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Edison Trombeta de Oliveira,

Soellyn Bataliotti e Lais Benedetto

Libras
Sumário
CAPÍTULO 1 – Cultura Surda...........................................................................................05

Introdução.....................................................................................................................05

1.1 O que dizer e o que não dizer sobre os surdos.............................................................05

1.2 Os surdos têm cultura?..............................................................................................10

1.2.1 Identidade surda..............................................................................................13

Síntese...........................................................................................................................18

Referências Bibliográficas.................................................................................................19

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Capítulo 1 Cultura Surda

Introdução
Neste capítulo, você conhecerá os conceitos de deficiência auditiva e de surdez para compreen-
der a cultura surda e a sua contextualização histórica.

Você conhece alguma pessoa surda ou já ouviu casos sobre essa deficiência? Ao estudar o
primeiro tópico, você identificará os mitos e as verdades acerca dessa condição física e verá o
quanto é possível, para um surdo, ser capaz de viver em sociedade.

Na sequência, você estudará o tópico 2, em que aprenderá os aspectos da cultura surda e enten-
derá a importância, para o surdo, do reconhecimento da sua identidade como parte da sociedade.

1.1 O que dizer e o que não dizer sobre os surdos


O que você sabe sobre deficiência auditiva? O que já ouviu falar a respeito dos surdos? Pro-
vavelmente, já escutou (ou leu) frases como: “todo surdo é mudo”, “são muito nervosos”, “só
ouvem o que querem”, “fazem leitura labial” ou que “surdos têm poder de concentração maior
do que os outros”. No entanto, grande parte do que se ouve desse assunto não corresponde à
realidade. O objetivo deste estudo, portanto, é derrubar os mitos e apresentar verdades sobre a
comunidade surda.

Antes, porém, reflita: você sabe o que é deficiência auditiva? Pois se trata de uma diferença de
performance entre um indivíduo e a sua habilidade para a detenção sonora.

A deficiência auditiva é a segunda deficiência de predominância no Brasil e, segundo os Decretos


nº 3.298/99 e nº 5.5296/04, art. 4º, inc. II (BRASIL, 1999), é considerada “a perda bilateral,
parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500
Hertz (Hz), 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz”.

[…] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com
o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda
bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (BRASIL, 2005)

É importante, ainda, saber que há diferenças entre a pessoa surda e a com deficiência auditiva.
A surdez é a perda da audição e, consequentemente, a necessidade de comunicar-se pela língua
de sinais; em muitos casos, pode ter a origem congênita. Ou seja: quem nasce surdo, não ouve
nenhum som e, por conseguinte, tem dificuldade para adquirir a forma de comunicação expressa
pela língua falada. Por sua vez, a deficiência auditiva pode acometer aqueles que nascem com
a audição perfeita (ou quase perfeita), pois decorre de lesões ou doenças que causam perda au-
ditiva. Nesse sentido, na maioria dos casos, a pessoa que aprendeu a comunicar-se oralmente,
após a perda da audição, deverá saber como utilizar outra estratégia para a comunicação. E,
ao contrário daqueles que nasceram ouvindo e perderam esse sentido, os surdos congênitos não
sofrem a “perda” nem se consideram deficientes, já que utilizam outros meios compensatórios
para se comunicarem.

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Libras

É importante salientar que esta é uma diferença bastante relevada na comunidade surda. Os que
nasceram surdos pertencem à cultura surda pela origem e são os que falam pela língua de sinais,
desenvolvida durante seu crescimento. Por outro lado, os deficientes auditivos, que adquiriram
a surdez em algum momento da vida, deverão aprender uma nova forma de comunicação – a
língua dos sinais – para, só então, serem inseridos na cultura surda.

Entretanto, até chegar-se aos conceitos de deficiência auditiva e de surdez, ao longo da história
criaram-se alguns mitos sobre a inserção da pessoa surda na sociedade.

Segundo Strobel (2008), a história dos surdos teve início por dois olhares: o clínico e o religioso.
Na visão clínica, as pessoas surdas eram representadas pelos que tinham alguma deficiência,
como anomalias nos ouvidos, nas cordas vocais e no cérebro. Esses pacientes despertavam a
dedicação e o empenho dos médicos, que pesquisavam as possibilidades acerca da fala e da
aprendizagem dos surdos. Pela ótica religiosa, inicialmente a igreja acreditava que, como os sur-
dos não ouviam e não falavam, também não conseguiriam pedir perdão pelos seus pecados – e,
por isso, seriam condenados ao inferno. Para salvar essas almas, a Igreja empenhava os mem-
bros do clero na prática da caridade e da assistência às pessoas surdas. Dessa maneira, padres,
abades e outros religiosos responsabilizavam-se pelos cuidados e pela educação dos surdos.

Nesse sentido, antes de se compreender que nem todo surdo é mudo, a denominação do termo
surdo-mudo foi utilizada, em muitos casos, incorretamente. Isso porque a mudez não tem cone-
xão direta com a surdez. E como ainda não havia estímulo para que os surdos aprendessem a
falar, surgiu o mito de que “todo surdo é mudo”.

A criação das terapias de fala que desenvolvem a oralização nas pessoas surdas acabou derru-
bando o mito. Portanto, se um surdo não fala, necessariamente não é mudo; provavelmente não
recebeu orientações nem exercícios que desenvolvessem sua comunicação oral.

Figura 1 – A mudez não tem relação física com a surdez.


Fonte: Shutterstock, 2015.

Girolamo Cardano (1501-1576) foi o primeiro representante da visão clínica sobre a surdez
a afirmar que os surdos não eram ignorantes, mas pessoas com capacidade de compreender
informações. Por ter um filho surdo, dedicou-se a estudar o cérebro e a boca dos nascidos sem
o sentido da audição e, a partir dos resultados, afirmou o ensino da leitura e da escrita como
fundamental para a manifestação do pensamento dos surdos – seja com palavras, seja com
gestos (STROBEL, 2008).

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VOCÊ O CONHECE?
Nascido na Itália, o médico Girolamo Cardano (1501-1576) foi um polímato: des-
tacou-se também como matemático, filósofo e físico, além de dedicar seus estudos à
música, à religião e à astrologia. É tido como um dos pioneiros a reconhecer as habili-
dades dos surdos para relacionar e aprender, considerando “um crime” não instruir os
nascidos sem o sentido da audição.

Sob a ótica religiosa, o primeiro a distinguir a surdez da mudez foi o monge católico espanhol
Pedro Ponce de Léon (1520-1584), que criou a primeira escola para surdos, dedicada ao ensino
da escrita e do desenvolvimento de gestos para representar o alfabeto. Seu trabalho teve como
foco ajudar as pessoas surdas, mas principalmente as crianças privadas da audição.

Ainda sobre a questão religiosa, Strobel (2008) relata que os monges beneditinos associavam os
surdos a atividades manuais, acreditando que eles apresentavam mais produtividade por apre-
sentarem maior poder de concentração. Esse estereótipo levou a criar mais uma crença em torno
da pessoa surda, acreditando que ela tem “mais poder de concentração que os outros”, o que
não é necessariamente verdade, já que a concentração não está relacionada apenas à audição.

Esse mito, porém, ainda persiste como crença. De acordo com Skliar (1998), a contratação de
pessoas surdas para atividades braçais está ligada à produtividade, já que se acredita que o
surdo concentra-se mais do que os outros.

Ainda em relação aos mitos sobre os surdos, é importante você saber que, mesmo após a intro-
dução da língua de sinais, havia resistência para a aceitação das pessoas surdas na sociedade,
devido ao preconceito nas famílias e nas escolas. Segundo Strobel (2008), nas décadas de 1970
e 1980, a aprendizagem era passiva e receptiva, de controle e de disciplinamento. Assim, as
crianças surdas eram impedidas de realizarem a comunicação gestual. Caso usassem os gestos,
eram relacionadas a macacos como forma de punição, além de serem obrigadas a “falar” como
os ouvintes para que fossem consideradas “normais”.

Nessa situação, as pessoas surdas eram obrigadas a desenvolver a fala e a habilidade para a
leitura labial, o que nos remete a mais um mito: “os surdos são capazes de compreender todas
as falas pela leitura labial”. E mais: a certa distância. Será que é possível que todos os surdos
compreendam, mesmo sem estarem bem próximos, o que estamos conversando?

Witkoski (2009) colabora para desmitificar mais essa crença, ao informar que nem todos os sur-
dos são capazes de fazer a leitura labial. Há muitos fatores que devem ser aprendidos e desenvol-
vidos, como a articulação do locutor, a proximidade em que ele se encontra, por exemplo. Além
disso, o sujeito deve estar na perspectiva frontal dos lábios do falante em relação ao surdo, assim
como a semelhança articulatória de determinadas letras e o prévio conhecimento das palavras
pronunciadas são elementos que também interferem no processo de leitura labial.

A autora ainda ressalta que

[...] o ambiente de conversação usual não se constitui num ideal de apreensão visual ao
surdo; ao contrário. Em geral este é caracterizado pela presença de um falante distante, em
permanente movimento (quando não está inclusive ausente do seu foco visual), que realiza
trocas verbais com outras pessoas as quais não poderão ser observadas concomitantemente.
Estas são as características mais comuns do diálogo entre ouvintes, sendo inclusive também as
da sala de aula no ensino regular (WITKOSKI, 2009, p. 569).

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Por essa razão, além de nem todo surdo entender a leitura labial, não é possível fazê-lo em toda
situação. Para tanto, a questão da leitura labial traz a crença de que é possível “compensar”
a falta de audição a partir do acesso às palavras faladas e decifradas pela leitura dos lábios.
No entanto, como você já viu, essa ação não garante a assimilação de tudo o que é falado,
tornando-se uma sequência de adivinhações de frases sem sentido.

A ideia equivocada da leitura labial, sugerindo que o surdo pode comunicar-se facilmente de
forma oral com uma pessoa ouvinte, colabora para outro mito: “os surdos só ouvem o que que-
rem”. E ainda que muitos consigam comunicar-se e se esforcem para compreender um diálogo,
não é possível entender todas as informações que recebem. Mesmo aqueles que fazem uso do
aparelho auditivo relatam a dificuldade em lidar com os ruídos captados pelo aparelho, e nem
sempre é possível identificar a mensagem do locutor.

Outro fator que impede o surdo de ouvir o que o locutor diz é ser dependente da língua de sinais.
Se o locutor não souber (nem tentar) a comunicação por meio da Libras e o surdo não souber
interpretar a leitura labial, é muito provável que não haja uma conversa entre eles. Veja a seguir
o relato da experiência de Witkoski (2009, p. 571).

Em relação a essa caracterização do comportamento do surdo como patológica, resgato a


situação de uma linda menina surda, de sete anos, que conheci. Estava numa escola de surdos
de Curitiba conversando com a professora da turma, enquanto acompanhava a harmonia
com que os alunos interagiam através da língua de sinais. Nessa hora chegou a mãe de uma
das alunas, que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando em Libras. Vendo
o comportamento da filha, a mãe fez o seguinte comentário: ‘Engraçado como aqui ela se
comporta bem. Em casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não vai; fica só
deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às vezes ela começa a gritar, cada grito, que
chega a doer os meus ouvidos!’. Perguntei se ela sabia a língua de sinais. Respondeu: ‘Não,
não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar, muito trabalho’.

Na situação relatada, a filha não “obedece” ao que pede a mãe, ela somente se relaciona com
os amigos da escola, e em casa realmente parece que é “surda”, não é mesmo? Entretanto, seu
comportamento está relacionado com a falta de comunicação que a filha aprecia, que é o uso
da língua de sinais.

Outro mito sobre a pessoa surda é de que “elas estão sempre nervosas”, como o caso relata-
do, em que a filha grita ao ser solicitada a fazer algo que não quer. Na verdade, como o surdo
utiliza sua expressão facial e seus gestos para se comunicar, é comum parecer nervoso para as
pessoas que o observam naquele momento. Isso ocorre porque as pessoas surdas intensificam os
seus movimentos e suas expressões faciais para representar o que querem dizer (raiva, alegria,
satisfação, entusiasmo, dor, etc.). Outro fator que também pode ser relacionado ao mito é que,
como o surdo (que aprendeu a falar) não consegue ouvir sua própria voz, como informa Witkoski
(2009), não consegue controlar o volume, podendo falar um pouco mais alto.

Além dos mitos de cultura, há outras crenças sobre a língua de sinais que é preciso esclarecer.

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Figura 2 – Língua de sinais.
Fonte: Shutterstock, 2015.

Quadros (2004) apresenta algumas delas como: a língua de sinais é uma mistura de mímica e
gesticulação, incapaz de apresentar coisas abstratas; a referida autora afirma que a língua de
sinais consegue expressar conceitos abstratos, dando possibilidade de discutir assuntos comple-
xos como política, economia, física, matemática, religião, respeitando as diferenças culturais de
como a língua expressa qualquer conceito.

Outro mito é se há uma língua de sinais universal para todos os surdos. Não, não há. Essa
crença faz parte de um senso comum em que se acredita ser possível uma comunicação gestual
igual para todos. No entanto, assim como há diversidade na língua falada, há a diversidade na
língua de sinais, respeitando fatores geográficos e culturais que são influentes na determinação
de um sinal.

NÓS QUEREMOS SABER!


Você sabia que, segundo Quadros (2004), o hemisfério esquerdo do cérebro é res-
ponsável pela linguagem, e o direito é responsável pelo processamento da informação
espacial? Sabendo que a Libras é organizada espacialmente, por ser uma informação
visual, você acredita que essa língua estaria localizada no hemisfério direito do cére-
bro? Pois a resposta é não! Como a língua de sinais tem uma organização semelhante
à língua oral, sua estrutura neurológica está vinculada ao hemisfério esquerdo do cé-
rebro, o responsável pela linguagem.

Até aqui, você estudou os principais mitos sobre o surdo e sobre a língua de sinais. A seguir,
aprenderá mais sobre a cultura surda.

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1.2 Os surdos têm cultura?


Você viu que muitos dos mitos sobre a pessoa surda foram construídos em função de crenças cria-
das quando não se conheciam as possibilidades e as capacidades de aprendizagem dos surdos.

A partir do momento em que o surdo teve acesso a algum tipo de comunicação, ele passou a
interagir socialmente e começou a formar grupos sociais. A partir daí, você sabe identificar se os
surdos têm cultura? Descubra a seguir.

Figura 3 – A cultura surda é mundial.


Fonte: Shutterstock, 2015.

Para tentar descobrir se o surdo tem cultura, é necessário que você reflita: o que é cultura? Será
que a cultura está ligada apenas às artes, à música e ao conhecimento? Não! Há diversas formas
de compreensão sobre o conceito de cultura, já que a palavra nos remete a uma amplitude de
signos que podem ser direcionados para diversos usos do vocábulo. Muitas definições podem
indicar o que é a cultura, mas de forma antropológica vamos considerá-la como um padrão
de comportamento, crença, conhecimento que distinguem um grupo social. Nesse caso, será o
grupo de surdos.

Para definir a cultura surda, é preciso partir do senso que segrega o grupo de ouvintes do grupo
de surdos. E por que eles não usufruem de uma mesma cultura? Observe o que dizem Santana
e Bergamo (2005, p. 574).

Um outro modo de discutir a questão da cultura surda é bem mais complexo. Desse lado, não
vale a pena entrar em jogos teóricos como, por exemplo, se existe ou não cultura surda e seu
oposto, a cultura ouvinte [...]. Em outras palavras, seria preciso entender por que persistem as
opiniões em favor da cultura surda e entender quais as vantagens em adotar (e defender) essa
ideia. Assim, não parece interessante partir de uma ideia rígida e preconcebida do que seja ou
não cultura.

O que se faz necessário compreender sobre a cultura surda é que a história ultrapassa séculos:
acreditava-se que o surdo tinha capacidade de aprender a língua falada e, assim, ele foi obriga-
do a utilizar a língua oral. No entanto, para o surdo, a língua falada não fazia nenhum sentido,
já que a palavra não remetia a nenhum signo. No momento em que foi introduzida a língua de
sinais, foi possível ao surdo compreender a linguagem, entender o mundo.

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NÃO DEIXE DE LER...
Para complementar seus conhecimentos, acesse o link <http://culturasurda.net/cultu-
ras-no-plural/> e leia o artigo Culturas, no plural, em que o autor, Hugo Eiji, ressalta a
pluralidade da cultura surda em diferentes países. Além de artigos, o repositório online
de produções culturais das comunidades surdas contém informações sobre artes plás-
ticas, literatura, teatro, música e dança. Disponível em: <http://culturasurda.net/>.

No livro O voo da gaivota, autobiografia de Emanuelle Laborit, a autora, surda, conta o quão
difícil foi viver em um mundo solitário. Por orientação dos médicos, ela não podia se relacionar
com nenhum surdo, pois deveria aprender a língua falada. Apesar de usar aparelho auditivo, as
palavras oralizadas não faziam sentido para ela, que dizia: “Quero entender o que dizem. Estou
enjoada de ser prisioneira desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o tempo
todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria que se esforçassem” (LABORIT, 1994,
p. 39).

Figura 4 – Surdo com aparelho auditivo.


Fonte: Shutterstock, 2015.

Entretanto, antes que Emanuelle completasse 7 anos, seu pai ouviu no rádio sobre a língua de
sinais para os surdos e achou que poderia ser uma boa alternativa para comunicar-se com sua
filha. A partir desse fato, a autora revela o quanto foi importante a língua de sinais em sua vida:
tirou-a da solidão e deu-lhe perspectivas de futuro, como relata a seguir.

Foi um novo nascimento, a vida começou mais uma vez. O primeiro muro caiu. Havia ainda
outros em torno de mim, mas foi aberta a primeira brecha em minha prisão, iria compreender
o mundo com os olhos e com as mãos. Sonhava. Estava tão impaciente!
Diante de mim, havia aquele homem maravilhoso que me ensinava o mundo. O nome das
pessoas e das coisas; há um sinal para Bill, um para Alfredo, um para Jacques, meu pai, minha
mãe, minha irmã, para a casa, a mesa, o gato... Vivia! E tinha tantas perguntas a fazer! Tantas e
tantas. Estava ávida, sedenta de respostas, já que podiam me responder! (LABORIT, 1994, p. 48).

A partir do relato de Emanuelle, é possível verificar que a língua de sinais lhe trouxe um novo sen-
tido como surda, abrindo os horizontes para a compreensão de coisas que ainda não conhecia,
oportunizando um meio de comunicação.

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A língua de sinais colaborou para que os surdos acessassem e conhecessem novas culturas. De
acordo com Santana e Bergamo (2005, p. 572), “a língua e a cultura são duas produções para-
lelas e, além disso, a língua é um ‘recurso’ na produção da cultura, embora não seja o único”.

Por isso, é comum encontrar o termo cultura relacionado diretamente à língua de sinais, como se
somente ela fosse a responsável pela cultura surda. Mas, como você acaba de estudar, a língua
de sinais foi um mecanismo de estratégia compensatório para que o surdo pudesse se relacionar
com o mundo que o cerca e que, de certo modo, ajudou a tirá-lo da solidão em que vivia.

Com a oportunidade que a língua de sinais apresentou, foi possível formar esse grupo social
que se comunica por meio dessa língua, formando uma comunidade surda. Mas saiba que há
diferença entre a cultura surda e a comunidade surda. Confira a explicação de Padden (1989, p.
5 apud FELIPE, 2007, p. 45), uma linguista surda:

[...] ‘uma cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos de um grupo de pessoas que


possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições’. Ao passo que
‘uma comunidade é um sistema social geral, no qual pessoas vivem juntas, compartilham metas
comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras’.

A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas que moram em determinadas locali-
zações, que buscam as mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também pode ter ouvin-
tes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de forma universal somente pelos surdos, pois
os membros da cultura surda comportam-se como pessoas surdas, utilizam a língua de sinais e
compartilham de crenças de pessoas surdas (FELIPE, 2007).

Figura 5 – Língua dos sinais proporciona interação na comunidade surda.


Fonte: Shutterstock, 2015.

Para entender a cultura surda, é necessário compreender a importância de considerar os surdos


como um grupo social, que interage, se comunica e produz conhecimento como qualquer outro. E a
falta de audição não é uma deficiência, já que pode ser compensada pelo uso da língua de sinais.

Dessa forma, quando se pensar em cultura, deve-se ter um conceito de um conjunto de práticas
simbólicas de um determinado grupo: que usa a língua, as artes (literatura, música, dança, tea-
tro), a religião, o sentimento, as ideias, as ações, o modo de vestir, de falar, entre tantas outras
(SANTANA; BERGAMO, 2005).

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Essa discussão não termina por aqui e, segundo Laraia (2008, p. 63), “provavelmente nunca ter-
minará, pois uma compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria
natureza humana, tema perene da incansável reflexão humana”.

Por isso, há uma cultura para o surdo, pois ele faz parte de uma comunidade que se comunica e
cria signos para interagir na sua própria língua.

Como você estudou até aqui, para terem sua língua reconhecida, os surdos vêm de uma história
de lutas contra o preconceito e da conquista pelo respeito à língua dos sinais. Mas ainda há mui-
to a realizar para consolidar a cultura desse grupo, com o crescimento constante da comunidade
surda. Reflita a partir da leitura da citação a seguir.

Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato cultural para os surdos.
Um passado imerso na obrigação de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros
fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca mais deprimente. Diante disto,
surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Neste sentido, se prosseguirmos com
as velhas realidades, narradas como que no tempo colonial, perigamos escrever uma história
de holocausto, de dominação, de lamentos. Mas não é por aí... Temos outros caminhos que,
mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona, vivenciados e narrados por constituírem
a genuína história natural e cultural dos surdos. De fato, temos nossas lutas de significação
quais sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua de sinais no Brasil,
pela abertura das portas das universidades, por posições de igualdade, por ter intérpretes
de língua de sinais e por serem válidos os nossos direitos. Além desses, há muitos espaços
que possibilitam novos signos e significados que nos motivam, estando presentes em nosso
cotidiano e que nos trazem algo mais desejado – encarnar essas possibilidades ‘como pessoas
completamente diferentes’ (PERLIM; STROBEL, 2014, p. 20).

Como você pode observar, a cultura surda é uma realidade na vida do surdo, que luta e continua
em busca de mais espaço na sociedade, como a educação bilíngue (que oportuniza que todos
tenham a língua de sinais como segunda língua), criação de novos signos para palavras ainda
não existentes em línguas de sinais, entre outras questões importantes para que o surdo tenha
orgulho de sua identidade.

NÃO DEIXE DE VER...


O filme O milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 2000), dirigido por Nadia
Tass, mostra como a escritora Helen Adams Keller, surda e cega, superou seus limites.
Graças aos ensinamentos da professora Anne Sullivan, deficiente visual que lhe ensinou
a língua dos sinais ainda na infância, Helen Keller tornou-se filósofa e jornalista bem-
-sucedida. Para assistir, acesse <http://culturasurda.net/filmes/>.

1.2.1 Identidade surda


Leia o relato de Emanuelle Laborit (1994, p. 52-53), sobre o acesso a uma comunidade surda e
a língua de sinais.

[...] Lugar de vida, de recreação, de aprendizado para os surdos. Lugar de encontro com os pais
enredados nas mesmas dificuldades, com os profissionais da surdez, que colocam em causa as
informações e as práticas do corpo médico. Pois eles estavam decididos a ensinar uma língua,
a língua de sinais. Não um código, um jargão; mas uma verdadeira língua.
Lembrando-se da primeira vez em Vincennes, mamãe conta:
- Senti um medo terrível. Confrontava-me com a realidade. Era como um segundo diagnóstico.
As pessoas eram calorosas, mas ouvi histórias sobre o sofrimento de crianças, o isolamento
terrível que tinham vivido antes. Suas dificuldades de adultos, seus combates permanentes.

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Vomitei tudo aquilo. Havia me enganado. Tinham me enganado dizendo: ‘com a reeducação,
com o aparelho, ela vai falar...’.
Meu pai conta:
- Era como se até então não houvesse escutado, ou não houvesse desejado escutar ‘um dia,
ela FALARÁ’.
Vincennes é um outro mundo, o da realidade dos surdos, sem indulgência inútil, mas também o
da esperança dos surdos. Certamente, o surdo chega a falar, bem ou mal, mas trata-se apenas
de uma técnica incompleta para muitos deles, os surdos profundos. Com a língua de sinais,
mais a oralização e a vontade voraz de comunicação que sentia em mim, iria fazer progressos
espantosos.
O primeiro, o imenso progresso em sete anos de existência acabara de acontecer: eu me
chamo ‘EU’.

Laborit, em seu relato, mostra o quanto conseguiu se identificar dentro de um mundo, do qual
até então ela não fazia parte. O contato com outros surdos e com a língua de sinais oportuniza
reconhecer-se, sentir-se parte de algo, não ser apenas um nome, “Emanuelle”, mas ser alguém.

Nesse contexto, a identidade relatada foi adquirida por meio da cultura surda, apresentada como
uma forma peculiar de aprendizagem, diferente do que ela até então conhecia pelo “ouvintismo”.

Esse reconhecimento de si mesma, podemos chamar de uma identidade? Pessoas surdas têm
uma identidade diferente de pessoas ouvintes? Sim, há uma identidade para o surdo e ela se
difere da do ouvinte, assim como há diferença entre os próprios surdos. Como pontua Perlin
(1998), há 5 possibilidades de identidade para o surdo:

Figura 6 – As 5 identidades surdas.


Fonte: Shutterstock, 2015.

• Identidade surda ou política – Ter a experiência em um mundo visual. Em geral, esta


identidade está relacionada a filhos surdos de pais surdos, quando estes são criados para
conviver com o visual do ser surdo. Uma identidade que se sobressai na militância pelos
direitos do surdo, com a consciência surda, que precisa da língua de sinais para constituir
uma linguagem.

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• Identidade surda híbrida – É presente para os surdos que nasceram ouvintes e têm
que lidar com o português e a língua de sinais. É uma identidade diferente em diferentes
momentos, pois conhecem a estrutura do português falado e a passam para a língua de
sinais. Segundo Perlin (1998, s/p.)

Isso não é tão fácil de ser entendido, surge a implicação entre ser surdo, depender de sinais,
e o pensar em português, coisas bem diferentes que sempre estarão em choque. Assim, você
sente que perdeu aquela parte de todos os ouvintes e você tem pelo meio a parte surda. Você
não é um, você é duas metades.

• Identidade de transição – Apresentadas para aqueles surdos que foram mantidos em


cativeiro na identidade ouvinte, ou seja, viveram parte (ou toda sua vida) relacionando-se
apenas com pessoas que fazem o uso da língua falada e não tiveram contato com outros
surdos. A transição é no momento que conhecem a comunidade surda e passam por um
processo de “des-ouvintização” da representação da identidade. Em geral, a maioria dos
surdos passa por esse processo, visto que são filhos de ouvintes.

• Identidade surda incompleta – Sobre os surdos que vivem sob uma ideologia de se
socializar com uma cultura dominante, a dos ouvintes. Nesse aspecto, o surdo que não
consegue se inserir na comunidade surda (não aceita a língua de sinais), tenta fazer parte
dos ouvintes, contudo, também não consegue interagir plenamente (pois não entende
direito e não fala na mesma proporção do ouvinte) e, logo, não está inserido em nenhum
dos grupos. Essa identidade está caracterizada quando o surdo nega a sua própria
identidade.

• Identidade flutuante – Presente em surdos que vivem e se manifestam a partir da


hegemonia dos ouvintes. Representado pelo surdo que é consciente, ou não, que é surdo,
mas seu comportamento é de um ouvinte e eles querem ser ouvintes a qualquer custo,
compreendem que são surdos, no entanto, se esforçam e pensam que o melhor seria se
ouvissem. Geralmente, nessa identidade, o surdo despreza ou não tem compromisso com
a cultura surda e vive em uma situação de conformidade (PERLIN, 1998).

NÓS QUEREMOS SABER!


Você sabe se é possível um ouvinte apresentar uma identidade surda? Sim, é possível.
Em geral, pode acontecer em famílias quando os pais são surdos e os filhos ouvintes,
que têm a língua de sinais como língua materna, para somente depois aprenderem o
português.

Há diversos tipos de identidade surda, e essa identidade está relacionada à língua de sinais.
Entretanto, essa relação depende de aceitar, ou não, a língua de sinais como uma possibilidade
de comunicação.

Pelo que é apresentado por Santana e Bergamo (2005), essa relação de que a identidade do
surdo é ligada à língua de sinais vem de alguns estudos que apontam: do contato do surdo com
outro surdo (que use a língua de sinais) surgem novas possibilidades interativas de compreensão,
de diálogo e aprendizagem, o que não é possível por meio da língua oral.

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Nessa perspectiva, Skliar (1998) defende a criação de políticas linguísticas, de identidades comu-
nitárias e culturais em que o surdo possa participar das discussões educacionais e escolares, para
que a língua de sinais esteja ao alcance de todos os surdos, por meio de um projeto educacional
que atenda às necessidades dessas pessoas. Pois, ao ser garantido o direito de acesso à língua
de sinais, tentando combater a hegemonia ouvintista que ocorre nas escolas, as pessoas com
surdez poderão sentir-se parte de um mundo que também é seu, encontrando uma identidade
que possibilite viver bem com a sua diferença.

Figura 7 – Criança em contato com a língua de sinais.


Fonte: Shutterstock, 2015.

A garantia ampla e o direito de acesso à língua de sinais para os surdos estão relacionados à
necessidade de a pessoa fazer parte do mundo em que vive. De acordo com Vygotsky (1991), as
atividades cognitivas básicas de um indivíduo estão relacionadas à sua história social, à sua co-
munidade. Consequentemente, a história da sociedade na qual a criança desenvolve sua história
social é determinante para sua forma de pensar. Nesse processo de desenvolvimento cognitivo, a
linguagem tem um papel crucial na determinação de como a criança vai aprender. Leia a seguir.

[...] um claro entendimento das relações entre pensamento e língua é necessário para que se
entenda o processo de desenvolvimento intelectual. Linguagem não é apenas uma expressão do
conhecimento adquirido pela criança. Existe uma inter-relação fundamental entre pensamento
e linguagem, um proporcionando recursos ao outro. Desta forma a linguagem tem um papel
essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo (VYGOTSKY, 1991, s/p.).

Conforme você leu, a criança surda necessita ter contato com a língua de sinais para que seja
capaz de formar um pensamento. Por isso, o meio em que ela está inserida deverá oportunizar o
uso dessa língua. Segundo Perlin (1998), a obtenção de uma identidade é interpelada ao sujeito
no meio em que ele vive, ou seja, um surdo que vive com um ouvinte provavelmente considerará
a surdez uma deficiência que pode ser tratada e criará uma identidade sob essa ótica. Mas o
surdo que tem a oportunidade de conviver em uma comunidade de surdos (lembre-se de que
ouvintes também podem fazer parte dessa comunidade) criará uma identidade em favor de sua
diferença e não da deficiência, possivelmente aceitando-se como surdo.

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Para Felipe (2007, p. 82), é possível perceber a identidade surda por características peculiares,
como:

• A maioria das pessoas Surdas prefere um relacionamento mais íntimo com outra pessoa
Surda;
• Suas piadas envolvem a problemática da incompreensão da surdez pelo ouvinte que
geralmente é o ‘português’ que não percebe bem, ou quer dar uma de esperto e se dá mal;
• Seu teatro já começa a abordar questões de relacionamento, educação e visão de mundo
das pessoas Surdas. Isso pode ser visto em peças que a Companhia Surda de Teatro, no Rio
de Janeiro, vem apresentando;
• O Surdo tem um modo próprio de olhar o mundo onde as pessoas são expressões faciais
e corporais. Como fala com as mãos, evita usá-las desnecessariamente e quando as usam,
possui uma agilidade e leveza que podem se transformar em poesia.

Agora, reflita: o que se pode concluir é que o surdo tem uma identidade, independentemente de
ter ou não acesso à língua de sinais. O que difere é a sua aceitação como surdo e, consequen-
temente, a aceitação da língua. Pelo que você pôde observar, aquele que se aceita consegue
desenvolver-se e interagir com o mundo de forma mais positiva, apoiado por sua comunidade e
pela cultura surda.

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Síntese Síntese
Ao concluir este capítulo, você:

• reconheceu a diferença entre a deficiência auditiva e a surdez, ao estudar que a deficiência


auditiva é um déficit adquirido ao longo da vida, enquanto o surdo tem origem congênita
e não é capaz de ouvir a língua falada;

• conheceu os mitos e as verdades e viu como desmitificar algumas crenças em torno do


surdo, além de saber que a língua de sinais não é universal e não é feita somente de
gestos e mímicas;

• descobriu que existe a cultura surda, identificando o quão complexo é esse assunto, haja
vista que, se considerarmos que há uma cultura para os surdos, estamos segregando-os
dizendo que há diferenças entre surdos e ouvintes; no entanto, entre tantas diferenças,
contexto histórico e acesso aos signos, é possível afirmar que há uma cultura surda e ela
é forte na comunidade de surdos;

• viu que a cultura surda é destinada apenas às pessoas surdas ou com deficiência auditiva,
mas, na comunidade surda, é possível a participação de ouvintes, desde que estes tenham
o conhecimento da língua de sinais;

• aprendeu sobre a identidade surda e soube que, além de o surdo ter uma identidade,
é possível caracterizá-los entre cinco possibilidades. E para descobrir em qual delas o
surdo está inserido, é necessário saber qual a relação que ele tem com a língua de
sinais, cultura surda e comunidade surda, relacionando a sua identidade à aceitação e à
vivência com a sua surdez.

18 Laureate- International Universities


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