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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

RELATÓRIO DA PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS


Jeferson Lima de Souza

CAMPINA GRANDE – PB, dezembro de 2018


RELATÓRIO DA PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Relatório de estágio supervisionado apresentado


como pré-requisito para a aprovação na
disciplina de Prática de Ensino e conclusão do
curso de Licenciatura em Ciências Sociais da
UFCG.

Orientador: Severino José de Lima

CAMPINA GRANDE – PB, dezembro de 2018


“Seja a mudança que você quer ver no mundo”
(Mahatma Gandhi).
AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, gostaria de agradecer minha querida esposa, companheira e amiga


Fatima, pelas horas a fio acordada em longas madrugadas de estudo, regadas a copos de
café e sua doce companhia. Agradecer minha mãe Arlete, pela paciência e ajuda nos
momentos difíceis de estudos, provas e seminários. Sem dúvidas, aqui agradeço meus
amigos de Solânea pelas horas felizes e descontraídas, até mesmo pelos momentos
tristes e cansativos que estivemos juntos durante as longas viagens de ônibus entre
nossa cidade e Campina Grande. Aos queridos amigos da UFCG que durante esses
quatro de anos de estudo me deram um grande suporte emocional e a certeza de que
tudo valeria a pena. Aos queridos professores e técnicos administrativos tanto de nosso
departamento, quanto de outras Unidades Acadêmicas pelos momentos agradáveis de
trocas de conhecimentos. Em suma, listo abaixo essas maravilhosas pessoas que tanto
contribuíram para minha formação e que, sobretudo, ficarão marcadas para sempre em
minha vida: Fatima, Arlete, Diego, Aleksandro, Rafael, Hugo, Letícia, Patrícia, Mário,
Isaias, Edyvanio, Alexsandra, Rafaelzinho, Hidalgo, Euriques, Luís Soares, Ericlys,
Júlio César, Maciel, Eduardo Araújo, Nadilma, David, Rita, Fransuhelington, Ana
Flávia, Beneilto José, Assunção, Tânia, Xangai, Lemuel, Luciano Queiroz, Ramonildes,
Jesus Izquierdo, Larissa Santana, Maurino, Mércia, Luís Henrique, Rivaldo, Genilda,
Ruy, Emília, André, Genilson, Marcos, Vagner Ataíde, Jucian, Lindomarques Silva,
Wilton Moura, Nádia, Chang, Jânio, Ceiça, Edilza, Márcio, Jailson, Caio, Mirela, Jael,
Pedro, Chermyson, Cecília, Simone, Angélica, Patrick, Rádio Correio da Serra, Rádio
Solânea FM, Roberto “Casa da Pamonha”, Raul da rodoviária, Toinho Oliveira,
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Solânea, Karlos Thota.
Sumário

APRESENTAÇÃO
2. INTRODUÇÃO
3. SOCIOLOGIA: A EXTENSA LUTA PELA INSTITUCIONALIZAÇÃO NO
BRASIL ................................................................................................................................. 1
4. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES
NACIONAIS DE SOCIOLOGIA ....................................................................................... 3
5. DIAGNÓSTICO DA ESCOLA ....................................................................................... 6
6. ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO ................................................................................. 11
7. ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA ..................... 15
8. PERFIL DAS TURMAS .................................................................................................. 17
9. PRÁTICA E EXPERIÊNCIA DOCENTE .................................................................... 18
10. AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE ................................................................... 33
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 34
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 35
13. ANEXOS ......................................................................................................................... 36
1. APRESENTAÇÃO

O presente relatório tem como objetivo descrever os trabalhos e atividades


realizadas durante o período 2018.2 da disciplina de Prática de Ensino em Ciências
Sociais. Em sala de aula foi acordada uma prévia divisão das atividades visando um
melhor desenvolvimento desse trabalho. Primeiramente, nos dedicamos às aulas teóricas
na UFCG ministradas pelo professor Severino José de Lima a partir de um
aprofundamento minucioso dos conhecimentos teóricos e didáticos fruto de ricas
discussões acerca da prática de ensino e aprendizagem, assim como, dos demais temas
correlacionados, tais como: a Reforma do Ensino Médio, as Orientações Curriculares
Nacionais de Sociologia, a Base Nacional Comum Curricular e os grandes teóricos da
Educação. Num segundo momento fui a campo efetivamente para realizarmos a prática
docente, sendo essa, uma etapa fundamental para a formação de um futuro docente em
educação. Meu estágio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Doutor Alfredo Pessoa de Lima (Colégio Polo) localizado no Município de
Solânea, no Brejo paraibano. Ao fim, realizei a elaboração desse relatório que está
dividido da seguinte forma: “Introdução”, onde realizo um apanhado geral desse
trabalho; “Sociologia: a extensa luta pela institucionalização no Brasil”, no qual faço
uma breve análise contextualizada da história da Sociologia em nosso país;
“Considerações sobre as Orientações Curriculares Nacionais de Sociologia” que
representa a base fundamental desse trabalho por constituir sua fundamentação teórica.
Segue depois os capítulos: “Diagnóstico da escola”, o qual aborda as principais
informações de meu campo de estudo; “Análise do livro didático” compreendendo um
estudo detalhado de seus principais elementos; “Análise do projeto político pedagógico
da escola” procurando conhecer seus objetivos e metas traçadas; “Perfil das turmas”
procurando conhecer suas características; “Prática e experiência docente” onde
detalhamos a gratificante experiência do estágio; Finalmente a “Avaliação da prática
docente” que representa um breve relato dos desafios e superações encontradas; e as
“Considerações finais”, onde realizo uma síntese dos principais elementos desse
relatório; Para completar o corpo do texto, seguem-se “Referências Bibliográficas”,
constando as fontes que serviram de arcabouço desse trabalho; “Anexos” onde
apresento os planos de aulas e demais documentos constantes desse relatório. A carga
horária da disciplina de Prática de Ensino 120 horas/aulas foi distribuída entre: aulas
teóricas (na UFCG), preparação das aulas (compreendendo estudos, planos de aulas e
slides), estágio na escola, e elaboração do “Relatório de Estágio”. Durante minha prática
docente fui supervisionado pelo professor Beneilto José da Silva e orientado pelo
professor Severino José de Lima.

2. INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por finalidade descrever toda a trajetória percorrida por mim
durante a disciplina de Prática de Ensino em Ciências Sociais, constituindo-se em um
material de suma importância para minha formação acadêmica durante a prática docente
no estágio supervisionado, juntamente com a fundamentação teórica adquirida na
UFCG.
Estar em campo é poder colocar em prática todo referencial teórico aprendido na
trajetória acadêmica, buscando compreender os sentidos e significados, a partir de um
olhar que privilegie o “estranhamento” e a “desnaturalização” assim como preconiza
Wright Mills.
Localizada acerca de três quilômetros do centro da cidade de Solânea, a Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Alfredo Pessoa de Lima no momento
passa por dois acontecimentos importantes de sua história, sendo o primeiro
representado pelo processo de transição para o enquadramento como “Escola Cidadã” e
o segundo uma grande reforma estrutural em todas suas dependências internas.
Ao utilizar métodos científicos para caracterizar atitudes e comportamentos de
certa forma “familiares”, num primeiro momento me pareceu algo simples e de pouca
complexidade, contudo, percebi que para compreender todos os significados e
simbolismos seria necessário estar embasado fortemente por fundamentos teóricos, e
preparado para diante da evidência dos fatos, estar apto a rever procedimentos e
perspectivas traçadas.
Segundo (OLIVEIRA, 2006) o olhar, o ouvir e o escrever podem ser
questionados em si mesmos, embora, em um primeiro momento, possam nos parecer tão
familiares e, por isso, tão triviais, a ponto de sentirmo-nos dispensados de problematiza-
los.
Estagiar numa escola pública é compreender que mais do que um espaço de
“reprodução social” na perspectiva de Pierre Bourdieu, ou de legitimação da
“meritocracia” como os defensores do Economicismo Liberal defendem, ali se
encontram significados, emoções, construções coletivas de saber, de trocas e
1

experiências como preconizava nosso maior educador brasileiro Paulo Freire, que
devem ser compreendidas e contextualizadas na mutua relação ensino-aprendizagem
onde ambos, “professores” e “alunos” devem ser compreendidos como agentes do saber
socialmente construído, cabendo a nós, futuros docentes, ingressarmos nesse rico
universo (a partir do estágio supervisionado) devidamente munido de um embasamento
teórico e um olhar sociológico.
Dessa forma, esse trabalho tem como proposta traçar detalhadamente um relato
fidedigno de minha experiência durante a prática docente numa escola pública de
Solânea, revelando as contradições encontradas, desafios, superações e a gratidão, por
ter vivido cinco meses em contato direto com uma experiência singular e
transformadora.

3. SOCIOLOGIA: A EXTENSA LUTA PELA INSTITUCIONALIZAÇÃO


NO BRASIL

História da Sociologia e base legal para sua institucionalização

As transformações culturais, políticas e econômicas ocorridas no século XIX


impulsionaram o ensino da Sociologia como ciência capaz de assumir o desafio de
compreender a nova dinâmica social que se configurava, sendo essas próprias dinâmicas
sociais sua propulsora ou elemento inibidor de sua consolidação como disciplina.
A Sociologia teve em Augusto Comte um idealizador, porém, foi apenas com
Émile Durkheim em 1887 que ela teve sua relevância cientifica reconhecida por
excelência, registrando o seu marco legal nos currículos oficiais.
Em 1870, por influência de Rui Barbosa a Sociologia é introduzida no Brasil em
substituição à disciplina de direito natural.
Com o advento da República e impulsionada pela “Reforma da Educação
Secundária” e o protagonismo de Benjamin Constant a Sociologia torna-se disciplina
obrigatória. Porém, a morte do ministro da “Introdução Pública” impossibilitou a
consolidação desse propósito.
Aos poucos a Sociologia foi ganhando espaço nos currículos Secundários e
Superiores, muitas vezes lecionada por profissionais de outras áreas, tais como:
advogados, médicos e militares.
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A partir das primeiras décadas do século XX a Sociologia alça novos voos,


passando a integrar o currículo dos cursos preparatórios e das denominadas “escolas
normais”, preocupando-se em proporcionar uma formação cientifica ao professor,
movimento pelo qual acabou impulsionando a substituição de disciplinas de Trabalhos
Manuais e Atividades Artísticas pela Sociologia, assim como pela Psicologia.
Entre 1925 e 1942 a partir das “Reforma Rocha Vaz” e posteriormente a de
“Francisco Campos”, a Sociologia alcança importância substancial, passando a integrar
os currículos da escola secundária, normal e superior. Porém, a partir de 1942 sua
presença no ensino secundário passa a sofrer descontinuidades.
Mesmo com a primeira LDB (Lei n° 4.024/61) - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1961 a Sociologia se mantém como disciplina optativa ou facultativa,
tendo na LDB seguinte a (Lei nº 5.692/71) de 1971 uma perspectiva formativa e
profissionalizante de mão-de-obra qualificada, ao mercado de trabalho, fugindo a
perspectiva de uma visão crítica de mundo. Faz-se necessário ressaltar o
“obscurantismo” promovido pelo período da ditadura militar no Brasil, que segregou a
Sociologia em sua importância substituindo-a pelas disciplinas de “Educação Moral e
Cívica” e “OSPB”.
Com o advento da Constituição de 1988 e a consolidação da nova LDB, a Lei nº
9.394/1996 a Sociologia finalmente é promovida ao seu lugar de direito,
institucionalizando sua obrigatoriedade e importância a partir do Artigo 36, inciso III,
que determinava: “[...] ao fim do ensino médio, o educando deve apresentar domínio de
conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania”.
Após a mácula deixada pela ditadura militar em nosso país, houve um impulso
pela retomada da Sociologia como disciplina obrigatória, luta empenhada por
associações de Sociólogos de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro,
culminando no fim da década de 90 com a efetivação das “Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio” que manteve a Sociologia como disciplina oficial do
Currículo das Humanidades.
No dia 07 de julho de 2006 o Conselho Nacional de Educação com fundamento
no Parecer CNE/CEB nº 38/2006 suscitou a aprovação da Lei nº 11.684/2008 onde
finalmente as disciplinas de Filosofia e Sociologia se tornam obrigatórias no Ensino
Médio de todo o país, representando um momento histórico da Sociologia no Brasil.
A entrada do século XXI é marcada por uma intensa luta pela permanência da
Sociologia na Grade Curricular do Ensino Médio.
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No dia 3 de abril de 2018, o Ministro da Educação Mendonça Filho encaminha


ao Conselho Nacional de Educação o texto final da BNCC (Base Nacional Comum
Curricular) para que em seguida fosse levada a discussão junto à sociedade para a
implementação de uma proposta extremamente “verticalizada” e pouca aberta a
modificações.
A Reforma do Ensino Médio e a BNCC proposta passa a “flexibilizar” a
estrutura curricular alçando as disciplinas de Química, Educação Física, Filosofia e
Sociologia a categoria de opcionais.
Contraditoriamente, a BNCC determina o aumento da carga horária do Ensino
Médio de 2,4 mil horas (o equivalente a quatro horas de aula por dia, em média) para 3
mil horas (o equivalente a cinco horas diárias, em média), porém, desse total, 1,8 mil
horas são para as disciplinas comuns e o tempo restante para o aprofundamento no
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itinerário formativo de “livre escolha” do estudante.
Mesmo ameaçada pela BNCC e pela Reforma do Ensino Médio a permanência
da Sociologia no currículo do Ensino Médio não deixa de ser de fundamental
importância por possibilitar a própria “desnaturalização” de um processo “intencional”
de precarização do ensino e abandono estrutural das escolas públicas. Assim, a referida
disciplina constitui-se numa eficiente ferramenta de análise crítica, contextualização e
resistência a esse processo deliberado de “entorpecimento” das mentes e
obscurecimento de nossa história.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES


NACIONAIS DE SOCIOLOGIA

Por que e para que ensinar Sociologia no Ensino Médio?

A Sociologia tem como prerrogativa a formação da cidadania por excelência, na


medida em que apresenta em seu currículo temas como cidadania, política,
antropologia, sempre através de conteúdos clássicos e contemporâneos, e por meio de
uma linguagem crítica e revigorante, “desnaturalizando” as explicações imediatistas dos
fenômenos sociais.

1
FONTE: Portal www.brasilescola.uol.com.br
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Através das mais variadas pesquisas a Sociologia pode oferecer ao estudante do


Ensino Médio um espaço de realização, contestação e reflexão sobre suas concepções
de mundo, de economia, de sociedade, de cultura; sobre a perspectiva da existência do
outro e sobre a si mesmo, e seu papel como agente protagonista de sua comunidade e de
país.
Princípios Epistemológicos de Ensino da Sociologia

A Sociologia pode ocupar um papel importante, tanto no diálogo com outras


disciplinas, quanto no currículo escolar, assim como na própria instituição de ensino.
Porém, os conteúdos de Sociologia, quando abordados por outras disciplinas, sobre
outras perspectivas, tais como a Geografia e/ou a História podem não contemplar com
fidedignidade as abordagens epistemológicas e teóricas da Sociologia, podendo
redondar em equívocos. Dessa forma, devemos ter como “princípios epistemológicos”
do pensamento sociológico dois conceitos: desnaturalização e estranhamento. Mediante
essas orientações podem ser abordados de forma crítica o senso comum, preconceitos,
discriminações sociais, raciais e de todos os tipos, bem como, os problemas e
contradições estruturais tão díspares de nossa sociedade como tem sido a fome, a
pobreza, o desemprego, a exclusão social, o analfabetismo e etc.

Interdisciplinaridade e o diálogo com outras disciplinas

Respeitando as especificidades de cada disciplina e suas áreas de abrangência,


seus limites e possibilidades, a interdisciplinaridade é salutar e recomendável. A
Sociologia tanto pode relacionar-se com as disciplinas coirmãs no campo das
humanidades, quanto das ciências exatas, ou naturais (Física, Química e Biológica).
Podemos compreender a formação de um pensamento social e científico próprio da
Sociologia através da leitura de obras artísticas (como pinturas, esculturas,
entre outros) “Sociologia da arte”, ou a importância do esporte para a formação e
integração da humanidade “Sociologia do esporte”.

Orientações Metodológicas e o problema de banalização da disciplina

Podemos encontrar nos parâmetros curriculares oficiais três tipos de recortes


relacionados às propostas para a prática da Sociologia no Ensino Médio, são eles:
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conceitos, temas e teorias. A tendência é que eles sejam trabalhados “separadamente”


por parte dos professores, livros ou propostas pedagógicas. Porém, é recomendável
trabalhá-los de maneira mutuamente referenciada, oferecendo uma experiência que
relacione o ensino e a aprendizagem da Sociologia ao cotidiano do aluno, enfatizando a
“transposição” adequada dos conteúdos como preconiza as OCN.
Cabe aqui realizarmos um questionamento se no atual contexto da escola pública
brasileira se aplicam tais orientações metodológicas, se é possível sua realização?
Para tal, o professor deve possuir uma sólida formação teórica e conceitual, tanto
dos teóricos clássicos, quanto dos contemporâneos, assim como a habilidade de
trabalhar tais conteúdos através da perspectiva sociológica, e das demais bases de sua
formação, tanto das ciências políticas, quanto da antropologia, instigando a leitura de
temas que estejam sintonizados com os interesses dos estudantes.
Deve-se incentivar a transposição didática de conteúdos, porém, com cautela e
linguagens adequadas, para que não se ocorra a “simplificação” ou “banalização” das
Ciências Sociais como ciência, ou da Sociologia como disciplina.

O ensino através da pesquisa

Os três recortes anteriormente citados devem ser contemplados pela “pesquisa”,


por ela se constituir-se num componente de extrema importância na relação aluno e o
meio em que vive, tendo a ciência como elemento mediador.
Dessa forma, a partir dos conceitos, temas ou teorias, a pesquisa pode se tornar
um importante instrumento para o desenvolvimento da compreensão e explicação dos
fenômenos sociais.

As OCN e a Didática da Sociologia no Ensino Médio

Aulas expositivas: as “aulas expositivas” devem centralizar-se na figura do


aluno, no diálogo aberto com o professor.
Seminários: já os seminários podem se constituir em um rico elemento de
mediação entre professor/aluno, desde que haja a efetiva participação do professor e não
a mera atribuição de tarefas e distribuição de temas, se tornando um momento de
descanso e contemplação do professor.
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Excursões e visitas a museus, parques ecológicos: passeios externos ao ambiente


escolar são gratificantes momentos de aprendizado na vida do aluno e da quebra da
rotina escolar.
Leitura e análise de textos: a mediação do professor na leitura e analise de textos
sociológicos permite ao aluno um “despertar” a curiosidade de conhecer mais sobre o
autor e o tema bordado.
Cinema, vídeo ou DVD, e TV: trazer os recursos audiovisuais para a sala de aula
é promover o “estranhamento” e a “desnaturalização” daquilo que a primeira vista
parece tão familiar, através de documentários, filmes clássicos e debates.
Fotografia: as fotografias, muito presentes na vida dos alunos através dos álbuns
de família ou as famosas “selfs”, podem ser utilizadas na escola para análise de
fenômenos sociais públicos, tais como: manifestações coletivas, situações políticas e
sociais importantes reveladas em periódicos, jornais e revistas.
Charges, cartuns e tiras: ao projetar em sala de aula uma charge ou tira de
humor, o aluno se sentirá instigado a compreender o sentido daquele material trazido
pelo professor, para posteriormente analisar os elementos da figura apresentada.

5. DIAGNÓSTICO DA ESCOLA

NOME E LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA (CAMPO DE ESTÁGIO)

Fundada em 05 de novembro de 1970, a Escola Estadual de Ensino Fundamental


e Médio Dr. Alfredo Pessoa de Lima está localizada ao Sul da Cidade de Solânea, na
Rua Luís Ferreira de Melo s/n, a três quilômetros de distância do centro de Solânea,
possuindo em seu quadro de alunos matriculados um total de 882.

TURNOS, HORÁRIOS E MODALIDADES DE ENSINO OFERTADAS:

Turnos e Horários (Ensino Médio): Manhã: 07hs as 11h45 / Tarde: 13hs as


17h45 / Noite: 18h40 as 20h15.

MODALIDADES DE ENSINO

Ensino Fundamental: Oitavo e Nono- Duas turmas – Turno manhã.


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Ensino Médio: Oito turmas do ensino médio (três turmas do 1° ano, três turmas
do 2° ano, duas turmas do 3° ano).
Ciclos (antigo EJA): Ciclo6- Duas turmas - Turno noturno - 1° ano (39 alunos) e
2° ano (39 alunos). Ciclo7- Duas turmas – Turno Noturno – 3° ano (13 alunos + 14
alunos= 27).

PROCEDÊNCIA/PERFIL DO CORPO DISCENTE

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Alfredo Pessoa de Lima


é considerada pela comunidade local como a melhor da cidade de Solânea (entre as
públicas), justamente por sua organização e interação com a comunidade. Recebendo
alunos da faixa etária entre 14 anos a 17 anos de idade, tanto da zona urbana, quanto da
zona rural de Solânea (inclusive de outros municípios circunvizinhos como Arara e
Bananeiras) atendendo em horário integral aproximadamente 882 alunos.
O perfil desses alunos é variado, compreendendo desde filhos de funcionários
públicos e comerciantes, aos beneficiários do programa Bolsa Renda ou Bolsa Família
do Governo Federal. A escola também atende aos alunos provenientes de famílias cuja
base da renda é a agricultura familiar, ou demais programas de redistribuição de renda
do Governo Federal.
À noite, são atendidos também os alunos do Ensino Médio direcionado para a
Educação de Jovens e Adultos - EJA, na faixa etária de 18 a 60 anos de idade,
trabalhadores de baixa renda e assalariados, que trabalham o dia inteiro e à noite
buscam a escola para estudar, a fim de concluir seus estudos.

QUADRO FUNCIONAL

01 Diretor, 01 Coordenadora pedagógica, 31 Professores, 01 Inspetor de


Alunos, 03 Porteiros, 01 Vigilante, 02 Secretárias, 01 Responsável por processamento
de dados, 03 Auxiliares de serviços gerais (um por turno), 03 Merendeiras (uma por
turno), 01 Maestro, 06 outras funções.

PERFIL DO CORPO DOCENTE


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De seus 31 professores, 30 possuem a titulação de Graduação, dois com


Mestrado (sendo uma doutoranda).

CORPO DOCENTE – ESCOLA ALFREDO PESSOA DE LIMA


PROFESSOR DISCIPLINA MATRÍCULA

ADRIANA CELI ALVES MARTINS BIOLOGIA 610353-7

ANTONIO FERNANDO L. MORAIS MATEMÁTICA 6847862

ALEX FERNANDES CAVALCANTE HISTÓRIA 6147534

BENEILTO JOSE DA SILVA FILOSOFIA 166062-4

DEBORA THOMAZ C. DUTRA PORTUGUÊS 6381316

EDIVALDO ALVES DA SILVA MATEMÁTICA 6642616

FRANÇUARLY SANTANA DOS ESPANHOL 610.283-2

SANTOS

ELISABETH PEREIRA ALVES PORTUGUÊS 177812-9

AUGUSTO

GESSICA DAYANNE LIMA DOS S. ARTES 6394272

ILANA DANIELE M. MELO DA CRUZ SOCIOLOGIA 6983481

JOSIEL CUSTODIO DA SILVA MATEMÁTICA 6387004

JACINEIDE MARIA DELGADO FÍSICA 66772-2

JACINETE MARIA DELGADO GEOGRAFIA 64120-1

LUIGI DE CESARE V. DA SILVA FÍSICA 636755-1

LUCIMAR DO NASCIMENTO R LIMA BIOLOGIA 6138408

MARIA LAURENICE DA C. FABRICIO PORTUGUÊS 145544-3

OTACIANA SILVA ROMÃO QUÍMICA 163698-7

OSMAR SAMPAIO DE ALMEIDA J. EDUCAÇÃO FÍSICA 734187

ROSÂNGELA MEDEIROS DE N. MORAIS INGLÊS 1789643


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ROMARIO FARIAS P. DOS SANTOS GEOGRAFIA 6143407

WALDI MIRANDA DOS SANTOS QUÍMICA 6368051

CORPO DOCENTE – (EJA) EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


PROFESSOR DISCIPLINA MATRÍCULA

EDUARDO DE SOUZA FIRMINO PORTUGUÊS 172576-9

ELENILTON BEZERRA DA COSTA GEOGRAFIA 157455-8

ELIANE GOMES PINTO SOCIOLOGIA/FILOSOFIA 81739-2

FRANCISCA SANDRA GOMES DE MELO PORTUGUÊS/ARTE 92368-1

JEFFERSON TEIXEIRA DOS SANTOS FÍSICA 159721-3

JOELMA DE FÁTIMA RODRIGUES HISTÓRIA 657969-8

MARCONNY PATRÍCIO DA COSTA INGLÊS E ESPANHOL 557434-5

OTON MANUEL FERNANDES DANTAS QUÍMICA 84034-3

PUTIFAR IMPERIANO DA SILVA BIOLOGIA 14551205

ROUSSEAU IMPERIANO DA SILVA MATEMÁTICA 130390-2

CORPO DIRETIVO

NOME MATRÍCULA FUNÇÃO


VALDECI ALVES DINIZ 145552-4 GESTOR

ROMANA ANA Mª. A. MALAQUIAS 601.991-9 COORDENADORA PEDAGÓGICA

COORDENADOR
ADMINISTRATIVO FINANCEIRO

ESTRUTURA FÍSICA

10 Salas de aula, 01 Cozinha (sem refeitório), 01 Depósito para merenda, 01


Sala de Professores, 05 Bebedouros de água, 0 Sala do grêmio estudantil, 0 quadra de
esporte, 10 Salas de aula (com ventilador), 1 Biblioteca (sem funcionário, ociosa), 1
Auditório (com capacidade para 370 lugares), 01- Laboratório de Informática (com 19
10

máquinas e sem funcionário, ocioso) 01-Laboratório de Ciências (sem funcionamento,


ocioso), 5 Sanitários: masc. / femi.

MATERIAIS PEDAGÓGICOS

20Mapas, 10 Jogos de Xadrez, 50 Instrumentais para o ensino de Matemática, 30


Vidrarias para laboratório de Química, 01 Esqueleto, 01 Globo.

EQUIPAMENTOS

05 Televisores, 03 Micro System, 02 Data show, 02 Telões, 23 Computadores,


01 Máquina Duplicadora, 02 Caixas de Som, 04 Retroprojetores, 03 Ar condicionado,
15 Ventiladores, 01 Balança Digital.

PROBLEMÁTICA INSTITUCIONAL / DESAFIOS

 Distância da escola para o centro da cidade (aprox. 3 km).


 Ausência de quadra de esporte (reserva do ginásio da cidade apenas nas quintas-
feiras e deslocamento dos alunos por 3 km). Projeto da quadra tem 18 anos.
 Quadro insuficiente de funcionários: o diretor adjunto e o inspetor realizam
rondas noturnas e serviços de desentupimento de esgoto.
 Ausência de refeitório, e sanitários sem reforma.
 Cinco anos sem repasse de recursos para a manutenção da escola: R$ 8.000,00
destinados à pintura, manutenção de cadeiras, calhas etc.
 Fardamento (camiseta com as iniciais da escola, menos a calça).
 Ausência de bancos nos espaços comuns.
 Ausência de grêmio estudantil.
 Cursos de capacitação de professores “desinteressantes”, com leitura de textos
longos e falta de espaço para que os professores conversem, discutam
experiências e soluções.
 Grande número de evasão no turno da noite, motivado pela distância da escola e
por problemas socioeconômicos.
 Salas de aula e auditório sem aparelhos de ar-condicionado.
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INICIATIVAS DA COMUNIDADE ESCOLAR

 Banda Escolar com 45 anos de existência, composta por 90 integrantes, 70


instrumentos e um maestro próprio.
 Horta comunitária com plantio de: coentro, alface, beterraba, cebolinha, couve e
pimentão (utilizada nas aulas práticas de Biologia).
 Feira de ciências, festas das mães, São João com ampla participação dos
professores, administrativos e alunos (recursos provindos de rifas vendidas por
alunos e vaquinha dos professores).
 Cardápio bem organizado, por dias da semana: 2° Feira (sopa de charque); 3°
Feira (Salada de frutas); 4° Feira (Cuscuz recheado); 5° Feira (Nescau com leite
e bolacha); 6° Feira (Risoto de frango).

6. ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO

Instituído a partir do decreto nº 91.542 de 19 de agosto de 1985, o Programa


Nacional do Livro Didático (PNLD) tem como objetivos avaliar e disponibilizar obras
pedagógicas e literárias destinadas à prática educativa das escolas públicas da rede de
educação básica federal, dos estados e municípios.
O PNLD oferece para a análise e escolha dos professores da educação básica
obras que servirão como recurso didático subsidiário as aulas durante o ano letivo.
A lei nº 11.684/08 que possibilitou a inclusão da disciplina de Sociologia como
requisito obrigatório no Ensino Médio, favoreceu a inclusão no ano de 2012 da
Sociologia no elenco de disciplinas do “Programa Nacional do Livro Didático”.
Para o triênio de 2018, 2019 e 2020 foi escolhido pela escola o livro “Sociologia
em movimento” obra composta por vários autores, em volume único, contemplando os
três anos do Ensino Médio.
“O livro contém 399 páginas, sendo os seus 15 capítulos divididos em seis
unidades, dessa forma, se considera a correlação do conhecimento sistematizado. Seu
início é com a Apresentação” sobre a Sociologia como ferramenta de compreensão de
uma realidade sempre em transformação, o papel do Sociólogo e das Ciências Sociais
como subsidio a essas discussões.
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As seis unidades compreendem as três áreas das Ciências Sociais: Sociologia,


Antropologia e Ciência Política.
Com louvor podemos citar o tópico “Organização do Livro”, muito bem
elaborado, autoexplicativo, destacando-se os principais elementos de cada página,
sempre com ilustrações coloridas e muito bem distribuídas, como uma espécie de “Guia
Prático” para a melhor compreensão da obra.
Cada capítulo tem início com a explicitação das habilidades e competências de
aprendizagem e com questões motivadoras que orientam os conteúdos didáticos, sempre
sob a mediação teórica e metodológica da Sociologia, da Antropologia e da Ciência
Política.
O fator de extrema relevância é a riqueza de detalhes de suas ilustrações, com
imagens que auxiliam em muito a compreensão dos temas abordados.
No rodapé do livro, em cada capitulo é apresentado uma cronologia dos fatos e
acontecimentos históricos, políticos, sociais ou econômicos que servem como subsídio
para a compreensão dos conteúdos analisados.
A obra é muito bem referenciada através da citação de “sites” e indicações de
filmes, livros e dicas de aplicativos.
Caixas de texto trazem informações complementares sobre conceitos, temas,
acontecimentos históricos e sociais sempre de maneira clara e de fácil compreensão.
Ao final de cada capítulo são propostas atividades de pesquisa, reflexão, revisão
e questões para debate em classe e (extraclasse), assim como, são oferecidas questões de
Sociologia presentes em edições anteriores do ENEM (Exame Nacional do Ensino
Médio).
Na obra estão inclusas, ainda, as seções “Saiba Mais”, que traz informações
complementares aos temas em foco; e “Quem Escreveu Sobre Isso”, que apresenta os
pensadores (clássicos ou contemporâneos) cujas ideias e reflexões estejam sendo
trabalhadas no referido capítulo.
A Primeira unidade tem como tema “Sociedade e conhecimento: a realidade
social como objeto de estudo”, estando dividida em dois capítulos.
No primeiro capítulo compreende-se a produção de conhecimento e o papel da
Sociologia como ciência, sendo o segundo capítulo voltado para a relação “indivíduo e
sociedade”.
13

A Segunda unidade cujo tema é “Cultura e sociedade: cultura, poder e


diversidade nas relações cotidianas” têm em seu bojo três capítulos versando sobre
temas como cultura, ideologia, socialização, raça e etnia.
A atualidade dos temas trabalhados é um elemento positivo, a perspectiva
teórica antropológica é a base das discussões, resgatada pelas obras de Edward Tylor,
Franz Boas, Bronislaw Malinowski e Claude Lévi-Strauss.
Na Terceira unidade denominada por “Relações de poder e movimentos sociais:
a luta pelos direitos na sociedade contemporânea” a Ciência Política é o destaque,
permeada por três capítulos.
Temas como Estado, poder, democracia, cidadania, direitos humanos e
movimentos sociais são tratados através de um diálogo entre passado e o presente,
desde a ocupação da “Praça Dos Três Poderes” com tanques de guerra no golpe militar
de 1964, até a posse histórica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 no
“Palácio do Planalto”.
Uma crítica a essa unidade é que em nenhum capítulo é feita sequer referência
ao “golpe” institucional realizado no dia 31 de agosto de 2016 contra a presidenta
democraticamente reeleita Dilma Rousseff, mesmo sob o estratagema do Impeachment
não há sequer citação.
Dentro do capítulo “Democracia, cidadania e direitos humanos” um elemento
que nos chamou a atenção positivamente foi à dica de um aplicativo chamado “Helping
Hand” que fornece orientações aos imigrantes sobre entidades de seu interesse, para
assistência de amparo social e política.
A Quarta unidade denominada “Mundo do trabalho e desigualdade social”
apresenta dois capítulos que abordam respectivamente os temas “trabalho e sociedade”,
“estratificação e desigualdades sociais”. É apresentada uma cronologia do tempo
relacionada ao mundo do trabalho, que tem como ponto de partida a invenção da
máquina do tear mecânico em 1801, a primeira grande crise do capitalismo em 1929, a
“era Vargas” da consolidação dos direitos trabalhistas, até a fundação do Partido dos
Trabalhadores (PT) em 1980, os dois mandatos do presidente Lula, até a promulgação
da PEC das domésticas Lei n° 150/2015 sancionada no governo da presidenta Dilma
Rousseff.
A Quinta unidade intitulada por “Globalização e sociedade do século XXI:
dilemas e perspectivas” são compostos por dois capítulos, a saber: “Sociologia do
Desenvolvimento”, e “Globalização e integração regional”. Essa unidade se propõe a
14

importância dos conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento para a análise do


capitalismo, suas teorias, as relações hegemônicas de poder entre os países e os limites e
possibilidades da aplicação das teorias e conceitos de desenvolvimento no mundo
contemporâneo. Na guia “Quem escreveu isso” o livro trás em destaque as teorias
econômicas e políticas de Celso Furtado e da “Teoria da dependência” de Fernando
Henrique Cardoso, fazendo uma ressalva na própria legenda do texto que anos depois
(após assumir o mandato por duas vezes de presidente da República) FHC adotou o
“receituário” Neoliberal, renegando “parte expressiva” de sua produção intelectual.
A Sexta e ultima unidade tem como título “A vida nas cidades do século XXI –
questões centrais de uma sociedade em construção”, abordando em seus três capítulos
“Sociedade e espaço”, “Gêneros, sexualidade e identidades” e “Sociedade e meio
ambiente”.
Temas desafiadores como violência urbana, “ordem x conflito”,
desenvolvimento urbano, superpopulação das cidades, violência urbano, desemprego,
manifestações, intolerância são tratados com minucia de detalhes.
No capítulo referente a “Gêneros, sexualidade e identidades” são citadas a luta
dos grupos LGBT pelo reconhecimento legal dos casais homoafetivos mostrando duas
ilustrações de dois homens cuidando de duas crianças e duas mulheres cuidando de um
bebê. Em seguida é tratada a adequação a “padrões de beleza” impostos pela sociedade,
mostrando a imagem de duas famílias, uma composta por negros e outra por brancos.
A guia “Cronologia” mostra no rodapé da página um apanhado de fatos
significativos para a luta contra o preconceito e respeito à diversidade: Celebração do
“Ano Internacional da Mulher (1975)”, No Brasil, o Conselho Federal de Medicina
retira a homossexualidade da classificação de doenças e desvios (1985), é sancionada a
lei “Maria da Penha” (2006), O Supremo Tribunal Federal reconhece a união estável
entre pessoas do mesmo sexo (2011).
Visualmente o livro se destaca pela alta qualidade de sua diagramação, pelos
elementos textuais bem formatados e explicativos.
O conteúdo das seis unidades e seus respectivos capítulos obedece a uma
sequência bem definida, compreendendo as três áreas das Ciências Sociais, dando
destaque para a Sociologia.
Porém, deve-se ressaltar que por se tratar de uma vultosa obra com 399 páginas
e quinze capítulos, e por compreender os três anos finais do Ensino Médio seria mais
adequado sequenciar os capítulos a partir dos anos, em uma ordem de conteúdos
15

relacionados a cada ano, e não da forma em que se apresenta. Sendo essa, a maior
crítica ouvida por nós durante a prática escolar, por parte do professor de Sociologia da
escola.
Outra crítica é em relação ao conteúdo de política, “falsamente” mascarado por
um pseudo viés apartidário, porém, camuflando qualquer menção aos recentes
acontecimentos relacionados ao “golpe” institucionalizado que culminou com o
afastamento da presidenta “democraticamente” eleita Dilma Rousseff, e ao seu sucessor
Michel Temer, passando a nítida impressão de que tais acontecimentos “nunca”
ocorreram, e que existe uma vacância no cargo da Presidência da Republica, pois, em
nenhum momento cita-se sequer o nome de Temer.
Mesmo deixando a desejar no tocante aos últimos acontecimentos políticos da
história brasileira a obra “Sociologia em movimento” perpassa por boa parte dos
principais temas e conceitos necessários à construção de um olhar crítico e
“desnaturalizado” das questões que emergem e permeiam a vida contemporânea, sendo
para tal, um bom livro didático.

7. ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA

O Projeto Político Pedagógico – PPP de uma escola é um documento que reúne


propostas, metas e ações escolares tendo em vista um ensino de qualidade.
Ele tem por finalidade traçar objetivos alcançáveis a partir de um perfil de
ensino almejado, apresentando um diagnóstico e os índices escolares.
O PPP (previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação) constitui sua
elaboração sob a responsabilidade de cada escola, devendo esse documento expressar o
desejo de todos os atores envolvidos no processo educativo, portanto, deve conter em
sua origem um caráter participativo e democrático.
Como cada escola é um universo em particular, com suas especificidades, e
características, apesar das diretrizes serem comuns a todas as instituições de ensino,
cada unidade educacional deve elaborar seu próprio PPP a partir justamente dessa
diversidade única de experiências e particularidades.
O PPP da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Alfredo Pessoa de
Lima foi atualizado em 27 de fevereiro de 2018, em sua elaboração consta a
participação da direção escolar, da equipe pedagógica e do corpo docente, (não
16

constando referência alguma sobre a participação dos estudantes e nem dos pais, os
quais devem ser parte mais interessada) 2.

Constituído por 25 páginas, ele compreende informações fundamentais sobre a


escola a partir da seguinte ordem: 1-Introdução; 2-Diagnóstico Escolar (2.1
potencialidades, 2.2 Fraquezas, 2.3 Oportunidades, 2.4 Ameaças, 2.5 Visão estratégica,
2.6 Visão de futuro, 2.7 Missão e filosofia da escola, 2.8 Clientela, 2.9 Dados sobre a
aprendizagem, 2.10 Relação com as famílias, 2.11 Infraestrutura); 3-Justificativa; 4-
Objetivos; 5- Metas; 6-Ações (6.1 Ações administrativas, 6.2 Ações Didático-
Pedagógicas); 7-Fundamentos Teórico-Legais; 8-Metodologia 9-Recursos; 10-
Organização Curricular (10.1 Componentes curriculares, 10.2 Regime escolar, 10.3
Turnos, 10.4 Avaliação); 11-Cronograma de atividades; 12- Resultados Esperados; 13-
Referências Bibliográficas; 14-Anexos.
O PPP da escola aponta a necessidade da construção de “espaços de discussão” e
de “diálogo permanente”, priorizando convergências em torno da uma unidade escolar
junto aos diversos atores envolvidos no processo educativo.

Para que futuras ações sejam planejadas, a escola aponta primeiramente, a


necessidade de se criar um diagnóstico da realidade escolar, para que em seguida sejam
traçadas prioridades pedagógico-organizacionais que torne possível o estabelecimento
de um plano de intenções. Estabelecido o plano de intenções, a escola aponta como
necessário analisar outros aspectos do projeto, tais como: a proposta curricular, a
formação de professores e a gestão administrativa.

Entre as metas traçadas para o futuro da escola estão:


 Atender a todos os alunos matriculados no ensino fundamental e no Ensino
Médio, com atividades de Educação Formal e não formal;
 Capacitar os recursos humanos da escola, através de treinamentos, minicursos e
encontros de avaliação da prática;
 Realizar autoavaliação bimestral junto a todos os segmentos;
 Reunir bimestralmente os pais na escola;
 Firmar, durante todo o ano letivo, parcerias com empresas e instituições locais;

2
Informação confirmada junto à Secretaria Escolar.
17

 Acompanhar, monitorar e avaliar o processo de ensino e de aprendizagem


durante todo o ano letivo e a cada bimestre, para as intervenções pedagógicas
necessárias;
 Realizar bimestralmente encontro de valorização do estudante na escola;
 Envolver alunos, professores, pessoal técnico e de apoio e comunidade nos
eventos escolares;
 Estimular a participação da escola em projetos que visem premiar as melhores
práticas educacionais como “Mestres da Educação” e “Escola de Valor”,
instituídos pelo governo do Estado da Paraíba.
 Promover anualmente o evento de valorização discente – noite das estrelas;
 Assistir o professor através do EPA3 – Estudo Planejamento e Atendimento,
tendo em vista as suas necessidades em sala de aula;

O Projeto Político Pedagógico da escola está fundamentado nos princípios da


gestão democrática, da autonomia e da participação efetiva, visando à reflexão sobre a
prática do ensino, que traga bons resultados tanto para a aprendizagem dos alunos
quanto para a comunidade escolar, contribuindo para a melhoria da escola e da
formação docente.
Durante sua análise e na prática docente em campo tive a oportunidade de
constatar que a efetiva participação estudantil não corresponde aos anseios
demonstrados no documento oficial da escola (PPP), tampouco, verificado pela
ausência de um Grêmio Estudantil, ou do pouco estímulo à participação concreta do
corpo de estudantes nas ações consultivas ou deliberativas da unidade escolar.

8. PERFIL DAS TURMAS

Durante o estágio supervisionado fiz o acompanhamento das turmas 3ª A e 3ª B,


escolha essa que preponderantemente se deu a partir de três fatores: 1- Horário das aulas
(procurando evitar choques de horário com as aulas da UFCG); 2- Ambas as turmas
estão prestes a se formar e muitos possuem desejo de ingressar no Ensino Superior; 3-
Maior faixa etária em relação a outras séries.

3
EPA – Estudo Planejamento e Atendimento
18

Em virtude da vultosa reforma ao qual a escola está passando, ambas as turmas


foram alocadas em uma mesma sala de aula, totalizando exatamente 78 alunos4.
A proporção entre sexo e idade é pareada, sendo a maior distinção à relacionada
ao critério destino/origem dos estudantes, compreendendo dessa forma, alunos da
cidade de Solânea, de sua zona rural e dos Municípios circunvizinhos de Bananeiras e
Arara.
Um fato de rápida percepção é a intensa utilização de aparelhos celulares em
sala de aula e a dispersão dos alunos em grupos homogêneos (moças e rapazes) por toda
a sala.
Mesmo sendo um grande desafio atrair a atenção de 78 alunos bastante dispersos
em sala de aula, reunidos em grupos e atentos a conversas paralelas e smartphones, as
discussões que contextualizavam suas realidades chamaram tanto a atenção, quanto a
participação deles em ricos debates e posicionamentos.
Os alunos conseguem perfeitamente correlacionar os conteúdos e temas
propostos pela Sociologia a suas vidas, expectativas e anseios.
Junto aos estudantes percebi a existência de grupos antagônicos compostos por
simpatizantes de Jair Bolsonaro, simpatizantes do PT, e de um grupo de jovens
feministas, que a todo o momento evidenciavam seus posicionamentos a partir dos
temas propostos pelas aulas (tanto as do professor da disciplina, quanto em nossas aulas
expositivas).
Um fator extremamente positivo é a relação de respeito, interação e admiração
que todos cultivam tanto em relação ao professor da disciplina de Sociologia Beneilto
José, quanto ao jovem Ítalo (estudante autista, admirado e tido por seus colegas como
muito inteligente).

9. PRÁTICA E EXPERIÊNCIA DOCENTE

Meu estágio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio


Dr. Alfredo Pessoa de Lima, localizada ao Sul da Cidade de Solânea, na Rua Luís
Ferreira de Melo s/n, a três quilômetros de distância do centro da cidade.
A opção por essa escola foi feita a partir de uma prévia consulta junto a ex-
alunos e professores do Município de Solânea, onde os meus questionamentos

4
De acordo com as duas listas de presença
19

relacionavam-se a eventuais dificuldades de inserção ao estabelecimento de ensino (por


parte da direção), e ao maior engajamento da instituição de ensino a ser estagiada junto
à comunidade local.
Minha primeira inserção na escola se deu no dia 18/09/2018, num dia muito
chuvoso, através de um percurso a pé de aproximadamente 8 km (ida e volta).
Logo no portão de entrada saudei o porteiro, perguntei seu nome (Geraldo) e
depois sobre a presença do diretor Valdeci, sendo que no mesmo momento ele acabará
de chegar a seu automóvel. Valdeci me chama até seu veículo, nos saudamos e ele pede
para que eu adentre a escola e espere que ele estacione o carro para conversarmos. Logo
após o diretor prontamente me recebe, pega seu carimbo e assina meu requerimento de
estágio. Em seguida, o diretor pede licença, e vai até sua sala onde se encontra uma
goteira, fazendo com que os profissionais da recepção corressem para ajudá-lo.
Percebi que a escola estava em obras e perguntei à senhora Valquíria (auxiliar
administrativa) do que se tratava e qual seu impacto na rotina escolar. Prontamente,
Valquíria me informou que as obras eram de manutenção de toda a escola, e num
primeiro momento cinco salas, telhados e toda a estrutura estavam sofrendo
intervenção, e que o impacto era muito grande, tende em vista, a interdição de metade
da escola.
Em seguida, agradeci pelas informações prestadas e fiquei sentado à espera do
professor Beneilto José, da disciplina de Sociologia. Durante essa espera, tive a atenção
atraída por um painel com a foto e o nome dos professores, quando de repente, chega
uma aluna e solicita na secretaria um “analgésico” para dor de cabeça, sendo
prontamente atendida. Nesse intervalo, conheci o professor Sampaio (Educação física)
que prontamente me convidou a sentar-se junto à sala dos professores, onde reencontrei
a professora Laurenice (Biologia) e o professor Josinaldo (Química).
Com a chegada do professor Beneilto José (formado em Filosofia e que naquele
estabelecimento de ensino leciona as disciplinas de Filosofia e Sociologia) pude melhor
apurar as informações sobre os impactos de uma obra de grande vulto na prática de
ensino e aprendizagem dos alunos. O professor me disse que em virtude da obra todos
os professores estavam juntando turmas para melhor aproveitar as poucas salas restantes
e que dessa forma, teria sido adotado um sistema de rodízio de disciplinas, que consistia
em se ministrar uma disciplina equivalente a quatro aulas semanais a duas turmas
concomitantemente, sendo repetida estratégia nas outras semanas sempre de forma
rotativa.
20

Como nessa semana seria ministrada a disciplina de Sociologia (na quarta-feira


ao 3ºA e 3°B) no cronograma de aulas seriam computadas quatro horas/aula em cada
um desses dias respectivamente (levando-se em conta se tratar de duas turmas distintas,
com carga horária de duas horas/aula por turma).
Ficou combinado que nós acompanharíamos as aulas de Sociologia das quartas-
feiras, correspondendo à 4h/a semanais (e que por se tratar de um rodizio, as aulas de
Sociologia seriam intercambiadas com as de Filosofia, num sistema de “rodizio”
semanal).
Acertados os detalhes de dias e horários com o professor Beneilto José,
questionei sobre o acesso ao PPP (Plano Político Pedagógico) da escola, assim como o
Livro didático da disciplina de Sociologia adotado pela escola, tendo as duas demandas
atendidas prontamente pelo professor Beneilto, me fornecendo o “empréstimo” do livro
didático (para uma posterior análise) e uma cópia do PPP (fornecida cordialmente na
secretaria).
Solicitei ao professor da disciplina que assinasse minha “ficha de frequência” e
me despedi, sem antes combinarmos minha presença no dia seguinte. O professor, como
estava a caminho de sua residência me forneceu “gentilmente” uma carona ao centro da
cidade e de lá segui a pé para casa.
Como combinado no dia anterior, logo pela manhã do dia 19 de setembro (mais
precisamente às 9h) estive novamente na escola para fazer o acompanhamento de quatro
aulas da disciplina de Sociologia ministrada para as turmas do 3º A e 3°B.
Em minha chegada, fui a caminho da sala dos professores, onde o clima era
bastante descontraído (com piadas e amenidades).
As 09h30 h acompanhei o professor Beneilto para as aulas do dia, que tinha
como tema “A política Normativa”.
Antes do início, um grupo de alunos “evangélicos” bateu a porta e pediu para
fazer um convite sobre um encontro religioso com “jovens de Deus” a ser realizado no
sábado. Logo após esse convite, os jovens agradeceram, e o professor iniciou uma
verdadeira “maratona”, tendo em vista a sala possuir 78 alunos (sendo 41alunos do 3°A
e 37 alunos do 3°B). Antes do inicio, o professor faz um convite para que eu me
apresentasse aos alunos, falasse um pouco sobre o estágio e da universidade que eu
pertencia. A aula inicia-se tendo como tema principal “A Política normativa” e seus
temas complementares:
 A política como teoria.
21

 Teoria das três classes.


 A democracia grega.
 Teoria política de Aristóteles.
 A idade média: política e religião.
 Estado e igreja.
 A Patrística: Santo Agostino e Tomas de Aquino.

Sempre trajado com camisa social e “gravata”, utilizando-se como recursos


didáticos Notebook, um microfone estilo “megafone” com amplificador de voz e
caixinha lateral na cintura, Datashow (conectado a uma caixa de som) o professor
Beneilto José consegue mesclar um estilo formal de se vestir, com a informalidade de
suas aulas, possibilitando criar um ambiente descontraído.
Alguns alunos trajam o uniforme da escola, constituído de uma camiseta preta,
com mangas vermelhas, tendo o símbolo da escola no centro.
As turmas são misturadas, a sala está superlotada (78 alunos), muitos grupinhos
espalhados, alunos com celulares, jogando cartas, virados de costas para o quadro,
moças e rapazes em grupos, outros grupos compostos só por moças ou por rapazes.
Percebo apenas dois antigos ventiladores de parede, e janelas com vidros
preenchidos com uma fina película plástica nas cores preta e azul, o teto está
descascando seu reboco.
O professor Beneilto sempre procura contextualizar o passado fazendo
referências ao dia a dia do aluno, como a referência a democracia grega praticada na
Ágora (praça pública) e a escolha do representante da sala realizada pelos alunos. Em
seguida, o professor cita algumas propostas dos candidatos à presidência da República
como o “plebiscito popular”, ao passo que um aluno completa sua fala, citando outra
forma de participação popular: o “referendo”.
A conexão entre democracia grega e democracia brasileira faz surtir na sala um
interesse através de questionamentos. Os alunos começam a perguntar sobre
privatizações e o tema sobre o “sucateamento” da escola pública e a falta de
investimentos torna-se recorrente no debate formado. O professor abre espaço para que
eu faça intervenções sempre que eu achar necessário. Fazemos um intervalo (entre
disciplinas) e durante a pausa o professor Beneilto se dirige a sala dos professores, e eu
vou ao sanitário masculino.
22

Chegando ao sanitário, percebo muita sujeira, barro no chão e um funcionário


(Geraldo) tentando manter a limpeza dos sanitários, jogando pequenos baldes com água,
ao passo em que me aproximo e pergunto sobre a ausência das descargas e ele diz que
seria até melhor não ter, pois, seriam quebradas imediatamente pelos alunos.
Dou uma volta pelas dependências externas da escola, e verifico a grandeza da
obra, com muitas telhas quebradas no chão, operários desmontando vigas, muita poeira
e barulho.
Opto por ficar na frente da sala, onde o professor Beneilto retornaria para
completar as quatro aulas de Sociologia daquele dia.
Próximo a mim estavam três alunos conversando, quando se aproxima o diretor
da escola Valdeci, ele orienta um aluno e percebo sua irritação. Valdeci se aproxima de
mim e diz não compreender essa nova geração, indignado com um dos alunos que
estava fumando um cigarro dentro das dependências da escola, ao qual Valdeci ordenou
que o fizesse fora da escola. O diretor me disse que num certo dia a mãe de um aluno
veio solicitar-lhe que permitisse que seu filho fumasse cigarro no “intervalo” das aulas,
dentro da escola, por ser um ambiente mais seguro, sendo “imediatamente” repreendida
por ele, tendo seu pedido negado.
Após esse assunto, pergunto-lhe sobre a “tão esperada” reforma e Valdeci diz
que foi uma questão de oportunidade. Ele diz que já não tinha mais esperanças sobre
uma reforma aguardada a mais de “vinte anos”, porém, seu contato com o deputado
estadual Tião Gomes (candidato a reeleição) o fez chegar ao governador da Paraíba
Ricardo Coutinho, que lhe prometeu “até o fim de seu mandato” a reforma da escola, ao
passo que Valdeci completa sua fala: “Ricardo Coutinho, esse é um homem de palavra”.
Pergunto sobre o que comtemplaria a reforma? Valdeci diz que será construído um
“refeitório” para os alunos, a ampliação dos sanitários masculino e feminino, a reforma
das salas e a ampliação da cozinha. E que infelizmente, a tão sonhada quadra
poliesportiva não seria construída nessa reforma.
Ao fim de sua explicação, vejo Beneilto sair da sala de professores, percebo que
reiniciará as aulas de Sociologia, me despeço do diretor e entramos na sala.
O tema sobre a “Democracia Grega” continua, e o professor cita a escravidão
nesse período, fazendo uma analogia a escravidão existente na atualidade, no contexto
das fazendas pertencentes a políticos, e na redução dos direitos trabalhistas promovida
pelo atual governo Temer, através da “Reforma Trabalhista”. Alguns alunos prestam
23

atenção e participam da aula com suas contribuições, em especial um rapaz autista,


muito atencioso e participativo.
A aula se encerra, o professor desliga seu equipamento, vamos até a sala dos
professores, onde Beneilto deixa a caixa de som e caminhamos para o portão de saída da
escola, me oferecendo uma carona até as imediações da praça central da cidade.
No dia 21/09/2018, numa sexta-feira nublada, ainda em processo de recuperação
de minha saúde me dirijo à escola para mais quatro aulas de Sociologia, sendo hoje
ministradas “excepcionalmente” para as turmas do 1°A e 1°C.
Ao chegar, cumprimento o professor Beneilto José, e percebo uma sala cheia,
porém, menos lotada. As janelas são protegidas por uma fina cortina de uma espécie de
nylon transparente, existindo dois velhos ventiladores de teto.
As turmas estão concentradas nas laterais da sala e no fundo, tendo o meio da
sala um imenso vazio. Atrás de mim visualizo painéis institucionais nos quais consta a
expressão “Escola Cidadã”. Percebo uma maior participação e atenção por parte dos
alunos, porém, os grupinhos estão presentes, sempre mesclados de moças e rapazes ou
separados por sexo.
Num grupo os jovens estão fazendo castelos de cartas, e muito portando
aparelhos celulares, ao passo que o professor de forma descontraída diz: “Para a honra e
glória do Senhor Jesus Cristo: guardem seus celulares”, tirando sorrisos dos alunos e os
mesmos respeitando o pedido do professor.
O tema da aula de hoje é “Preconceito, Discriminação e Segregação”, onde o
professor inicia explanando sobre as diversas formas de preconceito: religioso, racial, de
gênero, de origem. Beneilto diz frequentar todas as denominações religiosas que o
convidam a participar, sem preconceito, no momento em que é interrompido por um
aluno que o questiona do por que ele frequentar religiões sendo que ele não acredita em
Deus? O professor parabeniza a pergunta e salienta que essa é a melhor maneira dele
reafirmar seus posicionamentos críticos, ou seja, conhecendo o objeto de suas críticas.
O tema proposto na aula surtiu uma maior participação, principalmente a
respeito dos temas “Discriminação” e “Preconceito”.
Um aluno faz uma intervenção particular relacionando ser discriminado pelos
colegas ali presentes que o chamam de “Ferrugem”, recebendo o apoio dos colegas a
sua fala.
O professor Beneilto trás à tona o conceito de “Reflexão Sociológica” dizendo
ser preciso refletir sociologicamente esses conceitos de maneira crítica, para que cada
24

aluno possa “desnaturalizar” tais comportamentos para com os colegas. Em seguida, o


professor prepara o notebook e o Datashow para a exibição de um vídeo de
aproximadamente 6 minutos sobre “As três antigas religiões: cristianismo, judaísmo e
islamismo”.
O vídeo trás à tona a origem “em comum” dessas três religiões, que vivem
antagonismos seculares. Ao fim da exibição, Beneilto questiona aos alunos sobre quem
estariam certos, cristãos, judeus ou islâmicos?
Para melhor contextualizar, o professor cita o caso de uma família de
“Testemunhas de Jeová” residente em João Pessoa, que se negaram a permitir a doação
de sangue a seu filho (que corria risco de morte).
Beneilto citou a decisão judicial que “garantido” o direito a crença dos pais, fez
uma ressalva que o “direito a vida” de um menor, estava acima do direito de uma crença
que ele sequer sabia de sua anuência. Abrindo posteriormente para um “participativo”
debate por parte dos alunos, culminando na elaboração de um texto individual de até
dez linhas sobre os temas: “Preconceito, Discriminação e Segregação”, a ser feito no
caderno, e conferencia do professor. Nesse intervalo, ficamos conversando sobre os
conteúdos trabalhados em sala naquele dia e sobre os desafios em ministrar aulas
durante uma reforma. Ao fim da aula, o professor desligou o notebook, guardou a caixa
de som na sala dos professores, nos despedimos e segui a pé para casa.
No dia 03/10/2018 chego à escola numa véspera de eleições, o ambiente é
frenético, marretadas, pancadas, e poeira muita poeira. O ritmo da obra é intenso, um
cheiro de madeira nova permeia o ar, e os alunos disputam o pouco espaço disponível
junto a telhas, entulhos, vigas e sacos de argamassa.
Chego durante o intervalo do recreio, e como não há refeitório cada aluno se
arruma como pode, com seu prato de comida na mão. Vejo um grupo de meninas
sentadas em algumas telhas, numa sala ouço o som bem auto de rap. Barracas de
lanches, balas e salgados compensam a ausência de lanchonetes na região.
Sou informado pelo professor Beneilto José que suas aulas haviam sido trocadas
para a aplicação de um “provão” de inglês, e que justamente as turmas do 3ª A e 3ª B
seriam submetidas a tal avaliação, culminando nessa maneira no cancelamento das aulas
de Sociologia daquele dia. Despeço-me do professor, contudo, remarcamos nossa aula
para uma data mais viável.
25

No dia 10/10/2018 chego à escola por volta das 09h15, portanto tenho 15
minutos antes do início das aulas de Sociologia, ao qual utilizo na sala dos professores
num momento de descontração.
A sala está lotada, no início da aula o professor Beneilto aproveita para divulgar
as notas do 3º Bimestre, e informar o início do 4º Bimestre.
O título da aula de hoje é “Política Normativa” enfatizando as regras, normas
sociais, e a democracia representativa.
O professor inicia com uma pergunta, seguida de uma citação: “Quem disse foi
que disse [...] não se ensina Filosofia, e sim a filosofar?”. Ao passo que um aluno
responde: “Temer”, todos riem e a aula continua.
Percebo um grupo de rapazes jogando baralho, enquanto num outro lado da sala
uma moça pinta as unhas.
De certa forma, encontro uma sala mais silenciosa, menos eufórica, a atenção ao
tema é maior do que de costume, porém, os grupinhos são inevitáveis.
Os recursos didáticos utilizados pelo professor Beneilto são sempre um
notebook (pessoal), caixa de som portátil na cintura, data show e um headfone lateral.
O professor interrompe a aula para anunciar que a prova anteriormente marcada
seria substituída por um simulado com questões do Enem, e que sua nota valeira para
fechar o Bimestre. A aula continua, e agora o tema é “A formação do poder no modelo
de democracia grego”, os grupos espalhados por toda a sala estão pouco afeitos a prestar
atenção na aula. Toca o sinal, é 10h20 pausa para o intervalo, um momento muito
aguardado.
Após o retorno do intervalo, o tema da aula é sobre “Os sofistas”, porém, o
professor orienta os alunos a estudarem em casa os autores Durkheim e Augusto Comte
(tanto para uma avaliação, quanto para o exame do Enem).
O professor contextualiza o tema proposto ao contexto histórico de nosso país,
ressaltando a importância de vivermos sob um regime de liberdade, e que no atual
cenário polítco brasileiro estaríamos correndo o risco de retroagirmos a tempos
“sombrios”, como a proposta do “ensino a distância” da grade do Ensino Médio.
Em seguida, o professor coloca cinco questões no quadro para que os estudantes
respondessem para a próxima aula:
1. Quais os lugares que se destacavam nas Pólis?
2. O que fizeram os primeiros filósofos em termo da política?
3. Quando ocorreu o apogeu democrático grego?
26

4. Qual era a incumbência dos filósofos sofistas?


5. Qual o sentido da frase “O homem é um animal político”?

Postas as questões, o professor encerra a aula, e enquanto recolhemos os


equipamentos (data show, caixa de som, notebook e extensão) combinamos para a
próxima aula de Sociologia o início da minha prática docente supervisionada.
No dia 24/10/2018 devidamente munido de um notebook, pendrive e uma pasta
contendo os planos de aula, caminho até a escola para pela primeira vez ministrar minha
aula prática, cujo tema é “Direitos Humanos” (Turmas 3ª A e 3ª B).
Confesso que elaborar meu primeiro “Plano de Aulas”, quanto a “Apresentação
por Slides” não foi nada fácil, mas o resultado final foi gratificante.
Motivado pela aproximação da prova do Enem, e por uma notícia bastante
veiculada pela imprensa na qual trazia como manchete “Livros de direitos humanos são
rasgados na biblioteca da UnB”, preparei minha primeira aula expositiva a partir do
tema “Direitos Humanos”, e para minha satisfação fui calorosamente recebido na
escola.
Inicialmente expliquei a importância do tema, tanto para a vida deles em
sociedade, quanto para aqueles que iriam prestar a prova do Enem, na medida em que o
respeito à vida e os valores da dignidade da pessoa humana são pré-requisitos
primordiais da redação do Enem.
Iniciei a aula contextualizando a notícia em destaque na mídia que trazia o
vandalismo cometido na biblioteca da UnB (Universidade de Brasília) com a destruição
de exemplares de livros sobre os direitos humanos, o movimento de resistência
promovido por seus estudantes com a doação de livros sobre a mesma temática, seguido
de uma questão: Por que fizeram isso? Em seguida, fiz um recorte histórico à Segunda
Guerra Mundial trazendo as atrocidades cometidas durante a guerra, assim como a
revelação dos grandes “Campos de Concentração”. Deixei como sugestão dois filmes
sobre a temática “A lista de Schindler” e “O diário de Anne Frank”. Reforcei a
importância da criação da Organização das Nações Unidas (ONU), e da celebração da
“Declaração Universal dos Direitos” em 1948. Frisamos a triste colocação do Brasil no
ranking mundial de direitos humanos, que dá ao nosso país o primeiro lugar5.

5
FONTE: De acordo com a ONG britânica Global Witness o Brasil liderou o ranking mundial de
assassinatos de defensores dos direitos humanos em 2017.
27

Comentei o fomento do ódio, da intolerância e da violência promovidos pelos


grupos Klu klux klan e o Movimento White Power (esse com forte presença no ABC
paulista), e a importância da resistência organizada pelos movimentos sociais, em
especial os movimentos Quilombolas, Indígenas, Trabalhadores rurais e LGBT. Sou
questionado por uma aluna a respeito do que se constituía o movimento Quilombola,
quando ressalto sobre sua origem no período da escravidão, a fuga dos negros
escravizados e a formação dos primeiros Quilombos, sendo o maior deles o denominado
“Quilombo dos Palmares”. Percebo no grupo de rapazes simpatizantes de Jair
Bolsonaro certo olhar de recusa e negação quando cito os movimentos LGBT e
Trabalhadores Rurais, não há uma verbalização de suas indignações, mas sorrisos e um
movimento negativo com suas cabeças. Contextualizo que o trabalhador rural não se
restringia movimento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e que
ali naquela sala de aula muitos dos alunos possuíam pais, avôs ou demais parentes que
tiravam da terra o seu sustento, ao passo que muitos alunos levantaram suas mãos e
disseram ao mesmo tempo: “Meus pais trabalham na terra, minha família toda” e
percebo uma efetiva participação da sala.
Antes de finalizar a apresentação é exibida uma animação de três minutos de
duração a respeito do respeito à diversidade étnica, racial, religiosa e sexual.
Finalizo a apresentação e abro para perguntas, posicionamentos e falas, onde os
alunos me questionam a respeito da ação do Movimento White Power (também
conhecidos por skinheads) no ABC paulista, questionando o ódio promovido por eles
contra nordestinos, negros e comunidade LGBT. Saliento ser infelizmente verdade a
existência desse grupo, porém, que o fortalecimento dos movimentos sociais
Quilombolas, Indígenas, Trabalhadores rurais e LGBT era necessário para criar uma
força de resistência, solidariedade e tolerância.
Finalizadas as participações, solicito uma redação de até trinta linhas sobre
“Direitos Humanos” a ser entregue ao professor supervisor.
Durante o estágio supervisionado percebo um grande interesse por parte dos
estudantes acerca do universo acadêmico, cursos, bolsas, diferenças entre instituições
públicas e particulares, dessa forma, preparo uma aula especificamente sobre esse tema
“Considerações gerais acerca do Universo Acadêmico” (Turmas 3ª A e 3ª B).
Primeiramente ponderei ser a escolha de um curso superior um momento de
grande impacto na vida dos jovens, justamente numa fase de pouca “maturidade” acerca
de escolhas que nos acompanharão por toda uma vida. Salientamos ser a escolha da
28

carreira um momento de perguntas, pesquisas e questionamentos interiores. E se a


escolha perpassar por aspectos puramente econômicos, que seja feita com
responsabilidade social acerca do melhor profissional possível que possamos ser, pois,
nossas escolhas impactam vidas.
Na sequência fiz um levantamento das vantagens e desvantagens de se estudar
em uma instituição de ensino superior público ou privado, levando-se em consideração
aspectos econômicos, humanísticos e sociais.
Percebo que as questões sobre greves e bolsas são as mais recorrentes durante a
aula expositiva no tocante as instituições públicas, e que o “desconhecimento” a
respeito da geração de encargos futuros com o financiamento universitário nas
instituições privadas era perceptível.
Parte considerável dos estudantes me questiona sobre o transporte universitário
para Campina Grande, tendo em vista a dificuldade vislumbrada por eles em suas
famílias manterem uma moradia fora de Solânea. Respondo que o transporte é uma
realidade, porém, que sofremos constantes ameaças de sua extinção, e que para isso
fazia-se necessário o aumento do movimento universitário local, para que juntos
pressionássemos a gestão pública local. Ressalto que o maior desafio enfrentado pelos
estudantes oriundos de famílias pobres não estava no ingresso ao mundo universitário, e
sim em sua permanência, e que ao menos nas instituições públicas as políticas de
assistência estudantil como as bolsas REUNI e PAEG sinalizavam um “alívio” para
aqueles que não vislumbravam uma solução a permanência em instituições superiores
de ensino.
Uma das maiores preocupações dos estudantes gerou em torno da “pós-
formação”, tendo em vista as poucas oportunidades de geração de trabalho e renda nas
cidades do interior. Alguns jovens sentados ao fundo da sala disseram que isso se
resolvia fácil com os famosos “arrumadinhos” (cargos de indicação política), ao passo
em que duas moças sentadas na frente rebateram, dizendo que os arrumadinhos geravam
dependência e submissão. O debate se acirrou e muitos posicionamentos distintos
apareceram desde os que enxergavam nos cargos de indicação uma solução adequada e
coerente a quem participou efetivamente de uma campanha, aos que acreditavam serem
os cargos de indicação política uma pura herança “geradora” de corrupção.
Após um breve e estimulante momento de debates paralelos, retomei a aula
expositiva contextualizando acerca da ambivalência existente entre “conhecimento
acadêmico” versus “mundo do trabalho” e que dependendo do curso escolhido, o
29

“economicismo” existente no universo capitalista empresarial faria com que uma parte
do conhecimento construído no universo acadêmico não fosse utilizado na prática do dia
a dia.
Fechando o encadeamento de ideias da aula expositivo coloco uma questão
para a apreciação dos estudantes: “Vale a pena todo esse esforço?”. Ao passo que
respondo: “vale, está valendo e sempre valerá a pena”. Sendo que o conhecimento
acadêmico tem por objetivo “fundamental” ajudar o ser humano a compreender o
mundo ao qual ele está inserido, aumentando seu leque de possibilidades e sua leitura
acerca desse mundo, transformando-o em um ser humano melhor, e em um profissional
capacitado a atender as demandas sociais.
Pergunto se algum estudante possuía questionamentos, uma fala ou algo que
completasse a aula expositiva, agradeço a todos e dou encerramento.
No dia 07/11/2018 retornei à escola para ministrar sem dúvidas a aula expositiva
que teve a maior participação dos estudantes, cujo tema era “Isso é coisa para homem:
o jogo de reconhecimento em torno da masculinidade” (Turmas 3ª A e 3ª B).
Começo a aula contextualizando a importância do tema, no qual a sociedade,
partindo de naturais diferenças biológicas entre homem e mulher cria um “padrão de
masculinidade” socialmente desejado, que acentuará diferenças assimétricas entre os
sexos, justificando simbolicamente a dominação dos homens sobre as mulheres.
Esse jogo de reconhecimento acerca da masculinidade acaba se dando a partir de
duas perspectivas distintas:
1- Reforçando-se os comportamentos desejados típicos de meninos, tais como,
“brincadeiras de meninos” na primeira infância, o desejo por meninas (na adolescência)
aos hábitos e comportamentos associados ao sexo, a força e ao poder na fase adulta.
2- Ou demarcando quem pertence ou não a esse “seleto” grupo de homens com
“H” maiúsculo. O que vale aqui é pontuar o que “não é ser homem”, naturalizando os
conceitos que “desumanizam” o indivíduo na mera equivalência ao animal, através do
uso de nomenclaturas preconceituosas, demarcadoras e pejorativas, tais como: veado
e/ou bixa.
Reforço à necessidade de compreendermos esses discursos a partir de uma
“imaginação sociológica” que nos possibilite conhecer o oculto, o intangível que se
esconde por trás dos discursos e representações em torno dessa masculinidade
socialmente desejada.
30

Em seguida, exemplifico dois casos “fora da curva” que destoam de um padrão


de masculinidade socialmente desejada: o cantor Ney Matogrosso (considerado
socialmente extremamente afeminado) e o ator Jece Valadão (conhecido por machão e
cafajeste). Nos dois casos citados, ambos os personagens destoam daquilo que a
sociedade concebe como um “ideal de masculinidade”, um por transitar artisticamente
pelo universo feminino (mesmo negando sua homossexualidade) ficou estigmatizado
socialmente por gay, e o outro por ser um machista inveterado, e por pouco valorizar as
mulheres ficou socialmente conhecido por cafajeste.
Em seguida, exibo um rápido trecho de uma entrevista em que Jece Valadão
afirma “contraditoriamente” que para a própria defesa das mulheres ele persistiria na
atitude de “macho” e “cafajeste”. Posteriormente, apresento trechos de uma entrevista
concedida pelo cantor Ney Matogrosso ao jornal Folha de São Paulo pulicada no dia
19/07/2017 no qual afirma que durante toda sua carreira teve que a todo o momento
reafirmar sua masculinidade diante de uma imagem extremamente estigmatizada de sua
suposta homossexualidade. Em seguida, cito trechos de duas canções do artista ao qual
sua masculinidade teve que ser reafirmada “Homem com H” e “Telma eu não sou gay”,
sendo a primeira canção recebida com bastante entusiasmo dos alunos, que começam a
cantar. Logo após, apresento os efeitos desse reforço de uma masculinidade socialmente
construída e desejada, que acaba desencadeando em “mazelas” relacionadas a diversos
problemas sociais que tais representações e comportamentos desencadeiam, a saber:
crimes como a homofobia, violência doméstica (em especial contra as mulheres), o
abandono paterno, a violência dentro e fora dos estádios de futebol, o alcoolismo,
homicídios, crimes de trânsito etc.
Citando a obra de Pierre Bourdieu “A dominação masculina” que nos diz que a
partir do próprio corpo, em sua realidade biológica que se constrói a diferença entre os
sexos biológicos, conformando-a aos princípios de uma visão mítica do mundo,
enraizada na relação arbitrária de dominação dos homens sobre as mulheres levamos os
estudantes a pensarem sobre o que de mais significante em suas casas eles conseguiam
lembrar a respeito de papeis sociais construídos a partir do sexo masculino e feminino?
Uma jovem disse que: “Seu irmão tinha o privilégio de ficar na rua até altas horas,
enquanto que ela não” ao ponto em que um rapaz retrucou e disse: “As mulheres gostam
de homem safado, elas não são coitadinhas não”, no momento em que muitos o
vaiaram, e um segundo rapaz crítico sua fala dizendo que as mulheres ali presentes
mereciam respeito. Uma jovem bastante tímida levantou sua mãe e me chamou até sua
31

mesa e perguntou como se resolveria essa situação de desvalorização da mulher? Eu


repeti sua pergunta para toda sala e disse para ela que apenas o “empoderamento
feminino” resolveria essa assimetria nas relações e ajudaria a naturalizar os campos
socais como espaços acessíveis a mulheres, e não apenas aqueles que demarcassem
relações de subordinação.
Antes do encerramento da aula expositiva, convidei os alunos a assistirem um
vídeo de dois minutos intitulado “O que está acontecendo com os homens?”. Em
seguida, perguntei se alguém tinha algum questionamento, crítica ou informação
complementar, finalizando em sequência mais uma aula expositiva.
No dia 21/11/2018 ministrei mais uma aula expositiva, agora sobre o tema
“Conflito entre gerações” para as (Turmas 3ª A e 3ª B).
Início a aula dizendo que toda sociedade elabora uma noção ideal de adulto, na
qual estão sintetizadas as suas aspirações mais ambiciosas, seus valores mais raros, suas
normas mais características, numa palavra, a essência de seu ethos (conjunto dos
costumes e hábitos fundamentais). Se o adulto representa esse “ideal de sociedade”, a
vida humana será demarcada pelo “ritmo biológico”: nascimento, crescimento,
envelhecimento e morte, porém, tais fatores biológicos serão socialmente
“enquadrados” através expectativas: hora de brincar (infância), hora de estudar
(juventude), hora de trabalhar (fase adulta) e hora de descansar (velhice).
Em seguida, questiono os alunos a responderem: “Mas o que define uma
geração?”, sendo que alguns arriscam a dizer: “A idade”, “A música ouvida”, “A
tecnologia”. Definimos uma geração na medida em que ela possui um “estilo de ação”,
que se distingue do estilo de ação de uma geração anterior. Porém, a experiência que
lastreia (que carrega, acompanha) esse estilo de ação, de uma geração, é estratificada,
ou seja, dividida em grupos, ou classes sociais. Apresento a imagem de dois jovens
catadores em um lixão em São Paulo, que ao fundo da imagem encontra-se prédios
luxuosos da capital paulista. Questiono se aqueles jovens, que aparentavam ter em torno
de 18 anos de idade teriam as mesmas experiências e oportunidades de um jovem de 18
anos morador daqueles luxuosos edifícios ao fundo? Todos os alunos começam a dizer
que não, ao passo que completo suas afirmações dizendo que é por isso que falamos de
esse “estilo de ação” que demarca uma geração é estratificado.
Em seguida, digo que o jovem não aceitará o “ideal de adulto” que a sociedade
idealizou e quer lhe impor, passando, dessa forma a:
 Contestar as ordens normativas, enquanto, os adultos procurarão mantê-las.
32

 Criticar o estilo de vida de seus pais por eles terem se “acomodado ao sistema”,
aceitando as regras sociais.
Portanto, a juventude será marcada “social e psicologicamente” por esse
constante estado de crise e tensão.
Se nas sociedades modernas esse processo de transição (de jovem para adulto) é
considerado um momento um tanto quanto difícil (quando não traumático), devido a
uma série de fatores: complexidade da vida social; ampla variedade das alternativas de
vida oferecidas ao jovem (dependendo do contexto social); as próprias contradições
relacionadas à passagem da família de orientação (pai, mãe e irmãos) para a constituição
da própria família de procriação e as incertezas sobre o futuro (carreira e o futuro)
cabem-nos uma questão inquietante: “Mas afinal, com quem aprendemos a ser adulto?”.
Nesse momento muitos estudantes arriscam em dizer: “Como os tios”, “Aprendemos na
TV”, “Com os estranhos”. É quando eu completo: “Com os nossos pais”.
Em seguida, convido os estudantes a ouvirem trechos de duas canções que
tratam dessa temática: Como nossos pais na interpretação de (Elis Regina) e Pais e
Filhos com a banda (Legião Urbana). O notebook apresenta um pequeno erro com o
som, e enquanto o professor Beneilto tenta solucionar, vou conversando com os
estudantes acerca dos artistas que irão assistir, afirmo que talvez eles conhecessem
apenas a banda Legião Urbana, porém, para a minha surpresa eles tanto conhecem a
cantora Elis Regina, quanto durante a execução da canção eles cantam juntamente com
a artista, para em seguida, em uníssono cantar “Pais e Filhos” com o cantor Renato
Russo, muito popular em sua época com o público juvenil.
Logo após, saliento que devemos compreender que o contexto histórico, político,
econômico, social e cultural de uma época possibilitará a criação de “diferentes”
interpretações e significados acerca do mundo, não havendo, portanto, nenhuma geração
que pode ser considerada melhor do que outra, apenas diferente. Sendo tanto Genival
Lacerda (ouvindo por seus avós) quanto Fiuk ouvido por eles, resultado de um contexto
histórico, político, econômico, social e cultural de uma época.
Finalizando ressalto que a sociedade cria um “ideal de adulto” e projeta em sua
criação uma série de expectativas. Os jovens, durante o “rito de passagem” para a fase
adulta irão negar essas idealizações a partir do comportamento rebelde e do conflito
com a geração anterior. Convido os estudantes a assistirem um vídeo de sobre “Conflito
entre gerações” com duração de 3 minutos e 45 segundos, seguido de um debate de
ideias sobre os temas propostos na aula expositiva.
33

Ao fim do debate, peço uma redação de até 30 linhas na forma de um “exercício


de reflexão”: Como eles acreditam que irão se comportar como adultos quando
estiverem com a idade de seus pais? Encerro a aula expositiva, agradeço pelos meses de
convívio e aprendizado e me coloco a disposição para qualquer dúvida acerca dos
conteúdos abordados em sala de aula, ou acerca do Movimento universitário de Solânea
ao qual coordeno. Recebo por duas vezes palmas e agradecimentos das turmas (Turmas
3ª A e 3ª B) ao qual fico extremamente emocionado e grato.

10. AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE

A experiência vivida por mim durante a prática docente foi muito significativa,
estimulante e desafiadora. Como significativo, ressalto a compreensão de que o
universo escolar possui especificidades que necessitam serem compreendidas a partir de
um olhar sociológico, e que aspectos culturais, religiosos e econômicos acabam por
influenciar no processo ensino-aprendizagem. Estimulante é poder propor a junção entre
conhecimento teórico adquirido no ambiente universitário e prática docente, sempre
respaldado a partir da observação de que diante da evidencia empírica dos fatos,
estarmos aptos a rever conceitos, temas ou teorias. Desafiador é trabalhar com duas
turmas ao mesmo tempo, numa sala com 78 alunos, durante uma grande reforma
estrutural das dependências internas da escola, em meio a marretadas, poeira e entulhos,
e mesmo assim manter a concentração e a atenção dos alunos ao conteúdo da aula
expositiva. Desafiador também é trabalhar conteúdos que despertasse o interesse dos
alunos, fazendo com que eles participassem assiduamente das aulas e debates propostos.
Ressalto que o calendário eleitoral foi um obstáculo que causou um grande
impacto na prática docente com suas sucessivas paralisações de aulas (na medida em
que as salas foram requisitadas pela Justiça Eleitoral já a partir da quarta-feira e
devolvidas na terça-feira da semana seguinte, nos dois turnos). A vultosa reforma
estrutural em todas as dependências internas da escola foi outro elemento significativo
que atrapalhou a prática docente, na medida em que os professores tiveram que
reorganizar seus planos de aula, unir duas turmas por sala e interagirem ao meio de
barulhos, poeiras, entulhos, materiais construção por toda a parte. Durante a prática
docente pude presenciar algumas contradições significantes que fizeram com que eu
“reorganizasse” minhas ideias acerca da superação de algumas barreiras, tais como, a
34

constatação da existência de pequenos grupos de estudantes adeptos ao


conservadorismo vigente no país, a ausência de representação estudantil organizada nas
decisões consultivas e/ou deliberativas da escola (mesmo o PPP da instituição
reafirmando sua importância), a quantidade significativa de estudantes moradores dos
sítios de Solânea, ou das cidades circunvizinhas, que por dependerem do transporte dos
ônibus acabam se tornando de certa maneira “reféns dos rígidos horários” impedindo-os
de participar nos ricos debates estendidos além do horário das aulas.
Todavia, a prática docente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Dr. Alfredo Pessoa de Lima foi uma oportunidade singular para conhecer uma realidade
específica àquela localidade, seus problemas e desafios.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No atual momento em que a Sociologia está novamente ameaçada de se retirada


do Currículo do Ensino Médio, poder ministrar aulas numa escola pública a partir desse
contexto histórico e político foi uma experiência rica, gratificante, desafiadora e
fundamental para a minha formação como um futuro professor.
A disciplina de Prática de Ensino aprofundou os debates teóricos, metodológicos e
as perspectivas educacionais mais conectadas a realidade educacional, alicerçando o
exercício da prática docente em torno de um paradigma de constatações e superações.
Durante o estágio supervisionado pude acompanhar a “naturalização” do
desmonte da escola pública objetivada no abandono dos laboratórios de informática,
bibliotecas, sanitários e salas de aula.
Contudo, encontramos uma comunidade articulada, conectada a interesses
comuns alicerçados em torno de uma boa relação entre alunos, professores e demais
profissionais da escola.
Sabemos de nossa responsabilidade, e devemos estar atentos a esse processo
deliberado de abandono, através da resistência e propositura de soluções, de novos
caminhos e distintos olhares.
Em suma, o estágio supervisionado da prática docente foi importante para que eu
tivesse a certeza de que a educação é transformadora, e que através dela construiremos
uma sociedade mais justa, igualitária e com mais oportunidade para todos.
35

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELCHIOR, Antônio Carlos. Como nossos pais. Intérprete: Elis Regina, São Paulo:
Phonogram, 1976, LP.
BLOG DO ENEM. Como escolher seu curso. Disponível em:
<https://blogdoenem.com.br/como-escolher-seu-curso>. Acesso em: 11 out. 2018.
Bourdieu, Pierre, 1930-2002. A dominação masculina/Pierre Kühner. - 11° ed. - Rio
de Janeiro 160p. Bertrand Brasil, 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Ministério da Educação. Orientações
Curriculares para o Ensino Médio – Ciências humanas e suas tecnologias. Brasília,
2006.
Base Nacional Comum Curricular. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/noticias/base-nacional-comum-curricular-bncc-sera-
discutida-pelo-conselho/3123721.html >. Acesso em: 29 nov. 2018.
DOURADO, Luiz. F; AGUIAR, Márcia A. S. A BNCC na contramão do PNE 2014-
2024: avaliação e perspectivas. [Livro Eletrônico]. Recife: ANPAE, 2018.
Guia de Livros Didáticos: PNLD 2015: Sociologia disponível em: &lt;
http://www.fnde.gov.br/arquivos/category/125-guias?download=9011:pnld- 2015-
Sociologia&gt; Acesso em 25 nov. 2018.
LETRAS, de Músicas. https://www.letras.mus.br. Acesso em: 16 de nov. 2018.
MANNHEIM, K. O problema sociológico das gerações. In: MAFFESOLI, Michel.
MILLS, C. Wright. A Imaginação Sociológica, Rio de Janeiro. Zahar, 1982.
NADER, Maria Beatriz. A condição masculina na sociedade. Dimensões: Revista de
História da UFES, Vitória, n. 14, p. 461-480, 2002.
NADER, M. B. CAMINOTI, J. Medeiros. Gênero e poder: a construção da
masculinidade e o exercício do poder masculino na esfera doméstica, Rio de Janeiro,
2014.
UNICEF. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm> Acesso em: 29 de julho de
2018.
URBANA, Legião. Pais e filhos. Intérprete: Renato Russo, Brasília: EMI, 1989, LP.
YOUTUBE. Três gerações: baby boomers, x e y. Disponível em <
https://www.youtube.com/watch?v=dQcQ7rmVCZY> Acesso em: 16 de nov. 2018.
36

13. ANEXOS

Plano de aula: Turmas do 3ª A e 3ª B


Aula Expositiva: Direitos Humanos
Data: 24/10/2018
4 horas/aula

Plano de Aula

I. Plano de Aula: Data: 24/10/2018

II. Dados de Identificação:


Escola: EEEFM Dr. Alfredo Pessoa de Lima (Solânea, PB).
Professor: Beneilto José da Silva
Estagiário: Jeferson Lima de Souza
Disciplina: Sociologia
Série: 3°
Turmas: A e B

III. Tema: “Direitos Humanos”

IV. OBJETIVOS:
 Possibilitar o reconhecimento pelos estudantes do que se constituem os direitos
humanos
 Compreender como os estudantes identificam o conjunto de significados em torno
do debate entre os que “defendem” e os que “são contra” os direitos humanos.
 Debater sobre os papéis e desafios que os estudantes visualizam acerca dos direitos
humanos na escola e na sociedade em geral.

V. Tópicos/Conteúdos:
1. A história dos direitos humanos no mundo e no Brasil.
2. Os princípios do direito à vida.
37

3. Luta, resistência, respeito e tolerância.

VI. Metodologia:
Aula expositiva e dialogada explorando a compreensão dos alunos acerca do tema “Direitos
Humanos” a partir da exibição de slides.
Posteriormente, será exibida uma animação sobre o mesmo tema com duração de 3
minutos.
Após a exibição, realização de um debate acerca das opiniões dos estudantes sobre a aula
expositiva e o filme assistido.
Dialogar abertamente com os estudantes acerca da importância dos direitos humanos e do
respeito à diversidade política, religiosa, racial, étnica e sexual, assim como, refletir sobre
os discursos de ódio e intolerância.

VII. Recursos didáticos:


 Computador
 Data show
 Caixas de som
 Vídeo (animação)
 Matérias jornalísticas

VIII. Avaliação:
A avaliação se dará a partir da participação dos estudantes nas discussões em sala durante a
aula.

IX. Bibliografia:
UNICEF. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm> Acesso em: 29 de julho de 2018.

YOUTUBE. Direitos Humanos: Disponível em: <https://youtube/hGKAaVoDlSs >


Acesso em: 21 de out. de 2018.
38

Plano de aula: Turmas do 3ª A e 3ª B


Aula Expositiva: Considerações gerais acerca do “universo acadêmico”
Data: 31/10/2018
4 horas/aula

Plano de Aula

I. Plano de Aula: Data: 31/10/2018

II. Dados de Identificação:


Escola: EEEFM Dr. Alfredo Pessoa de Lima (Solânea, PB).
Professoro: Beneilto José da Silva
Estagiário: Jeferson Lima de Souza
Disciplina: Sociologia
Série: 3°
Turmas: A e B
III. Tema: Considerações gerais acerca do “universo acadêmico”

IV. OBJETIVOS:
 Possibilitar o reconhecimento pelos estudantes do que se constitui o universo
acadêmico.
 Compreender os significados que os estudantes dão ao ensino superior.
 Debater sobre os principais desafios enfrentados para quem pretende ingressar numa
instituição superior de ensino.
V. Tópicos/Conteúdos:
 Desafios e dificuldades.
 Diferenças entre Instituições públicas e privadas.
 Formação acadêmica e mercado de trabalho.

VI. Metodologia: Aula expositiva e dialogada acerca do “universo acadêmico” a partir da


utilização de slides.
Após a exposição de ideias, realização de um debate acerca das opiniões dos estudantes
sobre o conteúdo trabalhado.
39

VII. Recursos didáticos:


 Computador
 Data show

VIII. Avaliação: A avaliação se dará a partir da participação dos estudantes nas discussões
em sala durante a aula.
IX. Bibliografia:
BLOG DO ENEM. Como escolher seu curso. Disponível em:
<https://blogdoenem.com.br/como-escolher-seu-curso>. Acesso em: 11 out. 2018.

Plano de aula: Turmas do 3ª A e 3ª B


Aula Expositiva: Masculinidade
Data: 07/11/2018
4 horas/aula

Plano de Aula

I. Plano de Aula: Data: 07/11/2018

II. Dados de Identificação:


Escola: EEEFM Dr. Alfredo Pessoa de Lima (Solânea, PB).
Professor: Beneilto José da Silva
Estagiário: Jeferson Lima de Souza
Disciplina: Sociologia
Série: 3°
Turmas: A e B

III. Tema: “Masculinidade”

IV. OBJETIVOS:
 Possibilitar o reconhecimento pelos estudantes do que se constitui o “jogo de
40

reconhecimento” acerca da masculinidade.


 Compreender como os estudantes identificam o conjunto de significados em torno
do reforço de uma masculinidade socialmente desejada.
 Debater sobre a relação entre esse reforço da masculinidade e o crescimento da
violência em nossa sociedade.

V. Tópicos/Conteúdos:
1. O discurso acerca da masculinidade
2. O jogo de reconhecimento: “homem com H”
3. Efeitos da masculinidade excessiva
4. A construção da realidade a partir do corpo
5. Dos papéis socais as relações de poder
VI. Metodologia:
Aula expositiva e dialogada explorando a compreensão dos alunos acerca do tema
“Masculinidade” a partir da exibição de slides.
Exibição de um comentário de Jece Valadão, em seguida, trechos de duas canções de Ney
Matogrosso e no final um vídeo intitulado “O que está acontecendo com os homens?” com
duração de um minuto e quinze segundos.
Após a exibição, realização de um debate acerca das opiniões dos estudantes sobre a aula
expositiva e o filme assistido.
Dialogar abertamente com os estudantes acerca da importância de conhecermos os efeitos
de uma masculinidade socialmente desejada, suas causas e consequências.
VII. Recursos didáticos:
 Computador
 Data show
 Caixas de som
 Vídeo
 Trechos de canções
VIII. Avaliação: A avaliação se dará a partir da participação dos estudantes nas discussões
em sala durante a aula.
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IX. Bibliografia:
Bourdieu, Pierre, 1930-2002. A dominação masculina/Pierre Kühner. - 11° ed. -
Rio de Janeiro 160p. Bertrand Brasil, 2012.
NADER, Maria Beatriz. A condição masculina na sociedade. Dimensões: Revista
de História da UFES, Vitória, n. 14, p. 461-480, 2002.
NADER, M. B. CAMINOTI, J. Medeiros. Gênero e poder: a construção da
masculinidade e o exercício do poder masculino na esfera doméstica, Rio de Janeiro, 2014.

Plano de aula: Turmas do 3ª A e 3ª B


Aula Expositiva: Conflito entre gerações
Data: 21/11/2018
4 horas/aula

Plano de Aula

I. Plano de Aula: Data: 21/11/2018

II. Dados de Identificação:


Escola: EEEFM Dr. Alfredo Pessoa de Lima (Solânea, PB).
Professoro: Beneilto José da Silva
Estagiário: Jeferson Lima de Souza
Disciplina: Prática de Ensino
Série: 3°
Turmas: A e B

III. Tema: “Conflito entre gerações”


IV. OBJETIVOS:
 Promover a reflexão sobre problemas comuns vivenciados pelos estudantes e seus
pais, cada um em seu contexto histórico, porém, com particularidades semelhantes.

 Possibilitar o reconhecimento a partir do ponto de vista dos adolescentes, de como


se opera esse encontro e os conflitos entre gerações.

 Reconhecer como o aluno identifica a rede de significados que os distingue de seus


pais e aquilo que os aproximam.
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 Debater sobre os papéis e desafios de ser jovem, e como eles imaginam serem pais
no futuro (exercício de reflexão).

V. Conteúdo:
1. Ideal de adulto “socialmente” construído.
2. Conflito entre gerações: “Meus pais não me entendem, e eu não entendo meus pais”.
3. UPP (Ufa, Pacificação é Possível): Debate sobre papéis (pais, o espelho do “Eu” no
futuro, será?).
VI. Metodologia: Inicialmente será apresentado o texto ”O problema sociológico
das gerações”, que trás a perspectiva histórica de cada sujeito como elemento central de
suas experiências e abordagens de vida.
Posteriormente, convidaremos os alunos a ouvirem um trecho da canção “Como
nossos pais (Belchior) na interpretação de Elis Regina”, a seguir de um trecho da canção
“Pais e Filhos” da banda Legião Urbana, e por fim, um vídeo sobre “Conflito entre
gerações” com duração de 3 minutos e 45 segundos, seguido de um debate de ideias sobre
os temas propostos na aula expositiva.
VII. Recursos didáticos:
 Trechos de canções
 Vídeo
 Computador
 Data show
 Caixas de som

VIII. Avaliação: A avaliação se dará a partir da participação dos estudantes nas


discussões em sala durante a aula.
IX. Bibliografia:
BELCHIOR, Antônio Carlos. Como nossos pais. Intérprete: Elis Regina, São
Paulo: Phonogram, 1976, LP.
LETRAS, de Músicas. https://www.letras.mus.br. Acesso em: 16 de nov. 2018.
MANNHEIM, K. O problema sociológico das gerações. In: MAFFESOLI, Michel.
URBANA, Legião. Pais e filhos. Intérprete: Renato Russo, Brasília: EMI, 1989, LP.
YOUTUBE. Três gerações: baby boomers, x e y. Disponível em <
https://www.youtube.com/watch?v=dQcQ7rmVCZY> Acesso em: 16 de nov. 2018.
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X. Anexos: Letras das canções utilizadas em sala


Como Nossos Pais
Elis Regina

“[...] Hoje eu sei


Que quem me deu a ideia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando o vil metal
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais”.

Pais e Filhos
Legião Urbana

“[...] Sou uma gota d'água


Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer”.
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Materiais trabalhados em sala de 3ª A e 3ª B:


Aula: Direitos Humanos
Data: 24/10/2018 (4h/a)
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Dicas de Filmes:
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(Turmas 3ª A e 3ª B)
Aula: Considerações gerais acerca do “universo acadêmico”
Data: 31/10/2018 (4h/a)
47

(Turmas 3ª A e 3ª B)
Aula: Masculinidade
Data: 07/11/2018 (4h/a)
48

(Turmas 3ª A e 3ª B)
Aula: Conflito entre gerações
Data: 21/11/2018 (4h/a)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE


CENTRO DE HUMANIDADES
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFESSOR: SEVERINO JOSÉ DE LIMA
ALUNO: JEFERSON LIMA DE SOUZA

PLANO DE TRABALHO

1. Atividades e Cargas Horárias:

 Aulas teóricas, expositiva dialógica, apresentação de vídeos e planejamento de


Ensino: 45h/a;
 Leitura dos livros indicados sobre o ensino da Sociologia e livros didáticos: 15h/a;
 Estágio em sala de aula, contando com reuniões, planejamentos, observação da
escola, projeto pedagógico e preparação de aulas: 60h/a;

TOTAL DA CARGA HORÁRIA COMPUTADA: 120h/a.


2. Programação:
Dia/Mês/ Ano Descrição da atividade Carga horária
21/08/2018 Apresentação 02h/ Aula
24/08/2018 Discussão do programa da disciplina. 02h/ Aula
28/08/2018 Aula didática: Introdução: porque da Sociologia na 02h/ Aula
educação básica.
31/08/2018 Aula didática: A história do ensino de Sociologia na 02h/ Aula
educação básica.
04/09/2018 Aula didática: Introdução as Orientações Curriculares 02h/ Aula
Nacionais (OCN).
11/09/2018 Aula didática: PCN do ensino de Sociologia. 02h/ Aula
14/09/2018 Aula didática: Princípios para o ensino da Sociologia no 02h/ Aula
Ensino Médio.
18/09/2018 Primeira inserção no local de estágio. 02h/ Aula
19/09/2018 Observação das aulas (Turmas 3º A e 3°B) 04h/ Aula
21/09/2018 Observação das aulas (Turmas 3º A e 3°B) 04h/ Aula
25/09/2018 Aula didática: Resolução Nº 277/2007 implantação do 02h/ Aula
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ensino de Sociologia e filosofia na Paraíba.


28/09/2018 Aula didática: OCN, princípios epistemológicos e base 02h/ Aula
legal.
02/10/2018 Aula didática: O Ensino de Sociologia na LDB lei Nº 02h/ Aula
9.394/96
03/10/2018 Coleta de informações na escola 01h/ Aula
10/10/2018 Observação das aulas (Turmas 3º A e 3°B) 04h/ Aula
14/09/2018 Trabalho: Elaboração de um texto síntese sobre as OCN. 02h/Aula
16/10/2018 Aula didática: PNLD 2018; Sistema de informação da 02h/ Aula
rede estadual de ensino; Diretrizes operacionais para o
funcionamento das escolas estaduais 2018.
19/10/2018 Aula didática: Reflexões sobre o uso do livro didático 02h/ Aula
de Sociologia na educação básica; Análise da categoria
trabalho em livros didáticos de Sociologia.
20/09/2018 Aula expositiva na UFCG sobre a Síntese sobre as OCN 02h/Aula
23/09/2018 Cont. Aula expositiva na UFCG sobre a Síntese sobre as 02/Aula
OCN.
23/10/2018 Elaboração da aula prática sobre “Direitos Humanos” 02h/ Aula
(plano de aula e slides)
24/10/2018 Prática docente: Aula expositiva sobre os “Direitos 04h/ Aula
Humanos” (Turmas 3º A e 3°B)
26/10/2018 Aula didática: A Sociologia no Ensino Médio: Mais de 02h/ Aula
cem anos de luta.
30/10/2018 Aula didática: A pesquisa no Ensino Fundamental: 02h/ Aula
Fonte para construção de conhecimento.
30/10/2018 Elaboração da aula prática sobre “Universo Acadêmico” 02h/ Aula
(plano de aula e slides)
31/10/2016 Prática docente: Aula expositiva sobre “Universo 04h/ Aula
Acadêmico” (Turmas 3º A e 3°B)
06/11/2018 Elaboração da aula prática sobre “Masculinidade” 02h/ Aula
(plano de aula e slides).
06/11/2018 Aula didática: Orientações acerca da confecção do 02h/ Aula
“Relatório Técnico-Científico”.
07/11/2018 Prática docente: Aula expositiva sobre “Masculinidade” 04h/ Aula
(Turmas 3º A e 3°B)
09/11/2018 Leitura dos textos “Relato de experiência docente” e 02h/ Aula
“Carta aberta dos intelectuais e Instituições do campo
das Ciências Sociais na Paraíba”.
10/11/2018 Análise do livro didático utilizado no campo de estágio. 03h/ Aula
11/11/2018 Analise do PPP da escola 03h/ Aula
16/11/2018 Elaboração da aula prática sobre “Conflito entre 04h/ Aula
gerações” (plano de aula e slides).
21/11/2018 Prática docente: Aula expositiva sobre “Conflito entre 04h/ Aula
gerações” (Turmas 3º A e 3°B).
22/11/2018 Atividades Complementares de apoio ao professor 09h/ Aula
supervisor e fim do estágio supervisionado.
23/11/18 a Elaboração do Relatório do Estágio Supervisionado. 26h/Aula
14/12/2018
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