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03/09/2020 Ead.

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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
LETRAMENTO E
ALFABETIZAÇÃO
Autor: Esp. Lilian Maia Borges Testa
R e v i s o r : E t n a Pa l o m a

INICIAR

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introdução
Introdução
Quando falamos em alfabetização, vem a nossa mente o trabalho com as letras, depois com as
sílabas e, consequentemente, a formação das palavras. No entanto, esse ensino estava centrado
em uma educação remota, em que utilizava-se as famílias silábicas (ba, be, bi, bo, bu) para ensinar
as crianças a ler e escrever. Atualmente, as nossas crianças já chegam à escola com um
conhecimento prévio, já tiveram contato com diferentes textos em seu cotidiano.

Por isso, o processo de alfabetização de nossas crianças, hoje em dia, pauta-se em alfabetizar e
também em letrar. Mas o que seria esse processo de alfabetizar letrando? É o que propomos em
nossos estudos, ou seja, a criança aprende a ler e a escrever, mas com um signi cado para a sua
vida.

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Conceituação

Para que possamos compreender todo o processo de alfabetização contemporâneo, precisamos


re etir sobre dois conceitos básicos, ou seja, o conceito de alfabetização e o conceito de
letramento. Esses conceitos nos auxiliarão a entender a dinâmica do processo de alfabetização e
como a criança desenvolve a leitura e a escrita, ou seja, ambas com função social.

Alfabetização e Letramento
O processo de alfabetização e de letramento na atualidade é motivo para muitas discussões;
sabemos que o professor que trabalha diretamente com a alfabetização não deve apenas ensinar
o código linguístico para a criança, ele deve alfabetizar letrando. Entretanto, vamos
compreender melhor o que isso signi ca ao comungar das ideias defendidas por Soares.

No processo de aprendizagem inicial da leitura e da escrita, a criança deve entrar no


mundo da escrita fazendo uso de dois “passaportes”: precisa apropriar-se da
tecnologia da escrita, pelo processo de Alfabetização, e precisa identi car os
diferentes usos e funções da escrita e vivenciar diferentes práticas de leitura e de
escrita, pelo processo de Letramento. Se lhe é oferecido apenas um dos “passaportes”
– se apenas se alfabetiza, sem conviver com práticas reais de leitura e de escrita –
formará um conceito distorcido, parcial do mundo da escrita; se usa apenas o outro
“passaporte” – se apenas, ou, sobretudo, se letra, sem se apropriar plena e
adequadamente da tecnologia da escrita – saberá para que serve língua escrita, mas
não saberá se servir dela (SOARES, 2010, p. 24).

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Assim, de acordo com os preceitos citados pela autora em questão, o professor alfabetizador
não deve apenas ensinar a decodi car o código linguístico, deve ensinar a ler, interpretar e
compreender o mundo ao redor do aluno, por isso o educador deve alfabetizar e, ao mesmo
tempo, letrar nossos alunos.

O professor que alfabetiza letrando tem de desenvolver seu trabalho pautado na leitura de
diferentes gêneros textuais, como músicas, parlendas, trava-línguas, bilhetes, história em
quadrinhos, literaturas infantis, contação de histórias, dentre outros exemplos.

É notório salientar ainda que a palavra letramento já está incorporada em nossa educação há
algum tempo, entretanto, atualmente, tem recebido uma nova versão, voltada para o processo
de ensino e aprendizagem no que se refere à leitura e escrita, ou seja, se uma pessoa sabe ler e
escrever, mas não consegue entender o que diz uma reportagem que leu ou não compreendeu
um livro de literatura, essa pessoa não pode ser considerada letrada.

Segundo Soares (2004, p. 47), os conceitos que envolvem alfabetização e letramento são
diferentes: Alfabetização é a ação de ensinar/aprender a ler e escrever. Já Letramento é o estado
ou condição de quem não apenas aprendeu a ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas
sociais que usam a leitura e a escrita.

Comungando com os preceitos defendidos Soares (2004, p. 19), em seu livro “Letramento: um
tema em três gêneros”, observamos que a criança alfabetizada é aquela que aprendeu o código
linguístico e domina as habilidades de ler e escrever, em contrapartida, a criança considerada
letrada é a pessoa que se apropriou da habilidade de ler e escrever e faz uso delas para cultivar e
exercer as práticas sociais que demandam dessas duas habilidades.

Dessa forma, a alfabetização é um ato mecânico, sem atribuição de signi cado, entretanto, se a
pessoa usar essa leitura e escrita como prática social, ou seja, mudar seus aspectos sociais,
culturais e, até mesmo, econômicos, podemos dizer que essa pessoa é letrada. Portanto, para
Soares (2004, p. 18): “Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e
escrever: o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência
de ter se apropriado da escrita”.

Fazemos parte de uma sociedade letrada; assim, a escola deve propiciar o desenvolvimento do
letramento, ou seja, usar a leitura e a escrita como prática social. Assim, ao se trabalhar com a
escrita, o aluno deve aprender seus diferentes usos e a sua função dentro da sociedade, isto é, o
aluno precisa aprender a interpretar o que leu e não apenas aprender a ler.

Quando nos referimos ao ambiente educativo, temos de ter em mente que esse ambiente nos
remete ao processo de ensino e aprendizagem, portanto, falaremos sobre a forma como nossas
crianças estão sendo educadas, mais precisamente, sobre esses espaços educativos em que elas
estão inseridas.

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Assim, o local em que a criança passa a maior parte do tempo é dentro de uma escola,
entretanto, esse não pode ser considerado o único ambiente onde a criança terá contato com a
língua escrita e com a educação como um todo. De acordo com as palavras de Soares,
observamos que

é um equívoco acreditar que é a escola a única responsável por propiciar a criança os


dois “passaportes” de entrada no mundo da escrita. Muito antes de chegar à
instituição educativa – de Ensino Fundamental e mesmo de Educação Infantil – a
criança já convive tanto com a tecnologia da escrita quanto com o seu uso, porque, em
seu contexto, a escrita está sempre presente: ora muito presente, como nas camadas
economicamente privilegiadas e nas regiões urbanas, ora menos presente, ora em
gêneros e suportes mais próximos ora menos próximos daqueles que a escola valoriza,
mas sempre presente (SOARES, 2010, p. 23).

Portanto, a escola é considerada um ambiente educativo e, quando nos referimos à Educação


Infantil, um ambiente alfabetizador, ou seja, um ambiente em que se promove o encontro da
criança com a leitura e a escrita, de forma a fazer com que ela seja partícipe ativo tanto em um
processo como no outro.

No mais, observamos que o ambiente alfabetizador pode também ser o espaço da sala de aula, os
diferentes espaços dentro da escola, a sua casa, o seu quarto, isto é, um local em que a criança
tenha contato com a escrita e com a leitura. Por exemplo, se em sua casa tiver um espaço com
diversos livros infantis, gibis, revistas, a criança estará em contato com o ambiente alfabetizador
fora do espaço escolar. É válido ressaltar, também, que, em sala de aula, o professor deve colocar
o nome dos objetos que estão na sala, por exemplo, colocar o nome da cadeira, do armário, do
quadro.

praticar
Vamos Praticar
Em seu livro “Letramento: um tema em três gêneros”, Magda Soares (2004) a rma que a alfabetização e
o letramento são elementos indissociáveis e inerentes ao processo de aquisição da leitura e da escrita,
considerando essas duas habilidades com função social. Dessa forma, de acordo com as leituras
realizadas até o momento, assinale a alternativa correta em relação ao termo Letramento.

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SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

a) O letramento é considerado como  dois processos bem diferentes: a leitura e a escrita, sendo
resultado de um ato mecânico.
b) O papel da escola é trabalhar com a escrita, ou seja, somente alfabetizar, e não desenvolver o
letramento, pois isso é função da sociedade.
c) Letramento e alfabetização são termos com conceitos diferentes, mas na prática são iguais, ou
seja, possuem o mesmo signi cado.
d) O processo de leitura e escrita exige habilidades e competências que dependem do
planejamento do professor que deve alfabetizar e letrar seu aluno ao mesmo tempo.
e) Letramento consiste em ensinar a ler e a escrever apenas, pois o aluno não precisa
compreender o que leu.

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Relação com o
Processo de
Escolarização

Ao falarmos em alfabetização, devemos fazer um breve paralelo com o passado para que
possamos compreender a evolução que o processo de alfabetização apresentou com o passar
dos anos e, consequentemente, compreender as práticas que envolvem a alfabetização e o
letramento hoje em dia. Assim, precisamos conhecer as diferentes tendências pedagógicas que
atenderam a necessidade educacional de cada período vivido pela sociedade e um pouco da
história do processo de alfabetização da educação brasileira.

As Tendências Pedagógicas
Sabemos que nas instituições de ensino quem realizará a mediação entre o conhecimento e a
criança será o professor, assim, ele precisa conhecer as diferentes metodologias de ensino. Por
isso, considerando a importância em relação às principais tendências pedagógicas brasileiras,
teceremos alguns comentários que levarão você a re etir sobre o respectivo assunto e
compreender a fundamentação de algumas práticas em sala de aula.

Ao estudarmos as tendências pedagógicas, devemos ter em mente qual a dimensão política e


educacional que estão apresentadas nas metodologias adotadas pelas instituições educacionais.
Dessa forma, é essencial o conhecimento dessas tendências, pois elas são pré-requisitos para
que possamos re etir e transformar o processo educacional existente.

É preciso estabelecer um sentido político e social ao trabalho que está sendo desenvolvido com
os alunos, pois como nos assegura Libâneo (1998), aprender é uma maneira de se estabelecer

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contato com o  conhecimento adquirido pela vivência do aluno, ou seja, pelo seu conhecimento
de mundo, e só tem sentido se esse conhecimento estiver próximo da criticidade dessa
realidade, conforme defende Saviani:

[...] a Pedagogia Crítica implica a clareza dos determinantes sociais da educação, a


compreensão do grau em que as contradições da sociedade marcam a educação e,
consequentemente, como é preciso se posicionar diante dessas contradições e
desenredar a educação das visões ambíguas para perceber claramente qual é a
direção que cabe imprimir à questão educacional (SAVIANI, 1991, p. 48).

Em contrapartida, Luckesi (1994, p. 62) salienta que a “Pedagogia se delineia a partir de uma
posição losó ca de nida”. Assim, ele discorre sobre três tendências losó cas que tentam
explicar o papel desempenhado pela educação na sociedade.

Libâneo (1998, p. 55) classi ca as tendências pedagógicas em dois grupos, sendo estes “liberais”
e “progressistas”. No grupo das tendências “liberais” estão incluídas as tendências “tradicional”,
“pedagogia nova”, e a “pedagogia tecnicista”, já no grupo das tendências “progressistas”
abordaremos as tendências “realista progressista” e a tendência “histórico-crítica”. Dessa forma,
explicitaremos alguns aspectos fundamentais de cada uma destas tendências.

Tendência Tradicional: é caracterizada pelo papel bem especí co entre a gura do professor e
do aluno, ou seja, o professor é o centro de todo o processo de ensino e aprendizagem, é visto
como o único detentor de todo o conhecimento acumulado com o passar do tempo. O professor
tem a função de  transmitir os  conteúdos aos alunos, preparando-os para exercer seu papel na
sociedade. Ao aluno cabe a função de aprender os conteúdos que eram ministrados pelo
professor, e, assim que os compreendia, o aluno tinha de repeti-los e reproduzi-los da mesma
forma que foram ensinados em sala de aula.

Tendência “Pedagogia Nova” ou “Escola Nova”: foi adotada no Brasil por volta da década de
1930. Os autores que fundamentaram essa teoria de ensino foram Rogers, Montessori e Piaget,
que representaram um movimento educacional que possuía como principal característica a
rejeição à teoria tradicional de ensino. Para alcançar os objetivos propostos por essa tendência
pedagógica, o aprendizado teria que ser espontâneo, ou seja, partir do interesse do aluno e não
mais do professor como era na tendência tradicional.

Tendência “Pedagogia Tecnicista”: foi inspirada na teoria positivista, estruturada por Augusto
Comte (1798-1857). De acordo com Gadotti (2006, p. 55), o positivismo é uma doutrina social.
Entre os princípios do positivismo, destacamos que “a sociedade humana é regulada por leis
naturais, ou por leis que têm todas as características das leis naturais, invariáveis, independentes
da vontade e da ação humana” (LÖWY, 2007, p. 36).

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Tendência “Realista Progressista”: estudada e estruturada pelo pesquisador Paulo Freire,


“partia de uma concepção de loso a da educação de que o homem é o ‘sujeito da história’ e não
seu ‘objeto’” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 53). Dessa forma, consideramos que o sujeito, inserido
na proposta da respectiva tendência, é autor da sua própria história, o seu desenvolvimento se
dá por meio da troca de ideias, informações, decisões e responsabilidades, há uma interação
entre os participantes. Dessa forma, é no ambiente educacional que o indivíduo se desenvolve
nos aspectos físico, intelectual e mental.

Tendência “Histórico-Crítica”: a educação deve assumir a responsabilidade de todo o processo


de ensino e aprendizagem, oferecendo aos educandos ferramentas para que estes se tornem
sujeitos críticos, participantes e conscientes. Diante dessa perspectiva, tem-se em mente uma
pedagogia mais realista, chamada de “pedagogia histórico-crítica”, ou seja, vê-se os conteúdos de
forma crítico-social, sem deixar de lado a contribuição das outras tendências pedagógicas.  “Essa
pedagogia escolar procura propiciar a todos os estudantes o acesso e contato com os
conhecimentos culturais necessários para uma prática social viva e transformadora” (FERRAZ;
FUSARI, 2009, p. 55).

Em relação às tendências apresentadas, observamos que foram desenvolvidas ao longo do


tempo e pensadas de forma a satisfazer as necessidades educacionais das sociedades vigentes
em cada época, portanto, todas contribuíram para o desenvolvimento da educação brasileira.

História da Alfabetização
Observamos que o método de alfabetização utilizado em nossas escolas surgiu há pouco mais de
duzentos anos, mais precisamente em 1789, na França, após a Revolução Francesa.

Até a Revolução Francesa, ler era uma aprendizagem diferente e vinha antes do ato de escrever,
que só acontecia após alguns anos de instrução pelo ensino individualizado. Após esse período,
as crianças passavam a ser consideradas alunos e aprendiam a escrever sobrepondo o ato de ler;
este, por sua vez, agora se aprendia a partir do ato da escrita.

Sob tais aspectos, ao observamos a evolução da alfabetização escolar no século XX, chegamos a
três períodos. O primeiro está relacionado à primeira metade do século, a discussão voltava-se
toda para o processo de ensino, ou seja, encontrar o melhor método para ensinar a ler, com base
na suposição de que o fracasso escolar estava relacionado ao uso de métodos inadequados.
Notamos uma discussão entre os pesquisadores do Método Global e do Método Fonético. No
Brasil, essa discussão perdeu sua importância após a difusão do método que, na época, foi
chamado como “misto”, isto é,   o método empregado em nossa conhecida cartilha, que é
desenvolvida por um silabário.

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No que se refere ao segundo momento, mais precisamente nos anos 60, observamos que foi
idealizado nos Estados Unidos. Dessa forma, as discussões sobre o processo de alfabetização
levavam sempre a um assunto, o fracasso escolar. Assim, a luta contra a segregação dos negros,
com a consequente batalha para que eles pudessem se matricular nas escolas americanas,
contribui para que as di culdades escolares dessa minoria ganhassem importância signi cativa.
Foram vários investimentos em pesquisas na tentativa de se compreender porque muitas
crianças não aprendiam. Nesse contexto, notamos que se buscava encontrar no aluno a
explicação de seu fracasso escolar.

Notamos, dessa forma, que as teorias que compreendemos como “teorias do dé cit” são re exos
dos períodos supracitados. Pensava-se que a aprendizagem estava pautada em pré-requisitos
como: cognitivos, psicológicos, perceptivo-motores, linguísticos, entre outros, e que certas
crianças fracassam por não terem essas habilidades prévias. Assim, nesse período, foram
desenvolvidos vários exercícios de estimulação, considerados “remédios” para esse fracasso que
era visto, portanto, como uma doença.

Em relação ao terceiro período, podemos a rmar que teve início em meados dos anos 70 e foi
marcado por uma mudança de paradigma. O desenvolvimento da investigação, no que se refere
à alfabetização, mudou consideravelmente seu objetivo, ou seja, em vez de procurar respostas
que explicassem o dé cit dos que não conseguiam aprender, passou a investigar como aprendem
os que conseguem aprender a ler e a escrever sem di culdade.

Sob esse viés, notamos que várias investigações resultaram em mudanças no que se refere ao
processo de alfabetização atualmente, principalmente na atuação dos professores brasileiros.
Este trabalho foi coordenado por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, publicado no Brasil com o
título Psicogênese da língua escrita, em 1985.

Observamos, ainda, que foi por meio dessa investigação que várias concepções de alfabetização
foram revistas, acarretando em uma transformação radical nas práticas de ensino da leitura e da
escrita. Assim, a escrita já não pode ser vista como a transcrição grá ca de sons e os
conhecimentos prévios que os alunos adquirem informalmente devem ser considerados.
Portanto, os alfabetizadores não podem mais desenvolver suas práticas como desenvolviam
antigamente.

[...] as mudanças necessárias para enfrentar sobre bases novas a alfabetização inicial
não se resolvem com um novo método de ensino, nem com novos testes de prontidão
nem com novos materiais didáticos. É preciso mudar os pontos por onde nós fazemos
passar o eixo central das nossas discussões. Temos uma imagem empobrecida da
língua escrita: é preciso reintroduzir, quando consideramos a alfabetização, a escrita
como sistema de representação da linguagem. Temos uma imagem empobrecida da
criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que
pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Além disso,

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há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações que age
sobre o real para fazê-lo seu (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999, p. 32).

O estudo das autoras supracitadas auxiliaram na transformação do processo de alfabetização da


educação brasileira, levaram os professores a re etirem sobre o processo de ensino e
aprendizagem que era utilizado até então, ou seja, as nossas crianças exigiam uma aprendizagem
mais signi cativa e isso fez com que o processo de alfabetização em nossas escolas tomasse
novos rumos.

praticar
Vamos Praticar
De acordo com Libâneo (1998), as tendências pedagógicas são classi cadas em dois grupos, sendo
estes: tendências liberais e as tendências progressistas. No grupo das tendências liberais destacamos a
tendência Tradicional, a tendência Pedagogia Nova ou Nova Escola, e a tendência Pedagogia Tecnicista.
Já no grupo das tendências progressistas destacamos a tendência Realista Progressista e a tendência
Histórico-Crítica. Diante disso, assinale a alternativa correta.

LIBÂNEO, J. C. Adeus Professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e pro ssão docente.
São Paulo: Cortez Editora, 1998.

a) Na tendência pedagógica Tecnicista o foco da educação era o aluno, não mais o professor nem
o método.
b) A tendência Histórico-Crítica possui como centro do processo educativo o professor, este é o
detentor de todo o conhecimento historicamente acumulado.
c) c) A tendência Realista progressista foi desenvolvida com as contribuições de Luckesi e sua
visão de que o homem é sujeito e o objeto da estrutura social.
d) A tendência da Pedagogia Nova ou Nova Escola é que o interesse do aprendizado deveria
partir do aluno, ou seja, o aprendizado deveria ser espontâneo.
e) A tendência Tecnicista tem como objeto o ser humano, visto que o aluno é o sujeito da história
e não o seu objeto.

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Linguagem Verbal e
não Verbal

Ao falarmos em linguagem verbal e não verbal, devemos considerar o conceito que abrange
esses dois termos, ou seja, no que diz respeito à linguagem verbal, podemos dizer que o termo
verbal se originou do latim, verbu, que signi ca palavra. Dessa forma, linguagem verbal consiste
na apresentação da palavra, escrita ou oral. Sabemos que entre essas duas modalidades existem
diferenças pontuais.

Nesse contexto, não podemos considerar uma modalidade mais importante que a outra. Ambas
são valorizadas quando nos referimos ao processo de alfabetização de uma criança.

Outro conceito que devemos ter em mente refere-se à linguagem não verbal. Esta faz uso de
uma linguagem que não tem como unidade principal a palavra, como, por exemplo, a mímica, em
que a comunicação ocorre por meio de gestos; a dança, que utiliza o movimento corporal para
dizer algo; a música, em que a comunicação centra-se na emissão de sons; a pintura, o desenho, a
fotogra a etc., que utilizam a imagem para comunicar algo.

É notório salientar que vivemos em uma sociedade onde se usa muita imagem para se comunicar,
portanto, isso diz muito a respeito da leitura que fazemos deste mundo a partir dessa linguagem
não verbal.

No mais, observamos que quando há o uso da linguagem verbal e ao mesmo tempo a linguagem
não verbal, temos a linguagem mista; por exemplo, uma história em quadrinhos, em que há
palavras e desenhos para comunicar algo ao leitor.

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Sabemos que o uso dessas três linguagens dentro das escolas é de suma importância para o
desenvolvimento da aprendizagem de nossos alunos. Notamos, assim, que em âmbito
educacional não podemos utilizar somente a linguagem verbal, seja na modalidade oral ou na
modalidade escrita, temos de fazer a interação entre todas as possibilidades de uso dessas
linguagens. Comungamos, portanto, com os preceitos apontados por Rojo:

[...] compreender e produzir textos não se restringe ao trato do verbal (oral e escrito),
mas à capacidade de colocar-se em relação às diversas modalidades de linguagem
oral, escrita, imagem, imagem em movimento, grá cos, infográ cos para elas tirar
sentido (ROJO, 2004, p. 31).

Ao falarmos em alfabetização e letramento, ca evidente que o uso da linguagem verbal (quando


utilizamos a produção oral ou escrita de texto, a leitura de textos escritos, entre outros) e a
linguagem não verbal (como a leitura de imagens, fotogra a, desenhos, entre outros) é
imprescindível para o desenvolvimento da criança.

Sob tais aspectos, envolvendo a linguagem não verbal, observamos que o desenho infantil é
importante para que a criança, em fase de alfabetização, consiga se desenvolver
satisfatoriamente, por isso, não podemos podar o momento criativo da criança, pois é por meio
de suas representações grá cas que ela irá se desenvolver em diferentes aspectos, conforme a
teoria apontada por Lowenfeld e Brittain (1970).

Desenvolvimento Emocional
Quando a criança desenha, demonstra seus sentimentos e a intensidade com que se identi ca
com aquilo que desenhou, re etindo o seu desenvolvimento emocional, ou seja, se a criança é
insegura busca reproduzir representações já existentes, há falta de signi cado e fuga da
realidade.

Assim, o professor deve proporcionar atividades dirigidas e variadas com o objetivo de


transmitir segurança emocional à criança que irá desenvolver várias habilidades na realização
dos trabalhos.

Desenvolvimento Intelectual
A compreensão que a criança tem de si própria e também do seu meio pode ser entendida pelo
desenvolvimento intelectual que a criança manifesta mediante o desenho. No entanto, não
podemos avaliar uma criança apenas por um de seus desenhos.

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Crianças da mesma faixa etária desenham o mesmo objeto de formas diferentes, com mais ou
menos detalhes. Estas contradições podem signi car maior ou menor capacidade intelectual ou
também podem ser in uência do meio ou fatores emocionais e afetivos. É preciso que haja um
equilíbrio entre o desenvolvimento social e intelectual.

Desenvolvimento Físico
O desenvolvimento físico de uma criança, por meio do desenho, se manifesta pela sua
capacidade de coordenação visual e motor, o que irá proporcionar maiores habilidades motoras.
O fato de uma criança exceder em contínuo ou em omissão determinadas partes do corpo tem
ligação direta com as preocupações que ela tem com o seu corpo.

Desenvolvimento Perceptual
Mediante a conscientização evolutiva e no uso da frequência de uma variedade de experiências
perceptuais, vemos o desenvolvimento perceptual da criança. Na observação visual, surgem
cores, espaços, texturas e sensações sinestésicas. Na percepção auditiva, a criança pode ouvir e
retratar no papel alguns sons. A percepção espacial é desenvolvida em maior escala à medida
que a criança vai crescendo e passa a perceber o que não percebia antes. É papel do educador
estimular a criança a perceber todas as sensações, sejam auditivas, visuais ou palpáveis.

Desenvolvimento Social
Normalmente, os desenhos das crianças são representações nas quais a consciência social está
presente. São situações em que a criança identi ca-se, como momentos na escola, passeio que
gostou, brincadeiras realizadas com amigos etc. E, nesse momento, é de suma importância fazer
a criança compreender e assumir responsabilidades pelo que ela realiza. Proporcionar nossos
desa os nas atividades artísticas que desenvolve trará melhor desenvolvimento ao aspecto
social da criança.

Desenvolvimento Estético
Observamos que no desenvolvimento estético ocorre a sensação de fazer parte da experiência
como um todo. É por isso que um trabalho criador não existe regra xa ou um padrão a ser
seguido. A estética está ligada à personalidade. Pintores são reconhecidos pela sua organização,

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qualidades de cores e formas. A falta dessa organização pode respaldar a falta de integração
psíquica do indivíduo.

saiba
mais
Saiba mais
Quando nos remetemos ao ambiente educativo no
espaço escolar, temos de nos reportar também a outro
espaço que auxilia o professor no que diz respeito ao
desenvolvimento das crianças inseridas na Educação
Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esse
espaço é chamado de Brinquedoteca e as escolas que
atendem a esses níveis de ensino devem ter um local
reservado para o desenvolvimento de atividades
voltadas para o lúdico, pois toda criança tem o direito de
brincar.

Ao nos referirmos ao espaço destinado à brinquedoteca,


observamos que é um ambiente onde a criança será
estimulada a brincar, passará a explorar, sentir,
experimentar, além de socializar-se com outras crianças,
portanto, esse ambiente, também chamado de educativo,
pode ser considerado um complemento para os
conteúdos e atividades desenvolvidas em sala de aula.

ACESSAR

Desenvolvimento Criador
O desenvolvimento Criador inicia-se muito cedo e, de acordo com Lowenfeld e Brittain (1970), a
reação da criança com as experiências sensoriais é o marco desse estágio, traduzido na
capacidade de estabelecer contato com o mundo. Aroeira, Soares e Mendes (1996, p. 53) nos
ensinam que:

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a arte não começa com o primeiro rabisco que a criança faz. Na realidade, tem início
mais cedo, quando a criança reage às experiências sensoriais estabelecendo o contato
com o mundo. Essa é de fato a base essencial para a produção de formas artísticas.  

No mais, a arte de desenhar não pode ser imposta, pois tudo o que é imposto poda a criatividade,
portanto, deve partir da vontade do criador, de sua criatividade em representar aquilo que é
imaginado, por isso a criança precisa ter liberdade emocional para explorar e desenvolver aquilo
que pretende desenhar.

praticar
Vamos Praticar
Vimos que a fase do desenho infantil é muito importante para a aquisição da leitura e da escrita.
Segundo Lowenfeld e Brittain (1970, p.41), observamos que o desenvolvimento social é representado
no desenho e na pintura infantil, isso se expressa quando a criança domina ou possui a consciência
social.

A partir de tal a rmativa, assinale a alternativa correta.

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre Jou,
1970.

a) Os desenhos das crianças não são representações nas quais a consciência social está
presente.
b) No caso do desenvolvimento social, o desenho da criança acompanha o seu crescimento
físico.
c) São situações em que a criança não se identi ca, como, por exemplo, momentos vividos na
escola.
d) O desenvolvimento social se expressa por meio da representação de situações vividas no
cotidiano da criança.
e) A criança nunca representa algo que fez parte de sua convivência social, ou seja, seus
desenhos são representações únicas de coisas aleatórias.

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Relação Desenho e
Escrita

Sabemos que as crianças se comunicam por meio do desenho, ou seja, antes de dominarem o
processo de escrita, elas usam o desenho para demonstrar seus sentimentos. Assim, sabemos
que uma criança que se encontra na fase pictórica, ou seja, antes da aquisição do processo de
leitura e escrita, não pode ter a sua criatividade podada, pelo contrário, deve ser estimulada. Por
isso a importância de o professor alfabetizador conhecer as fases do desenho e os níveis
conceituais linguísticos, para que possa estimular e desenvolver seus alunos.

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reflita
Re ita
O Desenho Infantil e a
Alfabetização
Caro(a) acadêmico(a), leia a citação a seguir,
retirada do livro “A formação social da mente”,
escrito por Vygotsky.

Inicialmente a criança desenha de


memória. Se pedirmos para ela
desenhar sua mãe, que está sentada
diante dela, ou algum outro objeto que
esteja perto dela, a criança desenhará
sem sequer olhar para o original; ou
seja, as crianças não desenham o que
veem, mas sim o que conhecem. Com
muita frequência, os desenhos infantis
não só têm nada a ver com a
percepção real do objeto como, muitas
vezes, contradizem essa percepção
(VYGOTSKY, 1989, p. 127).

Isso nos leva a re etir que a criança tem uma


criatividade aguçada, mas quando chega na vida
adulta essa criatividade é podada. Por que isso
ocorre? Quando esse estímulo diminui e a nossa
criatividade acaba ou se torna insigni cante?

Fonte: Adaptado de Vygotsky (1989).

As Fases do Desenho Infantil


As crianças, por meio dos desenhos, expressam seu modo de pensar e apresentam as suas
habilidades. Sob esse aspecto, Lowenfeld e Brittain (1970) classi cam a evolução do desenho em
três fases.

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Fase das Garatujas (Entre 2, 3 e 4 Anos)


É na interação com o meio que a criança dá início à sua aprendizagem. E os seus primeiros anos
de vida são fundamentais, pois é quando ela estabelece padrões de aprendizagens que irão
re etir por toda vida.

A linguagem inicia-se bem cedo, mas o registro permanente de suas ações inicia-se com as
garatujas. Elas podem acontecer na terra, na areia, nas paredes, ou papel, e utilizados pedaços de
tijolos, giz ou carvão na ausência do lápis ou caneta.

Representações grá cas muito primitivas são garatujas, que correspondem a quando a criança
percebe que deixou marca por meio do movimento de sua mão. As garatujas possuem três
categorias.

Garatujas Desordenadas

São rabiscos aleatórios e a criança não percebe que pode representar algo por meio deles.

Garatujas Controladas

A criança estabelece relação entre gesto e traço. Repete movimentos de vai e vem, descobre que
pode variar cores e adquire maior controle sobre o tamanho, forma e localização no espaço em
que está desenhando; no entanto, tudo ainda é muito abstrato.

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Garatujas com Atribuições de Nomes

Nesse estágio, é comum a criança explicar o que vai ou já desenhou. A criança tenta imitar um
adulto e seus traços, agora, têm um signi cado real.

Figura 1.3 - Garatuja com atribuição de nomes


Fonte: Silva e Caetano (2014, p. 52).

Fase Pré-Esquemática (Entre 3 e 6 Anos)


Nesta fase, os desenhos começam surgir com bolinhas fechadas que são organizadas com
preceitos topográ cos, por exemplo: em cima/embaixo, fora/dentro. Ela cria signi cado,

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relacionando com o mundo à sua volta e assim o desenho ca mais “concreto” para quem os
visualiza.

A primeira imagem representada pela criança em geral é a gura de uma pessoa – o


boneco – que se faz presente em quase todos os desenhos da primeira infância. Assim,
observamos que a representação típica dessa gura humana se faz por meio de um
círculo, que indica a cabeça, e duas linhas representadas na vertical, que representam
as pernas (AROEIRA, 1996, p. 55).

Mediante o desenho, a criança estabelece vínculos com a realidade e por isso valorizar sua
capacidade criadora e reconhecer que o desenho possui signi cados é de fundamental
importância para o professor.

Para Lowenfeld e Brittain (1970), a fase pré-esquemática apresenta algumas características:

A criança retrata, em seus desenhos, o conhecimento que possui sobre o objeto a ser
representado;
Ela também faz descobertas e explora novas formas de desenhar;
Não apresenta vínculo entre o tema e os objetos que foram representados;
Não apresenta noção de espaço entre os objetos representados em seus desenhos;
A representação da gura humana não é clara, mas perceptível;
A criança apresenta vontade de escrever fazendo tentativas de escrita;
Os símbolos começam a ser construídos.

Notamos que, ao desenhar, a criança estabelece vínculo com a realidade que a cerca e é por isso
que o professor deve valorizar a criatividade dessa criança, considerando que o desenho que ela
fez está repleto de signi cado, ainda mais nessa fase em que é possível identi car as intenções
das crianças.

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Fase Esquemática (Entre 7 a 9 Anos)


A ordem de nida das relações espaciais é a maior descoberta feita pela criança nessa fase. O
desenho é considerado símbolo de um objeto real, tem intenções e permite a elaboração de
projetos individuais ou coletivos.

Nesta fase, todos os elementos de uma linha de base podem representar o chão, a grama, isto é,
onde a criança se situa. Ela organiza o desenho no espaço da folha e tudo o que é relacionado ao
céu está em cima e tudo o que é relacionado à terra está embaixo.

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A evolução do desenho é vista na gura humana, que a partir de agora deixa de ser caracterizada
como palitos ou girinos, passando a ser mais elaborada.

Os Níveis Conceituais Linguísticos


Observamos que foram os estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999), apresentados no
livro A psicogênese da língua escrita, que trouxeram a compreensão de novas concepções acerca
do processo de escrita.

A leitura e a escrita não dependem exclusivamente da habilidade que o alfabetizando


apresenta de ‘somar pedaços de escrita’, e sim, antes disso, de compreender como
funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada na sociedade (FERREIRO;
TEBEROSKY, 1999, p. 38).

Por meio de investigações e pesquisas contemporâneas os educadores conseguiram


compreender as hipóteses formuladas pelos alunos a respeito da língua escrita. Estudos
psicolinguísticos contribuíram para o entendimento desse processo, conforme explicita Soares
(2017, p. 19):

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Os estudos psicolinguísticos a respeito da leitura e da escrita voltam-se para a análise


de problemas, tais como a caracterização da maturidade linguística da criança para a
aprendizagem da leitura e da escrita, as relações entre linguagem e escrita, a interação
entre a formação visual e não visual no processo da leitura, a determinação da
quantidade de informação que é apreendida pelo sistema visual, quando a criança lê
(SOARES, 2017, p. 19).

Sob esse viés, sabemos que o professor deve ter conhecimento em relação às concepções que a
criança desenvolve sobre a escrita e deve mediar a sua aprendizagem. Nesse contexto,
observamos que a criança elabora o con ito, a assimilação, a acomodação e vai construindo seu
conhecimento até chegar ao funcionamento do código linguístico.

Podemos a rmar, portanto, que esse processo é consiste em um trabalho árduo a ser
desenvolvido pelo professor, ou seja, é por meio de sua mediação que saberá quando deve
intervir na aprendizagem da criança e quando precisa estimulá-la com  novos desa os.

Portanto, conhecer os níveis conceituais linguísticos na alfabetização é de suma importância


para que o professor consiga desenvolver um trabalho pedagógico satisfatório, além de auxiliar
o professor a incorporar novas estratégias de ensino em suas aulas, para que possa mediar a
promoção do aluno para os níveis seguintes.

Nível 1:
Pré-
silábico
A criança não compreende a correspondência
entre pensamento e palavra escrita, não
compreende a relação entre fonema e grafema;
não possui o entendimento sobre o valor sonoro, freepik.com
ou seja, som-letra; não se preocupa com a
disposição das letras para formar uma palavra; a
criança  não escreve artigos e verbos, apenas
substantivos; coloca muitas letras para

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representar diferentes palavras, para a criança as


mesmas letras ou sílabas não podem aparecer em
uma mesma palavras, apresentando, assim, o que
identi camos como realismo nominal.

Ao fazermos essa breve leitura sobre a importância do desenho e como ele auxilia o processo de
alfabetização, compreendendo, assim, os níveis conceituais linguísticos pelos quais a criança
passa, notamos que o desenho e a escrita são processos interligados nos quais a criança deve ser
desenvolvida para que o processo de aquisição da leitura e da escrita não que prejudicado.

praticar
Vamos Praticar
Sabemos que é de suma importância que o professor alfabetizador saiba identi car em seus alunos as
fases do desenho em que eles se encontram. Assim,  pré-esquemática e esquemática compõem as fases
do desenho infantil que expressam importantes análises sobre o desenvolvimento das crianças. Sobre as
fases, assinale a alternativa correta.

a) Na fase esquemática, os desenhos expressam maior elaboração, mas ainda não apresentam a
representação de superfícies.
b) A fase pré-esquemática é caracterizada somente pela imitação, a criança não demonstra
nenhum tipo de criatividade.
c) Na fase esquemática, a criança realiza desenhos da gura humana com característica de
homem palito ou homem girino.
d) Na fase pré-esquemática, a criação da criança apresenta relação com o mundo que a rodeia.
e) Na fase pré-esquemática, a criança domina os espaços, consegue fazer desenhos perfeitos em
que é possível identi car o que ela quis desenhar.

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indicações
Material
Complementar

FILME

O Sorriso de Monalisa
Ano: 2003

Comentário: o respectivo lme mostra o ensino tradicional e a forma


como as alunas dessa instituição tradicional aprendem, considerando
a sociedade a qual pertenciam, no decorrer das aulas de História da
Arte. Com a chegada da nova professora de História da Arte, há a
inserção de uma nova metodologia na escola, causando sérias críticas
à professora.

Para conhecer mais sobre o lme, acesse o trailer a seguir.

TRAILER

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LIVRO

Alfabetização e letramento
Editora: Contexto

Autora: Magda Soares

ISBN: 9788572442435

Comentário: O respectivo livro apresenta concepções de


alfabetização e letramento, explicitando a necessidade de se
enfrentar o problema da alfabetização e do letramento de forma
multidisciplinar. Em seguida, ela faz uma crítica aos programas de
leitura e escrita oferecidos em nossas escolas e os problemas que
encontramos no processo de alfabetização de nossas crianças.

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conclusão
Conclusão
Quando pensamos em alfabetização, em primeiro lugar, nos vem à mente letras do alfabeto, os
fonemas. Também nos lembramos da nossa experiência quando fomos alfabetizados.
Antigamente, a educação era vista como modelo autoritário, muita “decoreba” dos conteúdos,
pois neste instante apenas o professor detinha o saber e era na escola que o conhecimento
deveria acontecer, ou seja, era um ensino tradicional.

Hoje em dia, a relação entre professor e aluno é muito importante para o desenvolvimento de
uma educação de qualidade, por isso essa relação deve ser vista de forma ampla, isto é, o
professor tem a função de   mediar   conhecimentos já existentes e estará sempre aprendendo
com as colocações e participações das vivências de seus alunos. Devemos partir da realidade da
criança, instigando sua curiosidade e propiciando momentos interessantes em que os conteúdos
se apresentam com signi cado e re exão. Por isso, apontamos as características e o conceito de
um processo de alfabetização e letramento indissociáveis para o desenvolvimento de nossos
alunos.

referências
Referências
Bibliográ cas
AROEIRA, M. L. C.; SOARES, M. I. B.; MENDES, R. E. A. Didática de pré-escola: brincar e
aprender. São Paulo: FTD, 1996.

FERRAZ, M. H. C. de T.; FUSARI, M. F. de R. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 2009.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.

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GADOTTI, M. Escola cidadã. São Paulo: Cortez, 2006.

LIBÂNEO, J. C. Adeus Professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e pro ssão
docente. São Paulo: Cortez Editora, 1998.

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo: Mestre


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LÖWY, M. Ecologia e socialismo. São Paulo: Cortez, 2007.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1994.

MELO, L. S. O desenho infantil e suas etapas de evolução. 2016. Trabalho de Conclusão de


Curso (Graduação em Pedagogia) - Faculdade São Luís de França, 2016. Disponível em:
https://portal.fslf.edu.br/wp-content/uploads/2016/12/tcc_2.pdf. Acesso em: 06 maio 2020.

OLEIRO, D. S. M.  Fase das Garatujas: Sua importância para o desenvolvimento cognitivo. 2016.
Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada, Mestrado (Quali cação para a Docência em
Educação Pré-Escolar) - Instituto Superior de Educação e Ciências, 2016. Disponível em:
http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/20639/1/Final%20tese%202.docx%20ALTERACOES.pdf
Acesso em: 06 maio 2020.

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SILVA, M. R. DA S.; CAETANO, M. R. O processo mágico de apropriação do sistema de escrita: da


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SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Editora Contexto, 2017.

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