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FACULDADE DE DIREITO CONSELHEIRO LAFAIETE

TÓPICOS DE DIREITO PENAL - MÓDULO I - VIRTUAL


PROFESSORA: LÍLIAM A. CALDEIRA DE OLIVEIRA

AULA VI

TIPICIDADE

1. Conceito: Tipicidade é a adequação do fato material ao tipo penal.


Tipo advém do alemão Tatbestand = em que consiste o fato; o modelo do fato.

2. Relação entre Tipicidade e Ilicitude:

a) Tipicidade como ratio cognoscendi (indício) da ilicitude (Ernest Mayer): Mayer, a partir da
tentativa de adaptação de todos os tipos existentes, concluiu que, para algumas figuras penais,
imprescindível se torna a apreciação dos elementos subjetivo e/ou normativo contidos no tipo.
Logo, para ele, o tipo não representa uma mera descrição do fato punível, pois, por variadas vezes,
têm que ser apreciados elementos subjetivos e/ou normativo para a configuração da tipicidade
indicativa da ilicitude. A tipicidade, para Mayer, é a ratio cognoscendi (razão de conhecer) da
ilicitude. Portanto, a tipicidade possui um liame com a ilicitude, pois entre elas há um vínculo
semelhante àquele que existe entre a fumaça e o fogo. A tipicidade está para a ilicitude como a
fumaça está para o fogo, ou seja, provavelmente, onde há tipicidade, há ilicitude, mas, pode ser que,
excepcionalmente, o fato típico tenha sido praticado ao amparo de uma causa justificante, motivo
pelo qual seria típico, porém, lícito.
Esta é a tese adotada pela maioria da doutrina, que considera a tipicidade como indício da ilicitude.

b) Tipicidade como ratio essendi (essência) da ilicitude (Mezger): Para Mezger, a tipicidade é a
razão de ser da ilicitude em função do ocorrido no fato material, constituindo-se as causas de
justificação em excludentes do tipo-de-injusto (tipicidade + ilicitude), ou seja, as causas
justificantes excluem a ilicitude e também a tipicidade.

3. Teoria dos Elementos Negativos do Tipo:


Esta teoria afirma que o tipo contém os elementos descritivos do fato punível e, também, como
negação à sua existência, os pressupostos que constituem as causas de exclusão da ilicitude. Ex:
matar alguém é crime, exceto em legítima defesa.
As causas excludentes da ilicitude são elementos negativos do tipo. O tipo, para os adeptos desta
teoria, é denominado de tipo-total-de-injusto, pois contém a tipicidade e a ilicitude e as causas
justificantes como excludentes da própria tipicidade total de injusto. Aqueles que comungam esse
entendimento afirmam que, havendo a causa justificante, o fato é atípico.
Assis Toledo: tipicidade é a razão de ser da ilicitude, mas discorda dos elementos negativos do tipo.

4. Principais Funções do Tipo:


a) função de garantia
b) função de seleção
c) função de fundamentação da ilicitude (uma ação atípica é lícita)
d) função de criação do mandamento proibitivo nos crimes comissivos e um mandamento
impositivo nos crimes omissivos próprios.
5. Elementos do Tipo:
a) objetivos: são os elementos descritivos da realidade, perceptíveis pelos sentidos. É identificado
pelo verbo, núcleo do tipo. Ex: matar, subtrair, etc...
b) normativos: são aqueles que exigem um juízo de valor para o seu conhecimento. Podem ser de
valoração jurídica, referentes aos conceitos jurídicos, como cheque, documento, funcionário
público, casamento; ou de valoração extrajurídica ou empírico-cultural, concernentes a juízos de
valor fundados na experiência, na sociedade ou na cultura, como ato obsceno, dignidade, decoro,
saúde mental, epidemia, moléstia contagiosa, sem justa causa, indevidamente, falsamente, etc.
c) subjetivos: são todos os requisitos de caráter subjetivo, presentes no tipo, distintos do dolo
(elementos subjetivo implícito), que o tipo exige, além deste, para a sua realização. Normalmente,
designam uma especial finalidade de agir. Ex: para si ou para outrem, no furto; com fim libidinoso,
no rapto (Obs: o crime de rapto, previsto no art. 219 do CPB, foi revogado em 28/03/2005), com o
intuito de obter indevida vantagem econômica no crime de extorsão.

6. Tipicidade Formal e Tipicidade Conglobante


A tipicidade é a subsunção de um fato material ao modelo legal de conduta abstratamente prevista
pelo legislador. Quando o operador jurídico realiza a correspondência entre o fato material e o tipo
legal segundo as características essenciais coincidentes entre ambos, está dando ensejo à
denominada TIPICIDADE FORMAL, ou seja, a adequação típica pela simples coincidência
formal entre o fato abstrato e o fato real.
Já a TIPICIDADE CONGLOBANTE é analisada sob o aspecto da TIPICIDADE MATERIAL,
que ocorre à medida em que o trabalhador do direito penal procura encontrar o sentido material
portado pelo tipo, ou seja, busca observar o modelo de conduta legal como expressão de danosidade
social e de periculosidade social, bem como sob o aspecto da ANTINORMATIVIDADE, que é a
ação contrária ao direito, que não encontra respaldo em nenhum ramo do direito.
A tipicidade material é entendida como forma de analisar a subsunção do fato Real ao tipo
conforme um conteúdo substancial existente em qualquer tipo penal, caracterizado pela noção de
que a lesão ao bem jurídico deve expressar nocividade social. Equivale dizer: a conduta deve se
apresentar como ética e socialmente reprovável. O conteúdo material da tipicidade é extremamente
discutido na doutrina. Entretanto, a maioria dos estudiosos do Direito Penal consideram que os
princípios da adequação social e da insignificância corrigem a extensão formal inadequada dos
tipos penais, motivo pelo qual nestas situações não existe danosidade social, sendo inadmissível
falar-se em tipicidade material, malgrado a existência do fenômeno da subsunção.

7. Principais Espécies de tipo

a) Tipo Legal: aquele que descreve a conduta proibida, expressando pelo verbo a ação ou omissão
inadmitida.
b) Tipo de Injusto: (tipicidade + ilicitude) é aquele composto pelo desvalor da ação e do
resultado, reunindo os elementos essenciais do tipo legal e a nota da ilicitude do fato. Restringe
a incidência do tipo legal, pois, nem tudo que é formalmente típico (subsumido a um tipo
legal) é materialmente típico (adequado a um tipo de injusto).
c) Tipo Total de Injusto: (tipicidade + ilicitude + causa justificante) tipo que deriva da teoria
dos elementos negativos do tipo. É aquele que traz em seu interior a conduta punível como
definidora da ilicitude e as causas de justificação da ilicitude como excluidoras do tipo. Os
pressupostos da causa justificante integram o tipo como elementos negativos do tipo. Ex: matar
alguém em legítima defesa.
d) Tipo Básico ou Fundamental: é aquele que descreve apenas um fato punível, constituindo-se
na mais simples figura típica de um crime: Ex; caput do art. 121; caput do art. 155.
e) Tipo Derivado: divide-se em qualificado e privilegiado.
- Qualificado: aquele que resulta do tipo básico em função da adição, à figura típica simples, de
uma circunstância que a torna mais grave. Ex: homicídio qualificado (art. 121, § 2º).
- Privilegiado: aquele que resulta do tipo básico em função da adição, à figura típica simples, de
uma circunstância que a torna mais branda. Ex: homicídio privilegiado (art. 121, § 1º).
f) Tipos Simples: são aqueles que descrevem em seu interior uma única conduta punível. Ex: art.
155 (furto).
g) Tipos Complexos: são aqueles em que o tipo básico descrevem mais de uma conduta punível,
ou seja, tutelam mais de um bem jurídico. Ex: roubo = furto + violência; protege o patrimônio e
a pessoa.
h) Tipos Mistos ou Compostos: subdividem-se em mistos alternativos e mistos cumulativos.
- Mistos Alternativos: são aqueles aqueles que descrevem um único fato punível, mas mencionam
duas ou mais formas de cometimento da infração. Há uma fungibilidade entre as condutas, sendo
indiferente que se realizem uma ou mais, pois a unidade delitiva permanece inalterada. Ex: art. 122;
art. 211 CPB. Tais tipos se configuram pela presença de vírgula ou da conjunção “ou” entre os
verbos que compõem o tipo. Referem-se aos crimes de conteúdo variado ou de ação múltipla, que
são resolvidos pelo princípio da alternatividade. Quando alguém esgota as formas de cometimento
do crime, responde uma única vez por aquele crime, visto que as demais formas constituir-se-iam
em exaurimento do delito.
- Mistos Cumulativos: são aqueles que em seu interior são descritos mais de um fato punível.
Inexiste fungibilidade entre as condutas, ensejando, caso sejam praticadas duas ou mais, o concurso
material de delitos. Para constatar tais tipos geralmente se determina a observação da existência do
ponto e vírgula separando as figuras criminosas. Exs: arts. 135, 242, 244 e 248, todos do CPB.
i) Tipos Normais e Tipos Anormais: Normais são aqueles que contêm tão somente uma descrição
objetiva, sem referências a outros elementos normativos. Ex: art. 121, art. 129, ambos do CPB.
Anormais são aqueles que compreendem os elementos objetivos e normativos. Ex: O crime de
calúnia, previsto no art. 138 do CPB é um tipo anormal, devido à presença do elemento normativo
“falsamente”.
8. Tipo Doloso:
8.1. Teorias Acerca do dolo:
a) Teoria da Vontade: por ela, há dolo quando o agente representa e quer praticar a ação e produzir
o resultado. O agente imagina a ação e resultado, e pratica a ação querendo produzir o resultado. O
dolo é a representação (consciência) mais o querer finalístico.
b) Teoria da Representação: para tal doutrina basta, para a existência do dolo, que o resultado seja
representado, imaginado mentalmente pelo agente, que prevê a ocorrência dele. Como visto, os
adeptos da representação exigem apenas que o agente represente o resultado lesivo.
c) Teoria do Assentimento ou do Consentimento: por ela há dolo quando o sujeito, ao praticar a
conduta lesiva, representa o resultado e o admite, aceita, tolera. O agente ou omitente consente na
ocorrência do resultado lesivo, que por ele é previsto quando da prática da conduta.
d) Teoria da Probabilidade (cognição) para a existência do dolo, o autor deve entender o fato
como provável e não somente como possível.

O Código Penal Brasileiro acolheu a teoria da vontade em relação ao dolo direto e a teoria do
consentimento, em relação ao dolo eventual.

8.2. Espécies de Dolo:


a) Dolo Direto: ocorre quando o agente quer o resultado lesivo. O dolo direto em relação ao fim
proposto e aos meios escolhidos é classificado como de primeiro grau, e em relação aos efeitos
colaterais, representados como necessários, é classificado como de segundo grau.
b) Dolo Indireto: subdivide-se em alternativo e eventual:
- Alternativo: ocorre quando o agente quer um ou outro resultado.
Obs: o dolo alternativo não é hipótese de dolo indireto, mas sim de dolo direto, porque o agente
quer um resultado diretamente ou outro resultado diretamente. Não há nada de indireto no querer do
agente, o querer se liga de forma direta a dois resultados, que podem ocorrer alternativamente. O
dolo alternativo seria, então, uma hipótese de dolo direto. A doutrina, entretanto, classifica-o como
dolo indireto, apenas porque o agente não quer um só resultado.
- Eventual: ocorre quando o agente prevê o resultado, mas não deseja alcançá-lo; contudo, quando
da prática da conduta o admite, tolera, aceita que ele ocorra, assumindo o risco de produzi-lo.
Distingue-se da culpa consciente, eis que nesta, apesar de o agente prever o resultado, não aceira
que ele ocorra, pois confia que sua atuação não dará causa a ele (confiança leviana).
c) Dolo Natural: aquele desprovido de consciência da ilicitude.
d) Dolo Normativo: aquele impregnado da consciência da ilicitude.
e) Dolo genérico: elemento subjetivo implícito em todo tipo penal, porque contido na ação.
f) Dolo Específico: especial finalidade de agir do sujeito ativo ou especial conhecimento de
situação fática imposta pelo tipo penal. Ex: art. 219 (especial finalidade de agir: para fim
libidinoso); art. 130 (especial conhecimento de situação fática exigida pelo tipo: desde que sabe ou
deve saber que estar contaminado).
g) Dolo de Dano: ocorre quando o agente quer, ou assume o risco de lesionar o bem jurídico. Ex:
matar, ferir, subtrair, etc.
h) Dolo de Perigo: ocorre quando o agente não quer lesionar o bem jurídico, nem assume o risco de
produzi-lo, desejando ou aceitando o risco de produzir um resultado de perigo (nesta espécie de
delito o perigo constitui resultado). Ex: art. 309 do CTB.
i) Dolo Geral ou Erro Sucessivo: o agente, representando um determinado resultado, pratica uma
conduta antecedente visando produzir o evento e, considerando Ter obtido êxito, pratica uma
conduta posterior tendente a outro fim, sendo que nesta o resultado ocorre. Ex: A que matar B e
pratica conduta tendente a matar (desfere-lhe um tiro). B cai inerte ao chão. A acredita que o matou.
Deseja ocultar o cadáver e joga-o no rio. B, que não estava morto, morre afogado.

8.3. Elementos Componentes do Dolo:


São elementos componentes da estrutura do dolo denominado natural, ou seja, desprovido da
consciência da ilicitude.
a) consciência da conduta e do resultado;
b) consciência da relação de causalidade entre a conduta e o resultado;
c) vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado;
8.4. Momentos do Dolo:
a) Momento Intelectivo: momento da representação, imaginação do fato material;
b) Momento Volitivo: momento da exteriorização da vontade.

9. Tipo Culposo

9.1. Generalidades
A culpa é elemento normativo da ação. Culpa é a ação ou omissão praticada sem o cuidado objetivo
necessário. É a inobservância do cuidado objetivo necessário ao atuar.

Todos nós, mesmo visando a fins lícitos, temos que atuar de acordo com as regras mínimas de
convivência que nos são impostas pela sociedade. A verificação da atuação do agente com ou sem
cautela é feita através da previsibilidade objetiva, que é a previsão do resultado que teria ou não
o homem médio (de mediana prudência e mediano discernimento), se estivesse no lugar do
agente no momento da prática da conduta ensejadora do fato lesivo (isto em se tratando de
culpa inconsciente – aquela onde o agente não prevê o resultado que seria previsível para o homem
médio – imprevisão do previsível).

Sabe-se se uma pessoa atuou ou não com o cuidado objetivo necessário se, naquelas circunstâncias,
naquele mesmo local, daquela mesma maneira, o homem médio tivesse atuado de forma
semelhante. Caso contrário, o agente não poderia ter atuado como atuou, motivo pelo qual agiu sem
o cuidado objetivo que lhe era exigido.

A previsibilidade objetiva atua no campo da tipicidade do crime culposo. Ela configura o tipo
culposo.
Por exemplo: art. 121, § 3º - homicídio culposo. José, dirigindo seu veículo a 80 Km/h, na Avenida
Afonso Pena, perdeu a direção do carro e atingiu 3 pessoas que se encontravam próximas ao
passeio, e iam atravessar a rua. Esse fato não se adequa imediatamente ao § 3º do art. 121. Há
necessidade de exame, primeiramente, da observância ou não do cuidado exigido (previsibilidade
objetiva). O homem médio teria previsão do resultado ocorrido se atuasse daquela maneira. Desta
forma o agente deveria Ter atuado de maneira diferente. Ele não observou o cuidado que lhe era
exigido no momento. Então, o fato é típico, subsume-se ao art. 121, § 3º do CPB.

O Juízo de reprovação, no crime culposo, também é feito em face da culpabilidade, como os


mesmos elementos desta no crime doloso: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa,
potencial consciência da ilicitude. Contudo, a potencial consciência da ilicitude exigirá, no crime
culposo, a análise da previsibilidade subjetiva, que é a possibilidade de previsão do resultado do
ponto de vista do agente, consoante suas aptidões e características pessoas, quando do
momento da prática da conduta. Ela pressupõe um exame do próprio agente, ou seja, se ele teria
condições de prever o resultado que, como visto, era previsível para o homem médio.
Por exemplo: João, mineiro de zona rural, em visita ao Rio de Janeiro, e já alertado sobre a
violência da cidade grande, arrastões, etc, foi à praia onde é muito comum a prática de vôo livre. Ao
perceber um grupo de quatro homens correndo em sua direção, assustou-se, sacou o revólver e deu
um tiro para o alto. Acerto o esportista que voava de asa-delta sobre a praia. João nunca tinha
ouvido falar da existência do esporte no local. Na análise da previsibilidade objetiva, toma-se o
homem médio do local onde ocorreu o fato (Rio de Janeiro). Através desse exame, tem-se que o
fato é típico. Na análise da culpabilidade, através da previsibilidade subjetiva, tem-se que o
agente não poderia prever o resultado, razão pela qual será isento de pena.

9.2. Elementos do fato típico culposo:


a) ação ou omissão desprovida da cautela devida exigida;
b) previsibilidade objetiva;
c) ausência de previsão do resultado lesivo (ocorre somente na culpa inconsciente. Pois na culpa
consciente o agente prevê o resultado, mas confia levianamente que ele não ocorrerá);
d) resultado involuntário;
e) nexo de causalidade entre a conduta e o resultado involuntários;
f) tipicidade

9.3. Modalidades de Culpa:


a) Imprudência: é a prática de um fato perigoso, uma conduta arriscada. Ex: dirigir automóvel em
alta velocidade nas proximidades de uma escola infantil, em horário de saída dos alunos.
b) Negligência: é a ausência de precaução, ou indiferença em relação ao ato que deveria ser
praticado. É a falta de atuar quando a atuação seria devida. Ex: pai que, vendo uma arma municiada
num determinado local ao alcance de seu filho, não a retira daquele local; viajar sem anteriormente
fazer a revisão do automóvel, etc.
c) Imperícia: é a falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício. A imperícia
pressupõe que o fato tenha sido praticado por pessoa presumivelmente perita e no exercício de seu
mister. A imperícia, para os doutrinadores, não se confunde com o erro profissional. Neste não há
lesão por falta de aptidão, mas por equívoco no exercício da atividade. Não há efetiva e comprovada
ausência de capacidade para o exercício correto da profissão, arte ou ofício.

9.4. Espécies de Culpa:

a) Culpa Inconsciente: o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível para o homem
médio.
b) Culpa Consciente: o resultado é previsto pelo sujeito, que confia levianamente na sua não
ocorrência.
c) Culpa própria: é aquela em que a conduta é praticada sem o cuidado objetivo necessário e gera
um resultado involuntário. É a culpa propriamente dita, nas modalidades de imprudência,
negligência e imperícia.
d) Culpa Imprópria, por extensão, por assimilação ou equiparação: é a culpa derivada de erro.
É uma hipótese de fato doloso punível a tipo culposo. Esta é a razão pela qual a culpa é denominada
imprópria, ou seja, o contrário da culpa propriamente dita. Para explicar melhor a questão
concernente à culpa imprópria, necessário se faz examinar a matéria relacionada ao erro em direito
penal, o que será feito mais adiante.
e) Culpa Imediata: aquela que tem ligação, vinculação direta com o resultado que foi gerado por
imprudência, negligência ou imperícia.
f) Culpa Mediata ou Indireta: ocorre quando o agente, ao atuar sem a cautela devida, dá ensejo a
um determinado resultado que, por conseguinte, gera outro resultado lesivo. Esse segundo resultado
será imputado ao agente se lhe for previsível. Ex: carro saindo da garagem de ré. Duas crianças
brincam na rua perto do pai. O motorista não tem o cuidado devido e atira uma das crianças longe
atingindo-a com seu carro e o pai, ao correr para salvar a criança, é atropelado por outro carro. O
motorista do 1º carro será responsabilizado pelo atropelamento do pai da criança.

9.5. Compensação e Concorrência de Culpas:

No direito penal é possível a concorrência de culpa onde o agente e vítima contribuíram para o
evento danoso. Já a compensação de culpa da vítima não retira a culpa , ou seja, o fato típico
culposo praticado pelo agente. Contudo, quando da fixação da pena base ela será examinada pelo
juiz em razão da regra do art. 59 do CPB (deve o juiz atentar para o comportamento da vítima).

9.6. Concurso de Pessoas na Culpa:

Somente na modalidade de coautoria é admissível o concurso de pessoas em crime culposo. Isto


porque a participação é a vontade de colaborar e na culpa não existe vontade para a obtenção do
resultado.

9.7. Tentativa no Crime Culposo:

No art. 14, II do CPB fala-se em vontade do agente, na culpa não existe vontade de se obter aquele
resultado. Ele ocorre involuntariamente, logo, não há que se falar, em regra, de tentativa no crime
culposo, a não ser na culpa imprópria (derivada de erro), caso em que a ação que gerou o resultado
foi dolosa. Neste último caso (culpa imprópria), o resultado foi obtido pela vontade do agente; se há
vontade, há possibilidade de tentativa, em face da ação que gera o resultado ser dolosa.

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