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O livro desenvolve a ideia de que o neoliberalismo econômico encontra na

desigualdade de gênero e no neoliberalismo sexual uma importante fonte de legitimação do


seu discurso: tudo tem um preço, tudo se pode comprar e vender. E isso sim, com o
consentimento das partes implicadas.

Auto consciência da espécie mulher.

O livro trabalha no paradigma da igualdade/desigualdade. Localizando-se


teoricamente como Feminismo da Igualdade. Também reforça uma posição anti
prostituição. Assim como a violência, a prostituição é para a autora uma forma de perpetuar
a desigualdade. A prostituição como neoliberalismo (poder vender seu corpo) e por outro
lado a postura abolicionista.

“não há nada mais prático do que uma boa teoria”

Patriarcados do consentimento.

“A diversidade de pensamento não pode confundir-se com o vale tudo”

PRIMEIRA PARTE
ONDE ESTAMOS: DESIGUALDADE E CONSENTIMENTO

Sociedades formalmente igualitárias. Hipótese de que nas sociedades formalmente


igualitárias e com políticas ativas de igualdade, a reprodução dos valores patriarcais se
consolida em três camadas conectadas: a camada da criação, dos meios de comunicação e
consumo de massa.
A sensação de que muita coisa mudou, se dá quando olhamos para a vida de
nossas tataravós, bisavós, avós, mães. Mas quando olhamos para a outra metade da
população, os homens, percebemos que pouco mudou, contudo.
Ainda que a autora reconheça que durante toda a história da humanidade, mulheres
se insubordinaram por suas vidas pessoais e coletivas, o marco do Feminismo para ela é a
Modernidade, acompanhando as transformações sociais a partir da Revolução Francesa e
Revolução Industrial. A partir disso, o Feminismo que se desenvolve pluralmente, se
caracteriza como uma teoria, uma militância social e política e uma prática cotidiana, uma
forma de entender a vida. Como teoria, proporciona uma visão e uma nova visão da
realidade. Enquanto uma forma de ver a vida, o feminismo alcança a esfera pessoal e
privada, uma vez que não se trata apenas de uma proposta política, da esfera pública. “O
pessoal é político”.
A desigualdade sexual num sistema patriarcal é invisibilizada. É por isso que
mulheres como Simone de Beuvoir declaram que só se perceberam mulheres tardiamente,
no caso da filósofa aos 40 anos, quando despertaram para a desigualdade. “Para mim, ser
mulher não havia pesado em nada”.

O amor romântico como um paradigma de reprodução da desigualdade. Alejandra


Kollontai manteve no início do século XX que a emancipação das mulheres não aconteceria
enquanto o amor se mantivesse como uma finalidade prioritária de suas vidas. “se uma
mulher tem um coração vazio, sua vida se parece tão vazia quanto seu coração”. O
problema com o amor reside portanto no fato de que para os homens, o amor nunca é a
maior finalidade de suas vidas, tem como finalidade seu desenvolvimento individual. Isso
não significa que um amor é desimportante aos homens, mas o amor e uma família são
sempre parte de um projeto maior de construção de si. Por isso muitas teoricas colocam o
amor romântico e o medo de ficar sem um companheiro como um mecanismo de
subordinação da mulher.

Livro “O poder do amor: importa o sexo à democracia?” de Ana G. Jonasdottir faz


uma análise a partir da lógica marxista: Assim como a capacidade humana de trabalhar é
fonte de valor e gera uma mais-valia que a classe capitalista extrai da classe trabalhadora,
nas sociedades patriarcais, os homens extraem uma mais valia de dignidade generica em
todas e a cada uma de suas interações com mulheres. Há uma falta de reciprocidade no
amor que entregam as mulheres e no amor que recebem.

Como as mulheres são construídas para terem medo da violência por parte de
homens, ter um homem ao seu lado representa uma proteção.

CAPÍTULO 3
DO AMOR COMO PROJETO DE VIDA AO AMOR COMO UM VALOR NA VIDA

Cultura do amor, o amor romântico como alternativa aos casamentos arranjados, por
interesses políticos, tradições, etc

Para Denis Rouagemont o problema do amor no ocidente reside na equivocada fusão entre
amor romântico e matrimônio. O erro consiste no fato de que o matrimônio é um contrato de
apoio mútuo entre duas pessoas que não se sustenta num movimento de exaltação.

Por outro lado, existe o amor romantico. Se quer relação, mas não compromisso.

Estes dois autores não consideram o gênero. E a exploração da capacidade de amar da


mulher

A sujeição das mulheres, do filósofo e feminista Suart Mill, obra na qual argumenta que a
formação radicalmente distinta, simbolizada em azul e rosa, tem como consequencia
frequente que a relação matrimonial se converta num autentico inferno para os dois. Para
Mill a ideia de uma associação íntima entre pessoas radicalmente distintas em cultura,
gostos e sentido da vida é uma ilusão. A diferença pode atrair, pero o que retém é a
semelhança. E os individuos podem dar-se felicidade conforme sejam mais semelhantes
entre si.

“Toda companhia que não eleva, rebaixa”

Kollontai assinala a impossibilidade das novas mulheres se realizarem sentimentalmente


em um mundo em que os homens também não se transformem.
“o que ganhará a mulher nova, com seu recém estreiado direito de amar, enquanto não
existir um homem novo, capaz de compartilhar isso com ela, de reciprocidade?”

A nova moral sexual, livro da Kollontai, “as normas morais que fundamentam a vida humana
não podem ter mais do que duas finalidades: assegurar à humanidade uma decendência sã
e contribuir para o enriquecimento da psique humana no sentido de fomentar os
sentimentos de solidariedade e camaradagem

Para Kollontai, a resposta aos efeitos desastrosos do matrimonio institucionalizado não é a


união livre e sim a mudança na psicologia dos individuos. Sem esta mudança profunda, o
amor livre não é mais do que uma mudança formal. É preciso que a mulher deixe de se
subordinar e que a dupla moral sexual seja extinta

Kollontai pergunta se é possível existir uma relação livre dentro do atual estado psicológico
da humanidade. Segundo sua análise, na sociedade capitalista, baseada na luta pela
existência, fomentou hábitos e mentalidade individualista e sem solidariedade entre as
pessoas. As pessoas vivem ilhadas, quando não enfrentadas pela comunidade. E é esta
solidão moral em que vivem homens e mulheres que os leva a enganchar com tanta avidez
a um ser do sexo oposto e a entrar de alma num outro. A ideia de propriedade contamina
até a união que se pretende mais livre. Só em uma sociedade baseada em solidariedade,
companheirismo e igualdade entre os sexos uma relação livre pode acabar bem.

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