e negativa,
o receptor está se referindo claramente à mesma coisa que o emissor, apesar de fazê-lo de
modo distinto. E se as regras para o emprego da sentença pelo emissor podem ser
demonstradas como sendo tais que relacionam seu emprego às possíveis tomadas de
posição do receptor, então o emissor já está se referindo à mesma coisa, como os
possíveis receptores. Dessa forma, as hipóteses programáticas de Mead receberiam um
conteúdo definido. Naturalmente que estas reflexões são elas mesmas ainda
programáticas, pois teríamos em primeiro lugar que mostrar que e como a tomada de
posição afirmativa e negativa pertence à regra de emprego de sentenças.
Inicialmente estamos ocupados apenas com sentenças assertóricas e em particular com
sentenças assertóricas predicativas. Depois destas reflexões extremamente gerais e
introdutórias, chego agora ao prometido exame da tese de que as regras de emprego das
sentenças predicativas podem ser compreendidas como regras condicionais e,
especificamente, de acordo com o esquema de uma linguagem de sinais. As dificuldades
gerais já referidas não tornarão supérfluo um exame detalhado, pois é apenas por meio de
uma investigação crítica detalhada das teorias existentes que podemos ter a esperança de
elaborar novas abordagens positivas.
Vou conduzir a discussão com referência a um exemplo. Escolho um exemplo que,
pelo fato de ser apropriado para um contexto de ação, é tão acomodado quanto possível à
teoria a ser criticada: a sentença: "A prefeitura está queimando." Podemos facilmente
imaginar situações nas quais seria tão justo quanto apropriado usar-se esta sentença como
a expressão-sinal "Fogo!" Agora, de acordo com a teoria a ser examinada, o significado
da sentença consiste de duas regras condicionais: a compreensão correta do ouvinte é
mostrada pelo fato de que ele responde a esta sentença de um modo específico; e o uso
correto pelo falante é revelado pelo fato de que ele usa a sentença em circunstâncias
específicas. Assim, se a teoria é correta, é possível especificar a reação determinada do
ouvinte e a situação determinada do falante, as quais, juntas, supostamente constituem o
significado desta sentença.
Começo pelo ouvinte. Suponham que alguém entre aqui na sala de conferências e
profira a sentença: "A prefeitura está queimando!" Como deveríamos reagir?
Provavelmente muitos de nós nem reagiríamos, outros diriam ao homem para nos deixar
em paz, outros perguntariam como ele sabe disso, alguns ririam e outros talvez corressem
para fora com várias finalidades; em resumo, não há a questão de uma conexão regida por
regras entre a audição da sentença e uma ação determinada. Para evitar esta absurdidade
evidente a que parece conduzir a teoria, os comportamentalistas introduziram o conceito
de uma disposição-para-uma-ação.6 Uma sentença apenas pode ter um significado

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prático, eles podem dizer, em certas situações. Por exemplo, a sentença "A prefeitura está
queimando" não tem um significado prático se alguém a profere aqui na sala de
conferências, mas o possui se alguém estiver transmitindo o aviso para o corpo de
bombeiros. Para escapar à objeção que, apesar disso, compreendemos a sentença quando
ela é proferida aqui na sala de conferências e não fazemos parte do corpo de bombeiros,
explica-se que o significado consiste não em uma ação, mas em uma disposição-de-ação;
que nós, aqui e agora, compreendamos a sentença "A prefeitura está queimando",
significa que ela desperta uma disposição em nós tal que se fôssemos bombeiros,
sairíamos correndo para apagar o incêndio. Alguém, igualmente, poderia dizer que o
significado consiste na disposição de correr para a rua, se a pessoa fosse um ocupante do
prédio da prefeitura. Há um número ilimitado de diferentes situações nas quais esta
sentença pode ser relevante praticamente. Entre incendiários, por exemplo, ela pode ser
usada como um anúncio de sucesso. A tentativa de interpretar uma sentença assertórica
como um sinal então nos conduz ao resultado que não apenas dois significados devem ser
atribuídos a ela, mas inúmeros significados.
Isto desqualifica a teoria pelo menos com relação ao lado do ouvinte, pois se existem
inúmeros significados de uma expressão lingüística, então o significado da expressão não
pode ser algo que alguém possa aprender de acordo com uma regra (ou várias regras). Eu
gostaria também de, mais uma vez, indicar que escolhi um exemplo que é especialmente
favorável à teoria. No caso da maioria das sentenças assertóricas é difícil pensar qualquer
tipo de reação apropriada. Qual, por exemplo, seria a reação apropriada à sentença "A
prefeitura é vermelha" ou "A prefeitura data do século dezoito"? Teremos então que
supor que aquilo com o que o ouvinte conecta a sentença, de acordo com a regra, é
alguma outra coisa diferente de uma ação, de uma disposição de ação ou um feixe de
disposições-de-ação, e voltar à concepção muito mais natural, que a ação ou disposição
de ação que o ouvinte de uma expressão efetua é um resultado que exige a operação
combinada da compreensão da expressão e das motivações de ação da pessoa concernida.
Em que consiste, então, o significado para o ouvinte? Poderíamos pensar que a regra
que na linguagem de sinais é a regra do ouvinte ajusta-se mais às sentenças imperativas
do que às assertóricas, e que a regra que temos de seguir no uso das sentenças
assertóricas é aquela que, na linguagem de sinais, é a regra do falante. Certamente isto é
uma sugestão atraente, particularmente quando consideramos que nesta versão mais fraca
a teoria comportamentalista igualmente seria capaz de dar conta das duas dificuldades
que eu apontei no início. Em contraste com os sinais, as sentenças seriam tanto
indicativas quanto imperativas. O significado da sentença indicativa seria determinado,
mesmo para o ouvinte, pela regra do falante, e o significado da sentença imperativa seria
determinado, mesmo para o falante, pela regra do ouvinte. Em ambos os casos então o
significado para o falante e para o ouvinte seria o mesmo.
Assim, no caso das sentenças com que nos ocupamos no momento (isto é, as sentenças
assertóricas) tudo depende de se, pelo menos para o lado do falante, o esquema do sinal
faz sentido. Podemos afirmar que o significado de uma sentença assertórica consiste nas
circunstâncias nas quais ele é usado?
Esta tese, por sua vez, permite duas interpretações. Primeiramente, poderíamos tentar
interpretar as circunstâncias praticamente. O significado da sentença "A prefeitura está
queimando" seria então definido pelas circunstâncias que dão pertinência ao proferimento
da sentença, por exemplo, que uma ajuda se faz necessária para se apagar o incêndio.

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Esta explicação, no entanto, nos conduz a uma repetição da explicação que foi
previamente dada para o ouvinte, e estaria sujeita à mesma debilidade. Além disso, nós
queríamos assimilar a regra do ouvinte à regra do falante, e não o contrário. Esta
interpretação, por isso, fica eliminada.
A segunda interpretação da referência à situação de emprego ou circunstâncias, e mais
plausível, é aquela que corresponde à referência ao estímulo no modelo
comportamentalista: as circunstâncias às quais a regra do significado vincula o uso da
sentença são definidas pela situação de percepção do falante. Esta concepção pode ser
sustentada em uma versão simples e em uma versão revisada. Aplicada ao nosso
exemplo, a versão simples seria: sempre (ou na maioria dos casos) que se percebe que a
prefeitura está queimando, dizemos: "A prefeitura está queimando", ou, em sua
formulação normativa: sempre que se perceba que a prefeitura está queimando, deve-se
dizer: "A prefeitura está queimando". Poderíamos igualmente ver esta regra para o uso da
sentença predicativa como uma especificação de uma regra para o uso do predicado, que
seria então: sempre que se percebe que alguma coisa está queimando deve-se dizer que
ela está queimando. Esta explicação seria uma explicação do predicado como um quase-
predicado. É óbvio que esta explicação é inadequada, pois normalmente não usamos nem
predicados nem sentenças predicativas na situação perceptiva correspondente.
Os sinais também são algumas vezes armazenados e transmitidos não na situação de
percepção, mas apenas quando eles podem ser relevantes para um parceiro. Abelhas, por
exemplo, realizam sua dança-linguagem não na presença, mas como uma conseqüência
imediata de certos fatores perceptualmente recebidos; é a exigência de informação dos
parceiros que desencadeia a dança-linguagem. Esta complicação pode ser facilmente
incorporada na teoria comportamentalista por meio dos seguintes acréscimos: (1) a noção
de circunstâncias de percepção pode ser ampliada para incluir percepções que continuam
a exercer uma influência por meio da memória; (2) aqui também podemos introduzir o
conceito de disposição e dizer: desde o momento em que ocorre uma percepção relevante,
o falante está em uma disposição correspondente que apenas é atualizada se ele encontra
um parceiro que precisa de informação; o parceiro é então ele próprio um fator que
pertence às circunstâncias. A regra condicional é neste caso uma regra situacional
estendida e pode ser formulada mais ou menos assim: se xy foi percebido e um parceiro P
é percebido, S é (ou na fórmula normativa: "deve ser") proferido.
Esta versão revisada do esquema explicativo comportamentalista pode facilmente
levar alguém a supor que a ausência de uma situação correspondente, que é o
característico do uso de uma sentença predicativa, é, em princípio, nada mais que a
existência de uma situação ampliada, que já é válida para a linguagem das abelhas,
apenas que muito mais complicada. Não é necessário que o falante tenha percebido que a
prefeitura está queimando; ele pode ter inferido isso ou ter sido informado por alguém.
Todas essas possibilidades teriam de ser incorporadas na regra-de-situação ampliada.
Como no caso da regra do ouvinte, a regra de emprego ameaça tornar-se tão complicada
que ela deixa de ser determinada - e isso no caso de uma simples sentença como "A
prefeitura está queimando"! Vocês podem, no entanto, perguntar, por que uma sentença
que é fácil de ser compreendida não poderia estar baseada num mecanismo complicado?
Não estamos, porém, indagando por um mecanismo subjacente ao uso da sentença, mas
acerca das regras de seu uso, que devemos ser capazes de explicar para alguém; senão,
não estaríamos indagando pelo significado.

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Não precisamos, entretanto, nos demorar mais neste argumento da indeterminação. A
tese de que o significado de uma sentença predicativa pode ser definido nos termos da
situação de seu uso, mesmo que ampliada, fracassa por razões de princípio. Para
demonstrar isso, eu gostaria de chamar a atenção para dois aspectos do uso de sentenças
predicativas que contradizem a exposição que relaciona o uso com as circunstâncias.
Posso colocar estes dois aspectos em destaque comparando-os com os dois acréscimos
feitos à versão revisada da teoria comportamentalista. Aqueles eram (a) às circunstâncias
presentes eram adicionadas as circunstâncias passadas que continuam a exercer alguma
influência por meio da memória; (b) a circunstância presente que suscita o uso efetivo da
sentença é a presença de um parceiro que precisa de informação.
1. Devo começar com o segundo desses dois pontos. Ele é essencial à concepção que o
uso é determinado pelas circunstâncias, pois se não há um fator presente que suscite o uso
efetivo, o uso efetivo num momento e num lugar particular não seria de forma alguma
governado pelas circunstâncias. É certo, porém, que uma sentença assertórica não é
governada por uma regra que vincula seu uso a uma situação específica de parceiros.
Mesmo se ignoramos o fato de que podemos proferir uma sentença de forma significante
sem que um receptor esteja presente, não é menos verdadeiro que podemos proferi-la
para qualquer parceiro, em qualquer tempo e em qualquer lugar, sem que seu significado
mude (Isso naturalmente não se aplica às expressões dêiticas; apenas mais tarde é que
deverei falar acerca dessas expressões, as quais no contexto de nossa discussão possuem
uma importância especial.) Isso então significa que o uso da sentença não é apenas menos
relacionado a uma situação do que um sinal, mas inegavelmente é independente de uma
situação. Pode ser noticiado no rádio, por exemplo, que a prefeitura de Heidelberg está
em chamas, e alguém, em algum lugar do Alasca ou no Afeganistão, pode contar isso a
algumas pessoas, que podem ou não estar interessadas em ouvir isto, "a prefeitura de
Heidelberg está queimando." Naturalmente, se o homem no Alasca efetivamente usa esta
sentença existirão certas circunstâncias em sua situação as quais ocasionam o fato de ele
repetir esta sentença; mas estas circunstâncias são certos motivos e interesses, e nada têm
a ver com o significado da sentença. Assim, a regra de uso que determina o significado de
uma sentença predicativa não pode ser uma regra condicional de qualquer conteúdo; ela
não pode ser uma regra da forma "se ... use a sentença ‘p’". Reconhecer a independência
de situação de uma sentença predicativa, no entanto, ainda não é compreendê-la. A
elucidação desta peculiaridade das sentenças predicativas é, na minha opinião, de
importância decisiva para a compreensão do uso de sentenças predicativas e da
linguagem assertórica em geral; mais tarde abordarei este problema cuidadosamente. Por
ora, no entanto, o máximo que posso fazer é pretender que seja plausível a tese de que é o
termo singular nas sentenças predicativas que torna possível esta independência de
situação. Aquilo que distingue a sentença "A prefeitura de Heidelberg está em chamas"
do quase-predicado "fogo" é o fato de que o termo singular prende-se à situação de
percepção ou a algo nela, como idêntico, e desse modo torna possível referir-se à situação
de percepção a partir de qualquer outra situação. Esta referência à situação a partir de
qualquer situação é algo fundamentalmente diferente de uma relação de situação
ampliada no sentido de uma dependência de situação.
2. No caso do emprego de uma sentença predicativa não apenas não existem
circunstâncias presentes que pertençam a seu significado, como também não existem
circunstâncias anteriores. Poderia à primeira vista parecer que, embora o uso significativo

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da sentença "A prefeitura de Heidelberg está em chamas", pelo homem no Alasca, não
requeira um fator evocativo que pertença ao significado, ele efetivamente requer a
circunstância que o homem ouviu esta sentença no rádio. Algum fundamento
experimental, mesmo que não seja perceptivo, parece ser exigido para o uso significativo
da sentença, no entanto, é fácil ver que esta pressuposição é enganosa. O homem pode,
por um motivo qualquer, dar início a um boato falso. Este exemplo pode parecer artificial
em um primeiro momento. Vocês poderiam mesmo estar inclinados a dizer que se
alguém usa a sentença desta forma então ele a está usando em uma maneira contrária à
regra, e que os usos que são contrários à regra não necessitam ser, na verdade não podem
ser, incluídos na regra de emprego. Pensem, no entanto, mais uma vez no homem que
entra aqui e grita: "A prefeitura está pegando fogo". Nós compreendemos esta afirmação
imediatamente, embora não saibamos qual é a base empírica que o homem tem para ela;
na verdade, não sabemos se ele tem qualquer base experimental para isso. Naturalmente
nós apenas encararemos sua afirmação seriamente na medida em que a supomos bem
fundamentada, mas a nossa compreensão da afirmação é independente de se nós a
tomamos seriamente ou não. Se perguntarmos a nós mesmos ou a ele quais são as
circunstâncias que ocasionaram seu proferimento desta sentença ou quais os fundamentos
que ele tem para ela, estamos pressupondo que para ele e para nós, independentemente
destas circunstâncias ou fundamentos, o significado da sentença já está fixado. Portanto,
é inevitável a conclusão de que não apenas as circunstâncias presentes mas também as
circunstâncias passadas do emprego de uma sentença são completamente irrelevantes
para o significado da sentença. Em relação ao primeiro ponto, a independência de
situação do emprego de uma sentença predicativa, alguém poderia ainda supor que uma
regra condicional que fixa seu significado é meramente não suficiente para o uso efetivo
de uma sentença predicativa. Ainda era concebível que deveria existir uma regra
condicional que fixa o significado que diz respeito às circunstâncias passadas do falante e
representa pelo menos uma condição necessária do uso da sentença predicativa.
Mostramos agora que o significado não pode ser contido de forma alguma em uma regra
condicional.
Este resultado negativo mais uma vez levanta a questão: qual deveria ser a direção de
nossa investigação acerca do significado de uma sentença predicativa? Se não podemos
interpretar o significado como um objeto, e se ele não consiste nas circunstâncias do uso,
então o que sobra? Em particular, vocês poderiam perguntar: se as circunstâncias do uso
são irrelevantes para o significado, então não devemos também abandonar a
pressuposição que compreender uma expressão lingüística é conhecer sua regra de
emprego? Argumentar assim, todavia, seria assumir que são apenas às circunstâncias de
seu emprego que algo pode ser relacionado por sua regra de emprego; e isso seria um
erro. Quando eu primeiramente introduzi a questão acerca do uso surgiu a questão que
quando nós falamos do uso de algo, isto é normalmente algo que tem uma função (p.
108s). E quando perguntamos pela regra de emprego de algo que tem uma função, não
estamos indagando sob quais circunstâncias ele deve ser usado, mas como ele deve ser
usado se queremos realizar o propósito para o qual ele existe. Predicados, isto se tornou
claro, têm uma função, a função de caracterização; assim, é plausível supor que podemos
também falar de uma função no caso da sentença como um todo. Em que deveria, então,
consistir a função de uma sentença? Será que o uso de uma sentença tem um propósito?
Será que nós usamos uma sentença com a intenção de realizar alguma coisa? Este seria o

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modo mais simples de interpretar a idéia que o uso de uma sentença tem uma função. As
regras de emprego da sentença seriam, nesta concepção, regras acerca de como uma
sentença deve ser usada para realizar-se um efeito pretendido; podemos chamar regras
deste tipo de regras instrumentais. Deveremos então examinar a hipótese de que as regras
de emprego de sentenças assertóricas não devem ser interpretadas como regras
condicionais, mas antes como regras instrumentais.

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