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18 OUT 2018 - 20:32 CEST

A disciplina de filosofia deixou de ser considerada uma "área prioritária" e tem


sido questionada por sua natureza pouco prática. Mas, como lembrava a filósofa
Marina Garcés, "a filosofia não é útil ou inútil. É necessária". Trata-se de uma
"linguagem fundamental" para aprender a pensar de forma crítica.

De qualquer forma, neste momento haverá leitores dizendo algo como: "Ok, tudo
bem. A filosofia é bonita. Pode ser um hobby, como jogar xadrez ou fazer
palavras cruzadas. Mas não se traduz em nada que possa me servir. Nunca me
verei na situação de duvidar se o mundo existe, como Descartes".

Mas a reflexão e a análise de questões fundamentais têm muito mais


consequências práticas do que parece. A filosofia não só nos ajuda a ver o mundo
de maneira diferente, mas também pode mudar a forma como interagimos com
ele. De como podemos ajudar os outros até como enfrentar a morte, ou se
devemos tuitar com raiva. O pensamento crítico e as ferramentas que a filosofia
nos proporciona nos ajudam a tomar decisões conscientes.

1. Como posso ajudar mais pessoas?

Suponhamos que você queira doar 10 reais para uma ONG. Qual deveria
escolher? Uma sobre a qual já ouviu falar? Alguma que esteja trabalhando em
catástrofes? Ou talvez outra que atue em sua cidade?

Os filósofos que defendem a corrente do "altruísmo eficaz" acreditam que as


doações, por menores que sejam, podem ajudar muito mais do que imaginamos.
Em entrevista ao EL PAÍS, o filósofo australiano Peter Singer destacou que
pessoas de países em situação de extrema pobreza "vivem com menos de 700
dólares (cerca de 2.600 reais) por ano e, muitas vezes, não têm acesso à água
potável, saneamento básico e educação para seus filhos". Ou seja, esses 10 reais
podem valer muito mais em um desses países com uma situação econômica pior.

Além disso, nem todas as iniciativas funcionam da mesma maneira. Em seu


livro Doing Good Better (fazendo o bem melhor), o filósofo William MacAskill,
da Universidade de Oxford, nos aconselha a fazer perguntas como as seguintes:
estamos ajudando uma área que está esquecida e, portanto, carente de recursos?
Ou doamos quando ocorre uma catástrofe e, portanto, já existem muitas pessoas
dando uma mãozinha?

MacAskill também defende levar em consideração se há provas do alcance das


ações da ONG. Por exemplo, e embora pareça paradoxal, os programas de
eliminação de vermes intestinais são mais úteis para reduzir o absenteísmo
escolar no Quênia do que comprar livros didáticos.

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