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Introdução
OFÍCIO PROFÉTICO DA IGREJA

No final do mês de setembro, iniciamos um tempo de reflexão


a respeito de nosso cristianismo e cidadania. Na primeira parte deste
tempo, olhamos para o ofício sacerdotal da comunidade cristã,
focando-se, sobretudo, na importância da oração como uma
ferramenta de grande valor na intercessão pela nossa cidade. Nesta
semana, atentamos para o ofício profético da igreja na cidade.
Profecia é uma palavra que, na mente das mais diferentes
pessoas, possui um significado diferente. Conscientes disso,
aproveitamos para esclarecer que, neste estudo, usaremos a palavra
tendo em mente:

1. Uma questão corretiva: profecia traz a ideia de que há


algo errado no presente que precisa ser revisto. Há um
cenário de caos que apresenta desvios e danos. Assim,
envolve apresentar o que precisa ser avaliado e mudado a
fim de que a transformação aconteça.

2. Uma questão proclamativa: profecia envolve o falar como


representantes de Deus, dando direcionamento (ou
redirecionamento) para um grupo de pessoas ou uma
cidade. É necessário apresentar ou relembrar o caminho
que pode reconduzir do caos à ordem.
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3. Uma questão futura: profecia lança luz ao presente a


partir da dimensão eterna. Foca-se na perspectiva de
construir o presente com os olhos no fim e no propósito
de todas as coisas.

Que este estudo possa ajudá-lo na compreensão de seu papel


como pessoa e parte de uma comunidade a qual deseja exercer seu
ofício profético na cidade.

OBJETIVOS
 Levar cada participante à compreensão da importância de seu
papel como um agente que proclama Jesus Cristo em sua forma
de falar e agir no contexto da família e trabalho.
 Contribuir para que o grupo cresça em sua sensibilidade e
engajamento na direção de levar o Reino de Deus à cidade.

A partir das orientações de seu líder, procure se colocar no


seguinte cenário: você foi eleito prefeito em sua cidade. E agora tem
sobre si a responsabilidade de ser o líder de sua cidade.
Pergunta: Quais seriam três áreas que priorizaria em seu
mandato ao longo dos quatro anos que teria?
I. ________________________________
II. ________________________________
III. ________________________________
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ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Objetivo da dinâmica: mostrar que cada um dos participantes tem
perspectivas diferentes do que priorizar na cidade. Possivelmente,
todas as colocações serão boas e importantes. E, apesar de não
sermos prefeitos ou líderes na prefeitura da cidade, há duas coisas
essenciais que podemos começar a fazer HOJE e que o estudo tratará.

Jeremias 29.1-14 traz as duas realidades essenciais que envolvem


todos nós: família (todos nós temos “umbigo”) e trabalho (desde
pequenos, somos preparados para trabalhar). E Jeremias colocar essas
duas dimensões como fundamentais para o exercício do chamado da
comunidade cristã na cidade. Na família e no trabalho (ou estudos)
começamos a transformação da cidade. (mais a respeito na parte do
estudo “A decisão”).

A reflexão

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Cada um de nós traz em sua mente as prioridades de uma
cidade. As necessidades e urgências são muitas. As carências são as
mais variadas. É a injustiça que alcança os desfavorecidos. É a
violência que deixa as marcas nos desprotegidos. É a corrupção que
não é confrontada e punida. É a criminalidade que transforma
cidadãos em reféns. É a educação que não educa e os hospitais que
não atendem. São as questões ambientais, as opressões sociais, as
desigualdades nas condições de vida.
O texto que veremos neste estudo traz uma palavra da parte
de Deus de que:
(a) diante das crises na cidade, não podemos nos omitir. É
impossível uma família realmente prosperar se a cidade não prosperar
(prosperidade no sentido bíblico envolve a paz nas mais diferentes
áreas da cidade. Como cristãos, temos uma missão de levar essa paz
(shalom) à cidade);
(b) Podemos realizar algo a partir de hoje com aquilo que
temos em mãos: nossa família e nossa profissão (estudos).
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Segundo pesquisas recentes, os maiores desafios urbanos


envolvem: corrupção, saúde pública, segurança, educação, crescimento
urbano desordenado, infraestrutura em bairros carentes, transporte
público e lixo urbano. Em meio a tão grandes desafios, a igreja cristã
tem um chamado para cidade. E Jeremias procura nos mostrar como
combater essas questões a longo prazo a partir de certos princípios.

A decisão

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Em diferentes épocas, algo recorrente ao longo da Bíblia é a
preocupação e interesse que Deus demonstra em alcançar as pessoas
e as estruturas da cidade. O texto de Jeremias 29.1-14 é exemplo
disso.
IMPORTANTE: Os dois textos dessa pequena série que
teremos – “Cristianismo e Cidadania” – serão exemplos que vemos de
dois profetas (Jeremias e Daniel) que vivem em uma época de uma
grande cidade que precisa de Deus: a Babilônia. Atente no estudo
para como podemos observar similaridades entre a Babilônia e as
grandes cidades de nossa época.

Entre os séculos VI e V a.C., o império babilônico deixou suas


marcas no povo de Deus. E é dentro desse contexto que Deus, através
de Jeremias, traz uma palavra profética e desafiadora para o povo
israelita. Em Jeremias 29, este povo é desafiado a rever e redirecionar
sua interação com a cidade:
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1. Uma comunidade dentro de um contexto.

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


O CONTEXTO
Este é o conteúdo da carta que o profeta Jeremias enviou de
Jerusalém aos líderes, que ainda restavam entre os exilados, aos sacerdotes,
aos profetas e a todo o povo que Nabucodonosor deportara de Jerusalém para
a Babilônia.
Isso aconteceu depois que o rei Joaquim e a rainha-mãe, os oficiais
do palácio real, os líderes de Judá e Jerusalém, os artesãos e os artífices foram
sido deportados de Jerusalém para a Babilônia.
Ele enviou a carta por intermédio de Eleasá, filho de Safã, e
Gemarias, filho de Hilquias, os quais Zedequias, rei de Judá, mandou a
Nabucodonosor, rei da Babilônia. A carta dizia o seguinte...
Jeremias 29:1-4

A carta não é apenas ao povo de Deus. Há um destaque


particular de que essa carta destina-se aos líderes da nação israelita.
Pessoas importantes de Judá, que foram levadas cativas, tem atenção
especial nesta carta. Pessoas influentes são agentes de
transformação. São pessoas que pensam criticamente, analisam,
observam, consideram e podem definir e influenciar em
redirecionamentos no âmbito pessoal e social.
As perguntas a seguir (presentes no material do participante)
auxiliam na reflexão pessoal a partir do texto.

a. Quais são algumas áreas e grupos sobre os quais você tem


influência?
b. Qual tem sido o grau de influência que você tem exercido
nestes grupos a fim de levá-los a ouvir a voz de Deus?
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2. Uma comunidade com um chamado.

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


O CHAMADO
Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os
exilados, que deportei de Jerusalém para a Babilônia: "Construam casas e
habitem nelas; plantem jardins e comam de seus frutos. Casem-se e tenham
filhos e filhas; escolham mulheres para casar-se com seus filhos e dêem as
suas filhas em casamento, para que também tenham filhos e filhas.
Multipliquem-se e não diminuam. Busquem a prosperidade da cidade para a
qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de
vocês depende da prosperidade dela".
Jeremias 29:5-7
A palavra de Deus trazida àquele povo através de Jeremias
envolve, essencialmente, dois grandes aspectos vocacionais que estão
presentes na vida de todos nós: família e trabalho.
O movimento natural daquele povo – exilado e oprimido
pelos babilônicos – é de não se envolver. É de se isolar. É de construir
suas casas fora da cidade. É de evitar constituir família, pois elas
sofrerão. Estão em um lugar perigoso e danoso. A tendência é de se
manterem distantes da influência e interação com aquela cidade
maligna e opressora. E mais: o povo israelita sabia que passariam ali
70 anos de cativeiro e que, depois, seriam libertados. Logo, para quê
se envolver?
O dilema daquele povo é o mesmo que o nosso. 70 anos é a
expectativa de vida aproximada de uma pessoa nos dias atuais. E
nossa tendência pode ser também de não constituir família e não ter
filhos, pois tudo isso dará muito trabalho e o mundo em que estamos
é opressor.
No entanto, Jeremias orienta ao oposto. Aquela comunidade
tem um chamado que envolve suas famílias. Eles devem crescer em
número e influência. Devem constituir família e prezar por essa
família. Deve influenciar vidas a partir de suas famílias, passando
valores e princípios. Aumentando em número, aumentarão sua
influência.
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ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER

Além disso, deveriam construir casas, plantar e comer dos


seus frutos. O povo israelita estava na Babilônia, mas sem a intenção
de edificarem suas casas e histórias naquele lugar. No entanto, eles
foram chamados para serem usados naquela cidade. Deviam
trabalhar e buscar a prosperidade da cidade. Prosperidade aqui tem o
sentido de paz – shalom – em todas as dimensões da cidade.
Perceba que a ênfase não é só em trabalhar e ser um bom
professor, advogado, dentista, médico, engenheiro, analista,
bancário, corretor ou pesquisador. Jeremias fala sobre a cidade, o que
significa trabalhar em prol de uma transformação das estruturas das
escolas, direito, odontologia, consultórios médicos e hospitais,
engenharia, tecnologia, bancos, mercado imobiliário, laboratórios de
pesquisa da cidade. Pense um pouco sobre isso.
Deus ama as pessoas da cidade, mas também ama a cidade.
Deus deseja ver a transformação das pessoas e das estruturas da
cidade. E a tese bíblica, trazida por Jeremias, é que família e trabalho
voltados para prosperidade da cidade levarão à prosperidade pessoal.
O papel do povo de Deus é para fora. Fora de si.
As perguntas a seguir (também presentes no material do
participante) auxiliam na reflexão deste ponto.

Pergunte-se:

a. Você tem preparado sua família para uma missão na


cidade ou tem protegido sua família da cidade?

b. Sua relação com a cidade é de: sugar o que a cidade tem


ou servir a partir do que a cidade precisa?
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3. Uma comunidade que deve ter cuidados.

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER

OS CUIDADOS
Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: "Não
deixem que os profetas e adivinhos que há no meio de vocês os enganem. Não
dêem atenção aos sonhos que vocês os encorajam a terem. Eles estão
profetizando mentiras em meu nome. Eu não os enviei", declara o Senhor.
Jeremias 29:8-9

Infelizmente, em todo lugar em que há pessoas, é só questão


de tempo até encontrarmos alguém que não tem boas intenções.
Jeremias alerta para esse perigo aqui. A religiosidade urbana da
Babilônia é complicada. Será uma mera questão de tempo até o povo
israelita ser tentado a escutar falsos profetas e enganadores. Na
Babilônia, muitos falavam em nome de Deus, mas não vinham da
parte de Deus. E a história não mudou muito no presente.
Diante desse trecho, reflita nas perguntas a seguir.

Pense e reflita:

a. Quais têm sido as “vozes” que têm influenciado suas


decisões no contexto da cidade?

b. Qual tem sido a influência da voz de Deus em sua agenda e


decisões?
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4. Uma comunidade com uma certeza.

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


A CERTEZA
Assim diz o Senhor: "Quando se completarem os setenta anos da
Babilônia, eu cumprirei a minha promessa em favor de vocês, de trazê-los de
volta para este lugar. Porque sou eu que conheço os planos que tenho para
vocês", diz o Senhor, "planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano,
planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão
orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me
procurarem de todo o coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês",
declara o Senhor, "e os trarei de volta do cativeiro. Eu os reunirei de todas as
nações e de todos os lugares para onde eu os dispersei, e os trarei de volta
para o lugar de onde os deportei", diz o Senhor.
Jeremias 29:10-14
Algo notório em diversos textos bíblicos é como somos
levados a viver e dimensionar o presente à luz do futuro. Mais
precisamente, à luz do final de tudo. Jeremias incentiva o povo de
Deus a construir sua cidadania terrena com os olhos na cidadania
futura. O povo de Deus é relembrado da promessa de que Deus os
restauraria e que aquele tempo em sua história, o qual envolvia
adversidades na Babilônia, teria um fim.
Em nosso dia-a-dia, em meios às demandas e pressões
urbanas, somos levados a construir nossas agendas a partir de nossas
preocupações do presente. O curso que desejamos fazer, o projeto
que precisamos entregar, as urgências familiares, os desafios de
manter o saldo financeiro positivo no final do mês, a atenção aos
familiares, parentes e amigos. E esse é apenas o começo. A lista vai
longe. E, embora todas essas coisas façam parte de nossas vidas e
devamos dar relativa atenção, gradativamente perdemos de vista a
construção de uma vida no presente que tenha os olhos focados no
reino de Deus futuro do qual faremos parte.
Por fim, encontramos aquilo que buscamos. E, muitas vezes,
chegamos ao fim sem encontrar Deus. Não o encontramos porque
não o buscamos.
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Assim, pergunte-se:
a. O que tem ocupado sua mente? O que você tem buscado
semanalmente?
b. Onde está firmada a sua esperança para lidar com as
situações do dia-a-dia?

A ação
A partir do texto do livro de Jeremias, notamos que a igreja
pode cumprir seu ofício profético na cidade:

1. Agindo como uma comunidade de discípulos que ouve e


pratica as palavras de Jeremias a partir de uma...
a. Nova perspectiva para a família na direção da cidade;
b. Nova perspectiva para o trabalho na direção da cidade.

2. Agindo como um discípulo que aprende com a vida de


Jeremias:
a. Ensinando princípios bíblicos com palavras e atitudes;
b. Apresentando esses princípios à minha rede de
relacionamentos na cidade (familiares e parentes, amigos,
colegas de trabalho, contatos...).

3. Agindo a partir da certeza de quem é Jesus:


(Jeremias 31.31-34; 33.14-16)

a. O que ele fez: eu posso fracassar, mas o amor de Jesus


não fracassou.
b. O que ele fará: ele retornará e concretizará o reino que
começou.
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Introdução
OFÍCIO REAL DA IGREJA

Jesus é o Sacerdote que revelou o caminho, o Profeta que


proclamou a verdade e o Rei que trouxe a vida. Isso porque ele é o
próprio Caminho, Verdade e Vida. Como discípulos de Jesus, temos
diante de nós o chamado de seguir seus passos, construindo sua
identidade em nós e levando seu evangelho de amor, justiça e paz a
todo mundo. Logo, esta série tem procurado trazer à nossa mente e
coração o desafio que temos de descobrirmos e exercermos nosso
papel como sacerdotes, profetas e reis.
No estudo anterior, conversamos sobre o ofício profético da
igreja na cidade, destacando a importância de que nossas palavras e
atitudes no âmbito pessoal e social sejam instrumentos de Deus na
propagação da prosperidade e da paz de Deus na cidade. Hoje,
olhamos para o ofício real da igreja na cidade. Que este estudo possa
ajudá-lo na compreensão de seu papel como pessoa e parte de uma
comunidade a qual deseja exercer seu ofício real na cidade.

OBJETIVOS
 Levar cada participante à compreensão e viver de sua vida a
partir do reinado de Jesus Cristo.
 Contribuir para que o grupo cresça em seu compromisso de
levar o Reino de Deus à cidade.
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A partir das orientações de seu líder, procure se colocar no


seguinte cenário: você foi eleito prefeito em sua cidade. E agora tem
sobre si a responsabilidade de ser o líder de sua cidade. Assim:

Pergunta: Quais seriam três práticas diárias que adotaria para


acompanhar todo o seu mandato ao longo dos quatro anos que teria?

I. ________________________________
II. ________________________________
III. ________________________________

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Objetivo da dinâmica: apontar para o grupo que, mais importantes
do que aquilo que fazemos é aquilo que nos sustenta diariamente na
execução do que fazemos e a motivação pela qual fazemos. Este ponto
é fundamental para o grupo pensar tendo em mente que as nossas
motivações revelam o nosso rei. E, sendo assim, dependendo do rei
que tivemos, promoveremos o reino de nosso rei.

No estudo passado, conversamos sobre duas áreas fundamentais


que nos envolvem na cidade: família e trabalho. Nessa duas começam
a nossa ação na direção da cidade. Hoje, o estudo traz a importância
dos fundamentos que nos acompanham. Adversidades e provações no
contexto urbano é só questão de tempo. Dependendo de nossas
práticas diárias, seremos conduzidos a perseverar ou perecer. A
história de Daniel é um bom exemplo de como encararmos a Babilônia
de nossos dias.
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A reflexão

O conceito “evangélico” no Brasil não tem sido dos melhores


nos últimos anos. A palavra é status para alguns e vergonha para
outros. E há um grande perigo em ser “evangélico”, mas não ser um
cristão. Há algo muito sério que precisamos rever se, de fato,
desejamos ser uma igreja cristã inserida na cidade: qual o rei e o reino
que estamos promovendo.

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


No Brasil, muitos conhecem a igreja, mas não fazem parte da
igreja. Sabem as músicas cantadas no final de semana, mas não
adoram durante a semana. Já estão por dentro do esquema de como
a comunidade funciona, mas a família, o trabalho e o envolvimento
com a cidade permanecem o mesmo. Gostam do que a igreja tem a
oferecer, mas nada oferecem. Buscam o que Deus pode fazer, mas
não estão dispostos a fazerem algo pelos outros. Levantam as mãos
nos cultos que batem na esposa durante a semana. As mesmas vozes
que gritam “Aleluia” e “Gloria a Deus” nos cultos são as que são
usadas para gritar com a família em casa. Dizem que amam a Deus,
mas não possuem intimidade com Ele. Falam que querem mais de
Deus, mas não têm tempo com Deus ou para Deus. A agenda de Deus
não interessa. O chamado de Deus é opção. Dedicação a Deus passa
pelos cultos, mas a própria vida não é um culto a Deus.

A decisão
Uma igreja que possui um ofício real a ser exercido na cidade
deve tomar duas decisões:
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1. Aja como um príncipe.


A Biblia nos fala que:
"...com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo,
língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso
Deus, e eles reinarão sobre a terra".
Apocalipse 5:9-10

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Somos parte da família do Rei dos reis. Hoje, somos
embaixadores do Rei dos reis que anunciam e promovem seu reino e
que, segundo a palavra de Deus, faremos parte daqueles que
reinarão com ele. Seremos reis que governarão ao lado de Jesus
Cristo. Logo, será que as atitudes que temos hoje são de pessoas
dignas que reinarão sobre a terra? A forma como lidamos com a
cidade revela que somos príncipes de Deus?
A comunidade cristã é convocada a ter uma postura que
envolve honra, dignidade, respeito e responsabilidade. É muito
comum querermos os benefícios de uma posição, mas não
exercermos as responsabilidades dessa mesma posição. Políticos,
advogados, médicos, dentistas, engenheiros, policiais, empresários,
pastores, educadores, estudantes são posições que possuímos. Mas
há uma ainda maior que deve reger todas essas: a posição de príncipe
no reino de Deus. Não dá para viver de qualquer jeito. Não dá para
deixar Deus de fora da agenda. É incoerente.

Pense na forma como vive hoje:

a. Que tipo de príncipe você deseja ser?

b. Que tipo de príncipe você é chamado a ser? Como você


acredita que um príncipe do reino de Deus deve ser?
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2. Aja como um príncipe que tem um reino.


“Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que
moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada. Da minha parte é feito
um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens
tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e
que permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu
domínio durará até o fim. Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no
céu e na terra; ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões. Este Daniel,
pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa.”
Daniel 6:25-28

Gostamos de finais felizes. Mas todo final feliz tem uma


história que o antecedeu. E essas histórias nem sempre são tão fáceis
quanto parecem. Daniel foi alguém que compreendeu o que é ter uma
postura de príncipe que representa o reino de Deus. Sua história
mostra que:
I. Um príncipe tem leões em sua vida.
Daniel tem diante de si pelo menos dois tipos de leões. O
primeiro deles é o leão que se apresenta através de pessoas.
“...os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para
acusar Daniel em sua administração governamental, mas
nada conseguiram. Não puderam achar falta alguma nele,
pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente.”
Daniel 6.4

E, além desse grande desafio, Daniel tem diante de si um


segundo leão que se apresenta através de adversidades. Não são
apenas as pessoas que Daniel tem que enfrentar. Ele, literalmente, tem
que lidar com uma cova cheia de leões.
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Então o rei deu ordens, e eles trouxeram Daniel e o jogaram na


cova dos leões. O rei, porém, disse a Daniel: "Que o seu Deus,
a quem você serve continuamente, o livre!".
Daniel 6:16

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Antes de entrar propriamente na história de Daniel, talvez seja
interessante apresentar os cenários da história de Daniel 6.1-28:
PARTE I: CENÁRIO INICIAL
(contexto de Daniel 1 e 6.1-3)
 Daniel, ainda jovem, foi para Babilônia.
 Foi um dos escolhidos para o serviço real.
 Tornou-se conhecido e bem sucedido.
 Foi nomeado um dos três supervisores dos 120 sátrapas.
 Estava novamente para ser promovido.
PARTE II: CENÁRIO CRIADO
(Daniel 6.4-11)
 Governantes procurar derrubar Daniel
 Governantes vão até o rei para que ele crie um decreto.
 Rei Dario estabelece decreto.
 Daniel, como de costume, busca diariamente a Deus.
 Governantes tomam conhecimento da atitude de Daniel.
PARTE III: CENÁRIO APLICADO
(Daniel 6.12-18)
 Governantes denunciam Daniel.
 Rei procura salvar Daniel.
 Governantes lembram o rei da obrigatoriedade do decreto.
 Rei ordena a punição de Daniel.
 Rei passa a noite sem dormir.

PARTE IV: CENÁRIO FINAL


(Daniel 6.19-28)
 Rei acorda e se alegra ao ver que Daniel não morreu.
 Daniel diz que Deus o livrou dos leões.
 Governantes são condenados e morrem na cova dos leões.
 Deus é exaltado em todo reinado de Dario.
 Daniel prospera em três reinados.
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ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER

LEÕES EM FORMA DE PESSOAS (Daniel 6.4)


As pessoas que trabalhavam próximas de Daniel tentaram
prejudicar Daniel por inveja e cobiça. Desejavam o cargo que o rei
ofereceria a Daniel (veja Daniel 6.3). Trabalhar não era fácil para
Daniel. Porém, não apenas pelos desafios do cargo que possuía, mas
pelas pessoas que o cercavam e desejavam lhe causar dano.
Pessoas nos machucam e ferem. Cônjuges traem, Filhos
desobedecem, amigos nos decepcionam, colegas nos descartam,
pessoas nos perseguem. Nossos relacionamentos nos desafiam a lidar
com dores e tristezas, com ciladas e armadilhas, com a indiferença e a
desvalorização. No entanto, Daniel nos ensina a perseverar e
permanecer fiel apesar das pressões e desafios relacionais que
atravessa.

LEÕES EM FORMA DE ADVERSIDADES (Daniel 6.16)


Procure se colocar no lugar de Daniel por um instante: como
você se sentiria seguindo a Deus, sendo obediente e fiel, e tendo
diante de si o que será possivelmente o seu último dia de vida? Parece
justo? São muitas as situações que atravessamos que geram em nós
questionamentos. O desemprego que nos atinge, a saúde que se
desvanece, a morte súbita de alguém que perdemos, o sequestro que
nos põe em risco, a violência que nos vitima, catástrofes que nos
surpreendem. E, em muitas delas, não obtemos as respostas que
procuramos ou desejamos.
Adversidades nos desafiam. Provações nos desestruturam.
Lutas nos desgastam. Daniel experimentou isso na pele. E mais: ele
atravessou situações que estavam diretamente ligadas às escolhas
que fez de seguir a Deus. Ter Deus como Rei de sua vida o levou direto
para os leões. E aqui Daniel nos ensina que a diferença não está em o
que passamos, mas em como passamos.

Perceba que tanto Daniel quanto o rei Dario tiveram que lidar
com os leões em forma de pessoas e adversidades. A princípio,
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enxergamos que se tem alguém que encontraria dificuldades com esses


leões essa pessoa seria Daniel que experimenta diretamente os
ataques. No entanto, quem entra em crise é o rei Dario, o qual tem
todo poder e todo reino em suas mãos.
Tendo voltado ao palácio, o rei passou a noite sem comer e
não aceitou nenhum divertimento em sua presença. Além
disso, não conseguiu dormir.
Daniel 6:18

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Dario encontra-se desesperançoso ao ver o amigo Daniel à
beira da morte e de mãos atadas. Daniel, que está à beira da morte e
de mãos atadas, sabe que Deus tem sua vida em suas mãos. Note a
diferença:

DANIEL REI DARIO


Postura Auto-humilhação Auto-exaltação
Centralidade Em Deus Em si próprio
Ação Passivo: Deus é quem age Ativo: rei é quem age
Espiritualidade Olhava para Deus Se fez deus
Confiança Confiava no poder de Deus Confiava em seu poder
Sofrimento O perigo de leões é direto O perigo dos leões é indireto
Vida Olhar para Reino de Deus Olhar para o seu reino
O que tem O ilimitado, infinito O limitado, finito e palpável
a seu dispor e sobrenatural de Deus que tem em suas mãos

Isso nos conduz à segunda realidade presente na história:

II. Um príncipe tem o paradigma de outro reino.

Muito do que sofremos está na forma como encaramos. Daniel


vivia no reino da Babilônia, mas seu paradigma era de outro reino:
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Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram


motivos para acusar Daniel em sua administração
governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar
falta alguma nele, pois ele era fiel; não era desonesto nem
negligente. Finalmente esses homens disseram: "Jamais
encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a
menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele".
Daniel 6:4-5

ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Daniel cresceu no reino de Dario e tinha uma posição elevada
e destaque. Com o tempo, poderia relaxar. Poderia usar o poder que
possuía para ter o que queria. Poderia ceder em alguns princípios. No
entanto, Daniel não faz isso. Ele opta por tomar decisões e exercer sua
profissão a partir do paradigma do reino de Deus.
Daniel nos ensina sobre uma vida que cultiva a excelência
pessoal. Em sua profissão, ele dá o melhor. Fundamenta suas ações
em princípios e valores divinos. Busca a retidão, promove a justiça e
age fielmente. Daniel não negociava princípios e não cedia nos valores.
O que ele tem para fazer, realiza com excelência.
Os desafios de Daniel não eram diferentes dos nossos atuais.
Hoje, nossas profissões nos pressionam a que não mantenhamos
princípios. A regra geral envolve fazer do jeito que todo mundo faz.
Fingimos que não vemos, evitamos confrontos, cedemos ao “jeitinho
brasileiro”.
Se não bastasse, é comum ouvirmos sobre “evangélicos” que
não dão bom testemunho. Falam que seguem Jesus, mas não se
rendem ao seu reino. E este é o diferencial de Daniel. O que nos leva a
uma segunda pratica característica em sua vida (texto a seguir).

“Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi


para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as
janelas davam para Jerusalém. Três vezes por dia ele se
ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus, como
costumava fazer.”
Daniel 6.10
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ORIENTAÇÕES PARA O LÍDER


Não é exagero supormos que Daniel tinha uma agenda cheia.
Era umas das pessoas mais importantes do reino, tornando-se o único
abaixo do rei Dario. Tempo era algo que Daniel tinha que usar com
muito cuidado. Apesar disso, observe que Daniel ainda assim
conseguia encontrar tempo para conversar com Deus.
Daniel nos apresenta uma vida que cultiva a excelência
espiritual. Ele sabia que não fazia o que fazia porque era muito bom.
Também tinha consciência de que não era dinheiro, posição ou status
que lhe preencheria as questões mais profundas de sua alma. Sua
maior riqueza era Deus. Daniel amava a Deus. Seu maior valor era
Deus. Sua maior preocupação era Deus. Seu maior anseio era Deus.
Daniel dependia de Deus, movia-se por Deus e tudo que realizava era
para Deus. Começava o dia voltando-se para Deus, passava o dia
sendo guiado por Deus e terminava o dia agradecendo a Deus. Deus
era o seu começo, meio e fim. Quando amamos alguém, arranjamos
tempo para termos intimidade com essa pessoa. Foi assim com Daniel
e pode ser assim com cada um de nós.

A ação
A principal pessoa sendo trabalhada em Daniel 6 é o rei Dario.
Ele é o rei que precisa reconhecer o Rei dos reis. Daniel é usado como
instrumento de Deus, um príncipe que apresenta o Rei dos reis e o
Reino desse Rei a uma cidade pagã. Tendo essa história em mente:
1. Como você tem lidado com os leões que ameaçam sua vida?
a. O que os seus leões revelam sobre você?
b. Quais atitudes você tem tomado para lidar com seus leões?

2. Como você avalia sua postura como príncipe do reino de Deus?


a. Qual rei você tem representado e apresentado?
b. Quais as mudanças que precisa realizar em sua profissão e em
seu envolvimento com a cidade para que Deus seja
evidenciado através de sua vida?
Lembre-se: o estudo não procura levá-lo a uma vida religiosa com práticas
vazias. Porém, diante do conceito da graça do Deus que carrega o nosso
fardo, não podemos cair no outro extremo de não sermos altamente
responsáveis em nossa postura como agentes reais do reino de Deus.
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