Você está na página 1de 78

Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)

INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

AULA DEMONSTRATIVA: PRINCÍPIOS


APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL.
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação e Cronograma 01
I - Introdução 05
II - Ne procedat iudex ex officio 06
III - Devido Processo Legal 08
IV - Da Presunção de Inocência 16
V - Vedação às provas ilícitas 24
VI - Obrigatoriedade de motivação das decisões 27
VII – Publicidade 29
VIII - Isonomia Processual ou par conditio 34
IX - Duplo Grau de Jurisdição 35
X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 37
XI - Aplicação da Lei Processual no espaço 42
XII - Aplicação da Lei Processual no tempo 47
XIII - Disposições preliminares do CPP 59
(Interpretação e Integração da Lei Processual)
Resumo da Aula 63
Lista das questões 66
Gabarito 77

Olá, meus amigos!

É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo
ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir
para a aprovação de vocês no concurso da POLÍCIA RODOVIÁRIA
FEDERAL (2013). Aqui vamos estudar (E muito!) teoria e comentar
exercícios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de
INSPETOR DA PRF.

E aí, povo, preparados para receber mais de R$ 7.000,00


mensais?

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
A Banca que irá organizar o concurso é o CESPE/UnB. São nada
mais nada menos que 1000 vagas!

Bom, está na hora de me apresentar a vocês, não é?

Meu nome é Renan Araujo, tenho 26 anos, sou Defensor Público


Federal desde 2010, titular do 16° Ofício Cível da Defensoria Pública da
União no Rio de Janeiro e mestrando em Direito Penal pela
Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porém, fui servidor da Justiça
Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois
anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e pós-graduado em Direito
Público pela Universidade Gama Filho.

Disse a vocês minha idade propositalmente. Minha trajetória de vida


está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da
Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem
saber? Isso faz toda a diferença! Algumas pessoas me perguntam como
consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco +
Força de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente
secreto! Basta querer e correr atrás do seu sonho! Acreditem em mim,
isso funciona!

Bom, como já adiantei, neste curso estudaremos todo o conteúdo


de Direito Processual Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e
vamos trabalhar também com exercícios comentados.

Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

AULA DEMONSTRATIVA – 25.06.13

Princípios constitucionais e gerais do Direito Processual Penal. Aplicação


da Lei processual penal e disposições preliminares do CPP.

Aula 01 - 28.06.13

Inquérito Policial

Aula 02 - 30.06.13

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Ação Penal.

Aula 03 - 03.07.13

Jurisdição e competência.

Aula 04 - 07.07.13

Sujeitos do processo penal (Juiz, MP, acusado, defensor, etc.).

Aula 05 - 10.07.13

Provas (parte I)

Aula 06 - 15.07.13

Provas (parte II)

Aula 07 - 18.07.13

Prisão e Liberdade Provisória (parte I). Prisão temporária.


Aula 08 - 24.07.13

Prisão e Liberdade Provisória (parte II)


Aula 09 - 28.07.13

Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários


públicos.
Aula 10 - 05.08.13

Habeas corpus e seu processo.

Conforme consta no edital, somente será exigida atualização


legislativa em vigor até a data de publicação do edital, de forma que
nosso curso está perfeitamente atualizado. Além disso, eventuais leis
que entrarem em vigor posteriormente (durante o curso) não
serão objeto de cobrança na prova.

As aulas serão disponibilizadas no site conforme o cronograma


apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questões que foram
cobradas recentemente em concursos públicos.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
De maneira a facilitar a compreensão da matéria, o
Estratégia Concursos irá disponibilizar, neste curso, videoaulas de
apoio, com duração entre 30 a 60 minutos por aula, a variar de
acordo com o conteúdo. Nas videoaulas eu irei abordar os
aspectos mais importantes e/ou complexos da matéria, de forma
a COMPLEMENTAR o estudo realizado através do nosso material
principal, que é o material em formato PDF. Em regra, as
videoaulas de apoio serão disponibilizadas simultaneamente com
o PDF. Contudo, é possível que sejam disponibilizadas
posteriormente, em razão do tempo com edição dos vídeos, etc.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

Prof. Renan Araujo

Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais


(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida
a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os


professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos.
;-)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
I – INTRODUÇÃO

O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia


necessariamente com o estudo das disposições constitucionais a ele
referentes. Não é possível estudar Direito do Trabalho sem estudar os
arts. 6° e 7°, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o
art. 5°, XXII.

Esse movimento contemporâneo chamado Constitucionalização do


Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurídico está impregnado
pela Constituição.

Alguns de vocês talvez ainda não saibam, mas a Constituição é uma


lei (assim como as demais), porém, uma lei de hierarquia superior a
todas as outras. A Constituição Federal não é uma mera “Carta de
recomendações”, mas uma lei, em seu sentido mais estrito, que prevê
regras e princípios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem
deveres de conduta, não apenas recomendações).

Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal não é diferente.


Existem inúmeros dispositivos da Constituição Federal que se destinam à
aplicação nesse ramo do Direito que vamos estudar.

Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder


Constituinte Originário (Aquele que elabora a Constituição) entende que
algumas questões são de extrema relevância, e devem ser tratadas na Lei
Máxima (Que é a Constituição), não deixando esse regramento ao
legislador ordinário (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas
regras e princípios à Constituição, o Poder Constituinte deu a eles uma
hierarquia mais elevada, de forma a garantir que o legislador
infraconstitucional não venha a suprimi-los.

Feita esta breve introdução, vamos passar à análise específica das


disposições constitucionais aplicáveis ao Processo Penal.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

II – PRINCÍPIO DO “NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO” OU DA


INICIATIVA DAS PARTES OU DA INÉRCIA

Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo


penal com base constitucional. Entretanto, é melhor pecarmos pelo
excesso e estudarmos este também, pois há fatores que podem ser
considerados para caracterizá-lo como um princípio de base
constitucional.

Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal,
pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar
início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu.
Antigamente, antes do advento da Constituição, havia o chamado
procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofício (sem
provocação), o processo penal das contravenções penais.

Com o advento da nova Constituição esse procedimento não foi


recepcionado (não tem mais vigência, pois contraria a nova Constituição).
Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o
art. 129, I da Constituição Federal:

Art. 129. São funções institucionais do


Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal


pública, na forma da lei;

Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP


a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que o MP é o “titular
da ação penal pública”.

Mas e a ação penal privada, professor? Mais à frente vocês verão


que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz já

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei
considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não
o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal.

Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema


acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No
sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga,
diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se
confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador,
ofendendo inúmeros outros princípios.

Entretanto, este princípio não impede que o Juiz determine a


realização de diligências que entender necessárias para elucidar
questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no
Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o
princípio da verdade real ou material, não da verdade formal. Assim,
no processo penal não há presunção de veracidade das alegações da
acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu,
pois o interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto.

Isto é matéria que, eventualmente, também cai na prova:

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não


permite que o juiz determine, de ofício, diligências para dirimir
dúvida sobre ponto relevante dos autos.

ERRADA: Como nós vimos, embora vigore no Brasil o princípio da inércia


(ne procedat iudex ex officio), isso não impede que o Magistrado
determine a realização de diligências que repute necessárias à elucidação
de algum fato, em razão do princípio da verdade real, que também
vigora no processo penal.

GABARITO: ERRADA

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

(CESPE – 2008 – PC-TO – DELEGADO DE POLÍCIA)

Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da


verdade formal, próprio do processo civil, em que, se o réu não se
defender, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor.

CORRETA: Conforme estudamos, no processo penal vigora o princípio da


verdade material, que, em resumo, determina que o Juiz deve buscar
trazer para os autos do processo a verdade dos fatos, esclarecendo
pontos obscuros, até mesmo através de diligências determinadas de
ofício, sem que isso importe em quebra de sua parcialidade.

GABARITO: CORRETA

III – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF


LAW)

Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito


Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra,
encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°,
LIV da CRFB/88, nos seguintes termos:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou


de seus bens sem o devido processo legal;

Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação


de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em
que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princípio
norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser
ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatório é um direito do réu), a fim de
expor sua versão dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de
arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da
acusação etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princípio do Devido
Processo Legal.

A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinário


ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo é
que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal.

Entretanto, existe outra vertente deste princípio, denominada Devido


Processo Legal em sentido material. Nessa última acepção, entende-se
que o Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado quando o
Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na
tutela dos interesses da sociedade e do acusado.

Nesse sentido, o devido processo legal não estará sendo respeitado


se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando
julgamento. Sim, pois a prisão provisória possui natureza cautelar, não é
cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado não está ali pagando
pelo que fez, pois ainda não foi julgado. Embora a lei não diga que há um
prazo para o julgamento, essa demora do Judiciário aliada à prisão
provisória do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido
processo legal, pois não é razoável manter preso por 10 anos alguém que
sequer foi condenado.

O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os


postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos também previstos
na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV:

LV - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;

Nesse diapasão, vamos analisar os Princípios do Contraditório e da


Ampla Defesa em um tópico próprio:

a) Dos postulados do contraditório e do ampla defesa

O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e,


no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os
argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas.
Isso, como disse, é uma decorrência lógica do devido processo legal, pois
não se pode admitir que um processo no qual o acusado não pode se
manifestar seja válido.

Entretanto, este princípio sofre limitações, notadamente quando a


decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a manifestação
do acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da
decisão.

EXEMPLO: Imagine que o MP ajuíza ação penal em face de José,


requerendo seja decretada sua prisão preventiva, com base na ocorrência
de uma das circunstâncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao
receber a denúncia, verificando estarem presentes os requisitos que
autorizam a decretação da prisão preventiva, a decretará sem ouvir o
acusado, pois aguardar a manifestação deste acerca da prisão preventiva
pode acarretar na frustração desta (fuga do acusado).

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
CUIDADO! No inquérito policial não há
contraditório, pois ainda não se pode falar em
“acusado”, mas apenas em “investigado” ou
“indiciado”. O Inquérito Policial não visa à
condenação do infrator, mas apenas à colheita
de informações acerca da autoria e da
materialidade do delito para subsidiar
eventual ação penal pelo MP. Assim, como
no IP ninguém está sendo acusado, não há
contraditório. Exceção feita ao Inquérito para
expulsão de estrangeiro, pois neste há acusado
e culmina numa punição, nos termos do art.
70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro).

Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado


ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se
não lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e
Contraditório caminham juntas (até por isso estão no mesmo inciso da
Constituição), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal.

Entre os instrumentos para o exercício da defesa estão a previsão


legal de recursos em face das decisões judiciais, direito à produção de
provas, bem como a obrigação de que o Estado forneça assistência
jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria
Pública. Vejamos:

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica


integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado,
deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não
havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um
defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de
que lhe seja prestada defesa técnica.

Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado


(advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa,
que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu
interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se
pessoalmente, sem a intermediação de procurador. Assim, se o Juiz
recusar-se a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da
ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa.

Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo


criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode recusar-se a
exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito
ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu.

Este princípio não impede, porém, que o acusado sofra as


consequências de sua inércia em relação aos atos processuais (não-
interposição de recursos, ausência injustificada de audiências, etc.).
Entretanto, o princípio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente
quando o réu, embora citado, deixe de apresentar Resposta à Acusação.
Nesse caso, dada a importância da peça de defesa, deverá o Juiz
encaminhar os autos à Defensoria Pública, para que atue na qualidade de
curador do acusado, ou, em não havendo Defensoria no local, nomear
defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado.

Meus caros, este é um tema muito cobrado em provas, de forma que


todo cuidado é pouco:

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

Entende-se por devido processo legal a garantia do acusado de

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
não ser privado de sua liberdade em um processo que seguiu a
forma estabelecida na lei; desse princípio deriva o fato de o
descumprimento de qualquer formalidade pelo juiz ensejar a
nulidade absoluta do processo, por ofensa a esse princípio.

ERRADA: Tendo sido obedecido o procedimento previsto em lei, não há


violação ao devido processo legal forma, podendo o acusado ser privado
de sua liberdade e de seus bens. Além disso, o descumprimento de uma
formalidade pelo Juiz só anulará o processo se trouxer prejuízo às partes,
pelo princípio do pas de nullité sans grief. Sim, pois, imagine que o Juiz
tenha negado ao acusado o direito de ouvir uma de suas testemunhas,
mas ao final, tenha este sido absolvido. No caso, a atitude do
magistrado, aparentemente violadora do devido processo legal, não
trouxe qualquer prejuízo ao réu.

GABARITO: ERRADA

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

Não se admite, por caracterizar ofensa ao princípio do


contraditório e do devido processo legal, a concessão de medidas
judiciais inaudita altera parte no processo penal.

ERRADA: Como estudamos, em alguns casos, o Juiz deverá decidir sem


antes ouvir a outra parte (no caso, o acusado), pois a eficácia da decisão
pode ficar prejudicada se este tomar ciência prévia da medida, de forma
que isto não viola o princípio do devido processo legal.

GABARITO: ERRADA

(MPE-SP – 2006 – MPE-SP – PROMOTOR DE JUSTIÇA)

Assinale a afirmação incorreta.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa.

CORRETA: A autodefesa é uma das espécies de defesa de que o réu


dispõe, sendo a outra a defesa técnica, que é aquela realizada por
profissional do Direito devidamente habilitado.

B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser


motivada pelo juiz.

ERRADA: Como vimos, um dos princípios constitucionais do processo


penal é a publicidade. Vimos, ainda, que essa publicidade pode ser
restringida às partes e seus procuradores ou somente a estes últimos
(art. 93, IX da CRFB/88). Entretanto, para que o Juiz determine a
restrição da publicidade, em qualquer caso, deverá motivar, fundamentar
sua decisão, sob pena de estar agindo arbitrariamente, violando o devido
processo legal.

C) O direito de o réu estar presente à produção da prova


testemunhal decorre do direito à autodefesa.

CORRETA: Conforme estudamos, a autodefesa é aquela exercida


pessoalmente pelo réu. Assim, o direito que o réu possui de presenciar a
produção de provas e se manifestar, se for o caso, decorre do direito à
autodefesa.

D) O direito à autodefesa é renunciável.

CORRETA: Como disse a vocês, embora o direito à autodefesa deva ser


garantido ao réu pelo Juiz, o réu não é obrigado a exercê-lo.
Diferentemente do que ocorre no direito à defesa técnica, que é
obrigatoriamente exercido, sob pena de nulidade.

E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou


atitude possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
direito à autodefesa.

CORRETA: De fato, estudamos que a publicidade pode ser restringida,


em casos excepcionais. Um deles é quando a presença do réu é
prejudicial ao processo, como no caso da questão. Nesse caso,
prevalecerá o interesse público da busca da verdade em detrimento da
autodefesa do réu que, LEMBREM-SE, DEVERÁ TER SEU PROCURADOR
PRESENTE, pois a defesa técnica não pode ser restringida.

GABARITO: LETRA B

11 - (FCC – 2009 – MPE-SE – Técnico do MP – Área


administrativa)

A condenação de um réu sem defensor viola o princípio

A) da oficialidade.

ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos


termos do art. 5°, LV da Constituição.

B) da publicidade.

ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos


termos do art. 5°, LV da Constituição.

C) do juiz natural.

ERRADA: Viola o princípio da ampla defesa e do contraditório, nos


termos do art. 5°, LV da Constituição. O Juiz Natural seria violado em
caso de julgamento por Juiz casuisticamente escolhido para o caso.

D) da verdade real.

ERRADA: A verdade real é o princípio pelo qual no processo penal deve-


se buscar saber o que de fato ocorreu, a verdade real. O julgamento seu

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
defensor, portanto, não viola a verdade real, mas o princípio da ampla
defesa e do contraditório, nos termos do art. 5°, LV da Constituição.

E) do contraditório.

CORRETA: O julgamento do acusado sem defensor viola o princípio do


contraditório e da ampla defesa, até mais este do que aquele, pois é
direito de todo acusado a ser defendido por profissional do Direito
devidamente habilitado, inclusive Defensor Público, caso não tenha meios
de arcar com as despesas de advogado particular, nos termos do art. 5°,
LXXIV da Constituição. Essa é a chamada defesa técnica.

GABARITO: LETRA E

IV – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO


CULPABILIDADE

A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático


de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser
considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito
em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII
da CRFB/88:

LVII - ninguém será considerado culpado até o


trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória?


É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal,
condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso.
Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto,
não pode sofrer as consequências da condenação.

Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao


acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo,
inocente, até que o acusador prove sua culpa.

Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dubio pro reo ou


favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença),
havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir
em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada.

Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no


qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de
comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado! 

CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de


acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in
dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de
denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de
competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a
denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com
base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja,
nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu,
deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas
decisões não há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que
seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as
provas necessárias à elucidação dos fatos.

Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional,


deve a legislação infraconstitucional (especialmente o CPP) respeitá-lo,
sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por
exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em
primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o
acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

CUIDADO, GALERA! A existência de


prisões provisórias (prisões decretadas
no curso do processo) não ofende a
presunção de inocência, pois nesse caso
não se trata de uma prisão como
cumprimento de pena, mas sim de uma
prisão cautelar, ou seja, para garantir que o
processo penal seja devidamente instruído ou
eventual sentença condenatória seja
cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando
sinais de que vai fugir (tirou passaporte
recentemente), e o Juiz decreta sua prisão
preventiva, o faz não por considerá-lo
culpado, mas para garantir que, caso seja
condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais
sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade
Provisória! 

Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e
a respectiva posição dos Tribunais Superiores:

 Processos criminais em curso e inquéritos policiais em


face do acusado podem ser considerados maus
antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o
acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode
ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequência em
relação a eles;

 Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e


o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que
o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena
mais brando para o mais severo (do semiaberto para o
fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha
cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a
regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de
Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que
tenha havido condenação criminal ou administrativa. A
Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a
Constituição;

 Revogação do benefício da suspensão condicional do


processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei
9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial
ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por
determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações
durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime),
findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF
e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo
acusado beneficiado com a suspensão do processo, este
benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da
sentença condenatória do crime novo.

Vamos resumir estas posições jurisprudenciais neste quadro:

TEMA POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS

Processos criminais em curso e Segundo o STJ não, pois em


inquéritos policiais em face do nenhum deles o acusado foi
acusado podem ser condenado de maneira irrecorrível,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
considerados maus logo, não pode ser considerado
antecedentes? culpado nem sofrer qualquer
consequência em relação a eles;

Regressão de regime de O STJ e o STF entendem que NÃO


cumprimento da pena pode ser HÁ NECESSIDADE DE
realizada antes do trânsito em CONDENAÇÃO PENAL
julgado? TRANSITADA EM JULGADO para
que o preso sofra a regressão do
regime de cumprimento de pena
mais brando para o mais severo
(do semiaberto para o fechado, por
exemplo).

Revogação do benefício da O STF e o STJ entendem que,


suspensão condicional do descoberta a prática de crime pelo
processo em razão do acusado beneficiado com a
cometimento de crime deve ser suspensão do processo, este
realizada após o trânsito em benefício deve ser revogado, por
julgado? ter sido descumprida uma das
condições, não havendo
necessidade de trânsito em
julgado da sentença
condenatória do crime novo.

É muito importante dar atenção especial ao estudo deste princípio,


eis que é um dos mais cobrados nas provas. Vejam:

(FCC – 2011 – NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO – ADVOGADO)

A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta


a imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
ônus da prova é decorrência do princípio

A) do contraditório.

ERRADA: O contraditório determina a necessidade de dar-se ciência a


uma parte quando a outra se manifestar no processo.

B) do devido processo legal.

ERRADA: O devido processo legal determina que o acusado só poderá


ser condenado após ser adotado todo o procedimento previsto na lei
processual, dentro de um processo conduzido por um Juiz devidamente
investido na função jurisdicional e cuja competência tenha sido
previamente definida por lei,

C) do Promotor natural.

ERRADA: O princípio do Promotor Natural determina que toda pessoa


tem direito de ser acusada por um órgão do Estado cuja atribuição tenha
sido previamente definida em lei.

D) da ampla defesa.

ERRADA: A ampla defesa significa que à parte acusada deve ser


garantido o direito de produzir todas as provas que entender necessárias
à comprovação de sua inocência, bem como de recorrer das decisões
judiciais que lhe forem desfavoráveis, além do direito de ser patrocinado
por profissional habilitado, inclusive Defensor Público, se não puder
pagar, e de exercer, ele próprio, a autodefesa.

E) da presunção de inocência.

CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre


que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente.

GABARITO: LETRA E

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

Os efeitos causados pelo princípio constitucional da presunção de


inocência no ordenamento jurídico nacional incluem a inversão,
no processo penal, do ônus da prova para o acusador.

CORRETA: Da presunção de inocência (ou não-culpabilidade) decorre


que aquele que acusa deverá provar suas alegações acusatórias, a fim de
demonstrar a culpa do acusado que, de início, é considerado inocente.
Assim, não cabe ao réu provar sua inocência, pois esta é presumida.

GABARITO: CORRETA

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

O princípio da inocência está expressamente previsto na


Constituição Federal de 1988 e estabelece que todas as pessoas
são inocentes até que se prove o contrário, razão pela qual se
admite a prisão penal do réu após a produção de prova que
demonstre sua culpa.

ERRADA: Embora a questão afirme corretamente que o princípio da


presunção de inocência está previsto na Constituição, erra ao afirmar que
a mera produção de prova contrária ao réu possa autorizar sua prisão. A
prisão do réu, como decorrência de sua culpa, só é admitida após o
trânsito em julgado da sentença condenatória, nos termos do art. 5°,
LVII da CRFB/88.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
GABARITO: ERRADA

(FGV – 2008 – TJ-MS – JUIZ DE DIREITO)

Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto


afirmar que:

A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso


de dúvida o réu seja absolvido.

CORRETA: Como vimos, a presunção de inocência norteia todo o


desenvolvimento do processo, pois se considera o acusado inocente até
que haja sentença penal condenatória irrecorrível. Assim, havendo
dúvidas, deverá o réu ser absolvida, pelo princípio do favor rei, que
decorre da presunção de inocência.

B) o princípio da presunção de inocência recomenda que


processos criminais em andamento não sejam considerados como
maus antecedentes para efeito de fixação de pena.

CORRETA: Como estudamos, o STF entende que Inquéritos e Processos


criminais em curso não podem ser considerados maus antecedentes,
pois, no primeiro caso, sequer há acusado, e no segundo ainda não
houve decisão irrecorrível condenando o réu.

C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam


que a defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da
decisão judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas
alegações orais.

CORRETA: Um dos baluartes da ampla defesa é do contraditório é o


direito que a defesa possui de se manifestar após a acusação. Sim, pois
se isso não fosse possível, a acusação poderia fazer alegações que não

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
poderiam ser refutadas pela defesa, o que implicaria em violação à ampla
defesa e ao contraditório.

D) o princípio do juiz natural não impede a atração por


continência nos casos em que o co-réu possui foro por
prerrogativa de função quando o réu deveria ser julgado por um
juiz de direito de primeiro grau.

CORRETA: Quando dois réus cometem um crime, e um deles possui


prerrogativa de foro, conhecido também como foro privilegiado (direito
de ser julgado perante determinado Tribunal, conforme o cargo
ocupado), é possível que, por conveniência da instrução criminal, ambos
sejam julgados conjuntamente pelo Tribunal perante o qual responde
aquele que tem prerrogativa de foro. Isso não ofende o Juiz natural pois
é uma possibilidade previamente e abstratamente prevista em lei.

E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo


admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única
disponível para a acusação e o crime imputado seja considerado
hediondo.

INCORRETA: De fato, a Jurisprudência tem admitido que a vedação a


provas ilícitas não é absoluta, mas, ao contrário do que admite a
questão, não pode ser relativizada em favor da acusação, mas somente
em favor da defesa, quando esta prova for o único meio de se obter a
absolvição do réu, em razão de estar em jogo o direito à liberdade do
acusado.

GABARITO: LETRA E

V – PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS


ILÍCITOS

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre
convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a
decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo
decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em
alguma das provas produzidas nos autos do processo.

Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas


tinham “pesos” diferentes, sendo a confissão considerada a “rainha das
provas”, ou seja, confessando o réu, o Juiz deveria condená-lo. Hoje não
é assim.

Para isso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que


entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese.
Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites
nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação
encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos:

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas


obtidas por meios ilícitos;

Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no


processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos. Mas o que
seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a
obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de
alguém. POR EXEMPLO:

Imagine que Joana, que processa José por calúnia, invada sua
residência para obter documentos que comprovam a culpa de José no
crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de José, pelo
modo como foram obtidos, não poderão ser utilizados no processo, pois
decorrem de violação ao direito fundamental à inviolabilidade da
residência, previsto no art. 5°, XI da Constituição:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,


ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;

ATENÇÃO, MEU POVO! A Jurisprudência


e Doutrina dominantes admitem a
utilização de provas ilícitas quando
esta for a única forma de se obter a
absolvição do réu. Por exemplo:
Imaginem que no exemplo dado lá atrás,
José que invadisse a casa de Joana, atrás
do único documento que pode provar sua
inocência. Nesse caso, os Tribunais
admitem a utilização da prova obtida por
meio ilícito, pelo princípio da
proporcionalidade, pois, embora tenha sido
violado o direito fundamental à
inviolabilidade do domicílio de Joana,
estava em jogo, também, o direito
fundamental à liberdade de José.

Analisemos uma questão sobre o tema:

(CESPE – 2011 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO- EXECUÇÃO DE


MANDADOS)

O dispositivo constitucional que estabelece serem inadmissíveis

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
as provas obtidas por meios ilícitos, bem como as restrições à
prova criminal existentes na legislação processual penal, são
exemplos de limitações ao alcance da verdade real.

CORRETA: Como vimos, a verdade real é o princípio pelo qual deve


haver um esforço no sentido de se obter a elucidação das questões a fim
de que a verdade dos fatos seja alcançada. Entretanto, essa verdade não
pode ser obtida a qualquer custo, encontrando limites na lei,
notadamente quando a obtenção da prova possa ofender direitos
fundamentais.

GABARITO: CORRETA

VI – PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAÇÃO DAS


DECISÕES JUDICIAIS

Este princípio está previsto no art. 93, IX da Constituição:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do


Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:

(...)

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder


Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;

Como vocês podem ver, é a própria Constituição quem determina


que os atos decisórios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta
maneira, pode-se elevar esse princípio (motivação das decisões judiciais)
à categoria de princípio constitucional, por ter merecido a atenção da Lei
Máxima.

Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a


sentença, deve fundamentar seu ato, dizendo em que fundamento se
baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na
sentença (condenando ou absolvendo).

Esse princípio decorre da lógica do sistema jurídico pátrio, em que a


transparência deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o
acusador) saberá exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela
decisão e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da
legalidade.

Aliás, esse princípio guarda estrita relação com o princípio da


Ampla Defesa, eis que a ausência de fundamentação ou a
fundamentação deficiente de uma decisão dificulta e por vezes impede a
sua impugnação, já que a parte prejudicada não tem elementos para
combatê-lo, já que não sabe seus fundamentos.

Alguns pontos controvertidos merecem destaque:

 A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar


de possuir forte carga decisória, não precisa ser
fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso não
fere a Constituição);

 A fundamentação referida é constitucional –


Fundamentação referida é aquela na qual um órgão do

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Judiciário se remete às razões expostas por outro órgão do
Judiciário (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelação, mantendo a
sentença, pode fundamentar sua decisão referindo-se aos
argumentos expostos na sentença de primeira instância, sem
necessidade de reproduzi-los no corpo do Acórdão). O STF
entende que essa prática não viola o art. 93, IX da CRFB/88.
Além disso, o STF já decidiu que não viola a Constituição
sentença na qual o magistrado, no relatório, apenas se remete
ao relatório feito pelo MP em suas alegações finais;

 As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são


fundamentadas, pois os julgadores (jurados) não tem
conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua
percepção de Justiça indicar.

VII – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Este princípio estabelece que os atos processuais e as decisões


judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa
é a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do


Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:

(...)

IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder


Judiciário serão públicos, e fundamentadas

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;

Percebam que a Constituição determina que os julgamentos dos


órgãos do Poder Judiciário serão públicos, mas entende-se “julgamentos”
como qualquer ato processual.

Entretanto, essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer


restrição, quando a intimidade das partes ou interesse público exigir. A
isso se chama de publicidade restrita.

De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser


preservada. Imaginem uma ação penal pelo crime de estupro. É natural
que a vítima peça que o processo corra em segredo de Justiça, para evitar
a exposição do fato, que, por si só, já lhe traz transtornos suficientes.
Ainda, pode ser decretada a tramitação em segredo de Justiça quando
houver interesse público que o justifique.

Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da


CRFB/88:

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos


atos processuais quando a defesa da intimidade ou
o interesse social o exigirem;

Ressalto a vocês que essa publicidade pode ser restringida apenas às


partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa?
Que alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para a outra parte!
Sim! Imaginem que, numa audiência, a ofendida pelo crime de estupro

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
não queira dar seu depoimento na presença do acusado. Nada mais
natural. Assim, o Juiz poderá mandar que este se retire da sala,
permanecendo, porém, o seu advogado. Aos procuradores das partes
(advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade
dos atos processuais! Gravem isso!

Essa impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores


das partes é decorrência natural do princípio do contraditório e da ampla
defesa, pois são os procuradores quem exercem a defesa técnica, não
podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de
nulidade.

Por fim, vale registrar que no Tribunal do Júri (que tem regras muito
específicas) o voto dos jurados é sigiloso, por expressa previsão
constitucional, caracterizando-se em mais uma exceção ao princípio. Nos
termos do art. 5° , XVIII da Constituição:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri,


com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes


dolosos contra a vida;

Assim, nesse caso, não há publicidade do voto proferido pelo jurado,


mas a sessão secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depósito
dos votos na urna) é acessível aos procuradores.

Vejam como isso vem sendo cobrado:

(CESPE – 2008 – TJ-SE – JUIZ DE DIREITO)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem

A) a publicidade.

CORRETA: O princípio da publicidade está expressamente previsto no


art. 93, IX da Constituição Federal.

B) a verdade real.

ERRADA: A verdade real não é um princípio previsto


constitucionalmente, embora seja um princípio do processo penal.

C) a identidade física do juiz.

ERRADA: A identidade física do Juiz é o princípio do processo penal


segundo o qual o Juiz que presidiu a audiência de instrução e julgamento
deverá proferir a sentença. Entretanto, não está previsto na Constituição.

D) o favor rei.

ERRADA: O favor rei ou favor libertatis, embora decorra logicamente do


princípio da presunção de inocência, está previsto implicitamente no art.
386, VII do CPP, mas não na Constituição Federal.

E) a indisponibilidade.

ERRADA: A indisponibilidade é o princípio pelo qual entende-se que o MP


não pode dispor da Ação Penal, ou seja, havendo prova da materialidade
do delito, e indícios de sua autoria, deverá o MP oferecer denúncia. Na
Ação Penal Privada, ao contrário, vige o princípio da oportunidade,
cabendo ao ofendido escolher se oferece ou não a queixa. Este princípio
não está expressamente previsto na Constituição.

GABARITO: LETRA A

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

(VUNESPE – 2008 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO)

O princípio da publicidade

A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro,


visto que não está previsto na Constituição Federal.

ERRADA: O princípio da publicidade aplica-se ao processo penal, estando


previsto no art. 93, IX da Constituição Federal.

B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as


informações processuais, em nome do interesse público.

ERRADA: O princípio da publicidade não garante apenas à imprensa o


acesso às informações do processo, mas a qualquer pessoa.

C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório.

CORRETA: No sistema acusatório, corolário do Estado Democrático de


Direito, a publicidade deve imperar, dentre outros princípios
democráticos, como o Juiz Natural, etc. No sistema inquisitivo, típico de
Estados autoritários, vigoram princípios como o sigilo, Tribunal de
exceção, etc.

D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura


do inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida
peça informativa.

ERRADA: Estudaremos mais o Inquérito Policial na aula própria, mas já


posso adiantar que o IP possui natureza inquisitiva, mas isso não é ilegal,
pois o Inquérito não visa a condenar ninguém, mas apenas à colheita de
elementos de prova. Assim, o Inquérito Policial é predominantemente
sigiloso.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
GABARITO: LETRA C

VIII – PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO

O princípio da isonomia processual decorre do princípio da isonomia,


genericamente considerado, segundo o qual as pessoas são iguais
perante a lei, sendo vedadas práticas discriminatórias. Está previsto no
art. 5° da Constituição:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

No campo processual este princípio também irradia seus efeitos,


devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária,
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos
recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, o tempo para
sustentação oral nas sessões de julgamento também devem ser idênticos,
etc.

Entretanto, é possível que a lei estabeleça algumas situações


aparentemente anti-isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do
processo. Explico: Quando a lei estabelece que o MP possui prazo em
dobro para recorrer, não está ferindo o princípio da isonomia, mas está
apenas corrigindo uma situação de desigualdade existente entre as
partes. Imagine que o réu contrate um excelente advogado, que se

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
dedicará exclusivamente ao seu processo. Ora, esse réu está em situação
de vantagem perante o MP, pois o Promotor de Justiça tem vários outros
processos para se concentrar, não podendo se dedicar exclusivamente a
um ou alguns. Assim, essa regra, embora trate as partes de modo
diferente, não viola a isonomia processual, pois apenas corrige uma
situação de desigualdade entre as partes.

Mas e se o réu for defendido por um Defensor Público? O


Defensor Público também não possui vários outros processos para
se dedicar? Sim, e é por isso que a lei estabelece que os Defensores
Públicos também gozam da prerrogativa do prazo em dobro (Previsto na
LC 80/94).

IX – PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar


sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não esteja
expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita
como um princípio de índole constitucional, fundamentando sua tese nas
regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que
deixaria implícito que toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso,
via de regra.

Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de


índole constitucional entendem que há exceções, que são os casos de
competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da
decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a Corte Suprema do Brasil). Assim,
essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio
constitucional, apenas não lhe permite ser absoluto.

O princípio da ampla defesa também é bastante citado como o


fundamento da tese de que se trata de um princípio constitucional, pois a
possibilidade de revisão da decisão judicial é circunstância necessária

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
para que se garanta o respeito à ampla defesa, que restaria violada caso
não se pudesse impugnar determinada decisão judicial.

Este princípio norteia a legislação processual penal


infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo
no recurso (preparo é o valor cobrado da parte para que interponha um
recurso), bem como pela recente inovação legislativa que aboliu a
previsão do art. 595 do CPP, que determinava que o réu devesse se
recolher à prisão para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o
direito ao duplo grau de jurisdição e à ampla defesa não podem estar
condicionados à prisão do réu.

Vejam a aplicabilidade prática de se estudar este princípio:

(FCC – 2009 – TJ-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio

A) da publicidade.

ERRADA: Possui previsão expressa no art. 93, IX da Constituição


Federal.

B) do duplo grau de jurisdição.

CORRETA: O princípio do duplo grau de jurisdição, embora reconhecido


pela Doutrina, não está expressamente previsto na CRFB/88, mas
implícito nas regras definidoras de competência dos Tribunais e, ainda,
por decorrência lógica do princípio da ampla defesa.

C) do contraditório.

ERRADA: O princípio do contraditório está expressamente previsto no


art. 5°, LV da Constituição.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
D) da presunção da inocência.

ERRADA: O princípio da presunção de inocência (ou estado de inocência)


tem previsão expressa no art. 5°, LVII da Constituição Federal.

E) do juiz natural.

ERRADA: Este princípio está expressamente previsto no art. 5°, LIII da


Constituição Federal.

GABARITO: LETRA B

X – PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL

A Constituição estabelece em seu art. 5°, LIII que:

LIII - ninguém será processado nem


sentenciado senão pela autoridade
competente;

Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princípios


do Juiz Natural e do Promotor Natural.

O princípio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de


ser julgada por um órgão do Poder Judiciário brasileiro, devidamente
investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente
definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção,
que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um
determinado caso. Isso não é tolerado no Brasil!

Porém, vocês não devem confundir Juízo ou Tribunal de


exceção com varas especializadas. As varas especializadas são
criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência
é definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado. O

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
que este princípio impede é a manipulação das “regras do jogo” para se
“escolher” o Juiz que irá julgar a causa.

Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos Juízes
com competência para julgá-la. Por exemplo: Se na comarca existem
cinco varas criminais, a ação será distribuída por sorteio a uma dessas
varas, não podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferência.

Já o princípio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem


direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a
designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar
especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um
acusador de exceção, alguém que não estava previamente definido como
o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas
alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do
fato, cuja finalidade é fazer com que o acusado seja processado por
alguém que possui determinada característica.

EXEMPLO: Imagine que José é amigo do Procurador-Geral de Justiça


do estado do Ceará. José vem a cometer um crime, cuja atribuição para
acusá-lo é de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza.
Entretanto, receoso de ser condenado, José conversa com seu amigo, o
PGJ, que designa um Promotor de sua “confiança” para atuar no caso, a
fim de que José não seja processado ou, então, seja requerida uma pena
branda. O contrário também é verdadeiro. Sendo José inimigo do PGJ,
este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso para
atuar em seu caso. Estas práticas são vedadas pelo Princípio do Promotor
Natural.

Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para


crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) não viola este
princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística,
apenas para determinado caso, mas uma atribuição abstrata, que se
aplicará a todo e qualquer caso semelhante.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Vejamos algumas questões relativas a este tema:

(FCC – 2007 – MPU – ANALISTA PROCESSUAL)

Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República


Federativa do Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de
exceção; inciso LIII: “Ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente". Tais disposições consagram
o princípio

A) da presunção de inocência.

ERRADA: A presunção de inocência está prevista no art. 5°, VII da


Constituição, não guardando qualquer relação com os incisos trazidos
pela questão.

B) da ampla defesa.

ERRADA: A ampla defesa está prevista, juntamente com o contraditório,


no art. 5°, LV da Constituição, e também não guarda relação com os
trechos narrados pela questão.

C) do devido processo legal.

ERRADA: Embora o devido processo legal seja fundamento de todos os


demais princípios processuais, não é o princípio especificamente aplicável
às hipóteses trazidas, que se referem ao princípio do Juiz Natural.

D) da dignidade.

ERRADA: A dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1°, III da


Constituição, e é um dos fundamentos da República, mas não guarda
relação com os incisos mencionados.

E) do juiz natural.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
CORRETA: O princípio do Juiz Natural está materializado nos dispositivos
constitucionais citados, que vedam a formação de Juízo de exceção e que
estabelecem ser direito de toda pessoa ser julgada por autoridade
competente.

GABARITO: LETRA E

(TJ-SC – 2009 – TJ-SC – ANALISTA JURÍDICO)

Segundo De Plácido e Silva, os “princípios jurídicos, sem dúvida,


significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou
de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do
Direito.” (Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2009. p. 1091)

Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus


conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir:

I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do


ônus da prova à acusação.

CORRETA: Como nós estudamos, a presunção de inocência, ou estado


de inocência, determina que o acusado é inocente até que haja sentença
penal transitada em julgado contra si. Assim, o réu inicia o processo
inocente, cabendo ao acusador comprovar sua culpa.

II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o


Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri.

CORRETA: A decisão proferida no Tribunal do Júri é soberana, cabendo


recursos em poucas hipóteses e, no caso de o Tribunal verificar
ilegalidade, deverá anular a decisão e determinar seja formado um novo

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
júri, não podendo reformar a decisão.

III. O Juiz deve ser designado previamente, por lei, sendo vedado
o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz
Natural.
CORRETA: O princípio do Juiz natural veda a formação de Tribunais ou
Juízos de exceção, casuisticamente, para atender a determinada intenção
de quem quer que seja. Assim, toda pessoa tem direito a ser processada
e julgada por autoridade previamente definida em lei, nos termos do art.
5°, LIII da CRFB/88.

IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas


apresentadas tem o adverso o direito de se manifestar, tendo em
vista o que preleciona o princípio do contraditório.

CORRETA: O princípio do contraditório determina que às partes (tanto


acusado quanto acusador) deva ser dada ciência dos fatos alegados e
provas juntadas aos autos pela outra parte, abrindo-se prazo para
contradita-los.

A) Todas as proposições estão corretas.

B) Todas as proposições estão incorretas.

C) As proposições II, III e IV estão corretas.

D) As proposições I, II e III estão corretas.

E) As proposições I, III e IV estão corretas.

GABARITO: LETRA A

XI – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal está relacionado à


sua aptidão para produzir efeitos. Essa aptidão para produzir efeitos
está ligada a dois fatores: espacial e temporal.

Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em


determinado lugar e em determinado tempo. Nesse sentido, devemos
analisar onde e quando a lei processual penal se aplica.

O art. 1° do CPP diz o seguinte:

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território


brasileiro, por este Código, ressalvados:

I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;

II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da


República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os
do Presidente da República, e dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição,
arts. 86, 89, § 2o, e 100);

III - os processos da competência da Justiça Militar;

IV - os processos da competência do tribunal especial


(Constituição, art. 122, no 17);

V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130

Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos


processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que
os regulam não dispuserem de modo diverso.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o
princípio da territorialidade. O que seria esse princípio? Esse
princípio determina que a lei produzirá seus efeitos dentro do
território nacional. Simples assim!

Desta maneira, o CPP é a lei aplicável ao processo e julgamento das


infrações penais no Brasil. As regras de aplicação da Lei Penal brasileira
estão no Código Penal, mas isso não nos interessa aqui. O que nos
interessa é o seguinte: Se for caso de aplicação da Lei Penal brasileira, as
regras do processo serão aquelas previstas no CPP, em todo o território
nacional.

Portanto, não se admite a existência de Códigos Processuais


estaduais, até porque compete privativamente à União legislar sobre
direito processual, nos termos da Constituição Federal:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,


marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Como disse a vocês, esta é a regra! Mas toda regra possui exceções.
São elas:

A) Tratados, convenções e regras de Direito Internacional -


Quando um determinado Estado (em sentido amplo, como
sinônimo de País, Governo Soberano) exerce a Jurisdição (poder
de dizer a quem pertence o direito no caso concreto),
notadamente na seara do direito processual penal (exercício do
ius puniendi), está exercendo sua soberania. Porém, é possível
que esta soberania estatal fique afastada em algumas hipóteses,
nas quais o próprio Estado assim concorda. É o caso dos tratados

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
e convenções, que são acordos firmados entre diversos países
(pelo menos dois), nos quais se reconhece a lesividade de
determinados crimes e se estabelece uma forma especial de julgá-
los. Desta maneira, quando o Brasil firma tratados no plano
internacional, poderá afastar pontualmente (apenas para aquela
hipótese) a aplicação da lei interna. É o que acontece com relação
aos diplomatas, que são imunes à legislação brasileira (penal e
processual penal), sendo julgados, pelos crimes que aqui cometer,
em seu país de origem. Essa disposição está prevista na
Convenção de Viena, que foi incorporada ao nosso ordenamento
jurídico através do Decreto n° 56.435/65.

B) Prerrogativas constitucionais do Presidente da República,


dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
Presidente da República, e dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
(Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100) – Essa é a hipótese
de não-aplicação da lei processual penal no território nacional
relativa a crimes de responsabilidade, ou seja, trata-se de uma
exceção de jurisdição política. O que é isso? Determinados
crimes, relativos ao exercício da vida política, são chamados de
crimes de responsabilidade. Quando um agente político
(Presidente, Ministro de Estado, Ministro do STF) pratica uma
determinada conduta, esta pode ser tanto um crime comum
quanto um crime de responsabilidade (crime político). Nos crimes
de responsabilidade não há previsão de sanções criminais (prisão,
etc.), mas sanções políticas (perda do cargo, inelegibilidade
temporária, etc.). Em ALGUNS CASOS destes, o CPP não será
aplicado, sendo adotado um processo específico, geralmente de
competência do Poder Legislativo. Vamos ver o que diz a
Constituição:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da


República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com
aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de
02/09/99)

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal,


os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República
e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Vejam que a Constituição vai além do que prevê o CPP,


aumentando as hipóteses de afastamento da aplicação da lei
processual penal. Assim, ocorrendo a prática de crime de
responsabilidade por algum daqueles agentes, naquelas
circunstâncias previstas na Constituição e no CPP, não se aplicará
o CPP, mas o Regimento Interno do Senado Federal. Aqui, trata-
se de exercício da Jurisdição pelo Poder Legislativo! Apenas a
título de curiosidade (pois isso foge ao nosso objetivo aqui), os
crimes de responsabilidade estão previstos no art. 2° do Decreto-
Lei n° 201/67 e na lei 1.079/50. Cuidado! Os artigos da
Constituição mencionados no CPP estão desatualizados,
pois o CPP foi editado quando vigorava a Constituição de
1937!

C) Processos de competência da Justiça Militar – Os crimes


militares (que são definidos no art. 9° do Código Penal Militar) não
são submetidos a julgamento através do rito do CPP, mas, sendo

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
de competência da Justiça Militar, aplica-se o Código de
Processo Penal Militar. Os crimes militares podem ser próprios
(aqueles que só estão previstos no COM), ou impróprios (estão
previstos também no Código Penal, mas em determinadas
circunstâncias são considerados militares. Por exemplo: Quando
praticado por militar em serviço ou dentro de estabelecimento
militar). Ocorrendo uma destas hipóteses, estaremos diante de
crime militar, cuja competência para julgamento é da Justiça
Militar, motivo pelo qual se afasta a aplicação do CPP! Cuidado!
Nessa hipótese, não se aplica o CPP nem mesmo de
maneira subsidiária!

D) Processos de Competência de Tribunal Especial – Essa


previsão não mais vigora, pois, com o advento da Constituição de
1988, houve a abolição expressa de toda e qualquer possibilidade
de existência de Tribunais de Exceção (especiais). Esses Tribunais
eram formados apenas para o julgamento de determinado crime,
após seu cometimento, ou seja, uma violação clara ao já estudado
princípio do Juiz Natural!

E) Processos relativos a crimes de imprensa – Esta disposição é


muito polêmica! A maioria da Doutrina entende que esse
dispositivo do CPP foi revogado pela Lei 5.250/67 (posterior ao
CPP), que prevê a aplicação do CPP se forma subsidiária nos
crimes de imprensa. Ou seja, em se tratando de crime de
imprensa, aplicam-se as regras estabelecidas na Lei própria.
Entretanto, havendo alguma lacuna, usa-se a regra geral
estabelecida pelo CPP para o caso. Assim, havendo previsão de
aplicação do CPP, ainda que de maneira subsidiária, não há que se
falar em exceção ao princípio da territorialidade. Devo frisar a
vocês, ainda, que o STF, em decisão na ADPF 130-7/DF,
considerou inconstitucionais diversos dispositivos da Lei de
Imprensa, por considerá-la fora dos padrões de Democracia

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
brasileiros, o que nos leva a crer que o STF corrobora o
entendimento de que o CPP aplica-se nestes casos, ainda
que subsidiariamente.

Assim, o CPP aplica-se aos crimes cometidos no território nacional


(princípio da territorialidade), assim considerados aqueles cuja ação ou
omissão ocorreu no Brasil, ou ainda, aqueles cujo resultado aqui ocorreu
(teoria da ubiquidade do lugar do crime), ressalvadas as hipóteses legais
e constitucionais nas quais o CPP só se aplica subsidiariamente e aquelas
nas quais ele não se aplica nem mesmo de maneira subsidiária.

XII – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

Nos termos do art. 2° do CPP:

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem


prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

Por este artigo podemos extrair o princípio do tempus regit actum,


também conhecido como princípio do efeito imediato ou aplicação
imediata da lei processual. Este princípio significa que a lei processual
regulará os atos processuais praticados a partir de sua vigência, não se
aplicando aos atos já praticados.

Esta é a regra de aplicação temporal de toda e qualquer lei, meus


caros, ou seja, produção de efeitos somente para o futuro. Caso
contrário, o caos seria instalado!

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Assim, vocês devem ter muito cuidado! Ainda que o processo tenha
se iniciado sob a vigência de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando
o CPP (ainda que mais gravosa ao réu), esta será aplicada aos atos
futuros. Ou seja, a lei nova não pode retroagir para alcançar atos
processuais já praticados, MAS SE APLICA AOS PROCESSOS EM
CURSO!

Esta possibilidade não ofende o art. 5°, XL da Constituição Federal,


que diz:

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Não ofende, pois não se trata de retroatividade da lei. Mais que isso,
esse dispositivo não se aplica às normas puramente processuais.
Vamos dar um exemplo: Imaginemos que uma pessoa responda pelo
crime de homicídio. Nesse caso, a Lei prevê dois recursos, “A” e “B”.
Durante o processo surge uma lei alterando o CPP e excluindo a
possibilidade de interposição do recurso “B”, ou seja, é prejudicial ao réu.
Nesse caso, trata-se de norma puramente processual, e a aplicação da lei
nova será imediata. Entretanto, se o acusado já tiver interposto o recurso
“B”, a lei nova não terá o condão de fazer com que o recurso deixe de ser
julgado, pois se trata de ato processual já praticado (interposição do
recurso), devendo o Tribunal apreciá-lo.

Portanto, meus caros, vocês estar atentos à diferenciação da


aplicação da lei penal e da lei processual penal. Isto é tema recorrente em
provas:

(FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Em relação à lei processual penal no tempo, em caso de lei nova,

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
a regra geral consiste na sua aplicação

A) imediata, independentemente da fase em que o processo em


andamento se encontre.

CORRETA: O princípio do tempus regit actum não encontra barreiras em


nenhuma fase do processo, ou seja, será aplicado ainda que o processo
já tenha terminado e estejamos em fase de execução de sentença;

B) imediata, somente em relação aos processos que se encontrem


na fase instrutória.

ERRADA: O art. 2° do CPP não faz qualquer distinção entre processos


que estejam na fase instrutória ou que já tenha se encerrado ou
quaisquer outras hipóteses, determinando a aplicação da lei processual
penal imediatamente: “Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.”

C) somente a processos futuros, ainda que por fatos anteriores.

ERRADA: O princípio do tempus regit actum determina a aplicação da lei


nova aos atos processuais futuros, independentemente de o processo
já ter se iniciado sob a égide de uma outra lei, ainda que esta lei
anterior seja mais benéfica ao réu (lembrem-se da diferença entre
normas puramente processuais, puramente materiais e mistas!);

D) somente a processos futuros e sobre fatos posteriores.

ERRADA: Como disse acima, a aplicação se dá também aos processos já


iniciados, mas só alcança os atos ainda a serem praticados,
permanecendo válidos os atos praticados sob a égide da lei anterior, pois
são atos perfeitos e acabados;

E) imediata ou a processos futuros conforme decisão

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
fundamentada do juiz em cada caso.

ERRADA: A aplicação imediata da lei processual penal é o que se pode


chamar de ope legis, ou seja, não depende de manifestação do
Magistrado nesse sentido, decorrendo diretamente da lei. Caso
dependesse de decisão do Juiz determinando ou não sua aplicação,
teríamos o que se chama de ope judicis.

GABARITO: LETRA A

(FCC – 2009 – TJ/MS – JUIZ)

A lei processual penal

A) tem aplicação imediata apenas nos processos ainda não


instruídos.

ERRADA: Conforme estudamos, ainda que estejamos diante de


processos já bastante adiantados (inclusive em sede recursal ou de
execução de pena), será aplicado o princípio do tempus regit actum, por
não ter o CPP, em seu art. 2°, feito qualquer restrição nesse sentido: Art.
2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

B) tem aplicação imediata apenas se beneficiar o acusado.

ERRADA: A aplicação imediata da lei processual penal, inclusive a


processos em curso, se dá independente de sua natureza benéfica ou
prejudicial ao réu, nos termos do art. 2° do CPP;

C) é de aplicação imediata, sem prejuízo de validade dos atos já


realizados.

CORRETA: A aplicação da lei processual penal é imediata, e os atos

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
praticados sob a vigência de outra lei são considerados plenamente
válidos, pois foram devidamente praticados em respeito à lei vigente à
época;

D) vigora desde logo e sempre tem efeito retroativo.

ERRADA: A Lei processual penal vigora desde logo, isso é fato (art. 2°
do CP). Entretanto, em regra, não há efeito retroativo, salvo se se tratar
de norma material inserida na lei processual (heterotopia) ou norma
processual mista (parte de direito processual, parte de direito material) e
que sejam benéficas ao réu, hipótese na qual se admite a retroatividade
da lei processual.

E) é aplicável apenas aos fatos ocorridos após a sua vigência.

ERRADA: A lei processual penal pode ser aplicada a fatos ocorridos


antes de sua entrada em vigor, desde que o processo ainda tramite ou se
esteja executando a pena.

GABARITO: LETRA C

(FCC – 2008 – MPE/CE – PROMOTOR)

Quanto à eficácia temporal, a lei processual penal

A) aplica-se somente aos fatos criminosos ocorridos após a sua


vigência.

ERRADA: A lei processual penal pode ser aplicada a fatos ocorridos


antes de sua entrada em vigor, desde que o processo ainda tramite ou se
esteja executando a pena.

B) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 51 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
ERRADA: A Lei processual penal vigora desde logo, isso é fato (art. 2°
do CP). Entretanto, em regra, não há efeito retroativo, salvo se se tratar
de norma material inserida na lei processual (heterotopia) ou norma
processual mista (parte de direito processual, parte de direito material) e
que sejam benéficas ao réu, hipótese na qual se admite a retroatividade
da lei processual.

C) tem aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos já


realizados.

CORRETA: Essa é a redação do artigo 2° do CPP: “Art. 2o A lei


processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.”. Assim, esse artigo
consagra o princípio da atividade da lei processual penal, ou do tempus
regit actum.

D) tem aplicação imediata nos processos ainda não instruídos.

ERRADA: Conforme estudamos, ainda que estejamos diante de


processos já bastante adiantados (inclusive em sede recursal ou de
execução de pena), será aplicado o princípio do tempus regit actum, por
não ter o CPP, em seu art. 2°, feito qualquer restrição nesse sentido: Art.
2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

E) não terá aplicação imediata, salvo se para beneficiar o


acusado.

ERRADA: A aplicação imediata da lei processual penal, inclusive a


processos em curso, se dá independente de sua natureza benéfica ou
prejudicial ao réu, nos termos do art. 2° do CPP.

GABARITO: LETRA C

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 52 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

(FCC – 2009 – TJ/PA – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

A nova lei processual penal

A) é de incidência imediata, pouco importando a fase em que


esteja o processo.

CORRETA: O CPP não distinguiu as fases do processo para fins de


aplicação da lei processual penal nova. Nesse caso, a lei processual penal
é sempre aplicável aos atos processuais ainda não praticados, por força
do princípio do tempus regit actum (Vou fazer lavagem cerebral em
vocês!), ainda que o processo esteja em fase de execução de pena.

B) não é aplicável aos processos, ainda em curso, iniciados na


vigência da lei processual anterior.

ERRADA: O princípio do tempus regit actum determina a aplicação da lei


nova aos atos processuais futuros, independentemente de o processo
já ter se iniciado sob a égide de uma outra lei, ainda que esta lei
anterior seja mais benéfica ao réu (lembrem-se da diferença entre
normas puramente processuais, puramente materiais e mistas!);

C) não é aplicável aos processos de rito ordinário, ainda em


andamento, quando de sua vigência.

ERRADA: O CPP não faz distinção entre aplicação a processos em curso


ou processos futuros, tampouco diferencia a aplicação da lei processual
penal no que se refere ao rito adotado para o processo;

D) é aplicável, inclusive, aos processos já findos.

ERRADA: Essa alternativa é polêmica. De fato, se o processo já se

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 53 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
findou, não há como aplicar-se a lei processual penal aos atos
processuais, pois todos eles já foram praticados anteriormente à sua
entrada em vigor. Entretanto, para isso, temos que entender como
“processo findo” aquele em que já se esgotou também a fase de
execução de pena, e não só aquele em que se esgotou a fase de
conhecimento, pois, como vimos, na fase de execução também aplica-se
o tempus regit actum.

E) é aplicável somente aos processos, ainda em curso, da


competência do Tribunal do Júri.

ERRADA: O CPP não faz distinção entre aplicação a processos em curso


ou processos futuros, tampouco diferencia a aplicação da lei processual
penal no que se refere ao rito adotado para o processo.

GABARITO: LETRA A

(VUNESP – 2010 – FUNDAÇÃO CASA – ANALISTA


ADMINISTRATIVO – DIREITO)

No que concerne à lei processual penal, considere as seguintes


assertivas:

I. aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos


realizados sob a vigência da lei anterior;

CORRETA: Esta é a previsão literal do art. 2° do CPP: “Art. 2o A lei


processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.”. Portanto, a afirmativa
está corretíssima!

II. não admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica;


ERRADA: O CPP admite, expressamente, em seu art. 3°, a possibilidade

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 54 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
de interpretação extensiva e aplicação analógica: “Art. 3o A lei processual
penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como
o suplemento dos princípios gerais de direito.”

III. admitirá o suplemento dos princípios gerais de direito.


CORRETA: Esta possibilidade também está prevista no art. 3° do CPP, já
transcrito. Lembrando que os princípios gerais do Direito são são regras
de integração da lei, ou seja, de complementação de lacunas. Assim,
quando não se vislumbrar uma lei que possa reger adequadamente o
caso concreto, o CPP admite a aplicação dos princípios gerais do Direito.

É correto o que se afirma em

A) III, apenas.

B) I e II, apenas.

C) I e III, apenas.

D) II e III, apenas.

E) todas as assertivas.

GABARITO: LETRA C

(CESPE – 2002 – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO


FEDERAL)

Alfeu responde, em juízo de primeiro grau, a processo pela


prática de crime contra o patrimônio. Considerando, nesse caso,
que o crime está sujeito às disposições do Código de Processo
Penal (CPP), julgue o item abaixo.

A edição de uma lei processual penal nova que provoque


mudanças nas regras recursais do CPP será aplicada ao

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 55 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
procedimento penal a que Alfeu responde.

COMENTÁRIOS: Nos termos do art. 2° do CPP:

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem


prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

Por este artigo podemos extrair o princípio do tempus regit actum,


também conhecido como princípio do efeito imediato ou aplicação
imediata da lei processual. Este princípio significa que a lei processual
regulará os atos processuais praticados a partir de sua vigência, não se
aplicando aos atos já praticados.

Esta é a regra de aplicação temporal de toda e qualquer lei, meus


caros, ou seja, produção de efeitos somente para o futuro. Caso
contrário, o caos seria instalado!

Assim, vocês devem ter muito cuidado! Ainda que o processo tenha se
iniciado sob a vigência de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando o
CPP (ainda que mais gravosa ao réu), esta será aplicada aos atos
futuros. Ou seja, a lei nova não pode retroagir para alcançar atos
processuais já praticados, MAS SE APLICA AOS PROCESSOS EM
CURSO!

GABARITO: CORRETA

Ocorre, porém, que dentro de uma lei processual pode haver normas
de natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer
normas que, na verdade, são de Direito Penal, pois criam ou extinguem
direito do indivíduo, relativos à sua liberdade, etc. Nesses casos de leis
materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre
o fenômeno da heterotopia.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 56 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Em casos como este, o difícil é saber identificar qual regra é de
direito processual e qual é de direito material (penal). Porém, uma vez
identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua
aplicação será regulada pelas normas atinentes à aplicação da lei penal no
tempo, inclusive no que se refere à possibilidade de eficácia retroativa
para benefício do réu.

Diferentemente das normas heterotópicas (que são ou de direito


material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza
diversa), existem normas mistas, ou híbridas, que são aquelas que
são, ao mesmo tempo, normas de direito processual e de direito
material.

Vou dar um exemplo:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer,


nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

Nesse caso acima, temos uma norma que possui conteúdo misto (ou
híbrido). A primeira parte trata da suspensão do processo
(natureza processual) e a segunda trata da suspensão do prazo
prescricional (natureza material).

Como vocês podem ver, trata-se de norma que alterou o Código


Processual Penal em 1996. Imaginemos que quando do advento desta lei
que alterou o CPP tramitasse um processo no qual o acusado foi citado
por edital e não apresentou resposta. A lei não previa nem a suspensão
do processo nem a do prazo prescricional. Nesse sentido, poderíamos
aplicar a lei? Os Tribunais entenderam que a parte processual até

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 57 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
poderia ser aplicada aos processos em curso (suspensão do processo),
mas a parte material não poderia ser aplicada (suspensão do prazo
prescricional), por ser prejudicial ao réu.

Já disse a vocês que a norma processual penal, como qualquer outra,


possui eficácia imediata, para o futuro. Isso se chama de atividade da lei.
Entretanto, em alguns casos, a lei pode produzir efeitos fora do
seu período de vigência (que começa com a entrada em vigor e
termina com sua revogação). Nesse caso, teremos o que se chama de
extratividade, ou seja, atividade fora (do período de vigência).

A extratividade, por sua vez, pode se dar na forma de


retroatividade ou de ultratividade. A primeira ocorre quando uma lei
atinge fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor. Já a segunda ocorre
quando uma lei é aplicada a fatos que ocorreram mesmo após sua
revogação (saída do mundo jurídico).

Quando a lei processual penal traz conteúdo de direito material


(estabelecimento de regime prisional, livramento condicional, extinção de
punibilidade), poderá ser aplicada a crimes cometidos antes de sua
vigência (eficácia retroativa). Mais que isso: Por ser benéfica ao réu, caso
seja revogada por uma norma que preveja situação mais gravosa (regime
prisional prejudicial, prazo prescricional maior), a lei antiga (já revogada)
continuará a reger aqueles fatos (ultratividade da lei).

CUIDADO! No que se refere às normas


relativas à execução penal (cumprimento
de pena, saídas temporárias, etc.), a
Doutrina diverge quanto à sua natureza. Há
quem entenda tratar-se de normas de
direito material, há quem as considere
como normas de direito processual.
Entretanto, para nós, o que importa é o que

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 58 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
o STF e o STJ pensam! E eles entendem
que se trata de norma de direito material.
Assim, se uma lei nova surge, alterando o
regime de cumprimento da pena,
beneficiando o réu, ela será aplicada aos
processos em fase de execução, por ser
considerada norma de direito material.

XIII – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CPP

O art. 3° do CPP diz:

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e


aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios
gerais de direito.

Vamos explicar, assim, o que seriam interpretação extensiva,


aplicação analógica (ou interpretação analógica) e princípios gerais
do Direito.

A interpretação extensiva é uma atividade na qual o intérprete


estende o alcance do que diz a lei, em razão de sua vontade (vontade
da lei) ser esta. No crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo,
é lógico que a lei quis incluir, também, extorsão mediante cárcere
privado. Assim, faz-se uma interpretação extensiva, que pode ser
aplicada sem que haja violação ao princípio da legalidade, pois, na
verdade, a lei diz isso, só que não está expresso em seu texto. A Doutrina
processualista diverge um pouco com relação a isso. Embora o CPP
admita expressamente sua possibilidade de aplicação, há doutrinadores
que entendem que no caso de se tratar de norma mista, ou norma

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 59 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
puramente material inserida em lei processual, não caberá interpretação
extensiva em prejuízo do réu.

A interpretação analógica, por sua vez, é bem diferente. Como o


nome diz, decorre da analogia, que é o mesmo que comparação. Assim,
essa interpretação irá existir somente naqueles casos em que a lei
estabeleça uma fórmula casuística (um exemplo) e determine sua
aplicação em outras situações idênticas (fórmula genérica). Caso
clássico é o do art. 121, § 2°, I, do CP, que diz ser o homicídio qualificado
quando realizado mediante paga ou promessa de recompensa (fórmula
casuística, exemplo), ou outro motivo torpe (fórmula genérica, outras
hipóteses idênticas).

Neste caso, a lei processual já previu a possibilidade aplicação da lei


naquela hipótese, mas não a exemplificou, como fez em outra hipótese.
Suponhamos o seguinte: A lei processual penal estabelece que caberá
prisão preventiva no caso de o réu ameaçar testemunhas ou praticar
outro ato que possa prejudicar a instrução do processo. Aqui, se o réu
tentar destruir documentos que possam incriminá-los, estará praticando
uma conduta que pode prejudicar a instrução processual, embora não
seja ameaçar testemunha. Nesse caso, por interpretação analógica,
caberá decretação de sua prisão preventiva.

Já os princípios gerais do Direito são regras de integração da lei,


ou seja, de complementação de lacunas. Assim, quando não se
vislumbrar uma lei que possa reger adequadamente o caso concreto, o
CPP admite a aplicação dos princípios gerais do Direito. Esses princípios
gerais do Direito são inúmeros, e são aqueles que norteiam a atividade de
aplicação do Direito.

Como exemplo, imaginemos que uma lei estabeleça a participação


das partes (autor e réu) em determinado ato processual. Se a lei nada
disser em relação a ordem de participação das partes no ato processual,
deve-se permitir que a defesa atue por último, pois é de conhecimento
geral daqueles que aplicam o Direito que a defesa deve falar por último

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 60 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
no processo, a fim de que possa se defender plenamente dos fatos que
lhe são imputados.

Vejamos uma questão que abordou este tema:

(CESPE – 2002 – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO


FEDERAL)

Alfeu responde, em juízo de primeiro grau, a processo pela


prática de crime contra o patrimônio. Considerando, nesse caso,
que o crime está sujeito às disposições do Código de Processo
Penal (CPP), julgue o item abaixo.

A lei processual penal aplicável ao procedimento a que Alfeu


responde admite tanto a interpretação extensiva quanto a
aplicação analógica.

COMENTÁRIOS: O art. 3° do CPP diz:

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e


aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios
gerais de direito.

A interpretação extensiva é uma atividade na qual o intérprete


estende o alcance do que diz a lei, em razão de sua vontade (vontade
da lei) ser esta. No crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo,
é lógico que a lei quis incluir, também, extorsão mediante cárcere
privado. Assim, faz-se uma interpretação extensiva, que pode ser
aplicada sem que haja violação ao princípio da legalidade, pois, na
verdade, a lei diz isso, só que não está expresso em seu texto. A
Doutrina processualista diverge um pouco com relação a isso. Embora o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 61 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
CPP admita expressamente sua possibilidade de aplicação, há
doutrinadores que entendem que no caso de se tratar de norma mista,
ou norma puramente material inserida em lei processual, não caberá
interpretação extensiva em prejuízo do réu.

A interpretação analógica, por sua vez, é bem diferente. Como o


nome diz, decorre da analogia, que é o mesmo que comparação. Assim,
essa interpretação irá existir somente naqueles casos em que a
lei estabeleça uma fórmula casuística (um exemplo) e determine
sua aplicação em outras situações idênticas (fórmula genérica).
Caso clássico é o do art. 121, § 2°, I, do CP, que diz ser o homicídio
qualificado quando realizado mediante paga ou promessa de recompensa
(fórmula casuística, exemplo), ou outro motivo torpe (fórmula genérica,
outras hipóteses idênticas).

Neste caso, a lei processual já previu a possibilidade aplicação da lei


naquela hipótese, mas não a exemplificou, como fez em outra hipótese.
Suponhamos o seguinte: A lei processual penal estabelece que caberá
prisão preventiva no caso de o réu ameaçar testemunhas ou praticar
outro ato que possa prejudicar a instrução do processo. Aqui, se o réu
tentar destruir documentos que possam incriminá-los, estará praticando
uma conduta que pode prejudicar a instrução processual, embora não
seja ameaçar testemunha. Nesse caso, por interpretação analógica,
caberá decretação de sua prisão preventiva.

GABARITO: CORRETA

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 62 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
RESUMO DA AULA

1. PRINCÍPIOS

 NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO – Também chamado de


princípio da inércia, prega que o Juiz não deve se movimentar
para dar início ao processo, pois isso cabe ao acusador, que
na ação penal pública é o MP, e na ação penal privada é o
ofendido. Isso consagra a adoção do SISTEMA
ACUSATÓRIO, em contraposição ao sistema inquisitivo, não
adotado em regra. ESTE PRINCÍPIO NÃO IMPEDE QUE O
JUIZ DETERMINE A REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS, EM
HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA VERDADE REAL;

 DEVIDO PROCESSO LEGAL – Prega que alguém só pode


ser privado de sua liberdade ou de seus bens após ser
devidamente processado em processo que respeite as
normas constitucionais e legais. Divide-se basicamente em
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA. O contraditório é, em
resumo, o direito que cada parte tem de poder se manifestar
sempre que a outra parte se manifeste. A ampla defesa prega
que aqueles que estão sendo acusados devem poder se
defender de todas as formas possíveis, não sendo possível
restringir o direito de defesa. O postulado da ampla defesa
engloba a defesa técnica [= prestada por profissional
habilitado] e a autodefesa [= realizada pelo próprio acusado,
por exemplo, quando se manifesta no interrogatório]. NO

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 63 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
INQUÉRITO POLICIAL NÃO HÁ CONTRADITÓRIO.

 PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – Ninguém pode ser


considerado culpado antes que seja condenado por sentença
da qual não caiba mais recurso. Isso gera a obrigação de que
o acusador PROVE a culpa do réu, já que este é,
presumidamente, inocente. A existência de prisões
cautelares (no curso do processo) NÃO OFENDE ESTE
PRINCÍPIO, pois não se fundamentam na culpa do réu, mas
em possível risco ao processo (cautelaridade). Quanto à
posição do STF e do STJ sobre temas específicos deste
princípio, ver quadrinho da pág. 19;

 VEDAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE PROVAS ILÍCITAS –


Nenhuma prova obtida por meio ilícito pode ser utilizada no
processo. Dentre estas provas ilícitas incluem aquelas que,
embora lícitas, originam-se de um ato ilícito [= ilícitas por
derivação]. A Jurisprudência, no entanto, tem admitido a
utilização destas provas quando for a única forma de o réu
PROVAR SUA INOCÊNCIA.

 NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES


JUDICIAIS – Todas as decisões do Judiciário devem ser
devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade, até em
respeito ao princípio da ampla defesa, para possibilitar que o
prejudicado possa recorrer da decisão. CUIDADO: 1)
Decisão de recebimento da inicial acusatória não precisa ser
fundamentada; 2) Fundamentação referida é constitucional;
3) Decisões do Júri não são fundamentadas;

 PUBLICIDADE – Os atos do processo devem ser públicos,


mas essa publicidade não é irrestrita, podendo ser restringida
em alguns casos [= preservação da intimidade ou para a
perfeita realização do ato], inclusive em relação às partes no

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 64 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
processo, MAS NUNCA AOS PATRONOS DAS PARTES.
DECISÃO DO JÚRI É SIGILOSA;

 ISONOMIA PROCESSUAL – Diz que todas as partes devem


ser tratadas de maneira equânime no processo. Essa
isonomia busca a igualdade material [= tratar iguais
igualmente e desiguais desigualmente], de forma que a
previsão de prazos diferenciados para determinadas partes
não viola este princípio;

 DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO – Os atos judiciais devem


estar sujeitos à revisão por outro órgão do Judiciário. NÃO É
UM PRINCÍPIO EXPRESSO NA CONSTITUIÇÃO;

 JUIZ NATURAL E PROMOTOR NATURAL – Toda pessoa


tem o direito de ser processada [= promotor natural] e
julgada [= Juiz natural] por órgão do Estado previamente
designado para tal, sendo vedada a formação de Tribunais de
exceção, ou seja, para julgamento de apenas determinado
fato, após a sua prática. O princípio do Promotor natural não
é unânime na Doutrina. A existência de VARAS
ESPECIALIZADAS não ofende este princípio, pois não
violação à imparcialidade do Juiz, já que se trata apenas de
divisão funcional de tarefas.

2. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

 TEMPUS REGIT ACTUM – A norma processual nova se


aplica aos fatos praticados antes de sua vigência, desde que
o processo ainda esteja em curso, sendo aplicada somente
aos atos processuais ainda não praticados, ou seja, aplica-se
imediatamente aos processos em curso, daquele momento

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 65 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
em diante;

 HETEROTOPIA – No caso de normas de Direito Material


dentro de uma lei processual, essa norma material não possui
aplicação imediata, seguindo a regra de aplicação da lei penal
[= retroatividade somente se benéfica ao réu];

 NORMAS MISTAS – São normas que mesclam aspectos de


direito material e aspectos de direito processual. Segundo os
Tribunais superiores, a parte de Direito material não poderia
ser aplicada aos fatos criminosos já praticados, mas a parte
de direito processual sim, aplicando-se, portanto, ao processo
em curso.

 PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE – O CPP é aplicável a


todo e qualquer crime praticado no território nacional, salvo:
1) Processos de julgamento de CRIMES MILITARES 2)
Crimes de RESPONSABILIDADE; 3) Exceções previstas em
TRATADOS INTERNACIONAIS; 4) Crimes de IMPRENSA.

 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CPP – Admite-se a


utilização de INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA, APLICAÇÃO
ANALÓGICA E PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO.

QUESTÕES PARA PRATICAR

QUESTÕES SOBRE PRINCÍPIOS DO DIREITO


PROCESSUAL PENAL

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 66 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

01 - (TJ-SC – 2009 – TJ-SC – Analista Jurídico)

Segundo De Plácido e Silva, os “princípios jurídicos, sem dúvida,


significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de
elementos vitais do próprio Direito. Indicam o alicerce do Direito.”
(Vocabulário Jurídico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p.
1091)

Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus


conhecimentos sobre a matéria, julgue as proposições a seguir:
I. Decorre do princípio da presunção de inocência a imputação do ônus da
prova à acusação.
II. Em razão do princípio da soberania dos veredictos, não pode o
Tribunal reformar a decisão, apenas designar um novo júri.
III. O Juiz deve ser previamente designado previamente, por lei, sendo
vedado o Tribunal de Exceção, conforme preleciona o princípio do Juiz
Natural.
IV. De toda alegação fática ou de direito e das provas apresentadas tem o
adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o
princípio do contraditório.

A) Todas as proposições estão corretas.

B) Todas as proposições estão incorretas.

C) As proposições II, III e IV estão corretas.

D) As proposições I, II e III estão corretas.

E) As proposições I, III e IV estão corretas.

02 - (CESPE – 2008 – TJ-SE – Juiz de Direito)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 67 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Os princípios constitucionais aplicáveis ao processo penal incluem

A) a publicidade.

B) a verdade real.

C) a identidade física do juiz.

D) o favor rei.

E) a indisponibilidade.

03 - (FCC – 2011 – NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO –


Advogado)

A regra que, no processo penal, atribui à acusação, que apresenta a


imputação em juízo através de denúncia ou de queixa- crime, o ônus da
prova é decorrência do princípio

A) do contraditório.

B) do devido processo legal.

C) do Promotor natural.

D) da ampla defesa.

E) da presunção de inocência.

04 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de


Mandados)

Os efeitos causados pelo princípio constitucional da presunção de


inocência no ordenamento jurídico nacional incluem a inversão, no
processo penal, do ônus da prova para o acusador.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 68 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
05 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de
Mandados)

Entende-se por devido processo legal a garantia do acusado de não ser


privado de sua liberdade em um processo que seguiu a forma
estabelecida na lei; desse princípio deriva o fato de o descumprimento de
qualquer formalidade pelo juiz ensejar a nulidade absoluta do processo,
por ofensa a esse princípio.

06 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de


Mandados)

Não se admite, por caracterizar ofensa ao princípio do contraditório e do


devido processo legal, a concessão de medidas judiciais inaudita altera
parte no processo penal.

07 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de


Mandados)

O princípio da inocência está expressamente previsto na Constituição


Federal de 1988 e estabelece que todas as pessoas são inocentes até que
se prove o contrário, razão pela qual se admite a prisão penal do réu após
a produção de prova que demonstre sua culpa.

08 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de


Mandados)

A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não permite


que o juiz determine, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante dos autos.

09 - (MPE-SP – 2006 – MPE-SP – Promotor de Justiça)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 69 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
Assinale a afirmação incorreta.

A) O direito à ampla defesa abrange a autodefesa

B) A retirada do réu da sala de audiência não precisa ser motivada pelo


juiz.

C) O direito de o réu estar presente à produção da prova testemunhal


decorre do direito à autodefesa.

D) O direito à autodefesa é renunciável.

E) A retirada do réu da sala de audiência, quando sua presença ou atitude


possa prejudicar a verdade do depoimento, não viola o direito à
autodefesa.

10 - (VUNESPE – 2008 – DPE-MS – Defensor Público)

O princípio da publicidade

A) não tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que


não está previsto na Constituição Federal.

B) é aquele que garante à imprensa acesso a todas as informações


processuais, em nome do interesse público.

C) é regra geral no sistema processual do tipo acusatório.

D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do


inquérito policial, em razão da natureza inquisitiva da referida peça
informativa.

11 - (FCC – 2009 – MPE-SE – Técnico do MP – Área administrativa)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 70 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
A condenação de um réu sem defensor viola o princípio

A) da oficialidade.

B) da publicidade.

C) do juiz natural.

D) da verdade real.

E) do contraditório.

12 - (FCC – 2009 – TJ-AP – Analista Judiciário – Área Judiciária)

A Constituição Federal NÃO prevê expressamente o princípio

A) da publicidade.

B) do duplo grau de jurisdição.

C) do contraditório.

D) da presunção da inocência.

E) do juiz natural.

13 - (CESPE – 2008 – PC-TO – Delegado de Polícia)

Impera no processo penal o princípio da verdade real e não da verdade


formal, próprio do processo civil, em que, se o réu não se defender,
presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor.

14 - (CESPE – 2011 – STM – Analista Judiciário- Execução de


Mandados)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 71 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
O dispositivo constitucional que estabelece serem inadmissíveis as provas
obtidas por meios ilícitos, bem como as restrições à prova criminal
existentes na legislação processual penal, são exemplos de limitações ao
alcance da verdade real.

15 - (FCC – 2007 – MPU – Analista Processual)

Dispõe o art. 5º, inciso XXXVII da Constituição da República Federativa do


Brasil que "Não haverá juízo ou Tribunal de exceção; inciso LIII ?
Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente". Tais disposições consagram o princípio

A) da presunção de inocência.

B) da ampla defesa.

C) do devido processo legal.

D) da dignidade.

E) do juiz natural.

16 - (FGV – 2008 – TJ-MS – Juiz de Direito)

Relativamente aos princípios processuais penais, é incorreto afirmar que:

A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de


dúvida o réu seja absolvido.

B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos


criminais em andamento não sejam considerados como maus
antecedentes para efeito de fixação de pena.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 72 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a
defesa técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão
judicial, seja nas alegações finais escritas, seja nas alegações orais.

D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos


casos em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o
réu deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau.

E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo


admissível que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível
para a acusação e o crime imputado seja considerado hediondo.

QUESTÕES SOBRE APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL


PENAL

01 - (FCC – 2008 – TCE/AL – PROCURADOR)

Em relação à lei processual penal no tempo, em caso de lei nova, a regra


geral consiste na sua aplicação

A) imediata, independentemente da fase em que o processo em


andamento se encontre.

B) imediata, somente em relação aos processos que se encontrem na fase


instrutória.

C) somente a processos futuros, ainda que por fatos anteriores.

D) somente a processos futuros e sobre fatos posteriores.

E) imediata ou a processos futuros conforme decisão fundamentada do


juiz em cada caso.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 73 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
02 - (FCC – 2009 – TJ/MS – JUIZ)

A lei processual penal

A) tem aplicação imediata apenas nos processos ainda não instruídos.

B) tem aplicação imediata apenas se beneficiar o acusado.

C) é de aplicação imediata, sem prejuízo de validade dos atos já


realizados.

D) vigora desde logo e sempre tem efeito retroativo.

E) é aplicável apenas aos fatos ocorridos após a sua vigência.

03 - (FCC – 2008 – MPE/CE – PROMOTOR)

Quanto à eficácia temporal, a lei processual penal

A) aplica-se somente aos fatos criminosos ocorridos após a sua vigência.

B) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo.

C) tem aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos atos já


realizados.

D) tem aplicação imediata nos processos ainda não instruídos.

E) não terá aplicação imediata, salvo se para beneficiar o acusado.

04 - (FCC – 2009 – TJ/PA – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)

A nova lei processual penal

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 74 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
A) é de incidência imediata, pouco importando a fase em que esteja o
processo.

B) não é aplicável aos processos, ainda em curso, iniciados na vigência da


lei processual anterior.

C) não é aplicável aos processos de rito ordinário, ainda em andamento,


quando de sua vigência.

D) é aplicável, inclusive, aos processos já findos.

E) é aplicável somente aos processos, ainda em curso, da competência do


Tribunal do Júri.

05 - (VUNESP – 2010 – FUNDAÇÃO CASA – ANALISTA


ADMINISTRATIVO – DIREITO)

No que concerne à lei processual penal, considere as seguintes


assertivas:

I. aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados


sob a vigência da lei anterior;

II. não admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica;

III. admitirá o suplemento dos princípios gerais de direito.

É correto o que se afirma em

A) III, apenas.

B) I e II, apenas.

C) I e III, apenas.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 75 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
D) II e III, apenas.

E) todas as assertivas.

06 - (CESPE – 2002 – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO


FEDERAL)

Alfeu responde, em juízo de primeiro grau, a processo pela prática de


crime contra o patrimônio. Considerando, nesse caso, que o crime está
sujeito às disposições do Código de Processo Penal (CPP), julgue o item
abaixo.

A edição de uma lei processual penal nova que provoque mudanças nas
regras recursais do CPP será aplicada ao procedimento penal a que Alfeu
responde.

07 - (CESPE – 2002 – CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO


FEDERAL)

Alfeu responde, em juízo de primeiro grau, a processo pela prática de


crime contra o patrimônio. Considerando, nesse caso, que o crime está
sujeito às disposições do Código de Processo Penal (CPP), julgue o item
abaixo.

A lei processual penal aplicável ao procedimento a que Alfeu responde


admite tanto a interpretação extensiva quanto a aplicação analógica.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 76 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO

GABARITO

QUESTÕES SOBRE PRINCÍPIOS DO DIREITO


PROCESSUAL PENAL

1) ALTERNATIVA “A”
2) ALTERNATIVA “A”
3) ALTERNATIVA “E”
4) CORRETA
5) ERRADA
6) ERRADA
7) ERRADA
8) ERRADA
9) ALTERNATIVA “B”
10) ALTERNATIVA “C”
11) ALTERNATIVA “E”
12) ALTERNATIVA “B”
13) CORRETA
14) CORRETA
15) ALTERNATIVA “E”
16) ALTERNATIVA “E”

GABARITO

QUESTÕES SOBRE APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL


PENAL

01. ALTERNATIVA A
02. ALTERNATIVA C
03. ALTERNATIVA C

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 77 de 78


Direito Processual Penal – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (2013)
INSPETOR DA PRF
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO
04. ALTERNATIVA A
05. ALTERNATIVA C
06. CORRETA
07. CORRETA

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 78 de 78

Você também pode gostar