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SUMÁRIO

Informações sobre o Texto e autora 3


Resumo da Obra 4
Síntese 5
Importância do Texto para a compreensão do segundo reinado
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Fichamento:

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DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira (vol. 2). Rio de Janeiro:
Leya, 2017. Prefácio e Glossário (p. 319- 491).

Sobre a Autora:

Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São


Paulo (1983) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo,
Especialização na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1993) e Pós-
Doutorado na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1996). Atualmente é
professora do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em História da
Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/NITERÓI - e desenvolve pesquisa
intitulada "Cultura, mentalidade e vida social no Rio de Janeiro do século XIX". Tem
pesquisas na área de história colonial, história da cultura, história de gênero. (Fonte:
Currículo Lattes)

Outras obras:
História da Criança no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991.
História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.
Histórias Íntimas. Sexualidade e Erotismo na História do Brasil. São Paulo:
Editora Planeta, 2011.
Histórias da Gente Brasileira, Vol. 1: Colônia, Editora LeYa, 2016.

Resumo da Obra:

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A autora discute acerca da História do Império assuntos do cotidiano da vida
do brasileiros. Ela divide em dezesseis tópicos para tratar sobre “Nascer, crescer,
casar e morrer”, explorando a vida privada da elite e também dos menos abastados,
de brancos e negros, de escravos, livres e libertos.
Questões sobre a construção social do modelo de família, da figura da mulher
e do homem na sociedade, além do comportamento das crianças, as relações entre
adultos e crianças. Também demonstra a influência da Europa na sociedade Imperial,
destacando Inglaterra, França e Portugal. Outro ponto interessante é trazer muitas
vezes a visão dos europeus sobre o Brasil.
A autora traz também literatura para ilustrar a História do país, destacando
grandes nomes como José de Alencar, Machado de Assis e Erico Verissimo. Também
contém bastante cartas, trechos de jornais, ilustrações, tudo para poder nos aproximar
mais do cotidiano e não apenas nos grandes eventos que cercaram a História
Brasileiro no segundo Reinado.

Síntese:

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A parte três do livro, Nascer, crescer, casar e morrer, começa com "Sofrer no
Paraíso e... no Inferno". Começando pelas questões acerca da gravidez e do parto. A
troca do século XIX do papel importante das parteiras para dar lugar aos médicos. A
profissionalização do parto, que passou até ter curso e até diplomas, foi uma forma
de dificultar a dominação da área por mulheres, pois limitava as chances, muitas
parteiras continuaram seus trabalhos sem diploma. "a partir do início do século XIX,
benzedeiras, aparadeiras e boticários começaram a ser perseguidos pelos médicos"
(DEL PRIORE, p. 327).
Josephina Matilde Durocher ou só Madame Durocher, uma mulher conhecida
tanto por suas roupas não convencionais, vestia-se de calças, e principalmente por
sua competência profissional. Nasceu em Paris, veio para o Brasil após a queda de
Napoleão. Estudou no curso recém-criado de Partos, na Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro. "Angariou reconhecimento e prestígio - foi a única parteira a ser
convidada a integrar a Academia Imperial de Medicina" (DEL PRIORE p.322)
Os partos eram em casa, não haviam maternidades e apenas partos muito
complicados eram feitos em hospitais. Ao longo do século os partos mudaram, assim
como cada vez mais as mulheres perdiam o lugar de parteiras para os homens.
Também as formas de fazê-lo e até mesmo usar clorofórmio para ajudar com as dores
do parto. Os nomes dados as crianças também eram diferentes, apelidos eram mais
comuns em função da migração campo-cidade, da urbanização.
O segundo ponto a ser trabalhado em "Filhos & Cia". Neste ponto a autora
discorre sobre como eram criadas as crianças, com pouco contato com a mãe,
praticamente criados pelas amas de leite até ir pra escola. As buscas pelas amas se
davam a partir de anúncios de jornais. Era um trabalho feito tanto por escravas quanto
por mulheres livres, as últimas faziam isso para aumentar a renda. Amas, babás, amas
secas ou até mesmo "crias", que eram as crianças filhas e filhos de escravos, era com
essas pessoas que os filhos dos mais abastados conviviam. Apenas na metade final
do século isso mudou e as amas de leite passaram a ser indesejadas. As crianças
brasileiras tinham um comportado considerado muito atrevidos pelos europeus. As
preocupações com a educação da criança passaram a surgir e buscavam cuidar de
todos os aspectos, desde alimentação, "pois interferia nas ideias e vontades", como
indicar práticas diferentes para géneros. Consideravam as crianças imitativas, que

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aprendem com os exemplos, então deveriam evitar a linguagem dos escravizados.
Uma questão que preocupava os médicos era a grande taxa de mortalidade infantil.
Questões de higiene e saúde estavam diretamente ligadas a esse fato. Del Priore traz
que a pedagogia e a higiene eram, na época, campos e responsabilidades que cabiam
às mães. Geralmente onde se divulgavam os estudos da época acerca desses temas
eram periódicos como "O Jornal das Senhoras", almejando atingir as mulheres da
elite.
Del Priore ressalta que nas camadas desfavorecidas a ideia de saúde e higiene
eram diferentes, logo que as relações com médicos não eram nada boas. O que se
seguia entre essa parte da população eram as velhas crenças e mitos do que a
medicina oficial. "As diferenças sociais acentuaram as distinções entre ricos e pobres:
os últimos, sem dúvida, mais vulneráveis e adoentados." (DEL PRIORE p.333)
Quando morria antes da idade de menino-diabo, como explica Gilberto Freyre, era
considerado um anjo. Isso até os seis ou sete anos de idade.
Era uma criança com excessos de mimos e falta de limites. Uma grande
explicação para essa dificuldade das crianças obedeceram aos adultos está em uma
das principais questões que estruturou o período imperial, a escravidão. Como
obedecer aos professores se em casa as crianças podiam gritar e dar ordens aos
escravizados, mesmo já adultos? As crianças no trabalho escravo era uma taxa
pequena, mas a partir dos 12 anos já tinha uma procura maior.
Nas escolas a influência era europeia, em grande parte jesuíta. "O aparelho
escolar do século XIX não modificou a ambiguidade de uma escola que praticava,
simultaneamente, um adestramento para os pobres, e uma formação de
conhecimento potencialmente emancipadora para os ricos" DEL PRIORE p. 336)
Buscou-se na educação incentivar o trabalho para os pobres, também assim diminuir
a criminalidade. Na segunda metade do século havia uma intenção de melhorar a
educação do país, mas apenas a intenção.
Com o terceiro tópico, crianças e jovens no mundo dos adultos, começa
discutindo a autoridade patriarcal e a tristeza dos meninos, que logo recebiam ternos
e toda sua educação passava a ser feita com intuito de crescer logo e se tornarem
adultos. A imagem do pai era de tanta força que nem mesmo a maioridade, atingida
aos 25 anos, era suficiente para liberar os filhos da presença da autoridade do pai. A
palmatória era usada tanto em crianças, quanto escravos. As moças pobres

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sonhavam com o casamento e geralmente trabalham apenas com trabalho doméstico,
logo que não eram incentivadas ao estudo. "A infância nesses tempos fabricava
crianças tristes, verdadeiras miniaturas de adultos". (DEL PRIORE p.340)
Sobre as crianças pobres e até certa época escravizadas manter a tutela era
ter "posse" sobre elas. Mesmo quando havia leis contra o trabalho de "inocentes", os
proprietários faziam ações ilegais para poder manter. A sexualidade começa na
adolescência, os rapazes tinham suas experiências com frutas, árvores ou animais,
porém a masturbação era um tabu, censurada e reprimida. Tinham uma rigorosa
rotina.
Com a "Ascensão e queda do pai" a autora discute sobre a construção da
imagem de paternidade. Desde as explicações teológicas e religiosas até o estudo de
Gilberto Freyre sobre a paternidade, onde o menino queria ser como o pai. A
urbanização e as ideias do liberalismo têm grande importância na construção desse
papel paternal, também da divisão dos papéis do homem e da mulher, onde o primeiro
atuava fora de casa e a segunda, dentro. Assim dava-se início ao modelo de família
centro da sociedade. Contudo, nas periferias era diferente. O homem deveria sair cedo
de casa e volta tarde, mas no horário certo, sem atrasos e muito menos bêbado. O
homem era o provedor da família. O casamento devia ter bênção da Igreja. No meio
rural o pai passava a sabedoria de como lidar com a terra. No meio urbano havia
chance de mobilidade para os homens, através da vida militar.
As mulheres criavam os filhos ilegítimos dos maridos, muitas vezes até mesmo
depois que o pai morresse. As relações dos filhos e filhas com os pais era diferente.
As moças deviam ser protegidas, principalmente sua virgindade. "Estava nas mãos
do pai o consentimento para o sagrado matrimônio" (p. 342) assim como outras
questões acerca. O pai poderia deserdar os filhos, caso casasse sem seu
consentimento, podia matá-los caso o desonrasse, até mesmo tratá-lo ou castigá-lo
como a um escravo. A autora traz até mesmo uma citação do livro de Machado de
Assis, ilustrando as relações entre pai e filho, onde o patriarca fala do investimento
em sua educação, para que continue na linha de seu pai, para ter cada vez mais
poder.
Com o tempo a maioridade mudou para os 21 anos e algo também mudou entre
os filhos. Cada vez mais desobedientes aos pais, de revoltas. "Fugas, raptos de noivas
e casamentos fora da escolha paterna foram os primeiros traços de insubordinação

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de filhos contra pais." (DEL PRIORE p. 354). Os jovens dos cursos de Direito das
grandes cidades passaram a frequentar lugares como festas, bailes, cafés,
confeitarias e footing. Também buscava sabedoria entre os professores e mestres,
não mais apenas nos pais. Os conflitos aconteciam também como um resultado da
vida na juventude. Durante o segundo reinado os moços foram tomando lugar na vida
pública, ocupando cargos políticos, administrativos, na magistratura e na diplomacia.
Apesar da aparente negligência paterna, que se explica devido a construção
do papel do pai na época, havia momentos em que demonstrava afeição aos filhos,
como por exemplo nos batizados. O próprio D. Pedro I batizava seus filhos com
exuberância. O papel do pai passará a mudar, no Antigo Regime era alguém tirano,
alguém bruto, agora era alguém que demonstrava carinho e preocupação. A educação
sendo cada vez mais importante para as elites, os pais faziam questão de escolher as
escolas de seus filhos. No final do século já havia mudado muita coisa, as escolas dos
filhos pouco cabiam aos pais. Por outro lado, crianças menos favorecidas eram
empurradas para o trabalho em fábricas devido a industrialização. “Pai e patrão se
confundiam, entre os mais pobres. ” DEL PRIORE p. 363
No quinto tema abordado pela autora, com o título de “Eles & Elas”, tem uma
discussão sobre a aparência dos homens e das mulheres, como deveriam ser
diferentes, logo que ele é o sexo forte e ela o sexo frágil. A mulher tinha que ser o
contrário do homem, devia ser delicada. Também em suas relações, apesar dos
pontos de encontros terem aumentado, pouco se “namorava”, e também o namoro
tinha outro significado. Os casamentos não eram por amor. Havia um puritanismo
exagerados nos brasileiros, as moças não poderiam sair sozinhas. Na hora da
vestimenta a autora ressalta a importância da moda Inglesa, uma moda menos
extravagante para os homens. As joias eram usadas moderadamente. Era uma moda
após revolução Industrial, sendo mais despojada. Os chapéus, cabelos bem
arrumados e barbas alinhadas eram formas de demonstrar a posição social.
Com o sexto tópico, A caminho do Altar, expõe acerca dos assuntos de
relações amorosas - ou não. O casamento em si não envolvia amor “Considerado um
negócio tão sério que não envolvia gostos pessoais, ele se consolida entre as elites.
” (DEL PRIORE p.379). Como dito anteriormente, o namoro quase não existia e o
noivado era deveras curto. O olhar era forma como o homem escolhia a sua “presa”,
ele podia olhar, a moça raramente devia cruzar com o olhar dele. A missa era o lugar

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para o “namoro”. Ali a mulher podia escolher com quem trocaria declarações entre
sussurros, mas na hora do casamento era o pai quem escolhia o genro. “Fora a troca
de olhares e os cochichos na missa, raramente um homem tinha ocasião de falar com
aquela com quem queria casar, antes de tê-la pedido em casamento. ” (DEL PRIORE
p.381) O namoro era dificultado.
Havia uma tradição dos apaixonados que vinham de Portugal, como a
piscadela, o beliscão e a correspondência secreta. O amor nos livros e cartas, era
diferente do que acontecia na vida real. O amor literário apresentava o sentimento
como um estado da alma. Com o tempo os rapazes e moças começaram a conviver
mais, em espaços de danças, ou o cotillon, por exemplo.
Da primeira época do reinado de d. Pedro II, entre
1840 e 1867, até a Guerra do Paraguai. se copiavam tanto os
esplendores do Segundo Império francês, quanto seus maus
costumes. Paris dominava o mundo, e o Rio de Janeiro se
contagiava por imitação.
DEL PRIORE, p. 384
O sétimo item, “Alianças enfim…” aborda o casamento em si. Um ato social de
suma importância para as elites. Aconteciam geralmente entre pessoas do mesmo
grupo social: Brancos com brancos, pardos com pardos, negros com negros; livres,
escravos e libertos entre si. O amor e carinho estão mais presentes nos casamentos
entre pessoas simples, onde podiam escolher livremente seus parceiros, do que com
vidas exuberantes. O casamento era uma forma de ascensão social entre a pequena
burguesia. Quando as moças imigrantes, em especial as italianas e alemãs que
tentavam a vida no campo, chegaram no Brasil foram assediadas, e tendo os senhores
que interferiam em suas vidas amorosas.
“Longe do melhor dos mundos” disserta sobre os relacionamentos das moças
que casavam com homens mais velhos, que quando viúvos podiam casar novamente
ou até mesmo serem suas amantes como forma da mulher conseguir um amparo
financeiro ou social, caso não havia conseguido ainda se casar. Outro aspecto são os
raptos, que marcava a queda da família patriarcal para a família romântica. A moça
fugia para conseguir se casar com quem desejava.
Moça raptada que não se casou virava “mulher
perdida”. E o rapaz que raptasse alguém e não casasse
estava sujeito às sanções da sociedade: seria considerado

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indigno, “roubador de honra”, era expulso da região ou podia
acabar assassinado ou “capado”.
DEL PRIORE p. 397
Sobre as separações, a autora aponta as mulheres como principais solicitantes.
Sendo as mulheres detentoras do dote, tinham as melhores condições de pedir
separação. As mulheres com dotes eram as quais tinham seus maridos mais
dependentes de si. O casamento sendo um negócio, quando se tornava um prejuízo
para a mulher era geralmente pedido o divórcio. E muitas vezes a família da jovem a
apoiava.
O tópico “A fragilidade da carne” discute sobre adultério, em especialmente as
mulheres adúlteras, e como poderia “custar caro” para as da elite. Um homem alegava
matar sua esposa para limpar sua honra. Para os menos favorecidos a solução era a
separação. Para evitar a gravidez de um adultério circulavam entre as mulheres
métodos de aborto. Esse tópico era visto pela Igreja um crime para ambos os sexos,
mas juridicamente a mulher era punível, enquanto o homem não.
O décimo tema abordado, “Sexualidade e Matrimônio”, começa expondo que a
noite de núpcias era rude e também com os corpos cobertos. O homem pouco se
importava com prazer da mulher e muitas vezes evitava “desperdiçar” o esperma. O
sexo para mulher era “um verdadeiro sacrifício”. Os homens que recebiam instruções
médicas de como deveriam iniciar sexualmente sua esposa, porém quase nunca se
buscava prazer com a mãe de seus filhos. No final do século podia-se notar alguma
pequena mudança, “certa ideia de casamento que fosse além do rasteiro negócio”
(DEL PRIORE p. 409) Quando uma mulher era muito infiel ou tinha amores múltiplos,
quando ela se distanciava da imagem que deveria ter, era considerada histérica. Del
Priore ressalta que “A mulher tinha que ser naturalmente frágil, bonita, sedutora, boa
mãe, submissa e doce. ” (DEL PRIORE p.410)
Sobre a vida conjugal entre os escravos a autora diz que os senhores
escolhiam seus casamentos visando o número de filhos e raramente separavam os
cônjuges. O problema estava na diferença de quantidade quanto á homens e
mulheres. Haviam muitos casamentos entre escravos, mas isso não fazia a vida de
cativo mais fácil, ou até impedia que muitos se negassem a escravidão, fugindo. As
relações sexuais mantidas com os senhores ou proprietários era uma forma de
conseguir liberdade, tanto para si quanto para seus filhos. “A presença da escravidão
e da mestiçagem refletiu-se nas relações afetivas” (DEL PRIORE p. 416) Entre os

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escravos muito se valia os dotes pessoais, como a potência de trabalho. Ou então
eram arranjados com os “parentes de nação”. Também haviam aqueles que fugiam
para viver juntos.
Explorando a ascensão social dos mulatos podemos destacar sobre seus
“amores” que “O sangue negro corria nas melhores famílias”. A posição social
“embranquecia” o sujeito e ele podia casar sim com brancas, ou então brancos com
negras. Muitos intelectuais eram negros até mesmo antes da abolição. “O
Romantismo, vale lembrar, foi sobretudo, os momentos de eclosão da poesia afro-
brasileira. ” (DEL PRIORE p. 422)
Em amores em engenhos e sobrados do Nordeste salientamos que sociedade
era fundamentada no patriarcalismo. A herdeiras mal tinham corpo de mulher e seus
pais já queriam lhes arranjar um casamento. A mulher podia ser a esposa ou
concubina. O casamento da mulher pobre e escrava não envolvia dote, mas o rapaz
que ia pedir a mão precisava ter alguma segurança para o futuro do casal.
Um item muito interessante abordado pela autora é “Homossexualidade &
Doença”. Apesar de curto, é curioso. A homossexualidade deixará de ser um pecado
para ser vista como doença. Atribuía-se a orientação sexual a criação do indivíduo.
Na hora de conversarem, esses homens tinham sua própria linguagem. Eles eram
elegantes e faziam questão de estar bem vestidos. Na hora de retratar o amor na
literatura, eles também sofriam com o “amor trágico, o amor impossível, o amor de
novela. “
O décimo segundo item, “O império: Panela Fervilhante de Moléstias e
epidemias” demonstra que a medicina foi chegando aos poucos no Brasil a partir da
chegada da família real portuguesa. As Câmaras passavam a cuidar da higiene e os
médicos almejavam a criação de uma sociedade perfeita. O problema estava em que
a sociedade era acostumada com medicina popular, aos curandeiros, era difícil se
adaptar aos novos estudos. Mesmo com a ascensão lenta dos farmacêuticos e
médicos com saberes científicos, ainda se tinham muitas epidemias. Quando essas
aconteciam era difícil pensar de forma sensata, pois nem mesmo os cientistas sabiam
o que as causavam. Haviam sempre diferentes teorias até se descobrir que a culpa
era de um mosquito, ou até mesmo da água contaminada.
Durante a Guerra do Paraguai também se tinham muitas epidemias e doenças.
Muitos homens acabaram doentes de varíola, sarampo ou contraíram tifo. Isso podia

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se dever ao fato de que entravam em lugares que não conheciam no país vizinho. A
bexiga ou varíola é uma doença que aparece muito na população, desde a época
colonial. Quando surgiu a vacina, ela foi desacreditada. A tuberculose também era um
mal muito comum. As doenças atacavam também os sertões e os campos, e era mais
complicado, devido ao pouco acesso aos médicos.
Depois de falar sobre doenças, a autora discute a questão da morte no Império
com o tópico “ a dama de branco”. A anatomia humana passou a ser estudada a partir
de cadáveres. No romantismo o prazer e dor ganham força, a moda era “apreciar a
beleza do horror”. Contudo o sexo criou uma ruptura com serenidade com que a morte
era aceita. Passou-se a temê-la, pois uma vida com muitos prazeres não queria ser
perdida. As crianças eram veladas como anjinhos. No interior a morte de um membro
significava tocar o sino. Os velórios sempre tinham que ser arrumados por alguém,
tudo devia ser organizado, principalmente nas famílias mais ricas. A moda também
afetou os funerais, aos quais passaram a existir vestidos de luto em “veludo preto de
seda”.
Quando se fala sobre “a morte e os afrodescendentes” destaca-se os
moçambiques. Alguns deles viam a morte como uma forma de reencontro com
ancestrais antigos. Os africanos também adquiriram alguns costumes católicos.
Quando chegamos no “Mudanças no Morrer” a crescente medicina e
higienização condenaram os sepultamentos dentro de igrejas, alegando que eram
associados às epidemias. Uma concepção individualista, características dos tempos
modernos, vinha para mudar a relação dos vivos com os mortos. Os cemitérios foram
se afastando das igrejas, lugares muito frequentados. Não podemos esquecer o papel
da imigração, quando diferentes grupos religiosos se estabeleciam no Brasil. Era uma
questão a ser pensada, a sepultura dos protestantes, porém de acordo com
constituição de 1824 eles estariam segurados, pois esta permitia outras religiões. No
final do século teve início uma secularização dos cemitérios públicos.
Por fim, temos o “O além: crenças e religiosidades” que começa discutindo o
final do Império e também da vida do d. Pedro II. “Enquanto o Império se desfazia, e
a república não trazia soluções políticas para velhos problemas, um caldo de crenças
movia o Brasil” (DEL PRIORE p. 488) A chamava revolta contra a razão. E também
pode-se dizer, uma revolta contra a Igreja Católica. O século XIX permitiria tanto a
ideia do sobrenatural, quanto do progresso. “as tendência baseadas no kardecismo,

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espiritualismo, socialismo, anarquismo, maçonaria, racionalismo e positivismo
buscavam redefinir o mundo.” DEL PRIORE p. 489) Também é nessa época que
começara a surgir um Umbanda, chamada de “encontro entre brancos, índios e
negros”, onde se promoveu um sincretismo das diversas religiões que cresceram no
Brasil até aquele momento.

Importância do Texto para a compreensão do Segundo Reinado

O livro busca nos contar a História dos brasileiros que viviam no Império e não
apenas se limita aos grandes eventos explorados pelos Historiadores. A autora quer
nos fazer ver além da superfície, como ela traz no prefácio:
Por vezes, o que vemos na superfície dos fatos,
únicos e espetaculares - Proclamação da

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Independência, Abolição da Escravidão etc -,
encobrem um mundo invisível feito de milhões de
personagens anônimos, pequenos gestos repetitivos,
objetos do cotidiano que esquecemos.
DEL PRIORE p. 10
A autora então, nos convida a mergulhar neste mar de histórias, onde podemos
ver a sociedade que estudamos em História do Brasil II realmente funcionando. É uma
forma de chegarmos mais perto do nosso campo de pesquisa, principalmente pela
autora trazer fontes diversificadas para a obra.
Além de uma forma de revisão, podemos ver esse livro como uma maneira de
compreender o que as questões políticas e econômicas influenciavam na vida das
pessoas. Afinal, para compreender melhor uma época não se pode separar as coisas.
Questões culturais e sociais se complementam com as outras duas citadas. Também
é cheio de novas informações e conteúdo que faz com que compreensão sobre época
se faça de forma mais eficaz.
A história das crianças, de mulheres, negros, mulatos, escravos e libertos
deixando de serem invisíveis é muito interessante, também o pequeno tópico sobre a
homossexualidade da época. Vemos aqui para além dos políticos e da realeza, Del
Priore traz questões de relações interpessoais, discute sobre amor, sobre infância, e
ainda tem uma base histórica excelente. Além de uma escrita envolvente. Outro
aspecto interessante são os pequenos personagens citados, como médicas, padres,
escritores, estrangeiros, é curioso trazer nomes para figuras ilustres, mas que não
aparecem geralmente em livros didáticos.
Assim, podemos ter com esse livro uma forma de acessibilidade da História
para mais pessoas e também para o meio acadêmico, pois seu valor como estudo
para a atividade acadêmica é muito importante.

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