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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Introdução

Prezado (a) Aluno (a),

Ao elaborar este material para estudo, pretendemos discutir os conceitos de


alfabetização e de letramento, de modo a refletir sobre o que cada um abrange e suas
implicações para o ensino. Iniciaremos fazendo um recorte para conhecer o campo
semântico em que estão inseridas essas palavras.

1.1 Diferenciando alfabetização e letramento

• Alfabetização – Ação de alfabetizar.

alfabet + iza(r) + cão

-ção: sufixo que forma substantivos; indica: ação.

• Alfabetizar – Tornar o indivíduo capaz de ler e escrever.

-izar – sufixo que significa tornar, fazer com que.

A palavra letramento foi introduzida recentemente na língua portuguesa; foi


utilizada pela primeira vez no livro de Mary Kato, No mundo da escrita: uma perspectiva
psicolinguística, de 1986. O termo letramento surgiu porque um fato novo aconteceu e
era preciso nomeá-lo.

➢ Por que aparecem palavras novas na língua?

Resposta: Um exemplo:

Na língua sempre aparecem palavras novas Hoje usamos com muita frequência a palavra
quando fenômenos novos ocorrem, quando globalização, abrimos o jornal e lá está a palavra
uma nova ideia, um novo fato, um novo objeto globalização; poucos anos atrás, ninguém usava
surge ou são inventados, e então é necessário essa palavra, não no sentido com que a estamos
ter um nome para aquilo, porque o ser humano usando atualmente. Por que surgiu a palavra
não sabe viver sem nomear as coisas: globalização? Porque surgiu um fenômeno novo na
enquanto nós não as nomeamos, as coisas economia mundial e foi preciso dar um nome a esse
parecem não existir. fenômeno novo, é assim que surge uma palavra
nova.
Dessa forma, da tradução feita para o Português da palavra inglesa literacy (estado
ou condição que assume aquele que aprende ler e escrever) criou-se a palavra letramento.

• Letramento – resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais


de leitura e escrita.

letra + mento (forma portuguesa da palavra latina littera + - mento (sufixo que
indica resultado de uma ação)

Para Magda Soares (2003), quando utilizamos o termo alfabetização estamos nos
reportando à aquisição da leitura e da escrita. Assim, a alfabetização está associada ao
processo de aquisição do código escrito, seja para desenvolver habilidades da escrita ou
para a leitura enquanto processo de escolarização, ou seja, no âmbito escolar e da
instrução formal. É preciso destacar que esse é um processo que ocorre de maneira
individualizada, pois cada um irá apropriar-se do conteúdo de acordo com seu tempo e à
sua maneira. Alguns terão mais facilidade; enquanto que, outros poderão apresentar maior
lentidão e dificuldade. Nesse processo, o indivíduo lê e escreve para a escola.

As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente


incorporam a prática da leitura e da escrita. Ao referir-se ao termo alfabetizado, Soares
(2003) diz que: “alfabetizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e a escrever, não
aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita,
incorporando as práticas sociais que as demandam (p.19)”.

Ao tratamos de letramento nos referimos à condição de quem não apenas sabe ler e
escrever, mas que realiza atividades que usam a escrita. Nesse conceito está implícita a
ideia de que “a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas,
cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o
indivíduo que aprenda a usá-la (SOARES, 2003, p.17)”.

Quando as práticas escolares estão organizadas de modo a garantir apenas a


alfabetização, percebemos que qualquer texto serve para cumprir tal função, assim a
escola trabalha com textos que circulam apenas na esfera escolar, ou seja, são textos
produzidos exclusivamente para fins escolares. No entanto, se a preocupação for de
alfabetizar letrando, não será qualquer situação de escrita que cumprirá com a função de
apresentação do código, é preciso que na escola sejam apresentados textos que circulem
socialmente.
Continuaremos a nossa discussão sobre alfabetização e letramento aprofundando
a distinção de cada um desses termos. Vamos relembrar o que foi estudado: A grande
diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo
alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele
indivíduo que sabe ler e escrever; por outro lado, o indivíduo letrado não é só aquele
que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica
a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de
escrita.

Depois das reflexões sobre alfabetização e letramento você pode concluir que a
escola deve se preocupar com a aquisição do sistema de escrita e da leitura, que é a função
da alfabetização. Mas, é fundamental que a escola não deixe de proporcionar atividades
que visem o desenvolvimento do indivíduo em um contexto de práticas sociais de leitura
e escrita, que é o letramento. Por exemplo: redigir um bilhete, escrever uma carta, ler
jornais, revistas e livros, dentre outras atividades que fazem parte do cotidiano da
sociedade.

Concluindo: Alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de


práticas sociais de leitura e escrita (SOARES, 2004). As condições para o letramento são:
uma escolarização real e efetiva da população e a disponibilidade de material
diversificado de leitura. Então, é possível afirmar que: embora alfabetização e letramento
sejam distintos, eles são interdependentes e indissociáveis.

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, [...] a


entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da
escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela
aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e
pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em
atividades de leitura e escrita – o letramento (SOARES, 2004, p.
14).

A alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas


sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de
letramento. Sendo assim, a criança tem o direito de ser alfabetizada como um todo, ou
seja, não só ler e escrever, mas interpretar, pensar, refletir sobre o que está lendo.

1.2 Contexto histórico da alfabetização no Brasil


Um breve histórico da Alfabetização e Letramento no Brasil
Disponível em: http://educandoeconversando.blogspot.com.br/

Desde o final do Século XIX, a dificuldade de nossas crianças para aprender a ler
e escrever, principalmente na escola pública, incitou debates e reflexões buscando
explicar e resolver esses entraves. As práticas de leitura e de escrita ganharam mais forças
no final desse século, principalmente a partir da Proclamação da República.
A educação nesse período ganhou destaque como uma das utopias da
modernidade. Até então, nessa época, as práticas de leitura e escrita eram restritas a
poucos indivíduos nos ambientes privados do lar ou nas “escolas” do império em suas
“aulas régias”.
Até o final do império, as “aulas régias” ofereciam condições precárias de
funcionamento e o ensino dependia muito do empenho dos professores e dos alunos. Para
a iniciação do ensino da leitura eram utilizadas as chamadas “cartas de ABC” e os
métodos de marcha sintética, ou método sintético (da “parte” para o “todo”); da soletração
(silábico), partindo dos nomes das letras; fônico (partindo dos sons correspondentes às
letras); e da silabação (emissão de sons), partindo das sílabas.
Em 1876, em Portugal, foi publicada a Cartilha Maternal ou Arte da
Leitura, escrita por João de Deus, um poeta português. O conteúdo dessa cartilha ficou
conhecido como “método João de deus” e foi bastante difundido, principalmente a partir
do início da década de 1880. O “método João de deus”, também chamado de “método da
palavração”, fundamentava-se nos princípios da linguística moderna da época e consistia
em iniciar o ensino da leitura pela palavra, para depois analisá-la a partir dos valores
fonéticos.
Na primeira década republicana foi instituído o método analítico que,
diferentemente dos métodos de marcha sintética, orientava que o ensino da leitura deveria
ser iniciado pelo “todo” para depois se analisar as partes que constituem as palavras.
Ainda nesse momento, já no final da década de 1920, o termo “alfabetização” passou a
ser usado para se referir ao ensino inicial da leitura e da escrita.
A partir da segunda metade da década de 1920, passa-se a utilizar métodos mistos
ou ecléticos, chamados de analítico - sintético, ou vice-versa. Esses métodos se estendem
até aproximadamente o final da década de 1970.
Já no início da década de 1980, foi introduzido no Brasil, o pensamento
construtivista de alfabetização, fruto das pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky
sobre a Psicogênese da Língua Escrita. O Construtivismo não se constitui como um
método, mas sim como uma desmetodização em que, na verdade, propõe-se uma nova
forma de ver a alfabetização como um mecanismo processual e construtivo, com etapas
sucessivas e hipotéticas.
Nessa mesma época, foi constatado um número enorme de pessoas
“alfabetizadas”, mas consideradas como analfabetos funcionais, que são as pessoas que
decodificam os signos linguísticos, mas não conseguem compreender o que leram. Surge
então o termo “letramento”.
Estar letrado seria então, a capacidade de ler, escrever e fazer uso desses
conhecimentos em situações reais do dia a dia. Alfabetizar letrando é de fundamental
importância, pois garante uma aprendizagem muito mais significativa, afinal como afirma
Soares (2004, p.22):

Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela integração e pela


articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial
da língua escrita é sem dúvida o caminho para superação dos
problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolarização;
descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela
faceta como se fez no passado, como se faz hoje, sempre resultando
no reiterado fracasso da escola brasileira em dar às crianças acesso
efetivo ao mundo da escrita.

Os métodos de abordagem tradicional e/ou tecnicista, já não dão conta do contexto


atual e o Construtivismo, na maioria das vezes, continua sendo mal interpretado,
incompreendido e utilizado de forma equivocada, isso quando utilizado. Um método ou
uma perspectiva de desmetodização, enquanto teoria educacional, funciona se há uma
real fundamentação teórica e prática e se, relacionado a tal método ou desmetodização,
estiverem uma teoria do conhecimento, além de um projeto político e social.
Referência: Soares, M. Alfabetização e letramento, caminhos e descaminhos. Revista Pátio, nº 29, 2004, p.
19-22. Disponível em: http://educandoeconversando.blogspot.com.br/

Reflexões importantes!!!!

Com a leitura do texto acima é possível depreender que houve uma importante
evolução do processo de alfabetização. A alfabetização do b+a = ba, dos textos “prontos”
das cartilhas ficaram para trás, não utilizamos mais. Passamos a compreender o quão
importante é a criança entender aquilo que lê e escreve.

Fonte: Acervo particular da autora

No entanto, há um longo percurso pela frente ainda; é necessário que o processo


ensino-aprendizagem aconteça de fato, para isso é preciso que haja a articulação de
conhecimentos e metodologias fundamentados em diferentes ciências e sua tradução em
uma prática docente que oportunize e facilite a aquisição da escrita, por meio de um
ensino direto e ordenado, a alfabetização. Sem deixar de lado o desenvolvimento de
habilidades e comportamentos de uso competente da língua escrita nas práticas sociais de
leitura e de escrita, o letramento.

O papel do professor é o de contribuir efetivamente com o desenvolvimento do


aluno em todas as suas dimensões; ser o alfabetizador e ainda aquele inovador da
educação, que irá estimular o interesse do aluno para o conhecimento e prepará-lo para a
realidade na qual está inserido.

Paulo Freire, em sua obra A importância do ato de ler em três artigos que se
completam, de 1994, já nos ensinava que:

Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada,


aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa
manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que
vincula linguagem e realidade. (p.08).

A leitura de uma história, feita pela mãe ou pelo pai, antes da criança dormir; ou as
histórias fantásticas que os avós contam aos netos; ou ainda as lendas contadas pela
professora nas séries iniciais para os alunos. Todo esse processo faz parte do letramento,
ou seja, as crianças aprendendo a ler e a escrever o mundo; estão convivendo com as
práticas de leitura e escrita em uma relação com a realidade.

1.3 Letramento não é um método

O letramento não é um método e, sim, um processo que tem início muito antes do
processo de alfabetização. A leitura do mundo vem antes da leitura da palavra, o indivíduo
pode ser letrado e não ter sido alfabetizado. Como afirma Freire (1994, p. 11-12):

(...) A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a


posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica
implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Por exemplo: quando um adulto não sabe ler e escrever, ele pode pedir a alguém
que escreva por ele. Muito simples, ele pode ditar uma carta; depois pode pedir a alguém
que leia para ele a carta que recebeu; ou uma notícia de jornal, ou uma placa na rua, ou a
indicação do roteiro de um ônibus etc. É o que acontece no filme Central do Brasil, de
1998, do diretor Walter Salles. Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher que trabalha
na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, escrevendo cartas para pessoas
analfabetas; essas pessoas não sabiam escrever e não sabiam ler, não eram alfabetizadas,
no entanto, conheciam as funções da escrita e da leitura, elas eram letradas ou tinham
certo nível de letramento.

O filme está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NpZgPWTUrlE

O mesmo que aconteceu com os personagens do filme, pode acontecer com as


crianças ainda não alfabetizadas. Para Soares (2003, p.47):

Uma criança que vive num contexto de letramento, que convive com
livros, que ouve histórias lidas por adultos, que vê adultos lendo e
escrevendo, cultiva e exerce práticas de leitura e de escrita: toma
um livro e finge que está lendo (...), toma papel e lápis e “escreve”
uma carta, uma história. Ainda não aprendeu a ler e escrever, mas
é, de certa forma, letrada, tem já um certo nível de letramento.

É necessário chamar a atenção para um detalhe: assim como é possível ter “um
certo nível de letramento” e não ser alfabetizado; também é possível que um indivíduo
seja alfabetizado mas não tenha um bom nível de letramento. Nesse caso, ele consegue
ler e escrever, entretanto, não possui as habilidades práticas que envolvem a leitura e a
escrita: não consegue ler revistas, receitas médicas, bulas de remédio, jornais, etc., ou
seja, há uma grande dificuldade para interpretar textos lidos, como também, pode não ser
capaz de escrever uma carta ou bilhete.

Vamos pensar: Qual é o papel do professor na formação não só de alfabetizados, como


também de letrados? Como é possível alfabetizar letrando? Sabendo que a educação é um
processo contínuo, que só irá terminar com a morte do indivíduo, como fazer para motivar
o indivíduo para que se interesse pelas práticas de leitura e de escrita?

1.4 O educador na formação de indivíduos alfabetizados e


letrados

“Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as


possibilidades para sua produção ou a sua construção”.

Paulo Freire, 2006.

O objetivo do ensino, no contexto de uma sociedade letrada, é o de aprimorar as


competências da leitura e da escrita e, assim, melhorar o desempenho linguístico do aluno,
tendo em vista a integração e a mobilidade sociais dos indivíduos, além de colocar o
ensino numa perspectiva produtiva em que o sujeito é capaz de agir sobre o mundo para
transformá-lo e, com sua ação, conquistar e afirmar a sua liberdade e não ser um sujeito
passível de alienação. No rap Estudo Errado, escrita em 1995, Gabriel, o Pensador,
afirma que:

Quase tudo que aprendi,


amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
Não aprendo as causas e consequências só decoro os fatos.

Observe que o autor da música mostra que não há preocupação com a


aprendizagem significativa, muitas vezes prevalecem as aulas expositivas,
descontextualizadas, fragmentadas e pautadas nos livros didáticos. Essas aulas acabam
tornando-se inúteis, pouco interessantes e sem significado para os alunos. O próprio
sistema de avaliação é criticado, as notas são obtidas através das provas, o que nos mostra
que existe muita preocupação por parte dos professores e pais em relação as notas das
crianças, desconsiderando outros fatores que implicam significativamente nesse processo.

Dessa forma, os alunos são levados à decoreba dos conteúdos para conseguirem
uma nota boa e uma recompensa em casa. Mas, veja o detalhe, depois de algum tempo os
alunos esquecem tudo o que estudaram, ou seja, a aprendizagem não ocorreu de fato. No
entanto, quando praticamos, lemos diferentes tipos de textos, temos acesso à cultura,
estamos desenvolvendo nossa capacidade linguística e não a decoreba. A letra da música
Estudo Errado, em sua última parte, nos mostra uma nova visão de ambiente escolar, um
espaço capaz de motivar os alunos a estudarem, com professores que preparam os alunos
para a vida, por meio de textos e informações com temas atuais e significativos.

Encarem as crianças com mais seriedade


Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância
a exploração e a indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim cês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

Podemos também concluir que os alunos sentem falta das brincadeiras, dos
momentos de lazer. Seria possível conciliar esses momentos de aprendizagem através de
uma educação lúdica? Importantes reivindicações são feitas nessa música: que as crianças
sejam respeitadas pelas escolas, que sejam tratadas com mais seriedade, contribuindo na
formação de suas personalidades e respeitando suas necessidades e interesses e nunca as
ignorando.
Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Lan1AVt9L0

A escola é o lugar para a pessoa desenvolver sua capacidade de linguagem, de


leitura de textos variados, de criatividade, porém, lamentavelmente, ela ainda continua
limitando-se, na maioria das vezes, a um ensino mecânico. Na perspectiva do letramento,
a leitura e a escrita são vistas como práticas sociais. Ensinar a ler e escrever deve
possibilitar ao aluno a aquisição da língua portuguesa, para que assim ele tenha condições
de exprimir-se corretamente em diferentes variações linguísticas, tornando-se um
poliglota em sua própria língua e, ao dominar o maior número de variantes, ele será capaz
de interferir socialmente nas diversas situações (formais ou informais) a que for
submetido. Jamais deverá deixar de existir o compromisso com a realidade local e com o
mundo em que vivemos. Educar não deixa de ser um ato político. De acordo com
Freire (1994, p.58-9):

(...) o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do


mundo, é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos,
como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores,
que não apenas sabem mas sabem que sabem.

Na compreensão de Freire, quando os alunos são o sujeito da própria


aprendizagem, "seres fazedores, transformadores", eles tomam consciência de que sabem
e podem transformar o que está feito, estabelecido e construído. E então, a passividade e
a alienação darão lugar para novos seres mais conscientes e politizados.

Diante disso, o educador precisa ter consciência do seu papel político na educação
e formação do aluno; articulando conteúdos significativos a uma prática também
significativa, deixando de lado a ultrapassada função de mero transmissor de conteúdos
e, consequentemente, de mero repetidor de exercícios do livro didático. O educador
mediador vai partir da observação da realidade para, em seguida, propor respostas diante
dela e, desta maneira, estará contribuindo para a formação de pessoas críticas e
participativas na sociedade. Assim, podemos inferir que a prática significativa depende
do interesse do professor em planejar aulas que sejam coerentes com a realidade e que
visem a construção de conhecimentos com os seus alunos.

É importante destacar que letrar é função de professores de todas as áreas de


conhecimento, de todas as disciplinas, pois os alunos aprendem através de práticas de
leitura e de escrita: em Português e, também em História, Geografia, Ciências,
Matemática. Em todas as disciplinas os alunos aprendem lendo, interpretando e
escrevendo.

O educador reeducando-se e transformando-se poderá proporcionar uma educação


que não mais será um martírio, mas sim para um processo de construção permanente de
conhecimentos. O educador deve estimular no aluno o pensamento crítico, de modo que
ele possa atuar na sociedade como um indivíduo pensante, questionador. O conhecimento
é uma das mais importantes "ferramentas" para se conquistar oportunidades de trabalho
e renda.

Concluímos esta Unidade – 1 com uma sábia declaração de Paulo Freire (1994,
p.25):

Eu agora diria a nós, educadores e educadoras: Ai daqueles e


daquelas entre nós, que parem com a sua capacidade de sonhar, de
inventar, a sua coragem de denunciar. Ai daqueles e daquelas que
em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo
profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai
daqueles que em lugar desta viagem constante do amanhã se atrelem
a um passado de exploração e de rotina.

Analisem vocês, caros alunos, parece que só há um meio de alcançar os objetivos


de uma verdadeira educação: o comprometimento com os envolvidos e com uma proposta
de trabalho que permita fazer fluir o real espírito democrático. Sendo que, democracia,
aqui é entendida como um modo de vida em que cada indivíduo conta como pessoa
consciente, informada e capaz de resolver os seus próprios problemas. Isso se conquista
por meio de um sentimento de auto-estima, de auto-valorização, de recuperação da
cidadania, que se realiza por um processo de alfabetização como ferramenta do
letramento.
Recapitulando a Unidade-1

Como diferenciar o apenas alfabetizado do letrado?

A grande diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo


alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que
sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não
só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica
a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.

Letramento envolve dois fenômenos bastante diferentes, a leitura e a escrita, cada um deles
muito complexo, pois constituído de uma multiplicidade de habilidades, comportamentos,
conhecimentos:

➢ Ler

É um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente


decodificar sílabas ou palavras até ler Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa... Uma
pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos, e não ser capaz
de ler um romance, um editorial de jornal... Assim: ler é um conjunto de habilidades,
comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo caminho.

➢ Escrever

É também um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde


simplesmente escrever o próprio nome até escrever uma tese de doutorado... uma pessoa
pode ser capaz de escrever um bilhete, uma carta, mas não ser capaz de escrever uma
argumentação defendendo um ponto de vista, escrever um ensaio sobre determinado
assunto... Assim: escrever é também um conjunto de habilidades, comportamentos,
conhecimentos que compõem um longo e complexo caminho.

Conclui-se que há diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades,


das demandas do indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural.

SOARES, M. Alfabetização e letramento - 2010.


Para saber mais:

➢ Livro: Alfabetização e Letramento


Autor: Magda Soares
Assunto: Educação, Formação de Professores

Resenha da obra: O analfabetismo no Brasil permanece um tema de dolorosa atualidade.


Mas quais as verdadeiras causas do fracasso do processo de alfabetização no Brasil? Por que
nossas estatísticas sobre o analfabetismo - e sobre o baixo desempenho escolar nos primeiros
ciclos do ensino fundamental - insistem em nos revelar números tão incômodos? Qual a
verdadeira responsabilidade que cabe ao educador, aos métodos, aos materiais didáticos, à escola
e à própria sociedade em relação a isso? Magda Soares, uma das maiores especialistas brasileiras
em alfabetização, nos propõe algumas possibilidades de resposta para tais perguntas e nos impõe
novas provocações. Na primeira parte do livro, ela apresenta e discute concepções de
alfabetização e letramento, mostrando a necessidade de que um problema tão complexo seja
enfrentado por um esforço multidisciplinar. Em seguida, desvela a função politicamente
distorcida dos programas de acesso à leitura e à escrita, constata o divórcio entre o processo de
alfabetização e o de conquista da cidadania e, por fim, explicita o abismo entre o discurso oficial
da escola e o das crianças pertencentes às camadas populares.

Disponível em: http://editoracontexto.com.br/alfabetizacao-e-letramento.html

➢ Entrevista: Leia a entrevista sobre Alfabetização e Letramento de Magda Soares

Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/tve/salto/interview?idInterview=8281


Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Ed.33ª, p.22, São Paulo/Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 2006.

__________. A importância do ato de lerem três artigos que se completam.


Coleção Questões da Nossa Época. 29.ed. São Paulo: Cortez, 1994.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed. 2ª impr. Belo


Horizonte: Autêntica, 2003.

____________. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Revista


Pátio, ano VII, n° 29, fev./abr. 2004.

____________. Alfabetização e letramento. 6ª edição. São Paulo: Contexto, 2010.

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Alfabetização e Letramento

O escritor Graciliano Ramos, em seu livro autobiográfico Infância, publicado em 1945,


lembra que se alfabetizou – ainda no final do século XIX, início do século XX – através
da carta do ABC em que primeiro aprendeu todas as letras para, só no final da carta, ter
contato com os primeiros textos – alguns provérbios que, embora soubesse decodificá-
los, desconhecia seus significados:

Respirei, meti-me na soletração, guiado por Mocinha. Gaguejei


sílabas um mês. No fim da carta elas se reuniam, formavam
sentenças graves, arrevesadas, que me atordoavam. Eu não lia
direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos
sisudos: “A preguiça é a chave da pobreza – Quem não ouve
conselhos raras vezes acerta – Fala pouco e bem: ter-te-ão por
alguém”. Esse Terteão para mim era um homem, e não pude saber
que fazia ele na página final da carta. – Mocinha, quem é Terteão?
Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão
fosse homem. Talvez fosse. Mocinha confessou honestamente que
não conhecia Terteão. E eu fiquei triste, remoendo a promessa de
meu pai, aguardando novas decepções.

Assim, o referido escritor chegou ao final da Carta do ABC sabendo “decodificar” bem
as palavras, mas não conseguia entender o que estava lendo. E, para surpresa dele, nem a
sua professora compreendia o que lia. Ou seja, eles eram alfabetizados, mas não eram
letrados. A maioria de nós, que passamos pela alfabetização até as décadas finais do
século passado, também teve uma experiência escolar com ênfase na “codificação” e
“decodificação”.

Para muitos, essa experiência foi traumatizante, relate alguma experiência vivida que
esteja relacionada com o tema da discussão.

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A PRÁTICA ALFABETIZADORA E OS PROCESSOS DE


APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA

Introdução

Prezado (a) Aluno (a),

Vamos analisar nesta Unidade – 2 o processo de apropriação da língua escrita e o


seu papel na escola e na sociedade. Pretendemos enfatizar a importância do letramento
no processo de alfabetização. Também analisaremos alguns conceitos fundamentais, tais
como: língua escrita, aprendizagem e alfabetização, pois estão relacionados ao
aprendizado do ler e do escrever. Lembrando, ainda, que esse aprendizado envolve o
professor e o aluno em situações interativas, empreendendo, inclusive, uma discussão
sobre o papel do aluno, o papel do professor e da intervenção pedagógica.

1.1 – Processo de apropriação da escrita


Quando se trata de aquisição da escrita é muito comum observar, no âmbito da
prática escolar, a relação estabelecida entre alfabetização e letramento. Nesta discussão,
é importante relembrar os conteúdos estudados na Unidade-1 e, também, recorrer aos
ensinamentos de Soares (2003, 2004, 2010), em busca de embasamento teórico que
possibilite esclarecer as especificidades dos termos alfabetização e letramento, na
compreensão da autora, ambos são processos multifacetados e de natureza específica.

No Brasil, de acordo com Soares (2003), o letramento surgiu associado ao


conceito de alfabetização, o que provocou certa confusão entre a especificidade de cada
termo. Assim, acabou provocando uma inadequada fusão dos dois processos, sendo que
o conceito de letramento acabou tendo prevalência e, por outro lado, houve certo
apagamento da alfabetização. Neste aspecto, o letramento acabou sendo entendido como
pré-requisito da alfabetização; ou alfabetização passou a ser considerada parte integrante
do letramento no processo de aquisição do código.

Essas discussões relacionadas à prática pedagógica alfabetizadora têm suscitado


inúmeros questionamentos acerca de qual terminologia deve ser privilegiada no
desenvolvimento da ação docente em relação ao ensino da língua escrita. Alfabetizar e
letrar, às vezes, são conceitos que se confundem. Mas, como já mencionado na Unidade-
1, esses dois processos são fundamentais, distintos, porém, indissociáveis. Alfabetizar
não é letrar e letrar não é alfabetizar. Alfabetização é o processo sistemático de aquisição
do sistema alfabético: enquanto que, o letramento, refere-se às práticas sociais de leitura
e escrita nos diferentes contextos e com finalidades específicas.

[...] a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de


práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de ativi dades
de letramento e, este, por sua vez, só se pode desenvolver no
contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-
grafema, isto é, em dependência da alfabetização [...] (SOARES,
2004a, p. 14)

Soares (2003) defende a ideia de uma tomada de decisão em prol da reinvenção


da alfabetização; que é fundamental diante da concepção atual em torno do aprendizado
do código estar vinculado ao conceito de letramento. Quando se propõe a reinvenção da
alfabetização, isso mostra que está na hora de dar novo sentido a este conceito, buscando
assim, ressignificar o processo de ensino-aprendizagem da língua escrita, de modo a
compreendê-lo a partir de um enfoque multifacetado que abrange, de acordo com Soares,
(2004a), a “[...] consciência fonológica e fonêmica, identificação das relações grafema-
fonema, habilidades de codificação e decodificação da língua escrita, conhecimento e
reconhecimento dos processos de tradução da forma sonora da fala para a forma gráfica
da escrita [...]” (p. 15).

Alfabetização possibilita o aprendizado de uma técnica que é indispensável para


a entrada no mundo da escrita. Já no que diz respeito ao letramento, é o desenvolvimento
de ações voltadas para o uso social da escrita e implica a participação de sua utilização
em experiências diversificadas a partir da interação com os diferentes gêneros textuais.

Para saber mais:

Caros alunos, para que vocês possam aprofundar seus conhecimentos acerca do ensino-
aprendizagem de leitura e escrita, há um infográfico muito interessante: é uma linha do
tempo que inicia no final do Império, passa pelo período da República e segue até os
dias de hoje.

Esse material chama-se “Das primeiras letras aos multiletramentos: caminhos na


história brasileira”. É desenvolvido com base em um diálogo entre a tradição e o
novo, esse material pretende traçar, analisar e discutir os caminhos da alfabetização e
do letramento no país.

O material apresenta aspectos políticos, conceituais e pedagógicos em linhas que se


entrecruzam, a fim de representar a complexidade da história da educação brasileira.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/infografico-letramento/

1.2 – O brincar e a escrita: um caminho para a alfabetização

O brinquedo desempenha um papel crucial para a aprendizagem da escrita, por


meio dele, a criança é capaz de perceber que determinados objetos podem indicar outros,
tornando-se, assim, seus signos. Quando brinca de cavalinho e usa um cabo de vassoura
para representar o animal, ela está construindo uma noção que é importantíssima para a
aquisição da escrita: a de que um objeto pode ser substituído por outro, no processo de
representação.
Na língua escrita, ela vai precisar entender essa questão da substituição. Ao se
fazer jogos com as crianças, em que um determinado objeto passa a representar outro,
elas irão modificar a estrutura corriqueira do objeto, adquirindo este a função de signo.
Assim como acontece no brinquedo, pode-se concluir que a brincadeira do faz de conta
desempenha um importante papel para o desenvolvimento da linguagem escrita.
Portanto, é possível afirmar que a aprendizagem da linguagem escrita pode ser
vista como um dos produtos do processo de brincar; o brinquedo tem um papel
significativo e não é apenas um adereço sem importância na prática pedagógica. Com isso
não estamos afirmando que a aprendizagem da linguagem escrita pode acontecer apenas
a partir de atividades lúdicas e sem atividades intencionais de ensino.

O processo de brincar poderá contribuir para o desenvolvimento de mecanismos


psíquicos importantes para a compreensão do que é a escrita e do que ela representa,
embora se trate de simbolizações de naturezas diferentes.

1.3 – Aprendizado inicial da escrita

A aprendizagem da língua escrita demanda que o professor alfabetizador seja um


articulador e, também, um mediador de diferentes metodologias de ensino que devem
respeitar o conhecimento que a criança traz antes de ingressar na escola. Não devemos
negar à criança seu papel na construção do conhecimento e nem deixar de lado as práticas
de letramento na escola. Esse processo tem o objetivo de observar como a criança evolui
na construção de suas hipóteses de escrita e, além disso, promover seu contato com
atividades e situações que a estimulem a refletir sobre o sistema alfabético e a apreender
suas características.

As hipóteses de escrita aqui tratadas não são o caminho único pelo qual todas as
crianças passam, a apropriação da escrita pode acontecer de maneiras diferentes. É
preciso que o professor alfabetizador tenha a sensibilidade de perceber as peculiaridades
de cada criança para que, assim, possa encontrar a forma adequada de mediar esse
processo. Estes estudos aqui desenvolvidos servem para orientar o olhar dos educadores
para as regularidades do processo de aprendizagem da língua escrita.
O que podemos concluir? É imprescindível que a infância seja respeitada como
etapa singular do desenvolvimento humano, valorizando o brincar como forma de a
criança entender o mundo, interagir com ele e (re) criá-lo (SOARES, 2013).

Nos métodos de alfabetização tradicionais, a aprendizagem realizava-se de forma


passiva: o aluno não era o protagonista desse processo; ele apenas assimilava as
informações do professor, que era o detentor do saber.

Essa maneira tradicional tem sido substituída pela hipótese da psicogênese 1 da


língua escrita, que revela uma postura ativa e curiosa das crianças pré-alfabetizadas,
mostrando que elas pensam e criam hipóteses para entender o sistema de escrita
alfabética. Essas pesquisas da psicogênese apresentaram descobertas que levaram a
importantes modificações nas políticas, nos estudos e nas práticas escolares.

Faz-se necessário esclarecer que, a psicogênese não é método, e sim uma teoria
que explica o processo de aprendizagem da língua escrita e defende a integração de várias
práticas pedagógicas. Portanto, o importante é que se leve em consideração, além do
código específico da escrita, a cultura e o ambiente letrado (bilhetes, bulas, receitas, livros
de histórias) em que a criança se encontra antes e durante a alfabetização. Não dá para ela
adquirir primeiro o código da língua e depois partir para a compreensão de variados
textos.

Todas as crianças passam por diversas etapas durante o seu processo de aquisição
da língua escrita, criando hipóteses regulares que dependem do momento vivenciado por
ela, evoluindo de uma etapa para outra quando a anterior for colocada em conflito. Para
chegar ao código de escrita alfabética, a criança passa por fases de hipóteses.

A seguir, apresentaremos as fases iniciais do processo de aquisição da escrita:

1) Fase pré-fonológica

1
Psicogênese (do grego psyche, alma; genesis, origem) é a parte da Psicologia que se ocupa em estudar a
origem e o desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas, das causas psíquicas que podem
causar uma alteração no comportamento etc.
Nessa fase a criança começa a se envolver com as primeiras experiências e
reflexões acerca do sistema de escrita alfabética. Nessa etapa, ela ainda não sabe que as
letras representam sons e que a escrita das palavras são os registros gráficos de sua
sequência sonora.

A fase pré-fonológica está divida em:

✓ Icônica

A criança ainda não diferencia escrita e desenho. Para ela, nessa etapa, ao escrever
“panela” ou “macaco”, é comum fazer o desenho do objeto ou do animal que a palavra
representa. O registro gráfico que a criança irá fazer diz respeito ao sinal ou desenho como
um todo.

✓ Garatuja

Nesse momento, a criança representa a palavra produzindo garatujas, que são


rabiscos parecidos com letras e caracterizados pela linearidade e orientação
horizontal. Na tentativa de representar a escrita, a criança começa a mesclar as letras que
já conhece com outros símbolos, números ou com letras que inventa.

✓ Pré-silábica

Aqui, a criança já tem conhecimento de algumas letras do alfabeto, todavia ainda


não entende a escrita como representação gráfica da fala. Muitas crianças acreditam que,
para escrever uma palavra, são necessárias pelo menos três letras. E também pensam que
não podem repetir letras na mesma palavra. Para elas há um estranhamento ao
verem/lerem duas letras juntas, como pé ou dó.

2) Consciência silábica

Na caminhada do conhecimento do sistema alfabético, as crianças começam a


perceber que a palavra, quando pronunciada, é formada de partes. Quando ela “lê” uma
sequência de letras ou sinais que o(a) professor(a) escreve para registrar uma palavra,
muitas irão pronunciar as sílabas lentamente. Desta maneira, passam a buscar
correspondências entre as letras ou marcas e as sílabas pronunciadas e a fazerem
correções para que exista correspondência entre o oral e o escrito. Na fase silábica elas
consideram que, para cada sílaba pronunciada, existe uma letra.

São duas as etapas da consciência silábica:

✓ Silábica sem valor sonoro

Quando a criança está nesta fase, ela já compreende que a escrita está relacionada
à fala; ela começa a fazer registros gráficos (letras ou outro sinal) sempre que pronuncia
um som da língua. Essa descoberta é muito importante para a criança, pois ela começa a
perceber que a palavra é fragmentada, ou seja, constituída por partes que são sonoras.

✓ Silábica com valor sonoro

Nesse momento da aquisição da escrita, a criança já usa uma letra para cada sílaba
oral, no entanto, ela ainda não percebe os sons que formam a sílaba (fonemas). Essa
consciência (fonêmica) vai sendo desenvolvida ao longo da aprendizagem da escrita. É
importante trabalhar a sílaba dentro da palavra ou, então, entre palavras; nunca
separadamente. Desta maneira, é possível mostrar à criança que existem sílabas iniciais,
mediais e finais. Por exemplo: pato/ sapo; gaveta/barata; bota/loja.

É comum nessa fase que, algumas crianças, quando trabalham com palavras
formadas por três ou duas sílabas, fiquem em dúvida quanto a sua hipótese silábica e
acabam usando mais letras para “corrigir” essa “falta”. Outras vezes, em palavras
como bebê, cola, babá elas acreditam que as vogais são suficientes para registrar as
sílabas e, desta forma, poderão escrever apenas EE, OO, AA.

3) Consciência fonêmica

À medida que a criança vai avançando na compreensão do sistema alfabético,


começa a perceber que há sílabas formadas por mais de um som (fonemas) e passa a usar
mais letras para representar esses sons. Esse processo implica o desenvolvimento da
consciência fonêmica, para além da consciência silábica. Além disso, o aprendiz começa
a desenvolver uma compreensão mais clara das relações entre grafemas (letras) e fonemas
(sons).
✓ Silábico-alfabética

A criança passa a perceber que, em nossa língua, a maioria das sílabas é


constituída por mais de um som. Nesse momento ela começa a representar algumas
sílabas com mais de uma letra, em geral, acrescentando à vogal a letra que traz em seu
nome o fonema representado (ex.: branco, pode escrever bao).

✓ Alfabética

Nessa fase alfabética, a criança já conseguiu entender o que as letras indicam e


como elas criam representações. Assim sendo, ela começa a utilizar uma letra para
representar cada fonema de uma sílaba oral. Como raciocina segundo a hipótese
alfabética, na qual cada letra deveria representar um único som e cada som deveria ser
grafado por uma única letra, nem sempre os seus registros gráficos obedecem às normas
ortográficas da língua portuguesa.

Conforme vai avançando no processo de alfabetização, que ainda está inconcluso,


a criança deve perceber que, no português, há fonemas representados por mais de uma
letra, como o /s/, que pode ser grafado por s, ss, sc ou ç. E, também, há letras que
representam mais de um fonema, como o /x/ em táxi e em reflexo; ou mais de uma letra
representando um único fonema, como acontece com os dígrafos (rr, ss, sc, nh, ch etc.).
Algumas dúvidas começam a aparecer em relação à grafia de palavras e expressões como
embaixo, em cima.

✓ Ortográfica

As convenções grafema-fonema já estão mais claras para a criança na fase


ortográfica. Elas já estão lendo e escrevendo com mais segurança e fluência. Assim, pode-
se ter como expectativas que, com o trabalho relacionado à leitura, escrita e análise
linguística, essa criança avance na compreensão de textos cada vez mais complexos e na
distinção de diferentes gêneros textuais.

Como destaca Magda Soares (2013), é preciso, de modo contínuo, integrado e


sistematizado, trabalhar as duas dimensões do ensino-aprendizagem inicial da escrita: a
alfabetização e o letramento.

Material adaptado da Plataforma do Letramento (2013):http://www.plataformadoletramento.org.br/quem-


somos.html
Para saber mais:

Caros alunos, vocês gostariam de aprofundar o assunto que acabamos de


desenvolver? Tenho certeza que vocês irão adorar a minha dica!

Acessem e naveguem na Plataforma do Letramento, esse espaço nasce em


2013 e tem o objetivo de oportunizar reflexão, formação, disseminação e produção de
conhecimento sobre o letramento. A proposta dos organizadores foi a de criar uma
comunidade de referência para educadores, professores, gestores e demais profissionais
que têm se dedicado a assegurar o direito ao pleno acesso ao mundo da escrita para
todos os brasileiros, como garantia do aprendizado ao longo da vida e da participação
ativa e autônoma nas diversas esferas do mundo social.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br

No link abaixo vocês encontrarão um INFOGRÁFICO INTERATIVO que vai


apresentar, de forma muito didática e com exemplos, cada uma das três fases iniciais do
processo de aquisição da escrita. Explorem esse espaço e vejam, na prática, como a
criança vai apropriando-se da escrita da língua materna.

Acessem e divirtam-se!!!

http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/aprendizado-inicial-da-escrita/

1.4 – Alfabetizar letrando


A prática pedagógica alfabetizadora na escola deve contemplar uma proposta de
“alfabetizar letrando”. Para que isso ocorra, a aprendizagem do código da escrita deverá
associar-se às práticas sociais. Em uma sociedade letrada, aprender ler e escrever não é
suficiente, é preciso mais... É preciso praticar socialmente a leitura e a escrita,
compreendendo as finalidades decorrentes nos diversos contextos de letramento.
Alfabetizar letrando deverá contemplar múltiplas metodologias para a aprendizagem
inicial da língua escrita (SOARES, 2004a).

O processo da alfabetização envolve situações de ordem psicológica,


psicolinguística, sociolinguística e linguística (SOARES, 2004a), que não podem ser
desconsideradas no tratamento didático do ensino da língua. Diferentes metodologias
poderão ser utilizadas conforme a natureza do trabalho e os objetivos que foram
estabelecidos. Todavia, mesmo sendo diferentes métodos, o objetivo deverá ser o de
atingir as diversas finalidades de apropriação da escrita: a aquisição do sistema alfabético
e, por outro lado, a imersão na cultura escrita por meio dos usos sociais nos diferentes
contextos dos quais participa. Assim, ao aprender a escrever, dois processos interagem
simultaneamente: compreender a natureza do sistema de escrita (que se refere aos
aspectos gráficos); e o funcionamento da linguagem que usamos para escrever (que são
os aspectos discursivos).

Esses dois aspectos da aprendizagem da língua escrita podem ser contemplados


quando se trabalha com textos no processo de alfabetização, tendo em vista que o desafio
de tornar o aluno alfabetizado e letrado decorre da contextualização dos usos da escrita
nas diferentes situações do cotidiano do aluno. Nesse sentido, a alfabetização na
perspectiva do letramento deve priorizar o trabalho com os diversos gêneros textuais.

O trabalho realizado com textos variados e em situações comunicativas diferentes,


dará ao aluno a possibilidade de compreender que a estrutura e a organização do texto
estão relacionadas à função discursiva que eles exercem nas práticas cotidianas da
realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal, um
bilhete, um folheto informativo, dentre outros suportes textuais.

Neste sentido, é importante chamar a atenção para algo: a escola deve respeitar a
história de letramento e a variação linguística do aluno no processo de alfabetização, haja
vista que são aspectos de grande relevância para o aprendizado da escrita. A escola é a
instituição social responsável pela transmissão convencional do sistema alfabético, cujo
conteúdo é sistematizado com base na língua culta ou norma padrão. A compreensão
acerca da língua padrão como uma das formas de utilização da escrita, evidencia o caráter
de concepção da língua na perspectiva sociolinguística, pois situa a maneira de falar com
o contexto que se está inserido, assim como o uso que se faz da escrita.

Vocês já observaram que, de acordo com o papel social que desempenhamos em


um determinado contexto, fazemos uso da fala de diversas maneiras? Não utilizamos a
norma culta o tempo inteiro para nos comunicar, portanto, a escrita apresenta múltiplas
funções ao ser utilizada em casa, na escola, na igreja, no clube, dentre outros espaços
sociais.

Quando a criança chega à escola, traz marcas da escrita, pois ela vive experiências
em família, com amigos e essa oralidade é um dos fatores de construção das regras
internas da língua, necessárias ao desenvolvimento da língua escrita. Esse conhecimento
que a criança traz é o seu repertório cultural e deve ser aproveitado na escola. As práticas
de alfabetização devem partir de situações reais, dos conhecimentos que o aluno tem
acerca da escrita.

Dessa forma, ao abrir espaço para as brincadeiras espontâneas, a exploração do


ambiente, dos materiais, acaba sendo uma forma de potencializar as aprendizagens,
estimulando a curiosidade em relação ao mundo e às múltiplas linguagens (oralidade,
música, desenho, dança etc.). Entre estas linguagens, a escrita é uma das formas de
expressão, criação e comunicação que, na sociedade contemporânea, tem lugar de
relevância.

A criança está integrada na sociedade e imersa nas práticas letradas; a curiosidade


é uma característica importante, pois provoca na criança o desejo de desvendar o que a
escrita representa; e também contribui para que se torne usuária e criadora nesse sistema.
Para apoiá-la nessa descoberta, é fundamental o papel que desempenha o educador nessa
perspectiva sociocultural da alfabetização.

O professor é o mediador da aprendizagem, quem incentiva as diferentes situações


de letramento, é aquele que oferece materiais escritos de qualidade, é quem promove
rodas de leitura e narração de histórias da literatura infantil e de contos tradicionais,
brincadeiras e jogos, práticas reais de escrita ou atividades de faz de conta (contar e
inventar narrativas, imagens, poemas, desenhar cenas imaginárias...). É assim que o
professor irá desenvolver práticas significativas de ensino que possibilitem o
desenvolvimento do aluno acerca do real funcionamento e utilização da escrita.

[...] essa introdução ao mundo da escrita, na escola, não se


caracteriza como um momento inaugural de entrada em um mundo
desconhecido: embora ainda “analfabeta”, a criança já tem
representações sobre o que é ler e escrever, já interage com textos
escritos de diferentes gêneros e em diferentes portadores, convive
com pessoas que leem e escrevem, participa de situações sociais de
leitura e de escrita [...] (SOARES, 1985, p. 69).

O caminho para o sucesso do ensino e aprendizagem inicial da língua escrita é a


articulação e integração de dois processos – alfabetização e letramento – que são
indissociáveis, simultâneos e interdependentes: a criança alfabetiza-se, constrói seu
conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da língua escrita, em situações de
letramento.

Como isso acontece? Partindo da interação do contexto em que a criança está


inserida e de material escrito real, e não artificialmente construído. Além disso, é
necessário que o aprendiz participe das práticas sociais de leitura e de escrita para que,
desta maneira, consiga desenvolver habilidades e comportamentos de uso competente da
língua escrita (SOARES, 2004b).

A escrita não rouba a infância, não atrapalha a criança, porque ela faz parte do
mundo do qual deve a escola também fazer parte. Portanto, vocês, futuros(as)
professores(as), pedagogos(as) devem fazer a opção de trabalhar com a linguagem escrita,
e não com a escrita de letras e palavras de forma enfadonha, repetitiva; devem criar nas
crianças a atitude leitora e produtora de texto e, também, devem deixar as crianças
viverem plenamente sua infância e, o mais importante, que elas possam ser crianças no
processo de Alfabetização.

Concluímos nessa Unidade – 2 que o alfabetizar letrando ou letrar


alfabetizando acontece pela integração e pela articulação das várias facetas do processo
de aprendizagem inicial da língua escrita. Esse é, sem dúvida, o melhor caminho para a
superação dos fracassos da escola brasileira nesta etapa da escolarização e é a maneira
correta de dar à criança o acesso efetivo e verdadeiro ao mundo da escrita.
Para saber mais:

Caros alunos, para que vocês tenham mais informações acerca do que é
Alfabetizar letrando, sugiro que assistam à entrevista de Magda Soares. Essa
entrevista é exclusiva para a Plataforma do Letramento e está dividida em três
blocos.

Não percam tempo... Acessem o link indicado e tenham bons momentos de ócio
intelectual.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-
entrevista/393/magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-
lingua-escrita.html

Afinal... tenho mencionado Magda Soares no desenvolvimento de nossas aulas


inúmeras vezes e, fiquei pensando: será que os alunos já leram algo sobre ela???

Resolvi facilitar a vida de vocês e trazer algumas informações sobre essa


professora e pesquisadora da Educação.

Magda Becker Soares, 81 anos, aposentada há 14 anos, professora emérita e


uma das criadoras da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). È pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale),
é um dos maiores nomes na área de alfabetização e letramento, com ênfase em ensino-
aprendizagem. Além de sua inquestionável importância no cenário acadêmico, há
muitos anos ela atua como consultora da rede municipal de educação da cidade mineira
de Lagoa Santa, que fica a 35 quilômetros de Belo Horizonte, onde desenvolve um
intenso trabalho ligado à formação de professores da rede pública. É uma profissional
atuante, ministra cursos, faz palestras e, com frequência, recebe prêmios e homenagens
pelo país afora. Entre seus livros, destacam-se:

Alfabetização e letramento (São Paulo: Contexto, 2004)


Português: uma proposta para o letramento (São Paulo: Moderna, 2002)
Letramento: um tema em três gêneros (Belo Horizonte: Autêntica, 1998)

Metamemória, memórias: travessia de uma educadora (São Paulo: Cortez, 1991) –


autobiográfico.

Sugestões para ampliar o seu conhecimento:

➢ Artigo: A infância enquanto categoria estrutural

Autor: Jens Qvortrup


Assunto: Educação, Pesquisa
Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ep/v36n2/a14v36n2.pdf

Trata-se de um importante artigo, que considera as crianças como atores sociais e


produtoras de culturas, e a infância como uma categoria da estrutura social. O estudo
desse texto permite compreender que as crianças são competentes e protagonistas em seus
espaços e tempo e, portanto, suas ações e atuações interferem, modificam e transformam
as relações sociais das quais participam. Além disso, a infância é contemplada como uma
geração que tem função e posição na sociedade.

➢ Livro: História social da criança e da família


Autor: Philippe Ariès
Assunto: Educação, História da família
Editora: 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981
Trata-se de um clássico, publicado originalmente nos anos de 1960, e uma das
primeiras obras a tratar da história da infância e da família, mas que permanece, apesar
das críticas a ele dirigidas, indispensável para se conhecer as questões relativas à
historicidade da infância. O autor inicia suas análises revelando a falta de um sentido de
infância e como ela passa a assumir um lugar nas sociedades modernas. O livro é rico em
detalhes, com base em documentos e fontes iconográficas, e traça uma descrição e análise
da posição da criança através dos séculos.

➢ Vídeo: A invenção da infância


Gênero: Documentário.
Diretora: Liliana Sulzbach
Duração: 26 min. Ano: 2000

Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=MxjmezbpBK8

O documentário, um curta-metragem dirigido por Liliana Sulzbach, apresenta, a


partir do ponto de vista de várias crianças brasileiras de diferentes grupos
socioeconômicos, uma reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo.
Problematiza a gênese do conceito de infância e seu desenvolvimento até os dias atuais,
assumindo a ideia de que a infância é, em última instância, uma invenção. O curta
apresenta uma reflexão densa sobre a infância e as desigualdades sociais, defendendo o
argumento de que ser criança não significa, necessariamente, ter infância.
➢ Vídeo: Território do brincar

Disponível: http://territoriodobrincar.com.br/videos/documentario-territorio-do-
brincar-dialogos-com-escolas/

O Projeto “Território do Brincar” é um trabalho de pesquisa, documentação,


difusão e sensibilização sobre a cultura infantil brasileira, coordenado pela educadora
Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks, e correalizado pelo Instituto Alana.
Os coordenadores do Projeto percorreram o Brasil e visitaram comunidades rurais,
indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando, a partir de um
minucioso trabalho de escuta dos repertórios de brincadeiras de crianças de diversas
localidades brasileiras, as culturas da infância em nosso país.

➢ Se vocês quiserem conhecer outras experiências do Projeto Território


do Brincar, acessem: http://territoriodobrincar.com.br/videos/

Referências

SOARES, M. As muitas facetas da alfabetização. Caderno de Pesquisas, São


Paulo, 66 n. 52, p. 1- 135, fev. 1985.
___________. A reinvenção da alfabetização. Presença Pedagógica. Vol 9, n. 52.
jul/ago, 2003, p. 14-21.
___________. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira
de Educação. jan/abr. n. 25, 2004a.
___________. Alfabetização e Letramento: caminhos e descaminhos. Revista
Pátio – Revista Pedagógica, ano VII, nº29, fev./abr. Artmed Editora. 2004b. Disponível:
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d16t07.pdf. Acesso:
17 set. 2015.
___________. Alfabetização e letramento. 6ª edição. São Paulo: Contexto, 2010.
Plataforma do Letramento. Disponível:
http://www.plataformadoletramento.org.br/quem-somos.html. Acesso em: 18 set. 2015.

______________________________________________________________________
Um dos indicadores que permite identificar o nível educacional de uma população
consiste na taxa de alfabetização/ analfabetismo. No caso brasileiro, a alfabetização vem
sendo investigada pelos Censos Demográficos de forma padronizada desde 1950.
Segundo critérios do IBGE, retirados do glossário do livro Síntese de Indicadores Sociais
(2010), temos a seguinte definição da taxa de analfabetismo que, até a metade do século
XX, era a escrita do nome. Logo, considerava-se analfabeta a pessoa que declarasse não
saber escrever o próprio nome.

Após a leitura do fragmento acima, vocês deverão pesquisar quais as mudanças que
ocorreram a partir de 1950 até os dias atuais no que se refere aos indicadores de
alfabetização/analfabetismo no Brasil.

Quais as justificativas para as mudanças ocorridas?

O que vocês entendem por analfabeto funcional?

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