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Processo: 0004968-36.2015.8.16.0193
Classe Processual: Execução Fiscal
Assunto Principal: Dívida Ativa
Valor da Causa: R$861,78
Exequente(s): Município de Colombo/PR
Executado(s): COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA
Vistos.
Recebidos os autos, determinou-se a citação da devedora para responder a ação nos termos
dispostos na Lei de Execuções Fiscais.
Devidamente citada e após ser intimada quanto a penhora realizada via sistema BacenJud a
executada compareceu aos autos e apresentou exceção de pré-executividade, arguindo, em síntese: i)
incorreta indicação do devedor, ii) a prescrição do crédito tributário, iii) imunidade objetiva, iv)
imunidade tributária em relação aos imóveis afetados ao serviço público, v) a inconstitucionalidade das
taxas.
Assim dispõe o art. 16, § 3º, da Lei nº 6.830/80: “O executado oferecerá embargos, no
prazo de 30 dias, contados (...) §3º Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções,
salvo as de suspeição, incompetência e impedimento, serão arguidas como matéria preliminar e serão
processadas e julgadas com os embargos.”.
Quanto ao tema:
Portanto, cabível se mostra a exceção apresentada, razão pela qual passo a analisá-la.
2. Do mérito
No que tange ao IPTU, dos diversos argumentos apontados pela parte devedora, extraio um
como suficiente ao acolhimento da exceção apresentada, a saber: o imóvel sobre o qual incide o IPTU se
trata de bem público afeto à prestação de serviço público, amparado, assim, pela imunidade tributária.
Esse cenário autoriza a extensão da imunidade tributária recíproca, definida no art. 150,
inciso VI, da Constituição Federal, às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
essencial, sendo que esta condição especial afasta a aplicação do § 2º, do art. 173, da Carta Magna.
Igualmente:
Friso, aqui, que os créditos com vencimento no ano de 2010 são todos referentes ao IPTU.
Diante disso, reconhecida a imunidade tributária da parte executada, desnecessário o enfrentamento da
prescrição alegada, vez que o lapso prescricional alcança, justamente, o aludido imposto, o qual ora se
afasta diante da imunidade reconhecida.
Extrai-se da CDA que embasa o presente executivo fiscal, a cobrança em face da COPEL
de taxas de expediente e de limpeza e conservação.
Pois bem. Tratando do tema (taxas) o art. 145, inciso II, da Constituição Federal, bem
como os arts. 77 e 79, do Código Tributário Nacional, estabelecem como requisitos essenciais para
instituição do aludido tributo o exercício do poder de polícia, ou, hipótese que se enquadra no caso dos
autos, a utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição”.
Ocorre que as taxas que integram a CDA deste feito (taxas de expediente e de limpeza e
conservação) são reconhecidamente inconstitucionais, por ausência da divisibilidade constitucionalmente
exigida.
Conclui-se, assim, pela inconstitucionalidade das taxas em comento, de modo que a tese
apresentada pela parte excipiente merece prosperar.
Razão assiste à executada. Ao que se extrai da matrícula atualizada do imóvel que dá azo à
Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (mov. 21.6), a propriedade do bem é de COPEL
Distribuição S/A. Trata-se, pois, de pessoa jurídica diversa daquela indicada na inicial.
Para além disso, o lançamento tributário deve ser realizado corretamente pelo fisco,
independentemente de qualquer atuação da parte no sentido de atualização cadastral.
Por fim, destaco novamente que o exame da prescrição resta prejudicado ante a já
reconhecida imunidade tributária em relação ao IPTU e a inconstitucionalidade das taxas.
3. Do dispositivo
Por fim, com fulcro no entendimento do E. Superior Tribunal de Justiça,[1]o qual destaca
que são devidos honorários advocatícios em caso de acolhimento de exceção de pré-executividade,
condeno o exequente ao pagamento dos honorários sucumbenciais ao patrono do executado, os quais fixo,
com base no art. 85, §§ 2º e 8º, do CPC, em R$500,00 (quinhentos reais).
Em atenção ao disposto no art. 496, § 3º, inciso III, do CPC, deixo de submeter este feito à
remessa necessária.
Oportunamente, arquivem-se.
http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=101728
[1]
Juiz de Direito