Disciplina: COV-783 - Matemática para Engenharia Oceânica I

Prof. Paulo de Tarso - ptarso@laboceano.coppe.ufrj.br - Sala I-207

Aula 5

Resolução de equações diferenciais em séries de potências

A solução de equações diferenciais por este método fornece resultados sob a forma de séries de potências.
É um processo padronizado que pode ser empregado para resolver equações diferenciais lineares com
coeficientes variáveis.

3,0

Seja a sequência:
2,5

1
2,0
n  , tal que lim n  0
n n 

1,5
e a série :
1,0
 
1 1 1 1
0,5  n    1    ... 
n 1 n 1 n 2 3 n
 lim n S n
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

1 1 1
onde S1=1, S 2  1  , S 3  1   , ...
2 2 3
As séries de potências podem ser do tipo:

 an (x  x 0 )n  a0  a1(x  x 0 )  a2 (x  x0 )2  a3 (x  x 0 )3  ...
n0

onde a0,a1,a2,a3,... são constantes e são chamados de coeficientes da série, x0 é uma constante chamada
de centro da série e x é a variável. Se x0=0 obtemos uma série de potências de x

 anxn  a0  a1x  a2x 2  a3 x 3  ...
n0

Exemplos: Séries de Maclaurin

 1
 xn  1  x  x 2  x 3  ...  (se |x|<1, série geométrica)
n0 1 x

xn x 2 x3

n 1 n!
 1  x    ...  e x
2! 3!
(Taylor)


(1) n x 2 n x2 x4

n 0 (2n)!
 1    ...  cos( x)
2! 4!

(1) n x 2 n 1 x3 x5

n  0 (2n  1)!
 x    ...  sen( x)
3! 5!

Técnica para resolver equações diferenciais com coeficientes variáveis :

Seja a equação diferencial:
y’’(x)+p(x)y’(x)+q(x)y(x)=0
1. Desenvolver todas as funções dadas [p(x) e q(x)] na forma de série de potências de x ou (x-x0)

2. Assumir uma solução y(x) na forma de série de potências : y(x)   anxn
n0

1
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
3. Inserir y(x) na equação diferencial e, em seguida, calcular as derivadas y' (x )   nanxn1 e
n 1

y' ' (x)   n(n  1)anxn 2
n 2

4. Agrupar os termos de mesma potência e, iniciando com o termo constante, depois x 1, x2,..., igualar a soma
dos coeficientes de cada termo a zero.

Exemplo: Seja a equação diferencial de 1ª ordem:

y’(x)-y(x)=0
onde p(x)=1 e q(x)=1
 
Se y(x)   anxn  y' (x)   nanxn1
n0 n 1

 
Substituindo em y’(x)-y(x)=0   nanxn1   anxn  0
n 1 n 0

(a1+2a2x+3a3x2+4a4x3+ ... )-(a0+a1x+a2x2+a3x3+ ...)=0

Colocando em evidencia os termos de mesmo expoente teremos:

(a1-a0)+(2a2-a1)x+(3a3-a2)x2+(4a4-a3)x3+ .. +[(n+1)an+1-an]xn=0
(a1-a0)=0  a1=a0
a0
(2a2-a1)x=0  2a2-a1=0  2a2-a0=0  a 2 
2
a0 a a
(3a3-a2)x2=0  3a3-a2=0  3a3=a2  3a3   a3  0  0
2 6 3!

a3 a a
(4a4-a3)x3=0  4a4-a3=0  4a4=a3  a4   a4  0  0
4 24 4!
...
a0 a0 a
(nan-an-1)xn-1=0  nan-an-1=0  nan=an-1  nan   an   0
(n  1)! n(n  1)! n!

a0
forma geral: an  , onde a0 é uma constante fornecida como condição inicial do problema.
n!

Então : y(x)   anxn
n0

Substituindo os valores dos coeficientes:


a0 2 a0 3  1 1 
y( x)   an x n  a0  a0 x  x  x  ...  a0 1  x  x 2  x3  ...
n 0 2! 3!  2! 3! 
x 2 x3
Lembrando que 1  x    ...  ex  y(x)=a0ex
2! 3!

Exemplo: Resolva a equação diferencial y’(x)=2xy(x) por :

1. separação de variáveis : y’(x)=2xy(x)

2
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y' 1 dy 1
separando as varáveis em lados opostos :  2x   2 x  dy  2 xdx
y y dx y
1
integrando ambos os lados :  y dy   2 xdx  c
x2
 c  x 2  c  e ln[ y ]  e x  c  y(x)  ex ec  ex c'  c' ex
2
ln( y)  2
2 2 2
ln[y]=2xdx+c 
2
2. série de potências : y’(x)=2xy(x)

fazendo y(x)=a0+a1x+a2x2+a3x3+a4x4+a5x5+...
tem-se : y’(x)=0+a1+2a2x+3a3x2+4a4x3+5a5x4+...=

substituindo em y’(x)=2xy(x) :
a1+2a2x+3a3x2+4a4x3+5a5x4+...=2x[a0+a1x+a2x2+a3x3+a4x4+...]
a1+2a2x+3a3x2+4a4x3+5a5x4+6a6x5+...=2xa0+2xa1x+2xa2x2+2xa3x3+2xa4x4+2xa5x5+...
a1+(2a2-2a0)x+(3a3-2a1)x2+(4a4-2a2)x3+(5a5-2a3)x4+(6a6-2a4)x5+... =0
a1=0
(2a2-2a0)x=0  2a2-2a0=0  2a2=2a0  a2=a0
2a1 2
(3a3-2a1)x2=0  3a3-2a1=0  3a3=2a1  a3   a1 como a1=0  a3=0
3 3
a2 1 1
(4a4-2a2)x3=0  4a4-2a2=0  2a4-a2=0  2a4=a2  a 4   a2 como a2= a0  a 4  a0
2 2 2
2a3 2
(5a5-2a3)x4=0  5a5-2a3=0  5a5=2a3  a5   a3 como a3=0  a5=0
5 5
a4 1 1 11 1
(6a6-2a4)x5=0  6a6-2a4=0   3a6=a4  a6   a 4 como a 4  a0  a6  a0  a0
3 3 2 32 6
...
então: y(x)=a0+a1x+a2x2+a3x3+a4x4+a5x5+a6x6+...
1 1 1 1
y(x)  a0  0x  a0 x 2  0x 3  a0 x 4  0x 5  a0 x 6  ...  a0  a0 x 2  a0 x 4  a0 x 6  ...
2 6 2 6
1 1  1 1   x 2n
y(x)  a0  a0 x 2  a0 x 4  a0 x 6  ...  a0 1  x 2  x 4  x 6  ...  a0 
2! 3!  2! 3!  n  0 n!

z2 z3 z4 z5 ( x 2 ) 2 ( x 2 )3 ( x 2 ) 4 ( x 2 )5
ez  1 z      ...  e x  1  x 2      ...
2
Lembrando
2 3! 4! 5! 2 3! 4! 5!
 1 1   x 2n
então y(x)  a0 1  x 2  x 4  x 6  ...  a0 
2
 a0e x
 2! 3!  n  0 n!

Dica:
y’(x)=2xy(x)
 
chamando y(x)   anxn  y' (x)   nanxn1
n0 n 1

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 
então  nanxn1  2x  anxn
n 1 n 0

 
passando a variável x para dentro do somatório do 2° termo :  nanxn1  2  anxn1
n 1 n0

 
Passo 1 : fazendo n+1=k-1  n=k-2 então  nanxn1  2  ak  2xk 1
n 1 k 2

 
Passo 2: como n e k são simples contadores pode-se substituir k por n então  nanxn1  2  an 2xn1
n 1 n 2

Passo 3: extraindo o 1° termo do somatório da esquerda:

     
então 1a1x11   nanxn1  2  an 2xn1  a1x 0   nanxn1  2  an 2xn1  a1   nanxn1  2  an 2xn1
n 2 n 2 n 2 n 2 n 2 n 2

como o 2 é uma constante pode ser passado para dentro do somatório da direita :
 
a1   nanxn1   2an 2xn1
n 2 n 2

 
passando o somatório da direita para a esquerda : a1   nanxn1   2an 2xn1  0
n 2 n 2

 
unificando os somatórios : a1   nanxn1  2an 2xn1  0  a1   (nan  2an 2 )xn1  0
n 2 n 2

 2an 2
então : a1=0 e  (nan  2an 2 )xn1  0  nan-2an-2=0  nan=2an-2  an 
n 2 n