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I PRETENSÕES DA FALA...
Mergulhamos neste mundo sem pensar nele e sobre ele...a crítica se faz
um bem raro nos tempos líquidos de exaustão de informações. Muitas vezes,
reproduzimos a visão naturalizada do senso comum e/ou as concepções e visões
divulgadas no fantástico mundo midiático, intencionalmente montadas para difundir
uma forma de olhar, um jeito de pensar que reforce determinados interesses
dominantes... E assim parece que mergulhamos num profundo sono, deixamos de
ver, ficamos cegos, como magistralmente denuncia José Saramago no seu “Ensaio
sobre a Cegueira!”
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PANORAMA CONTEMPORÂNEO?
É esta uma questão forte, fundante e meu esforço aqui é delinear uma
aproximação analítica que propicie vias e trilhas na compreensão deste mundo
contemporâneo e sua lógica. Para tanto, vou trabalhar no tear reflexivo, tecendo
fios da crítica, movimentando aportes teóricos, nos limites das minhas possibilidades
como pesquisadora e no tempo que ainda disponho nesta noite. E, com certeza,
estas vias e trilhas, que aqui esboço, integram a agenda das disciplinas e, assim, o
processo de aproximações para tornar inteligível o cenário contemporâneo faz-se
permanente e está em movimento, a interpelar professores e estudantes...
Senão vejamos!
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A rigor, esta crise que marca o tempo presente, é grave e profunda, com
raízes fincadas nos novos padrões de acumulação e valorização do capital. Como
avalia o pensador marxista contemporâneo István Mészáros, é uma crise estrutural
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Nenhum país pode evocar imunidade à esta crise estrutural do capital, nem
mesmo a China, com seu superávit de trilhões de dólares que, neste capitalismo de
liquidez e risco, pode evaporar-se de um dia para outro, em meio a uma turbulência
(MÉSZÁROS, 2013). E, especificamente no Brasil, as expressões da crise do capital
ganham visibilidade em 2012/2013, evidenciando a instabilidade e o risco dos
arranjos do modelo brasileiro, nos circuitos híbridos do ajuste e do
neodesenvolvimentismo (CARVALHO; CASTRO, 2013). (Esta é uma instigante
provocação para outra discussão...)
E na sua crítica a esta sociedade líquida e que nos liquefaz, Bauman alerta
que a felicidade não está na riqueza de poucos, que a felicidade não se mede pelo
que cada um acumula, mas, justamente, pela distribuição. É evidente que Bauman
confronta com a mistificação ideológica que sustenta esta sociedade, no limite de
suas contradições.
Nesta direção, fazer ciência é um “dever de ofício” dos cientistas sociais que
integram diferentes áreas de estudo, distintos campos do saber... E fazer Ciência
coloca em pauta o exercício da Pesquisa?
E cabe refletir: