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Direito Processual Penal STF

1 - É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de inquérito ou outro


procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa de função em tribunal
de justiça.

2 - “Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX,


CF)589, a alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP590 não
autoriza a incidência do percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes
não específicos para o fim de progressão de regime. Diante da omissão legislativa,
impõe-se a analogia in bonam partem, para aplicação, inclusive retroativa, do inciso
V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo
ou equiparado sem resultado morte reincidente não específico.”
Resumo:
Ao reincidente não específico em crime hediondo, aplica-se, inclusive
retroativamente, o inciso V do artigo 112 da LEP para fins de progressão de regime.
A reforma da sistemática da progressão de regime de condenados promovida pela Lei
13.964/2019 (Pacote Anticrime) não disciplinou, de forma expressa, a circunstância
para progressão de pessoa condenada anteriormente por crime não hediondo e, em
seguida, por crime hediondo, ou seja, reincidente não específico em crime hediondo.
Tese Jurídica Simplificada - Em razão da retroatividade do art. 112, V, da Lei Anticrime,
os condenados por crime hediondo ou equiparado sem resultado morte e que não
sejam reincidentes em delito de natureza semelhante, deverão cumprir 40% da pena
imposta para fins de progressão de regime.

3 - Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais prestadas a


policiais no momento da prisão em flagrante.
A Constituição Federal597 impõe ao Estado a obrigação de informar ao preso seu direito ao silêncio não
apenas no interrogatório formal, mas logo no momento da abordagem, quando recebe voz de prisão por
policial, em situação de flagrante delito.
Ademais, na linha de precedentes da Corte598, a falta da advertência ao direito ao silêncio, no momento
em que o dever de informação se impõe, torna ilícita a prova. Isso porque o privilégio contra a auto-
incriminação (nemo tenetur se detegere), erigido em garantia fundamental pela Constituição, impor-tou
compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado acerca da possibilidade
de permanecer calado.
Dessa forma, qualquer suposta confissão firmada, no momento da abordagem, sem observação ao direito
ao silêncio, é inteiramente imprestável para fins de condenação e, ainda, invalida demais provas obtidas
através de tal interrogatório.
No caso, a leitura dos depoimentos dos policiais responsáveis pela prisão da paciente demonstra que
não foi observado o citado comando constitucional.

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