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RESERVATÓRIOS PARALELEPIPÉDICOS

CARLOS HENRIQUE MAIOLA


Doutorando em Engenharia de Estruturas da EESC-USP

1 INTRODUÇÃO
Por reservatórios, do ponto de vista estrutural, serão denominadas todas as estruturas
que tenham a função de armazenar líquidos. Em face de sua predominância, serão tratados
aqui apenas os “Reservatórios para Armazenagem de Água”.
Os primeiros reservatórios de que se tem notícia, segundo KIRBY et al (1956), foram
as cisternas construídas em rochas sãs, datadas do século 25 a.C., por uma civilização que
posteriormente tornou-se a comunidade Grega. Esses construtores projetaram um sistema de
captação de água de chuva que era mantida limpa, armazenada em cisternas, e utilizada em
salas de banho.
No Brasil, em 1880, segundo TELES (1984), foi inaugurado no Rio de Janeiro o
grande reservatório de Pedregulho, com capacidade para 80 milhões de litros, utilizado para o
sistema de abastecimento de água da cidade, construído em alvenaria de pedra, com arcadas e
tetos abobadados que até hoje causam admiração. Esse reservatório, com mais quatro outros
em vários pontos da cidade, concluídos em 1877 e 1878, constituíram o grande sistema de
abastecimento de água planejado pelo Eng. Jerônimo de Moraes Jardim.
Como se pode ver, desde do século 25 a.C., este tipo de estrutura tem sido utilizada, o
que gerou uma gama de tipos de reservatórios, os quais utilizam diferentes concepções,
formas, sistemas construtivos etc. Outros utilizam materiais diferentes do convencional
concreto armado, como argamassa armada, alvenaria estrutural e concreto protendido.
Em vista desta numerosa tipologia, mas sem nenhuma perda de generalidade, o
objetivo deste trabalho foi a elaboração de um texto básico, que forneça orientação para a
execução dos projetos estruturais de reservatórios, porém tratando de um caso particular, o
dos reservatórios de concreto armado moldados in loco, cujas cubas1 tenham formas
paralelepipedais, isto é, sejam formadas por lajes e paredes perpendiculares entre si, já
conhecidos com o nome de “Reservatórios Paralelepipédicos”, que constituem a grande
maioria dos reservatórios executados no país.

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Cubas parte do reservatório formada por elementos estruturais de superfície com a finalidade principal de
armazenar líquidos.

1
Entretanto, muitas das indicações fornecidas ao longo deste trabalho poderão ser
aproveitadas na execução dos projetos de outros reservatórios, mesmo que suas cubas não
tenham esta forma particular.

2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS


Devido à generalidade dos reservatórios, estes podem ser classificados sob vários
aspectos. Porém para não desviar dos objetivos deste trabalho, serão apresentadas aqui apenas
as classificações relativas aos aspectos estruturais e construtivos, de modo sucinto.

2.1 Quanto à posição em relação ao solo


Uma das principais classificações dos reservatórios é a que define a sua posição em
relação a um plano de referência. Este plano de referência é o plano horizontal de um terreno
onde a estrutura é apoiada. A partir disto, são definidos os reservatórios levados e os térreos.
2.1.1 Reservatórios elevados
Utilizados em situações onde seja necessária a atuação de pressão, que seja suficiente
para suprir aparelhos hidráulicos e equipamentos. Pode-se separar os reservatórios
elevados de acordo com sua estrutura portante; deste modo tem-se os compostos por
torre com fuste (fig. 2.1.a), indicados para grandes reservas de água, os sustentados por
pilares (fig. 2.1.b), reservatórios pequenos (escolas, indústrias), e por fim os encontrados
em residências e edifícios, que tem sua estrutura fazendo parte da própria estrutura
dessas construções (fig. 2.2).

(a) Torre com fuste (b) Sobre pilares


Figura 2.1 - Reservatórios elevados, mais comuns.

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Figura 2.2 - Reservatórios elevados nos edifícios.
2.1.2 Reservatórios térreos
Posicionados geralmente em regiões elevadas para que seu funcionamento seja por
gravidade ou, quando em regiões baixas, estes são utilizados apenas para reserva de
água; quando necessário é feito o recalque por bombas hidráulicas para reservatórios
superiores.
a) Reservatórios apoiados
Segundo VASCONCELOS (1998) é um tipo de reservatório menos comum em
concreto armado, por ocupar grandes áreas. É mais utilizado para abastecimento público
e industrial, e se caracterizam por terem a laje de fundo apoiada diretamente no solo.
b) Reservatórios enterrados
Abrangendo também os semi-enterrados (fig. 2.3), são os reservatórios que
apresentam as estruturas mais econômicas, em face da pequena quantidade de concreto
estrutural por metro cúbico de água reservada; esta característica se torna mais
significante quando projetados em fundação direta.
Um reservatório enterrado em particular, também conhecido como cisterna, é o
adotado em edifícios, quando a pressão disponível na rede de distribuição pública não é
suficiente para elevar a água para o reservatório superior. Com isto, reserva-se a água
nas cisternas efetuando o recalque com bombas hidráulicas.

Figura 2.3 - Seção transversal de um reservatório semi-enterrado em fundação direta.

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2.2 Quanto à forma das superfícies média das cubas
Esta classificação é muito importante do ponto de vista estrutural, porque separa os
reservatórios em três grupos bem diferentes quanto aos aspectos estruturais e construtivos.
O primeiro grupo é o das CASCAS (fig. 2.4.a), com suas superfícies médias em curvas,
que apresentam um grau maior de dificuldade na execução dos projetos e das estruturas
O segundo grupo é o dos PIRAMIDAIS (fig. 2.4.b), com suas superfícies médias
planas em forma de pirâmides, de ocorrência mais rara e dificuldades apenas de projeto.

(a)Cubas de revolução com geratriz curva (b) Cubas tronco-piramidais

Figura 2.4 - Reservatórios elevados com as cubas em cascas e piramidais

Por último tem-se o grupo dos PRISMÁTICOS, que em geral não apresentam maiores
dificuldades. São projetados com seção triangular, hexagonal, octogonal e, com muito mais
freqüência, com seção retangular. Estes, denominados reservatórios PARALELEPIPÉDICOS,
formam a grande maioria dos reservatórios térreos e dos pequenos reservatórios elevados (fig.
2.5).

(a) Reservatórios elevados para (b) Reservatórios para abastecimento de


indústrias, escolas, etc. cidades.

Figura 2.5 - Exemplos de reservatórios paralelepipédicos

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Assim sendo, será introduzida agora uma complementação nesta classificação, muito
importante para o cálculo e para as análises dos esforços dos reservatórios paralelepipédicos,
que é a separação das suas cubas nos seguintes grupos: achatadas, alongadas e cúbicas.
2.2.1 Cubas achatadas: são aquelas onde a altura é muito menor do que os outros dois lados,
ou seja, h  a e b .
Ocorrência:
A quase totalidade dos grandes reservatórios térreos e
das piscinas.

2.2.2 Cubas alongadas: são aquelas onde o comprimento é bem maior do que a largura e a
altura, ou seja, a  b e h .
Ocorrência:
Reservatórios especiais para captação de água, tanques,
canais etc.

2.2.3 Cubas cúbicas: são aquelas onde os dois lados e a altura são da mesma ordem de
grandeza, ou seja, a ~ b ~ h .
Ocorrência:
Reservatórios térreos dos edifícios, pequenos
reservatórios elevados de indústrias, escolas,
residências etc.

2.3 Quanto ao volume de água armazenada


Será apresentada aqui uma classificação dada por COSTA (1998), para os reservatórios
elevados, e uma outra para os térreos, uma vez que são dois tipos de estruturas bem diferentes.
Por exemplo as dificuldades para a elaboração de um projeto estrutural bem como para a
execução de um reservatório térreo de 5000 m³, nem de longe se comparam com as
dificuldades correspondentes ao reservatório elevado com essa mesma capacidade. Assim
sendo, tem-se:
 Para os elevados:  Para os térreos:
Pequenos................V  50m³ Pequenos..................... V  500m³
Médios........ 50m³ V 500m³ Médios....... ...500m³  V 5000m³
Grandes...................V  500m³ Grandes.................... ... V 5000m³

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3 RESERVATÓRIOS PARALELEPIPÉDICOS
As formas em planta mais comuns para os reservatórios são as circulares e as
retangulares. Do ponto de vista econômico, alguns pesquisadores atuais chegaram à conclusão
de que os reservatórios com paredes cilíndricas são mais econômicos para grandes reservas de
materiais, devido à sua geometria contendo simetrias de revolução, enquanto os
paralelepipédicos são melhor aproveitados para pequenas reservas, devido à simplicidade de
execução.
Este trabalho se restringirá ao estudo dos reservatórios que na prática são encontrados
em edifícios, ou seja, RESERVATÓRIOS PARALELEPIPÉDICOS de concreto armado
moldados in loco.
Em princípio, para edifícios deve existir um reservatório inferior (geralmente
enterrado), abastecido diretamente pela rede pública, e um outro superior (elevado),
abastecido por bombas de recalque do próprio edifício. Estes em geral são constituídos por
pelo menos duas células independentes, para que a limpeza possa ser feita sem prejuízo do
abastecimento de água.
Segundo FUSCO (1995), os problemas de projeto dos reservatórios elevados e
enterrados são análogos, mas os detalhes dos reservatórios superiores são freqüentemente
sujeitos a restrições mais exigentes.
A localização do reservatório elevado na estrutura depende das disponibilidades criadas
pelo arranjo dos pilares. Em geral são utilizados os pilares que formam a caixa de escada,
deixando-se os pilares do poço do elevador para a sustentação da casa de máquinas (ver fig.
2.2).
Uma vez definido o volume de água a ser armazenado no reservatório superior e
considerando a folga necessária para a instalação de bóias e da tubulação de descarga de
segurança, determinam-se as dimensões do reservatório, limitando-se usualmente sua altura a
cerca de 2,0 a 2,5 metros. Não convém ultrapassar esta altura para evitar lajes com esforços
exagerados, mesmo que isto obrigue a arranjos em que parte do reservatório fique em balanço
em relação aos pilares.
Na figura 3.1 são apresentadas algumas dimensões usuais de um reservatório elevado,
bem como os detalhes das mísulas e das aberturas na laje de tampa para o acesso da equipe de
manutenção; essas aberturas costumam ter dimensões da ordem de 70cm x 70cm, devendo ser
devidamente tampadas a fim de evitar a penetração de água da chuva e outros corpos
estranhos.

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Figura 3.1 - Reservatório elevado para edifícios.

4 AÇÕES ATUANTES NOS RESERVATÓRIOS


Por ação, entende-se toda e qualquer causa que provoque o aparecimento de esforços e
deformações nas estruturas. Podem ser de dois tipos: AÇÕES INDIRETAS e DIRETAS.
As AÇÕES INDIRETAS são aquelas que impõem deformações nas estruturas e,
consequentemente, esforços. São elas:
- Fluência;
- Retração;
- Variação de temperatura;
- Deslocamentos de apoio e
- Imperfeições geométricas.
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Contudo, assim como para edifícios comuns, estas ações não fazem parte dos
carregamentos com que se calculam os reservatórios. Na prática são tomados alguns cuidados
especiais na elaboração dos projetos estruturais destes, bem como na execução, para se
minimizar as influências deletérias dessas ações.
As AÇÕES DIRETAS são esforços externos que atuam nas estruturas, gerando
deslocamentos e esforços internos em seus elementos estruturais. Em reservatórios as ações
atuantes se apresentam sobre dois aspectos: ações verticais e ações horizontais.
No Brasil, os principais esforços externos que podem atuar nos reservatórios, conforme
sejam elevados ou térreos, são apresentados a seguir, juntamente com suas notações
simplificadas.

 Para reservatórios térreos:  Para reservatórios elevados


- peso próprio + sobrecarga : G - peso próprio + sobrecarga : G
- água (peso e empuxo): A - água (peso e empuxo): A
- terra (empuxo nas paredes): T - vento: V
- lençol freático (sub-pressão):L

4.1 Peso próprio e sobrecarga


A ação devida ao peso próprio nas lajes horizontais configuram uma ação
uniformemente distribuída por unidade de área (kN/m2), representadas nas lajes de tampa e de
fundo como segue:
qg = c . h onde : h é a espessura da laje medida em metros
c é o peso específico do concreto armado (25 kN/m3)

A ação devida ao peso próprio nas paredes é uniformemente distribuída por metro
linear, comportando-se como vigas, vigas-parede ou paredes estruturais. Sendo assim:
qg = c . bw . hp onde : c é o peso específico do concreto armado (25 kN/m3)
bw é a espessura da parede
hp é a altura da parede medida em metros

Além da ação do peso próprio atuante sobre as paredes dos reservatórios, há de se


observar que existem também as ações devidas ao apoio das lajes horizontais sobre as paredes:
na parte superior da parede tem-se a laje da tampa e na parte inferior a laje do fundo.

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Quando às sobrecargas, como em geral estas ações nas lajes de cobertura são muito
pequenas em relação à ação total das mesmas (da ordem de 8%) e com efeitos desprezíveis nos
demais elementos do reservatório, geralmente considera-se esta agregada ao peso próprio da
laje, podendo ser descartada se for a favor da segurança. Exceção deve ser feita aos
reservatórios enterrados sujeitos à ação de tráfegos de veículos, por exemplo as cisternas
localizadas nas garagens de edifícios.

4.2 Água
O empuxo da água, que atua nos reservatórios, constitui na principal ação a ser
analisada; em suas paredes esta atua linearmente distribuída, a partir da altura da lâmina d’água
até o fundo da reservatório, onde atua com sua máxima intensidade uniformemente distribuída,
proporcional à altura da lâmina d’água:
pa = a . ha onde : a é o peso específico da água (10kN/m3)
ha é a altura da lâmina d’água em metros

Obs:
Devido à inexistência de tabelas que forneçam valores para lajes parcialmente
carregadas com ações linearmente distribuídas, pode-se adotar a seguinte simplificação:

E = E1
q  a q1  a1

2 2
a1
ou q  q1 
a

a12
Sendo q1 = 10  a1 (kN/m2)  q  10  (kN/m2)
a

onde:
a1 = altura da coluna d’água
a = altura teórica da placa

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4.3 Vento
Para estruturas de reservatórios elevados o projeto deve levar em conta as forças
devidas ao vento agindo perpendicularmente a cada uma das fachadas. O efeito do vento em
reservatórios elevados deve ser considerado sobre a estrutura portante, onde os pilares devem
resistir a este efeito. No caso de reservatórios sobre edifícios o efeito do vento deve ser
considerado agindo na estrutura global.

4.4 Solo
Com relação ao solo, serão consideradas as seguintes ações: empuxo do solo, sub-
pressão d’água, sobrecarga sobre o terreno e reação do solo sob o reservatório.

4.4.1 Empuxo do solo


Recomenda-se que seu efeito seja considerado somente quando for desfavorável, o que
ocorre quando se considera o reservatório vazio.
Diversos são os fatores que intervém no cálculo do empuxo. Por exemplo:
 natureza do terreno: peso específico, ângulo de atrito, coesão etc.;
 rigidez e deslocabilidade da estrutura;
 sobrecargas atuantes sobre o maciço;
 nível do lençol freático;
 forma da estrutura, inclinação dos taludes e dos anteparos etc.
O empuxo do solo deve ser estudado através das teorias da Mecânica dos Solos. Para
os reservatórios enterrados usuais, na falta de elementos que caracterizem suficientemente o
terreno, podem ser adotados os valores práticos indicados na figura 4.1.

Terrenos arenosos  k = 0,4 a 0,5 ; k1 = 1,0 a 1,2


Terrenos argilosos k = 0,6 a 0,7 ; k1 = 1,3 a 1,5
(Dados extraídos de Rocha (1969) vol III )

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Figura 4.1 – Consideração do empuxo do solo
4.4.2 Sub-pressão d’água
Quando o nível do lençol d’água é mais elevado do que o fundo do reservatório, deve
ser considerado o empuxo da água nas paredes laterais, e deve ser analisado o efeito da
pressão exercida pela água no sentido de baixo para cima, denominada sub-presão.

Figura 4.2 – Consideração do sob-presão d’água


O nível d’água é fornecido pelas sondagens, e a pressão d’água é dada pela expressão:
pa   a  ha

sendo  a = 10 kN/m3
4.4.3 Sobrecarga sobre o terreno
No caso da existência de sobrecarga sobre o terreno, seu efeito pode ser considerado
como proveniente de uma camada de solo de mesmo peso.

Figura 4.3 – Consideração da sobrecarga sobre o terreno

Então, a1 é obtido na expressão a1  q /  sol e a distribuição trapezoidal de

pressões fica definida por:


p1  k  a1 e p2  k (a1  a)
Para uso das tabelas de laje, pode ser considerada a superposição dos efeitos das
distribuições triangular e uniforme.
Na falta de dados mais exatos a respeito do solo, pode-se admitir o valor médio:
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sol = 18 kN/m3
4.4.4 Reação do solo
É considerada uniforme, sendo obtida somando-se todas as cargas verticais que atuam
no reservatório (permanentes e acidentais) e dividindo-as pela área do fundo.

4.5 Carregamentos a considerar


Deve ser considerado nas combinações de ações, para cada caso, a situação mais
desfavorável, ou seja:
- RESERVATÓRIO ELEVADO
Tem-se apenas um carregamento crítico a considerar; ou seja, reservatório cheio.
Carregamento Descrição
G+A peso-próprio e empuxo d’água

-RESERVATÓRIO TÉRREO
Recomenda-se considerar, nos reservatórios térreos, dois carregamentos, pelo menos:
- Reservatório cheio;
O primeiro carregamento consiste em considerar o reservatório cheio. Como existe a
possibilidade do empuxo do solo não atuar, a sua consideração nesse carregamento seria
contra a segurança.
Carregamento Descrição
G+A peso-próprio e empuxo d’água

- Reservatório vazio;
O segundo carregamento consiste em considerar o reservatório vazio, com a ação
apenas do empuxo do solo.
Carregamento Descrição
G+T peso-próprio e empuxo do solo

Outros carregamentos têm a possibilidade de atuarem, sob forma de ações eventuais


(sub-pressão d’água, sobrecarga sobre a tampa ou sobre o solo), ou se existirem divisões
internas (deve-se prever uma parte cheia e outra vazia), esses outros carregamentos devem ser
considerados, quando necessário.

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5 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL
Há necessidade de se conhecer o comportamento das ligações, quanto à situação de
vinculação das lajes que compõem o reservatório. Para tanto deve-se considerar, em cada
caso, a direção das forças resultantes (R1, R2 e R3), das ações que atuam na tampa, no fundo
e nas paredes respectivamente, e as rotações que elas produzem nas arestas.
Na figura 5.1 são analisados os casos de reservatórios paralelepipédicos elevado cheio,
apoiado cheio e enterrado vazio e cheio, quanto ao comportamento das ligações.
R1 R1
ART. ART. ART. ART.
A C A C
tampa tampa
rotações rotações rotações rotações

parede R3 R3 parede parede R3 R3 parede


R2
rotações rotações rotações fundo rotações

B fundo D B D
ENG. ENG. ART. ART.
R2

R1 R1
ENG. ENG. ART. ART.
A C A C
tampa tampa
rotações rotações rotações rotações

R3 parede parede R3 parede R3 R3 parede

rotações rotações rotações rotações


fundo fundo
B D B D
ENG. ENG. ART. ART.
R2 R2

Figura 5.1 - Rotações nas arestas dos reservatórios paralelepipédicos.

Para o cálculo aproximado das lajes desses reservatórios, existem duas situações de
vinculação a considerar: a) nas arestas onde há tendência de giro em sentidos opostos, admite-
se engastamento perfeito; b) nas arestas onde há tendência de giro no mesmo sentido, admite-
se apoio simples. Para os casos analisados na figura5.1 tem-se:
tampa com as paredes  apoio simples
Reservatório elevado cheio fundo com as paredes  apoio engastado
paredes entre si  apoio engastado

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tampa com as paredes  apoio simples
Reservatório apoiado cheio fundo com as paredes  apoio simples
paredes entre si  apoio engastado

tampa com as paredes  apoio engastado


Reservatório enterrado vazio fundo com as paredes  apoio engastado
paredes entre si  apoio engastado

tampa com as paredes  apoio simples


Reservatório enterrado cheio fundo com as paredes  apoio simples
paredes entre si  apoio engastado

6 TRECHOS ESTRUTURAIS
Os reservatórios paralelepipédicos não apresentam trechos estruturais distintos. São
compostos de lajes e de paredes que, em todos os tipos desses reservatórios, funcionam como
placas trabalhando em duas direções, apenas com diferenças nos tipos de carregamentos que
atuam em cada uma delas, uns triangulares ou trapezoidais, outros uniformemente distribuídos.
Entretanto as paredes sobre apoios discretos (pilares, estacas, tubulões etc),
apresentam também o comportamento de chapa, funcionando como vigas usuais (quando a
altura for menor que a metade do espaçamento entre apoios  h<0,5 ), ou como viga-parede

(quando h0,5 ). Deste modo dimensionam-se as paredes como placa (ações perpendiculares

ao plano médio) e como chapa (ações paralelas ao plano médio), separadamente e superpõem-
se as armaduras.
Para reservatórios apoiados diretamente sobre o solo (reservatórios apoiados ou
enterrados, sem apoios discretos), as paredes apoiam-se de modo contínuo, comportando-se
como parede estrutural. Neste caso, também, dimensionam-se as armaduras para laje e para
parede estrutural separadamente, e superpõem-se a armaduras encontradas.

7 ROTEIRO DE CÁLCULO
A rigor, os esforços principais, das lajes e das paredes que formam esses reservatórios,
podem ser obtidos através de programas específicos para microcomputadores, utilizando-se o
processo dos elementos finitos, por exemplo.

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Pode-se, também, mais simplificadamente, considerar as lajes e as paredes divididas em
um grande número de barras ortogonais, que forneçam os esforços por meio de programas
específicos de pórticos tridimensionais.
Entretanto, neste trabalho será detalhado um método simplificado de cálculo manual
muito utilizado pelos calculistas, sendo rápido e em geral com resultados razoáveis:
Consideram-se as lajes e as paredes “funcionando” isoladamente, cada uma com as
respectivas cargas e vinculações, sendo estas últimas definidas pela regra mostrada no item 5.
Definem-se todos os carregamentos que possam contribuir com a envoltória dos
momentos e calculam-se os esforços críticos.
Se os momentos de engastamento perfeito de duas placas num apoio comum não forem
muito diferentes, adota-se a média como valor final, para as duas placas. Em caso contrário,
adota-se para esse momento comum 80% do maior dos momentos.
No final do equilíbrio dos momentos de engastamento perfeito, não é usual recalcular
os momentos positivos de cada placa. Entretanto, dependendo da forma dos reservatórios e
das varias combinações possíveis entre as ações do solo e da água, pode-se ter, para algumas
lajes do fundo, momentos finais positivos superiores aos correspondentes momentos positivos
do engastamento perfeito; nesses casos de lajes do fundo deve-se recalcular os momentos
positivos finais.
As paredes devem ter os esforços solicitantes calculados considerando-se também o
efeito de chapa, com as ações geradas pelas reações de apoio das lajes de tampa e de fundo
agindo paralelas ao plano médio, além do peso próprio.
Como as reações de apoio horizontais das paredes são absorvidas pelas lajes de tampa
e de fundo e pelas paredes que servem de apoio às outras, estas reações de apoio provocam
efeitos de tração naqueles elementos estruturais que lhes servem de apoio, portanto estas lajes
ficam submetidas a esforços de flexo-tração. Praticamente os efeitos de tração não são
considerados de maneira mais rigorosa, porém as armaduras dimensionadas para os momentos
fletores são majoradas em 20%.para considerar este efeito de flexo-tração Esta consideração é
de cunho meramente prático, podendo não se confirmar para algum tipo de reservatório
paralelepipédico, havendo, portanto, a necessidade de avaliação das lajes à flexo-tração.

8 DETALHES CONSTRUTIVOS
A seguir são mostrados alguns detalhes de interesse no projeto dos reservatórios
paralelepipédicos, como o detalhamento das armaduras no nós considerados engastados e a
utilização de mísulas.

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8.1 - Detalhamento das armaduras nos nós.
LEONHARDT (1978) indica as condições de dimensionamento da área da armadura
para cada tipo de arranjo, como se segue:
Caso 1 - Armadura disposta em laço (fig. 8.1)
Este arranjo de armadura na ligação é compatível com uma taxa menor ou igual à
0,75%.


h

As

FIGURA 8.1 - Detalhe do caso 1 - LEONHARDT (1978)


Visto que esse arranjo apresenta uma eficiência entre 0,75% e 0,85%, deve-se
aumentar a taxa de armadura, garantindo assim uma resistência suficiente; para tanto é
prescrito:

s,nec (%) = 1,5 - 2,25  3  s (%)

Caso 2 - Barras dobradas (figura 8.2)


Quando a taxa de armadura for maior que 0,75% e menor ou igual a 1% pode-se usar
as armaduras com gancho formando 180 0 conforme indicado na figura 8.2.


h

s
A S2

A S1

> 1/2 h

reto - caso de maires valores de h

FIGURA 8.2 - Detalhe caso 2 - LEONHARDT (1978)


A eficiência deste arranjo fica entre 0,85 a 0,95%, o que também torna imprescindível
um aumento na taxa de armadura, podendo-se adotar:

s,nec (%) = 2,0 - 4,00  4  s (%)

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Caso 3 - Barras dobradas e barras inclinadas adicionais (figura 8.3)
A presença dessas barras inclinadas adicionais, com área da seção igual a 50% da
armadura tracionada, eleva a capacidade de absorção dos esforços de tração e,
consequentemente, reduz as aberturas das fissuras. Este arranjo deve ser adotado quando a
taxa de armadura for maior do que 1% e menor ou igual a 1,2%.

~ 0,7 Ø 1/2 A s
s

A S1, INCLINADA = 1/2 A


S

FIGURA 8.3 - Detalhe caso 3 - LEONHARDT (1978)

 s,nec (%) =  s (%)


Caso 4 - Armadura dobrada, armadura inclinada e mísula (figura 8.4)
O presente arranjo é indicado para taxa de armadura não superior a 1,5%. A armadura
adicional deve ser calculada para a solicitação da força Rs,d.
No caso de s maior que 1,2% até 1,5%, recomenda-se a adoção de mísula, como
mostra a figura 8.4.

s
A S2

A S1

FIGURA 8.4 - Detalhe caso 4 - LEONHARDT (1978)

8.2 Mísulas
Segundo CAMPOS FILHO (1985), o cálculo das solicitações de cada laje é feito como
se ela tivesse espessura constante. Com o uso de mísulas nas arestas do reservatório, tem-se
um acréscimo de rigidez das lajes nas bordas, o que faz com que os momentos fletores no
centro, que são considerados positivos, decresçam, enquanto os momentos fletores das bordas,
negativos, cresçam.
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Os aumentos das áreas das seções transversais nas ligações (figura 8.5), devido às
mísulas e consequentemente à diminuição das tensões, produzem o acréscimo de rigidez nas
bordas das lajes.

a) ligação sem mísula b) ligação com mísula


FIGURA 8.5 - Arestas dos reservatórios com mísulas e sem mísulas
Os momentos de engastamento nas lajes com mísulas, submetidas à ação uniforme, são
maiores que os encontrados nas lajes sem mísulas, sendo que este acréscimo é da ordem de
10%.
Muito importante e, freqüentemente, decisiva na escolha da espessura das lajes e de
suas armaduras é a limitação da abertura de fissuras. Nesta análise são necessários não só o
conhecimento dos momentos fletores nas seções mais desfavoráveis à fissuração, como
também os esforços normais de tração, exercidos por uma parede sobre aquelas onde se
apoia.
A presença da mísula faz com que os pontos críticos à fissuração (figura 8.6a) se
situem, normalmente, não nas extremidades das lajes mas sim, mais para dentro, na
extremidade da mísula (figura 8.6b). É preciso, então, conhecer o valor do momento fletor e
esforço normal nesta seção.

FIGURA 8.6 - Pontos críticos às aberturas das fissuras

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Costumam-se adotar mísulas com ângulo de 45o e com dimensões iguais à maior
espessura (e) dos elementos estruturais da ligação, como mostra a figura 8.7.

e = maior entre e1 e e2
FIGURA 8.7 - Dimensões das mísulas

9 EXEMPLO DE PROJETO
A seguir será apresentado o projeto de um reservatório paralelepipédico de uma única
célula em concreto armado, com capacidade de 30m3, o qual faz parte da estrutura de um
edifício e fica posicionado acima do nível da cobertura.
Este exemplo, além do caráter demonstrativo do cálculo, tem também o intuito de
acrescentar alguns conceitos complementares do projeto de um reservatório paralelepipédico.
Os esforços solicitantes considerando os efeitos de placa foram determinados usando as
tabelas de PINHEIRO (1993).

9.1 Pré-dimensionamento
Na fase de concepção estrutural tem-se que prever espessuras para os elementos
estruturais que não só atendam às exigências de resistência com relação aos estados limites,
como também as relacionadas com a durabilidade. Com relação à durabilidade deve-se ater aos
cuidados de execução, fator água/cimento, consumo mínimo de cimento e dimensão do
cobrimento das armaduras.
A Revisão da NB 1/99 prescreve espessuras de cobrimentos em função da classe de
exposição da estrutura. No caso de elementos estruturais em contato com águas tratadas, ou
sejam, situações de reservatórios e estações de tratamento, a classe a adotar é a 4, que indica
que o fator água/cimento máximo é 0,55 e o consumo mínimo de cimento deve ser de
325kg/m3. A resistência característica do concreto deve ser de no mínimo 20 MPa. Para a
classe 4 o cobrimento nominal deve ser de 2,5cm, com a consideração de um valor que leve em
conta a tolerância de execução de 0,5cm, desde que as condições de controle da qualidade de
execução sejam rigorosas, em caso contrário deve ser adotado 1cm.

9.1.1 Avaliação das espessuras


Para avaliar as espessuras dos elementos estruturais deve se pensar nos cobrimentos, na
facilidade de lançamento e adensamento (com vibrador) do concreto e, também, na capacidade
da seção transversal absorver os esforços solicitantes oriundos das ações atuantes; assim,
avalia-se a espessura mínima para as paredes e lajes do reservatório em questão, como segue:

19
Paredes
Cobrimento: c=3cm
(faces em contato com meio aquoso)
Estimativa das barras:
 6,3mm (armadura de alma)
 10mm (armadura principal)
Portanto:
bw,mín = 3,0 + 2 . 0,63 + 1,0 + 5,0 + 1,0 + 2 . 0,63 + 3,0
bw,mín= 15,52 cm

Adota-se: h = 16cm
d = 11cm

Lajes (tampa e fundo)


Cobrimento: c=3,0cm (fundo)
c=2,5cm (tampa)

Estimativa das barras:


 8mm

Portanto:
h = 3,0 + 2 . 2,5 + 4 . 0,8 = 11,2 cm
Adota-se: h = 12cm
d = 8,5cm (fundo)
d = 9,2cm (tampa)

9.1.2 Verificação da seção transversal


Nesta fase de pré-dimensionamento a espessura adotada deve ser verificada para os
esforços solicitantes, sendo comum esta verificação para a laje do fundo por ser a mais
solicitada. Com a consideração de vinculação da laje de fundo, calculam-se os momentos
fletores para a ação uniformemente distribuída - peso próprio e ação da água, e verifica-se se a
seção transversal necessita de armadura simples e se é suficiente para absorver a força cortante
atuante.

Vãos teóricos: (obtidos do arquitetônico) Ações:


x = 275 cm peso próprio (0,12 x 25) 3,00
y = 485 cm
revestimento adotado 1,00
sobrecarga (água = 2,17.10) 21,70
h =12cm ; c= 3,0cm 25,70 kN/m2
d = 8,50cm

20
Solicitações:
ly
  1,76
lx
tabela 2.3c
25,70  2 ,75
Vx  3,58   25,30kN / m
10
25,70  2 ,75
V y  2 ,50   17 ,67kN / m
10
tabela 2.5c
25,70  2 ,752
mx  8 ,06   15,67kNm / m
100
25,70  2 ,752
my  5 ,72   11,12kNm / m
100

Laje tipo 6
Verificação dos momentos fletores
Para: kc=kc,lim=2,2  para C20
Tem-se:
100  8 ,50 2
mk ,lim   23,46 kNm / m
1,4  2 ,2
Portanto os momentos fletores são menores que o momento fletor limite, não exigindo
armadura dupla para a seção transversal em estudo.

Verificação da força cortante


1,4  25,30
 wd   0 ,042kN / cm 2  0 ,42MPa
100  8 ,50
Tabela 2.4a
275
d  8 ,50cm   13,80cm
20
1  0 ,15%   wu 1  0 ,228 20  1,02MPa   wd
h  12cm
 4  0 ,228
Portanto não há necessidade de armadura transversal.

9.2 Dimensionamento

9.2.1 Laje de tampa


Lembrando de que para a laje de tampa, adotou-se a espessura de 12 cm, tem-se:

Vãos teóricos: (obtidos do arquitetônico) Ações:


x = 275 cm peso próprio (0,12 x 25) 3,00
y = 485 cm
revestimento adotado 1,00
sobrecarga NBR 6120/80 0,50
h =12cm ; c= 2,50cm 4,50 kN/m2
d = 9,20cm

21
Solicitações:
ly
  1,76
lx
tabela 2.3b
4 ,50  2 ,75
V x  3,58   4 ,43kN / m
10
4 ,50  2 ,75
V y  2 ,50   3,09kN / m
10
tabela 2.5a
4 ,50  2 ,752
m x  8 ,99   3,06 kNm / m
100
4 ,50  2 ,752
m y  3,52   1,20km / m
Laje tipo 1 100

9.2.2 Laje de fundo


Os esforços de momentos fletores para a laje de fundo, conforme item 9.1.2, valem:

mx = 7,56 kN.m/m

m’x = 15,67 kN.m/m

my = 2,25 kN.m/m

m’y = 11,12 kN.m/m

9.2.3 Paredes 01 e 02
As paredes 01 e 02 apresentam como vinculações, a borda superior apoiada e as
demais bordas engastadas. Para espessura igual à 16 cm e usando a Tabela de
PINHEIRO(1993) 2.6b, considerando laje Tipo 16, é possível determinar os momentos
fletores.
A figura 9.1 mostra as condições de vinculações e a indicação da ação.

FIGURA 9.1 - Dimensões, vinculações e ação da água nas paredes 01 e 02.

A ação lp , que representa a ação exercida pela água é igual a:


lp =  h = 10,00 . 2,40 = 24,00 kN/m2

É possível uma simplificação, de tal forma que a ação da água seja estendida por toda a
altura teórica (la = 252 cm), facilitando assim, a utilização da tabela. Para tanto, é necessário
que seja mantida a igualdade de área para ambos os triângulos ( empuxos iguais ).

22
lp  2,40 lp  2,52


2 2

Daí, tem-se:
lp = 18,69 kN/m2
Para as dimensões indicadas, com = la / lb = 0,92, têm-se:
18,69  2,52 2
mx = 1,286 . = 1,53 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
m’x = 2,594 . = 3,08 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
my = 1,222 . = 1,45 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
m’y = 3,020 . = 3,58 kN.m/m
100

9.2.4 Paredes 03 e 04
Da mesma forma que para as paredes 01 e 02, as paredes 03 e 04 acham-se apoiadas na
borda superior e engastadas nas demais paredes. A ação a considerar é a mesma que a
determinada anteriormente.
Através da tabela indicada em PINHEIRO (1993), e com  = 0,52, têm-se os seguintes
valores para os momentos fletores:
18,69  2,52 2
mx = 2,526 . = 3,00 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
m’x = 6,044 . = 7,17 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
my = 0,948 . = 1,13 kN.m/m
100

18,69  2,52 2
m’y = 3,596 . = 4,27 kN.m/m
100

9.2.5 Compatibilização dos momentos fletores


Na determinação dos momentos fletores através de tabelas, considera-se cada laje
isoladamente. Portanto, é necessária a compatibilização dos momentos fletores nas regiões de
engastamento.

Compatibilização dos momentos fletores entre paredes


Na compatibilização dos momentos fletores entre paredes, através de um corte
horizontal que as intercepta, representam-se os momentos fletores característicos a serem
compatibilizados, os já calculados nos itens 9.2.3 e 9.2.4.

23
PAR. 03

PAR. 02
3,58

PAR. 01
1,45
LAJE DE FUNDO

4,27

4,27
1,13
3,58

PAR. 04

FIGURA 9.2 - Corte horizontal - momentos fletores característicos, a serem compatibilizados

Da compatibilização, tem-se o momento fletor final, mk o maior dentre os valores:

3,58  4,27
= 3,93 kN.m/m ; 0,8 . 4,27 = 3,42 kN.m/m
2

Já, nas correções para os momentos fletores positivos, tem-se:

1,45 kN.m/m, é mantido à favor da segurança

1,13 + (4,27 - 3,93) = 1,47 kN.m/m

Agora, majorando os momentos fletores porgf = 1,4 , têm-se os diagramas finais de


momentos fletores, de cálculo. E através dos diagramas, que devem ser deslocados de
al = 1,5d, é possível o detalhamento das barras que constituem as armaduras longitudinais.

Laje de fundo e as paredes 01 e 02

Mediante corte vertical, apresenta-se os esforços de momentos fletores que solicitam as


paredes 01 e 02.
L. TAMPA
PAR. 02
PAR. 01

1,53
PAR. 03
11,12
107

11,12
84

2,25

LAJE FUNDO
3,08

FIGURA 9.3 - Corte vertical ( par. 01 e 02 ), momentos fletores característicos a serem


compatibilizados

24
Compatibilização dos momentos fletores

,  3,08
1112
= 7,10 kN.m/m ; 11,12 . 0,8 = 8,90 kN.m/m
2

Correção para os momentos fletores positivos:

1,53 kN.m/m, mantido ; 2,25 + (11,12 - 8,90) = 4,47 kN.m/m

Laje de fundo e as paredes 03 e 04


Através do corte vertical pelas paredes 03 e 04, é possível representar seus respectivos
momentos fletores.
L. TAMPA

PAR. 04
PAR. 03

3,00
PAREDE 01
15,67

15,67
107

84

L. FUNDO

7,17
7,56

FIGURA 9.4 - Corte vertical (par. 03 e 04), momentos fletores característicos, a serem
compatibilizados.

Compatibilização dos momentos fletores:

15,67  7,17
= 11,42 kN.m/m ; 0,8 . 15.67 = 12,54 kN.m/m
2

Correção para momentos fletores positivos:

3,00 kN.m/m, mantido ; 7,56 + (15,67 - 12,54) = 10,69 kN.m/m

9.3 Cálculo das vigas-parede


9.3.1 Paredes 1 e 2 (16 x 274 cm)
Efeito de viga parede
h = 274cm > 0,5270  confirmado o cálculo de viga parede

25
Ações:
peso próprio (0,16x2,74x25) 10,96
reação de apoio (tampa) 3,09
reação de apoio (fundo) 17,67
31,72 kN/m

Dimensionamento:
he = l = 271 (h>l)
A armadura principal é determinada a partir do momento fletor de cálculo “M d”, dos braços de
alavanca “z” e da resistência de escoamento de cálculo do aço “fyd”. Conforme a expressão:
Md
As 
z fy

Com
q l 2
M d  1,4 
8
31,72  2 ,712
M d  1,4   40,77 kN .m  4077kN .cm
8
z  0 ,20  l  2  he 
z  0 ,20  271 2  271  162,6 cm

Portanto
4077
As   0 ,58cm 2
50
162,6 
1,15

Analogamente às vigas usuais,a armadura longitudinal de tração não deve ser inferior à:
0 ,15
As ,min   bw  h
100
 16  274  6 ,58cm 2  6 12,5
0 ,15
As ,min 
100
Essa armadura será disposta em uma faixa igual à:
a  0 ,25  he  0 ,05  l
a  0 ,25  271 0 ,05  271  54,2cm

26
Armadura de alma:
: Armadura mínima: armadura de suspensão;
a s ,v ,min  a s ,h ,min  0 ,10  bw V f ,y ,d
As ,susp 
a s ,v ,min  a s ,h ,min  0 ,10  16  1,6 cm 2 / m f yd
17 ,67  1,4
As ,susp   0 ,28cm 2 / m  a s ,v ,min
50
2
1,15

Portanto adota-se o maior  1,60cm2/m

9.3.2 Paredes 3 e 4 (16 x 274 cm)


Efeito de viga parede
h = 274cm > 0,5.480  confirmado o cálculo de viga parede
Ações:
peso próprio (0,16x2,74x25) 10,96
reação de apoio (tampa) 4,43
reação de apoio (fundo) 25,30
31,72 kN/m

Dimensionamento:
he = h = 274 (h<l)
Sendo
Md
As 
z fy

Tem-se
q l 2
M d  1,4 
8
40,69  4.812
M d  1,4   164,75kN .m  16475kN .cm
8
z  0 ,20  l  2  he 
z  0 ,20  481  2  274  205,8cm

Portanto
16475
As   1,84cm 2
50
205,8 
1,15

27
Calcula-se a área de aço mínima:
0 ,15
As ,min   bw  h
100
 16  274  6 ,58cm 2  6 12,5
0 ,15
As ,min 
100
Essa armadura será disposta em uma faixa igual à:
a  0 ,25  he  0 ,05  l
a  0 ,25  274  0 ,05  481  44,5cm

Armadura de alma:
: Armadura mínima: armadura de suspensão;
a s ,v ,min  a s ,h ,min  0 ,10  bw V f ,y ,d
As ,susp 
a s ,v ,min  a s ,h ,min  0 ,10  16  1,6 cm 2 / m f yd
25,30  1,4
As ,susp   0 ,41cm 2 / m  a s ,v ,min
50
2
1,15

Portanto adota-se o maior  1,60cm2/m

9.4 Dimensionamento das armaduras: C 20 ; CA 50

Estrut. Md-Dir.1 Espes. d kc ks as,cal as,cal as,vig.-par. as,tot. OBS.


(kN.m/m) (cm) (cm) (cm2/m) (x 1,20) (cm2/m) (cm2/m)
Tampa +4,28 - X 12,00 9,20 19,80 0024 1,12 1,34 _ 1,80 as,min
+1,68 - Y 12,00 9,20 50,40 0,023 0,42 0,50 _ 1,80 as,min
Fundo +14,9 - X 12,00 9,00 5,40 0,025 4,16 4,99 _ 4,99 _
+6,26 - Y 12,00 9,00 12,90 0,024 1,67 2,00 _ 2,00 _
Fund/Par -12,46 - F 12,00 8,50 5,80 0,025 3,66 4,39 _ 4,39 _
01 e 02 -12,46 - P 16,00 13,00 13,60 0,024 2,30 _ 1,60 3,90 _
Fund/Par -17,56 - F 12,00 8,50 4,10 0,026 5,37 6,84 _ 6,84 _
03 e 04 -17,56 - P 16,00 13,00 9,60 0,024 3,21 _ 1,60 4,84 _
Paredes +2,14 - X 16,00 13,00 79,00 0,023 0,38 _ 1,60 2,40 as,min
01 e 02 +2,03 - Y 16,00 13,00 83,30 0,023 0,36 0,43 1,60 2,40 as,min
Paredes +4,20 - X 16,00 13,00 40,20 0,023 0,74 _ 1,60 2,40 as,min
03 e 04 +2,06 - Y 16,00 13,00 82,00 0,023 0,36 0,43 1,60 2,40 as,min
Par.01/ -5,50 - P 16,00 13,00 30,70 0,023 0,97 1,16 1,60 2,76 _
Par.02
Par.03/ -5,50 - P 16,0 13,00 30,70 0,023 0,97 1,16 160 2,76 _
Par.04

Md-Dir.indica o valor do momento e a direção em que ele atua (X, Y, Parede ou Fundo)

28
Com:
md
as  k s 
d
bw  d 2 0 ,15
kc  a s ,min   bw  h
md 100

espaçamento máximo = 2h  20cm

9.5 Detalhamento das armaduras

FIGURA 9.5 - Planta - laje do fundo

29
FIGURA 9.6 - Planta - laje da tampa

30
FIGURA 9.7 - Planta - Armadura de flexão das paredes

31
FIGURA 9.8 - Planta - armadura principal das paredes (vigas-parede)

32
FIGURA 9.9 - Corte - paredes 01 e 02

FIGURA 9.10 - Corte - paredes 03 e 04

33
10 CONCLUSÕES
Procurou-se neste trabalho, abordar aspectos de caráter prático para o
dimensionamento e execução de um reservatório paralelepipédico de dimensões usuais para
edifícios residenciais.
Quanto à determinação dos esforços, percebe-se quecom a utilização de tabelas é
possível obter resultados de uma maneira bastante prática e precisa, apenas conhecendo as
dimensões da placa, seu carregamento e condições de vinculação. Para as paredes do
reservatório, dependendo da relação entre lados, o dimensionamento como viga-parede é
indispensável.
Atenção especial deve ser dada ao detalhamento da armadura dos nós, de modo que
este represente realmente o detalhe de vinculação considerado. No que se refere à execução, é
preciso tomar alguns cuidados com relação ao cobrimento da armadura; resistência
característica a compressão do concreto (fck); execução da concretagem, etc., tentando
diminuir o máximo possivel os efeitos deletérios das ações indiretas.

BIBLIOGRAFIA
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35

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