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Índice

Modulo 7

 Transformações das Primeiras Décadas do Século XX


1. Um novo equilíbrio global;
2. Construção do Modelo Soviético;
3. Regressão do demoliberalismo;
4. Mutações nos Comportamentos e na Cultura;
5. Portugal no primeiro pós-guerra;
 Agudizar das Tensões políticas e Sociais a partir dos anos 30
1. A Grande depressão e o seu impacto Social;
2. As opções totalitárias;
3. A resistência das democracias liberais;
4. Dimensão Social e Política da cultura;
5. Portugal: O Estado Novo.
 Degradação do Ambiente Internacional
1. Antecedentes;
2. Irradiação do fascismo pelo mundo;
3. Novos avanços do fascismo.

Modulo 8

 Nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico


1. A Reconstrução do pós-guerra;
2. O Tempo da Guerra Fria – a consolidação de um Mundo Bipolar;
3. Afirmação de novas potências (1955-1970).
 Portugal do autoritarismo à democracia

Modulo 9

 Fim do Sistema Internacional da Guerra-Fria e Persistência da


Dicotomia Norte-Sul
1. O Fim do Mundo Soviético;
2. Os pólos de desenvolvimento económico.
 Viragem para uma Nova Era
1. Novo modelo económico;

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As transformações das primeiras décadas do século XX

Um novo equilíbrio global

A Primeira Guerra Mundial decorreu entre 1914 e 1918. Em 1919 começaram a celebrar-se os
primeiros acordos da paz (participando apenas os países vencedores). A Conferencia da Paz
teve lugar em Paris em 1919, onde pretendia, assim, lançar as bases de uma nova Europa,
através do estabelecimento de uma nova ordem internacional que garantisse a convivência
pacífica entre as nações, surgindo um novo mapa geopolítico da Europa. As principais
transformações ocorridas foram o desmembramento dos impérios, criação de novos países e
alteração de fronteiras:

 Após a transformação do império russo (domínio do czar) num estado soviético (revolução
bolchevique, 1917), é a vez dos restantes impérios (Alemão, Austro-húngaro e Otomano)
se desmoronarem e darem origem a novos estados-nação: Finlândia, Estónia,
Letónia e Lituânia (que faziam parte da Rússia), Polónia, Checoslováquia, Hungria,
Jugoslávia (da Áustria);
Os países vencedores (tais como a França, a Itália, a Bélgica) viram as suas fronteiras
ampliadas ao contrário dos países derrotados (como a Áustria, Alemanha, Bulgária, Turquia),
aos quais foram retirados vastos territórios.
Com o desaparecimento dos impérios, a maior parte dos estados optam pela democracia
liberal sob a forma de regimes republicanos (à exceção da Rússia soviética)
A Alemanha foi a grande perdedora: perdeu 1/10 da sua população, ficou desmilitarizada
(exército e armamento reduzido), perdeu todas as colónias, foi-lhe retirada territórios, mas
sentiu-se, sobretudo, alvo de uma grande humilhação, pois foi considerada a principal
responsável pela guerra e foi obrigada a pagar indemnizações aos países vencedores.

A Sociedade das Nações

Em Abril de 1919 surgiu, sob projeto do presidente Wilson e com a esperança de que não
houvesse outro conflito mundial, a Sociedade das Nações (SDN). A SDN tinha como objetivos
principais manter a paz e fomentar a entreajuda a nível internacional, através da cooperação
económica e financeira entre os estados membros, promoção do desarmamento e a resolução
dos conflitos pela via pacífica.
Esta organização, no entanto, estava condenada ao fracasso, pois:
Os países vencidos foram excluídos, quer dos tratados de paz, quer da SDN;
 Alguns dos países vencedores não estavam satisfeitos com as resoluções dos tratados
de paz;
 Os EUA não integraram a SDN, contribuindo para o descrédito da organização.
 Como consequência, a SDN mostrou-se incapaz de desempenhar o papel de
organizadora da paz.

A difícil recuperação da Europa e a dependência em relação aos EUA

Durante a guerra, os EUA eram o principal fornecedor em bens e serviços à Europa. No final
da guerra, perante uma Europa destroçada (estava arruinada, tanto material como
humanamente), a perda da hegemonia europeia agravou-se em favor da ascensão dos EUA.
No período pós-guerra, a Europa enfrentou graves problemas como a inflação,
desvalorização da moeda, desemprego, enfim, um colapso económico.

Evidenciou igualmente grandes dificuldades em reconverter a economia, o que agravou a sua


dependência em relação aos EUA, aumentando os níveis de endividamento. A desvalorização

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da moeda e a inflação surgiram pois houve um recurso à emissão massiva de notas de modo
a fazer face às dívidas, o que provocou uma desvalorização que se refletiu numa subida
generalizada de preços (inflação), agravando mais as condições de vida das populações.

Os EUA iniciaram, então, um período de prosperidade, são os designados “Loucos Anos 20”
por viver um clima de euforia, otimismo e confiança no futuro. Em consequência, os países
europeus ficam mergulhados em dívidas ao estado americano que afirmou a sua supremacia.
A eventual recuperação da Europa deveu-se á ajuda dos EUA.

Fatores da prosperidade América:


 Adoção do Taylorismo e da concentração capitalista de empresas;
 Estabilidade monetária conseguida através dos lucros obtidos com as linhas de
financiamento à Europa e ao fenómeno do “Dólar gap” (“O Dólar, senhor do mundo”).

Construção do Modelo Soviético

A Revolução de Fevereiro de 1917 (Revolução Burguesa)

Os antecedentes da Revolução Russa de 1917:

 O império russo era chefiado pelo czar Nicolau II sob a forma de uma autocracia, isto é,
detinha o poder absoluto, o que provocava desagrado;

 Ao defender a liberalização do regime, o descontentamento do povo manifestou-se sob


várias formas, surgiram as primeiras assembleias de operários, os sovietes), sendo a
Revolução de 1905 (Domingo Sangrento) uma delas, que originou uma certa abertura
politica por parte do czar (convocou eleições para o Parlamento (Duma), criou partidos
políticos e aboliu certos privilégios da nobreza);

 A sociedade russa era composta maioritariamente por camponeses, a burguesia


ansiava para modernizar o país e por um governo parlamentar, o operariado era um
grupo minoritário.

Em Fevereiro de 1917, estavam reunidas as condições para acontecer uma revolução, onde a
Burguesia ascende ao poder (daí a se designar Revolução Burguesa), pondo fim ao
czarismo e instaurando um regime republicano na Rússia.
Os revolucionários exigem a abdicação de Nicolau II e formam um Governo Provisório,
constituído por Kerensky e Lenine (que governam sob uma republica de tipo liberal). Veremos
que será deposto pela revolução socialista de Outubro de 1917, feita pelos comunistas.

A Revolução de Outubro de 1917 (Revolução Soviética)

No período entre Fevereiro e Outubro de 1917, a agitação social não diminuiu. Já não havia
czar, mas a Rússia continuava na guerra e os problemas económicos mantinham-se. A nível
político, a Rússia vivia numa dualidade de poderes (os governos liberais, por um lado, e os
sovietes, por outro, que eram contra o Governo Provisório).

Em consequência, em Outubro de 1917, os bolcheviques, com o apoio dos sovietes,


conduziram à Revolução Soviética, onde o Governo Provisório foi substituído pelo
Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenine. Trotsky e Estaline também foram
figuras importantes na revolução. A Rússia transformou-se numa Republica não parlamentar e
deu-se início a uma guerra civil (“Exercito Vermelho” – comunistas, “Exercito Branco” –
liberais).

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Esta revolução foi responsável pela retirada da Rússia da guerra, e a nível ideológico foi
responsável pela implementação dos princípios marxistas, através de Lenine. As suas ideias e
a sua ação originaram o marxismo-leninismo. Os representantes do proletariado
conquistavam o poder político.

Bolcheviques: Fação maioritária de partido social-democrata Russo. Dirigidos por Lenine,


mantiveram-se firmes na defesa da luta de classes e da ditadura do proletariado.
Mencheviques: facão minoritária que se mostrava adepta do reformismo que se
contrapunha ao bolchevismo radical.

Marxismo-leninismo: Aplicação prática das ideias de Marx por Lenine. Defendia que o
proletariado era o que conquistava o poder (ditadura do proletariado), e igualava o poder do
Estado ao Partido Comunista (Partido Único).

Revolução de Fevereiro VS Revolução de Outubro

Fevereiro:
 Liberalismo (Principio ideológico);
 Fim da autocracia do Czar e do poder da democracia, implantação de um regime liberal
parlamentar, defesa dos direitos individuais: liberdade, propriedade, manutenção da
Rússia na guerra (Objetivos);
 Golpe de estado na sequência de manifestações populares (Acão revolucionaria);
 Burguesia (Apoio social);

Outubro:
 Marxismo-leninismo (Principio ideológico);
 Ditadura do proletariado, atribuição do poder ao congresso dos sovietes,
nacionalização da propriedade, fim da participação da Rússia na guerra (Objetivos);
 Insurreição dos sovietes dirigida pelo partido bolchevique (Acão revolucionaria);
 Operariado, campesinato, sectores da pequena burguesia (Apoios sociais).

Modelo de Estado

1. Marxismo-leninismo: Desenvolvimento teórico e aplicação prática das ideias de Marx e


Engls na Rússia por Lenine. Caracterizaram-se por enfatizar:
 O papel do proletariado, rural e urbano, na conquista do poder, pela via revolucionaria.
 Identificação do estado com o Partido Comunista, considerando a vanguarda do
proletariado.
 Recurso à força e à violência na concretização da ditadura do proletariado.

2. A estrutura do Partido único está na base da organização da sociedade e do poder do


estado.

3. Adoção de um sistema federativo/URSS em que a soberania é partilhada entre vários


territórios cada um com o seu governo e parlamentos próprios.

O centralismo democrático: A organização do Estado comunista da Rússia Soviética


denominou-se de centralismo democrático, sistema que assentava nos seguintes princípios:

 Todos os corpos dirigentes são eleitos de baixo para cima, enquanto as suas decisões
são de cumprimento obrigatório para as bases;

 Apenas o Partido Comunista era permitido, pois considerava-se que era o único capaz
de representar o proletariado, ou seja, proibiam-se todos os outros;

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 O Estado era controlado pelo Partido Comunista.

Etapas da Revolução Soviética

Comunismo de Guerra (1917-1921):


Externamente: Guerra com a Alemanha leva à assinatura do tratado de paz em Brest-
Litovsk. A Rússia com este tratado quer sair da guerra, a consequência foi de perda de
território acentuada. Incentivo à criação da 3º Internacional, visando a união de todos
os partidos comunistas.
Internamente:
 Guerra Civil entre mencheviques (brancos) e bolcheviques (vermelhos).
 Criação do exército vermelho comandado por Trotsky.
 Estabelecimento do estado de partido único. Partido comunista.

A N.E.P (Nova Politica Económica, 1921-1934):

A NEP consistiu numa viragem da economia, no sentido de superar a terrível crise


económica herdada da guerra civil. Considerando que o comunismo teria de ser construído
com base no progresso económico, Lenine passou a defender medidas do tipo capitalista
para estimular a produção:
 Estabeleceu um imposto a pagar, em vez dos camponeses entregaram todos os seus
excedentes;
 Permitiu a venda direta dos produtos dos camponeses;
 Eliminou o trabalho obrigatório.

 Restabelecimento da liberdade de comércio interno e liberdade de empresa.

A NEP (1921-1927) resultou numa melhoria assinalável dos níveis de produção.

O socialismo num só país (1928-1953):

 Coletivização e planificação da economia (planos quinquenais).

 Coletivização da agricultura que passa a assentar em duas formas de propriedade:


 Kolkhozes: Cooperativas de produção agrícola.
 Svkhozes: Quintas do Estado, cultivadas por assalariados.

 Desenvolvimento da indústria pesada, tendo em vista o fabrico de máquinas


agrícolas e material de guerra.

 Regresso ao radicalismo, estalinismo.

A regressão do demoliberalismo no 1º pós-guerra

Principais consequências:
 Elevado nº de perdas humanas e grande nº de mutilados, inválidos e órfãos.
 Modificações territoriais, criada de novos estados resultantes da fragmentação dos
impérios e da cedência de territórios por parte da Alemanha.
 Destruição económica na Europa devido às elevadas perdas materiais e à dependência
face aos EUA.
 Perda da hegemonia económica da europa e conversão dos EUA na primeira potência
mundial.

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Os anos que se seguiram á Primeira Guerra Mundial trouxeram á Europa profundas
dificuldades económicas e financeiras. Esta situação leva a um descontentamento
generalizado que se traduz em greves e o espírito revolucionário estende-se por todo a
Europa, isto é, o desespero das populações perante a crise leva à procura de novas soluções
políticas e à adesão de projetos políticos extremistas, quer de esquerda, quer de
direita.

Os partidos de esquerda intensificavam a sua ação, denunciando os males do capitalismo. Na


Alemanha, proclamou-se “uma república socialista”. Mesmo na França, na Grã-Bretanha e
na Itália, a onda revolucionária de esquerda se fez sentir, inspirada pela III
Internacional de Moscovo fundada em 1919, que defendia a união do operariado a nível
internacional, impondo o socialismo no mundo.

Estes acontecimentos denunciavam as democracias liberais e a sua incapacidade em resolver


os problemas económicos e sociais. No entanto, em países como a Alemanha e a Itália, o
medo ao bolchevismo levou a que se apoiasse soluções políticas de extrema-direita,
levando à adesão de regimes autoritários e fascistas. A emergência dos autoritarismos,
confirmava a regressão do demoliberalismo.

Mutações nos Comportamentos e na Cultura

As transformações da vida urbana

No início do século XX, havia cerca de 180 grandes núcleos urbanos (Londres, Paris, Moscovo,
etc.). Esta crescente concentração populacional provocou significativas alterações na
vida e nos valores tradicionais, ou seja, um novo modo de viver e de conviver no meio da
multidão. Adquire-se novas formas de sociabilidade, tendo o crescimento urbano
originado a criação de novos comportamentos que se massificaram (isto é, generalização
dos mesmos hábitos e gostos). A racionalização e a redução do tempo de trabalho, assim
como a melhoria do nível de vida permitiram dispor de dinheiro e tempo para o divertimento
e prazer, fazendo com que a convivência entre os sexos se tornasse mais ousada e livre
(que rompia completamente com as antigas regras sociais). Adere-se à prática do desporto e
ao uso do automóvel.

Antecedentes da crise de valores

1. Clima de incerteza e pessimismo gerado pela 1ºGuerra Mundial e pelas crises


subsequentes.
2. Confrontar (dicotomia):
 Clima de mentalidade confiante e racionalista;
 Clima de incerteza e pessimismo.
3. Massificação da vida urbana:
 Concentração urbana (metrópole e megalópoles);
 Sociedade de massas/cultura de massas;
 Desagregação das solidariedades e desenraizamento individual;
 Alienação do trabalho fabril é o termo marxista para designar o trabalho
automatizado imposto pela máquina. O trabalho passou a ser anónimo e abstrato em
que através da automatização se dissocia o operário do objeto que produz.
 Anomalia Social: Anomalistas: hereges arianos q quem chamavam homens sem
lei, desregrados. Perda do sentido da ordem social estabelecida.

A crise dos valores tradicionais


Os tempos de otimismo, de confiança na paz, na liberdade, no progresso e bem-estar que
caracterizaram a viragem do século, ruíram subitamente com o eclodir da Primeira

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Guerra. A morte de milhões de soldados, a miséria e a destruição visíveis gerou um
sentimento de desalento e descrença no futuro, que afetou toda a sociedade. Por outro
lado, a massificação urbana, a laicização social que terminara com a influência da Igreja, e as
novas conceções científicas e culturais são igualmente responsáveis pela rutura no padrão
de valores e comportamentos sociais tradicionais. Deu-se uma profunda crise de
consciência, que atinge toda a conduta social, falando-se assim duma anomia social
(ausência de regras sociais). Esta crise de valores acentuou ainda mais as mudanças que já
estavam em curso.

A emancipação da mulher

A crescente presença da mulher em todos os sectores de atividade, mais notada a partir


da Primeira Guerra, proporcionava uma relativa independência económica e esteve na
origem de uma consciencialização de que o seu papel no processo económico não tinha
correspondência a um estatuto social e político dignos. No início do século XX, organizaram-se
numerosas associações de sufragistas que lutaram pelo direito de participação na vida
politica, etc. Contudo, só no final dos anos 20 foi reconhecido à mulher o direito ao voto e de
exercício de funções politicas. Emancipadas e libertas de todos os preconceitos, as mulheres
passam a adotar novos comportamentos sociais, frequentar festas e clubes noturnos,
praticar desporto, fumar e beber livremente, etc.
A valorização do corpo e da aparência conduziu ao aparecimento de uma nova mulher que
usava o cabelo curto (à garçonete) e com as saias mais curtas e ousadas.

Anti positivismo e as novas conceções científicas

O Positivismo impusera a ideia de que a ciência tinha a resposta para todos os problemas da
Humanidade. Mas, no início do século XX, verifica-se uma reação anti-racionalista e anti-
positivista que abriu novos caminhos para o pensamento, devido às teorias de alguns
cientistas face à ciência:

 Intuicionismo: Doutrina que faz da intuição o instrumento do próprio conhecimento


da verdade. O termo está sobretudo ligado à filosofia de Bergson para o qual a razão já
não é a via exclusiva para atingir o conhecimento.

 Historicismo e Relativismo: Distingue as ciências exatas, formula leis gerais das


ciências humanas e descrevem factos individuais. O historiador recria o passado
através da imaginação (o conhecimento na historia e nas ciências humanas é relativo e
subjetivo).

 Psicanálise: a teoria psicanalítica, de Sigmund Freud, que consistia em técnicas


psicanalíticas; conversa com o paciente, interpretação dos sonhos, análise dos atos
falhados para trazer esses recalcamentos à consciência (Ego), para o libertar dos seus
problemas.

Todas estas novas teorias põem em causa as “verdades absolutas” que sustentavam o
positivismo, influenciando os comportamentos no quotidiano, pois nada mais é visto como
absoluto mas como questionável e discutível. A reação anti positivista é composta pelos
elementos acima mencionados, juntamente com o indeterminismo, o acaso e a intervenção
divina.

As vanguardas: ruturas com os cânones das artes e da literatura

Nas primeiras décadas do século XX houve uma revolução imensa nas artes, criando-se
uma estética inteiramente nova, que rompia com as tradições para mostrar uma nova
visão da realidade. Esse movimento cultural ficou conhecido como o Modernismo (que
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revolucionou as artes plásticas, a arquitetura, a literatura e a musica). As principais
vanguardas artísticas foram:

1. Expressionismo: Arte muito ligada a sentimentos de angústia e crítica social onde se


evidencia um acentuado pessimismo, isto é, desenvolviam uma temática pesada, como
o desespero, morte, sexo, miséria social.
2. Fauvismo: Agressão da cor, colorismo muito intenso. Pretendia transmitir serenidade e
não a realidade, então utilizava a cor com total liberdade.
3. Cubismo: Geometrização, representação de vários ângulos do mesmo objeto,
destruindo com as leis tradicionais da perspetival e da representação;
4. Futurismo: Rejeita o moralismo e o passado, baseando-se fortemente na velocidade,
dinamismo e movimento.
5. Abstracionismo: Transfiguração do real. Rejeita o tema ligado á realidade concreta, á
descrição do visível.
6. Dadaísmo: Quotidiano, provocação e sarcasmo. Caracteriza-se pela oposição á arte
em si, pelo ceticismo absoluto, pela improvisação.
7. Surrealismo: Psicanálise e inconsciente. Realça o papel do inconsciente na atividade
criativa, combina o abstrato com o psicológico, procura abstrair-se da racionalidade.

Modernismo: Reivindica a liberdade de criação estética repudiando todos os


constrangimentos em especial os preconceitos académicos.

Vanguarda cultural: Movimento inovador no campo artístico, literário ou em qualquer outra


área da cultura que rejeita os cânones estabelecidos e antecipa tendências posteriores.

Portugal no Primeiro Pós-guerra

A 1ª República Portuguesa vigorou de 1910 a 1926 e foi um período conturbado pelos


graves problemas sociais, económicos e políticos que, no entanto, também se faziam sentir
por toda a Europa, mergulhada em difíceis condições de vida após o primeiro conflito
mundial (1914-1918). Assim, o contexto político-económico-social que Portugal atravessava,
não favoreceu em nada a 1ª República, que sendo vista inicialmente como a salvação,
rapidamente deixou de o ser, por não responder às questões levantadas pela crise.

Fatores de declínio da 1ª República:

 Dificuldades económicas: Com a entrada de Portugal na Guerra, a situação económica


agravou-se bastante, em que se assistia a uma indústria atrasada e insuficiente, ao
predomínio da agricultura, ao aumento do custo de vida, à balança orçamental deficitária,
à falta de bens essenciais que levou à subida dos preços, à desvalorização da moeda e a
consequente inflação e aumento da dívida.

 Instabilidade política: A ameaça de perda das colónias portuguesas constituiu um dos


aspetos que leva à participação na I Guerra Mundial, trazendo consigo a instabilidade
política. As divergências internas eram frequentes, o próprio Partido Republicano
subdividiu-se em vários partidos e os governos continuavam a suceder-se. A instabilidade
governativa era inegável, visto que em 16 anos de regime, houve 45 governos. A constante
tentativa de derrubar o regime não ajudava.

 Instabilidade social: A subida do custo de vida provocou um grande descontentamento


social, ou seja, o regime republicano perdeu muito apoio, principalmente das classes
médias e do operariado. Houve uma grande agitação social, verificando-se vagas grevistas
e movimentos anti-republicanos. A República perdeu, ainda, grande parte do suporte

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popular devido às suas medidas anticlericais (separação total entre o Estado e a Igreja), o
que teve efeitos catastróficos sobre a opinião pública, maioritariamente católica.

 Fatores ideológicos: Desenvolvimento da doutrina do “integralismo lusitano”,


movimento antiparlamentar e antirepúblico, defensor do regresso aos valores tradicionais
da pátria tais como igreja, monarquia e família.

Com um ambiente destes, tornou-se fácil o derrube da 1ª República através de um golpe


de estado militar, que se deu a 28 de Maio de 1926. Este golpe pôs fim á República
Portuguesa e deu-se início a um regime de Ditadura Militar que se manteve até 1933,
altura em que é instaurado o Estado Novo de Salazar, e dá-se início a uma nova vida
política em Portugal.

Modernismo em Portugal

A proliferação de inovações formais e a diversidade de experiencias de vanguarda em


inúmeras correntes literárias e artísticas atingiram também a cultura portuguesa.
Na Literatura:
1. Fernando Pessoa, Mário de “Sá Carneiro”, Almada Negreiros introduziram o modernismo
em Portugal em sintonia com as vanguardas europeias dando lhe uma certa
originalidade nacional forçada pelo regime (república, Sidonismo, Ditadura militar e
Estado Novo).
2. Em 1913 em Lisboa formou-se o núcleo modernista que em 1915 lançou a revista
Orpheu. Revelaram-se tendências várias (hibridismo) que vão desde a permanência do
simbolismo e do decadentismo até às tendências inovadoras como o futurismo.
3. A geração de Orpheu combate o academismo reagindo contra o imobilismo
cultural/decadentismo da época através da agressão do sarcasmo e até da
automarginalização.
4. Em 1927 surge a revista Presença que dando a conhecer a obra dos modernistas do
Orpheu revelou um regresso ao neo-romantismo. Advogava o não comprometimento
político.

O agudizar das tensões politicas e sociais a partir dos anos 30

A Grande depressão e o seu impacto Social

Nos anos 30, viveu-se uma trágica crise capitalista, iniciada nos EUA mas alargada ao
resto do mundo, a que se deu o nome de “Grande Depressão”. Esta crise desencadeou-se
a partir do crash bolsista de Nova Iorque (1929), que teve origem nos seguintes fatores:
 Na especulação bolsista;
 Consumismo desenfreado;
 Facilidade de crédito;
 Livre produção;
 Na crise de superprodução (o estilo de vida americano foi generalizado, dando-se a
quebra progressiva das compras aos EUA pelo aumento da produção europeia, o que
originou uma acumulação de stocks, ou seja, superprodução).

O crash da bolsa provocou a ruína de imensos investidores, o que significou a ruína dos
bancos (falência). Muitas empresas acabaram por falir, o que provocou elevados índices de
desemprego. Houve uma diminuição do consumo, os preços dos produtos agrícolas
registaram uma quebra acentuada e destruíram-se produções, levando à falência na
agricultura, na indústria, nos transportes e noutros serviços. A nível social, teve efeitos
desastrosos, desemprego, miséria e delinquência e reduções salariais.

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A grande depressão não atingiu apenas os EUA. Os países que estavam dependentes
de empréstimos e crédito dos EUA (Áustria, Alemanha), e os que exportavam matérias-
primas (Austrália, Brasil, Índia) também sofreram, o que originou uma crise a nível mundial
(exceção feita, á URSS, que não seguia o modelo económico capitalista), levando ao
declínio do comércio mundial e persistência da deflação.

Em suma, os anos 30 foram tempos de profunda miséria e angustia: diminuição de


investimento, produção, consumo, as falências, e o desemprego, além da queda dos preços
(deflação). A gravidade da crise exigiu, medidas de intervenção do Estado na economia,
instalando a descrença no capitalismo liberal.

As Opções Totalitárias

O Totalitarismos é o sistema político que se opõe á democracia, pois concentra todos os


poderes (legislativo, executivo e judicial) nas mãos de um chefe incontestado e de um só
partido e que subordina os direitos individuais aos interesses do Estado, que se considera
dono absoluto da verdade. Temos como regimes totalitários o caso da Rússia Soviética,
da Itália Fascista e da Alemanha Nazi.

Nas décadas de 20 e 30 do séc. XX, a vida política da Europa foi caracterizada por uma
emergência de totalitarismos (tanto de esquerda como de direita). Vários fatores
contribuíram para a sua implantação:

 A crise económica e social (“Grande Depressão”);

 O ressentimento resultante da humilhação provocada pela derrota na guerra ou por


uma vitória sem recompensas;

 O receio do avanço no comunismo (no caso dos regimes de direita);

 A fragilidade das democracias liberais.

Fascismo e Nazismo (Teorias e práticas)

A ideologia fascista foi liderada pela Itália (fascismo) e Alemanha (nazismo), que tinha
como características:

 O totalitarismo, a primazia do Estado sobre o individuo e o antiparlamentarismo, ao


contrário do sistema pluripartidário, presente nas democracias, impunha-se o partido
único;
 O culto do chefe: Os líderes fascistas são vistos como homens providenciais ou super-
homens, simbolizando o Estado totalitário e encarnando a Nação, sendo responsáveis pelo
seu destino
 O culto da força e da violência: A oposição política é considerada um entrave, por isso,
deve ser aniquilada pela repressão policial, logo, a violência está na essência dos regimes,
valoriza-se o instinto e ação;
 A autarcia como modelo económico: Implementação de uma política económica de
intervenção do Estado para se atingir um ideal de auto-suficiência e acabar com o
desemprego, obtido através do heroísmo e empenho do povo trabalhador;
 O nacionalismo exagerado: Devia-se sacrificar tudo pela pátria;
 Utilização da censura, polícia política e propaganda como meio de difundir os ideais do
regime.

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Assim, os regimes nazi-fascistas opunham-se ao liberalismo e á democracia pois
defendiam que o individuo e os seus interesses deveriam subjugar-se ao interesse supremo
do Estado e não o contrário. Os fascismos atribuíam à fraqueza da democracia a
incapacidade em dar resposta á grave crise económica. Defendia, por isso, a
edificação de um Estado forte e a instauração do partido único.

O Estalinismo (Rússia Soviética, URSS) apresenta diferenças dos outros regimes totalitários
na medida em que, é um regime socialista e de extrema-esquerda (Os fascismos são de
extrema-direita e opõem-se ao socialismo). No entanto, os princípios básicos são os
mesmos. O Fascismo opunha-se aos princípios socialistas, ou seja, rejeitava a “luta de
classes”, porque dividia a Nação e enfraquecia o Estado. Contrapunha-lhe um outro sistema
baseado no entendimento entre as classes, sujeito ao interesse do Estado, conceção que
conduziu ao corporativismo.

Fascismo (1922-1945): Sistema político instaurado por Benito Mussolini, em 1922. Suprime
as liberdades individuais, defende a supremacia do Estado, e é profundamente totalitário,
autoritário e ditatorial, ou seja, anti-democrático e anti-socialista. O termo fascismo também
pode ser aplicado a todos os regimes autoritários de direita que se seguiram ao
fascismo italiano (como o nazismo).

Nazismo (1933-1945): Sistema político imposto na Alemanha, criado por Adolf Hitler. Tem
os mesmos princípios que o fascismo, acrescenta-se, porém, o racismo e anti-
semitismo que foi praticado de forma violentíssima. Proclamou a superioridade da raça
alemã, negando completamente outras etnias (daí as perseguições aos judeus).

Elites e o enquadramento das massas nos regimes fascistas

As elites eram compostas por membros considerados superiores, que tinham de ser
respeitadas pelas massas (populações). A ideologia fascista difundiu-se através da
propaganda, de modo a levar as populações a aceitar os valores fascistas. Surgiram
diversas organizações com a finalidade de incutir os ideais fascistas nas populações (ou seja,
enquadrar as massas):

 Organizações de juventude: As crianças até ao estado adulto integravam organizações


onde lhes eram incumbidos os valores fascistas, como o culto do chefe e do Estado;

 Partido Único: A filiação no Partido Fascista (Itália) ou no Partido Nazi (Alemanha)


permitia aos cidadãos o desempenho de cargos públicos, e o acesso a um estatuto
superior.

A violência nos fascismos

A ideologia fascista defendia a violência, pois achava que era nessa situação que o homem
desenvolvia as suas qualidades. Assim, foi utilizada pelos fascistas para chegar ao poder,
assim como para se manterem no poder. A violência fascista consolidou-se através do
estabelecimento das seguintes organizações:

 Milícias armadas: Grupos armados que aterrorizavam qualquer forma de oposição


politica;
 Polícias políticas: Que assegurava que não houvesse qualquer tipo de repressão ao
regime;
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 Campos de concentração: Criados na Alemanha, eram locais onde as vítimas do regime
fascista eram sujeitas a trabalhos forçados, a tortura e ao assassínio em câmaras de gás.

Violência racista nazi

O desrespeito pelos direitos humanos atingiu os cumes do horror com a violência do seu
racismo. Hitler colocou a raça ariana (alemães e austríacos) como superior às restantes.
Esta sua tese foi desenvolvida na sua obra Mein Kampf, e obteve grande recetividade por
parte dos nazis, o que levou ao maior desrespeito pelos direitos humanos.
Obcecado pelo aperfeiçoamento da “raça ariana”, promoveu uma “seleção” de arianos
(altos, louros, olhos azuis). Para tal, deveriam ser eliminados os “imperfeitos”, para além
dos judeus (deficientes, velhos, doentes incuráveis, homossexuais), para se melhorar a raça
(eugenismo).

Os judeus tornaram-se o alvo preferido da perseguição nazi (pois eram considerados


culpados pela derrota alemã na guerra e pelos problemas económicos sofridos) e sofreram na
pele uma das maiores humilhações e torturas na História. (anti-semitismo: termo que
designa o ódio aos judeus).
Passaram a não poder exercer nenhuma profissão, nem frequentar lugares públicos,
foram obrigados a viver em guetos (bairros separados), e a usar uma estrela amarela para
serem rapidamente identificados. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial os nazis
causaram a morte de cerca de 6 milhões de judeus através da sua política de genocídio
(extermínio em massa) dos judeus. Pela dimensão das crueldades cometidas nos campos de
concentração, este genocídio ficou conhecido como Holocaust.

O Estalinismo

O Estalinismo é uma outra vertente do totalitarismo, que ficou conhecida após a morte de
Lenine (1924). O novo líder, Estaline, impôs a submissão violenta dos indivíduos ao
Estado e ao chefe e empenhou-se na construção de uma sociedade socialista igualitária, este
regime durou de 1928 a 1953. Durante este regime, a economia soviética assentou em
dois postulados:
 A coletivização dos campos (Pondo fim á NEP, Estaline ordenou que se expropriassem
as propriedades criadas durante a NEP, para dar origem a quintas coletivas (kolkhozes), o
que originou forte oposição por parte dos kulaks (proprietários agrícolas), levando Estaline
a persegui-los e deportá-los. Estaline defendia a coletivização dos meios de produção,
pois no seu entender, era o que proporcionava uma efetiva igualdade social;

 A planificação económica, Estaline estabeleceu metas de produção para a economia,


através dos planos quinquenais (5 em 5 anos). Cada plano definia os objetivos a atingir e
os meios necessários para o efeito. Como consequência, temos o desenvolvimento de
alguns sectores de indústria pesada e dos transportes.
 1º Plano Quinquenal (1928/1933): Incremento da indústria pesada,
desaparecimento da iniciativa privada, Coleta fiscal, mão-de-obra especializada
e por último fixação e disciplina dos operários.

 2ºPlano Quinquenal (1933/1938): Fomento da indústria ligeira e dos bens de


consumo (vestuário e calçado).

 3ºPlano Quinquenal (1939/1945): Fomento da indústria pesada, hidrelétrica e


química.

Esta política económica era fortemente marcada pelo intervencionismo do Estado e da


limitação ao extremo da iniciativa privada. Isto permitiu ao país recuperar do atraso
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económico e atingir acentuados níveis de crescimento da produção agrícola e industrial,
fatores que permitiram á URSS afirma-se como das grandes potências mundiais.
Em termos políticos, Estaline impôs um regime totalitarista extremamente repressivo, pois
até á sua morte, Estaline perseguiu os seus opositores e impôs a sua supremacia, através dos
seguintes pontos:
 Russificação de todas as regiões que compunham a URSS, ou seja, adoção por todas as
Repúblicas da mesma língua, costumes, tipo de regime e constituição.
 Monopolização do poder politica pelo partido Comunista que assentava no centralismo
democrático.
 Enquadramento e arregimentação dos cidadãos em organizações quer fossem jovens
(pioneiros e Juventudes Comunistas) que fossem os próprios.
 Integração de crianças e jovens em organizações estalinistas e operários em sindicatos
de filiação obrigatória.
 O Partido Comunista controlava tudo.
 O culto da personalidade de Estaline, através da propaganda política.
 Repressão, censura e depurações:
 Purgas periódicas dentro do Partido, eliminando os elementos que o
criticavam;
 Os elementos considerados indesejáveis eram condenados a campos de
trabalho forçado (Gulag);
 Polícia política (NKVD);
 Controlo apertado do Exercito Vermelho (Bolcheviques).

A resistência das democracias liberais

O intervencionismo do Estado

A dimensão que a crise de 1929 alcançou, fez aparecer opiniões/teses de economistas como
John Keynes, que defendem que a única solução é uma maior intervenção do Estado, pondo
em causa o sistema capitalista.

Os EUA optam pela teoria de Keynes, que defendia que ao Estado deveria caber um papel
ativo de organizador da economia e regulador do mercado, através do New Deal (designação
dada á politica implementada nos EUA, a partir de 1933, que através de reformas económicas
e sociais, combateu a depressão dos anos 30), posto em prática por Franklin Roosevelt
(presidente dos EUA na altura). As medidas implementadas pela New Deal (33-34) foram:

Carácter económico:
 Controlo da banca, da produção agrícola e industrial;
 Controlo dos serviços de transporte e da produção da energia elétrica;
 Aumento dos salários do operariado melhorando o seu poder de compra;
 Desvalorização do Dólar e controlo da inflação.

Carácter Social:
 Construção de estradas, vias férreas, escolas, hospitais para combater o
desemprego;
 Distribuição de dinheiro aos mais pobres;
 Instituição de reformas por velhice/invalidez,
 Fundo de desemprego e garantia de um salário mínimo e de liberdade sindical,
 Redução para 40 horas de trabalho semanal.

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A New Deal permitiu uma recuperação económica, superando a crise que afetou o mundo
capitalista. O liberalismo económico passou a aceitar o intervencionismo estatal como
estratégia de sobrevivência.

Dimensão Social e Política da cultura

Cultura de massas
No princípio do seculo XX, emerge a cultura de massas. Trata-se de uma cultura comum à
maioria da população, cujos gostos se uniformizam, orientando-se para o consuma maciço
dos mesmos bens culturais. Os dois fatores que contribuíram para esta homogeneização
cultural foi a generalização do ensino que dotou os cidadãos de um mesmo conjunto de
saberes, valores e gostos e o segundo, é o desenvolvimento dos meios de comunicação de
massas, os media.

A cultura ao serviço dos Estados


Os efeitos da comunicação de massas são múltiplos e profundos, os media tinham uma
importância decisiva na transmissão de valores culturais e sociais, a imprensa, a rádio e
o cinema foram meios de comunicação privilegiados da cultura de massas. A imprensa era
submetida a uma severa censura pelos regimes autoritários que a usavam como meio de
divulgação da política governamental. Os jornais no Estado Novo tinham muita circulação
principalmente de feição conservadora. Com o impacto da rádio, esta veio a ser o veículo
privilegiado da propaganda politica. As estações de rádio multiplicaram-se sendo privadas
ou estatais, no ano de 1939 a maior parte dos lares americanos tinha rádio, e assim Hoover e
Roosevelt utilizaram este meio de propaganda na sua campanha politica. Os regimes
totalitários da Itália e da Alemanha foram grandes utilizadores da rádio, penetrando assim
intimamente em todos os lares.
O cinema foi o meio de difusão de modelos socioculturais, modelando a opinião pública,
inculcando-lhes os valores dominantes. O cinema foi o grande construtor de sonhos,
moldando assim os espíritos dos espectadores para a aceitação dos mesmos valores que as
personagens aceitavam. Este meio foi utilizado como arma de guerra durante a 2ºGuerra
Mundial.

Portugal: O Estado Novo

Tal como aconteceu noutros países, cujos regimes foram influenciados pela ideologia fascista,
também em Portugal se verificou a progressiva adoção do modelo italiano através da
edificação do Estado Novo. Designa-se, assim, por Estado Novo, o regime totalitário de tipo
fascista que vigorou em Portugal de 1933 a 1974, caracterizado por ter um Estado forte, com
supremacia sobre os interesses individuais, anti-liberal, anti-democrático e anti-parlamentar,
autoritário e nacionalista.

Em 1928, foi nomeado para o governo, a fim de exercer funções de ministro das Finanças,
António de Oliveira Salazar que, devido á sua ação, conseguiu um saldo positivo para o
orçamento de Estado, tendo sido nomeado chefe do governo em 1932 devido a esse “milagre
económico”, passando a controlar todos os sectores (daí a que o regime seja normalmente
denominado por Salazarismo). Este projeto político de Salazar (1933) caracterizou-se por
diversos aspetos:

 Carácter anti democrático:


Defendia um Estado forte (ditatorial, autoritário, anti-parlamentar e anti-democrático), que
recusava as liberdades individuais e a soberania popular: “Tudo no Estado, nada Fora
do Estado”. Salazar foi um forte opositor da democracia liberal e do pluripartidarismo.
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No entanto, também negava os ideais marxistas e a luta de classes. Na sua óptica, o
interesse de todos devia sobrepor-se às conveniências individuais. Assim, os direitos
individuais dos cidadãos não eram respeitados.

Os opositores políticos eram perseguidos e encerrados em prisões políticas, o que demonstra


o carácter repressivo do regime salazarista. Os meios repressivos utilizados pelo regime
eram a censura e as polícias políticas. Prestava-se o culto ao chefe, isto é, destacava-se a
figura de Salazar, considerado “Salvador da Pátria”, que a propaganda política alimentava.
Havia um partido único, a União Nacional.

 Carácter conservador e nacionalista:


Em relação ao conservadorismo, Salazar empenhou-se na recuperação dos valores que
considerava fundamentais, como Deus, Pátria, Família, Paz Social, Moralidade, Autoridade,
que não podiam ser postos em causa. A base da nação era a família, o homem era o
trabalhador e o papel da mulher foi reduzido. Empenhou-se também na defesa de tudo o que
fosse tradicional e genuinamente português, revestindo de importância a ruralidade e
rebaixando a sociedade industrializada. Deu proteção especial à Igreja, baseado no lema
"Deus, Pátria, Família". O carácter nacionalista destacou-se, pois louvou e comemorou os
heróis e o passado glorioso da Pátria, valorizou as produções culturais portuguesas e incutiu
os valores nacionalistas através das milícias de enquadramento das massas. Além disso, o
regime salazarista utilizava as colónias em proveito dos interesses da nação, seguindo os
parâmetros definidos pelo Acto Colonial de 1930.

 Carácter Corporativista: O Estado Novo mostrou-se empenhado na unidade da nação


e no fortalecimento da Nação. Defendia, assim, que os indivíduos apenas tinham
existência para o Estado se integrados em organismos ou corporações pelas funções
que desempenham e os seus interesses harmonizam-se para a execução do bem comum.

 Carácter Intervencionista: A estabilidade financeira tornou-se numa prioridade. O


Estado Novo apostou num modelo económico fortemente intervencionista e autárquico,
que se fez sentir nos vários sectores da economia:

 Agricultura: Portugal era um país maioritariamente rural, assim, pretendia-se tornar


Portugal mais independente da ajuda estrangeira, criando-se incentivos à
especialização em produtos como a batata, vinho, etc. Um grande objetivo de Salazar,
era tornar a economia portuguesa isolada de possíveis crises económicas externas. A
construção de barragens levou a uma melhor irrigação dos solos.

 Indústria: A indústria não constitui uma prioridade ao Estado Novo. O condicionamento


industrial consistia na limitação pelo Estado do nº de empresas existentes e do
equipamento utilizado, pois a iniciativa privada dependia em larga medida, da
autorização do Estado. Funcionava assim, como um travão á livre-concorrência. Mais
do que o desenvolvimento industrial, procurava-se evitar a sobre produção, a queda dos
preços, o desemprego e agitação social.

 Obras Públicas: Tinha como principal objetivo o combate ao desemprego e a


modernização das infra-estruturas do país. A intervenção ativa do Estado fez-se
sentir através da edificação de pontes, expansão das redes telegráfica e telefónica,
obras de alargamento nos portos, construção de barragens, expansão da eletrificação,
construção de edifícios públicos (hospitais, escolas, tribunais). A política de construção
de obras públicas foi aproveitada (politicamente) para incutir no povo português a ideia
de que Salazar era imprescindível à modernização material do País.

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O projeto cultural do Regime

No contexto de um regime de tipo totalitário, a cultura portuguesa encontrava-se


subordinada ao Estado e servia de instrumento de propaganda política. O Estado Novo
compreendeu a necessidade de uma produção cultural submetida ao regime, por isso,
pela via da persuasão o Estado Novo concebeu um projeto que vai instrumentalizar os artistas
para a propaganda do seu ideal. A este projeto cultural chamou-se de “Política de
Espírito”.

Foi o meio encontrado para mediatizar o regime, em que era proporcionado uma
“atmosfera saudável” à imposição dos valores nacionalistas e patrióticos.
Tudo servia para divulgar as tradições nacionais e engrandecer a civilização portuguesa
(restauro de monumentos, festas populares, peças de teatro, cinema, etc.) Salazar defendia
que as artes e as letras deveriam inculcar no povo, o amor da pátria, o culto dos heróis, as
virtudes familiares, a confiança no progresso, ou seja, o ideário do Estado Novo.

O enquadramento das massas

O enquadramento das massas era feito através de organizações milicianas tais como:
 A Legião Portuguesa: Destinava-se a defender “o património da Nação”, o Estado
Corporativo e a ameaça bolchevista. Servia de enquadramento e arregimentação dos
adultos.
 A Mocidade Portuguesa: Era de inscrição obrigatória para os estudantes dos ensinos
primário e secundário, e destinava-se a ideologizar a juventude, incutindo-lhe os
valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo.

Degradação do Ambiente Internacional

Antecedentes:
 Dificuldades económicas derivadas dos efeitos da Grande Depressão;
 Dificuldades políticas dos regimes democráticos;
 Adesão crescente às soluções totalitárias.

Irradiação do Fascismo pelo Mundo

Na Europa:

 Regimes autoritários em vários países, alguns dos quais se começaram a estruturar nos
anos 20.
 Alemanha: Hitler chegou ao poder em 1933, dissolveu o parlamento e abandonou a
SDN.
 Áustria: ascensão do partido pró-nazi, que levou à anexação pela Alemanha.
 Checoslováquia: Cai na orbita do nazismo.
 Espanha O general Franco, após a vitória na guerra civil (1936-1939), estabelece o
regime Ditatorial Franquismo.

Noutros Continentes:

 América Latina: Getúlio Vargas toma o poder em 1930, na sequência de um golpe


militar. Em 1937 aboliu os partidos políticos e instituiu um regime de tipo fascista
designado “Estado Novo”.

 Extremo Oriente: No Japão o imperador Hirohito, no poder desde 1926, interrompeu o


processo de democratização e estabeleceu um regime absoluto.
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Hesitações face ao imperialismo fascista

 Incapacidade da Sociedade das Nações (SDN) em fazer frente à política imperialista do


Japão, da Itália e da Alemanha.

 A França e a Grã-Bretanha receosas de um novo conflito cederam face à política


militarista e imperialistas de Hitler e dos seus aliados.

Novos avanços do expansionismo fascista (1939)


 A Itália de Mussolini anexa a Albânia.
 A Alemanha estabelece um pacto de não-agressão com a URSS.
 A Alemanha invade a Polónia, a 1 de Setembro.
 A Grã-Bretanha e França declararam-lhe guerra.
Início de II Guerra Mundial (3 de Setembro de 1939).

Nascimento e Afirmação de um Novo Quadro Geopolítico

A Reconstrução do pós-guerra

A definição das áreas de influência

Ainda decorria a 2ª Guerra Mundial, e já os “Aliados” – EUA, URSS, Inglaterra -, confiantes na


vitória, procuravam estratégias para estabelecer uma nova ordem internacional, e definir os
termos da paz que se avizinhava, através da realização de conferências, onde se chegaram a
alguns pontos:
 Conferência de Ialta (Fevereiro de 1945):

 Proposta de criação de uma organização mundial que fomentasse a cooperação


entre os povos, que seria a ONU (Organização das Nações Unidas);
 Desmembramento da Alemanha e confiá-la aos Aliados, consequentemente
destruindo o regime nazi (estabelecimento da democracia na Europa) e imposição à
Alemanha o pagamento das reparações da Guerra;
 Definição das fronteiras da Polónia.

 Conferência de Potsdam (Julho de 1945), com o objetivo de confirmar as resoluções


em Ialta :

 Confirmação da “desnazificação” e a divisão em 4 partes (pela URSS, EUA,


Inglaterra e França) da Alemanha e da Áustria
 Detenção dos criminosos de guerra nazis, que eram julgados no Tribunal de
Nuremberga;
 Especificação das indemnizações à Alemanha, isto é, o tipo e o montante.

No final do conflito, estava definido um novo mapa político europeu, marcada pela
emergência de duas grandes potências, vencedoras da Guerra, perante uma Europa
destruída e desorganizada, emergindo, então, um novo desenho geopolítico que se
sustenta na formação de definição de duas grandes áreas de influência: em 1949 dá-se
a criação de duas Alemanhas;
 De um lado a República Federal da Alemanha (RFA), resultante da junção das três
zonas de ocupação ocidentais (França, Inglaterra e EUA);
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 E do outro a República democrática da Alemanha (RDA), correspondente à zona de
ocupação Soviética.

A divisão da Europa reforçou a desconfiança e conduziu ao endurecimento de posições entre


os dois blocos geopolíticos, que marcaria o período da Guerra Fria.
A rutura entre os EUA e a URSS deveu-se à extensão da influência soviética na Europa de
Leste, ou seja, a extensão do comunismo provocou a crítica das democracias da
Europa Ocidental e dos EUA.

Organização das Nações Unidas

A ONU foi criada em 1945 na cidade de São Francisco, onde contou com os delegados de 51
nações, segundo o projeto de Roosevelt. Na Carta das Nações Unidas estão contidos os
objetivos que presidiram à sua criação:

 Manter a paz e a segurança internacionais (para evitar novos conflitos);


 Desenvolver relações de amizade entre as nações (baseada no principio de igualdade
entre os povos);
 Realizar a cooperação internacional (para promover e estimular o respeito pelos direitos
humanos);
 Harmonizar os esforços das nações para concretizar estes objetivos (servir como
mediador).

As Novas regras da economia Internacional

Havia consciência de que estava eminente uma grave crise económica, pois os países
europeus encontravam-se arruinados e desorganizados. Assim, em 1944, na Conferência de
Bretton Woods, um grupo de economistas reuniu-se a fim de estabelecer uma nova ordem
económica e financeira internacional e relançar o comércio com base em moedas estáveis. As
principais diretrizes económicas que resultaram da conferência foram:

 A criação do Fundo Monetário Internacional que dava assistência financeira aos


países em dificuldades;
 Sistema Monetário Internacional que assentou o dólar como moeda-chave;
 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento que apoiava projetos de
reconstrução das economias;
 Estabilidade monetária possível a partir do estabelecimento de taxas de câmbio
fixas que os diferentes países se comprometiam a respeitar.

Apesar de todos os esforços para desenvolver a economia mundial, a Europa continuava


frágil. Com receio que a crise europeia se estendesse aos EUA, os americanos decidiram
tomar medidas imediatas.
Surge, assim, o Plano Marshall (1947), que consistiu na ajuda prestada pelos EUA à Europa
após a Segunda Guerra Mundial, como os objetivos de:
 Tentar travar o avanço do comunismo;
 Recuperação dos países da Europa Ocidental;
 Contrariar a quebra das importações Europeias.

Este programa de auxílio foi acolhido com entusiasmo pela generalidade dos países, e foi
verdadeiramente essencial à recuperação europeia. Para operacionalizar esta ajuda, foi criada
a OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica), que servia pra supervisionar a
distribuição dos fundos do Plano Marshall.

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Em 1949, dá-se a resposta da URSS ao Plano Marshall, com a criação do Plano Molotov e
COMECON, que estabeleceu as estruturas de cooperação económica da Europa de
Leste.
A divisão do mundo em dois blocos antagónicos consolidou-se e os tempos da Guerra Fria
estavam cada vez mais próximos.

O Tempo da Guerra Fria – a consolidação de um Mundo Bipolar

“Guerra Fria” é a expressão que se atribui ao clima de tensão político-ideológico que no


final da Segunda Guerra Mundial se instalou entre as duas superpotências (EUA e URSS), e
que se estende até ao final da década de 80 (1985).

No entanto, nunca houve um conflito direto, caracterizando-se apenas pela corrida aos
armamentos, ameaças e movimentos de espionagem, conflitos locais, etc. Era uma “guerra
de nervos”, sustentada pelo antagonismo de duas conceções diferentes de organização
política (EUA – Liberalismo/Capitalismo; URSS – Socialismo/Comunismo).

Assim, no tempo da Guerra Fria, assistiu-se á consolidação de um mundo bipolar.

 De um lado, um bloco liderado pelos EUA, politicamente adepto da democracia


liberal, pluripartidária e economicamente defensor do modelo capitalista (assente na
livre iniciativa e na livre concorrência).

 Do outro lado, o bloco liderado pela URSS, defensora do regime socialista, cujo
modelo económico assentava nos princípios da coletivização e planificação estatal da
economia.

O mundo capitalista

 Política de alianças:
O acentuar das tensões políticas conduziu á formação de alianças militares que
simbolizaram o antagonismo militar, ou seja, os EUA e a URSS procuraram estender a sua
influência ao maior número possível de países. Criou-se a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), liderado pelos EUA e sendo o objetivo principal a segurança
coletiva, isto é, ter a capacidade de resposta perante a um ataque armado, em resposta, foi
constituído o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS, para a defesa militar do seu bloco.

 A prosperidade económica e a sociedade de consumo

No decorrer de 25/30 anos após a guerra, os países europeus recuperaram e viveram uma
excecional recuperação económica, a produção industrial cresceu, houve uma revolução
nos transportes, cresceu o número de empresas, a agricultura modernizou-se, o sector
terciário expandiu-se, etc.

Este desenvolvimento económico fez nascer a sociedade de consumo, isto é, as populações


são incitadas a comprar um número crescente de bens que ultrapassam a satisfação das
necessidades básicas (lar materialmente confortável, bem equipado com eletrodomésticos,
rádio, TV, telefone, automóveis, etc.), tudo isto possível devido ao pleno emprego e bons
salários (resultados da recuperação económica). A forma que se arranjou para estimular o
consumo, foi através da publicidade.

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 A afirmação do Estado-Providência

A Grande Depressão já tinha demonstrado a importância de um Estado económico e


socialmente interventivo. O Estado torna-se, por esta via, o principal agente económico do
país, o que lhe permite exercer a sua função reguladora da economia. O país pioneiro do
Welfware State, isto é, o Estado do bem-estar (Estado Providência), foi o Reino Unido,
onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas. Ao Estado caberá a
tarefa de corrigir as desigualdades, daí o seu intervencionismo.

As medidas principais do EP foram a nacionalização da economia e o garantir de reformas que


abrangesse situações como maternidade, velhice, doenças. Este conjunto de medidas visa um
duplo objetivo: por um lado reduz a miséria e o mal-estar social; por outro, assegura uma
certa estabilidade á economia. O Estado-Providência foi um facto da prosperidade
económica.

O mundo comunista

 O expansionismo soviético
Após a 2ª Guerra, a URSS foi responsável pela implantação de regimes comunistas,
inspirados no modelo soviético, por todo o mundo, ou seja, estendeu a sua influência à
Europa, Ásia e África.

Os países europeus que aderiram ao modelo soviético foram a Bulgária, Albânia, Roménia e
Polónia. Estes novos países socialistas receberam a designação de democracias populares
(designação atribuída aos regimes em que o Partido Comunista, afirmando representar os
interesses dos trabalhadores, se impõem como Partido Único, controlando as instituições do
Estado).

Como resposta à OTAN, a URSS cria o Pacto de Varsóvia, com objetivos idênticos: a
assistência mútua entre os países membros.
Os países asiáticos que sofreram influência soviética foram a Mongólia, China e Coreia. O
ponto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba, onde um punhado de
revolucionários sob o comando de Fidel Castro e do Che Guevara derrubaram o governo
apoiado pelos EUA.

 Opções e realizações da economia de direção central


No final da 2ª guerra, a economia soviética estava arrasada. Para afirmar o seu papel de
superpotência, obtido com a vitória, havia que recuperar e rapidamente. Para tal, foi
recuperada a planificação económica, onde foi dado prioridade à indústria pesada.
Assim, a URSS e os países de modelo soviético registaram um crescimento industrial tão
significativo que ascenderam à segunda posição da indústria mundial. No entanto, o nível de
vida das populações não acompanhou esta evolução económica, faltavam bens de
consumo, os horários de trabalho são excessivos, os salários são baixos, as populações
amontoam-se em bairros periféricos, etc.

No entanto, as economias de direção central (dirigidas pelo Estado) evidenciavam as suas


debilidades:

 A prioridade concedida à indústria levou à falta de investimento em outros sectores;


 A planificação económica, o “jogar pelo seguro”, reduzia certos fatores importantes,
como o risco no investimento, o que revelou ser um entrave ao progresso.

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Destes bloqueios económicos resultou a estagnação da economia soviética. Apesar de
inúmeras tentativas de a ultrapassar, estes bloqueios acabarão por conduzir à falência dos
regimes comunistas europeus, no fim dos anos 80. A extinção da União Soviética deu-se
a 1991.

Afirmação de novas potências (1955-1970)

Os países que adquiriram o estatuto de novas potências foram o Japão, a Comunidade


Económica Europeia (1957 – Tratado de Roma) e a República da China.

No japão deu-se o Milagre Japonês (anos 60/70), devido aos seguintes fatores:
 Crescimento do PNB;
 Métodos avançados de produção, automatização e robotização;
 Crescimento da produção automóvel;
 Grandes empresas do tipo paternalistas;
 Recusa da política de rearmamento;
 Elevada mão-de-obra qualificada e satisfação da população;
 Importação e aperfeiçoamento de tecnologias;
 Manutenção de uma balança comercial favorável;
 Crescimento de outros sectores tais como a construção naval, electrónica, siderurgia,
electricidade e indústrias químicas;

Tudo isto levou o Japão a emergir como nova potencia mundial.

Na República Popular da China deu-se a libertação face à dependência da URSS. Ocorreu


a mobilização de toda a população e todos os recursos físicos e morais, verificando-se o
rompimento com tradições e mentalidades seculares.
Sendo que em 1965 origina-se a revolução Cultural do ponto de vista material, como o
objetivo de modernização da agricultura, da indústria, da ciência e da tecnologia, do ponto de
vista ideológico inspirado no maoísmo.

Portugal do autoritarismo à democracia

Imobilismo político e crescimento económico do pós-guerra a


1974

Politicamente, após a Segunda Guerra Mundial, Portugal manteve a mesma feição


autoritária, ignorando a onda democrática que inundava a Europa. No que se refere à
economia, viveu-se um período conturbado na medida em que o atraso do país era
evidente, em termos económicos, sociais e políticos.
A estrutura agraria industrial é arcaica, verificando-se a estagnação dos diferentes sectores
económicos, devido à falta de incentivos à modernização tecnológica. Tudo isto faz aumentar
a taxa de emigração, visto que a sociedade esta empobrecida, mas a falta de liberdades
individuais, repressão policial e censura é um dos maiores problemas sociais. A questão
colonial veio a revelar se um problema devido às avultadas despesas militares com a guerra.

Estagnação do mundo rural e o surto industrial


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Apesar de a agricultura ser o sector dominante, era pouco desenvolvida, caracterizada por
baixos índices de produtividade, que fazia de Portugal dos países mais atrasados da
Europa. O principal problema consistia na dimensão das estruturas fundiárias, no Norte
predominava o minifúndio, que não possibilitava mecanização; no Sul estendiam-se
propriedades imensas (latifúndios), que se encontravam subaproveitadas.
O défice agrícola foi aumentando, e ao longo dos anos 60 e 70 e assistiu-se a um elevado
êxodo rural e emigração, pois as populações procuravam melhores condições de vida,
condenando a agricultura a um quase desaparecimento.

Face a esta situação, a partir de 1953, foram elaborados Planos de Fomento para o
desenvolvimento industrial. O I Plano (1953-1958) e o II Plano (1959-1964) davam
continuidade ao modelo de autarcia e à substituição de importações, mas não contavam com
o apoio dos proprietários. É só a partir de meados dos anos 60, com o Plano Intercalar de
Fomento (1965-1967) e o III Plano (1968-1973), que o Estado Novo delineia uma nova
política económica:
 Defende-se a produção industrial orientada para a exportação;
 Dá-se prioridade à industrialização em relação à agricultura;
 Estimula-se a concentração industrial;
 Admite-se a necessidade de rever a lei do condicionamento industrial que
colocava entraves à livre concorrência. O grande ciclo salazarista aproximava-se do
fim.
No decurso do II Plano, o nosso país viria a integrar-se na economia europeia e mundial,
integrando a EFTA, a BIRD e a GATT. A adesão a estas organizações marca a inversão na
política da autarcia do Estado Novo.
Esta política confirmou a consolidação de grandes grupos económicos e financeiros em
Portugal e o acelerar do processo industrial.

Emigração
Enquanto nas décadas de 30 e 40 a emigração foi bastante reduzida, a década de 60
tornou-se no período de emigração mais intenso da nossa história, pelos seguintes
motivos:

 A política industrial provocou o esquecimento do mundo rural, logo, sair da aldeia era uma
forma de fugir à miséria;
 Os países europeus que necessitavam de mão-de-obra, pagavam com salários
superiores;
 A partir de 61, a emigração foi, para muitos jovens, a única maneira de não participar
na guerra entre Portugal e as colónias africanas. Por essa razão, a maior parte da
emigração fez-se clandestinamente.

O Estado procurou salvaguardar os interesses dos nossos emigrantes, celebrando acordos


com os principais países de acolhimento. O País passou, por esta via, a receber um montante
muito considerável de divisas: as remessas dos emigrantes. A Tal facto, que muito contribuiu
para o equilíbrio da nossa balança de pagamentos e para o aumento do consumo
interno, induziu o Governo a despenalizar a emigração clandestina e a suprimir alguns
entraves.

A urbanização
O surto industrial traduziu-se no crescimento do sector terciário e na progressiva
urbanização do país. Dá-se o crescimento das cidades e a concentração populacional. Em
Lisboa e Porto, as maiores cidades portuguesas, propagam-se subúrbios. No entanto, esta
expansão urbana não foi acompanhada da construção das infra-estruturas
necessárias, aumentando as construções clandestinas, proliferam os bairros de lata,
degradam-se as condições de vida (incremento da criminalidade, da prostituição…). Mesmo

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assim, o crescimento urbano teve também efeitos positivos, contribuindo para a expansão
do sector dos serviços e para um maior acesso ao ensino e aos meios de
comunicação.

A radicalização das oposições e o sobressalto político de 1958

Em 1945, a grande maioria dos países europeus festejavam a vitória da democracia sobre
os fascismos. Parecia, assim, que estavam reunidas todas as condições para Salazar também
optar pela democratização do país. Salazar encenou, então, uma viragem política,
aparentando uma maior abertura, a fim de preservar o poder:
 Antecipou a revisão constitucional, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições
antecipadas, que Salazar anunciou “tão livres como na livre Inglaterra”.

Em 1945, os portugueses foram convidados a apresentar listas de candidatura às eleições


legislativas (para eleger os deputados da Assembleia Nacional). A oposição democrática
(conjunto dos opositores ao regime no segundo pós-guerra) concentrou-se em torno do MUD
(Movimento de Unidade Democrática), criado no mesmo ano. O impacto deste
movimento, que dá início à chamada oposição democrática, ultrapassou todas as previsões.

Oposição Democrática: Expressão que designa o conjunto de forças políticas heterodoxas


(monárquicos, republicanos, socialistas e comunistas) que, de forma legal ou semi-legal, se
opunham ao Estado Novo, adquirindo visibilidade, face aos constrangimentos impostos às
liberdades pelo regime, em épocas eleitorais.

Para garantir a legitimidade no acto eleitoral, o MUD formula algumas exigências, que
considera fundamentais, como o adiamento das eleições por 6 meses (a fim de se
instituírem partidos políticos), a reformulação dos cadernos eleitorais e a liberdade de
opinião, reunião e de informação. As esperanças fracassaram já que nenhuma das
reivindicações do Movimento foi satisfeita e este desistiu por considerar que o acto eleitoral
não passaria de uma farsa. A apreensão das listas pela PIDE permitiu perseguir a oposição
democrática.

Em 1949, aquando das eleições presidenciais, a oposição democrática apoiou o candidato


Norton de Matos, que concorria contra o candidato do regime, Óscar Carmona. Era a
primeira vez que um candidato da oposição concorria à Presidência da República e a
campanha voltou a entusiasmar o País mas, no entanto, face a uma severa repressão, Norton
de Matos apresentou também a sua desistência pouco antes das eleições.

Em 1958 ano de novas eleições presidenciais, o Governo pensou ter controlado a situação
até que, em 1958, a candidatura de Humberto Delgado a novas eleições presidenciais
desencadeou um terramoto político. A sua coragem em criticar a ditadura, apelidou-o de
“general sem medo”.

O anúncio do seu propósito de não desistir das eleições e a forma destemida como anunciou a
sua intenção de demitir Salazar caso viesse a ser eleito, fizeram da sua campanha um
acontecimento único no que respeita à mobilização popular. De tal forma que o governo
procurou limitar-lhe os movimentos, acusando-o de provocar “agitação social, desordem e
intranquilidade pública”.

O resultado revelou mais uma vitória esmagadora do candidato do regime (Américo Tomás),
mas desta vez, a credibilidade do Governo ficou profundamente abalada. Salazar
começou a tomar consciência de que se estava a tornar difícil continuar a enganar a
opinião pública. A campanha de Humberto Delgado desfez qualquer ilusão sobre a pretensa
abertura do regime salazarista. Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE em 1965.

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A questão colonial

Tornou-se difícil para o Governo Português manter a sua política colonial. Depois da
segunda guerra mundial, e com a aprovação da Carta das Nações Unidas, o Estado Novo
viu-se obrigado a rever a sua política colonial e a procurar soluções para o futuro do nosso
império.
Em termos ideológicos, a “mística do império” é substituída pela ideia da “singularidade
da colonização portuguesa”. Os portugueses tinham mostrado uma grande capacidade de
adaptação à vida nas colónias onde não havia racismo e as raças se misturavam e as culturas
se espalhavam. Esta teoria era conhecida como luso-tropicalismo.
No campo jurídico, a partir de 1951, desaparece o conceito de colónia, que é substituído
pelo de província ultramarina e desaparece o conceito de Império Português, substituído
por Ultramar Português. A presença portuguesa em África não sofreu praticamente
contestação até ao início da guerra colonial. Exceção feita ao Partido Comunista Português
que no seu congresso de 1957 (ilegal), reconheceu o direito à independência dos povos
colonizados.

Entretanto, em 1961, no seguimento da eclosão das primeiras revoltas em Angola,


começam a notar-se algumas divergências nas posições a tomar sobre a questão do
Ultramar. Confrontam-se, então, 2 teses divergentes: a integracionista e a federalista.
A 1ª defendia a política até aí seguida, lutando por um Ultramar plenamente integrado no
Estado português; a 2ª considerava não ser possível, face à pressão internacional e aos
custos de uma guerra em África, persistir na mesma via.
Defendia a progressiva autonomia das colónias e a constituição de uma federação de
Estados que garantisse os interesses portugueses. Os defensores da tese federalista
chegaram a propor ao Presidente a destituição de Salazar. Destituídos acabaram por ser
eles, saindo reforçada a tese de Salazar, que ordenou que o Exército Português avançasse
para a Angola, dando início a uma guerra que se prolongou até à queda do regime, em
1974.

A luta armada

O negar da possibilidade de autonomia das colónias africanas, fez extremar as posições dos
movimentos de libertação que, nos anos 50 e 60, se foram formando na África portuguesa.
Em Angola, em 1955, surge a UPA (União das Populações de Angola) que, 7 anos mais tarde,
se transforma na FNLA (Frente de Libertação de Angola); o MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola) forma-se em 1956; e a UNITA (União para a Independência Total de
Angola) surge em 1966. A guerra inicia-se em Angola a 1961.

Em Moçambique, a luta é dirigida pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)


fundada em 1962. A guerra estende-se a Moçambique em 1964.

Na Guiné, distingue-se o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em


1956 e a guerra alastrou-se à Guiné em 1963. Portugal viu-se envolvido em duras frentes
de batalha que, à custa de elevadíssimos custos materiais e humanos, chegou a
surpreender a comunidade internacional.

O isolamento internacional

A carta das nações unidas estabeleceu que todas as nações tinham o direito á sua
autodeterminação. Contudo, Portugal recusou-se a aceitar esta ideia dizendo que as
províncias ultramarinas faziam parte de Portugal.

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Tal postura conduziu, inevitavelmente, ao desprestígio do nosso país, que foi excluído de
vários organismos das Nações Unidas e alvo de sanções económicas por parte de diversas
nações africanas. A recusa de todas as ofertas e planos (como a ajuda americana por
exemplo), remeteu Portugal para um isolamento, evidenciado na expressão de Salazar,
“orgulhosamente sós”.

A Primavera Marcelista

Em 1968, Salazar foi substituído Marcello Caetano, no cargo de presidente do Conselho de


Ministros, que fez reformas mais liberais para a democratização do regime. Nos
primeiros meses o novo governo até deu sinais de abertura, período este conhecido por
“Primavera Marcelista” (alargou o sufrágio feminino por ex.). Contudo, o oscilar entre
indícios de renovação e seguir as linhas do salazarismo, resultou no fracasso da tentativa
reformista. A PIDE mudou o seu nome para DGS e diminuiu, ao início, a virulência das suas
perseguições. No entanto, face ao movimento estudantil e operário, prendeu, sem hesitações,
os opositores ao regime; A Censura passou a chamar-se Exame Prévio; se este, inicialmente,
tolerou algumas críticas ao regime, cedo se verificou que atuava nos mesmos moldes da
Censura;
A oposição não tinha liberdade de concorrer às eleições e a política Marcelista era
criticada como sendo incapaz de evoluir para um sistema mais democrático. Tudo isto levou
á revolução de 25 de Abril de 1974.

Da Revolução à estabilização da democracia

O Movimento das Forças Armadas e a eclosão da Revolução

O problema da guerra colonial continuava por resolver. Perante a recusa de uma solução
política pelo Governo Marcelista, os militares entenderam que se tornava urgente pôr fim à
ditadura e abrir o caminho para a democratização do país.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 partiu da iniciativa de um grupo de oficiais do
exército português – O Movimento dos Capitães (1973), liderado por Costa Gomes e
Spínola, que tinha em vista o derrube do regime ditatorial e a criação de condições
favoráveis à resolução política da questão colonial. Estes acontecimentos deram força
àqueles que, dentro do Movimento (agora passava-se a designar por MFA – Movimento das
Forças Armadas), acreditavam na urgência de um golpe militar que, restaurando as
liberdades cívicas, permitisse a tão desejada solução para o problema colonial. Depois de uma
tentativa precipitada, em Março, o MFA preparou minuciosamente a operação militar que,
na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado Novo.

Operação “Fim-Regime”

A operação militar teve início com a transmissão, pela rádio, das canções-senha, que permitia
às unidades militares saírem dos quartéis para cumprirem as missões que lhes estavam
destinadas. A resistência terminou cerca das 18h, quando Marcello Caetano se rendeu
pacificamente ao general Spínola. Entretanto, já o golpe militar era aclamado nas ruas pela
população portuguesa, cansada da guerra e da ditadura, transformando os acontecimentos
de Lisboa numa explosão social por todo o país, uma autêntica revolução nacional que, pelo
seu carácter pacífico, ficou conhecido como a “Revolução dos Cravos”. A PIDE foi a
última a render-se na manhã seguinte.

A caminho da democracia
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O desmantelamento das estruturas do Estado Novo
O ato revolucionário permitiu que se desse início ao processo de desmantelamento do
Estado Novo. No próprio dia da revolução, Portugal viu-se sob a autoridade de uma Junta de
Salvação Nacional, que tomou de imediato medidas:

 O presidente da República e o presidente do Conselho foram destituídos, bem como


todos os governadores civis e outros quadros administrativos; A PIDE-DGS, a Legião
Portuguesa e as Organizações da Juventude foram extintas, bem como a Censura
(Exame Prévio) e a Acão Nacional Popular; Os presos políticos foram perdoados e
libertados e as personalidades no exílio puderam regressar a Portugal; Iniciou-se o
processo da independência das colónias e organização de eleições para formar
a assembleia constituinte que iria aprovar a nova constituição da República. A
Junta de Salvação Nacional nomeou para Presidente da República o António de Spínola,
que escolheu Adelino para chefiar o governo provisório.

Tensões políticas ideológicas na sociedade e no interior do MFA


O período Spínola
Os tempos não foram fáceis para as novas instituições democráticas. Passados os primeiros
momentos de entusiasmo, seguiram-se dois anos politicamente muito conturbados,
originando graves confrontações sociais e políticas. Rapidamente começaram as
reivindicações, as greves e as manifestações influenciadas pelos partidos da esquerda. O
governo provisório mostrou-se incapaz de governar o país e demitiu-se, o que fez com que
o poder político se dividisse em dois pólos opostos:

De um lado o grupo apoiante do general Spínola que procurava controlar o
movimento popular que podia originar outra ditadura, desta vez de extrema-esquerda;

Do outro lado a comissão coordenadora do MFA e os seus apoiantes que defendia a
orientação do regime para um socialismo revolucionário.
O desfecho destas tensões culminou com a demissão do próprio general Spínola, após o
falhanço da convocação de uma manifestação nacional em seu apoio, e a nomeação de
outro militar, o general Costa Gomes, como Presidente da República.

A radicalização do processo revolucionário

No período entre a demissão de Spínola (Setembro 1974) e a aprovação da nova


Constituição da República (1976), Portugal viveu uma situação política revolucionária
repleta de antagonismos sociais. Durante estes dois anos, o poder esteve entregue ao MFA, a
Vasco Gonçalves, que assumiu uma posição de extrema-esquerda e uma forte ligação ao
Partido Comunista. A data-chave é 11 de Março de 1975: tentando contrariar a orientação
esquerdista da revolução, António de Spínola tentou um golpe militar (fracassado). Em
resposta, a MFA cria o Conselho da Revolução, ligado ao PCP, que passa a funcionar como
órgão executivo do MFA e tornou-se o verdadeiro centro do poder (concentra os poderes da
Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado), e propõe-se orientar o Processo
Revolucionário em Curso - PREC que conduziria o País rumo ao socialismo.

As eleições de 1975 e a inversão do processo revolucionário

Das eleições de 1975, sai vitorioso o Partido Socialista, que passa a reclamar maior
intervenção na atividade governativa. Vivem-se os tempos do Verão Quente de 1975, em
que esteve iminente o confronto entre os partidos conservadores e os partidos de
esquerda. É em pleno “Verão Quente” que um grupo de 9 oficiais do próprio Conselho da
Revolução, encabeçados pelo major Melo Antunes, crítica abertamente os sectores mais
radicais do MFA: contestava o clima de anarquia instalado, a desagregação económica e
social e a decomposição das estruturas do Estado. Em consequência, Vasco Gonçalves foi
demitido. Era o fim da fase extremista do processo revolucionário. A revolução regressava
aos princípios democráticos e pluralistas de 25 de Abril, que serão confirmados com a
Constituição de 1976.

Politica Económica anti-monopolista e intervenção do Estado a nível


económico-financeiro

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Os tempos da PREC tinham em vista a conquista do poder e o reforço da transição ao
socialismo. Assim, nessa altura, tomaram-se um conjunto de medidas que assinalaram a
viragem ideológica no sentido do marxismo-leninismo:
 O intervencionismo estatal (em todos os sectores da economia), as nacionalizações
(o Estado apropriou-se dos bancos, dos seguros, das empresas, etc., passando a ter mais
controlo da economia), a reforma agrária (procedeu-se à coletivização dos latifúndios do
Sul e à expropriação e nacionalização pelo Estado e a constituição de Unidades Coletivas
de Produção (UCP). Graças ao partido comunista foi aprovada a legislação para a reforma
agrária com proteção dos trabalhadores e dos grupos económicos mais desfavorecidos
através das novas leis laborais, salário mínimo nacional, aumento de pensões e reformas.)
A opção constitucional de 1976

Depois de um ano de trabalho, a Assembleia Constituinte terminou a Constituição, aprovada


em 25 de Abril de 1976. A constituição consagrou um regime democrático e pluralista,
garantindo as liberdades individuais e a participação dos cidadãos na vida política através
da votação em eleições para os diferentes órgãos. Além disso, confirmou a transição para o
socialismo como opção da sociedade portuguesa. Mantém, igualmente, como órgão de
soberania, o Conselho da Revolução considerado o garante do processo revolucionário, este
órgão continuará a funcionar em estreita ligação com o presidente da República, que o
encabeça. A nova constituição entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, exatamente dois
anos após a “Revolta dos Cravos”. A Constituição de 1976 foi, sem dúvida, o documento
fundador da democracia portuguesa.

O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o processo da


descolonização
O processo descolonizador

A nível interno, a “independência pura e simples” das colónias colhia o apoio da maioria dos
partidos que se legalizaram depois do 25 de Abril e também nesse sentido se orientavam
os apelos das manifestações que enchiam as ruas do país.
É nesta conjuntura que o Conselho de Estado reconhece às colónias o direito à
independência. Intensificam-se, então, as negociações com os movimentos aos quais
Portugal reconhece legitimidade para representarem o povo dos respectivos
territórios.
No entanto, Portugal encontrava-se num a posição muito frágil, quer para impor condições
quer para fazer respeitar os acordos. Desta forma, não foi possível assegurar, como previsto,
os interesses dos Portugueses residentes no Ultramar. Fruto de uma descolonização tardia e
apressada e vítimas dos interesses de potências estrangeiras, os territórios africanos não
tiveram um destino feliz.

Fim do Sistema Internacional da Guerra-Fria e Persistência da


Dicotomia Norte-Sul

O fim do mundo soviético


A Era Gorbatchev – uma nova política

No início dos anos 80, a União Soviética encontrava-se numa situação preocupante.
Foi na conjuntura de crise que surge Mikhail Gorbatchev, eleito secretário-geral do PCUS
em 1985. Sem querer por em causa a ideologia e o sistema político vigente, Gorbatchev
entendeu, no entanto, ser necessário iniciar:

 Um processo de reestruturação económica, perestroika (assiste-se a uma


descentralização da economia, através da adaptação da economia planificada a uma
economia de mercado, onde passa a ser reconhecida a livre iniciativa e a livre
concorrência);
 Uma política de transparência, glasnot (foi reconhecida a liberdade de
expressão, aboliu-se a censura e acabou-se com as perseguições políticas, visando a
participação mais ativa dos cidadãos na vida política).
Para além da reconversão económica e a abertura democrática, Gorbatchev também
pretendia uma aproximação ao mundo ocidental, nomeadamente no sentido do
desarmamento, para se chegar a um clima internacional estável.

O colapso do mundo soviético


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Entretanto, as reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto nos
países de Leste europeu. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste,
assistindo-se a uma subversão completa do sistema comunista: Na Polónia,
Checoslováquia, Bulgária, Roménia, etc., os partidos comunistas perdem o seu lugar de
“partido único” e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra. Assim, a “cortina de
ferro” que separava a Europa, começa a dissipar-se: as fronteiras com o Ocidente são
abertas e, nesse mesmo ano, cai o Muro de Berlim, reunificando a Alemanha (antes
dividida em duas pelo muro).
Ainda é anunciado, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a destituição do COMECON.

 A Checoslováquia divide-se em duas repúblicas – A República Checa e a Eslováquia.


 Origem de novos estados independentes, através da extinção da Jugoslávia, como a
Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Croácia.
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável,
conduzindo, também, ao fim da própria URSS. Gorbatchev nunca pretendia o fim do
comunismo ou do socialismo, tenta parar o processo pela força, fazendo com que o apoio da
população se concentre em Boris Ieltsin, que é eleito presidente da República da Rússia, em
Junho de 91 (que toma a medida extrema de proibir as atividades do partido comunista).

No Outono de 91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em 21 de


Dezembro, nasce oficialmente a CEI – Comunidade de Estados Independentes, à qual aderem
12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética. Estava consumado, assim, o fim
do bloco soviético e da URSS.

Os problemas da transição para a economia de mercado

A transição para a economia de mercado mostrou-se difícil e teve um impacto muito


negativo na vida das populações.
 Perante o fim da economia planificada e dos subsídios estatais, muitas empresas
faliram, contribuindo para o desemprego;
 A continuada escassez dos bens de consumo, a par da liberalização dos preços, estimulou
uma inflação galopante (subida de preços), que não era acompanhada por uma subida de
salários, lançando a população na miséria.
Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição para a economia de
mercado. Privados dos importantes subsídios que recebiam da União Soviética,
sofreram uma brusca regressão económica. De acordo com o Banco Mundial “a pobreza
espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer lugar do mundo”. A
percentagem de pobres elevou-se de 2 para 21% da população total. O caos económico
instalou-se e agravaram-se as desigualdades sociais.

Os pólos de desenvolvimento económico


Nos finais do seculo XX estabeleceram-se novos polos de desenvolvimento económico no
Mundo constituídos pela Tríade (Estados Unidos, Comunidade Europeia e Espaço Ásia-Pacífico)
tendo em comum a economia de mercado.

A hegemonia dos EUA


Com o colapso do bloco soviético, os EUA passaram a reunir todas as condições para se
afirmarem como a grande superpotência mundial. A hegemonia que os EUA detêm sobre
o resto do mundo alicerça-se numa incontestada capacidade militar, numa próspera
situação económica e no dinamismo científico e tecnológico que evidencia.

O poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo investimento


maciço no complexo industrial militar. Os EUA têm sido considerados os "polícias do
mundo", devido ao papel preponderante e ativo que têm desempenhado, afirmando a sua
supremacia militar.
A sua hegemonia assenta, igualmente, na prosperidade da sua economia. Os EUA
afirmam-se como os maiores exportadores, devido ao dinamismo das suas empresas de
bancos, turismo, cinema, música.
O sector primário não foi, porém, abandonado. Em resultado da elevada produtividade, os
EUA mantêm-se como os maiores exportadores de produtos agrícolas.
A sua indústria também revela grande dinamismo, tendo como consequência a liderança dos
EUA em sectores de produção de automóveis, têxteis sintéticos, produtos farmacêuticos, etc.

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Durante a presidência de Bill Clinton, tornou-se prioridade o desenvolvimento do sector
comercial, procurando-se estimular as relações económicas com a região do Sudoeste
Asiático criando a APEC - Cooperação Económica Ásia-Pacífico, e estipulou a livre
circulação de capitais e mercadorias entre os EUA, Canadá e México através da NAFTA –
Acordo de Comércio Livre da América do Norte.
Finalmente, a hegemonia dos EUA resulta também da sua capacidade de inovar, reflexo do
progresso científico-tecnológico que evidencia. São os que mais investem na
investigação científica, desenvolveram os tecnopolos (parques tecnológicos, empresas
ligadas à tecnologia). O sector terciário ocupa um enorme peso na economia americana
(cerca de 75 %).

A União Europeia

Desde a sua criação, em 1957, que a União Europeia (naquela altura, CEE) tem vindo a
consolidar-se quer pela integração de novos estados-membros, quer pelo aprofundamento do
seu projeto económico e político. Assim, integraram-na:
 Nos anos 70 – Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (1973) – Europa dos 9;
 Nos anos 80 – Grécia (1981), Portugal e Espanha (1986) – Europa dos 12;
 Nos anos 90 – Áustria, Suécia, Finlândia (1995) – Europa dos 15.

Recentemente entraram os Países Bálticos: Chipre, República Checa, Eslovénia, Eslováquia,


Hungria, Polónia, Letónia, Lituânia, Malta (Europa dos 25).
A principal objetivo da CEE era a união aduaneira, concretizada em 68. No início dos anos 80
vigorava a Europa dos 9, porém, o projeto europeu encontrava-se estagnado.

 Decidido a relançar o projeto europeu, Jacques Delors, concentrou-se na renovação da


CEE: Em 1986 foi assinado o Cato Único Europeu, que previa o estabelecimento de um
mercado único, onde, para além de mercadorias, circulassem livremente pessoas,
capitais e serviços.

 Em '92 celebrou-se o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht) que


estabelece uma União Europeia (UE), fundada em três pilares: o comunitário, de cariz
económico e, de longe, o mais desenvolvido; o da política externa e da segurança
comum (PESC), e o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos. Foi
instituída a cidadania europeia e definiu-se o objetivo da adoção da moeda única. A 1
de Janeiro de 1999, onze países inauguram oficialmente o euro, que completou a
integração das economias europeias. O euro entra em vigor em 2002.

Dificuldades da união política

Têm sido muitos os obstáculos à criação de uma Europa política: os países que não se
identificam na totalidade com o projeto europeu, ou os que resistem às medidas que implicam
a perda da soberania nacional, a integração de mais países (conjugar interesses de países
diferentes), que não tem favorecido o caminho de uma Europa mais unida, a incapacidade da
EU de resolver questões como o desemprego, etc.

O Espaço económico da Ásia-Pacífico

O milagre japonês dos anos 50 e 60 deu início a um processo de desenvolvimento


económico que iria, nas décadas seguintes, contagiar outros países asiáticos. Com efeito, o
sucesso do Japão serviu de incentivo e de modelo ao desenvolvimento dos “quatro
dragões”: Hong Kong; Singapura; Coreia do Sul; Taiwan.
Os quatro dragões compensaram a escassez de recursos naturais com o esforço de uma
mão-de-obra barata e abundante, com o apoio do Estado (que investiu altamente no
ensino, tendo em vista a qualificação profissional da população, apostou em políticas
protecionistas com vista a atrair os capitais estrangeiros e na exportação de bens de
consumo). Em resultado, estes países conseguiram produzir, a preços imbatíveis, produtos
de consumo corrente que invadiram os mercados ocidentais, promovendo sectores como
o da indústria automóvel, construção naval, etc.

Quando a crise afetou a economia mundial na década de 70, o Japão e os “quatro dragões”
iniciaram um processo de cooperação económica com os membros da ASEAN
(Associação das Nações do Sudoeste Asiático), que agrupava a Tailândia, Indonésia,
Filipinas e Malásia. O desenvolvimento destes países resultou das necessidades de matérias-
primas, recursos energéticos e bens alimentares, de que eram importantes produtores, por
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parte do Japão e dos “quatro dragões” que, em troca, exportavam bens manufacturados
e tecnologia. Este intercâmbio deu origem a uma nova etapa de crescimento, mais
integrado, do pólo económico da Ásia Pacífico.
O crescimento teve, no entanto, custos ecológicos e sociais muito altos: a Ásia tornou-se
a região mais poluída do Mundo e a sua mão-de-obra permaneceu, maioritariamente, pobre e
explorada.

A questão de Timor

Timor foi dos poucos casos na Ásia onde se instaurou uma democracia através de um
processo de autodeterminação. Em 1974, a “Revolução dos Cravos” agitou também Timor
Leste, que se preparou para encarar o futuro sem Portugal. Na ilha, onde não tinham ainda
surgido movimentos de libertação, nasceram três partidos políticos:
 A UDT (União Democrática Timorense), que defendia a união com Portugal num
quadro de autonomia;
 A APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), favorável à integração
do território da Indonésia;
 E a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), com um
programa independentista, ligado aos ideais de esquerda.)

Esta última, em 1975, declara, unilateralmente, a independência do território, mas em


Novembro, o governo indonésio ordena a sua invasão por tropas suas. Timor resiste, e a
sua resistência continuou ativa nos anos 80, encabeçada por Xanana Gusmão (líder da
FRETLIN).
Em 1991, a consciência da comunidade internacional foi despertada, através do
visionamento de imagens de um massacre a civis timorenses. No fim da década, a Indonésia
aceita finalmente que o povo timorense decida o seu destino através de um referendo, que
fica marcado para Agosto de 1999.

O referendo, supervisionado por uma missão das Nações Unidas, a UNAMET, deu uma
inequívoca vitória à independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte das
milícias pro-indonésias.
Uma onda de indignação e de solidariedade percorreu então o Mundo e conduziu ao
envio de uma força de paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas.
A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a República Democrática de Timor Leste.

Modernização e abertura da China à economia de mercado

O arranque da China para o processo de modernização e abertura à economia de


mercado teve início nos fins da década de 70, altura em que Deng assumiu o poder. O Líder
chinês iniciou um processo de grandes reformas económicas, lançando as bases do
desenvolvimento agrícola, industrial e técnico da China.

Seguindo uma política pragmática, Deng dividiu a China em 2 áreas geográficas distintas:
O interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da influência externa; e o litoral
abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado internacional.

 O sistema agrário foi reestruturado. Entre 1979 e 1983 as terras foram


descolectivizadas e entregues aos camponeses, estes que podiam, então, comercializar
os seus produtos num comércio livre. Assim, a produção agrícola chinesa cresceu 50% em
apenas 5 anos. O sector industrial foi altamente modificado em favor da exportação.
Em 1980, as cidades de Shenzhen, Zuhai, Shantou e Xiamen, passaram a ser “Zona
Económicas Especiais”, eram favoráveis ao negócio pois o investimento estatal
estava aí concentrado.

Viragem para uma Nova Era

Novo modelo económico

Fatores de crise do Estado-Nação


O Estado-Nação surge como um dos principais legados do liberalismo. Inspirados no
princípio das nacionalidades eclodem no séc. XIX na Europa e na América Latina movimentos
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revolucionários que originam vários Estados.
No séc. XX os Estados-Nação tornam-se o elementos estruturador da ordem política
internacional.

A sua afirmação decorre de diferentes factores, nomeadamente:


- Desmembramento dos impérios autoritários a seguir ao final da I Guerra Mundial;
- Movimentos de descolonização que caracterizam o 2º pós guerra;
- Desmoronamento da URSS e da Europa de Leste nos anos 90;

No entanto este vê-se em crise devido aos seguintes fatores:


 Aceleração da crescente mundialização e da unificação dos mercados que retirou ao
Estado-Nação a centralidade na produção de equilíbrios económicos, sociais e políticos;
O Estado-Nação vê-se superado por entidades supranacionais ou ultrapassado por
questões transnacionais (migrações, a segurança e o ambiente);
 Conflitos étnicos que põem em causa o próprio Estado nação;
 Nacionalismos separatistas.

Contextualize a adoção de políticas económicas neoliberais

A adoção de políticas neoliberais leva ao estímulo dos rendimentos privados, à poupança e


ao aumento do investimento, reduzindo as despesas do Estado-Providência havendo mais
estimulo ao trabalho e à procura de emprego. A opção de políticas económicas neoliberais
devem-se a estes fatores:

1. Rigor financeiro:
-Combate ao despesismo;
-controlo da inflação;
2. Valorização da iniciativa privada:
-Liberalização dos preços;
-reduções fiscais;
3. Investimento tecnológico:
- Maior rentabilização;
4. Globalização:
-Livre circulação de produtos, capitais, pessoas e definição de estratégias empresariais
à escala mundial (transnacionais).

Orientação económica desenvolvida por Ronald Reagan e Margaret Thatcher na


década de 1980

Na década de 1980, Ronald Reagan (nos Estados Unidos) e Margaret Thatcher (na
Inglaterra) foram os defensores obstinados do neoliberalismo e puseram termo à política
económica e social do Estado-providência.
A sua orientação económica foi desenvolvida através de uma nova doutrina económica o
neoliberalismo, que proponha reerguer o capitalismo. Esta doutrina era orientada por
Medidas de rigor como a redução da inflamação e o equilíbrio orçamental. Esta doutrina
visava diminuir os encargos do estado na vida social e económica e para isso procedeu à
privatização das empresas, a restrição do emprego pelo estado e os cortes na segurança
social.
O Estado Neoliberal valoriza a iniciativa privada, incentiva a livre concorrência e a
competividade e em nome do livre jogo da oferta e da procura, liberaliza os preços ao
empresário aliviando assim os impostos e a facilidade de contratar e despedir mão-de-obra.
Esta política neoliberal reflete as tendências económicas vividas nos anos 80 caminhando
para a globalização da economia.

Questões transnacionais – Desafio ao Estado Nação

A explosão das realidades étnicas, as migrações, as questões ambientais e o


terrorismo denominam-se por questões transnacionais e estas constituem um desafio
para o Estado-Nação porque não são resolvidas estatalmente, ou seja, são resolvidas à
escala internacional com os vários Estados e exigindo a intervenção de outras instâncias
como é o caso da ONU e das organizações supranacionais, regionais e não-governamentais.
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Para a resolução destas questões como é o caso do terrorismo, a destruição da camada do
ozono e migrações que criam situações caricatas e xenófobas por parte dos países
acolhedores necessitam da cooperação dos Estados porque cada um destes temas e outros
mais ultrapassam a esfera de ação de cada Estado-Nação.

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