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Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0001304-61.2017.5.09.0002


em 31/10/2018 15:18:51 e assinado por:
- PAULO ROBERTO SOARES NOLLI

Consulte este documento em:


https://pje.trt9.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código: 18103115165352600000045491870

18103115165352600000045491870
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 02ª VARA DO TRABALHO, CURITIBA – PR.

Autos: 0001304-61.2017.5.09.0002.

MARIA MADALENA GALLIO DE SOUZA, reclamante devidamente


qualificada nos autos, por advogado comparece apresentando RECURSO
ORDINÁRIO.

O faz visto r. sentença, cuja, indignada, discorda,


parcialmente, assim as suas acostadas razões requer sejam
recebidas, processadas e após contraditório remetidas ao competente
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.

Presente os requisitos de admissibilidade e conhecimento, eis


que tempestivo, e formal, e custas dispensadas, conforme, vossa
sentença.

Nestes Termos,
Pede-se deferimento.

Curitiba-PR, em 30 de outubro de 2018.

Paulo Roberto S. Nolli


OAB/PR 41.046

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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 9ª REGIÃO.

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO.


Recorrente: MARIA MADALENA GALLIO DE SOUZA.
Recorrido: BTS INFORMA FEIRAS, EVENTOS E EDITORA LTDA.
Advogados: De ambos, procurações e substabelecimentos, no bojo dos
autos.
Origem: 02ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA - PR
Autos: 0001304-61.2017.5.09.0002

EGRÉGIO TRIBUNAL!
COLENDA CÂMARA!

Comparece a recorrente objetivando alcançar a reforma da


sentença “a quo”, onde, vencedora, parcialmente, assim entende que
não se houvera a integral aplicação do seu direito.

Inclusive, afrontando, diretamente, a jurisprudência deste


Douto Tribunal e outros, bem como do TST, STJ e STF.

Igualmente, ignorando os normativos constitucionais federal,


razões pela qual, requer-se incontinenti a reforma do julgado em
favor da recorrente.

PRELIMINAR.

REVELIA.

Não fora reconhecida a revelia, conforme, fls. 918, veja-se:

A reclamante requer a declaração de revelia da


ré, por entender que a procuração judicial ao
advogado nomeado pela reclamada não possui
poderes especiais para nomear o preposto.
A carta de preposição não é exigência legal, no
entanto, o costume estabelecido na prática
estabeleceu a apresentação do documento. No
mais, a nomeação foi feita por advogada
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representante da ré, conforme procuração juntada
aos autos, fls. 144. (nossos os destaques)

Sem razão!

A preposta (148) fora nomeada em razão do instrumento (144),


qual, mesmo constando poderes para nomeação de preposto o ato em
deslinde é nulo, pois para isto S.V.M.J. não encontra autorização
no seu contrato social.

REQUER.

Seja decretada a revelia da recorrida e forte nos seus


sucessivos efeitos em benefício da recorrente.

Submisso ao princípio da prevenção, adiante, passa a dissertar


sobre demais questões.

RAZÕES.

3. DOENÇA LABORAL (919)

Assim julgara:

A reclamante alega que adquiriu doença laboral


durante o seu contrato de trabalho, sem que a
reclamada tenha emitido CAT, ainda, afirma que
estava em tratamento médico à época da
despedida, por isso requer a reintegração no
emprego com o pagamento das verbas consectárias
do período de estabilidade por doença.
A lei 8.213/91, no seu artigo 118 dispõe o
seguinte: "O segurado que sofreu acidente do
trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de
doze meses, a manutenção do seu contrato de
trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de
percepção de auxílio-acidente".
Extrai-se do dispositivo transcrito que a
fruição do benefício previdenciário auxílio-
doença acidentário é pressuposto legal para
aquisição do direito à estabilidade decorrente
de acidente de trabalho, bem como a comprovação
de nexo de causalidade entre a moléstia e as
atividades desenvolvidas pelo empregado.
Frise-se que as doenças ocupacionais são
equiparadas ao acidente de trabalho, para os
fins legais.
Cumpre esclarecer, que não é qualquer
enfermidade que possui caráter obstativo à
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despedida, mas sim aquela que impossibilita o
empregado de assumir novas atividades.
Para fins previdenciários e da obtenção da
garantia provisória de emprego, é irrelevante a
demonstração de culpa patronal. Nesse sentido, o
acidente de trabalho típico ou atípico (doença
ocupacional) exige, para sua caracterização e
para a produção dos seus efeitos jurídicos
próprios, a demonstração de que o trabalhador
tenha sido vítima de um evento externo,
relacionado direta ou indiretamente com o
exercício do trabalho a serviço do empregador
(nexo etiológico causal ou concausal), que
provoque lesão corporal ou perturbação funcional
física ou mental e resulte em morte ou perda da
capacidade laboral, de modo permanente ou
temporário, total ou parcial (dano).
No caso dos autos, a reclamante não obteve êxito
em comprovar que a enfermidade alegada fosse
correlata com as atividades laborativas por ela
desenvolvidas, pois, conforme se depreende dos
relatos das testemunhas ouvidas em juízo, não
restou comprovado que a reclamante estivesse
acometida de doença laboral ao tempo da
rescisão.
Assim sendo, a reclamante não implementou
condição necessária à obtenção de estabilidade
provisória, qual seja, permanecer em benefício
previdenciário (auxílio-doença acidentário) por
período superior aos quinze dias de
responsabilidade do empregador, assim como pela
inexistência de nexo causal entre as doenças
alegadas com o exercício profissional. Rejeita-
se o pedido de reintegração no emprego,
pagamento das verbas correlatas, bem como o
pedido sucessivo de indenização substitutiva e
pagamento de indenização por perdas e danos.
Improcedente. (nossos os destaques)

Sem Razão!

Inicialmente que a fruição do benefício previdenciário


auxílio-doença acidentário não é pressuposto legal constitutivo,
mas, meramente indiciário para aquisição do direito à estabilidade
decorrente de acidente de trabalho.

Quanto a comprovação do nexo de causalidade entre a moléstia e


as atividades desenvolvidas pelo empregado o juízo em recurso
simplesmente impediu a produção probatória.

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Apenas “expert” pode afirmar que a recorrente não está
impossibilitada de assumir novas atividades assim como “pela
inexistência de nexo causal entre as doenças alegadas com o
exercício profissional”.

Certíssimo é que a recorrente tempestivamente requereu a sua


específica produção probatória atinente ao tema (09) e juntou prova
médica da sua condição (40).

7. JORNADA

Assim julgara:

Sustenta a reclamante que laborava de segunda a


sexta, das 8h15 às 18h15, elastecendo a jornada
até 20h30, ainda, laborava em sábados e domingos
7h30 às 21h30 em eventos da reclamada,
usufruindo de 30 minutos de intervalo
intrajornada, por fim, aduz que, no período
imprescrito, laborou em feriados.
A reclamada afirma que as horas laboras além da
jornada normal se encontram quitadas e juntou
aos autos os cartões pontos da reclamante.
A testemunha Claudineia, ouvida a convite da
reclamante, laborava no setor de RH da
reclamada, na função de analista de RH, e
afirmou que a marcação do cartão ponto era regra
na empresa, inclusive, quanto ao labor em
sábados e domingos.
A reclamante não conseguiu infirmar a veracidade
das anotações constantes nos cartões ponto,
assim, declaro válidos os documentos juntados
aos autos (fls. 557/623).
O contrato de experiência e o contrato de
trabalho demonstram que a reclamante estava
sujeita a jornada diária de 8 horas e 44
semanais, sendo o sábado compensado (fls.
192/196).
Os recibos salariais (fls. 415/480) demonstram
que a reclamante recebeu horas extras de 50% e
100%. Em impugnação, a reclamante limitou-se a
defender a sua hipossuficiência financeira para
apresentar o demonstrativo de horas extras, que
se trata ato que inibe o acesso a justiça,
porém, a análise documental e o confronto dos
documentos é simples, ainda, poderia a
reclamante apontar de forma exemplificativa a
ocorrência de horas extras não pagas.
Considerando que a análise dos cartões ponto não
demonstram a realização de horas extras
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frequentes, somado aos recibos salariais em que
constam o pagamento de horas extras eventuais,
concluo que inexistem horas extras não pagas ou
não compensadas em seu favor.
Improcedente. (nossos os destaques)

Sem Razão!

Os juntados controles de jornada foram devidamente impugnados


(879) bem como acordo de compensação de horas (877).

S.V.M.J., a recorrente não está obrigada a apresentar


demonstrativo de horas extras e esta exigência, sim, inibe o acesso
a justiça mesmo sob argumento de que “poderia apontar de forma
exemplificativa a ocorrência de horas extras não pagas”.

Até porque (879) os de fls. 557/623, juntados em cartões ponto


com posição heterodoxa, ou seja, em posição incorreta para leitura,
portanto, impedindo, propositalmente, produção de demonstrativo de
horas extras, quais, requeridas as suas nulidades.

Os depoimentos foram uníssonos de que ela era quem primeiro


chegava ao trabalho e antes do horário normal inclusive para abrir
a porta aos demais bem como Zuleide, não sendo nunca remunerada.

S.V.M.J., inclusive, que fazia horas extras fins de semana


(domingos e feridos).

18. MULTA CONVENCIONAL (926/927)

Assim julgara:

A reclamante alega que foi descumprida a


cláusula convencional 9ª (vale alimentação), 13ª
(aviso prévio), 17ª (prazo para homologação do
TRCT), 21ª (labor após às 19h30), 24ª (intervalo
para lanche), da CCT 2016/2017 (fls. 65/85).
De acordo com os tópicos anteriores, a
reclamante recebeu vale alimentação e aviso
prévio corretamente, portanto, não houve
descumprimento da norma coletiva.
Quanto ao prazo de homologação, o TRCT foi pago
em 12/05/2017 (fls. 220) e a homologação ocorreu
em 08/06/2017 (fls. 205), dentro do trintídio
previsto na norma coletiva, portanto, não houve
descumprimento pela reclamada.
Em relação à cláusula 21ª, de acordo com os
cartões ponto, considerados válidos,
considerando os cartões de 01/06/2016 até a
rescisão, período da norma coletiva que
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fundamenta o pedido, não houve labor além das
19h30 a ensejar a declaração de inobservância da
cláusula normativa pela reclamada, nos limites
do pedido.
Por fim, a cláusula 24ª da CCT prevê intervalo
de 15 minutos de lanche inseridos na jornada de
trabalho, no entanto, a norma não é impositiva,
tendo em vista que não impõe a sua observância a
todas as empresas, ao contrário, a cláusula está
indicada para as "empresas que adotam tal
critério", no entanto, a testemunha ouvida em
juízo, a convite da reclamada, declarou que a ré
não fornecia lanche, portanto, a cláusula não se
aplica ao caso dos autos.
Improcedente.

Sem Razão!

Quanto ao aviso prévio houvera condenação (), portanto, a


cláusula convencional 13ª (aviso prévio) foi infringida.

Caso hora extra laborada seja reconhecida assim infringida a


cláusula 21ª (labor após às 19h30).

“A testemunha ouvida em juízo, a convite da reclamada,


declarou que a ré não fornecia lanche,” portanto, a cláusula 24ª
(intervalo para lanche) fora infringida.

Esta cláusula determina que os “intervalos de 15 (quinze)


minutos para lanches, nas empresas que adotam tal critério, serão
computados como tempo de serviço na jornada do empregado.”

Cabe a recorrida o ônus da prova de que não adotava tal


critério, agora, a recorrente provou que não recebia os seus
lanches e nem era remunerada pelos seus quinze minutos sempre a
trabalhar para enriquecer mais a recorrida a custa do seu
empobrecimento e da sua saúde.

Além das sanções estipuladas pelas CCTs, também fora requerida


a convolação em indenização (20) dos sonegados direitos decorrentes
das cláusulas infringidas, o que ora se ratifica.

21. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (926/927)

Fora concedida a gratuidade de justiça para a recorrente


(926), logo, não pode ter ela dedução sobre o seu parco crédito
alimentar como determina a sentença ora em apreço ou por outra
motivação segundo entendimento do tribunal.

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REQUER-SE.

Em face ao aqui dissertado, pugna-se pela reforma da sentença


ora em recurso e com provimento integral, tudo, em benefício da
recorrente como efetiva medida da razão e do justo, acrescendo-se
todos os acessórios devidamente requeridos em petição inicial, como
mero exemplos aplicação da CLT, art. 467 e 477, FGTs, ...

Bem como devolvido os autos ao juízo “a quo” determinando que


seja executada a requerida perícia médica e após, então, o
julgamento atinente a esta questão, ou, por este tribunal seja a
prova produzida para ao fim ser julgada.

Nestes termos;
Pede-se deferimento.

Curitiba/PR, em 30 de outubro de 2018.

Paulo Roberto S. Nolli


OAB/PR 41.046

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