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Nobert Elias

Durante praticamente toda a Idade Média houve várias disputas entre a Nobreza,
Igreja e os príncipes, porém nos séculos XII e XIII surgiu outro estamento para complementar as
disputas, que mesmo advindo de formas variadas, calha de ter o resultado quase sempre o mesmo
na Europa Ocidental. Tal estamento ficou conhecido como burguesia.

Na historiografia tradicional costumou-se estudar tal acontecimento de forma


individual, particular, maneira que se mostrou eficaz. No entanto, não basta. É preciso conhecer
as relações compreender a dominação políticas pelas mudanças estruturais do absolutismo.

Isto é, não são apenas reis isolados que expandem os seus poderes, mas instituições
sociais da monarquia e principado que cada vez mais adquirem importância na transformação da
sociedade e, simultaneamente, confere maiores oportunidades de poder para os novos príncipes.
Partindo desses preceitos que o sociolo Nobert Elias vai levantará duas questões e as solucionará.
(Para Elias a visão do absolutismo é o poder centralizador.)

A primeira delas está ligada à aderência de poder, de certos homens e de como


aumentaram ou perderam no contexto do “absolutismo”. A segunda refere-se em tentar entender
quais mudanças sociais, das instituições medievais, foram responsáveis pelo poder adquirindo
compatível com o “absolutismo” e o “despotismo” e, ainda qual estrutura social capacitou tais
instituições para preservar essa forma por maior ou menor período de tempo.

Todas essas questões, simplificadamente, resultam no que Elias chama de processo


civilizador, já que não foi coincidência que nos mesmos séculos que o rei ou os príncipes
adquiriram status de “absolutistas”, a contenção das “paixões”, a “civilização” do
comportamento, procedeu. Mudanças, essas que só aconteceram pela formação da ordem
hierárquica, tendo a frente o governante absoluto, ou, por estar vivendo na mesma residência que
o rei ou o príncipe, a corte, assumindo uma nova importância.

Nesse período a corte se tornou o modelo completo e os formadores de estilo algo


novo, em vista que, na fase anterior acabavam dividindo ou mesmo perdendo espaço para outras
esferas de poder como a Igreja e as cidades.
A mais influente corte foi à francesa, o motivo vai além de a França ter sido o país
mais poderoso da época devido o surgimento de relações humanas semelhante transformando
toda sociedade européia, isto é, as aristocracias da corte de diversos países se inspirarão na nação
mais rica e mais centralizada na época, a França, e adotou tudo aquilo que se adequava a sua
realidade, como maneira e linguagens refinadas.

Ao imitarem a corte francesa, os governantes das demais regiões obtiveram os meios


de demonstrar o seu poder estabelecendo uma hierarquia social, fazendo todos os demais, mas
principalmente a corte, perceberem a sua situação de dependência e subordinação. Portanto não
basta analisar as transformações isoladamente em cada país, pois, de certa forma, as aristocracias
da Europa ocidental tornam- se, relativamente uniformes, cujo centro é Paris.

Como exemplo pode- se citar que os membros da aristocracia de corte de todo


continente europeu ocidental falam a mesma língua, inicialmente o italiano e, posteriormente, o
francês. Lêem os mesmo livros, possui o mesmo gosto, as mesmas maneiras – com sutis
diferenças- e, ainda, possuem o mesmo estilo de vida. Portanto não é de se estranhar que a
comunicação entre uma corte e outra era mais fácil e freqüentemente feita do que com outros
estratos do próprio país.

Mais tarde, quase na mesma época, essas relações entre as cortes são afrouxadas cujo
motivo foi o deslocamento do poder política e social da corte para várias sociedades burguesas
nacionais. Conseqüência da monetização da economia que acabou favorecendo as trocas e
dinheiro.

A burguesia e os reis ou os príncipes foram os mais privilegiados, pois tornaram-se


independentes dos nobres. No caso da burguesia é fácil de compreender, já que tornou-se a
camada com mais recursos financeiros disponíveis por isso mesmo não sendo bem nascidos
representaram influentes, financiando até reis ou príncipes.

A relação dos reis com a nobreza sempre foi de dependência, antes do antigo regime.
Isso acontecia por variados motivos, como o poderio dos nobres, muitas vezes, era maior do que
o próprio rei e tinha também a questão dos exércitos que era feito pelos reis através do poder de
Bam, que consistia no pagamento de terras e tudo aquilo que foi conseguido no conflito, a
nobreza pelo serviço militar prestado. Todavia com o advento da monetarização, o rei tem
recursos financiar as guerras e construir um exercito próprio do Estado, além disso, a
modernização dos exércitos foi de total importância, em vista que, foi preciso apenas investir em
armamento e treinamento adequado, já que a cavalaria foi desprezada e em seu lugar ficou a
infantaria, pois dificilmente um súdito, que comporia o exercito, teria um cavalo.

Com essa situação a nobreza se tornou dependente do rei ou príncipe, pois para não
perder o seu status oferecia os seus serviços ao rei e tendo a viver no próprio local que ele e para
isso foi preciso transformar o seu comportamento. Como foi o caso de Versalhes.

Mesmo as freqüentes relações entre as cortes não terem se extinguido, ainda sim um
mundo de mudanças aconteceu. A língua francesa, de modo conflituoso, cede lugar às línguas
burguesas nacionais. Mais a maior de todas as mudanças, sem dúvida foi a de comportamento,
sobretudo a corte.

Os hábitos mais rudes, desinibidos e a característica guerreira dos aristocratas da


corte observado na Idade Média, foi preciso ser “polidos”, “suavizados”, “civilizados”, tudo isso
foi causado pela necessidade de se distinguir dos outros, conseguido através de “conflitos
civilizados”, isto é, por meio da intriga e a diplomacia.

É evidente, portanto, que a formação gradual do Antigo Regime foi acompanhada


por um civilizar da corte, devido às transformações econômicas, o quê deixou a corte dependente
do rei ou do príncipe. Contudo, nenhum dos Estados mostrou ser forte o suficiente para
predominar por um período prolongado.

Para que o rei ou príncipe permanecesse no poder era necessário que nenhum dos
dois estamentos – nobres e burgueses – obtivesse a predominância. Devido a esse motivo os
governantes absolutos deveriam sempre estar alerta, de modo a evitar que isso acontecesse. Por
conseguinte, quando o equilíbrio era rompido e um dos estamentos ficava preponderante, os reis
ou príncipes eram obrigados, de forma consciente ou não, a manipular esse mecanismo social, ou
seja, concedia maiores privilégios para o que estava desfavorecido no momento, funcionando
como uma espécie de balança, com o objetivo de conservar o seu poder.
Síntese do Hespanha

1- Hespanha suscita que a sociedade do Antigo Regime era essencialmente vigiada e


controlada, ainda que os mecanismos de controle nem sempre fossem tão visíveis ou
estabelecidos em determinados lugares, como por exemplo o Panóptico idealizado por Jeremy
Bentham (1748-1832) ou os sistemas totalitários contemporâneos. Tratava-se de um controle
imaginado, incorporando também no controle de si e fundamentado no sentimento de dever.
Refletir acerca da sociedade naturalmente ordenada no Antigo Regime e em como ela poderia
garantir uma obediência amorosa e formas de controle

2- Pensar a adesão da ordem a partir da inevitabilidade do destino e o amor


voluntário.

3- Ponderar acerca das quatro reflexões citadas pelo autor sobre a ordem: a
importância do sentimento de fatalidade e obediência; o conceito de ordem como universal; no
que implica os deveres impostos pela ordem para além do que chamamos de público; a garantia
das formas de controle.

4- Do ponto de vista político, Hespanha pontuou que a sociedade era organizada a


partir de muitos polos de poder. Pensar em como esta sociedade “retalhada numa observação
quase molecular” garantia seus mecanismos de controle e partir dos agentes e da própria
população.

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